21 de novembro de 2019

Quem é Jesus?

Constantemente, essa pergunta sobre a identidade de Jesus deve ser feita pelo cristão. Pois quem se declara ser de Jesus, automaticamente se diz seguidor d'Ele, então, deve sempre conhecer mais sobre aqu'Ele a quem se diz seguir. O evangelista São Marcos também se preocupou com essa questão, afinal de contas, o seu Evangelho foi o primeiro a ser redigido. Ele precisava falar de Jesus para as pessoas, e o grande objetivo do seu Evangelho é o de apresentar a identidade de Jesus, ou seja, responder à pergunta: "Quem é Jesus?".

O Evangelho segundo São Marcos é um texto objetivo, além disso, é o mais curto dos quatro Evangelhos. Nele sequer é apresentada a infância de Jesus. Primeiro, aparece João Batista e, em seguida, Jesus já adulto. E, logo no primeiro versículo, apresenta o tema central do Evangelho que é a identidade de Jesus: "Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, filho de Deus" (Mc 1,1).

Quem é Jesus?

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Nessa frase, cada palavra ou expressão revela um pouco daquilo que São Marcos quer apresentar. E, no desenrolar do seu Evangelho, o leitor que se colocar como um dos discípulos de Jesus, será conduzido a conhecer, mais profundamente, a identidade de Jesus Cristo, filho de Deus.

Trata-se de viver a aventura que viveram os discípulos. Por isso, é importante ler e estudar, calmamente, dia após dia, todos os textos – do primeiro ao último capítulo – desse Evangelho. Experimentando com os discípulos momentos de poder (como na expulsão de demônios); momentos de glória (como nas curas e milagres); momentos de êxtase (como na transfiguração); momentos de aprendizagem (como nos ensinamentos sobre a lei) – mas
também, momentos de ameaça (como nas violações do sábado); momentos de medo (como nas tempestades na barca); momentos de angústia (quando Jesus foi preso); momentos de sofrimento (quando Jesus foi crucificado).


Experimentando a tudo isso, e muito mais, a partir do estudo do Evangelho segundo São Marcos, será possível conhecer melhor a identidade de Jesus e repetir o que disse o soldado romano:

"Verdadeiramente, este homem era filho de Deus" (Mc 15,39).



Denis Duarte

Denis Duarte especialista em Bíblia e Cientista da Religião. Professor universitário, pesquisador e escritor.

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Fonte: https://formacao.cancaonova.com/biblia/estudo-biblico/quem-e-jesus-2/

18 de novembro de 2019

O pouco com Deus é muito

"Evangelho da encarnação, da Palavra que se fez carne, do Deus que se fez gente": é assim que pode ser chamado o "Evangelho segundo João". Ele é o que mais aprofunda a revelação divina nas realidades humanas. Cada uma dessas realidades, tocadas por Jesus, transforma-se em sinais de Sua glória, como o foi a água transformada em vinho, em Caná; a água pedida e oferecida àquela samaritana junto ao poço de Jacó; o paralítico curado à beira da piscina de Betesda; o cego de nascença, na fonte de Siloé; ou ainda, os cinco pães e dois peixes multiplicados para a multidão.

Em especial, a partir do capítulo seis de São João, as narrativas e discursos de Jesus giram em torno da Eucaristia. O próprio sinal da multiplicação dos pães e peixes seria uma prefiguração do seu gesto ápice de partilha: Ele daria a Si próprio pela nossa salvação e como alimento. Um alimento que não perece, o Pão vindo Céu que conduz à eternidade.

O milagre da multiplicação seria humanamente inexplicável. Jesus se compadece da multidão que O seguia, pois essa era como que ovelhas sem pastor. Só que a atitude do Senhor ultrapassa a nossa capacidade de raciocinar. Os Evangelhos nos relatam que Ele, por duas vezes, multiplicou pães e peixes para atender à multidão que O seguiu até uma região "deserta" e ali ficou ouvindo-O e recebendo curas, mas por não estar munida de alimentos, estava a ponto de passar fome.

