10 de agosto de 2018

A força da moral católica

A moral católica não muda ao sabor da vontade dos homens, porque a Verdade não muda, seja ela qual for

A moral católica é a base do comportamento do cristão, segundo a fé que ele professa recebida de Cristo e dos apóstolos. No Sermão da Montanha, Jesus estabeleceu a "Constituição" do Reino de Deus, e, em todo o Evangelho, nos ensina a viver conforme a vontade d'Ele.

Para quem vive pela fé, a moral cristã não é uma cadeia; é, antes, um caminho de vida plena e felicidade. Deus não nos teria deixado um código de moral se isso não fosse imprescindível para sermos felizes. As leis morais podem ser comparadas às setas de trânsito, que guiam os motoristas, especialmente em estradas perigosas, de muitas curvas, neblinas e lombadas. Se o motorista as desrespeitar, poderá pagar com a própria vida e com as dos outros.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida / cancaonova.com

Para crer nisso e viver com alegria a moral, é preciso ter fé, acreditar em Deus e no Seu amor por nós; e acreditar na Igreja Católica como porta-voz de Jesus Cristo. É preciso ser guiado pelo Espírito Santo.

Igreja Católica, sacramento universal da salvação

Cristo nos fala pelo Evangelho e pela Igreja. Ele a instituiu sobre Pedro e os apóstolos, para ser a nossa mãe, guia e mestra. Jesus disse aos apóstolos: "Quem vos ouve, a Mim ouve; quem vos rejeita, a Mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita Aquele que me enviou" (Lc 10,16).

Cristo concedeu à Igreja parte de Sua infalibilidade em matéria de doutrina (fé e moral), porque isso é necessário para a nossa salvação; e instituiu a Igreja para nos levar à salvação. Por isso, o Senhor não pode deixar que a Igreja erre em coisas essenciais à nossa salvação. O Concílio Vaticano II disse: "a Igreja é o sacramento universal da salvação" (LG,4). É por ela que Jesus continua a salvar os homens de todos os tempos e lugares por meio dos Sacramentos e da Verdade que ensina. São Paulo disse a São Timóteo que "a Igreja é a coluna e o fundamento (alicerce) da verdade" (cf. 1 Tm 3,15) e que "Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da Verdade" (cf. 1 Tm 2, 4). Essa "verdade que salva" Deus confiou à Igreja para guardar cuidadosamente, e ela faz isso há vinte séculos. Enfrentou muitas heresias e cismas, muitas críticas dos homens e mulheres sem fé, especialmente em nossos dias, mas a Igreja não trai Jesus Cristo.

Cristo está permanentemente na Igreja: "Eis que estou convosco todos os dias até o fim do mundo" (Mt 28,20). E ela sabe que embora os seus filhos sejam pecadores, ela não pode errar o caminho da salvação e da verdade.

Na Última Ceia, o Senhor prometeu à Igreja (Pedro e os Apóstolos), no Cenáculo, que ela conheceria a verdade plena: "Ainda tenho muitas coisas para lhes dizer, mas vocês não estão preparados para ouvir agora; mas quando vier o Espírito Santo, ensinar-vos-á toda a verdade" (Jo 16,12-13).

Ao longo dos vinte séculos, o Espírito Santo foi ensinando à Igreja esta verdade, através dos santos, dos Papas, dos Santos Padres.

Se Cristo não concedesse à Igreja a infalibilidade em termos de doutrina (fé e moral) de nada valeria ter-lhe confiado o Evangelho, pois os homens o interpretam de muitas maneiras diferentes e criaram muitas outras "igrejas", sem o Seu consentimento, para aplicarem a verdade conforme o "seu" entendimento e não conforme o entendimento da Igreja deixada por Ele. A multiplicação das milhares de igrejas cristãs e de seitas é a consequência do esfacelamento da única Verdade que Jesus confiou ao Sagrado Magistério da Igreja (Papa e Bispos em comunhão com ele) para guardar e ensinar a todos os povos.

A Igreja continua firme e forte

Além de confiar à Igreja a Verdade eterna, Cristo lhe garantiu a vitória contra todos os seus inimigos. Disse a Pedro: "As portas do inferno jamais a vencerão" (Mt 16,17).

