19 de junho de 2019

Como educar um filho para não se tornar um adulto agressor?

Neste século, estamos vivendo distúrbios comportamentais motivados por vários fatores que demarcam a agressividade. Recordo-me dos momentos em que eu brincava de roda com meus vizinhos. Fazíamos uma fila, e duas crianças de mãos dadas representavam uma ponte. Nós tínhamos de passar por baixo dos braços delas, cantando: "três, três passará, derradeiro ficará. Bom vaqueiro, bom vaqueiro, dá licença pr'eu passar com meus filhos pequeninos, pr'eu acabar de educar". Ao parar diante das crianças com os braços em forma de ponte, respondíamos o que elas nos perguntavam. Banana ou maçã? Dependendo da resposta, cada criança ia para um lado; assim, a brincadeira chegava ao fim.

Desde essa época, eu ficava imaginando o quanto seria bom para os pais terminarem de criar seus filhos. Hoje, a experiência de ser mãe encoraja-me a pedir licença para acabar de criá-los. Pedir licença a quem? Pedir licença para quê? A este mundo descrente, para não sermos engolidos e afetados por nossas negligências. Pedir licença à violência, à falta de tempo para o outro, à intolerância, à impaciência, à falta de comunicação, à falta de afeto, de fé e de atenção. É preciso pedir licença, caso contrário, não saberemos ou não conseguiremos acabar de criar nossos filhos. Portanto, faz-se necessário escolher o melhor lado: banana ou maçã?

Como educar um filho para não se tornar um adulto agressor?

Foto ilustrativa: Andréia Britta/cancaonova.com

Fazer essa escolha é educar os filhos para que não se tornem adultos agressores. É decidir por um planejamento familiar que promova a vida e diga 'não' à cultura de morte. Contudo, essa opção exige de nós disponibilidade para cultivarmos relações humanas fortalecidas na verdade e no respeito, evitando desgastes perturbadores tanto para os pais quanto para os filhos.

Educar com limites

Cabe à família selecionar quais conteúdos ela gostaria que seus filhos aprendessem, a fim de não se tornarem adultos agressores. Para tanto, o limite precisa ser dado com ternura e serenidade, pois, desta maneira, como pais, possibilitaremos o conhecimento e a compreensão dos filhos com seus próprios sentimentos. A agressividade é um comportamento vivido por pais e filhos devido a vários fatores, quer seja por perdas significativas, falta de atenção e afeto, quer por excesso de reforço negativo; até mesmo pela falta de experiência com Deus.

O organismo humano, controlado aversivamente por esses estímulos, responde, muitas vezes, de igual forma, ora com mentiras, ora com atitudes de furtos ou incomodando socialmente, assumindo uma conduta caótica diante dos conflitos. Provavelmente, já estará instalado, nesse comportamento, a raiva. Ela nem sempre precisa ser repreendida, mas acolhida para que seja trabalhada da melhor forma possível; evitando, assim, consequências danosas, como o próprio comportamento agressor.

Neste século, estamos vivendo distúrbios comportamentais motivados por vários fatores que demarcam a agressividade. A exemplo do bullying, da violência entre torcidas nos campos de futebol, quando os brasileiros se manifestaram diante das suas insatisfações, podemos apresentar um comportamento agressor tanto na infância como na fase adulta.

Responsabilidade de todos

Nesse momento, não podemos esquecer que o indivíduo saiu de um útero, foi educado em uma família, frequentou uma escola e, muitas vezes, visitou uma igreja. Portanto, uma educação pautada na promoção do indivíduo é responsabilidade de todos: família, sociedade e Estado.

Quando nosso filho demonstrar que precisa de ajuda, pois o seu comportamento está inadequado, deveremos acolhê-los em suas necessidades. É possível reestruturar o seu comportamento. Podemos desenvolver em nós algumas habilidades para combater essa situação quando as coisas não vão bem. Outros motivos que concorrem para a existência desse fenômeno é o consumismo, a pressa em satisfazer os desejos, o uso desordenado de jogos e a ausência de autoridade em casa. Conhecer as características da faixa etária do seu filho também se torna um fator preventivo. Fiquemos atentos às brigas na escola, às dificuldade no enfrentamento dos desafios, ao comportamento de medo e ansiedade, à arrogância, à baixa autoestima e introspecção.