O pouco com Deus é muito

Foto ilustrativa: Studio-Annika by Getty Images

Assim como Jesus se compadeceu da multidão, também, em nossa vocação cristã, somos chamados a ter compaixão do povo, sobretudo, do povo sofredor. Nossa vida cristã deve conduzir-nos à prática da misericórdia para com os irmãos. Esse é o grande testemunho de que o mundo precisa. É uma exigência que brota das palavras de Cristo no seu Evangelho: "Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor". Ele ensina que a vida é partilha, é um dom que deve ser fomentado. O pouco partilhado pode chegar a muitos; pois há mais alegria em dar do que em receber!

A partilha do pão e da vida

Dos povos que habitam a Terra Santa, entre eles está o povo árabe. Ele tem o costume de comer o chamado "pão pita com húmus", um alimento típico que feito com grão-de-bico; ou ainda, a shawarma produzida com pão de massa bem fina recheado com carne ou frango.

Já na tradição judaica, o pão está intimamente ligado à história de Israel, às festas e ao ciclo natural das produções agrícolas. Cinquenta dias após a Páscoa, em Pentecostes, era celebrada a colheita do trigo e cevada, esses eram oferecidos a Deus como primícias. O pão, portanto, sempre relacionado à experiência de ação de graças nas refeições e atividades diárias.

Ao se pensar na precariedade da cultura antiga e nas situações de guerra e invasões que afetavam a dinâmica social, o pão simbolizava, ainda, a dependência de Deus. Já nos Evangelhos, o pão aparece nas cenas da multiplicação como um alimento fundamental e sinal de confiança em Deus. Depois, na Última Ceia, esse elemento retorna e com um valor ainda mais elevado com a Instituição da Eucaristia.


A cidade do nascimento de Jesus, Belém, em hebraico a "Casa do Pão", também reflete Sua missão: o Verbo encarnado que se torna alimento. Ele utilizou de algo do cotidiano do Seu povo, quase insípido e incolor, para assinalar Sua presença simples mas totalmente concreta e real na Eucaristia. Na Última Ceia, Cristo celebrou a páscoa hebraica, a libertação do povo do Egito, mas, sobretudo, institui a nova Páscoa, ou seja, a nova libertação não mais da antiga escravidão, e sim do pecado e da morte.



Gracielle Reis

Missionária da Comunidade Canção Nova, carioca, jornalista pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e bacharel em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Gracielle já atuou em coberturas jornalísticas nacionais e internacionais, especialmente na Terra Santa. A jornalista tem experiência em rádio, TV e plataformas digitais, além de projetos de evangelização nacionais para a juventude. Atualmente, é jornalista da TV Canção Nova de Portugal.

Contatos:
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Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/o-pouco-com-deus-e-muito/

13 de novembro de 2019

Qual a importância da reconciliação para o ser humano?

"O amor sofre por muito tempo e é gentil; o amor não inveja;  o amor não se desfila, não é inflado; não se comporta de maneira grosseira, não busca o seu próprio prazer, não é birrento, não pensa mal;  não se regozija na iniquidade, mas se alegra na verdade;  tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O Amor nunca falha."

Imagine dois amigos que têm uma briga ou discordância. O bom relacionamento que eles tinham agora está tenso ao ponto de chegar bem perto de um rompimento. Eles pararam de falar um com o outro, além da comunicação estar muito diferente. Os amigos, gradualmente, tornam-se como estranhos um ao outro. Essa separação só pode ser revertida por uma reconciliação. Reconciliar é restaurar a afeição ou harmonia. Quando velhos amigos resolvem suas diferenças e restauram seu relacionamento, a reconciliação ocorre.