Já se passaram vinte séculos, inúmeras perseguições (império romano, nazismo, comunismo, fascismo, ateísmo), e a Igreja continua mais firme e forte do que nunca. Quanto mais é perseguida, tanto mais corajosa se torna; quanto mais apanha, tanto mais se fortalece; quanto mais é caluniada, tanto mais sábia se torna.


Tertuliano de Cartago (+220), um dos apologetas da Igreja, escreveu ao Imperador Romano da época, Antonino Pio, o qual perseguia os cristãos, dizendo-lhe que não adiantava os perseguir nem os matar, porque "o sangue dos mártires é semente de novos cristãos". O império romano desabou, o comunismo sucumbiu, o nazismo acabou, mas a Igreja continua mais firme do que nunca! Nenhum chefe de Estado tem tantos embaixadores (Núncios Apostólicos) em outros países como o Vaticano; são cerca de 180.

O mundo chama, hoje, a Igreja Católica de obscurantista, retrógrada, etc., por ela ser fiel a Jesus, mas ela não se curva diante do pecado do mundo moderno, da mesma forma que não se curvou diante dos carrascos dos seus mártires.

A Igreja não busca a glória dos homens, mas somente a glória de Deus, por isso não se intimida nem desanima diante das ameaças dos infiéis. Ainda que ela fique sozinha, não negará a verdade do seu Senhor.

A moral católica não é uma moral provisória

A moral católica não muda ao sabor da vontade dos homens, nem com o passar do tempo, porque a Verdade não muda, seja ela qual for. O teorema de Pitágoras e o princípio do empuxo, de Arquimedes, são os mesmos que esses gregos descobriram vários séculos antes de Cristo. A verdade que foi revogada, nunca foi verdade; pois a verdade, de fato, não pode mudar. Cristo não nos deixou uma moral transitória, passageira, provisória. Não! Ele nos deixou uma Verdade eterna. Ele mesmo é a Verdade.

As questões morais não dependem da "opinião da maioria" nem se alteram com os avanços científicos. A moral é que deve dizer quais descobertas da Ciência são válidas para o progresso do homem, e não o contrário. Uma lei moral não se torna lícita só porque é aprovada pelo Governo ou pelo Parlamento.

Muitas vezes, a confusão moral e os erros são cometidos por causa de uma incompreensão insuficiente dessas questões. A Igreja, de sua parte, examina com profundidade as questões morais, olhando não apenas o conforto do homem, mas, principalmente, a sua dignidade humana.

Diante das leis que não estão de acordo com a moral católica, os fiéis precisam se manifestar com viva voz, porque, se ficarmos calados e submissos, em breve, poderemos ter em nosso país muitas leis imorais. Já aprovaram o divórcio, a manipulação e a morte de embriões (vidas humanas!). Em breve, poderão aprovar o aborto, a eutanásia.

Papa Leão XIII disse que "a audácia dos maus se alimenta da covardia e omissão dos bons". Não podemos mais viver um catolicismo de sacristia; a maioria do povo brasileiro é católica (cerca de 73%) e tem direito de viver em um país com leis católicas, mas isso só acontecerá se fizermos isso acontecer. Jesus já tinha avisado que "os filhos das trevas são mais espertos que os filhos da luz".



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/a-forca-da-moral-catolica/

8 de agosto de 2018

Será que mudar de profissão pode ser um bom negócio?

A escolha de uma profissão e a construção de uma carreira nem sempre são ações definitivas

Sílvio Santos, um dos comunicadores de maior prestígio no Brasil, foi comerciante antes de se tornar empresário no ramo da comunicação. Sebastião Salgado, fotógrafo conhecido mundialmente, deixou a profissão de economista para se dedicar a um universo que antes era apenas diversão na vida dele. Esses exemplos mostram que a escolha de uma profissão e a construção de uma carreira nem sempre são ações definitivas. Mudanças profissionais precisam acontecer para quem está insatisfeito e em busca de oportunidades. A grande dúvida, que incomoda as pessoas, é definir o momento certo de romper com o antigo e partir para um desafio incomum.

Será que mudar de profissão pode ser um bom negócio?

Foto ilustrativa: adrian825 by GettyImages

Especialistas em recursos humanos e gestão de pessoas aconselham o indivíduo a fazer uma avaliação da atual situação que enfrenta no trabalho. Caso perceba que parou de aprender e está mergulhado numa repetição de tarefas, sem evoluir e com baixas perspectivas de crescimento, então é chegada a hora de ampliar os rumos, buscar uma nova atividade.

