18 de dezembro de 2019

Fim de ano ou fim do mundo?

Dezembro chegou, e com ele algo surpreendente nos avassala: a "crise do fim do mundo". Como assim "fim do mundo"? Você já deve ter tido a impressão de que dezembro chega com um desespero quase inerente, ou seja, parece que as pessoas ficam mais agitadas, que o tempo se apressa, tudo é para ontem e o mundo tem um dia certo para acabar: 31/12/2019.

No comércio, há um desespero pelo consumo. Com a vinda das parcelas do 13° salário, a economia parece se agitar e se instala a pressão pela compra dos presentes. Existe uma corrida maluca que nos agita a todo tempo: nossa agenda fica tomada de confraternizações, surgem quase que obrigações familiares de visitar todas as pessoas que não conseguimos ver o ano todo.

Faço, porém, uma reflexão: será que todas as visitas, compras, amizades, dietas frustradas, relações quebradas e planos incompletos conseguirão ser cumpridos em 30 dias? Será que nosso planejamento, talvez falho, nos permitirá conseguir tudo isso em tão pouco tempo?

Fim de ano ou fim do mundo?

Foto ilustrativa: jokerpro by Getty Images

Não é o fim do mundo!

Estamos, sim, no último mês do ano, mas precisamos rever como conduzimos nossa vida durante todo o ano, e não apenas em um mês, fato este que traz essa agitação e confusão em nossa vida.

Dezembro parece que leva as pessoas a notarem que têm amigos, vida, saúde ou falta dela, atividade física ou falta dela, necessidade de revisão de hábitos alimentares, e assim por diante. Penso que se dar conta de todas as suas faltas e deslizes durante o ano é muito bom, mas que seja, então, para iniciar um ano com melhor qualidade de vida, sem o desespero, sem o consumismo e dando até um tempo.

Claro que as campanhas publicitárias vão nos empurrar várias promoções, mas não é possível esperar janeiro para consumir? Está aí um bom tempo para revisar hábitos e começar a fazer o novo desde já. Não espere a segunda-feira ou o dia 1º de janeiro para uma "vida nova".

Um corpo agitado e uma mente ansiosa são campos perfeitos para tropeços, desatinos e ações impensadas. Pare um pouco, respire, preste atenção ao seu redor e preste atenção em como você está: vivemos ansiosos por não conseguirmos fazer essas pausas estratégicas e necessárias para a qualidade de nossa saúde física e emocional.

Tivemos 364 dias até início de dezembro para resolver muitas coisas e, por vários motivos, algumas não puderam ser concretizadas. Tente fazer uma pausa: olhe para os prazos possíveis e necessários e para aqueles que serão praticamente impossíveis de serem concretizados.

Muitas vezes, pegamo-nos avaliando o que traçamos para o ano, e, muitas vezes, os resultados não são os esperados. Nessa hora, vale uma avaliação: temos traçados metas realistas ou impossíveis? Se traçamos uma meta, temos dados passos firmes em busca do que desejamos? É mais ou menos como se quiséssemos perder vários quilos ou economizássemos muito dinheiro sem mudar hábitos alimentares ou sem parar de comprar. Não fica impossível? Se eu economizo 100 reais ao mês ou foco em emagrecer 2 quilos ao mês, aí sim será possível guardar 1200 reais no final do ano ou emagrecer 24 quilos durante um ano todo?

Para um fim de ano mais tranquilo, organize-se:

Diga não a alguns convites, mantenha a rotina com relação aos seus horários, observe seu orçamento para não ultrapassar seus limites de compras e, então, ganhar uma dor de cabeça no início do ano. Não coma como se fosse o último dia de sua vida, pois todas as comidas de Natal – como panetone, por exemplo – são vendidas o ano todo. Avalie os compromissos que você possui, como organizará eventuais festas familiares e encontros. Não tenha a necessidade de presentear todos. Seja realista com suas possibilidades, e você aproveitará ainda mais seu Natal. Faça pausas para poder, efetivamente, respirar e sair dessa loucura quase que imposta pelo fim do ano.

Lembre-se: se o que foi planejado não foi concretizado, observe se não houve um exagero nas metas quase que impossíveis, se houve pouco tempo ou ainda muitas coisas. Planos existem para serem revistos, e a rota da vida refeita.


