12 de junho de 2019

Que mal faz uma mentira?

Que mal faz uma mentira? "Foi por uma boa causa!" "Eu não tinha outra escolha." "Foi para proteger a pessoa." "Teria sido muito pior se tivesse contado a verdade."

Quantas desculpas são apresentadas para sustentar as pequenas mentiras do dia a dia! Diante de tantas justificativas, talvez nos convençamos de que, afinal, mentir não é algo tão grave assim. Não existem aqueles que "mentem e nem sentem"? Esse é o resultado de nos acostumarmos com as mentiras, esse "pecado de estimação". Mas se acreditarmos que Jesus é o caminho, a verdade e a vida, o que nos impedirá de agir conforme aquilo que dizemos acreditar?

Você já mentiu hoje? Seja honesto. Já passou alguma informação distorcida, exagerada ou enganosa pela internet ou no meio em que convive? Já assinou o ponto fora de hora? Quantas desculpas você já deu de atrasos e pequenas infrações? E quando a mentira tem a finalidade de evitar que alguém se decepcione ou fique magoado com você?

Que mal faz uma mentira?

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Quando a mentira entra em nossa vida

Como a mentira entra em nossa vida? Como aprendemos a mentir? Algumas questões são úteis para você deixar, definitivamente, a mentira de lado. Na sua família, existe o hábito de justificar as coisas com pequenas mentiras? Quando alguém telefona para sua mãe e ela não quer atender, como você responde a quem ligou? O que você é orientada a falar? Pois é, são essas pequenas mentiras, muitas vezes aprendidas em família, na orientação dos pais para os filhos ou em seu modelo, que formam a base do hábito de mentir. Um hábito que os próprios pais estabelecem, mesmo não querendo.

Talvez, seja possível perceber, com um pouco de honestidade e ao avaliar as situações em que mentimos, que isso acontece por não sabermos como fazer o certo. Será que essa é uma desculpa para não nos empenharmos em melhorar? Se nos propusermos a ser melhores, o caminho será um só: aprender a falar sempre a verdade, por mais difícil que seja! Ouvi, certa vez, uma senhora dizer que "a verdade, quando dita com ternura, nunca prejudica ninguém".

Mentira, uma forma de encobrir os fracassos

A mentira serve para encobrir os fracassos que experimentamos quando erramos, quando optamos pelo "mal", quando justificamos nossas incoerências, quando não conseguimos fazer o bem que gostaríamos (Rm 7,19) nem conseguimos expressar, de forma clara, objetiva e direta o que sentimos, o que pensamos, o que esperamos, o que gostaríamos. Quantas vezes fugimos de situações constrangedoras, dizendo estar ocupados, cansados ou doentes? Quantas vezes foi necessário recorrer às mentiras para esconder nossa dificuldade em dizer 'não'?

Ser sincero parece ser mais difícil, porque nos expõe mais. Se você conhece a alegria de uma relação transparente, com certeza vai optar por assumir suas fraquezas e dificuldades. Mentiras "leves" ou "pesadas", não importa! Se você quer buscar a vida, é preciso buscar a verdade. Essa é a busca que nos abre as portas para descobrirmos o que há de melhor em nós, mas que, muitas vezes, desconhecemos: os dons que nos foram agraciados para, com eles, lidarmos com todas as dificuldades (ternura, paciência, brandura). Não podemos mais ser coniventes com a mentira.

Reconhecer-se mentiroso

O principal problema para o mentiroso é a recusa em reconhecer-se um mentiroso. Por isso, talvez seja o momento de rever as perguntas iniciais, identificar as mentiras na sua vida, as mentiras que você vive e conta para si mesmo, pensar nas causas e, principalmente, assumir sua responsabilidade por uma conversão, por uma mudança. Observe-se. Identifique as mentiras. Analise o motivo, a dificuldade em se comprometer com a verdade naquela situação. Proponha-se, então, a enfrentar essa dificuldade.

A alegria consiste em viver reconciliado com sua realidade, sem fugas, sem esquivas, sem desculpas, portanto, sem mentiras. Ser livre consiste em assumir as consequências dos nossos atos. Por pior que seja a realidade, as verdadeiras ervas daninhas são aquelas que você cultiva no seu coração quando foge de viver o que sua realidade lhe oferece.