É preciso ação e vontade!

Sair da zona de conforto, onde o salário que recebe é suficiente para pagar as contas, e se arriscar requer coragem. Há mitos que prendem a evolução como: eu não tenho mais idade para isso, não quero arrumar problemas para minha cabeça ou para homem é mais difícil. Ninguém melhor que a pessoa que sofre para tomar essa decisão.

Enfrentar o incerto é mais prazeroso do que ficar na morosidade, fazendo as tarefas por obrigação, sem vontade de levantar da cama para ir ao trabalho. As consequências de não agir diante da insatisfação são o surgimento de doenças psicossomáticas, tarefas mal feitas e problemas de relacionamento no local de trabalho. A apatia desenvolvida passa a afetar também colegas e familiares.


A transformação começa quando a pessoa incomodada se conscientiza de que precisa fazer algo. O processo de tomada de decisão não é curto nem pode ser impulsivo. Buscar uma atividade complementar auxilia neste período. Paralelo ao trabalho fixo que desenvolve, procure fazer algo secundário. Vender doces, artesanatos, cosméticos, ser voluntário em alguma instituição são ações que ajudarão a se descobrir em outras habilidades.

Querer o melhor, ter prazer em fazer parte de uma equipe de sucesso não pode ser considerado um sonho inatingível. A mudança está em você, não nos outros. Existem infinitas opções para quem está disposto a trabalhar com afinco e responsabilidade. É preciso ação e vontade. Comece a se preparar.



Ioná Piva

Atualmente é professora da Faculdade Canção Nova (Jornalismo e Rádio e Televisão). Mestre  em Comunicação Social pela  linha de pesquisa  Inovações Tecnológicas na Comunicação Contemporânea


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/profissao/sera-que-mudar-de-profissao-pode-ser-um-bom-negocio/

6 de agosto de 2018

Qual atitude o nosso Senhor Jesus espera de você?

O Senhor nos aponta a vivência da humildade

Meus caros, contextualizando-nos com a Palavra do Senhor: "Nestes dias, que são os últimos" (Hb 1,2), podemos compreender melhor o que Jesus vem falar aos discípulos desse nosso tempo. Os quais são chamados a cultivar características fundamentais que remetem ao estilo de vida e missão do próprio Mestre, Salvador e Senhor.

Percebermos, na revelação de Jesus, a verdade que liberta! Palavra que tem o poder de nos salvar de toda e qualquer ilusão. Tem o poder de nos salvar do triunfalismo e "joios semeados", constantemente, no campo deste mundo. E, já sabemos quem é o grande e mau semeador de todas as espécies de vícios.

Foto ilustrativa: Paula Dizaró / cancaonova.com

Voltando ao Bom Semeador, a Palavra nos releva, de diferentes formas, que Ele nos quer participantes ativos de Sua evangelização, sempre antiga e nova. E, também, perseverantes em todas as circunstâncias, inclusive nas mais exigentes que podem se apresentar a qualquer momento do nosso dia. Isso não significa que temos a capacidade de nos proteger completamente, ou seja, nos autossalvarmos. Pelo contrário, o Senhor nos aponta a vivência da humildade que precisa nos ajudar a nos percebermos "como ovelhas no meio de lobos".

É assim que Ele nos envia, como seres vulneráveis e necessitados de guias, ou seja, necessitados de um Bom Pastor, que também é Bom Semeador. Para esboçarmos um Mundo Novo, a Palavra também nos promete o Espírito Santo, capaz de nos exercitar em qualidades. Essas nos diferenciarão sempre daqueles destiladores ou semeadores dos venenos, próprios dos espertos de um mundo feito na mentira.

Não há verdadeiro discípulo sem um relacionamento com o Pai

O Senhor nos quer "prudentes como as serpentes e simples como as pombas". O Paráclito prometido por Jesus (cf. Jo 16) é como o cajado do Bom Pastor a nos auxiliar no deserto desta vida, num caminho ladeado por perigos. O cristão vive desta esperança e experiência já expressada pelo salmista: "Ele faz descansar em verdes prados, em águas tranquilas me conduz. Restaura as minhas forças, guia-me pelo caminho certo, por amor do seu nome" (Sl 23,2-3).