Um feliz 2020 com um sentido real, um Natal cheio da presença de Jesus, e não dos excessos mercadológicos. A presença física certamente será muito mais rica do que qualquer presente que foge das suas possibilidades. Estamos apenas encerrando o ano. Pense nisso!



Elaine Ribeiro dos Santos

Elaine Ribeiro, Psicóloga Clínica pela USP – Universidade de São Paulo, atuando nas cidade de São Paulo  e Cachoeira Paulista. Neuropsicóloga e Psicóloga Organizacional, é colaboradora da Comunidade Canção Nova.


16 de dezembro de 2019

O Senhor nos acompanha em nossos sofrimentos

Jesus nos diz: "O meu Pai até agora está trabalhando e eu também estou trabalhando" (Jo 5,17). Deus não está dormindo. Ele trabalha sempre e está em constante atividade. Ele vê e acompanha os nossos sofrimentos; nos ama e trabalha por nossa causa. Creia: sua necessidade está sob os olhos do Senhor. Nosso Pai e Jesus não cessam de trabalhar por nós.

Exponha-se diante d'Ele. Seja sua causa pessoal ou familiar; seja sua doença física ou espiritual; apresente-se agora para o Senhor. Nada pode impedir a ação de Deus em sua vida. Nada pode roubar sua alegria de ter alguém constantemente trabalhando por sua causa: o Pai e Jesus. Eles não terão descanso enquanto não lhe der o Reino dos Céus. Deus é por nós; somos d'Ele e, por isso, sabemos que: "Tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu desígnio" (Rm 8,28)

O Senhor nos acompanha em nossos sofrimentos

Foto ilustrativa: Andréia Britta/cancaonova.com

Jesus disse: "Enquanto é dia, devo realizar as obras daqu'Ele que me enviou" (Jo 9,4b). Como num dia inteiro de trabalho, o Senhor age em nosso meio, salvando nossas vidas, curando nossos corações, sarando nossos doentes, libertando nossos oprimidos e arrancando da opressão do maligno os que se encontram nas trevas. Se abrirmos o coração e O deixamos trabalhar, veremos aqui, nesta vida, os prodígios do Senhor. Que Ele nos liberte de toda a incredulidade e ação do mal que quer abalar nossa fé!

Proclame a todo instante: "Senhor, eu creio, mas aumentai a minha fé!". Comece agora! Apresente a Jesus o seu problema; diga a Ele que você confia que tudo se resolverá a seu tempo, isto é, no tempo de Deus. Queira ver as situações mudadas de acordo com a hora da providência divina e do jeito de Deus.


Diga a Jesus que você confia n'Ele e, por isso, vai trabalhar por essa causa com determinação e perseverança, como se tudo dependesse de você, mas sabendo que quem realiza tudo é Ele. Não desanime; creia! A vitória já é de Deus.

Texto extraído do livro "Sofrer sem nunca deixar de amar", de Luzia Santiago.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/o-senhor-nos-acompanha-em-nossos-sofrimentos/

13 de dezembro de 2019

Exame de consciência, o roteiro de uma boa confissão

Homens e mulheres são chamados à salvação pela fé em Jesus Cristo, que é "a luz verdadeira" e "a todos ilumina" (Jo 1,9). Àquele que responde ao chamado se torna "luz no Senhor" (Ef 5,8) e "filhos da luz" (Ef 5,9). A fraqueza da carne nos leva a pecar contra Deus, contra o próximo e contra nós mesmos. Daí surge o arrependimento e o pesar da alma. Perde-se a inocência e a pureza; e se "não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus" (Mt 18,3). Um exame de consciência sincero e profundo é essencial para uma boa confissão.

O roteiro a seguir servirá de orientação no momento de confessar os pecados. É preciso observar, em especial, os pecados cometidos contra Deus, contra o próximo e contra si mesmo.

Exame de consciência, o roteiro de uma boa confissão

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Antes de se confessar, faça um exame de consciência

Pecados contra Deus: Disse o nome de Deus em vão? Desrespeitei algum santo, bispo ou sacerdote? Recusei-me a defender os ensinamos do Cristo? Pratiquei algum ato de superstição? Faltei com respeito com lugares ou coisas santas? Afastei alguém da Igreja por palavras ou exemplo? Faltei com respeito com o Espírito Santo?