Só para finalizar: aquela história de "no dia que ele mudar, eu mudo", muitas vezes, é um tipo de mentira também. Portanto, não olhe para o outro, mas para aquilo que hoje em você precisa encontrar a verdade.

Cláudia May Philippi – Psicóloga Clínica – CRP 2357/1
Kleuton Izidio Brandão e Silva – Psicólogo Clínico – CRP 6089/1


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/que-mal-faz-uma-mentira/

10 de junho de 2019

O essencial é invisível aos olhos

Você já percebeu que o mundo está dominado pelo consumismo, pela vaidade do corpo, pelo amor à vanglória e pela busca do prazer (hedonismo)? O importante, hoje, é a "cultura do corpo", não mais a do espírito; e essa inversão pôs o homem de cabeça para baixo. Por isso, ele está desnorteado, sem norte. As academias de ginástica, os salões de beleza e os consultórios dos cirurgiões plásticos se multiplicam a cada dia, mas os homens e as mulheres continuam infelizes. Falta-lhes algo invisível. A indústria de cosméticos é uma das que mais faturam em todo o mundo.

O essencial da pessoa humana é o espírito, a alma criada à imagem do Criador; depois, vem o corpo, a bela morada da alma. Se o corpo pesa sobre o espírito, este agoniza e o homem fica aniquilado, frustrado, vazio. Se você bater num tambor cheio d'água, ele não fará barulho, mas se você bater num tambor vazio, vai fazer um barulhão.

O essencial é invisível aos olhos

Foto ilustrativa: AscentXmedia by Getty Images

Busquemos valorizar o que é essencial em nós, e não o superficial

Os homens também são assim, fazem muito barulho quando estão vazios. Se a hierarquia de valores for invertida, a grandeza do homem fica comprometida. Quando você permite que as paixões do corpo sufoquem o espírito, não há mais homem ou uma mulher em você, mas uma "caricatura" de homem ou de mulher.

O homem do século XX dominou a matéria e a tecnologia, mas, lamentavelmente, está de cabeça para baixo. É por isso que vimos a matança de dez milhões de irmãos na Primeira Guerra Mundial, o extermínio de cinquenta milhões na Segunda; e de mais de cem milhões de vítimas do comunismo na União Soviética e na China.

Além disso, jovem, saiba de uma realidade muito triste: neste século das maravilhas da tecnologia, não houve, um dia sequer, sem que houvesse, em algum lugar do planeta, uma guerra. Em nenhum dia deste século XX, que há pouco terminou, a humanidade conheceu cem por cento o gosto da paz!

Não é à toa, caro jovem, que a nossa geração é a que mais consome antidepressivos e remédios para dormir e necessita, cada vez mais, de psicólogos e psiquiatras. Não é mais o corpo que está doente, é a alma. E quando o espírito adoece toda a pessoa fica enferma.

A cultura do corpo

A cultura do corpo, da glória e do prazer deixa um vazio, porque o homem só pode se satisfazer com aquilo que está acima dele, não com o que está abaixo. O prazer, sobretudo, se é imoral, passa e deixa sabor de morte; a alegria, por outro lado, que é a satisfação do espírito, deixa gosto de vida.

Se você se frustrar no âmbito biológico, porque tem algum defeito físico, pode sublimar essa frustração e ser feliz se realizando num grau mais alto, o da cultura e o do saber. Se você não pode se realizar racionalmente, pode realizar-se espiritualmente, que é o mais elevado, numa relação íntima com Deus. Se, no entanto, você desprezar o nível espiritual, não poderá se realizar, porque, acima deste, não há outro no qual você possa buscar a compensação.

O essencial é invisível aos olhos

O grande poeta francês Exupèry dizia que "o essencial é invisível aos olhos". A razão é simples: tudo que é visível e material passa e acaba; o invisível, o espiritual, o essencial, fica para sempre.