Vamos assumir o amor que temos por cada um deles, expressando em gestos e palavras o quanto são queridos por nós. Que eles não são responsáveis pela dureza da vida que muitos pais vivem. Nossos filhos, para não serem adultos agressores, precisarão ter a certeza de que são desejados por nós.



Judinara Braz

Administradora de Empresa com Habilitação em Marketing.
Psicóloga especializada em Análise do Comportamento.
Autora do Livro "Sala de Aula, a vida como ela é."
Diretora Pedagógica da Escola João Paulo I – Feira de Santana (BA).


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/educacao-de-filhos/como-educar-um-filho-para-nao-se-tornar-um-adulto-agressor/

17 de junho de 2019

Que tipo de amor quero receber?

O Livro do Gêneses nos fala que o ser humano foi criado por Deus, à sua imagem e semelhança. Deus incutiu nele atributos que nenhum animal, nenhum ser possui: inteligência, liberdade entre outros. E entre eles está a capacidade de amar. O ser humano traz essa capacidade devido a sua criação, já escrita em seu coração. De modo que todos nós corremos a nossa vida inteira, saibamos ou não, para amarmos e sermos amados. Ninguém pode fugir disso, faz parte de nós. Tudo o que fazemos em nossa vida faz parte desse desejo instintivo de realizarmos aquilo para o qual Deus nos criou: amar, ser felizes, adorá-Lo.

Por que sofremos tanto, então? Porque, muitas vezes, não conseguimos visualizar tudo isso que está em nós, e que, ao mesmo tempo, todas as nossas atitudes vão ao encontro de realizar todo este desejo do nosso coração. No entanto, por não reconhecermos que a sede da nossa alma está em Deus, vamos procurar realizar a nossa felicidade em outras coisas, pessoas, lugares… A nossa felicidade está em Deus e não há outro lugar em que podemos ser completos, senão n'Ele. É Ele e somente Ele que pode completar aquilo que falta em nossa alma, que pode saciar a nossa sede, que pode nos dar aquilo que, no mais íntimo do nosso ser, desejamos.

Que tipo de amor quero receber?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Criados para amar

Nesta sede de amar, de nos realizar, de sermos felizes, buscando a felicidade nas coisas e nas pessoas, ferimo-nos profundamente. Ao comprovar que nos decepcionamos, frustramo-nos, porque a sede da nossa alma é muito grande. Naturalmente, esperamos muito dos outros, esperamos uma reação de alguém, uma palavra amiga, um gesto de carinho, sua presença, afeto, amor. E quantas expectativas geramos em nosso interior ao perceber que estamos nos doando, muitas vezes, sem reservas para alguém em um relacionamento de amizade, namoro ou em outro relacionamento. À medida que vamos nos entregando a essa pessoa, vamos percebendo que, em algum momento, ela pode não nos corresponder o suficiente, de acordo com o que esperávamos e ansiávamos. Então, começa a surgir a frustração, a desilusão e a decepção.

Quem nunca se decepcionou com alguém? Penso que todos, em algum momento da vida, já passaram por isso. Logo depois, veio aquele sentimento de não mais querer investir em ninguém, de não mais se empenhar nisso. E, assim, muitas vezes, começam a surgir os votos íntimos: "Não vou gostar mais de ninguém" e "Não dou certo com ninguém!" ou "Nasci para viver sozinho"… Quantas coisas a gente vai decretando sobre nossa vida, mesmo sem perceber, frutos da desilusão. Fato este inevitável, pois nós somos humanos e, afinal, somente Deus nos completa naquilo que a nossa alma necessita.

A presença de Deus em nossa vida

O Senhor, a todo o momento, revela o Seu amor e presença por meio das pessoas. E buscar ter uma alma completa n'Ele impele que O busquemos nelas. E ao fazê-lo, muito mais do que o outro possa nos oferecer ou ser para nós, buscamos a presença de Deus nele, a fim de que nossa alma possa ser complementada. Dessa forma, paramos de buscar as pessoas simplesmente, mas sim, Deus nelas.

