11 de julho de 2019

Saiba os sintomas da Dependência Tecnológica

Nas mais diferentes culturas, aceitamos plenamente que a realidade em nosso tempo é o uso cada vez mais frequente das tecnologias como forma de comunicação, informação, formação e entretenimento. Embora seja um grande desafio gerenciar a quantidade do tempo que passamos diariamente frente a essas máquinas, muito do nosso trabalho está ligado à equipamentos e softwares que facilitam nossa vida, mas diminuem o contato e o relacionamento humano.

Saiba os sintomas da Dependência Tecnológica

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Há alguns indicadores para saber o quanto uma criança tem um comportamento de dependência à tecnologia

Quando falamos em crianças em plena fase de desenvolvimento, podemos pensar no seguinte: quanto tempo elas ficam on-line, jogando? Qual a frequência de tempo frente ao computador? Já parou para analisar essas questões de família? O tempo é apenas uma forma de "medir" se estamos ou não dependentes, mas há outros fatores a serem considerados.

Há alguns indicadores para saber o quanto uma criança (e até mesmo um jovem) está com dificuldade de trocar o computador [por outra atividade] ou até mesmo tem um comportamento de dependência [do equipamento]:

– Quando o jogo – ou o uso de mídias sociais – torna-se a atividade mais importante da vida da criança, dominando seus pensamentos e comportamentos;

– Modificação de humor/euforia: experiência subjetiva de prazer, euforia ou mesmo alívio da ansiedade quando está no ato de jogar;

– Necessidade de usar o computador por períodos cada vez maiores para atingir a mesma modificação de humor, ou seja, para sentir-se bem;

– Fase de Abstinência: estados emocionais e físicos desconfortáveis quando ocorre descontinuação ou redução súbita do uso do computador (intencional ou forçada);

– Vivência de conflitos: pode ser entre aquele que usa o computador excessivamente e as pessoas próximas (conflito interpessoal), conflito com outras atividades (trabalho, escola, vida social, prática de esportes etc.) ou mesmo do indivíduo com ele mesmo, relacionado ao fato de estar jogando excessivamente (conflito intrapsíquico).

Cuidado com a individualidade gerada no uso da tecnologia

Não podemos negar as maravilhas oferecidas pela tecnologia, a facilidade de acesso, a disponibilidade de informações e a realidade que se encontra com este tipo de acesso e relacionamento, porém, cada vez mais frequente se torna a realidade das famílias dividas pela individualidade gerada no uso de tecnologia. Enquanto um fala ao telefone no quarto fechado, o outro está ligado no computador horas sem falar com ninguém, e a outra prende-se à TV, sem parar.


Quantas vezes as crianças, além do uso em casa, deixam de comprar um lanche para jogar nas lan houses? São capazes de passar dias inteiros, fins de semana longe do relacionamento interpessoal. O uso do computador e seus jogos, que era reservado apenas como lazer, torna-se praticamente a atividade principal delas. O sono é prejudicado, a alimentação também, pois as crianças comem em frente ao computador sem ao menos saber quanto e o quê, gerando obesidade. O isolamento continua, e a irritação, por não usar o computador ou imaginar que vão ficar sem ele, torna-se imensa, com um grande desconforto emocional.

Como família, é muito importante que possamos voltar nossa atenção para esse assunto, a fim de que possamos desenvolver crianças e jovens com uma vida mais saudável, favorecendo as relações humanas mais sadias.



Elaine Ribeiro dos Santos

Elaine Ribeiro, Psicóloga Clínica pela USP – Universidade de São Paulo, atuando nas cidade de São Paulo  e Cachoeira Paulista. Neuropsicóloga e Psicóloga Organizacional, é colaboradora da Comunidade Canção Nova.