Você sabe que todos os seres criados voltam ao seu nada, voltam ao pó da terra. Por quê? Porque a força que os mantém vivos está em cada um, mas não lhes pertence. O poder de ser uma rosa está na rosa, mas não é dela. Quando você vê uma bela flor murchar, é como se ela estivesse lhe dizendo: "A beleza estava em mim, mas não me pertencia; Deus a tinha me emprestado". Da mesma forma, o poder de ser um cavalo está no cavalo, mas não é dele. Se fosse dele, jamais ele morreria. Ele foi criado por Alguém que o mantém vivo. Assim como quando uma bela artista envelhece, e surgem as rugas, ela está dizendo que a beleza estava nela, mas não era propriedade dela.

Deus disse a Moisés: "Eu Sou Aquele que Sou! Yahweh!". Isso quer dizer: somente Deus é a fonte da vida, e todos os seres dependem d'Ele para existir. Se você ficar cultivando apenas o seu belo corpo e se esquecer de sua alma, amanhã estará amargurado, pois, do mesmo jeito que a rosa murchou, o seu corpo também envelhecerá; e isso é para todos, de maneira inexorável.


Por outro lado, quanto mais você viver, tanto mais a alma poderá se tornar bela e jovem, tanto mais o espírito poderá se renovar. São Paulo expressou muito bem esta mensagem cristã:

"É por isso que não desfalecemos. Ainda que exteriormente se desconjunte nosso homem exterior, nosso interior renova-se de dia para dia […] Porque não miramos as coisas que se veem, mas sim as que não se veem, pois as coisas que se veem são temporais e as que não se veem são eternas" (II Cor 4, 16-17).

Não fomos criados para vida passageira

Jovem, você não foi criado apenas para esta vida transitória e passageira, na qual tudo fica velho e se acaba. Você foi feito para a eternidade, para uma vida que nunca acaba.

O jovem fogoso que foi Santo Agostinho, um dia, chegou a esta conclusão: "De que vale viver bem, se não posso viver sempre?". Para você viver sempre, vai precisar cultivar a sua alma, muito mais do que o seu corpo.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/o-essencial-e-invisivel-aos-olhos/

7 de junho de 2019

E se não existisse purgatório?

Vivemos em um mundo como se tudo fosse eterno. As pessoas se apegam tanto aos seus bens, que nada parece não ser passageiro. O homem perdeu a esperança, talvez até mesmo por não ter uma educação religiosa, alguém que o instruísse na fé. Enfim, o homem vive como Deus não existisse.

O mundo está tão secularizado, que as pessoas não comentam mais de Deus. E quando isso ocorre, falam, simplesmente, por falar, mas não há fé suficiente. O homem até que confia que virão dias melhores em sua vida, mas, infelizmente, não espera o dia do Senhor. Nos tempos atuais, o ser humano consegue "viver bem" e até mesmo dar um jeito de conseguir tudo e todas as coisas que lhe favorecem e que lhe traz conforto. Mas quando nos depararmos com o nosso encontro definitivo com Deus, estaremos preparados?

E se não existisse purgatório?

Foto ilustrativa

Morreremos todos, um dia, e teremos o nosso julgamento final. A partir de então, seremos destinados para o céu, purgatório ou inferno. O Céu é a morada de Deus e daqueles que viveram para Ele. O inferno é onde o demônio e os que rejeitaram a Deus estão. O purgatório ocorre quando, após a morte, a alma passa por um determinado tempo para se purificar dos resquícios de pecados cometidos. E depois desse tempo, é levada para o céu.

Qual seria nosso posicionamento na vida se não existisse o purgatório?

Restariam-nos, então, o céu ou o inferno. Você poderia dizer: "Nesse caso, seria muito mais exigente!?". Sim! Seria como se fosse a nossa prova final, onde o resultado seria a nossa aprovação (salvação/Céu) ou reprovação (condenação/Inferno). A recuperação (Purificação/purgatório) não existiria.

Precisamos viver como se não existisse o purgatório, sendo radicais na busca incessante de querer conhecer mais a Deus e buscar viver a santidade. Sermos santos a ponto de não precisarmos passar pelo purgatório.

A Palavra de Deus nos fala: "Procurai a paz com todos e a santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor" (HB 12,14).

Existem aqueles que dizem "essa coisa de santidade é para padres, freiras, para aquelas beatas que estão penduradas nas túnicas dos padres e assim consequentemente". Desculpa-me, mas você ainda não entendeu. A Palavra é verdadeira e ela nos fala que, sem a santidade, "ninguém verá o Senhor".