Como pensarmos em tranquilidade diante de um Evangelho tão dramático em várias partes? Jesus não aponta as hostilidades que acompanham e seguem os discípulos verdadeiros nos espaços religiosos, familiares e sociais? É verdade! Mas, com o assemelhar-se radical a Cristo, vem a certeza da presença e salvação experimentada por aquele ou aquela que viveu o nome e por Ele sofreu. "Vós sereis odiados por todos, por causa do meu nome. Mas, quem perseverar até o fim, esse será salvo."

Por isso, não há verdadeiro discípulo sem um relacionamento crescente e crente com o Pai, pelo Filho (Mediador) e no Espírito Santo. Com Deus desejaremos, cada vez mais, as pastagens eternas da Casa do Pai; e deixaremos o Bom Pastor nos conduzir numa vida de Igreja peregrina. Assim, teremos a certeza de que temos a nossa disposição e, em nós, a Água Viva do Espírito. Ela nos reconforta e inspira: "Então, naquele momento, vos será indicado o que deveis dizer. Com efeito, não sereis vós que havereis de falar, mas sim o Espírito do vosso Pai é que falará através de vós".

O mundo novo virá!

Tempos atrás, ouvindo um bispo ameaçado de morte, ele testemunhava sobre a perseguição do pensamento de morte por assassinato. Falava do quanto que o Espírito Santo não o deixava se angustiar perante essa possibilidade. Pelo contrário, dizia que, se isso acontecer, seria o dia mais feliz de sua vida, pois o seu ministério sacerdotal estará completo. Porque o Bom Pastor dá a vida pelas Suas ovelhas!


Sinceramente, ao ouvi-lo, não desejei que isso acontecesse por meio de sua morte! Mas quem sou eu? No entanto, perante as exigências do Evangelho, do testemunho de muitos, ao longo da história da Igreja e na vida do próprio Jesus, não vejo um cristão em santidade que não admita essa possibilidade. Quem não se abre a um futuro e possível dom do martírio, possivelmente, no hoje, se fechará ao desejo e ação semelhante a Cristo, Bom Pastor e Bom Semeador.

Então, como nos apresentaremos naquele dia que não tarda? Como Cristo, profética e misteriosamente, anunciou: "Em verdade vos digo, vós não acabareis de percorrer as cidades de Israel, antes que venha o Filho do Homem". O tempo é breve, estamos nos últimos dias! É tempo de ser Igreja no mundo e para o mundo, pois o mundo novo virá!

Padre Fernando Santamaria

3 de agosto de 2018

A beleza da moral católica

Viver a moral católica é ser fiel a Jesus Cristo e a tudo o que Ele ensina por meio da Sua Igreja

A moral católica tem como objetivo levar o cristão à realização da sua vocação suprema, que é a santidade. Ela tem como objetivo dirigir o comportamento do homem para o seu fim supremo, que é Deus, o qual se revelou ao homem de modo especial em Jesus Cristo e Sua Igreja.

A moral vai além do Direito, que se baseia em leis humanas; mas nem sempre perscruta a consciência. Pode acontecer de alguém estar agindo de acordo com o Direito, mas não de acordo com a consciência. Nem tudo que é legal é moral. A moral cristã leva em conta que o pecado enfraqueceu a natureza humana e que ela precisa da graça de Deus para se libertar de suas tendências desregradas e viver de acordo com a vontade de Deus.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida / cancaonova.com

A moral cristã, portanto, e a religião estão intimamente ligadas, tendo como referência Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Ser cristão é viver em comunhão com Cristo, vivendo n'Ele, por Ele e para Ele. É de dentro do coração do cristão que nasce a vontade de viver a "Lei de Cristo", a moral cristã, e isso é obra do Espírito Santo. Não é um peso, mas uma libertação.

A moral cristã é uma resposta de amor

O comportamento do cristão é uma resposta ao amor de Deus. Dizia São João da Cruz que "amor só se paga com amor".

"Deus é amor" (1 Jo 4,16) e Ele "nos amou primeiro" (1 Jo 4,19).

Ninguém deve viver a Lei de Cristo por medo, mas por amor ao Senhor, que desceu do céu e imolou-se por cada um de nós. Nosso amor a Deus não deve ser o amor do escravo que lhe obedece por medo do castigo, nem do mercenário; que o obedece por amor ao dinheiro, mas sim o amor do filho que obedece ao pai simplesmente porque é amado por ele.