Pelo batismo no Espírito Santo, tornamo-nos templos vivos do Senhor. Ao entrarmos em uma capela para rezar ou adorar ao Senhor, não levamos nada dela, a não ser o brilho e a presença de Deus em nós, pelo contato com Jesus Eucarístico. Da mesma forma, ao entrarmos nas "capelas" particulares dos demais, não podemos querer levar ou exigir nada deles, vamos lá para "adorar" a presença de Deus neles.

Quando experimentamos que somente Deus é quem pode nos fazer felizes e que não nos decepciona jamais, é que podemos nos sentir livres para não esperar dos outros aquilo que somente o Senhor pode nos oferecer, mas que nos é revelado também por meio das pessoas.

Que o nosso coração possa, realmente, ser preenchido pela felicidade que Deus pode nos dar. Amemos o Senhor!

Enilson Martins Benício, missionário da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/que-tipo-de-amor-quero-receber/

14 de junho de 2019

Transtorno de imagem: como lidar com essa síndrome

Um transtorno de imagem não aparece do dia para a noite e não vem por acaso. O autoconhecimento é uma das melhores ferramentas que você terá em mãos e que o auxiliará em inúmeras situações para o resto da sua vida. Entretanto, ele não aparece num passe de mágica. É preciso buscá-lo, construí-lo, ter coragem e persistência para adentrar alguns cantos escuros de si, colocar um pouco de iluminação e reconhecer que certos lugares precisam de faxina, de mudanças.

Quando a preocupação por um traço indesejado no próprio corpo passa a ser obsessiva, quando traz muita ansiedade e alguns comportamentos restritivos, podemos dizer que o transtorno está ali para apontar algo mais profundo.

Não é o nariz torto ou a assimetria do rosto que são problemas. A fixação por pequenas imperfeições pode esconder um perfil extremamente controlador e intolerante com as restrições da vida. Podemos dizer que, quando falta o controle interno, a pessoa tende a desenvolver um excesso de controle externo, com desejo de que todos satisfaçam seus anseios e atendam as suas expectativas, inclusive o próprio corpo.

Transtorno de imagem: como lidar com essa síndrome

Foto ilustrativa: Copyright: VladimirFLoyd

O que fazer diante do quadro de transtorno de imagem?

Diante desses quadros, é possível pensar algumas questões fundamentais: o que esses desejos de controle estão querendo me dizer? Para onde estão me apontado? O que de importante estou deixando de lado?

Por mais contraditório que possa parecer, um transtorno como esse pode ser recebido como um grande amigo, que chega aos poucos, muitas vezes, sem muito alarde, e tenta mostrar algo de errado que você não consegue enxergar. E esse algo, definitivamente, não tem nada a ver com a aparência. Quando nossa essência fica descuidada por muito tempo, uma doença como essa pode ser recebida como uma ajuda oportuna, para que algo seja modificado na sua postura em relação a si mesmo e aos outros.

Por isso, a questão do autoconhecimento é tão importante. Quando a pessoa sabe quem é verdadeiramente, quando assume seus traumas, reconcilia-se com sua história de vida e tem a coragem de mexer nos entulhos que ficaram escondidos em algum canto dentro de si mesma, tem a possibilidade de aceitar-se inteiramente, com suas falhas e virtudes, seus defeitos, limitações, potencialidades e qualidades.

Um incômodo no próprio corpo poderá trazer a possibilidade de maior aceitação de si e, consequentemente, maior tolerância com as imperfeições do outro. Se isso não é uma prática, poderá ser um comportamento adquirido com o tempo, pois temos capacidades de aprendizado e modificações que, às vezes, desconhecemos ou subestimamos.

Transtorno de imagem e as limitações no processo de cura

Diante de um quadro de Transtorno de Imagem, o primeiro passo é reconhecer uma limitação que está sendo vivenciada. Depois de reconhecer, procure acolher esse desconforto, essa realidade que se apresentou por algum motivo. Não é necessário culpa ou autocondenação de nenhuma ordem. Fique tranquilo, pois basta ser humano para ser passível de apresentar algum transtorno psíquico. E, acima de tudo, saiba que é possível superar e curar esse mal que o impede de ser mais pleno e livre.