Pecados contra o próximo: Fui impaciente? Agi com raiva? Tive inveja? Desencorajei a fé ou a caridade do outro? Proferi ou compartilhei discurso de ódio? Neguei ajuda voluntariamente? Desprezei o mais necessitado? Fui egoísta? Menti? Roubei ou furtei?

Pecados contra mim: Neguei minha fé? Faltei à Santa Missa por preguiça? Recebi a comunhão com pensamentos fúteis? Abusei de bebidas alcoólicas? Usei drogas? Vi vídeos ou sites pornográficos? Faltei com amor para minha família (pais, esposa, marido ou filhos)? Gastei dinheiro com luxo excessivo e esqueci do próximo necessitado? Fui negligente no meu trabalho ou estudos?


No momento da confissão, essa tripartição (contra Deus, contra o próximo e contra mim), além de trazer à memória os pecados que se deseja confessar, ainda facilita que outros surjam pela espontaneidade da alma. Em verdade, o cristão traído pelo pecado percebe a santidade fugir-lhe como água entre os dedos. Perde também a alegria, como um sorriso que se desfaz no rosto. Com efeito, é a partir desse sentimento que se busca a confissão.

Que todos possamos realizar uma confissão autêntica e sincera para regressar ao caminho da salvação. Que assim seja!

Referências:

BÍBLIA SAGRADA. Tradução da CNBB, 18 ed. Editora Canção Nova.

JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Veritatis Splendor. Roma, 6 ago. 1993.



Luis Gustavo Conde

Advogado com atuação na área de Direito de Família e Direito Bancário. Tecnólogo em Gestão Empresarial. Professor de cursos técnicos-profissionalizantes. Catequista atuante na evangelização de jovens e adultos. Palestrante focado na doutrina cristã. Contato: lg.conde@icloud.com Twitter: @luisguconde


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/exame-de-consciencia-o-roteiro-de-uma-boa-confissao/

11 de dezembro de 2019

O sofrimento vai nos acompanhar para o resto da vida?

Todos os dias o sofrimento bate à porta de milhares de pessoas. Todos os dias soluções ou analgésicos são procurados para atenuar a dor. Todos os dias, certamente, nos questionamos sobre o sentido do sofrimento.

São João Paulo II, na Carta apostólica Salvifici Doloris, diz que 'o sofrimento desperta compaixão e também respeito e, a seu modo, intimida. De fato, nele está contida a grandeza de um mistério específico. À volta do tema do sofrimento, há dois motivos que parecem aproximar-se particularmente e unir-se: a necessidade do coração ordena-nos que vençamos o temor e o imperativo da fé fornece o conteúdo, em cujo nome e em cuja força ousamos tocar o que parece tão intangível em todos os homens; é que o homem, no seu sofrimento, continua a ser um mistério intangível' (nº 4).

O sofrimento vai nos acompanhar para o resto da vida?

Foto ilustrativa: Tzido by Getty Images

A verdade é que, o sofrimento, seja ele físico, psíquico ou espiritual, é um companheiro de viagem para toda a vida, quer queiramos quer não. Mas, em caso de dúvida, o melhor é nos prevenirmos, consciencializando-nos de que faz parte da nossa natureza humana.

Sabemos que Deus não quer o sofrimento para os seus filhos. Mas, por vezes, permite a dor para que, por meio da sua pedagogia divina, tenhamos consciência da nossa condição frágil. Experimentemos a recordar: não será nos momentos de maior sofrimento que recorremos mais rapidamente a Ele e colocamos nas Suas mãos o nosso agir? Não será nesses momentos que nos aproximamos d'Ele e Lhe perguntamos o que quer que façamos?


Deus quer a nossa felicidade; e a nossa felicidade é fazer a vontade de Deus. O problema é que, por vezes, teimamos em sermos senhores da nossa vida, colocando-nos no lugar de Deus. Perante o sofrimento é preciso agir. Na dor temos de apostar na vida e sair da doença, da tristeza ou da opressão.