São Paulo dizia: "O amor de Cristo me constrange" (2 Cor 5,14).

Ninguém será verdadeiramente espiritual enquanto não viver a lei de Deus simplesmente por amor a Deus e não por medo de castigos.

Moral católica, caminho para a verdadeira felicidade

Por outro lado, devemos viver a lei de Deus porque ela é, de fato, o caminho para a nossa verdadeira felicidade. Ele nos ama e é Deus; não erra e não pode nos enganar; logo, sua Lei, é o melhor para nós.

Quem não obedece ao catálogo do projetista de uma máquina, acaba estragando-a; assim, quem não obedece a Lei de Deus acaba destruindo a sua maior obra, que é a pessoa humana.

A Lei de Cristo se resume em "amar a Deus e amar ao próximo como a si mesmo" (cf. Mt 22,37-40). Mas esse amor ao próximo não é apenas por uma questão de simpatia ou afinidade com ele, mas pelo exemplo de Cristo, que "nos amou quando ainda éramos pecadores", como disse São Paulo. Por isso, o cristão odeia o pecado, mas sempre ama o pecador. A Igreja ensina que não se deve impor a verdade sem caridade, mas também não se deve sacrificar a verdade em nome da caridade.

Deus sempre exigiu do povo escolhido, consagrado a Iahweh (cf. Dt 7,6; 14,2.21), a observância das Suas Leis, para que este povo fosse sempre feliz e abençoado.

"Observareis os mandamentos de Iahweh vosso Deus tais como vo-los prescrevo" (Dt 4,2).

"Iahweh é o único Deus. Observa os seus estatutos e seus mandamentos que eu hoje te ordeno, para que tudo corra bem a ti e aos teus filhos depois de ti, para que prolongues teus dias sobre a terra que Iahweh teu Deus te dará, para todo o sempre" (Dt 14,40).

Colocar Deus em primeiro lugar

Deus tem um grande ciúme do Seu povo, e não aceita que este deixe de cumprir Suas Leis para adorar os deuses pagãos.

"Eu, Iahweh teu Deus, sou um Deus ciumento…" (Dt 5,9).

O Apóstolo São Tiago, lembra-nos esse ciúme de Deus por cada um de nós ao dizer que: "Sois amados até ao ciúme pelo Espírito que habita em vós" (Tg 4,5).


Deus não aceita ser o segundo na nossa vida, Ele exige ser o primeiro, porque para Ele cada um de nós é o primeiro. Esse amor a Deus se manifesta exatamente na obediência aos mandamentos: "Andareis em todo o caminho que Iahweh vosso Deus vos ordenou, para que vivais, sendo felizes e prolongando os vossos dias na terra que ides conquistar" (Dt 5,33).

As bênçãos que Deus nos promete são abundantes: "Se de fato obedecerdes aos mandamentos que hoje vos ordeno, amando a Iahweh vosso Deus e servindo-o com todo o vosso coração e com toda a vossa alma, darei chuva para a vossa terra no tempo certo: chuvas de outono e de primavera. Poderás assim recolher teu trigo, teu vinho novo e teu óleo; darei erva no campo para o teu rebanho, de modo que poderás comer e ficar saciado" (Dt 11.13-15; Lv 26; Dt 28).

Jesus disse aos apóstolos: "Se me amais guardareis os meus mandamentos" (Jo 14,23). "Nem todo aquele que diz Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai" (Mt 7,21) .

O perigo da Ditadura do Relativismo

Papa emérito Bento XVI falou do perigo da "ditadura do relativismo". Na homilia que proferiu, na Missa que precedeu o início do Conclave que o elegeu, ele deixou claro as suas maiores preocupações:

