3 de março de 2020

Jesus é a plenitude da nossa missão

A Igreja compreende-se como imagem viva da Trindade santa, povo de Deus, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo. Nela, todos agem coordenadamente para o objetivo comum da evangelização e da missão. Inserida na história e atenta à realidade, mantendo sua identidade e vocação missionária, ela procura discernir nos desafios os sinais dos tempos.

A missão é uma resposta ao plano do Pai que determinou a forma de realizar a salvação. É a continuação da missão do Filho que chama todos os homens para participarem das novas promessas e da nova herança. É a colaboração com o Espírito Santo, com cuja luz e força o povo de Deus pode realizar a sua missão. Somente nessa perspectiva trinitária, podemos conhecer como a Igreja é por sua natureza missionária, pois, toma sua origem na missão do Filho e do Espírito Santo, segundo o propósito de Deus Pai (Ad Gentes, 2).

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Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

"Deus amou tanto o mundo que deu Seu Filho único para que todo aquele que n'Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou seu filho para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele" (Jo 3,16-17). Deus enviou Seu Filho na nossa carne para restabelecer a paz na humanidade e formar comunhão com Ele. Deus mesmo realiza pessoalmente sua missão de Pai dentro da história humana. É uma missão nova e superior a do Antigo Testamento. Por isso, fala-se de plenitude dos tempos: o tempo em que Deus envia o seu Filho missionário.

Em Jesus encontramos a origem da missão

No Filho Jesus há a plenitude da missão. Aos discípulos Jesus deu outro mandato: que esperassem ser revestidos da força do Alto: "recebereis a força do Espírito Santo e sereis minhas testemunhas até os confins do mundo" (At 1 ,8). Somente depois da descida do Espírito Santo, em Pentecostes, os apóstolos saem para todas as partes do mundo (Evangelii Nustiandi, 75).

Sem o Espírito Santo, a colaboração do homem na obra missionária nada vale. "As técnicas de evangelização são boas. Porém, nem as mais aperfeiçoadas poderiam substituir a ação discreta do Espírito Santo. Sem Ele, a dialética mais convincente nada consegue sobre o espírito dos homens. Sem Ele, os esquemas mais bem estruturados sobre bases sociológicas ou psicológicas revelam-se depressa desprovido de todo valor". Assim, o Espírito Santo impõe um dinamismo à missão em todos os tempos no mundo. Os missionários nada podem fazer sem a sua assistência e inspiração. E o Espírito Santo suscita comunidades que se põem à disposição da Igreja para realizar-lhe a obra missionária.

Todos nós, religiosos, missionários e leigos comprometidos com a mesma missão do Verbo sentimos a necessidade de algo mais profundo que nos dê força para manter viva a missão no dia a dia. Essa força interior é a espiritualidade que configura nosso estilo de vida, que marca a qualidade nos nossos relacionamentos e que dá alegria e criatividade aos nossos compromissos missionários. A raiz da nossa espiritualidade missionária é a comunhão na Trindade que nos faz pessoas que sabem construir comunidades e viver na comunhão. A vida em comunidade é o nosso testemunho eloquente do mistério da Trindade como comunidade, origem, modelo e consumação de cada comunidade humana.

O Espírito Santo nos conduz

Com a convicção de que o Espírito Santo é o dinamizador da missão, há um desafio urgente para todos nós: de cultivar pessoalmente e como comunidade uma atitude de discernimento permanente. Nesse processo de escuta do Espírito, redescobrimos a necessidade de um discernimento permanente na missão. Cremos que a comunidade é o contexto ideal para o discernimento. Essa atitude implica uma abertura crítica à realidade e uma contemplação em oração à luz da Palavra para poder discernir os passos de Deus na história.

A prática construtiva da missão da Igreja se expressa hoje como diálogo profético. Entrar em diálogo implica uma capacidade de relacionar-se com os outros, de ir ao encontro dos demais e de escutar ativamente. A prática missionária de Jesus nos ensina como Ele foi uma pessoa de diálogo com todos, rompendo quaisquer preconceitos e barreiras sociais, religiosas e culturais.

Hoje somos chamados a nos dirigir, em espírito de diálogo, às pessoas que procuram a fé, às pessoas que vivem na situação de pobreza e exclusão, às pessoas de outras culturas, de diferentes tradições e de ideologias seculares.


