7 de janeiro de 2019

A santidade só acontece quando amamos Deus verdadeiramente

O amor unicamente humano não é capaz de sustentar a busca pela santidade

A verdade é que só se é capaz amar de verdade quando se reconhece a segura fonte de amor. Há um tempo, peguei-me pensando sobre a realidade da busca pela santidade, da luta contra o pecado. Por que é tão difícil se manter fiel? Por que sempre caímos nos mesmos erros e pecados, e, às vezes, deixamos para trás longos tempos de afinco e dedicação na construção da santidade?

O amor unicamente humano não é capaz de sustentar o desejo de pureza e retidão. O amor pela obra, pelas coisas de Deus, pelas pessoas de Deus ainda não é suficiente para sustentar o desejo de permanecermos firmes na busca pela plena vontade de Jesus. Só é capaz de nos sustentar, de nos manter firmes e perseverantes o amor cultivado pelo próprio Deus.

A santidade só acontece quando amamos verdadeiramente a Deus

Foto ilustrativa: Paula Dizaró/cancaonova.com

É normal para nós, que acabamos de chegar em uma vida de relacionamento com Deus, encantarmo-nos pela obra d'Ele, pelas pessoas d'Ele, por tudo que há, aqui nesta terra, criado por Ele. Isso é normal, e isso é bom! No Salmo 50,2, lemos: 'Desde Sião, perfeita em beleza, Deus resplandece', ou seja, tudo isso reflete a beleza de Deus, tudo isso nos apresenta um pouco da beleza d'Ele, revela-nos o Senhor, mas não é o próprio Deus!

A busca por fazer a vontade de Deus e busca pela santidade só começam a tomar um corpo e se tornar consistente quando é feita não para que as coisas sejam vistas, mas para que o amor a Deus seja manifestado! Mas calma! Isso lhe parece difícil? Sim, não é fácil mesmo não! Por isso, precisa ser cultivado. As virtudes começam a ser conquistadas a partir desse amor, desse desejo de ser fiel, de ser melhor para Deus e, consequentemente, para os irmãos. No fundo, no fundo, é simples! Pier Giorgio Frassati tem uma frase que eu gosto muito, em que ele diz: "Viver e não fingir que se vive". Acho que santidade poderia se resumir nessa frase…

Muitas vezes, e isso é comum no processo de maturidade espiritual, simulamos uma santidade desencarnada e não vivida. Criamos máscaras e parecemos muito bons diante das pessoas. Fingimos que vivemos, fingimos que buscamos, e o pior, fingimos que acreditamos em nós mesmos! Há um ditado muita famoso que diz: "O pior cego é aquele que não quer enxergar". Aí, nesta frase, eu defino o pecado! Nós pecamos, erramos o alvo, deixamo-nos levar pela correnteza do mundo, mas, pior do que isso tudo, é não reconhecermos que somos pecadores! Pior que isso tudo é não irmos atrás da realidade que pode mudar a nossa circunstância: a verdade.


A confissão é um ato de verdade. Nela, deixamos de fingir, somos quem somos e, por amor a Deus, queremos voltar, voltar a construir esse caminho de santidade! Um dia, em uma conversa com uma irmã e amiga de comunidade, ouvi que santidade é ser quem eu sou. Sempre volto nisso, em entender que "eu sou" filho, e essa é a primeira atitude que deve reger a minha vida e o meu relacionamento com Deus. Aí, então, eu vou amá-Lo não pelo que ele tem ou oferece, mas pelo que Ele é. Não terei forças para ofendê-Lo, por que o amor supera a dor, o temor e o pecado!

Só o amor é capaz de revelar quem eu sou e me levar à santidade. Termino com a mesma frase que eu comecei: a verdade é que só se é capaz de amar de verdade quando se reconhece a segura fonte de amor. Aí está o segredo, reconhecer a verdadeira fonte de amor!

Pedro Augusto Pinheiro 
missionário da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/a-santidade-so-acontece-quando-amamos-deus-verdadeiramente/

4 de janeiro de 2019

A felicidade não existe para ser buscada

Todos nós trazemos dentro do nosso coração o desejo de felicidade

Embora o tema principal deste artigo seja "felicidade", considero relevante informar que não se trata de um texto que se enquadre na categoria de autoajuda. Portanto, nas linhas abaixo, não será apresentada uma sequência de "passos para se atingir a felicidade".

Isso posto, quero iniciar o assunto com uma afirmação bastante contundente e, a meu ver, inequívoca: A grande maioria das pessoas, se não todas, busca a felicidade. Você conhece alguém que tenha como meta uma vida infeliz? Acredito que não, muito embora momentos de infelicidade façam parte da vida humana.

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Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Trazemos em nós o desejo pela felicidade

Uma breve consulta no parágrafo 1718 do Catecismo da Igreja Católica nos faria entender que o desejo pela felicidade é natural e de origem divina. Foi o próprio Deus quem colocou essa aspiração no coração do homem a fim de atraí-lo a si.