Padre José Carlos Nunes
Fonte: Revista Família Cristã/Portugal


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/o-sofrimento-vai-nos-acompanhar-para-o-resto-da-vida/

6 de dezembro de 2019

Deus faz o possível para revelar Seu amor por nós

Quando estamos distantes de alguém ou de algum objeto, geralmente pedimos para alguém chamar a pessoa ou alcançar o objeto para nós, isso quando não vamos nós mesmos ao seu encontro. Na história da salvação, podemos dizer que, mesmo estando o homem distante de Deus (cf. Gn 3), Este sempre o alcançava por meio dos profetas, até que o Senhor, pessoalmente, veio ao seu encontro e revelou Seu amor de Pai.

Em Romanos 8,15, Paulo mostra que nossa relação com Deus não pode ser de escravidão, mas de filhos, porque recebemos o espírito de Aba Pai. Podemos contemplar o amor dos pais para com Seus filhos, e percebemos até mesmo o sacrifício de amor que muitos deles fazem para seus filhos e para que a família tenha harmonia. É belo, mas se comparado ao amor de Deus, torna-se pequeno. O Catecismo da Igreja Católica afirma que "a linguagem da fé se inspira, assim, na experiência humana dos pais (genitores), que são, de certo modo, os primeiros representantes de Deus para o homem. Essa experiência humana, no entanto, ensina também que os pais humanos são falíveis e podem desfigurar o rosto da paternidade e da maternidade. Convém, então, lembrar que Deus transcende a distinção humana dos sexos. Ele não é nem homem nem mulher, é Deus. Transcende também a paternidade e a maternidade humanas, embora seja a sua origem e a medida: ninguém é pai como Deus o é." (239)

Deus faz o possível para revelar Seu amor por nós

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

O amor de Deus

Embora supere, podemos pensar para compreendermos que o amor de Deus é paterno e materno. Significa que seu amor paterno nos dá segurança, proteção e nos coloca numa atitude de superação. Já seu amor materno é carinhoso, acolhedor, e sabemos que jamais nos abandona apesar dos nossos erros. Ele sabe a medida certa para cada um de nós, porque Ele é amor e nos precede. Em 1 Jo 4,10, encontramos: "Nisso consiste o amor: não fomos nós que amamos Deus, mas é Ele que nos amou."

O rosto desse Deus, que é Pai das misericórdias, é Jesus. Ele é a voz inteira da Escritura quando diz: o Pai vos ama! (Jo 16,27). Ele veio para salvar o homem do pecado, mas, sobretudo, para revelar o Pai. Santo Afonso Maria de Ligório diz que Cristo podia nos redimir sem passar pela cruz. Por que o fez? Para mostrar seu amor: Amou-nos e se entregou por nós. Ele diz que Cristo não via a hora de dar a última prova do seu amor, morrendo na cruz, consumido de dores. Se olharmos para o filme Paixão de Cristo, podemos perceber a determinação na doação de Jesus. Ele é a manifestação do amor do Pai.

Volte para perto do Senhor

Sendo assim, independentemente dos nossos pecados, o Pai nos alcança; e se temos a coragem de abrir as páginas, Seu amor escreve uma nova história em nossa vida. Quem ama deseja estar perto, e o Pai deseja ser próximo do homem, morar no seu coração. Ele não poupa esforços para nos mostrar Seu amor (Rom 8, 32). Por isso, mesmo como filhos pródigos, se arrependidos, podemos voltar para casa, porque somos alcançados pelo Pai.



Ricardo Cordeiro

Ricardo é membro da Comunidade Canção Nova. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP).  Bacharelando em Teologia pela Faculdade Dehoniana, Taubaté (SP) e pós-graduando em Bioética pela Faculdade Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/deus-faz-o-possivel-para-revelar-o-seu-amor-por-nos/

4 de dezembro de 2019

O plano de Deus não é predestinação

Assim como o homem rico, você pode aderir ou não àquilo que Deus te chama. Deus tem um plano a seu respeito, mas quem determinará sua vida será Ele mesmo. Descobrir o projeto de Deus não significa predestinação, pois, apesar d'Ele ter uma vontade, um plano a seu respeito, isso não significa que todos os eventos da sua vida estão como que "escritos" e que nada poderá mudar esse roteiro. Não! Não é assim que funciona. Você tem livre-arbítrio sobre sua existência e será você quem determinará seu futuro.