Sugiro que faça o esforço de reconhecer as qualidades externas que possui, procurando traços no seu rosto que o agradam, vendo no seu corpo, no seu cabelo, pele, altura etc., pontos de beleza e delicadezas de Deus. Repare que existem detalhes extremamente funcionais no seu corpo, que revelam linhas de perfeição, mesmo sendo imperfeito.

Vá direto ao ponto e reconheça: não gosto da minha barriga, por exemplo. Se o externo o incomoda tanto, pense nos órgãos internos que ela abriga, lembre-se de que existe um estômago, um fígado, intestino, rins e outros órgãos funcionando em harmonia dentro dessa barriga que o desagrada. Se é o nariz que tira o seu sossego, procure reparar na importante função que ele exerce para a sobrevivência do seu corpo, filtrando parte do ar que entra, expelindo o ar que não lhe serve mais, sendo canal de passagem para o oxigênio que lhe é vital.

Percebe como é possível lançar novos olhares para figuras antigas? Esse pode ser o ponto de partida para uma mudança mais profunda na percepção das coisas ao seu redor. Ver a essência por detrás da aparência é um movimento que exige atitude e uma postura ativa diante da vida, mas que deixará rastros de liberdade e autenticidade em você.

Um proposta prática

O olhar obcecado por algum defeito acaba aprisionando o indivíduo em um círculo pessimista de pouca aceitação de si, rebaixamento da autoestima, autorrejeição e um olhar nebuloso sobre todos os outros aspectos da vida. As dicas propostas, neste artigo, são um convite para soprar nessas nuvens escuras e perceber que raios de luz podem adentrar num cenário escuro.


É uma proposta, um movimento apenas, de passos que podem até doer no início, porque promovem o desalojamento de um lugar conhecido. Costumo dizer que movimento gera movimento; assim, com um passo simples e pequeno dado na direção do novo, a cura pode ir se instalando na alma oprimida por motivos ocultos.

Não deixe de buscar ajuda se reconhecer que possui um transtorno de imagem. O isolamento poderá ser uma armadilha difícil de sair, pois limitará as suas opções de agir diante desse desafio.



Milena Carbonari

Palestrante em empresas, escolas e comunidades, a psicóloga Milena Carbonari é pós-graduanda em Educação e Terapia Sexual e terapeuta de EMDR (tratamento de traumas e fobias). Contato: psicologa@milenacarbonari.com. br

12 de junho de 2019

Que mal faz uma mentira?

Que mal faz uma mentira? "Foi por uma boa causa!" "Eu não tinha outra escolha." "Foi para proteger a pessoa." "Teria sido muito pior se tivesse contado a verdade."

Quantas desculpas são apresentadas para sustentar as pequenas mentiras do dia a dia! Diante de tantas justificativas, talvez nos convençamos de que, afinal, mentir não é algo tão grave assim. Não existem aqueles que "mentem e nem sentem"? Esse é o resultado de nos acostumarmos com as mentiras, esse "pecado de estimação". Mas se acreditarmos que Jesus é o caminho, a verdade e a vida, o que nos impedirá de agir conforme aquilo que dizemos acreditar?

Você já mentiu hoje? Seja honesto. Já passou alguma informação distorcida, exagerada ou enganosa pela internet ou no meio em que convive? Já assinou o ponto fora de hora? Quantas desculpas você já deu de atrasos e pequenas infrações? E quando a mentira tem a finalidade de evitar que alguém se decepcione ou fique magoado com você?

Que mal faz uma mentira?

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Quando a mentira entra em nossa vida

Como a mentira entra em nossa vida? Como aprendemos a mentir? Algumas questões são úteis para você deixar, definitivamente, a mentira de lado. Na sua família, existe o hábito de justificar as coisas com pequenas mentiras? Quando alguém telefona para sua mãe e ela não quer atender, como você responde a quem ligou? O que você é orientada a falar? Pois é, são essas pequenas mentiras, muitas vezes aprendidas em família, na orientação dos pais para os filhos ou em seu modelo, que formam a base do hábito de mentir. Um hábito que os próprios pais estabelecem, mesmo não querendo.

Talvez, seja possível perceber, com um pouco de honestidade e ao avaliar as situações em que mentimos, que isso acontece por não sabermos como fazer o certo. Será que essa é uma desculpa para não nos empenharmos em melhorar? Se nos propusermos a ser melhores, o caminho será um só: aprender a falar sempre a verdade, por mais difícil que seja! Ouvi, certa vez, uma senhora dizer que "a verdade, quando dita com ternura, nunca prejudica ninguém".