9 de julho de 2019

A espiritualidade dos casais em segunda união

A Igreja não quer discriminar nem punir os casais em segunda união, mas lhes oferecer um caminho espiritual-pastoral adaptado à sua situação, o qual é apontado claramente pela Familiaris Consortio. Esse caminho pode ser chamado e é, de fato, um caminho espiritual-pastoral, muito rico de frutos de vida cristã, mesmo que o "status permanente" de segunda união seja uma situação irregular.

É direito de todo cristão manter um relacionamento com Deus, inclusive os casais em segunda união

A Exortação Apostólica Familiaris Consortio, 1981, de João Paulo II, no n. 84, exorta os casais divorciados a participar de um caminho de vida cristã que deve consistir em:

"Ouvir a Palavra de Deus, frequentar o sacrifício da Missa, perseverar na oração, incrementar as obras de caridade e as iniciativas da comunidade em favor da justiça, educar os filhos na fé cristã, cultivar o espírito e as obras de penitência, que se resume em "perseverarem na oração, na penitência e na caridade".

A Exortação Apostólica Sacramentum caritatis, 2007, de Bento XVI, no n.29, reafirma o convite de cultivar, quanto possível, um estilo cristão de vida por meio da participação da Santa Missa, ainda que sem receber a comunhão, da escuta da Palavra de Deus, da adoração Eucarística, da oração, da cooperação na vida comunitária, do diálogo franco com um sacerdote ou mestre de vida espiritual, da dedicação ao serviço da caridade, das obras de penitência, do empenho na educação dos filhos.

A espiritualidade dos casais em segunda união

Foto ilustrativa: by PeopleImagens

A comunhão com a Palavra de Deus

Escutar é mais que ouvir, é atender o que se diz. É ir assimilando e tornando pessoal o que foi dito. É algo ativo, não passivo. É uma abertura a Deus que a eles dirige a Sua Palavra. Por intermédio de Isaías ou de Paulo, fala-lhes aqui e agora. Algumas vezes, essa Palavra os consola e os anima. Outras, julga suas atitudes e desautoriza seu estilo de vida, convidando-os para a conversão. Sempre os ilumina, os estimula e os alimenta.

A Palavra que Deus lhes dirige é, sobretudo, uma Pessoa: o Seu Verbo, a Sua Palavra, Jesus Cristo. Ele não se dá somente no Pão e no Vinho, mas está, realmente, presente na Palavra que nos é proclamada e que escutamos. Também a nós o Pai continua a dizer: "Este é o meu Filho muito amado: escutai-O".

A leitura da Sagrada Escritura, acompanhada pela oração, estabelece um colóquio de familiaridade entre Deus e o homem, pois a Ele falamos quando rezamos, a Ele ouvimos quando lemos os divinos oráculos (DV 25). Este colóquio torna-se mais intenso pela Lectio Divina, ou seja, pela leitura meditada da Bíblia, que se prolonga na oração contemplativa. A Lectio é divina, porque se lê a Deus na Sua Palavra e com o Seu Espírito, pode ajudar os casais em segunda união na consecução de uma grande familiaridade não só com a Palavra, mas com o mesmo Deus.

A visita e a adoração ao Santíssimo Sacramento

Jesus, sendo vivo e presente no Sacrário, pode ser visitado e adorado. Ele espera, ouve, conforta, anima, sustenta e cura. Por conseguinte, a visita e a adoração ao Santíssimo é um verdadeiro e íntimo encontro entre o visitante e o Visitado, que é Jesus. A visita e a adoração são uma escolha pessoal do visitante, e, acima de tudo, um ato de amor para com o Visitado. A simples visita ao Santíssimo transforma-se em adoração, que é o ponto mais alto desse encontro.

Os casais em segunda união são chamados e convidados para serem os adoradores do Santíssimo pela prática tradicional da hora santa, que muito os ajudará na espiritualidade, seja do grupo como também do próprio casal. A prática frequente da hora santa não é um opcional, por isso não se pode deixá-la facilmente de lado, pois ela é necessária para a perseverança.