"…que nos tornemos adultos em nossa fé. Não devemos permanecer crianças na fé, em estado de menoridade. Em que consiste sermos crianças na fé? Responde São Paulo: 'Significa sermos arrastados para lá e para cá por qualquer vento doutrinário'. Uma descrição muito atual! Quantos ventos doutrinários experimentamos nesses últimos decênios, quantas correntes ideológicas, quantos modos de pensamentos… O pequeno barco do pensamento de muitos cristãos se viu frequentemente agitado por essas ondas, arremessado de um extremo ao outro: do marxismo ao liberalismo, e até mesmo à libertinagem; do coletivismo ao individualismo radical; do agnosticismo ao sincretismo, e muito mais. A cada dia nascem novas seitas, e as palavras de São Paulo sobre a possibilidade de que a astúcia nos homens, seja causa de erros são confirmadas. Ter uma fé clara, de acordo com o Credo da Igreja, muitas vezes, foi rotulado como fundamentalista. Enquanto que o relativismo, ou seja, o "deixar-se levar" «guiados por qualquer vento de doutrina», parece ser a única atitude que está na moda. Vai-se construindo uma ditadura do relativismo que não reconhece nada como definitivo e que só deixa como última medida o próprio eu e suas vontades. Nós temos outra medida: o Filho de Deus, o verdadeiro homem. Ele é a medida do verdadeiro humanismo. «Adulta» não é uma fé que segue as ondas da moda e da última novidade; adulta e madura é uma fé profundamente arraigada na amizade com Cristo."

O relativismo religioso é aquele em que cada um faz a sua própria doutrina moral, e não mais segue os mandamentos dados por Deus. E quem não age segundo esta perversa óptica, é então menosprezado e chamado de retrógrado, obscurantista etc.

A Igreja nunca trairá o seu Senhor. Viver a moral católica é ser fiel a Jesus Cristo e a tudo o que Ele ensina por meio da sua Igreja.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/a-beleza-da-moral-catolica/

1 de agosto de 2018

Luz da Fé: Perseverar na fé

Peça a Deus a graça de perseverar numa fé que deve ser carregada pela esperança

Neste programa 'Luz da Fé', quero refletir com você sobre o número 162 do Catecismo da Igreja Católica, que nos ensina o seguinte:

A perseverança na fé

162. A fé é um dom gratuito que Deus concede ao homem. Podemos perder este dom inestimável. São Paulo alerta Timóteo sobre isso: "Combate… o bom combate, com fé e boa consciência; pois alguns, rejeitando a boa consciência, vieram a naufragar na fé" (1Tm 1,18-19). Para viver, crescer e perseverar até o fim na fé, devemos alimentá-la com a Palavra de Deus; devemos implorar ao Senhor que a aumente; ela deve "agir pela caridade" (Gl 5,6), ser carregada pela esperança e estar enraizada na fé da Igreja.

Foto ilustrativa: Luciano Camargo / cancaonova.com

A Igreja vem nos alertar para esse grande risco de perdermos esse presente que Deus nos concede, que é a fé. Ao longo da nossa caminhada, podemos nos recordar daqueles que, infelizmente, já não estão mais conosco no serviço ao Reino: irmãos e irmãs que, atualmente, não participam da Igreja, não vão mais à Santa Missa, ao Grupo de Oração, que já não servem mais naquela determinada pastoral. Muitas vezes, isso acontece por causa de um esfriamento na própria fé. Por meio disso, a pessoa acaba por largar tudo, abandonar a caminhada com Cristo e voltar à vida velha.

Esse é um risco terrível que corremos? É evidente que sim! Por isso a necessidade de perseverarmos na fé.

Eu tive a oportunidade de pregar um encontro na minha cidade natal, Santos (SP), exatamente na paróquia da qual eu fazia parte antes de ingressar na Comunidade Canção Nova. Ali, o meu coração se encheu de alegria, pois reencontrei irmãos e irmãs na fé, os quais, há 21 anos, eu deixei por causa do meu chamado. Eles estavam ali, perseverantes na fé, servindo a Deus na comunidade paroquial. Que belo testemunho!

Diante disso, eu quero me dirigir a você, meu irmão, e lhe pedir: Persevere! As pessoas precisam desse seu testemunho de perseverança. O mundo, a Igreja, a sociedade contam com o testemunho de alguém que persevera na fé. Então, nada de "jogar a toalha"! Não é hora de você desistir da Igreja e das coisas de Deus.


Mesmo que as pessoas não reconheçam sua dedicação e empenho, mesmo que você não receba elogios nem "tapinhas nas costas" por causa daquilo que realiza, isso não importa. O que importa é que Deus vê tudo. E Ele sabe como você O tem servido dia após dia; portanto, combata o bom combate até o fim!