Mentira, uma forma de encobrir os fracassos

A mentira serve para encobrir os fracassos que experimentamos quando erramos, quando optamos pelo "mal", quando justificamos nossas incoerências, quando não conseguimos fazer o bem que gostaríamos (Rm 7,19) nem conseguimos expressar, de forma clara, objetiva e direta o que sentimos, o que pensamos, o que esperamos, o que gostaríamos. Quantas vezes fugimos de situações constrangedoras, dizendo estar ocupados, cansados ou doentes? Quantas vezes foi necessário recorrer às mentiras para esconder nossa dificuldade em dizer 'não'?

Ser sincero parece ser mais difícil, porque nos expõe mais. Se você conhece a alegria de uma relação transparente, com certeza vai optar por assumir suas fraquezas e dificuldades. Mentiras "leves" ou "pesadas", não importa! Se você quer buscar a vida, é preciso buscar a verdade. Essa é a busca que nos abre as portas para descobrirmos o que há de melhor em nós, mas que, muitas vezes, desconhecemos: os dons que nos foram agraciados para, com eles, lidarmos com todas as dificuldades (ternura, paciência, brandura). Não podemos mais ser coniventes com a mentira.

Reconhecer-se mentiroso

O principal problema para o mentiroso é a recusa em reconhecer-se um mentiroso. Por isso, talvez seja o momento de rever as perguntas iniciais, identificar as mentiras na sua vida, as mentiras que você vive e conta para si mesmo, pensar nas causas e, principalmente, assumir sua responsabilidade por uma conversão, por uma mudança. Observe-se. Identifique as mentiras. Analise o motivo, a dificuldade em se comprometer com a verdade naquela situação. Proponha-se, então, a enfrentar essa dificuldade.

A alegria consiste em viver reconciliado com sua realidade, sem fugas, sem esquivas, sem desculpas, portanto, sem mentiras. Ser livre consiste em assumir as consequências dos nossos atos. Por pior que seja a realidade, as verdadeiras ervas daninhas são aquelas que você cultiva no seu coração quando foge de viver o que sua realidade lhe oferece.


Só para finalizar: aquela história de "no dia que ele mudar, eu mudo", muitas vezes, é um tipo de mentira também. Portanto, não olhe para o outro, mas para aquilo que hoje em você precisa encontrar a verdade.

Cláudia May Philippi – Psicóloga Clínica – CRP 2357/1
Kleuton Izidio Brandão e Silva – Psicólogo Clínico – CRP 6089/1


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/que-mal-faz-uma-mentira/

10 de junho de 2019

O essencial é invisível aos olhos

Você já percebeu que o mundo está dominado pelo consumismo, pela vaidade do corpo, pelo amor à vanglória e pela busca do prazer (hedonismo)? O importante, hoje, é a "cultura do corpo", não mais a do espírito; e essa inversão pôs o homem de cabeça para baixo. Por isso, ele está desnorteado, sem norte. As academias de ginástica, os salões de beleza e os consultórios dos cirurgiões plásticos se multiplicam a cada dia, mas os homens e as mulheres continuam infelizes. Falta-lhes algo invisível. A indústria de cosméticos é uma das que mais faturam em todo o mundo.

O essencial da pessoa humana é o espírito, a alma criada à imagem do Criador; depois, vem o corpo, a bela morada da alma. Se o corpo pesa sobre o espírito, este agoniza e o homem fica aniquilado, frustrado, vazio. Se você bater num tambor cheio d'água, ele não fará barulho, mas se você bater num tambor vazio, vai fazer um barulhão.

O essencial é invisível aos olhos

Foto ilustrativa: AscentXmedia by Getty Images

Busquemos valorizar o que é essencial em nós, e não o superficial

Os homens também são assim, fazem muito barulho quando estão vazios. Se a hierarquia de valores for invertida, a grandeza do homem fica comprometida. Quando você permite que as paixões do corpo sufoquem o espírito, não há mais homem ou uma mulher em você, mas uma "caricatura" de homem ou de mulher.