O Senhor tem um plano para você e te deu características, personalidade, temperamento, dons e talentos que fazem de você uma pessoa única, com uma identidade exclusiva, que tem algo específico para cumprir e ser nesta terra e por toda a eternidade. Contudo, é você quem deve escolher aderir ou não ao projeto do Senhor a seu respeito.
Assim como um pai deseja, até planeja, algumas coisas para seu filho, contudo, não pode obrigá-lo, o Criador tem um desejo para sua vida, mas Ele aceita que a palavra final sobre sua existência seja sua.

Por isso, não existe predestinação! Se nem mesmo Deus define uma sina à qual você não tenha escolha, imagine se os astros influenciarão em circunstâncias predeterminadas! Será você quem optará por qual caminho andar e qual destino quer chegar. Não existe trajetória, acontecimentos predeterminados, não existe pessoa destinada a se casar com você (explico isso no livro "As cinco fases do namoro", no subcapítulo – "Um amor escrito nas estrelas?") as pessoas têm vocação ao matrimônio, mas não estão destinadas a um único pretendente, você é quem escolherá com quem concretizará a esse seu chamado, assim como também não existem fatos trágicos que o Senhor envie para castigar quem não fez a Sua vontade (o que existe é o nosso afastamento da graça).

O plano de Deus não é predestinação

Foto ilustrativa: Smileus by Getty Images

Podemos dizer, como Maria, nosso "sim" a Deus e ao Seu intento, como podemos dizer "não". Podemos ainda dizer não num primeiro momento e depois reavaliarmos, como podemos também aderir num instante e depois nos afastarmos da vontade de Deus. Sobre a predestinação, vai dizer o Catecismo: "Os anjos e os homens, criaturas inteligentes e livres, devem caminhar para seu destino último por opção livre e amor preferencial. Podem, no
entanto, desviar-se" (CIC 311). E completa que, Deus se comunica com o ser humano, faz Seus apelos encaminhando o homem por meio da Sua Divina Providência: "chamamos Divina Providência as disposições pelas quais Deus conduz a sua criação […] Deus guarda e governa, pela sua Providência, tudo quanto criou […] mesmo aquilo que depende da futura ação livre das criaturas" (CIC 302).

O plano de Deus para a humanidade pode não cumprir-se?

Os planos de Deus para a humanidade, para o cosmos se cumprirão, porque Ele não depende do nosso "sim" e rege o mundo com Seu poder infinito. Ele é maior do que todo o mal que possa ser feito neste mundo e consegue, por Sua força divina, dar curso à Sua vontade, usando-Se até mesmo do mal e dos "nãos" dos homens. Nós é que necessitamos da Sua graça, para darmos curso em qualquer coisa na nossa vida.

O que existe, portanto, é a graça de Deus manifestada como Divina Providência. O Senhor pode nos fazer entender Seu projeto em nossa vida, pela Sua graça, por meio de fatos que nos acontecem, em entendimentos que possamos ter, em palavras ou por pessoas. Ele pode colocar diante de nós, nos encaminhar a alguém que possa ser um amigo, um cônjuge, que nos leve para Ele mesmo. O Altíssimo pode nos dar uma vivência, uma experiência, algo que nos faça abrir o coração e entender o que Ele está dizendo, sinalizando, o que quer de nós. Entretanto, em tudo isso, seremos nós que escolheremos, que teremos que dizer "Sim, eu quero!" ou "Não, eu não quero!".

Quem assume uma vocação, uma profissão, um matrimônio tem que saber que foi ele mesmo quem escolheu. Descobrir e seguir o plano de Deus é alinharmos o nosso querer ao d'Ele. É nesse contexto que deve entrar o nosso livre-arbítrio, ou seja, existe a parte de Deus, porém, deve existir a sua parte e também a sua adesão por livre e espontânea vontade, pois Ele não vai te obrigar ou forçar a querer o mesmo que Ele quer, mas apenas sugestionará e
tentará convencê-lo aos poucos, por amor e com amor.

A culpa é de Deus?

Caso contrário, se existisse a predestinação, poderíamos nos lamuriar e culpar o Senhor pelas nossas escolhas. Já imaginou alguém decepcionado com o cônjuge, atribuindo a Deus o fardo de ter sido "obrigado" a ter contraído matrimônio com tal pessoa? Ou alguém que desejava ser biólogo, mas teve de ingressar na faculdade de administração porque supôs que Deus assim mandou?