A visita a Maria Santíssima: um conforto para o seu povo

Se o próprio Jesus, moribundo na cruz, deu Maria como Mãe ao discípulo: "Mulher, eis aí teu filho"; e a você discípulo como Mãe: "Eis aí, tua mãe!" (João 19, 26-27), é bom e recomendável que o casal em segunda união não tenha medo em fazer esta visita de carinho para receber conforto, força e consolação de sua Mãe. Essa visita pode ser feita numa capela dedicada a Virgem Maria ou em casa junto com a família ou na intimidade do seu quarto. Pensando nisso, é bom e confortável que o casal em segunda união não se esqueça de visitar, quantas vezes puder, Maria Santíssima.

Visitar Maria, a Mãe de Jesus, é ir ao seu encontro sem reservas, é entregar-se de coração a um coração que não tem limites para amar. Nossa Senhora, em Medjugorie, disse aos videntes e a nós seus filhos: "Se soubésseis quanto vos amo, choraríeis de alegria". Maria nos ama muito, como filhos queridos. O que ela mais deseja é ver seus filhos deixarem-se amar por ela. O seu desejo é o de seu Filho: salvar a todos. A Santíssima Virgem nos espera, todos os dias, e ela sabe que quanto mais perto estivermos dela, mais perto ficaremos de Jesus, pois a sua meta é a de nos levar a Ele.

Perseverança na Oração

O casal em segunda união é convidado a perseverar na oração, e essa oração pode ser pessoal, pode ser como casal, com a família e os filhos ou oração comunitária com os outros casais ou com outros fiéis.


Participação da Santa Missa: um encontro de amor

O casal de segunda união, como todo bom cristão, considerando este amor infinito de Jesus, deve participar da Santa Missa com amor fervoroso, de modo a particular do momento da consagração, pois é nesse momento que Jesus é vivo e presente.

Bento XVI, em recente discurso ao clero de Aosta, valoriza a participação dos casais recasados na Santa Missa mesmo sem a comunhão eucarística. A esse respeito, o Papa fez este lindo e confortável comentário:

"Uma Eucaristia sem a comunhão eucarística não é, certamente, completa, pois lhe falta algo essencial. Todavia, é também verdade que participar na Eucaristia sem a comunhão eucarística não é igual a nada, é sempre um estar envolvido no mistério da cruz e da ressurreição de Cristo. É sempre uma participação no grande sacramento, na dimensão espiritual, pneumática e também eclesial, se não estreitamente sacramental.

E dado que é o sacramento da Paixão do Senhor, é Cristo sofredor que abraça, de modo particular, essas pessoas e comunica-se com elas de outra forma; portanto, elas podem sentir-se abraçadas pelo Senhor crucificado, que cai por terra e sofre por elas e com elas.

Por conseguinte, é necessário fazer compreender que mesmo que, infelizmente, falte uma dimensão fundamental, todavia tais pessoas não devem ser excluídas do grande mistério da Eucaristia, do amor de Cristo aqui presente. Isso parece-me importante, como é importante que o pároco e a comunidade paroquial levem tais pessoas a sentir que, se por um lado, devemos respeitar a indissolubilidade do sacramento e, por outro, amamos as pessoas que sofrem também por nós. E devemos também sofrer juntamente com elas, porque dão um testemunho importante, a fim de que saibam que, no momento em que se cede por amor, se comete injustiça ao próprio sacramento, e a indissolubilidade parece cada vez mais menos verdadeira".


Pe. Alir Sanagiotto


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/segunda-uniao/a-espiritualidade-dos-casais-em-segunda-uniao/

2 de julho de 2019

Como rezar bem o rosário?

Você reza o terço? Já viu imagens de Nossa Senhora representando-a tal como apareceu em Lourdes e em Fátima? Maria está com o terço na mão. Ela acompanhou, silenciosamente, passando as contas, o terço que a menina Bernadete rezava na gruta de Lourdes. Em Fátima, também com o terço na mão, a Santíssima Virgem pediu aos Três Pastorinhos que o rezassem todos os dias. Tomara que, algum dia, você possa dizer, como o Papa João Paulo II: "O Rosário é a minha oração predileta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e na profundidade!".