Reconheça a presença de Cristo

Esse espírito de diálogo se faz a partir da nossa fé, que nos capacita a reconhecer sinais da presença de Cristo e a ação do Espírito em tudo. Ele nos desafia a empenhar-nos em conversão continua, tornando-nos cada vez mais, pessoas abertas aos outros e comprometidas com a causa do Reino. O diálogo é uma atitude de solidariedade, respeito e amor que deve permear todas as nossas atividades. Sua prática se concretiza pelo diálogo da vida, pelo diálogo da ação comum por justiça e paz, pelo diálogo da experiência religiosa e pelo diálogo de intercâmbio intelectual.

Cada missionário é chamado a unir a ação à contemplação, o encontro com Deus ao encontro com os irmãos e irmãs. Compreender que quem sabe ver o necessitado com os olhos de Jesus está sempre contemplando a Deus. "Cada vez que o fizestes a um desses, meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes" (Mt 25,40).

Abrir para o amor de Deus, dentro de sua realidade de criatura limitada e frágil. Essa capacidade de amar é dom de Deus. Recusar a se fechar no próprio egoísmo e confiar em Deus que nos acolhe e nos ama, apesar dos nossos pecados. Sentir amado e acolhido por Deus e se abrir para o amor aos irmãos e irmãs de diferentes rostos. Numa sociedade que divide e exclui, compreender que o missionário deve incluir e construir comunidades onde haja o diálogo.

Os valores espirituais

Dentro desse campo, estamos sempre em formação: de início, recebemos os valores espirituais de nossos pais ou pessoas próximas, mas, com o decorrer do tempo, buscamos descobrir os novos valores, o que o Espírito tem a nos dizer. E, para que isso possa acontecer, precisamos, cada vez mais, de uma atitude e de uma prática de diálogo em que não interessa a verdade que cada um possa ter alcançado ou descoberto, mas a Verdade que buscamos. O diálogo parte, pois, do respeito pelo nosso interlocutor; no diálogo, o primeiro passo não é falar, mas ouvir e com respeito. Mais ainda, no diálogo estamos sempre dispostos a crescer porque sabemos de antemão que não temos a Verdade.

Com isso, temos, ao mesmo tempo, em nossas comunidades, uma tarefa missionária. Não vamos simplesmente ao encontro de uma religião, mas ao encontro do que o Espírito nos fala; e isso acontece também na comunidade. E o cristão de hoje sabe que a missão não é somente uma mensagem para um outro, mas também para ele; é uma chuva que deve fazer seu efeito também em sua terra. Todos estamos recebendo a cada momento os desafios do evangelho. A terra é terra de missão. Por outro lado, essa descoberta da Boa Nova lança uma luz para o mundo em que vivemos.

Os lugares que precisam dela podem estar entre povos distantes, num bairro da cidade, no quarteirão ao lado de nossa casa e até pode ser o colega que está junto a mim. Onde quer que um ser humano se pergunte pelo sentido da vida, ali está um lugar de anúncio; ali está falando o Espírito.

Como dizíamos acima, as pessoas estão carentes de espiritualidade, e nem todas as expressões de espiritualidades nos levam ao Deus da vida; muitas são simples ilusões e soluções passageiras para as circunstâncias da vida.

Por isso, uma comunidade terá como princípio, uma espiritualidade sólida que brota de uma reflexão sobre a Palavra e de uma escuta do Espírito. Será que, não está aqui o centro de nossa missão? Sermos portadores da Palavra, não de uma palavra qualquer, mas daquela que decide a existência. E, até mais, daquela que faz com a que a existência passe a ser no Plano de Deus como num paraíso. É uma missão que traz dentro de si um sonho, o Reino.

Eduardo Rocha Quintella
Fraternidade S.J. Da Cruz – O.C.D.S – BH.

29 de fevereiro de 2020

Como deve ser nossa relação com nossos amigos?