A Última Ceia

Conta-se que Leonardo da Vinci, antes de pintar "A Última Ceia", foi procurar pessoas que servissem de modelos para ele começar a execução de sua obra. Ao procurar alguém que servisse de modelo para representar Jesus, ele encontrou um jovem de belas feições rezando no interior de uma igreja. O rapaz aceitou o convite de Leonardo da Vinci e, a partir desse jovem, Leonardo foi convidando outros para representar cada um dos apóstolos.

Chegou a vez de pintar Judas, o traidor. Leonardo da Vinci foi procurar o tal modelo no lugar mais promíscuo e degenerado da cidade. Ali, encontrou um rapaz com as feições totalmente estragadas pelo vício e por uma vida desregrada no pecado. Convidou esse rapaz para fazer parte da sua obra de arte. Porém, ao começar a pintá-lo no afresco, Leonardo notou que os traços desse modelo para Judas eram os mesmos daquele que servira de modelo para Jesus. Afinal, o que havia acontecido?

Aquele rapaz chamava-se Pedro Bandinelli. E ele contou a Leonardo da Vinci sua triste história de como havia se afastado da caminhada com Deus por causa do prazer e do vício e, assim, passou "de Jesus a Judas".

Peçamos a Deus a graça de perseverar numa fé que, como nos ensina o Catecismo da Igreja, deve ser "carregada pela esperança e estar enraizada na fé da Igreja". Que o Senhor nos faça perseverar e, assim, as pessoas possam ver o rosto de Jesus (e não de Judas) em cada um de nós.

Um forte abraço!



Alexandre Oliveira

Membro da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Alexandre é natural da cidade de Santos (SP). Casado, ele é pai de dois filhos. O missionário também é pregador, apresentador e produtor de conteúdo no canal 'Formação' do Portal Canção Nova.

30 de julho de 2018

O ressentimento começa através de pequenas coisas

O ressentimento começa nas pequenas coisas, nas decepções insignificantes

"Vós purificastes vossas almas obedecendo à verdade para praticardes um amor fraterno, sem hipocrisia. Amai-vos uns aos outros de coração puro, com constância, vós que fostes novamente gerados por uma semente não corruptível, mas incorruptível, pela palavra de Deus viva e permanente" (1Pd 1,22).

A conclusão dessa passagem vemos em 1Pd 2,1: "Rejeitai, portanto, toda a maldade e toda a astúcia, toda a forma de hipocrisia, inveja e maledicência".

Foto ilustrativa: Jorge Ribeiro / cancaonova.com

São Paulo disse à comunidade de Efésios: "Estais encolerizados? Não pequeis, não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento. Não deis oportunidade alguma ao diabo" (Ef 4,26-27).

Isso significa que não existe nenhuma pessoa viva, aqui na Terra, que não passe pela experiência de ter um momento de ressentimento e irritação; e o encardido se aproveita disso para tentar nos mandar para o inferno. O que nós temos de fazer é não darmos entrada a ele.

O ressentimento começa nas pequenas coisas, de decepções insignificantes; então, fazemos "tempestade em copo d'água" e transformamos aquilo que era um ressentimento bobo em ira ou ódio. O passo para isso acontecer é remoermos, ressentirmos tudo, ou seja, sentimos tudo novamente, relembrarmos os fatos. Cada vez que fazemos isso, o ódio aumenta. Mas como poderemos lutar contra isso?

Passos contra o ressentimento

O primeiro passo é compreender sempre a atitude daquele que nos ofende, pois nunca sabemos o que ele passou durante o dia. O segundo passo é não ficarmos comentando com as outras pessoas o que passou durante o mal entendido, pois isso ajuda a aumentar nosso ressentimento, criando um círculo vicioso. Você já viu aquelas pessoas que, onde vão, contam a mesma história para todos, sempre se fazendo de vítima, de coitado? Isso acontece  quando tocamos no assunto com a pessoa errada. Sentiu vontade de falar, procure um padre e confesse-se com ele.

Quando você não ama uma pessoa, é o passo para não amar duas, três, quatro e assim por diante. Você briga com a vizinha, já é um passo para ficar de mal com o marido dela, com a avó. Até mesmo o cantor que essa pessoa gosta você passa a detestar.