O homem do século XX dominou a matéria e a tecnologia, mas, lamentavelmente, está de cabeça para baixo. É por isso que vimos a matança de dez milhões de irmãos na Primeira Guerra Mundial, o extermínio de cinquenta milhões na Segunda; e de mais de cem milhões de vítimas do comunismo na União Soviética e na China.

Além disso, jovem, saiba de uma realidade muito triste: neste século das maravilhas da tecnologia, não houve, um dia sequer, sem que houvesse, em algum lugar do planeta, uma guerra. Em nenhum dia deste século XX, que há pouco terminou, a humanidade conheceu cem por cento o gosto da paz!

Não é à toa, caro jovem, que a nossa geração é a que mais consome antidepressivos e remédios para dormir e necessita, cada vez mais, de psicólogos e psiquiatras. Não é mais o corpo que está doente, é a alma. E quando o espírito adoece toda a pessoa fica enferma.

A cultura do corpo

A cultura do corpo, da glória e do prazer deixa um vazio, porque o homem só pode se satisfazer com aquilo que está acima dele, não com o que está abaixo. O prazer, sobretudo, se é imoral, passa e deixa sabor de morte; a alegria, por outro lado, que é a satisfação do espírito, deixa gosto de vida.

Se você se frustrar no âmbito biológico, porque tem algum defeito físico, pode sublimar essa frustração e ser feliz se realizando num grau mais alto, o da cultura e o do saber. Se você não pode se realizar racionalmente, pode realizar-se espiritualmente, que é o mais elevado, numa relação íntima com Deus. Se, no entanto, você desprezar o nível espiritual, não poderá se realizar, porque, acima deste, não há outro no qual você possa buscar a compensação.

O essencial é invisível aos olhos

O grande poeta francês Exupèry dizia que "o essencial é invisível aos olhos". A razão é simples: tudo que é visível e material passa e acaba; o invisível, o espiritual, o essencial, fica para sempre.

Você sabe que todos os seres criados voltam ao seu nada, voltam ao pó da terra. Por quê? Porque a força que os mantém vivos está em cada um, mas não lhes pertence. O poder de ser uma rosa está na rosa, mas não é dela. Quando você vê uma bela flor murchar, é como se ela estivesse lhe dizendo: "A beleza estava em mim, mas não me pertencia; Deus a tinha me emprestado". Da mesma forma, o poder de ser um cavalo está no cavalo, mas não é dele. Se fosse dele, jamais ele morreria. Ele foi criado por Alguém que o mantém vivo. Assim como quando uma bela artista envelhece, e surgem as rugas, ela está dizendo que a beleza estava nela, mas não era propriedade dela.

Deus disse a Moisés: "Eu Sou Aquele que Sou! Yahweh!". Isso quer dizer: somente Deus é a fonte da vida, e todos os seres dependem d'Ele para existir. Se você ficar cultivando apenas o seu belo corpo e se esquecer de sua alma, amanhã estará amargurado, pois, do mesmo jeito que a rosa murchou, o seu corpo também envelhecerá; e isso é para todos, de maneira inexorável.


Por outro lado, quanto mais você viver, tanto mais a alma poderá se tornar bela e jovem, tanto mais o espírito poderá se renovar. São Paulo expressou muito bem esta mensagem cristã:

"É por isso que não desfalecemos. Ainda que exteriormente se desconjunte nosso homem exterior, nosso interior renova-se de dia para dia […] Porque não miramos as coisas que se veem, mas sim as que não se veem, pois as coisas que se veem são temporais e as que não se veem são eternas" (II Cor 4, 16-17).

Não fomos criados para vida passageira

Jovem, você não foi criado apenas para esta vida transitória e passageira, na qual tudo fica velho e se acaba. Você foi feito para a eternidade, para uma vida que nunca acaba.

O jovem fogoso que foi Santo Agostinho, um dia, chegou a esta conclusão: "De que vale viver bem, se não posso viver sempre?". Para você viver sempre, vai precisar cultivar a sua alma, muito mais do que o seu corpo.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/o-essencial-e-invisivel-aos-olhos/

7 de junho de 2019

E se não existisse purgatório?

