25 de julho de 2018

O que nos motiva a sermos melhores?

Entenda o que nos motiva a sermos pessoas melhores

Se quiser ser de Deus, terá de viver as duas vias do Senhor: "Amarás ao Senhor teu Deus e ao próximo como a ti mesmo". O que você entende por esta palavra: "amor"?

É impressionante o quanto o amor de Deus nos toca! Os poetas sempre tentaram decifrar esse sentimento, mas nunca o conseguiram, assim como Luiz de Camões em seu célebre poema: "O amor é um fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer".

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Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Como é amar?

O amor não se poetiza. Quantas vezes o sentimos, mas não sabemos onde realmente dói? O amor é revelação, inauguração, tem o poder de ser novo com aquilo que estava velho.

Jesus sabe da capacidade de olhar as coisas miúdas da vida, às quais não damos valor e aquelas que ninguém havia visto antes. Colocando os pés no seguimento de Cristo, ouvimos a Palavra para olhar a vida diferente: 'Amar a Deus sobre todas as coisas'. E o que significa amar o meu próximo? O que significa olhar para o meu irmão e saber que nele tem uma sacralidade que não posso violar? Como posso descobrir esse convite de Deus de abrir os olhos às pessoas? No dia de hoje, eu lhe proponho que acabe com os "achismos" do amor. A primeira coisa que Deus precisa curar é o que nós achamos do amor. Pois, muitas vezes, em nome dele [amor], nós fazemos absurdos: sequestramos, matamos, fazemos guerra, criamos divisões.


O amor nos dá uma força que nem nós mesmos sabíamos que tínhamos. É a capacidade que ele tem de nos costurar. Quantas vezes olhamos para a objetividade do outro, que nos motiva a sermos melhores! É o amor com suas clarezas e confusões. Muitas vezes, em nome do amor, tratamos as pessoas como "coisas". Quando Deus entra em nossa vida e entramos na vida de outras pessoas, temos de entrar como Ele, agregando valores. Caso contrário, é melhor que fiquemos de fora, porque somos um território que merece respeito.

Na passagem da sarça ardente (cf. Ex 3,2ss ), Deus se manifesta em uma árvore que pega fogo, mas não é consumida. Esse é o amor de Deus: Quanto mais nós amamos, mais somos consumimos; e se estamos esgotados, é porque amamos de menos. Vamos ficando sem vigor, mas a sarça queima sem se consumir. O fogo do amor não queima, pois faz outro fogo, e a experiência do amor de Deus é feita pelo amor de um para o outro.

É possível medir o amor?

Quantas vezes você passou noites inteiras acordado pelo seu filho? Quanto sono perdido? Isso é por amor. Amar o outro é levar prejuízo. Você vai saber o que é o verdadeiro amor quando você se consumir, mas não se esgotar. Você nunca vai dizer que está cansado de amar o seu filho. Você está cansada dos problemas causados por ele, mas não de o amar. Quantas pessoas que procuram e estão necessitadas do amor, mas, em sua busca, correm atrás das micaretas e baladas? A busca do amor está aguçada. Todos estão querendo saber o que é o amor e todos estão precisando de cura. Quantas pessoas foram amadas erroneamente, trazendo as marcas de um amor estragado!

Tenha a coragem de tirar as histórias do passado que doem e que você carrega até o dia de hoje. Nenhuma pessoa pode amar a Deus se não se ama. Nenhuma pessoa pode ter uma experiência com Deus se não for pelo amor a si própria, pelo respeito por si mesma. O amor a Deus passa o tempo todo pelo cuidado que eu tenho com a minha vida, com a minha história. Como sou capaz de amar o próximo como a mim mesmo, se ainda não me amo? Faça caridade a você primeiro. Os seus amigos vão agradecer por você se amar.

Quando o amor nos atinge, somos mais felizes. Um povo que se ama sabe aonde vai. Eu ainda acredito no que Deus pode em mim. Volte a gostar de você!



Padre Fábio de Melo

Padre Fábio de Melo, sacerdote da Diocese de Taubaté, mestre em teologia, cantor, compositor, escritor e apresentador do programa "Direção Espiritual" na TV Canção Nova.