Qual-a-importância-da-reconciliação-para-o-ser-humano

Foto Ilustrativa: AntonioGuillem by Getty Images

A reconciliação é uma das verdades mais importantes do Cristianismo

Em primeiro lugar, o autor da reconciliação é o próprio Deus: "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por intermédio de Jesus Cristo" (2Cor 5,18-19). Na história sagrada vemos a beleza do ofendido que busca o ofensor. Já que Deus é santo, a responsabilidade é toda nossa. Nosso pecado nos separa de Deus.

Romanos 5,10 diz que éramos inimigos de Deus: "Porque, se nós, quando inimigos fomos reconciliados com Deus mediante a morte do Seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida". O homem rejeitou a Deus, e esse Deus busca por aquele homem rebelde para reconciliar-se com ele. "Deus nunca se cansa de perdoar" (Papa Francisco). A reconciliação é o colocar-se diante de relacionamentos quebrados, para deixar brotar amabilidades sinceras.

Onde não há reconciliação sangra-se como tinta na chuva; flores murchas incolores em nossas cinzas. A reconciliação precisa ser incansável.  Ela é possível e, quando bem vivenciada, traz alegria, cura e um senso de pertença renovado. Reconstruir relacionamentos requer um trabalho emocional e disposição de cada pessoa envolvida. Muitas vezes, restabelecer relacionamentos com membros da família pode parecer uma tarefa impossível. A dor é muito grande! O outro não se desculpou! No entanto, as pessoas ficam surpresas quando o caminho para a cura leva a novos começos. Só curvando-se ao Deus da graça e do consolo vestimos de salvação a nossa alma ferida e plantamos, com beleza, confiança e caridade, os jardins férteis da reconciliação. "A reconciliação sempre traz uma primavera para a alma" (Irmão Roger). Dar um pedaço de si para os outros, como Deus deu seu único Filho ao mundo, é a razão para este tempo. Permita-se ser aquele que reflete verdadeiramente o coração de Deus na família e no mundo. Esta é a hora de começar! Quando expulsamos o remorso, grande é a doçura que flui no peito.

Quais são os frutos da reconciliação?

A reconciliação é uma decisão que se toma no coração e traz os frutos do arrependimento, os quais são muito doces. Reconhecer erros e libertar toda a tensão, raiva; todas as lágrimas. Não há razão para que essas lágrimas sejam mantidas. Reabrir os braços e dar as boas-vindas a todos os que haviam despovoado o coração. Deus "nos deu o ministério da reconciliação" (5,18). Deu-nos a diakonia da reconciliação!


Resgatar. Restaurar. Recuperar. Retornar. Renovar. Ressuscitar. Cada uma dessas palavras começa com o prefixo "RE", que significa retornar a uma condição original que foi arruinada ou perdida. Deus sempre nos vê à luz do que Ele pretendia que fôssemos e sempre busca nos restaurar para esse desígnio. Seus braços nos abraçam, Sua alegria enche nosso coração. Com Ele, ao nosso lado, sentimos as peças quebradas começarem a realinharem-se.

O ministério da reconciliação já começou e estamos envolvidos nisso. Isso é extraordinariamente boas notícias, porque, significa que, mesmo em meio aos sofrimentos presentes, podemos confiar que o poder reconciliador de Deus prevalecerá. Podemos respirar novamente.

Reconcilie-se

Agora é o tempo bem aceitável; agora é o dia da salvação. Graças a Deus!

"A reconciliação é a beleza que dá paz à vida. O ritmo suave da água enquanto escorre pelas pedras. O intenso brilho do sol a cintilar na terra. As nuvens que dançam e flutuam no ar. A reconciliação é eterna e pura. O vento que sussurra pelas folhas. Canção do pássaro que preenche espaços. Enche os corações. A canção de ninar que traz a alegria da criança. A reconciliação é inocente e preciosa. A reconciliação é notável e atemporal. O último fragmento de esperança pela paz.  A Reconciliação verdadeira é a beleza que dá paz à vida." 