Mas, para isso, será preciso que você comece a rezá-lo e, se já o reza com frequência, que aprenda a fazê-lo cada dia melhor. Vamos ver como podemos fazer isso. Primeiro, vencendo as dificuldades:

Uma primeira dificuldade ao rezar o rosário

"Não sei rezar o terço", "Não conheço os vinte mistérios (ou seja, os cinco correspondentes a cada um dos quatro terços que compõem o rosário), não os sei de cor". Solução: comprar logo ou pedir a alguma pessoa amiga algum folheto ou livrinho de orações (há muitos!) que traga a explicação dessa oração: como rezá-lo, quais são os mistérios, que mistérios devem ser rezados nos diferentes dias da semana. É fácil! Pessoas simples aprenderam tudo isso em pouco tempo.

Um esclarecimento: a pessoa que reza o terço sem conhecer ou sem lembrar os "mistérios" faz, mesmo assim, uma oração válida, ainda que, naturalmente, ela fique incompleta (mas é melhor rezá-lo incompleto do que não o rezar).

Como rezar bem o rosário?

Foto ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

Segunda dificuldade

"Não tenho terço" (o instrumento, o terço material, com as contas, a cruzinha etc.; ou então o terço em forma de anel, que se usa girando no dedo). Compre-o, pois é baratíssimo! E enquanto não o tiver, conte nos dedos, mas tenha em conta que vale a pena usar o terço material. Se o seu terço (de contas ou de anel) foi bento por um padre ou diácono, ao usá-lo para rezar você ganhará indulgências (por sinal, você sabia que pode ganhar nada menos que a indulgência plenária – com as devidas condições –, quando o reza em família, comunitariamente, num grupo?).

 Terceira dificuldade

"Não tenho tempo de rezar o terço". Essa desculpa "não gruda". O terço pode ser rezado, se for preciso, andando pela rua, fazendo exercício físico de corrida, indo de ônibus, metrô ou trem, guiando carro (melhor do que se irritar com o trânsito), na sala de espera do médico ou do laboratório, em casa entre outros lugares. E você pode rezá-lo sentado, andando, de joelhos e até deitado (se estiver doente ou em repouso forçado etc.).


Por sinal, não sei se você sabe que, nas livrarias católicas, são vendidos CDs com o rosário e também há arquivos em áudio para player portátil. Basta ligar o áudio e acompanhar o que ouve.

Quarta dificuldade

Finalmente, a dificuldade mais comum é a aparente monotonia. "Dizemos sempre a mesma coisa". "A repetição de tantas Ave-Marias acaba ficando mecânica, cansativa, sem sentido". "De que adianta fazer uma oração tão repetitiva, que fica rotineira, parece oração de papagaio?".

Deus, faça com que, após as ter lido, sobretudo depois de tentar aplicá-las, você dê razão às palavras de São Josemaria: «Há monotonia, porque falta amor».

Padre Francisco Faus é licenciado em Direito pela Universidade de Barcelona e Doutor em Direito Canônico pela Universidade de São Tomás de Aquino de Roma.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/devocao/como-rezar-bem-o-rosario/

29 de junho de 2019

Igreja e meio ambiente, olhos voltados para a Amazônia

Papa Francisco, exercendo sua missão de sucessor do apóstolo Pedro, no zelo apostólico com o povo da Amazônia e para qualificar sempre mais a presença missionária e servidora da Igreja Católica, convocou um Sínodo Especial para a Amazônia, a ser realizado de 6 a 27 de outubro deste ano, em Roma. 