21 de julho de 2018

Uma alimentação saudável previne a hipertensão arterial

Uma boa alimentação reduz os riscos de doenças crônicas como câncer, diabetes e hipertensão arterial

Já ouvimos muito as pessoas falarem assim: "Tal alimento faz bem para isso ou é bom para aquilo", mas, afinal, o que queremos saber com essas informações?

Isso é o que chamamos de "alimento funcional", ou seja, são aqueles alimentos/nutrientes que produzem efeitos benéficos específicos à saúde, além do seu valor nutritivo básico. Trazem benefícios como a prevenção e a redução do risco de doenças crônicas como câncer, diabetes e a hipertensão.

Créditos: marilyna by Istock Photo

Hoje, vamos falar sobre os alimentos que ajudam a prevenir a hipertensão, ou como a conhecemos popularmente, "pressão alta". Essa é uma doença caracterizada pelo aumento na tensão dos vasos sanguíneos. A pressão se eleva por vários motivos, mas, principalmente, porque os vasos nos quais o sangue circula se contraem. Isso pode ser provocado pela modificação no volume de sangue que circula nas veias, pela variação na frequência cardíaca (batimentos por minuto) e também pela variação na elasticidade dos vasos.

Muitos de nós podem ter essa doença, já que ela pode surgir devido à nossa herança genética ou por aquilo que ingerimos em excesso, principalmente o sal. Também podemos desenvolver a hipertensão por causa da idade, pela falta de prática de atividade física ou mesmo pelo excesso de peso.

Que tipo de alimentos, então, podemos consumir para prevenir o aparecimento da hipertensão ou até mesmo para que ela apareça mais tardiamente, se já tivermos predisposição genética para desenvolvê-la?

Prevenção em dois pontos

Podemos partir de dois pontos, para que essa prevenção aconteça de forma eficaz:

– Primeiro ponto: o que precisamos EVITAR na nossa alimentação.

* Alimentos ricos em sal e aqueles que, embora não saibamos, possuem uma grande quantidade de sal na sua composição: catchup, biscoitos recheados, refrigerantes, congelados (lasanhas, tortas, pizzas etc.);

* Alimentos embutidos: salsicha, presunto, hambúrguer, mortadela, mussarela etc.
Obs.: Os alimentos industrializados, de forma geral, contêm muito sal na composição, já que todos os conservantes são à base de sal (sódio).

– Segundo ponto: o que precisamos INCLUIR nas refeições.

* Alimentos ricos em fibras: grãos e cereais integrais, folhosos e vegetais consumidos na forma crua, pois a fibra ajuda a eliminar o excesso de sal ingerido nos alimentos;

* Alimentos fontes de ômega 3 (linhaça, chia, atum, sardinha, espinafre, couve e rúcula) considerados grandes aliados do coração. Ajuda a evitar arritmias cardíacas, além de reduzir os níveis de triglicérides no sangue, o que diminui o risco de problemas cardíacos; dessa forma, favorece o controle da pressão arterial.

* Alimentos fontes de potássio (feijão, batata-baroa, banana prata, melão, maracujá, abacate e couve). Este nutriente ajuda a regular a pressão arterial, controlando a quantidade de sódio (sal) no sangue.

* Alimentos fontes de magnésio (soja, amêndoa, espinafre, grão-de-bico, abacate, nozes, farelo de aveia, leite, uva passa, ervilha e arroz integral). Estudos recentes comprovaram que a ingestão desse nutriente reduz e previne os problemas com a pressão arterial.


Com essas dicas, podemos cuidar daquilo que já trazemos como tendência e prevenir o aparecimento da hipertensão arterial, que é muito prejudicial à saúde.

Nunca se esqueça de que as trocas de alimentos industrializados por naturais sempre valem a pena na nossa alimentação, tanto para o tratamento como para a prevenção de qualquer doença.

Deus os abençoe!

REFERÊNCIAS: Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde



Cristiane Zandim

Cristiane Pereira Zandim nasceu em Brasília / DF. É missionária na comunidade Canção Nova desde 2011. Cursou Nutrição na Universidade Universidade Federal Dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).

18 de julho de 2018

Cristo era um revolucionário?