Tudo isso ocorre pelo desamor que existe entre nós, e as pessoas que mais sofrem são as que não amam. O desamor não é somente não gostar da pessoa, ter ressentimento por ela, pois amar é dar-se sem esperar nada em troca. Quando, no entanto, não amamos, apenas investimos para que possa receber também; e quando não somos correspondidos, começamos a gerar antipatias.

A pessoa que não ama não consegue chegar à cura interior, e quem não passou pela experiência da cura interior não ama, isso vira um círculo vicioso de pecado, de ressentimento e decepção, e tudo isso vai se transformar em ódio.

Necessário é nos purificarmos para praticar um amor verdadeiro, um amor gratuito, somente assim conseguiremos ficar longe do ressentimento.

Formação Canção Nova

27 de julho de 2018

Quando o casamento acaba, quais são as consequências para os filhos?

Após a separação, como fica o relacionamento pais e filhos?

Bom seria se, por todos os nossos dias, acontecessem somente coisas que tínhamos projetado viver. No entanto, toda opção contrária a nossa vontade traz para a nossa realidade o compromisso de assimilar o novo. É sabido que muitos casamentos correm riscos de um desfecho nada parecido com as alegrias que pensavam viver.

Infelizmente, alguns casais chegam a considerar a separação conjugal como a solução de seus problemas, embora tenham feito o voto de viver juntos por toda a vida. Diante das exigências do relacionamento, podem querer abandonar o compromisso assumido, desejando, assim, recuperar o tempo que acreditam ter perdido, saindo em busca da felicidade que consideram ter deixado para trás.

O casamento acabou e quais as consequências para os filhos

Foto Ilustrativa: grinvalds by Getty Images

Aqueles que, anteriormente, apresentavam-se abraçados em fotografias, talvez, tenham se comportado, ao longo da vida conjugal, indiferentes ou displicentes aos cuidados e carinhos necessários para a renovação do amor, sentimento que os fez investir no casamento eterno. Por mais plausíveis que sejam as razões da separação, haverá outros traumas secundários, que implicarão na vida familiar, especialmente, quando dessa relação vieram os filhos. Pois como sabemos: "Na disputa entre o mar e o rochedo, quem sofre são os mariscos". Para os filhos, encarar a realidade de ter seus pais vivendo em casas separadas poderá ser um problema, tendo em vista que a referência de família e o sinônimo de proteção, que todos temos, são compostos de pai, mãe e filhos.

E os filhos na separação?

Muitos são os relatos de filhos que experimentaram os dissabores da ruptura do casamento de seus pais. Dúvidas surgem na cabeça deles diante dessa desagradável surpresa, pois a quem irão recorrer? Quem vai os ajudar a solucionar os impasses e inseguranças que vão aparecer ao longo da vida? Ou com quem deverão morar? (Isso, quando essa escolha lhes é permitida). Além de não poderem contar com o esteio familiar como antes, deverão fazer a difícil opção entre aqueles que por eles são igualmente amados. Tudo isso significaria colocar sobre seus ombros uma responsabilidade muito além de suas próprias forças.


Em meio a tantas situações complicadas para gerir, não será difícil perceber, no comportamento deles [filhos], a presença do medo, do sentimentos de revolta, raiva, incompreensão, desconforto, além da sensação de abandono entre outros.

Como buscar ajuda?

Antes que as consequências dos atos dos pais repercutam na vida daqueles que se sentem impotentes diante das dificuldades dos adultos, certamente, será importante que os cônjuges falem um ao outro o que realmente desejam e esperam como contribuição para o reaquecimento da relação. Muitas vezes, nessas ocasiões, a ajuda de um profissional na área da psicologia será também de grande valia. É bom lembrar que, para todo e qualquer outro relacionamento que possam pretender viver, serão exigidos o mesmo carinho, atenção, romantismo, empenho, dedicação e a leal cumplicidade para sua perpetuação.

"Em mar revolto, marinheiros não içam velas." Estabelecer a disposição comum em reviver as simples coisas que foram deixadas para trás será a chave para alcançar o sucesso no casamento.



Dado Moura

Dado Moura trabalha atualmente na  Editora Canção Nova, autor de 4 livros, todos direcionados a boa vivência em nossos relacionamentos. Outros temas do autor estão disponíveis em www.meurelacionamento.net twitter: @dadomoura facebook:

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