"Não abandones um velho amigo, pois o novo não o valerá. Vinho novo, amigo novo; é quando envelhece que o beberás com gosto." (Eclo 9,14-15). "Não é na prosperidade que se reconhece um amigo. Na prosperidade, até os inimigos são amigos, mas, na adversidade, até os amigos se afastam" (Eclo 12,8). Repreende o amigo quando precisar. "Não te envergonhes de saudar um amigo, nem se esconda de sua presença, e se me acontecer algum mal por isso, eu o suportarei." (Eclo 22,31). "Quem revela o segredo de um amigo perde a sua confiança" (27,17). "O amigo distrai-se com seu amigo nas suas alegrias" (Eclo 37,4). "O amigo compartilha da desventura do seu amigo… não te esqueças de teu amigo nos teus pensamentos…"

Esses trechos bíblicos foram tirados do livro do Eclesiástico, e diz bem o que é ser amigo. É a palavra de Deus, que embora tenha sido escrita por homens, teve inspiração divina. Eis aqui alguns itens importantes para que haja uma verdadeira amizade:

O amor ao amigo tem que ser incondicional, ou seja, não faça nada esperando algo em troca, se assim o fizer, poderá sofrer, pois nem sempre o amigo dará o retorno que espera. Às vezes, é melhor nem dizer que ama – os gestos, muitas vezes, dizem muito mais, pois, muitas vezes, quando se diz demais, pode ser que não seja real aquilo que tanto fala. Não fuja do seu amigo quando ele mais precisar. Se lhe parecer que ele esteja mal, reze com ele, seja sempre presente.

Como deve ser nossa relação com nossos amigos?

Foto ilustrativa: franckreporter by Getty Images

Seja sempre transparente com seu amigo. Se ele fez algo errado, repreenda-o; se o magoou, converse com ele a respeito. Há muitas vezes em que o amigo não quer estar próximo. Respeite-o. Retire-se se for necessário. Nunca se canse de ter gestos concretos com seu amigo, mesmo que ele não lhe dê retorno – você estará fazendo a sua parte.

Assuma seu amigo perante as pessoas. Nunca se envergonhe dele, isso se, realmente, ele for importante para você. Quando estiver ouvindo seu amigo, nunca o deixe falando sozinho. Nunca prometa alguma coisa ao seu amigo quando não tiver como cumprir essa promessa. Nunca marque um compromisso com seu amigo só para agradar-lhe, pois, se faltar no compromisso, será ainda pior do que se tivesse dito que não poderia ir. Faça ao seu amigo o que gostaria que fizesse por você.

Minha experiência com amigos

A minha experiência de amizade é traumatizante e, ao mesmo tempo, gratificante. Eu sempre achei que nunca fui um bom amigo e nunca serei, tendo em vista os retornos que tive nas minhas amizades. Agora, o que sempre fiz, em tudo na minha vida, foi ser verdadeiro, transparente, procurando ser próximo, amando de verdade. Nunca me envergonhei de ser amigo de verdade, porque os primeiros amigos que tive na minha vida formam a minha família, e ela foi quem me ensinou o que disse antes.

A partir disso, sempre me disseram que sou um bom amigo. Eu preciso acreditar mais nas pessoas. Eu aconselho que ninguém fique sem ter um amigo, pois ele nos ajuda a crescer, dando-nos também muita alegria. Inclusive, Jesus teve os Seus amigos, assim também nós podemos tê-los. Não seja, no entanto, como aqueles que foram com Jesus no monte e acabaram dormindo quando Ele mais precisava deles. Eu disse que tive uma experiência traumatizante por ser inexperiente nessa área, acabei me machucando bastante.

Contudo, tive experiências gratificantes também porque pude aprender muito com alguns de meus amigos. Por poder ajudar, saber que sou confiável, é que hoje posso contar com muitos que gostam de mim e me querem bem. Enfim, tenho mais a agradecer aos meus amigos do que a murmurar. Seja amigo e não tenha medo do que possam dizer, seja amigo apenas.

Minha intimidade com Deus

Minha intimidade com Deus não tem algo de extraordinário, é uma relação simples de filho para com o pai. E nessa relação, vejo que quem mais procura é Deus, que vem atrás de mim. Não porque eu seja alguém especial ou muito importante para Ele, mas porque Deus sabe que eu sou muito racional, então, por me amar demais, não me abandona. Ele zela por mim com muito cuidado e amor; e minha forma de falar com Ele, também é de um filho que não esconde nada de seu pai.


Deus sabe tudo de mim. Parece uma piada, mas é que tem muita gente achando que Deus sabe o conhece, e não é transparente com Ele, ficando na autossuficiência. Nessa relação com o Senhor, quanto mais nos reconhecermos pecadores, assim como reconheço que sou, reconhecendo que não somos perfeitos, mais Deus estará próximo de nós e em nós. Aí, estaremos mostrando nossa dependência d'Ele, principalmente da Sua graça, sem a qual nem seríamos capazes de O amar por causa dos nossos pecados.