Sabe-se que a Igreja Católica, incontestavelmente, tem uma qualificada presença capilar em diferentes culturas de todo o mundo e sua presença na região pan-amazônica é de especial importância, com todos os muitos desafios e exigências. Lidar com essas exigências e desafios requer o exercício da escuta para servir mais e melhor no anúncio do Evangelho de Jesus Cristo. O Sínodo é, pois, um longo caminho de escuta. Oportunidade para a Igreja Católica qualificar ainda mais a sua missão na Amazônia, oferecendo a todos singular chance de se dedicar mais atenção a essa realidade ambiental, histórica, cultural, política e religiosa de notável relevância. Por isso mesmo, a realização do Sínodo interpela as pessoas a ouvirem a Amazônia, repleta de vida e sabedoria.

Igreja e meio ambiente, olhos voltados para a Amazônia

Foto ilustrativa: by Getty Images: AndamanSE

Cuidar do meio ambiente é cuidar da Casa Comum que Deus nos deu, e olhar para a Amazônia é essencial para este falar deste tema

Essa realidade clama e exige novas posturas para enfrentar o doloroso processo de desflorestamento e extrativismo, urgindo uma conversão ecológica integral. A consideração do território amazônico deve se transformar em grande oportunidade de mudanças sociais e civilizatórias com ganhos para essa região e todo o conjunto da sociedade. Essa é a valiosa contribuição promovida pela Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), alargando e clareando horizontes para um tempo de muitas conversões. De modo especial, é urgente a conversão ecológica para assimilação de novos rumos e, em razão das ricas singularidades, ouvir a voz da Amazônia.

É preciso considerar a grave crise socioambiental em curso, atingindo de modo fatal a Amazônia. Ora, a Amazônia é fonte de vida. Por isso, o Sínodo considera o conjunto da vida na região amazônica – o território, a Igreja, os povos e o planeta. Avançar na consideração da Amazônia a partir dos parâmetros da ecologia integral é determinante. O horizonte é o Evangelho de Jesus Cristo e a Igreja Católica com sua presença evangelizadora é essencial. Seu foco mais importante é, pois, o discipulado no seguimento de Jesus Cristo, desdobrado em compromisso com a vida plena, oferta de Jesus que todos têm a responsabilidade de buscar, contemplando os povos indígenas –  respeitados os seus parâmetros de bem viver. Cultivar a harmonia consigo mesmo, com a natureza, com os seres humanos e com Deus é a conquista exemplar a ser buscada.

Descuidar da natureza também é descuidar da vida

Há de se encontrar caminhos para superar os processos que ameaçam a vida, pela destruição e exploração que depreda a Casa Comum e viola direitos humanos elementares da população amazônica. Essa ameaça à vida deriva de interesses econômicos e políticos de setores dominantes da sociedade com conivências de governos. É preciso, assim, enfrentar a exploração irracional e construir um novo tempo, tempo de Deus, humanizado, na Amazônia.


Importa agora estar em comunhão com esse caminho. Isso significa buscar uma participação mais ativa e estar aberto a um novo modo de viver, conforme a dinâmica do Evangelho de Jesus Cristo. Um momento para aprender e exercitar-se numa nova compreensão. Deixar-se educar à luz da Palavra de Deus, que revela a aliança fecunda entre a humanidade e o ambiente, para uma cultura do encantamento, do cuidado responsável e da beleza, inspirados no Criador que "viu que tudo era bom" (Gn 1, 31). Eis a oportunidade para grande virada civilizatória, a partir de nova compreensão desdobrada em comprometimentos com os valores do Evangelho de Jesus Cristo pela força missionária da Igreja na Amazônia.



Dom Walmor Oliveira de Azevedo

O Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Atual membro da Congregação para a Doutrina da Fé e da Congregação para as Igrejas Orientais. No Brasil, é bispo referencial para os fiéis católicos de Rito Oriental. http://www.arquidiocesebh.org.br


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/meio-ambiente/igreja-e-meio-ambiente-olhos-voltados-para-amazonia/

24 de junho de 2019

Como escolher o nome para os filhos?