Muitos santos da Igreja não apenas nos levam a entender um pouco mais desse impulso interior pela felicidade, mas nos aponta para a Sagrada Escritura e para o seu verdadeiro autor. Santo Tomás de Aquino, por exemplo, afirma: "só Deus satisfaz". Santa Tereza d'Avila segue essa mesma linha de pensamento ao afirmar: "só Deus basta".

Logo nos primeiros versículos do Salmo 1, o salmista exclama: "como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores nem se assenta na roda dos zombadores! Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite".

Os deuses e a felicidade

Em determinada ocasião, ouvi de um pregador uma pequena fábula que se enquadra muito bem no nosso assunto. Narra o conto que, em certa oportunidade, todos os deuses do panteão se reuniram para criar algo que fosse o mais perfeito possível. Eles trabalharam nessa criação com muito carinho e esmero. O resultado de todo esse cuidadoso trabalho foi o ser humano.

Ao perceber a estupenda obra criada, um dos deuses tomou a palavra e disse: "Realmente, fizemos um excelente trabalho! Mas temo que essa perfeição humana não seja positiva. Temo que, pelo fato de o homem ter sido criado com tamanha perfeição, ele possa pensar que não necessita mais de nós, seus criadores". Um silêncio reinou naquele lugar.

Outro deus tomou a palavra e disse: "Acho que tenho a solução. Deixemos o homem da maneira como o criamos, porém, sugiro escondermos deles uma única coisa: o segredo da felicidade". Ao ouvir essa fala, o deus mais pessimista retrucou: "Isso não vai adiantar. Nós criamos os seres humanos muito inteligentes! Mais cedo ou mais tarde, eles vão acabar descobrindo esse segredo também".

O mais sábio dos deuses se levantou e disse: "Tenho uma solução. Vamos esconder esse segredo em um lugar onde eles nunca poderão encontrar". Nesse momento, um burburinho tomou conta do templo "panteônico". Os outros deuses se perguntavam: "Que lugar seria esse?". O deus mais sábio finamente respondeu: "Vamos esconder o segredo da felicidade no interior deles mesmos".


Engana-se quem pensa que a felicidade deve ser buscada!

Essa breve fábula foi apenas para ilustrar um princípio verdadeiro, todos nós portamos o segredo para felicidade dentro de nós. Esse desejo pela felicidade, que existe no meu e no seu coração, é um ingrediente sublime, e por que não dizer transcendente, que o próprio Deus colocou em nós para nos atrair a Ele?

Agora, gostaria de fazer uma afirmação até certo ponto polêmica: a rigor, a felicidade não foi criada por Deus para ser buscada. Antes que você discorde dessa afirmação, entenda os meus argumentos. Estou querendo mostrar que a felicidade não deve ser buscada enquanto fim último. Felicidade é consequência, e não fim. Muitos estão buscando momentos de felicidade nas drogas, no sexo, na fofoca, nas maledicências. Outros a estão buscando no dinheiro, no conforto, nas posses. Lamento informar, mas não vão encontrar.

O Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 384, referindo-se ao Paraíso, afirma que a felicidade deriva da amizade do ser humano com Deus. Portanto, a felicidade é consequência, não fim. Não busque a felicidade, busque ser amigo de Deus e será feliz.

O fundador da Canção Nova, Monsenhor Jonas Abib, nos documentos internos da Comunidade, aponta para essa realidade. Veja o que ele escreve: "Viver para o dom significa viver para uma causa [a causa de Jesus], dedicar-se a uma causa, entregar-se por esta causa, por essa missão. Seremos felizes? Sim. Mas a felicidade não é para ser buscada, a felicidade chega, a felicidade é consequência de uma vida vivida com significado".

Seja amigo de Deus

Se a nossa vida fosse uma massa de bolo, o pecado não seria apenas um ingrediente fora da receita, mas um ingrediente podre, um corpo estranho que estraga toda a massa. O pecado, portanto, é o que faz o rompimento da nossa amizade com Deus, distancia-nos d'Ele. A consequência é óbvia, a infelicidade, a angústia, o vazio, a falta de sentido.

É possível ser muito rico e feliz da mesma forma que é possível ser muito pobre e feliz. A felicidade não está na quantidade de dinheiro, mas na amizade com Deus. Seja amigo de Deus e a felicidade permeará a sua vida, mesmo nos sofrimentos.

Quando perceber que a tentação o está empurrando para o pecado, lembre-se: esse é o caminho da infelicidade.

Deus abençoe você!
Até a próxima!