Padre Rodrigo Natal
Sacerdote da Diocese de Taubaté e pós-graduado em Comunicação

Trecho extraído do livro "Reconciliação: Um caminho de amor e perdão"


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/qual-a-importancia-da-reconciliacao-para-o-ser-humano/

8 de novembro de 2019

Como Deus age através dos sinais sagrados?

Muitos são os significados para a palavra sinal. Se procurarmos em um dicionário o que significa o verbete sinal, tem-se como definição "coisa que chama outra à memória, que recorda, que faz lembrar", obtém-se também o sentido de "indício"; "vestígio"; "rastro"; "traço"; além disso, pode significar uma "marca distintiva". Então, partindo desses conceitos de cunho secular, veremos que sinal sagrado vai além de uma representação.

No ambiente religioso, o sinal sagrado também pode ser utilizado de várias formas e em diversas situações, como, por exemplo, os sinais no Antigo Testamento, os símbolos litúrgicos, os Sacramentos e os sinais que expressam as realidades espirituais.

Como Deus age através dos sinais sagrados?

Foto Ilustrativa: Pexel: Pixabay

A Igreja faz uso dos sacramentais que, também, são sinais. E, na Constituição Dogmática Sacrosanctum Concilium, fica claro a sua finalidade: "[…] São sinais sagrados, pelos quais, à imitação dos Sacramentos, são significados efeitos principalmente espirituais obtidos pela impetração da Igreja. Pelos sacramentais os homens os homens se dispõem a receber o efeito principal dos sacramentos e são santificados as diversas circunstâncias da vida" (n. 60).

A seguir, veremos um pouco do que cada realidade quer expressar, mas notar-se-á que em nenhuma deixará de ter um sentido comum, que é levar o homem a Deus.

O homem necessita de sinais e de símbolos

O homem é, ao mesmo tempo, um ser espiritual e um ser corporal, por isso, as necessidades são tanto corporais como espirituais. Da mesma forma que precisamos alimentar o corpo, cuidar da saúde, precisamos cuidar da alma, por meio  da oração e da busca de Deus. Os sinais são meios para que possamos manter a comunicação com o corpo e, ao termos o conhecimento do significado espiritual desses sinais, comunicamos também com a nossa alma.

Na vida humana, sinais e símbolos ocupam um lugar importante. O Catecismo da Igreja Católica vai nos falar o que os sinais sensíveis podem realizar na vida do homem: "Enquanto criaturas, essas realidades sensíveis podem tornar-se o lugar de expressão da ação de Deus que santifica os homens, e da ação dos homens que prestam seu culto a Deus" (CIC, 1148). Para o fiel crente, os sinais sagrados são os exercícios da sua fé e auxílio no culto divino.

Símbolos do Antigo Testamento

O povo de Israel era constantemente orientado por sinais que representavam a presença de Deus e a Sua manifestação. O livro do Êxodo narra que "Quando Moisés subiu ao monte, a nuvem cobriu o monte. A glória do Senhor pousou sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu durante seis dias (cf. Ex 24,15-16). A nuvem era o sinal pelo qual o povo de Israel tinha a certeza de que Deus estava atuando naquele momento, era a presença de Deus no meio deles.

A nuvem ora escura, ora luminosa revela o Deus vivo e salvador. A nuvem, por muitas vezes citada nos textos do Antigo Testamento, representa a presença de Deus, como podemos ver na passagem em que Moisés está sobre o Sinai e a glória de Iahweh pousa sobre o monte, cobrindo toda a montanha (cf. Ex 24,15-18). Também, quando Moisés entrava na Tenda do Encontro e a coluna de nuvem parava na entrada da Tenda, e ali Deus falava com o seu servo faca a face (cf. Ex 33,9-11). Como podemos perceber, muitas são as manifestações de Deus por meio dos sinais para falar com o seu povo.