Deus quer que sejamos santos. Pode até, muitas vezes, parecer algo muito distante de nós, ou até pode parecer impossível, mas a santidade é para todos. Talvez você possa estar se perguntando: "o que é santidade?", "como uma pessoa se torna santo?".

Em Gênesis 1,26 Deus disse: "Façamos o ser humano à nossa imagem e segundo nossa semelhança". Sabemos que Deus é Santo por excelência, e Ele nos criou à Sua imagem e semelhança, sendo assim, somos chamados todos, sem exceção, a sermos santos como Ele é santo.


"A santidade é basicamente a estreita união do homem com Deus; desse contato resulta a perfeição moral. Deus é santo por natureza; os homens são santos na medida em que se aproximam d'Ele."

Não desanime! Estamos todos juntos nessa peregrinação!

A conquista do céu vai depender do nosso esforço e das conquistas, e é claro, da nossa santidade. O purgatório é uma certeza do céu e a santidade é a garantia da eternidade.

Deus abençoe você!

Divino Guimarães
Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/e-se-nao-existisse-purgatorio/

5 de junho de 2019

Como falar da doutrina católica com os filhos adolescentes?

Alguns princípios precisam existir para que as pessoas cumpram sua vocação paterna e materna de educarem seus filhos na fé crista. O primeiro princípio (para aqueles que querem ser catequistas dos seus filhos) é ter um encontro pessoal com Deus, porque só se pode falar daquilo que se ama; e, para amar, é preciso conhecer. O mundo atual é permeado de muitas igrejas e ideologias diferentes, sendo assim, como podem ensinar se não estudam a doutrina católica? É preciso ter coração e mente abertos para fundamentar a fé individual, sanar as dúvidas dos filhos e iniciá-los no caminho da salvação.

O segundo princípio é fazer aquilo que prega, porque, em especial, os adolescentes se espelham em atos, e não em palavras. Muitos falam de virtudes a serem adquiridas, mas no fundo possuem uma falsa modéstia, um rigor excessivo nas leis divinas e aderem às falsas profecias. Como os filhos podem aderir a essa doutrina, se não enxergam coerência entre o falar e agir dos pais? É imprescindível preocupar-se com o que estão repassando para as futuras gerações.

Como falar da doutrina católica com os filhos adolescentes?

Foto ilustrativa: Larissa Carvalho/cancaonova.com

Filhos não vivem em uma bolha

Uma das características da adolescência é questionar o "status", por isso, são indispensáveis aos pais a busca de diferentes pontos de vista para entender e refutar os questionamentos, baseando sua argumentação sempre nas Sagradas Escrituras. É bom lembrar de que os filhos não vivem em uma bolha, eles estão expostos aos conceitos e costumes diferentes da doutrina católica. Portanto, precisam conhecer sobre diversos assuntos e ter confiança naquilo que foi ensinado. A credibilidade vem da certeza na fala e aderência na ação; não adianta mandar os filhos para a Missa e ficar vendo TV em casa. É preciso ser um cristão que cumpra os preceitos não por obrigação, mas por gratidão a Deus.

Os pais devem ter respostas para as perguntas difíceis que os filhos são obrigados a responder diante de um mundo tão secularizado. Professores ateus, geralmente são bem preparados para refundar as verdades da fé; se os adolescentes também estiverem preparados na doutrina católica, eles terão argumentos para enfrentar esses mestres e seus discípulos.

Os adolescentes podem criticar quando os pais dizem que estão rezando por eles na Missa ou na oração do terço e, ainda, quando oram diante de uma dificuldade ou para alcançarem uma graça que necessitam. Entretanto, é necessário rezar com eles para que aprendam e criem o hábito de entregarem suas vidas a Deus. Um exemplo bonito é da família que reza antes das refeições, quando o adulto esquece, normalmente a criança o lembra. Essa criança será um adulto que não terá vergonha de professar a sua fé.