Dar nome sempre significou uma complementação ao ato de dar a vida. É um gesto de poder, certamente legítimo, que assiste aos pais. Esse poder proveio da participação no ato criador divino. "Terás um filho, e darás a ele o nome de Jesus" (Lc 1,31).

Quanto possível, o nome será programático, e deverá ser um nome respeitado. O nome mais venerado, pronunciado de maneira devota, é o do Pai do Céu. Seu nome deve ser mais do que respeitado. Deve ser santificado (Lc 11,2). E Ele quer que todos os seus filhos tenham um nome bonito, glorioso e cheio de significado. Por isso, nosso Pai Celeste mesmo providenciou um nome para seu Filho Jesus. Para nós cristãos é o nome mais sublime sobre a face da Terra. E o nome que os pais darão aos filhos também será o mais lindo possível, porque será "afixado em nossas frontes" (Ap 22,4), para sermos salvos no final dos tempos.

Como escolher o nome para os filhos?

Foto ilustrativa: Andréia Britta/cancaonova.com

Assim como Deus escolheu sabiamente o nome de Seu Filho, também nós devemos escolher

Como escolher nomes? Hoje, isso não parece ser coisa fácil. Comecemos dizendo como eles não devem ser. A Igreja, na sua sabedoria, apenas pede que não passemos nomes de inimigos dos cristãos ou da humanidade. Caso contrário, os filhos sofrerão repulsa e suscitarão indignação, sem terem nenhuma culpa. Também não devem receber nomes que vão levantar observações desairosas. São os nomes feios, que levam as pessoas à galhofa ou ao vilipêndio. Falemos também como podem ser os nomes. Podem ser novos, inexistentes ainda, mas que tenham sentido. Como também podem provir da lista quase infinita dos nomes de santos e de santas, que lembram virtudes cristãs.

Assim, por exemplo, Roque (modéstia às favas) tem relação com rocha e leva a pensar na firmeza da fé. Os nomes bíblicos detêm inspiração permanente. Também não é proibido usar nomes de celebridades históricas. Mas atenção: não queremos ser vassalos de nenhum país do mundo, nem da América do Norte.


Também é legítimo apelar para a vasta nomenclatura de artistas de cinema, de cantores, de heróis das novelas. Mas, nesse assunto, parece que já fomos longe demais. Num mesmo dia crismei doze "Amandas" (nome bonito), mas repetitivo. Já há um bom tempo que não crismo nenhuma "Maria" e nenhum "José". Tornamo-nos vassalos dos heróis da televisão.

Dom Aloísio Roque Oppermann


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/como-escolher-o-nome-para-os-filhos/

21 de junho de 2019

Não fomos criados para a solidão

O seu coração sabe disso, porque, certamente, já experimentou o amargo sabor da solidão. É no encontro com o outro que o eu se afirma e se constrói existencialmente. O outro é o espelho onde o eu se solidifica, preenche-se, encontra-se e fortalece-se para ser o que é. O processo contrário também é verdadeiro, pois nem sempre as pessoas se encontram a partir dessa responsabilidade que deveria perpassar as relações humanas.

Você, mesmo se tiver pouca idade, pode viver um dos momentos mais belos da vida. Você pode experimentar o ponto alto dos relacionamentos humanos, porque a juventude nos possibilita ensaiar o futuro no exercício do presente. Já me explico. Tudo o que você vive, hoje, será muito importante e determinante para a sua forma de ser amanhã.

Neste momento da vida, você tem a possibilidade de estabelecer vínculos muito diversificados. Família, amigos, grupos de objetivos diversos, namorados e namoradas. Principalmente esses últimos, que não são poucos. Namora-se muito nos dias de hoje, porque as relações humanas estão, cada vez mais, instáveis e, por isso, menos duradouras. Parece que o amor eterno está em crise.