Eu me defino como um filho dependente d'Ele, que O ama e, por isso, busca fazer Sua vontade. Que morre se ficar sem Ele, e gosta de ser transparente com Ele. Que ama testemunhá-Lo e se considero feliz por ser zelado por Ele. O que posso querer mais? Só se fosse um filho muito ingrato. A Deus tenho que agradecer sempre, por tudo!

Padre Cleidimar Moreira


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/relacionamento/amizade/como-deve-ser-nossa-relacao-com-nossos-amigos/

26 de fevereiro de 2020

Vale a pena amar até mesmo quando sofremos por isso?

Um dia, alguém me disse que o amor, para ser amor, tinha que doer. Não acreditei muito nisso, mas hoje percebo que é verdade, pois amar é morrer, a cada dia, para as nossas vontades, é buscar sempre o último lugar, é querer antes a felicidade do outro que a nossa. Tudo isso é muito doloroso, pois dentro de nós há um desejo de sermos reconhecidos pelo que fazemos, um desejo de sermos retribuídos da mesma forma.

O verdadeiro amor é gratuito, não pede nada em troca, é silencioso, discreto e exigente. Alguns dizem que o amor é um verbo; outros, que é um sentimento; uns, que é uma decisão, mas o que mais me chamou à atenção foi ouvir que ele é um comportamento, pois se alguém me magoa ou me decepciona, vou continuar amando-o, pois o amor dentro de mim é maior que essa frustração. Isso não é ser falso, é ser verdadeiro, pois se fosse um sentimento, na primeira decepção deixaríamos de amar.

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Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Por que o amor dói?

O amor dói, porque exige esse comportamento de sempre esperar, sempre acreditar e descobrir jardins em meio a desertos de tantos corações. Corações feridos por causa de um mundo que prega o amor fútil, de conveniência, de prazer, e que vai formando, hoje, pessoas cada vez mais insensíveis, com medo de amar, pois já sofreram muito com esse "tal de amor", vivido de forma incoerente, que escraviza e oprime, ilude e até mata.

Jesus soube viver de forma tão humana quanto divina esse "amor-comportamento". Na verdade, foi Ele quem nos deixou o caminho livre para vivê-lo. Ele sim amou verdadeiramente até doer, sofreu, porque nos amou incondicionalmente.


Aliás, o amar e o sofrer andam lado a lado, pois o amor não nos impede de sofrer, assim como o sofrimento também não nos impede de amar. Mesmo que doa, você deve continuar amando. Interessante que o amor "doa", visto que essa palavra tem um duplo sentido: doa de "doer" e de "doar". Faça de sua forma de amar a alegria para os outros, e você verá que essa dor de amor é algo sublime e simples.

Bom, a decisão é sua para levar essa novidade tão antiga a esse mundo tão carente do amor verdadeiro. Se até hoje não amamos, talvez seja porque não tenhamos sido amados. Dê o primeiro passo e ame, pois o amor que cura é o amor que damos aos demais. Então, você perceberá que vale a pena amar, mesmo doendo.

Deus abençoe você!



Adriano Gonçalves

Mineiro de Contagem (MG), Adriano Gonçalves dos Santos é membro da Comunidade Canção Nova. Formado em filosofia e Psicologia. Atuou na TV Canção Nova como apresentador do programa Revolução Jesus. Hoje atua no Núcleo de Psicologia que faz parte da Formação Geral da Canção Nova. É autor dos seguintes livros: "Santos de Calça Jeans", "Nasci pra Dar Certo!", "Quero um Amor Maior" e " Agora e Para Sempre: como viver o amor verdadeiro".


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/vale-pena-amar-ate-mesmo-quando-sofremos-por-isso/

17 de fevereiro de 2020

Oração nos momentos de angústia

"Meu Senhor, minha alma está perturbada;  a angústia, o medo e o pânico tomam conta de mim. Sei que isso acontece por causa da minha falta de fé, da falta de abandono nas Tuas mãos santas e de não confiar totalmente no Teu poder infinito. Perdoa-me, Senhor, e aumenta a minha fé. Não olhes para a minha miséria e para o meu egocentrismo.