Símbolos e Sinais litúrgicos

A celebração na qual o cristão participa é repleta de sinais e símbolos que, segundo a pedagogia de Deus, são meios de Deus chegar aos homens, sendo, os homens, seres corporais e espirituais como foi dito anteriormente. Em toda a Liturgia sacramental, os símbolos fazem referência à criação, como a luz, o fogo e a água; referem-se também à vida humana, como lavar, ungir, partir o pão; por fim, representam ao mesmo tempo a história da salvação no rito da Páscoa (CIC 1189).

Estão também, na mesma esfera, as imagens sacras que, assim como os itens da celebração liturgia, são relativos a Cristo. As imagens de Nossa Senhora e dos santos servem de sinais para comunicar ao povo de Deus a ação de Cristo na vida de tantos homens e mulheres, que a Igreja reconheceu como verdadeiros cristãos. Todas essas formas são manifestações de Deus que a Igreja usa para comunicar algo; normalmente, são a graça e a presença do próprio Deus agindo no povo.

Sacramentos como sinais

Os sacramentos são verdadeiramente sinais sagrados, por meio deles o Espírito Santo realiza a santificação. A Igreja, em sua sabedoria, dá todo um sentido espiritual e enriquecem os sinais naturais: "Os sacramentos da Igreja não abolem, antes purificam e integram toda a riqueza dos sinais e dos símbolos do cosmos e da vida social (CIC 1152).

A Igreja realiza, por meio dos sacramentos, a santificação dos homens e a edificação da própria Igreja, que é corpo místico de Cristo. Deus age por meio dos sacramentos que são sinais eficazes da graça de Deus, instituídos por Cristo e confiados à Sua Igreja, pela qual é dispensada a vida divina (CIC 1131).

Os sinais servem para entender e expressar as realidades espirituais. É Deus quem fala aos homens por meio de sinais visíveis da criação. Deus comunica, por meio da cosmo, para que cada homem veja os vestígios do Seu criador. Esses sinais sensíveis tornam-se o lugar da ação de Deus (CIC 1148).

Por fim, após essa explanação de maneiras, situações, meios e "artifícios" que Deus, muitas vezes, usa para comunicar, a nós, a sua graça, fica claro que: o nosso Deus (conhecendo o coração humano e a necessidade do homem) usa dos vários sinais para salvar. Deus conhece a nossa pouca fé, como expressaram os apóstolos: "Senhor, aumenta em nós a fé" (Lc 17,5). Os sinais se fazem necessários para que, com a pouca fé, possamos dar passos em direção a Deus. O homem carece de sensibilidade e, portanto, Deus age pelos muitos sinais para ganhar a todos.


 


Fábio Nunes

Francisco Fábio Nunes
Natural de Fortaleza (CE), é missionário da Comunidade Canção Nova e candidato às Ordens Sacras. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP), Fábio Nunes é também Bacharelando em Teologia pela Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP) . Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, no Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/como-deus-age-atraves-dos-sinais-sagrados/

6 de novembro de 2019

Como identificar se tenho descontrole emocional?

Vivemos um tempo da supervalorização da emoção. Tudo passa pelo sentimento, inclusive decisões importantes. A grande maioria das pessoas não sabe mais distinguir razão de emoção, seja ela criança, adolescente, adulto ou até idoso. É impressionante o quanto um comportamento infantil se estendeu para outras etapas da vida e tem cegado quem vive dessa forma. Quando pergunto a uma pessoa o que passou pela sua cabeça quando viveu esta ou aquela situação, a resposta vem imediata: Fiquei com uma raiva! Senti-me abandonada! E tantas outras respostas baseadas na emoção e não na razão.

Onde está o problema? O problema é que a emoção é totalmente vulnerável, ela não tem fundamento sólido. E uma pessoa que vive a partir de suas emoções, vive como em um campo minado, estourando uma bomba aqui, outra ali e conseguindo se salvar de outras. Então, como identificar se tenho descontrole emocional?