Não fomos criados para a solidão

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Da solidão ao amor possessivo

Quando paramos para pensar um pouco, chegamos à conclusão de que o problema está, justamente, na forma como estabelecemos nossos relacionamentos. O grande problema é que, geralmente, investimos todas as nossas cartas naquela pessoa nova que chegou. Ela passa a centralizar a nossa vida, consumindo nosso tempo, nossos afetos, pensamentos e energias. Tudo passa a convergir para ela e, com isso, vamos reduzindo o nosso círculo de relações. O outro vai tomando tanto nossa atenção, que, aos poucos, até mesmo a família vai sendo esquecida. Porém, quando nos esquecemos de cultivar esses vínculos, que, até então, faziam parte de nós, vamos criando lacunas afetivas dentro do nosso coração.

É nesse momento que a confusão acontece, pois todas as necessidades começam a ser preenchidas pela pessoa enamorada. Com o passar do tempo, ela começa a carregar um fardo muito pesado, pois passou a exercer a função de pai, mãe, irmão e amigo, quando, na verdade, ela é apenas um namorado ou namorada.

Cada forma de amor no seu lugar!

Essa relação começará a ser muito pesada para ambos. Será fortemente marcada pela dependência, pelas cobranças e pelo ciúme. Ambos passam a viver uma insegurança muito grande, pois nunca sabem ao certo o papel que exercem na vida um do outro. O amor deixa de ser amor e passa a ser sentimento de posse, como se o outro fosse uma propriedade adquirida, pronta para atender todos nossos desejos.

Quando o coração humano identifica esse sentimento de posse, ele tende a se esconder de si mesmo e, consequentemente, dos outros. Teme que alguém venha quebrar o encanto, mostrando que não existe nenhuma história de amor, e que ambos viraram sapos. E, o pior, acorrentados.

A mudança, no entanto,  é sempre possível. Só é preciso que sejamos honestos. Se, por acaso, você se identificou com essa possessiva e conturbada forma de amar, vale a pena buscar uma ajuda. Comece a canalizar melhor os seus afetos. Não os direcione a uma única pessoa. Tenha amigos, cultive-os. Redescubra sua casa, seus pais, seus irmãos, mesmo que existam problemas entre vocês.

Deixe aflorar os afetos que ficaram adormecidos dentro de você. Não coloque sobre a pessoa que você diz amar a responsabilidade de ser o centro do seu mundo, nem se sinta deixado de lado o dia em que ela disser que não vai ver você, porque precisa ficar com a família. É que existem momentos que o colo da mãe é muito mais necessário do que o seu.

É duro de ouvir isso? Pois é! Muito mais duro é não compreender.



Padre Fábio de Melo

Padre Fábio de Melo, sacerdote da Diocese de Taubaté, mestre em teologia, cantor, compositor, escritor e apresentador do programa "Direção Espiritual" na TV Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/nao-fomos-criados-para-solidao/

19 de junho de 2019

Como educar um filho para não se tornar um adulto agressor?

Neste século, estamos vivendo distúrbios comportamentais motivados por vários fatores que demarcam a agressividade. Recordo-me dos momentos em que eu brincava de roda com meus vizinhos. Fazíamos uma fila, e duas crianças de mãos dadas representavam uma ponte. Nós tínhamos de passar por baixo dos braços delas, cantando: "três, três passará, derradeiro ficará. Bom vaqueiro, bom vaqueiro, dá licença pr'eu passar com meus filhos pequeninos, pr'eu acabar de educar". Ao parar diante das crianças com os braços em forma de ponte, respondíamos o que elas nos perguntavam. Banana ou maçã? Dependendo da resposta, cada criança ia para um lado; assim, a brincadeira chegava ao fim.