Eu sei que estou apavorado porque teimo e insisto, por minha miséria, em ficar contando apenas com as minhas forças humanas miseráveis, com os meus métodos e meus recursos. Perdoa-me, Senhor, e salva-me, ó meu Deus. Dá-me a graça da fé, Senhor; dá-me a graça de confiar no Senhor sem medidas, sem olhar para o perigo, mas olhar somente para Ti, Senhor; socorre-me, ó Deus.

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Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Sinto-me só, abandonado, e não há quem possa me ajudar, a não ser o Senhor. Abandono-me em Tuas mãos, Senhor, nelas eu coloco as rédeas da minha vida, a direção do meu caminhar e deixo os resultados nas Tuas mãos. Eu creio em Vós, Senhor, mas aumenta a minha fé. Eu sei que o Senhor ressuscitado caminha ao meu lado, mas assim mesmo eu ainda temo, porque não consigo abandonar-me inteiramente em Tuas mãos. Socorre a minha fraqueza, Senhor.

Esta oração foi feita por uma pessoa que estava em grande angústia

Meu Senhor, sei que, para Vós, não há 'beco sem saída', não há problema sem solução. Sei que o Senhor pode fazer jorrar água da pedra, e sei que pode transformar água em vinho e pedras em pães. Sei que o Senhor dá ordens aos ventos e ao mar, sei que nenhum passarinho cai por terra sem a Vossa vontade, e que os fios de meus cabelos estão todos contados (Mt 10,29-30). Eu sei, Senhor, que cuidas das aves do céu e dos lírios dos campos, que não semeiam nem ceifam, e o Senhor lhes dá o alimento e as vestes, que valem muito menos do que nós. Eu sei de tudo isso, Senhor, mas a minha fé é fraca. Perdoa-me, cura-me e aumenta a minha , Senhor! Eu não desisto de procurar-Te e de alcançar uma fé firme.

Em Teu nome, levanto a minha cabeça, Senhor, e expulso o medo e a angústia de minha alma. Em Teu Nome, Senhor, eu não temerei mal nenhum, porque sei que o Senhor é o meu Pastor e nada me faltará. Eu sei que o Senhor é protetor da minha vida; eu nada temerei.

Eu aceito tudo, Senhor, aceito tudo! Eu sou todo Teu, e tudo o que sou e que tenho Te pertence, meu Deus. Não quero estar apegado a nada, e sei que o Tu estás me libertando de todas essas amarras que me prendem a este mundo. O Senhor me quer livre, desapegado e despojado de tudo. Agora, entendo um pouco mais o que o Senhor está fazendo em mim, com esse sofrimento que esmaga a minha alma.


Da provação colhemos frutos

Sei que tudo concorre para o bem dos que Te amam, Senhor (Rm 8,28), e eu Te amo. Sou miserável pecador, mas Te amo. Então, sei que tudo que o Senhor permitir que me aconteça será para o meu bem, ainda no fogo desta provação o Senhor está me moldando, está me lapidando, está me salvando e mudando para melhor. Sei que é no cadinho do fogo do sofrimento que o Senhor purifica as almas. Daí-me a graça de suportar tudo Senhor, na fé, com paciência, resignação, dando-Te sempre graças. Sei que amanhã eu colherei os frutos de toda essa provação. Bendito sejas, Senhor!

Sei que o Senhor ressuscitado caminha a meu lado, eu seguro em Tuas mãos, lanço-me nos Teus braços. Sei que o Senhor cuida de mim. Diante de cada problema, quero Te perguntar: "Como vamos resolver isso, Senhor?". Eu não sei, mas o Senhor sabe. Dá-me Teu Santo Espírito, dá-me Tua sabedoria e força. Vem, Espírito Santo, ocupa a minha mente e o meu coração. Quero ser Teu, ó Divino Espírito Santo, quero ser renovado em Ti, na fé e no amor de Deus.

Não permito, Senhor, que a tristeza tome conta de mim. Quero alegrar-me sempre, porque o Senhor está perto (Fil 4,4s). Em Teu nome, eu lanço fora toda a tristeza de minha alma e toda preocupação. Em Teu nome, não permito que minha alma seja sufocada e minha vida esmagada e estragada pela tristeza.