Não menospreze práticas simples, porque aprendemos que "o hábito faz o monge". É preciso que o ambiente dentro de casa seja visto como um altar, como um espaço de honra, não só como lugar físico, e sim cheio de diálogos que propiciem aprofundamentos espirituais. Invista seu tempo lendo a Palavra com ele, porque são histórias que cativam e que podem ser oportunidades de evangelizar e introjetar verdades que farão diferença diante das seduções do mundo.

A primeira Igreja é a família

Incentive seu filho a praticar os ensinamentos de amar o próximo, de doar aos mais necessitados e de perdoar. O Papa nos ensina a sermos uma Igreja em saída, porém, a primeira Igreja é a família. Para sairmos precisamos, primeiro, praticar. O lar é um lugar por excelência para aprendermos. O Evangelho deve ser exercitado, primeiramente, entre os seus como uma semente plantada desde a infância que florescerá na adolescência diante de tantas incertezas.

Adolescentes gostam de assumir e defender causas, então, quando veem os pais comprometidos com ações na Igreja, acabam engajando-se para ajudar e, depois, tomam para si essas questões. Filhos catequizados podem até se afastarem da Igreja, entretanto, diante das dificuldades saberão buscar ajuda no lugar certo, porque sempre voltarão às raízes diante das incertezas.



Ângela Abdo

Ângela Abdo é coordenadora do grupo de mães que oram pelos filhos da Paróquia São Camilo de Léllis (ES) e assessora no Estudo das Diretrizes para a RCC Nacional. Atua como curadora da Fundação Nossa Senhora da Penha e conduz workshops de planejamento estratégico e gestão de pessoas para lideranças pastorais.

Abdo é graduada em Serviço Social pela UFES e pós-graduada em Administração de Recursos Humanos e em Gestão Empresarial. Possui mestrado em Ciências Contábeis pela Fucape. Atua como consultora em pequenas, médias e grandes empresas do setor privado e público como assessora de qualidade e recursos humanos e como assistente social do CST (Centro de Solidariedade ao Trabalhador). É atual presidente da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos) do Espírito Santo e diretora, gerente e conselheira do Vitória Apart Hospital.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/educacao-de-filhos/como-falar-da-doutrina-catolica-com-os-filhos-adolescentes/

3 de junho de 2019

O problema social da autossuficiência

No mundo da ciência e da tecnologia, a palavra de ordem que comanda é "perfeição", a alta definição. Acontece que isso não satisfaz as exigências dos seus destinatários, isto é, a realização da felicidade da realidade social, e as pessoas não têm sido mais felizes por isso. É sinal de que algo não está totalmente certo e perfeito. De outro lado, temos os indicativos precisos da Palavra de Deus. Jesus convida as pessoas para que deixem a arrogância, a autossuficiência, o querer ocupar os primeiros lugares e o ser melhores do que os outros. A forma de ser feliz passa por outros caminhos, pela prática da sabedoria e da gratuidade.

O problema social da autossuficiência

Foto ilustrativa: Andréia Britta/cancaonova.com

Não podemos nos conformar com uma cultura de "qualidade total" no seu instrumental de ação deixando na marginalidade os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos e desvalidos de hoje. Um tempo de prosperidade e de desenvolvimento não pode ser excludente a ponto de privilegiar alguns e não levar em conta a maioria da população.

Um mundo de igualdade, apesar dos direitos individuais adquiridos honestamente, leva a superar as desigualdades e a competição social existente. Não é fácil entender e praticar a proposta do Evangelho quando diz que "o primeiro é aquele que serve, o maior é o último". Nestas atitudes estão os autênticos valores para o cristão.

A sociedade capitalista vive num intercâmbio de favores. Ela negocia com quem é capaz de competir, deixando de lado o valor da gratuidade, do perdão a quem não pode pagar e da realidade do pobre. Esses últimos não têm lugar à mesa da classe abastada e privilegiada na posse de bens materiais.


O importante é viver com sabedoria, confiante em Deus e na humildade de coração. O afeto das pessoas e de Deus se conquista com os gestos simples de humildade, muito mais do que com presentes valiosos, mas sem a força do amor e da espiritualidade. Isso significa que os mistérios de Deus são revelados aos simples e não aos orgulhosos e autossuficientes.