Se você reconhece em si um dom, por si mesmo, pode fazer uma escolha livre em como viver esse dom, doar-se, esforçar-se esmerá-lo. E quem nos faz reconhecermos o dom de nós mesmos é somente o Senhor, reconhecendo-nos n'Ele, alinhando a vontade d'Ele à nossa. "O bonito não é realizar o nosso próprio sonho, mas realizar o sonho de Deus" (Monsenhor Jonas Abib).

Todavia, fica aqui para nós que predestinação, assim como todo tipo de previsão de futuro, não condiz com a verdadeira forma do Senhor interagir conosco.

Texto extraído do livro "Entenda o plano de Deus para você", de Sandro Arquejada.



Sandro Arquejada

Missionário da Comunidade Canção Nova, Sandro Arquejada é formado em Administração de Empresas pela Faculdade Salesiana de Lins (SP). Atualmente, trabalha na Editora Canção Nova. Autor de livros pela Editora Canção Nova, ele já publicou três obras: "Maria, humana como nós"; "As cinco fases do namoro"; e "Terço dos Homens e a grande missão masculina".


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/o-plano-de-deus-nao-e-predestinacao/

2 de dezembro de 2019

Advento, tempo de faxina interior

As estações da natureza nos ensinam a reconciliar, em nosso coração, o tempo dos mistérios que abraçam nossa fé. Advento é tempo da espera. Ainda não é Natal, mas antecipa-se a alegria dessa festa. Viver cada tempo litúrgico com o coração é um jeito nobre de não adiantar um tempo que ainda não chegou. Na sobriedade que este tempo litúrgico exige, vamos tecendo a colcha das alegrias do Cristo que vem ao nosso encontro.

Esperar é uma alegria antecipada de algo que ainda não chegou. A mulher grávida vive na alma a felicidade antecipada pela vida que, em seu ventre, vai sendo gerada no tempo que lhe cabe. A natureza cumpre o ritual das estações para que cada tempo seja único. Os casais apaixonados esperam o momento do encontro. As famílias organizam a casa no cuidado da espera dos parentes que vão chegar. Esperar é uma metáfora do cotidiano da vida. No contexto do Advento, a espera ganha tonalidades alegres e sóbrias.

Casa mal arrumada não é adequada para acolher os amigos e familiares que vão chegar. Jardim sujo não pode se tornar um canteiro para novas sementes. Esperar é também tempo de cuidado e organização. No tempo da espera, o tempo do cuidado na vida espiritual. Chegando ao fim de mais um ano, muitos corações se encontram totalmente bagunçados. Raivas armazenadas nos potes da prepotência, mágoas guardadas nas gavetas do rancor, amizades sendo consumidas pelo micro-ondas da inveja, tristezas crescendo no jardim da infelicidade, violência sendo gerada no silêncio do coração.

Advento, tempo de faxina interior

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

No Advento da vida

Enquanto as lojas fazem o balanço [de seu patrimônio], somos convidados a fazer o balanço de nossa situação emocional. No balancete da vida, o amor deve sempre ser o saldo positivo que nos impulsiona a sermos mais humanos a cada dia.

Casa mal arrumada não é local adequado para receber quem nos visita. Coração bagunçado dificilmente tem espaço para acolher quem chega. Neste tempo do Advento, a faxina da espera deve remover as teias de aranha dos sentimentos que estacionaram em nossa alma. O pó que asfixia o amor deve ser varrido. Tempo novo exige coração novo. Jesus, com Seu amor sem limites, adentrava o coração de cada pessoa e fazia uma faxina de amor; abria as janelas da vida, que impediam cada pessoa de ver a luz de um novo tempo chegar; devolvia às flores, já secas pelas dores e tristezas, as alegrias da ressurreição; semeava nos sertões sem vida as sementes do amor e da paz.


No Advento da vida, as estações do coração se tornam tempo propício para limpar os quartos da alma à espera do Cristo que vem. Se o jardim do coração estiver sendo cuidado, as sementes da esperança vão germinar no tempo que lhes cabe, e o Amor nascerá nas alegrias da chegada.



Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Santa Rita do Sapucaí (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor do livro "Amor Sem Fronteiras" pela Editora Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: @padreflaviosobreiroof


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/advento/advento-tempo-de-faxina-interior/