Nunca perca a fé

Não quero mais ficar olhando para a tempestade que me assusta, Senhor, e me enfraquece a fé; quero apenas olhar para o Senhor, com olhar fixo e confiante, no meio da tormenta e da dúvida. Não me deixe ser engolido pelo medo da tempestade. Ainda que eu tenha de atravessar o vale da morte, não temerei, pois o Senhor vai comigo.

Sei que o Senhor sempre estará comigo para me livrar de todos perigos.

Levanta-se, Deus, pela intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria, São Miguel Arcanjo e todas as milícias celestes. Que sejam dispersos todos os seus inimigos e fujam de Tua face todos os que Vos odeiam. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém."



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/oracao/oracao-nos-momentos-de-angustia/

14 de fevereiro de 2020

O pecado nos leva para a lama

Imagine uma pessoa que caiu numa poça de lama. É assim que imagino que a minha alma fica toda vez que eu peco. Assim como a lama oculta a limpeza de uma vestimenta, o pecado esconde a beleza da alma de um(a) filho(a) de Deus, que foi criado(a) para o amor, para as coisas belas e puras.

O pecado faz isso conosco, nos descaracteriza, faz com que percamos a nossa essência e nos tornemos inimigos de Deus. Sim, isto é forte, porém, verdadeiro: quando pecamos mortalmente nos tornamos inimigos de Deus. O pecado é capaz de roubar nossa amizade com Deus, nós vamos nos afastando d'Ele, mesmo que continuemos a ir à Igreja, ao grupo de oração, o nosso coração já não se abre mais à graça d'Ele. Ficamos resistentes ao Seu amor.

O pecado nos leva para a lama

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Saia da poça de lama!

Por isso, necessitamos nos decidir e ser lavados pelo Seu amor e misericórdia. Ele não se afasta de nós e nos espera na confissão para nos lavar, amar, curar e dar uma vida nova. "Se, quando éramos ainda inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, com muito mais razão, estando já reconciliados, seremos salvos por sua vida" (Rom 5,10).

Procuremos a confissão confiantes, pois, se nos arrependemos de nossos pecados, o perdão é certo. Porque Deus nos ama e está sempre pronto a nos acolher.




Regiane Calixto

Regiane Calixto é natural de Caxambu (MG). Membro da Comunidade Canção Nova, desde o ano de 2009, a missionária é graduada em Ciência da Computação e pós-graduada em Gestão de Veículos de Comunicação. Encontrou na tecnologia e na comunicação um grande meio para levar às pessoas o Evangelho vivo e vivido.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/o-pecado-nos-leva-para-lama/

12 de fevereiro de 2020

Amizade, lugar de chegadas e partidas

O dom da amizade é dado por Deus ("Quem encontrou um amigo encontrou um tesouro" – Eclesiástico 6,14-17). Gosto de dizer que é um lugar de encontro, de descanso e conforto. O verdadeiro amigo dado por Deus nos permite chegar e alcançar lugares que jamais seríamos capazes, ele tem o dom de nos fazer mergulhar em nós mesmos e nos trazer de volta à superfície ("Lázaro, vem para fora" – Jo 11); na verdade, ele nos convida a irmos em frente, mas a voltar para a nossa essência, para o que somos.

Quantas vezes, nos momentos de dor e tristeza, tudo que queremos são palavras de consolo, a presença e um "tamo junto" de nossos amigos? A verdadeira sabedoria não está em adquirir para si a multidão, mas, entre a multidão, escolher aqueles que farão parte da nossa vida para sempre, assim como fez Jesus.

Amizade, lugar de chegadas e partidas

Foto ilustrativa: martin-dm by Getty Images

Na amizade não existe distância

A amizade é uma escolha de Deus, mas passa por nossos passos, nossa abertura, pelo cultivo, pela presença e cuidado com o outro. Padre Léo dizia que a presença física é a mais pobre das presenças, na certeza de que, na amizade, um coração que é convencido do amor sabe que, mesmo longe, o outro sempre estará por perto.

Na amizade, viajamos com os sonhos do outro, vibramos com as conquistas e sofremos com seus fracassos. Na amizade, lembramos o outro dos passos acertados, lembramos que as quedas fazem parte da vida. Na verdade, o amigo tem o poder de nos devolver esse coração de carne (Ez 36,26), que é capaz de amar, sentir, frustrar-se, cair, mas jamais permanecer prostrado.