Comece por avaliar seu comportamento. Como você tem reagido a situações do dia a dia? De forma normal, esperada? Ou surpreendendo as pessoas a sua volta, causando-lhes espanto? A questão é que, normalmente, quem vive esse descontrole emocional não percebe que o faz. E quando alguém fala para ele, acaba dando uma resposta agressiva, por não reconhecer esse comportamento.

Como identificar se tenho descontrole emocional?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Como controlar a emoção?

A grosso modo, podemos dizer que uma pessoa com descontrole emocional é aquela que apresenta uma reação emocional superior ao que deveria, seja por choro, agressividade física ou verbal, gargalhadas… Explico: em uma conversa, uma pessoa fala assim para você: "Você é igualzinho ao seu pai", e a pessoa que ouviu isso tem uma ferida com o pai; logo, responde com gritos e grosseiras. Essa reação impulsiva e explosiva está diretamente ligada à suas memórias afetivas, que, desajustadas, são ativadas por uma fala ou situação.

Um outro exemplo que pode ajudar seria: uma mãe que vê seus filhos brigando, começa a gritar com eles e a bater de forma agressiva. O que leva essa mãe a ter esse comportamento quando ele não é um comportamento padrão dela? Possivelmente, a cena ativou algo nela, em seu temperamento ou personalidade, pois foi uma reação de total descontrole emocional.


Para ter controle de suas emoções, o segredo é separar sua razão da emoção e passar a ter domínio de tudo aquilo que sua mente produz e que ativa suas emoções de forma descontrolada.



Aline Rodrigues

Aline Rodrigues é missionária da Comunidade Canção Nova, no modo segundo elo. É psicóloga desde 2005, com especializações na área clínica e empresarial e pós-graduada em Terapia Cognitiva Comportamental. Possui experiência profissional tanto em atendimento clínico, quanto empresarial e docência.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/como-identificar-se-tenho-descontrole-emocional/

4 de novembro de 2019

Deus que aparece e desaparece

Quem nunca viveu a experiência de ter épocas da vida em que sente a presença de Deus claramente, percebe Seu Amor por cada um, e tudo brilha e reflete Sua face, tudo parece dar certo, e a vida flui com naturalidade, mas, aos poucos, dias depois ou até horas, o tempo parece virar como uma chuva forte depois de um dia de sol? De uma hora para outra, tudo parece perder o sentido: o belo fica feio, o que nos agradava passa a pesar, as tensões parecem crescer e tudo vai mal aos nossos olhos.

Essa é a experiência que muitos de nós fazemos, senão todos. É a experiência da nossa humanidade, que se encontra com Deus. E porque nossa humanidade é frágil, não conseguimos ser tão dóceis para perceber a ação d'Ele e Sua providência, não só na bonança, mas também na tempestade. Uma vez, ouvi de Márcia Corrêa, consagrada da Comunidade Canção Nova, uma frase que anotei em minha Bíblia: "Precisamos ter a serenidade para perceber Deus nos momentos de alegria, mas também nos momentos de tristeza". Meu Deus, como isso é real!

No livro do Cântico dos Cânticos, também é narrada essa experiência do Deus que "aparece e desaparece". A amada do Cântico dos Cânticos é a nossa alma, e o amado é Deus. Primeiro, a amada diz: "É a voz do meu amado! Ei-lo que vem, saltando pelos montes, pulando por sobre as colinas. Ei-lo de pé atrás do muro, espiando pelas janelas, observando através das grades" (Ct 2,8-9).

Deus que aparece e desaparece

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Vê com que alegria ela percebe a presença do amado que se aproxima? Pois bem, dá para acreditar que, alguns versículos depois, essa mesma amada, que percebe o amado tão claramente, de repente, deixa de vê-lo e se angustia à sua procura? Pois é o que acontece: "…procurei o amado de minha alma, procurei-o e não o encontrei. Vou levantar-me e percorrer a cidade, procurando o amado de minha alma… procurei-o e não o encontrei" (cf. Ct 3,1-3).