Vivemos em um mundo como se tudo fosse eterno. As pessoas se apegam tanto aos seus bens, que nada parece não ser passageiro. O homem perdeu a esperança, talvez até mesmo por não ter uma educação religiosa, alguém que o instruísse na fé. Enfim, o homem vive como Deus não existisse.

O mundo está tão secularizado, que as pessoas não comentam mais de Deus. E quando isso ocorre, falam, simplesmente, por falar, mas não há fé suficiente. O homem até que confia que virão dias melhores em sua vida, mas, infelizmente, não espera o dia do Senhor. Nos tempos atuais, o ser humano consegue "viver bem" e até mesmo dar um jeito de conseguir tudo e todas as coisas que lhe favorecem e que lhe traz conforto. Mas quando nos depararmos com o nosso encontro definitivo com Deus, estaremos preparados?

E se não existisse purgatório?

Foto ilustrativa

Morreremos todos, um dia, e teremos o nosso julgamento final. A partir de então, seremos destinados para o céu, purgatório ou inferno. O Céu é a morada de Deus e daqueles que viveram para Ele. O inferno é onde o demônio e os que rejeitaram a Deus estão. O purgatório ocorre quando, após a morte, a alma passa por um determinado tempo para se purificar dos resquícios de pecados cometidos. E depois desse tempo, é levada para o céu.

Qual seria nosso posicionamento na vida se não existisse o purgatório?

Restariam-nos, então, o céu ou o inferno. Você poderia dizer: "Nesse caso, seria muito mais exigente!?". Sim! Seria como se fosse a nossa prova final, onde o resultado seria a nossa aprovação (salvação/Céu) ou reprovação (condenação/Inferno). A recuperação (Purificação/purgatório) não existiria.

Precisamos viver como se não existisse o purgatório, sendo radicais na busca incessante de querer conhecer mais a Deus e buscar viver a santidade. Sermos santos a ponto de não precisarmos passar pelo purgatório.

A Palavra de Deus nos fala: "Procurai a paz com todos e a santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor" (HB 12,14).

Existem aqueles que dizem "essa coisa de santidade é para padres, freiras, para aquelas beatas que estão penduradas nas túnicas dos padres e assim consequentemente". Desculpa-me, mas você ainda não entendeu. A Palavra é verdadeira e ela nos fala que, sem a santidade, "ninguém verá o Senhor".

Deus quer que sejamos santos. Pode até, muitas vezes, parecer algo muito distante de nós, ou até pode parecer impossível, mas a santidade é para todos. Talvez você possa estar se perguntando: "o que é santidade?", "como uma pessoa se torna santo?".

Em Gênesis 1,26 Deus disse: "Façamos o ser humano à nossa imagem e segundo nossa semelhança". Sabemos que Deus é Santo por excelência, e Ele nos criou à Sua imagem e semelhança, sendo assim, somos chamados todos, sem exceção, a sermos santos como Ele é santo.


"A santidade é basicamente a estreita união do homem com Deus; desse contato resulta a perfeição moral. Deus é santo por natureza; os homens são santos na medida em que se aproximam d'Ele."

Não desanime! Estamos todos juntos nessa peregrinação!

A conquista do céu vai depender do nosso esforço e das conquistas, e é claro, da nossa santidade. O purgatório é uma certeza do céu e a santidade é a garantia da eternidade.

Deus abençoe você!

Divino Guimarães
Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/e-se-nao-existisse-purgatorio/

5 de junho de 2019

Como falar da doutrina católica com os filhos adolescentes?

Alguns princípios precisam existir para que as pessoas cumpram sua vocação paterna e materna de educarem seus filhos na fé crista. O primeiro princípio (para aqueles que querem ser catequistas dos seus filhos) é ter um encontro pessoal com Deus, porque só se pode falar daquilo que se ama; e, para amar, é preciso conhecer. O mundo atual é permeado de muitas igrejas e ideologias diferentes, sendo assim, como podem ensinar se não estudam a doutrina católica? É preciso ter coração e mente abertos para fundamentar a fé individual, sanar as dúvidas dos filhos e iniciá-los no caminho da salvação.