Gleidson Carvalho

Gleidson de Souza Carvalho é natural de Valença (RJ), mas viveu parte de sua vida em Piraúba (MG). Hoje, ele é missionário da Comunidade Canção Nova, candidato às ordens sacras, licenciado em Filosofia e bacharelando em Teologia, ambos pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP). Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, na Liturgia do Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários. Apresenta, com os demais seminaristas, o "Terço em Família" pela Rádio Canção Nova AM. (Instagram: @cngleidson)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/felicidade-nao-existe-para-ser-buscada/

2 de janeiro de 2019

E as promessas ou repromessas de início de ano?

As tradicionais "promessas da virada" e da esperança que revestem a vida humana

Todo Réveillon é igual em muitos aspectos. Sempre queremos melhorar nossa vida em diversos aspectos, e acabamos fazendo as famosas promessas ou repromessas de começo de ano.

O fim de um ciclo marcado pelo calendário ou ano civil traz a muitas pessoas a esperança de mudanças ou melhoras. Exemplos: deixar de fumar, emagrecer, perder aquela barriguinha, voltar a praticar atividades físicas, mudar de emprego, dar mais atenção aos amigos, ter mais carinho com a família, abandonar aquele amor que parece impossível, começar a investir na carreira dos sonhos, começar a estudar inglês pra valer… Enfim, uma lista infindável que muitos de nós conhecemos. Razões não faltam para as mais diversas promessas.

E as promessas ou repromessas de início de ano

Foto Ilustrativa: Marchmeena29 by Get Images

Essas promessas surgem pela mesma lógica que estimula as pessoas a começarem uma dieta na segunda-feira. Para muitos, essa hora da virada é o momento que poderão se organizar para estabelecer a mudança, renovar seus sentimentos, aumentar sua disposição em cumprir as metas estabelecidas, retomar propósitos ou criar novos e mesmo abandonar o que avaliam que não foi bom no ano que termina. Richard Wiseman, psicólogo britânico, realizou uma pesquisa em 2007 e mostrou que pouco mais de 10% das pessoas cumprem suas promessas de fim de ano.

Outro fenômeno que desponta nesta época, sobretudo na mídia, são os denominados "gurus" das mais variadas denominações, formações e integridades. Pessoas que fazem previsões, apontam metas e dão respostas simples e mágicas para entender tudo e responder tudo. Muitos exploram o desespero das pessoas que querem soluções rápidas, mágicas e certamente positivas. Basta estarmos atentos às TVs, sobretudo no dia 31 de dezembro, para percebermos o aumento das consultas aos búzios, cartas, oráculos, crescimento nas vendas de livros de autoajuda etc. Isso sem contar os desejos feitos nessas datas que, presos às diversas simpatias, fazem desabrochar as esperanças, pelo menos, nas primeiras semanas do ano e, para muitos murcham logo depois.

O que leva as muitas promessas ao fracasso? Promessas em vão? Comprometemo-nos e não cumprimos, porque somos fracos, sem força de vontade, frágeis seres à mercê de hábitos mais fortes, vítimas de nós mesmos, de nossa estrutura de pessoa, de um passado que nos condena? Devemos, então, deixar de lado nossos planos e promessas de ano novo e continuar a fazer do mesmo jeito, ou permanecer na passividade de quem espera o trem, parado com sua mala na estação? Não devemos fazer nada de diferente e ficar esperando que as coisas mudem de direção por si mesmas?

Esperança humana

A esperança tem seu enraizamento antropológico e é vivenciada como experiência de base da existência humana, pessoal, comunitária e coletiva. A esperança emerge, antes de tudo, como o dinamismo da vida. O enraizamento profundo da esperança no próprio elã vital inconsciente ou pré-consciente dá ao ser humano uma força e uma significação muito especiais. Ela é vivida antes de ser conhecida. Nutrir e reforçar a esperança é, antes de mais nada, oferecer bases e condições concretas de viver.

Em sua realização propriamente humana, a esperança vem ao encontro da pessoa que é um feixe vivo de desejos e projetos. Seu ponto mesmo de inserção é o ser humano, como capacidade de êxito e fracasso. O indivíduo, o casal, a família, a sociedade em todas as suas formas, são regidos por esta lei absoluta e imanente. Tudo e todos aspiram pelo êxito e têm horror ao fracasso. Esta lei se estende, simultânea e conjuntamente, ao plano inconsciente, pré-consciente e consciente.


É verdade que, no horizonte da esperança, há incertezas e temores, mas é verdade também que, no horizonte da esperança, há o ousar, a aventura. E também, como afirma Emmanuel Mounier: "Um homem sem esperança reinventa sempre qualquer esperança". Gabriel Marcel ressaltava que quem vive a vida como uma rotina é "um desesperado que nem mesmo sabe que é desesperado". A esperança precisa ser vista no contexto da vida humana total. "Onde há vida, há esperança", diz o adágio popular! A esperança é, porém, para muitos, a força fundamental e primária que estimula e impulsiona toda atividade humana. Erich Fromm compara a esperança ao salto do tigre em direção ao seu objetivo. Esperar, pois, é um estado do ser, uma capacidade inata de sonhar e realizar o sonho. A esperança de ser feliz é a tendência fundamental do agir humano que o faz ser mais, abrir-se ao próximo, superar o egoísmo e a avidez.