Quanta gratidão devemos àqueles que, em meio à multidão, escolhem caminhar perto do nosso coração! Que dom tão grandioso e sublime é esse! Quanta gratidão devemos àqueles que escolhem permanecer do nosso lado, partilhar da nossa vida e nos indicar o caminho para o céu! Quanta gratidão devemos àqueles que nos devolvem o olhar de esperança sobre nós mesmos, que nos devolvem, com um sorriso, a alegria de continuar nessa estrada rumo à eternidade. Que bom é ter amigos, dos quais nem o tempo nem a distância são capazes de separar. Que bom é termos amigos!



Brigite Cortez

Brigite Cortez, natural de Portugal, é missionária na Comunidade Canção Nova onde atua no setor de Eventos.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/relacionamento/amizade/amizade-lugar-de-chegadas-e-partidas/

8 de fevereiro de 2020

A tecnologia proporciona novas oportunidades e formas de estudo

Novos começos e uma chance a mais para fazer valer as oportunidades que nos são dadas diariamente. Um novo semestre letivo se inicia e com ele o momento de tentar fazer diferente, isto é, melhorar aquilo que, na maioria das vezes, nos incomoda ou causa medo. A tecnologia e a dispersão dos alunos em sala têm sido queixas frequentes de educadores de diferentes níveis de ensino. Ah, o celular… Na mão do aluno pode ser motivo de guerra constante em sala, o que representa perda de tempo com longas discussões sem resultados concretos.

Não adianta querer fugir. Estamos numa era de revolução tecnológica vinda com a comunicação e acesso à internet. Essa transformação ajuda a nos tornarmos mais próximos das coisas e das pessoas. A vida digital está muito presente em nosso cotidiano. Por que ficaria longe da sala de aula?

Enganam-se os que acreditam ser a tecnologia inimiga do aprendizado, pode ser do tradicional e conservador, mas estimula em grande parte a participação dos estudantes, tornando-os mais ativos no processo ensino-aprendizado. Talvez, o maior problema esteja em saber usar esses recursos para trazer vantagens na assimilação dos conteúdos.

-A-tecnologia-proporciona-novas-oportunidades-e-formas-de-estudo

Foto Ilustrativa: SolStock by Getty Images

Iniciativas simples como, em aulas de português, trabalhar a escrita de e-mails e o intercâmbio digital – regional entre os alunos ou, até mesmo, criar um blog ou canal de vídeo com dicas relacionadas à disciplina. Os vídeos e as imagens possuem infinitos recursos para as disciplinas com o celular.

Tecnologia a favor do aprendizado

Que tal uma aula de história externa, sobre a cidade onde mora? Sair fotografando os principais pontos históricos, descobrir a arquitetura, os patrimônios culturais escondidos sobre o concreto? E uma entrevista ao vivo, via celular, com aquele autor famoso entre a garotada, sem precisar sair do lugar? Basta correr atrás.

Escrevendo assim, parece fácil colocar em prática essas ações. Sabemos que a maioria dos docentes esbarra em normas rígidas do sistema de ensino, em que qualquer mudança à estrutura convencional pode representar impossibilidade de execução. Uma dica seria planejar essas novidades dentro de uma estrutura possível, saber vender sua ideia às lideranças das escolas. Ideia essa respaldada em argumentos, dados, mostrando onde se pretende chegar com essas atitudes inovadoras. Não apenas falar sem sustentação.

Inove! Os resultados serão positivos

Um dos vencedores do prêmio Educador Nota 10 de 2016, que premia professores de todo o país, foi um professor de matemática do Estado de Goiás, com um projeto de ensinar números por meio dos games, com alunos do 6º ano de uma escola pública. Aproveitou-se o interesse dos alunos nos jogos digitais para estimular o raciocínio, mostrando onde podem chegar utilizando os cálculos.


De tudo isso, podemos concluir que: basta o uso da criatividade e o querer fazer para ter sucesso em novas formas de utilizar a tecnologia em sala de aula. Em vez de ficar reclamando, inove! Os resultados serão surpreendentes!



Ioná Piva

Atualmente é professora da Faculdade Canção Nova (Jornalismo e Rádio e Televisão). Mestre  em Comunicação Social pela  linha de pesquisa  Inovações Tecnológicas na Comunicação Contemporânea


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/educacao/tecnologia-proporciona-novas-oportunidades-e-formas-de-estudo/