Dom Paulo Mendes Peixoto


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/o-problema-social-da-autossuficiencia/

31 de maio de 2019

A exposição dos filhos na internet

Definitivamente, a internet e as redes sociais se transformaram numa realidade habitual para nós. Costumeiro também se tornou o fenômeno da superexposição da intimidade no ambiente digital, onde tudo é motivo para uma selfie, um post ou um compartilhamento na rede. Tal comportamento, no entanto, começa a extrapolar os limites do bom senso, sobretudo entre as mamães e os papais conectados que adoram publicar, quase que de hora em hora, uma foto da intimidade dos filhos e da família nas redes sociais.

Recentemente, uma pesquisa no Reino Unido revelou que a superexposição dos filhos na internet, atualmente, já começa nas primeiras horas de vida. Neste país, cerca de 57% dos recém-nascidos tiveram fotos publicadas uma hora após o seu nascimento.

A exposição dos filhos na internet

Foto Ilustrativa: Zurijeta / by Getty Images

Entenda por que a superexposição dos filhos, na internet, pode revelar uma desordem psíquica nos pais

Os pequeninos, no entanto, são indefesos diante da lente de seus genitores, da mesma forma que se tornam reféns da necessidade de exposição dos pais, os quais transformaram os filhos numa espécie de extensão de si mesmos na internet.

Cabe a nós analisarmos dois pontos desse fenômeno da superexposição dos filhos na internet. O primeiro é: o que esse comportamento revela do mundo interior dos pais? E um segundo ponto: quais as consequências e os perigos para a formação da personalidade da criança?

Superexposição e personalidade dos pais

Não é difícil perceber que uma pessoa que tem o costume de se expor excessivamente no mundo digital, quando se torna pai ou mãe, transforma o filho no objeto da exposição. Trata-se de pais narcisistas*, que se preocupam exageradamente com a própria imagem e a estende para a imagem do filho.

O narcisista gosta de ser visto, aprecia o prestígio e a fama, quer feedback sobre tudo o que posta na internet. Quando falamos de pais com essa personalidade, não precisamos ir longe para constatar que qualquer comentário na foto dos filhos do tipo "fofinho", "tá lindo", "ai, que belezinha!", serve, na verdade, como uma massagem no ego narcísico dos pais. Entenda bem que não estamos falando de uma foto ou outra, mas sim do excesso de exposição dos "babys", o que, no fundo, denuncia uma desordem psíquica dos pais.

Consequências para a personalidade dos filhos

Françoise Dolto, pediatra e psicanalista francesa, disse que "a criança pequena e o adolescente são porta-vozes de seus pais". Assim, uma criança que cresce num ambiente em que tudo merece um clique pode desenvolver uma personalidade narcísica semelhante a dos pais. E isso por dois motivos: 1) a superexposição a coloca como o "centro das atenções" a todo momento; 2) porque a linguagem da criança, sobretudo as menores, baseia-se muito mais no que os pais fazem do que no que falam.

Respeitar o momento e o espaço sagrado da criança

Existem momentos na vida que são únicos e merecem recordações, e também são sagrados e merecem proteção. A hora do sono, da amamentação, do banho, do cocô etc., são momentos íntimos da criança. Isso não significa que não possam ser eternizados numa foto, para compor o álbum da família, mas vamos entender que "sagrado" diz respeito àquilo que o mundo não tem acesso. Ao postar uma foto atrás da outra, da intimidade dos filhos, os pais passam de protetores a invasores desse mundo sagrado. E quando falamos em proteção, podemos também dizer dos perigos que rondam o mundo virtual, sobretudo quando o assunto é criança.

É importante que os pais mais conectados façam essa reflexão sobre a superexposição dos filhos nas mídias sociais e se perguntem: "O que quero com essa postagem do meu filho?". "Por que vou postar outra foto dele agora?".


É importante que os pais tracem filtros e limites do que e quando postar algo das crianças na internet; afinal, estamos falando do patrimônio mais importante que temos: os nossos filhos.

*O termo "narcisista" foi introduzido no século XIX pela psiquiatria e, posteriormente, por Sigmund Freud na psicanálise, para designar o amor exagerado de uma pessoa por si mesma, em referência ao personagem da mitologia grega Narciso, um jovem de bela aparência que, ao ver sua imagem projetada na água, apaixonou-se por si mesmo.