Com tudo isso, afirmamos que não é um mal fazer promessas no início do ano, assumir propósitos, estabelecer metas, fazer projetos. É próprio do ser humano a esperança, o estabelecer projetos. O problema está no uso dos meios errados, falsos, ilusórios e mesmo de superstições como formas de conhecer o futuro e criar projetos. A superstição, crença ou prática, que geralmente se considera irracional ou resultado da ignorância e do medo do desconhecido, implica em crença nas forças invisíveis sobre as quais acredita ser possível influir.

A esperança cristã e um futuro melhor

"Amarás ao Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento". Este mandamento convida o homem a crer em Deus, a esperar n'Ele e a amá-Lo acima de tudo. O homem tem o dever de cultuar e adorar Deus, tanto individualmente quanto em sociedade, portanto, "a superstição é um desvio do culto que rendemos ao verdadeiro Deus, demonstrando-se na idolatria, na adivinhação e na magia" (CIC, nº 2138).

A esperança cristã é vivida na oração, na virtude da paciência e na prática da caridade. O agir cristão é todo esperança, pois busca o fim último do homem em Deus. Esperar, para o cristão, nunca foi um acomodar-se. A esperança cristã possui um caráter de confiança em Deus que inclui um desejo e uma tendência em direção ao futuro. A experiência momentânea não pode ser o único fundamento de uma teologia cristã da esperança.

Toda esperança se apoia na convicção de que é possível alcançar o objeto esperado. Na esperança humana, o fundamento dessa convicção são as forças humanas e a crença na bondade fundamental dos seres. No homem religioso, isso se transforma na crença numa Providência Divina, em um Deus que se revelou como Pai e quer o bem de seus filhos. O cristão não busca respostas ou iluminações em objetos, superstições ou falsos "gurus", mas é na Palavra de Deus que encontra luz para o futuro e forças para caminhar.

Iluminar corações e mentes com a Boa Notícia da Salvação é essencial para que todos possam compreender que a esperança humana – os anseios mais profundos do homem – se realizam, de modo definitivo, na esperança cristã. A comunidade cristã pode, finalmente, dar sentido às cruzes e aos sofrimentos do homem contemporâneo, pois ela própria sabe que sua esperança repousa na cruz e na ressurreição do seu Senhor. Sem grandes ilusões, mas também sem pessimismo exagerado e sem desespero, enfrentemos cada ano novo como quem crê nos bons e quem não tem medo dos maus. Que cada ano novo nos encontre como encontrou os outros cristãos desde o ano primeiro da nossa era.  Esperando dias melhores e fazendo os dias melhores!



Padre Mário Marcelo

Mestre em zootecnia pela Universidade Federal de Lavras (MG), padre Mário é também licenciado em Filosofia pela Fundação Educacional de Brusque (SC) e bacharel em Teologia pela PUC-RJ. Mestre em Teologia Prática pelo Centro Universitário Assunção (SP). Doutor em Teologia Moral pela Academia Alfonsiana de Roma/Itália. O sacerdote é autor e assessor na área de Bioética e Teologia Moral; além de professor da Faculdade Dehoniana em Taubaté (SP). Membro da Sociedade Brasileira de Teologia Moral e da Sociedade Brasileira de Bioética.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/ano-novo/e-promessas-ou-re-promessas-de-inicio-de-ano/

28 de dezembro de 2018

O que me levará à salvação: fé ou obras?

A fé e as obras são vindas de Deus

Na história cristã, existe este duplo caminho: o da fé e o das obras. E não é por menos que existe a preocupação se seremos salvos pela nossa fé ou pelas nossas obras, pois foram nada mais nada menos que São Paulo e São Tiago que trouxeram essas posições tão necessárias para o cristianismo. Vamos compreender, neste artigo, que tanto a fé quanto as obras procedem de Deus.

São Paulo, na sua carta aos Efésios 2,8-9, escreve assim: "É pela graça que fostes salvos, mediante a fé. E isso não vem de vós: é dom de Deus! Não vem das obras, de modo que ninguém pode se gloriar". Nessa passagem, o apóstolo coloca a fé como o fundamental para a salvação de todo cristão, e ainda escreve como dom de Deus, para que ninguém corra o risco de rogar para si os méritos de sua salvação.

O que me levará à salvação fé ou obras

Foto llustrativa: Andréia Britta/cancaonova.com

São Tiago, ao contrário de Paulo, concebe o seguinte na carta de Tiago 2,14: "Meus irmãos, de que adianta alguém dizer que tem fé quando não tem as obras? A fé seria capaz de salvá-lo?". Com isso, São Tiago destaca a ação como necessária para se alcançar a salvação. Ele chega a alegar que a fé sem obras é morta.