O segundo princípio é fazer aquilo que prega, porque, em especial, os adolescentes se espelham em atos, e não em palavras. Muitos falam de virtudes a serem adquiridas, mas no fundo possuem uma falsa modéstia, um rigor excessivo nas leis divinas e aderem às falsas profecias. Como os filhos podem aderir a essa doutrina, se não enxergam coerência entre o falar e agir dos pais? É imprescindível preocupar-se com o que estão repassando para as futuras gerações.

Como falar da doutrina católica com os filhos adolescentes?

Foto ilustrativa: Larissa Carvalho/cancaonova.com

Filhos não vivem em uma bolha

Uma das características da adolescência é questionar o "status", por isso, são indispensáveis aos pais a busca de diferentes pontos de vista para entender e refutar os questionamentos, baseando sua argumentação sempre nas Sagradas Escrituras. É bom lembrar de que os filhos não vivem em uma bolha, eles estão expostos aos conceitos e costumes diferentes da doutrina católica. Portanto, precisam conhecer sobre diversos assuntos e ter confiança naquilo que foi ensinado. A credibilidade vem da certeza na fala e aderência na ação; não adianta mandar os filhos para a Missa e ficar vendo TV em casa. É preciso ser um cristão que cumpra os preceitos não por obrigação, mas por gratidão a Deus.

Os pais devem ter respostas para as perguntas difíceis que os filhos são obrigados a responder diante de um mundo tão secularizado. Professores ateus, geralmente são bem preparados para refundar as verdades da fé; se os adolescentes também estiverem preparados na doutrina católica, eles terão argumentos para enfrentar esses mestres e seus discípulos.

Os adolescentes podem criticar quando os pais dizem que estão rezando por eles na Missa ou na oração do terço e, ainda, quando oram diante de uma dificuldade ou para alcançarem uma graça que necessitam. Entretanto, é necessário rezar com eles para que aprendam e criem o hábito de entregarem suas vidas a Deus. Um exemplo bonito é da família que reza antes das refeições, quando o adulto esquece, normalmente a criança o lembra. Essa criança será um adulto que não terá vergonha de professar a sua fé.

Não menospreze práticas simples, porque aprendemos que "o hábito faz o monge". É preciso que o ambiente dentro de casa seja visto como um altar, como um espaço de honra, não só como lugar físico, e sim cheio de diálogos que propiciem aprofundamentos espirituais. Invista seu tempo lendo a Palavra com ele, porque são histórias que cativam e que podem ser oportunidades de evangelizar e introjetar verdades que farão diferença diante das seduções do mundo.

A primeira Igreja é a família

Incentive seu filho a praticar os ensinamentos de amar o próximo, de doar aos mais necessitados e de perdoar. O Papa nos ensina a sermos uma Igreja em saída, porém, a primeira Igreja é a família. Para sairmos precisamos, primeiro, praticar. O lar é um lugar por excelência para aprendermos. O Evangelho deve ser exercitado, primeiramente, entre os seus como uma semente plantada desde a infância que florescerá na adolescência diante de tantas incertezas.

Adolescentes gostam de assumir e defender causas, então, quando veem os pais comprometidos com ações na Igreja, acabam engajando-se para ajudar e, depois, tomam para si essas questões. Filhos catequizados podem até se afastarem da Igreja, entretanto, diante das dificuldades saberão buscar ajuda no lugar certo, porque sempre voltarão às raízes diante das incertezas.



Ângela Abdo

Ângela Abdo é coordenadora do grupo de mães que oram pelos filhos da Paróquia São Camilo de Léllis (ES) e assessora no Estudo das Diretrizes para a RCC Nacional. Atua como curadora da Fundação Nossa Senhora da Penha e conduz workshops de planejamento estratégico e gestão de pessoas para lideranças pastorais.

Abdo é graduada em Serviço Social pela UFES e pós-graduada em Administração de Recursos Humanos e em Gestão Empresarial. Possui mestrado em Ciências Contábeis pela Fucape. Atua como consultora em pequenas, médias e grandes empresas do setor privado e público como assessora de qualidade e recursos humanos e como assistente social do CST (Centro de Solidariedade ao Trabalhador). É atual presidente da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos) do Espírito Santo e diretora, gerente e conselheira do Vitória Apart Hospital.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/educacao-de-filhos/como-falar-da-doutrina-catolica-com-os-filhos-adolescentes/