Daniel Machado

Daniel Machado de Assis, natural de São Bernardo do Campo-SP, é membro da Canção Nova desde 2002. Psicólogo formado pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo, também estudou filosofia pelo Instituto Canção Nova. Atualmente é coordenador do Núcleo de Psicologia Canção Nova que tem por objetivo assessorar e auxiliar a formação dos membros desta instituição.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/a-exposicao-dos-filhos-na-internet/

29 de maio de 2019

A nossa confiança precisa estar centralizada em Deus

É necessário sempre retomar este ensinamento de Jesus na vida pessoal, na vida conjugal e na vida familiar:

"Não ajunteis tesouros aqui na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e os ladrões assaltam e roubam. Ao contrário, ajuntai para vós tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não destroem, nem os ladrões assaltam e roubam. Pois onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.

A lâmpada do corpo é o olho: se teu olho for simples, ficarás todo cheio de luz. Mas se teu olho for ruim, ficarás todo em trevas. Se, pois, a luz em ti é trevas, quão grandes serão as trevas! Ninguém pode servir a dois senhores: ou vai odiar o primeiro e amar o outro, ou aderir ao primeiro e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro! Por isso, eu vos digo: não vivais preocupados com o que comer ou beber, quanto à vossa vida; nem com o que vestir, quanto ao vosso corpo. Afinal, a vida não é mais que o alimento, e o corpo, mais que a roupa? Olhai os pássaros do céu: não semeiam, não colhem, nem guardam em celeiros. No entanto, o vosso Pai celeste os alimenta.

A nossa confiança precisa estar centralizada em Deus

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Será que vós não valeis mais do que eles? Quem de vós pode, com sua preocupação, acrescentar um só dia à duração de sua vida? E por que ficar tão preocupados com a roupa? Olhai como crescem  os lírios do campo. Não trabalham, nem fiam. No entanto, eu vos digo, nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um só dentre eles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje está aí e amanhã é lançada ao forno, não fará ele muito mais por vós, gente fraca de fé?

Portanto, não vivais preocupados, dizendo: Que vamos comer? Que vamos beber? Como nos vamos vestir? Os pagãos é que vivem procurando todas essas coisas. Vosso Pai que está nos céus sabe que precisais de tudo isso. Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo. Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá sua própria preocupação! A cada dia basta o seu mal (Mateus 6,19-34)".

Ao longo dos dias e diante das situações, outras coisas podem se tornarem o centro da nossa vida. É engano pensarmos que Jesus ensina a despreocupar-se. Ele nos orienta a mudar o foco: a nossa confiança precisa estar centralizada em Deus. Pensar que as riquezas são o ponto de apoio para a existência, nos faz acreditar que não somos necessitados do maior valor que é Deus. É prudente e sensato fazer uma previsão econômica sem excesso, mas empreender a vida acumulando coisas, pensando somente na vida terrena, sem pensar nos valores do Céu, mostra onde está centralizado o nosso coração; portanto, cada valor precisa estar no seu devido lugar.

Precisamos cuidar sempre do nosso olhar, porque a inveja entra pelo olho. Ora o nosso olhar é bom, ora é mau; ora é um olhar generoso, ora é um olhar mesquinho. O olhar bom ilumina toda a pessoa, o olhar mau deixa a pessoa às cegas. O olhar simples enxerga brilhantemente e faz a pessoa ter um  olhar generoso.


Quando o nosso coração vai se harmonizando com o Pai do Céu, que ensina a dar, cresce em nós a generosidade. O
dinheiro, em muitos momentos, levanta-se como o deus da nossa vida. Ele pode gerar em nós o desejo excessivo pelo poder e bens materiais. Não podemos nos deixar encantar pelo deus dinheiro, ao contrário, precisamos aderir Àquele que está acima de tudo. É preciso ter cuidado para não ser possuído pelos bens e desejos, o melhor jeito para não se confundir é olhar para o Deus verdadeiro, que é o doador generoso. Diante dos propósitos que fazemos, um ideal de vida é essencial: a confiança em Deus!

Texto extraído do livro "Casamento Fortalecido", de Carla Astuti e Cleto Coelho.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/a-nossa-confianca-precisa-estar-centralizada-em-deus/