A voz do Pastor

Trago a você, amigo leitor, o ensinamento que o Papa Emérito Bento XVI apresentou para a Igreja durante o seu pontificado no ano de 2008. Na audiência geral, em 26 de novembro, Bento XVI faz referência, nessa audiência especificamente, ao que o Papa chama de "mal-entendido" neste duplo entendimento entre fé e obras. Ele nos orienta para não cairmos no mesmo engano de pensar que existe uma contradição entre elas.

Papa Bento XVI, antes mesmo de tratar do tema fé e obras, faz referência à Encíclica Deus caritas est (Deus é amor), lembrando aos cristãos que, no amor recíproco entre os homens, encarna-se o amor de Deus e de Cristo por meio do Espírito Santo. Com isso, o Papa quer deixar claro que, justificados pelo dom da fé em Cristo, somos chamados a viver o amor de Cristo no próximo.

Com essa orientação, conseguimos interpretar que a fé e o amor podem ser entendidos como molas propulsoras para as nossas ações. Se as nossas obras não tiverem como pano de fundo o amor a Cristo e a fé em Deus, pode ser obras não de salvação, mas de perdição.

Encarnar a fé

Um dos perigos, no tempo de Jesus e também no dias atuais, é uma fé desencarnada. Na mesma audiência geral, o Papa escreve: "São desastrosas as consequências de uma fé que não encarna no amor, porque se reduz ao arbítrio e ao subjetivismo mais nocivo para nós e para os irmãos. Por isso, precisamos da fé traduzidas em obras e digo mais, em obras de amor ao nosso próximo.

Sem a vivência de uma fé encarnada podemos perguntar nos apropriando das palavras de São Tiago: existe algum proveito na fé sem obras? Porém, notamos que a contradição não pode existir, mas sim uma completude, nem somente a fé nem somente as obras.


O erro farisaico e legalista

Consideremos, agora, a exortação feita por Jesus, quando corrigindo os fariseus por eles apenas ficarem nas ações sem ter o amor como causa de suas ações. No Evangelho de São Lucas 11,42: "Ai de vós, fariseus, porque pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as outras ervas, mas deixais de lado a justiça e o amor de Deus". Como vimos anteriormente, o amor a Deus é também amor aos irmão e precisa ser externalizados pelas ações.

O que Jesus reivindicava aos fariseus e mestres da Lei não era o fato de eles realizarem a observação dos preceitos, como o pagamento do dízimo, mas porque a Lei não estava sendo encarnada em obras na vida dos que mais necessitavam. Não podemos separar amor, obras e fé do cotidiano cristão.

Por Cristo no outro

A fé e as obras são as duas asas que capacitam todo cristão a herdar a salvação e alçar voos para configurar-se a Cristo. A fé justifica as obras, e as obras, por sua vez, dão testemunho da sua fé. São os frutos, as atitudes, e a vida de cada pessoa que tornará possível dizer: eis um autêntico cristão.

Encerro com o pedido do Papa Bento XVI: "Deixemo-nos, portanto, alcançar pela reconciliação, que Deus nos deu em Cristo, pelo amor "louco" de Deus por nós: nada nem ninguém jamais nos poderá separar do seu amor (cf. Rm 8, 39). Vivamos nesta certeza. É esta certeza que nos dá a força para vivermos concretamente a fé que realiza o amor".]



Fábio Nunes

Francisco Fábio Nunes
Natural de Fortaleza (CE), é missionário da Comunidade Canção Nova e candidato às Ordens Sacras. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP), Fábio Nunes é também Bacharelando em Teologia pela Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP) . Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, no Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/o-que-levara-salvacao-fe-ou-obras/

26 de dezembro de 2018

Devemos trabalhar por Jesus e manter sempre a fé n’Ele

Amigo internauta, chegamos ao último artigo desta série. Nela, tivemos a oportunidade de apresentar algumas das maiores lutas travada pelos cristãos; e as armas que estão à disposição deles para combater nessa guerra. Se, de alguma forma, esses artigos ajudaram você, não deixe de indicá-los a alguém.  No artigo anterior trabalharmos a importância de se ter uma "vida de sacramentos". Descobrimos que existe um sacramento para cada etapa da nossa vida. Eles são, ao mesmo tempo, alimento e remédio para cada um de nós. Neste artigo, trataremos do seguinte tema: "trabalhar por Jesus". Veremos a sua importância para a vida de fé.

Trabalhar por Jesus é um meio muito eficaz para o nosso fortalecimento na luta contra as tentações do inimigo. Nenhum soldado vai para a guerra sem estar fisicamente preparado. Certamente, ele faz uma boa preparação física antes de encarar o inimigo. Com base nesse pensamento proponho-me a fazer a seguinte analogia: se o soldado ganha músculos na academia, o cristão ganha resistência nos trabalhos próprios da Igreja.