Como Deus age?

Acho que Deus age assim conosco para despertar em nós o desejo de buscá-Lo. Assim, não ficamos parados em nossos problemas (ou em nossa comodidade) e O buscamos em toda situação. Então, quando O encontramos, que alegria! É o consolo da nossa alma.


O Senhor nos quer fortes, maduros, crescidos na fé, por isso age assim conosco. Se você também já viveu essa experiência do Deus que "aparece e desaparece", ou se a vive hoje, não se desespere, você é normal! Deus é assim mesmo. Isso é sinal de que Ele é presença na sua vida. Pense nisso! Nos momentos de alegria, colhamos os frutos da bondade de Deus; nos momentos de provação, procuremos perceber onde Ele quer que O busquemos.

Um abraço para você. Que bom que podemos partilhar experiências! Assim fazem os irmãos.

Deus o abençoe.

Francis Résio Torres, missionário da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/deus-que-aparece-e-desaparece/

31 de outubro de 2019

Você conhece a origem da festa de Halloween?

A Festa de Halloween, de origem celta, tem sua inspiração no druidismo ou na religião dos sacerdotes celtas, que muito marcaram o pensamento dos povos da Irlanda, Escócia e regiões da Inglaterra. Supunha-se que os mortos vinham à Terra visitar seus familiares na noite de 31 e outubro para 1º de novembro. Em consequência disso, homens e mulheres se vestiam com trajes fantasiosos, a fim de não serem reconhecidos e arrebatados pelos visitantes do além.

A essas concepções, associava-se o festival de fim do ano celta, celebrado no dia 31 de outubro, com presentes e orgias. Esse fundo de ideias e práticas pagãs foi, tanto quanto possível, cristianizado pela Igreja, que instituiu a Festa de Todos os Santos a 1º de novembro, e a comemoração de Finados em 2 de novembro. Ainda hoje, o Halloween é festejado nos Estados Unidos, levado para lá pelos imigrantes irlandeses. Todavia, muitos abusos são registrados em tais celebrações.

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Foto Ilustrativa: fotostorm by Getty Images

No Brasil, a Festa de Halloween toma o caráter de um pequeno carnaval, em que as crianças trajam suas fantasias e recebem presentes. O apreço dessa celebração, em alguns lugares, decorre da onda neopagã, que tem invadido a civilização ocidental. Na tarde do dia 31 de outubro, celebra-se, em alguns lugares, a vigília da Festa de Halloween (Allhallowseven). Muitas pessoas, um tanto estupefatas, perguntam-se: "Que festa é essa?".

Halloween: o apreço dessa celebração, em alguns lugares, decorre da onda neopagã

À primeira vista, quem considera a Festa de Halloween, como é celebrada no Brasil, dirá que é uma comemoração folclórica, popular e inofensiva: as crianças se vestem de fantasias (quase carnavalescas) e põem seus sapatos à porta da residência dos vizinhos, para que estes lhes deem presentes. Há, porém, quem levante suspeitas sobre o significado de tais celebrações; suspeitas, aliás, justificadas, dada a origem do Halloween.

Com efeito, a Festa de Halloween tem seu berço entre os povos celtas. Esses vieram da Ásia para o Continente Europeu nos séculos anteriores a Cristo e se fixaram, principalmente, na Gália, na Irlanda, com os druidas como guardiões das tradições religiosas de sua gente, que tinham conhecimentos de astronomia, medicina e direito. Os druidas exerciam as funções de juízes e líderes, dotados de "dons proféticos" ou da capacidade de prever o futuro. Acreditavam na imortalidade da alma e de metempsicose ou na migração das almas dos falecidos. Eles foram um fator de unidade do mundo celta, por isso foram combatidos pelos romanos, que conquistaram a Gália e as Ilhas Britânicas.

Como surgiu o Halloween?