Desde essa época, eu ficava imaginando o quanto seria bom para os pais terminarem de criar seus filhos. Hoje, a experiência de ser mãe encoraja-me a pedir licença para acabar de criá-los. Pedir licença a quem? Pedir licença para quê? A este mundo descrente, para não sermos engolidos e afetados por nossas negligências. Pedir licença à violência, à falta de tempo para o outro, à intolerância, à impaciência, à falta de comunicação, à falta de afeto, de fé e de atenção. É preciso pedir licença, caso contrário, não saberemos ou não conseguiremos acabar de criar nossos filhos. Portanto, faz-se necessário escolher o melhor lado: banana ou maçã?

Como educar um filho para não se tornar um adulto agressor?

Foto ilustrativa: Andréia Britta/cancaonova.com

Fazer essa escolha é educar os filhos para que não se tornem adultos agressores. É decidir por um planejamento familiar que promova a vida e diga 'não' à cultura de morte. Contudo, essa opção exige de nós disponibilidade para cultivarmos relações humanas fortalecidas na verdade e no respeito, evitando desgastes perturbadores tanto para os pais quanto para os filhos.

Educar com limites

Cabe à família selecionar quais conteúdos ela gostaria que seus filhos aprendessem, a fim de não se tornarem adultos agressores. Para tanto, o limite precisa ser dado com ternura e serenidade, pois, desta maneira, como pais, possibilitaremos o conhecimento e a compreensão dos filhos com seus próprios sentimentos. A agressividade é um comportamento vivido por pais e filhos devido a vários fatores, quer seja por perdas significativas, falta de atenção e afeto, quer por excesso de reforço negativo; até mesmo pela falta de experiência com Deus.

O organismo humano, controlado aversivamente por esses estímulos, responde, muitas vezes, de igual forma, ora com mentiras, ora com atitudes de furtos ou incomodando socialmente, assumindo uma conduta caótica diante dos conflitos. Provavelmente, já estará instalado, nesse comportamento, a raiva. Ela nem sempre precisa ser repreendida, mas acolhida para que seja trabalhada da melhor forma possível; evitando, assim, consequências danosas, como o próprio comportamento agressor.

Neste século, estamos vivendo distúrbios comportamentais motivados por vários fatores que demarcam a agressividade. A exemplo do bullying, da violência entre torcidas nos campos de futebol, quando os brasileiros se manifestaram diante das suas insatisfações, podemos apresentar um comportamento agressor tanto na infância como na fase adulta.

Responsabilidade de todos

Nesse momento, não podemos esquecer que o indivíduo saiu de um útero, foi educado em uma família, frequentou uma escola e, muitas vezes, visitou uma igreja. Portanto, uma educação pautada na promoção do indivíduo é responsabilidade de todos: família, sociedade e Estado.

Quando nosso filho demonstrar que precisa de ajuda, pois o seu comportamento está inadequado, deveremos acolhê-los em suas necessidades. É possível reestruturar o seu comportamento. Podemos desenvolver em nós algumas habilidades para combater essa situação quando as coisas não vão bem. Outros motivos que concorrem para a existência desse fenômeno é o consumismo, a pressa em satisfazer os desejos, o uso desordenado de jogos e a ausência de autoridade em casa. Conhecer as características da faixa etária do seu filho também se torna um fator preventivo. Fiquemos atentos às brigas na escola, às dificuldade no enfrentamento dos desafios, ao comportamento de medo e ansiedade, à arrogância, à baixa autoestima e introspecção.

Vamos assumir o amor que temos por cada um deles, expressando em gestos e palavras o quanto são queridos por nós. Que eles não são responsáveis pela dureza da vida que muitos pais vivem. Nossos filhos, para não serem adultos agressores, precisarão ter a certeza de que são desejados por nós.



Judinara Braz

Administradora de Empresa com Habilitação em Marketing.
Psicóloga especializada em Análise do Comportamento.
Autora do Livro "Sala de Aula, a vida como ela é."
Diretora Pedagógica da Escola João Paulo I – Feira de Santana (BA).


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/educacao-de-filhos/como-educar-um-filho-para-nao-se-tornar-um-adulto-agressor/