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Foto Ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

O trabalho pode ser uma pedagogia de Deus para sua vida

Quero iniciar este artigo fazendo uma breve partilha de como Deus me fisgou por meio do trabalho. Certa vez, um amigo me convidou para acompanhá-lo em uma reunião que ele teria com alguns jovens da Igreja. Esse grupo estava organizando um Kairos na minha cidade. Eu, que não tinha proximidade com aquele grupo nem tinha planos de os ter, aceitei o convite.

Encurtando a história, entrei naquela reunião sem nenhum compromisso com as coisas de Deus e saí de lá cheio de responsabilidades. Dali para frente, acabei assumindo outros compromissos no grupo e na comunidade. Quando me dei conta, já estava envolvido em diversos trabalhos da paróquia e servindo no ministério de música do grupo de oração. Não posso negar que o "trabalhar por Jesus" foi de fundamental importância para minha vida e para a descoberta da minha vocação.

Posso testemunhar que, a partir daquela bendita reunião, a alegria entrou na minha vida. Com eles eu sorri, chorei, briguei, alegrei-me e amei. Com eles, eu encarei a chuva, o sol, o frio, o cansaço, a doença, a morte; e posso testemunhar: valeu a pena! Contudo, uma verdade precisa ser dita: não fui eu quem os escolhi por primeiro, Deus precedeu essa escolha. Hoje, o tempo se passou, e a distância em que me encontro deles não nos tona afastados. Os laços que criamos ainda estão vivos e latentes.

É Deus quem escolhe os nossos companheiros de Missão

Trabalhar por Jesus, como já afirmei, pode ser muito satisfatório e recompensador. O tamanho e a intensidade dessa gratificante experiência estão diretamente ligados à disposição do nosso coração em amar. Amar, afinal, a quem? O nosso próximo, quer dizer, todos aqueles a quem o próprio Senhor escolheu e colocou ao nosso lado. A escolha, na maioria das vezes, não é feita por nós, mas pelo próprio Jesus.

Na dinâmica de Deus, "escolhe-se amar", e não "a quem amar". Em outras palavras, precisamos fazer a opção pela ação de amar, sem colocar condições para isso. Amor que exige condição não é amor, é puro interesse. Diante dessa realidade, muitos até afirmam que "amar é uma decisão". Sem contrariar essa máxima, quero abrir uma nova perspectiva: amar é, antes de tudo, fruto de um amadurecimento humano-espiritual favorecido pela graça de Deus.

Chegamos ao ponto central de nosso artigo. Só se chega a esse amadurecimento por meio do "relacionar-se". Experimentar os próprios limites e os limites dos outros nos liberta dos nossos egoísmos. Isso se dá somente estando em relação.


O crescimento humano se dá na convivência com alguém que nos desinstala o tempo todo

Preciso ser bem honesto, trabalhar na messe de Deus, nunca foi e nunca será fácil! É uma tarefa enormemente árdua. Aqueles que já estão nessa aventura sabe muito bem a que me refiro. Toda essa dificuldade se dá em função da nossa humanidade ferida pelo pecado que nos dificulta no obedecer, no dobrar-se, no submeter-se.

Para alguns, se torna muito penoso conviver com o "mandão", aquele que dá ordem o tempo todo. Para outros, difícil mesmo é conviver com alguém exageradamente devagar, aquele que possui um tempo interno diferente dos demais. O que dizer dos mais escorregadios que tentam dar "jeitinhos" para não se comprometer? Tem também os que, de tão comprometidos, centralizam todo o trabalho e impedem o bom andamento das atividades. Na realidade de Igreja existem todas essas pessoas e muito mais.

Antes que você desista de reservar um tempo de sua vida para colaborar nos trabalhos da Igreja, quero afirmar que existem pessoas maravilhosas trabalhando na messe de Deus. Encontramos pessoas generosas, altruístas, que nos ensinam a arte de viver. Ganhamos novos pais, irmãos, amigos, tios. Conheço muitos que encontram até mesmo seus cônjuges na lida de Deus e formam lindas e santas famílias.

O crescimento espiritual acontece quando entendemos que as cruzes não são males

Trabalhar para Deus, seja qual for a atividade, exercita a nossa perseverança e paciência, ajuda-nos a dar passos em direção à resiliência. Não é por acaso que o Evangelho de Mateus apresenta uma fala de Jesus a Seus discípulos: "se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me (cf. Mt.16,24).

O sinal do cristão, aliás, é a cruz. Certa vez, Papa Francisco enfatizou que não pode haver vida cristã sem a presença da Cruz. Desde os primeiros séculos do cristianismo, a cruz esteve presente na vida daqueles que se propunham seguir "o caminho" (assim era chamado o cristianismo nos seus inícios).