De modo especial, os celtas valorizavam a noite de 31 de outubro para 1º de novembro. Isso por dois motivos:

1) O ano celta terminava em 31/10, dia do olho de Samhain. Tal dia era celebrado com ritos religiosos e agrários. Nessa ocasião, comiam-se alimentos especiais como nozes e maçãs, e preparavam-se os alimentos para o inverno.

2) Na noite de 31 de outubro para 1º de novembro, julgava-se que os mortos desciam do além para a terra, a fim de visitar seus familiares à procura de calor e bom ânimo frente ao frio do inverno que se aproximava.

Dessa maneira, Samhain assinalava o fim de um ano e o começo de outro, juntamente com o festival dos mortos. A celebração respectiva implicava todo um folclore típico. Os homens e as mulheres vestiam trajes fantasiosos, a fim de se dissimilarem e não serem arrebatados pelos espíritos dos falecidos para o além. Por estarem começando novo ano, desejavam uns aos outros plena felicidade.


Havia magos que procuravam saber "profeticamente" quem haveria de se casar e quem haveria de morrer no próximo ano; tentavam adivinhar também quais as melhores oportunidades de êxito em seus empreendimentos. Ao lado desse aspecto festivo, havia o apavorante: julgava-se que as bruxas, as fadas e os gnomos lançavam o terror no povo; eram tidos como seres de um mundo superior, que roubavam crianças, destruíam colheitas e matavam o gado.

Dentro desse quadro de festa e pavor, os homens acendiam lanternas no topo das colinas sob o olhar de Samhain; o fogo luminoso podia servir para guiar os espíritos até a casa dos familiares, como também para matar ou afugentar as bruxas.

Tais são os elementos dos quais dependem a festa moderna de Halloween. Além desses dados de origem céltica, julga-se que o Halloween traz também resquício da festa romana da colheita dita "Pomona"; resquícios, porém, muito mais pálidos do que os de origem celta.

Por que a Igreja instituiu a Festa de Todos os Santos

O Cristianismo, ao penetrar nas regiões da Gália e das Ilhas Britânicas, encontrou aí a celebração pagã mencionada. A Igreja procurou eliminar os elementos mitológicos do festival. Assim, o dia 1º de novembro foi "cristianizado". Com efeito, o Papa Gregório III (731-741) escolheu a data de 1º de novembro para celebrar a festa da consagração de uma capela na basílica de São Pedro em honra de Todos os Santos. Em 834, o Papa Gregório IV estendeu a festa à Igreja inteira; dessa maneira, procurava-se dar um sentido cristão à celebração, da vinda dos espíritos dos falecidos praticada pelo druidismo.

A cristianização foi corroborada pelo fato de que, em 908, Santo Odilon, abade de Cluny (França), começou a celebrar a memória de todos os fiéis defuntos aos 2 de novembro. Os cristãos tentaram assim neutralizar os efeitos dos antigos ritos pagãos.

Todavia, não foi possível aos cristãos retirar todo o resquício mitológico. Na Idade Média, dava-se grande importância às bruxas, que eram tidas como agentes do demônio; como se dizia, esses desciam sobre as bruxas em "sabbaths", quando havia banquetes e orgias. Um dos mais importantes "sabbaths" era, precisamente, o dia da noite de 31 de outubro; supunha-se que as bruxas iam a esses bacanais voando em cabo de vassoura, acompanhadas de gatos pretos.

Nos Estados Unidos, a Festa de Halloween foi introduzida pelos imigrantes irlandeses a partir de 1840; e tem sido celebrada com vandalismo e danos para muitas famílias. No Brasil, também há redutos de Halloween, com fantasias e presentes para as crianças. Tal festividade tem caráter ambíguo, fomentado pela onda de paganismo renascente.

Fonte: Revista "PERGUNTE E RESPONDEREMOS"


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/voce-conhece-origem-da-festa-de-halloween/