Ser cristão, portanto, significava correr riscos, ter a espada sempre próxima ao pescoço. Na Igreja antiga, todo cristão era missionário e empenhado em testemunhar a própria e a identidade de cristão. Se, na igreja primitiva era assim, por que não haveria de ser nos dias de hoje? Não estaríamos muito molengas e acomodados?

O que fez com que os primeiros cristãos permanecessem firmes na fé não foi somente a experiência de Deus, mas o fato não terem deixado essa experiência morrer com o passar do tempo. A experiência que fazemos com Deus precisa ser fomentada, alimentada a cada dia, repito, todos os dias. Colabore na missão de evangelização e o beneficiado será você.

Dizer que não sabe como ajudar é desculpa

Na sua comunidade, na sua paróquia, na sua diocese, existe um lugar preparado para que você. Compartilhe os dons que você recebeu de Deus. É uma grande falta dizer que não possui dons, afinal, ninguém nasceu sem eles. É colocando-se à disposição que você descobrirá novos dons e aprimorará outros. Além disso, colocar-se à disposição de Deus para o trabalho é um "tapa na cara" do inimigo.

Com este artigo, encerramos esta série de oitos artigos. Espero que eles possam tê-lo ajudado de alguma forma.

Deus abençoe você. Até a próxima!



Gleidson Carvalho

Gleidson de Souza Carvalho é natural de Valença (RJ), mas viveu parte de sua vida em Piraúba (MG). Hoje, ele é missionário da Comunidade Canção Nova, candidato às ordens sacras, licenciado em Filosofia e bacharelando em Teologia, ambos pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP). Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, na Liturgia do Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários. Apresenta, com os demais seminaristas, o "Terço em Família" pela Rádio Canção Nova AM. (Instagram: @cngleidson)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/academia-soldado-cristao-trabalhar-por-jesus/

24 de dezembro de 2018

O ventre da Virgem Maria é a porta de acesso ao céu

A Virgem Maria nos aproxima de Jesus e dos seus ensinamentos

Caro internauta, logo no primeiro capítulo do Evangelho de São Lucas, encontramos a magnífica narrativa do anúncio mais importante que já poderia ter existido. Trata-se do anúncio do nascimento de Jesus. Narra o texto que o anjo Gabriel foi enviado, por Deus, até a pequena cidade de Nazaré a uma virgem que estava prometida em casamento a um homem chamado José. O anjo se colocou na presença daquela jovem e disse: "Alegra-te cheia de graça! […]. Conceberás e darás à luz a um filho, e lhe porás o nome de Jesus" (cf. Lc. 1, 28.31).

Foi ou não foi o maior e mais importante anúncio que o mundo pôde testemunhar? Esse anúncio do Anjo Gabriel, que se deu na nossa história, fez com que a Virgem Maria ficasse grávida do próprio Filho do Deus Altíssimo. Realizou-se, naquele momento, aquilo que fora profetizado por inúmeros profetas veterotestamentários, a saber, o Mistério da Encarnação.

O ventre da Virgem Maria é a porta de acesso ao céu

A Mãe do Salvador

A partir desse anúncio do anjo Gabriel à Virgem Maria a humanidade tomou conhecimento de uma grande novidade: Deus é Pai, ou seja, Ele possui um Filho e o amor entre Eles é o Espírito Santo. A esse respeito, Santo Agostinho afirma que o Espírito Santo é um ato de amor que o Pai e o Filho têm em comum. Ato esse pelo qual se amam reciprocamente, quer dizer, o amor une o amante ao amado.

O anúncio do Anjo Gabriel, portanto, nos deu a consciência da existência da Santíssima Trindade. Até então se sabia que Deus existia, mas não se sabia desveladamente que esse único Deus era, também, trino. O véu se rasgou! Os nossos olhos e a nossa consciência se abriram! A Virgem Maria foi a primeira pessoa a conhecer essa luminosa verdade. Por meio do Anjo, Deus Pai anunciou o nascimento do Filho que foi gerado no ventre de Maria por obra do Espírito Santo (cf. Lc. 1, 35).

Aquilo que se realizou "na" e "com" a Virgem Maria é, de certa forma, a prefiguração daquilo que iremos contemplar, um dia, no céu. Lá, iremos contemplar a Deus Pai que gera o Filho no amor do Espírito Santo.


Maria nos aproxima de Deus

Nessa perspectiva, caro internauta, penso que poderíamos afirmar, sem que tal afirmação seja caracterizada como uma hipérbole, que o ventre da Virgem Maria não apenas representa o ambiente celeste, mas trata-se propriamente do céu. Além disso, o ventre de Maria é a porta que permitiu que cada um de nós tivesse a possibilidade de acesso a Deus.

Por causa do "sim" dessa grande mulher o que era temporal foi alargado pelo que era eterno. Dessa forma, celebrar o nascimento de Jesus é celebrar o céu que se fez presente aqui na terra. Podemos, então, afirmar: fomos visitados pelo céu e esse mesmo céu está aberto para nós. É por esse motivo que a Virgem Maria é a "cheia de graça".

Podemos, assim, exclamar: "Gloria in excelsis Deo!", glória a Deus nas alturas!, glória a Deus no mais alto dos céus!.

Deus abençoe você e até a próxima!



Gleidson Carvalho

Gleidson de Souza Carvalho é natural de Valença (RJ), mas viveu parte de sua vida em Piraúba (MG). Hoje, ele é missionário da Comunidade Canção Nova, candidato às ordens sacras, licenciado em Filosofia e bacharelando em Teologia, ambos pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP). Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, na Liturgia do Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários. Apresenta, com os demais seminaristas, o "Terço em Família" pela Rádio Canção Nova AM. (Instagram: @cngleidson)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/devocao-nossa-senhora/o-ventre-da-virgem-maria-e-porta-de-acesso-ao-ceu/

21 de dezembro de 2018

Deus faz o possível para revelar Seu amor por nós

Não se afaste de Deus, e sim experimente Seu amor

Quando estamos distantes de alguém ou de algum objeto, geralmente pedimos para alguém chamar a pessoa ou alcançar o objeto para nós, isso quando não vamos nós mesmos ao seu encontro. Na história da salvação, podemos dizer que mesmo estando o homem distante de Deus (cf. Gn 3). Este sempre o alcançava por meio dos profetas, até que o Senhor, pessoalmente, veio ao seu encontro e revelou Seu amor de Pai.

Em Romanos 8,15, Paulo mostra que nossa relação com Deus não pode ser de escravidão, mas de filhos, porque recebemos o espírito de Aba Pai. Podemos contemplar o amor dos pais para com Seus filhos, e percebemos até mesmo o sacrifício de amor que muitos deles fazem para seus filhos e para que a família tenha harmonia. É belo, mas se comparado ao amor de Deus, torna-se pequeno. O Catecismo da Igreja Católica afirma que "a linguagem da fé se inspira, assim, na experiência humana dos pais (genitores), que são, de certo modo, os primeiros representantes de Deus para o homem. Essa experiência humana, no entanto, ensina também que os pais humanos são falíveis e podem desfigurar o rosto da paternidade e da maternidade. Convém, então, lembrar que Deus transcende a distinção humana dos sexos. Ele não é nem homem nem mulher, é Deus. Transcende também a paternidade e a maternidade humanas, embora seja a sua origem e a medida: ninguém é pai como Deus o é." (239)

Deus faz o possível para revelar Seu amor por nós

Foto Ilustrativa: Andréia Britta/cancaonova.com

O amor de Deus

Embora supere, podemos pensar para compreendermos que o amor de Deus é paterno e materno. Significa que seu amor paterno nos dá segurança, proteção e nos coloca numa atitude de superação. Já seu amor materno é carinhoso, acolhedor e sabemos que jamais nos abandona apesar dos nossos erros. Ele sabe a medida certa para cada um de nós, porque Ele é amor e nos precede. Em 1 Jo 4,10 encontramos: "Nisso consiste o amor: não fomos nós que amamos Deus, mas é ele que nos amou."

O rosto desse Deus, que é Pai das misericórdias, é Jesus. Ele é a voz inteira da Escritura quando diz: o Pai vos ama! (Jo 16, 27). Ele veio para salvar o homem do pecado, mas, sobretudo, para revelar o Pai. Santo Afonso Maria de Ligório diz que Cristo podia nos redimir sem passar pela cruz. Por que o fez? Para mostrar seu amor: Amou-nos e se entregou por nós. Ele diz que Cristo não via a hora de dar a última prova do seu amor, morrendo na cruz, consumido de dores. Se olharmos para o filme Paixão de Cristo, podemos perceber a determinação na doação de Jesus. Ele é a manifestação do amor do Pai.


Volte para perto do Senhor

Sendo assim, independentemente dos nossos pecados, o Pai nos alcança; e se temos a coragem de abrir as páginas, seu amor escreve uma nova história em nossa vida. Quem ama deseja estar perto, e o Pai deseja ser próximo do homem, morar no seu coração. Ele não poupa esforços para nos mostrar seu amor (Rom 8, 32). Por isso, mesmo como filhos pródigos, se arrependidos, podemos voltar para casa, porque somos alcançados pelo Pai.



Ricardo Cordeiro

Ricardo é membro da Comunidade Canção Nova. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP).  Bacharelando em Teologia pela Faculdade Dehoniana, Taubaté (SP) e pós-graduando em Bioética pela Faculdade Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/deus-faz-o-possivel-para-revelar-o-seu-amor-por-nos/