A adoção da análise marxista é um veneno para a fé católica. Como, então, seria Cristo um marxista, um revolucionário?

O ex-Presidente Hugo Chávez, da Venezuela, para justificar o seu governo socialista de linha marxista e a implantação do totalitarismo no país, disse: "O Cristo verdadeiro é o da propriedade comum, era comunista mais que socialista; era um comunista autêntico, um anti-imperialista, inimigo da oligarquia, inimigo das elites e do poder" (Rádio Vaticano, 10 de janeiro de 2007).

Cristo, de fato, foi um comunista e revolucionário? Não.

Arte: Wesley Almeida / cancaonova.com

Quando o Papa João Paulo II abriu a III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, em Puebla, no México, em 1979, ele deixou claro:

"Essa visão de Jesus como o Revolucionário de Nazaré não se coaduna com a fé católica." Com essas palavras, o Papa cortava na raiz as pretensões da Teologia da Libertação, de linha marxista-leninista, que se fortalecia na América Latina na década de 1970. A partir daí, foi visível que o grande Papa iniciou um grandioso trabalho na Igreja, especialmente junto aos Bispos, para sanar os erros da Teologia da Libertação; o que foi eficaz, graças a Deus (A Teologia da Libertação, Ed. Cléofas, 2000).

Cristianismo e Comunismo são antagônicos

Onde está o antagonismo entre Cristianismo e Comunismo? O Comunismo prega o materialismo histórico (ou dialético), isto é, todos os acontecimentos da história são determinados pelo fator econômico; a ordem política, a cultural e religiosa reduzem-se a fenômenos econômicos. Isso é contrário aos princípios cristãos, que reconhecem no homem uma alma espiritual, aberta para os valores transcendentais.

Esses valores levaram os homens a desprezar, muitas vezes, o valor econômico em função dos bens espirituais. Lembre-se, por exemplo, dos grandes santos que abalaram o mundo (Santo Agostinho, Santo Tomás, Santa Teresa D'Ávila, Santo Inácio de Loyola, São João Bosco etc.); nenhum deles atuou tendo o fator econômico como determinante.

O Comunismo é materialista e é adverso à fé e ao Cristianismo, sendo que a produtividade econômica é considerada o único valor reconhecido, de modo que a fé em Deus Criador e em Jesus Cristo Salvador são vistas como inútil e alienante. A religião é considerada "o ópio (droga) do povo" e odiavam a Igreja de Cristo. Para ver isso, basta ler a obra de Karl Marx: "O Capital", de 1867.

A análise marxista é estruturada sobre a teoria violenta da "luta de classes", jogando uma classe contra outra; é o motor da história. Considera que toda a história é movida pelo conflito entre patrões e operários, o que está errado e injusto, pois muitos outros fatores movem a história: as relações de amor, paz, aliança, tanto entre indivíduos como entre sociedades. A mentalidade da luta de classes é anticristã, porque incita ao ódio e joga irmão contra irmão. O Cristianismo não aceita a luta como meio ordinário de transformar a sociedade, ao contrário, ensina a reconciliação, o diálogo entre as partes, o acordo, o perdão.

Para o "práxis" marxista, "os fins justificam os meios". Pode-se lançar mão da violência, da corrupção, do roubo, da falsidade e da morte para implantar o Comunismo. Tudo é válido! "Por isso, o Comunismo matou cerca de 100 milhões de pessoas no século XX, e foi o maior fracasso do mesmo século" (O Livro Negro do Comunismo).

Marxismo, veneno para a fé católica

Por isso tudo, os bispos latino-americanos reunidos em Puebla, no ano de 1979, fizeram essa grave advertência sobre o perigo do uso do Marxismo na Teologia:

"Cumpre salientar aqui o risco de ideologização a que se expõe a reflexão teológica, quando se realiza partindo de uma "práxis" que recorre à análise marxista. Suas consequências são a total politização da existência cristã, a dissolução da linguagem da fé na das ciências sociais e o esvaziamento da dimensão transcendental da salvação cristã." (n.º 545).

Em outras palavras, a adoção da análise marxista é um veneno para a fé católica. Como, então, seria Cristo um marxista, um revolucionário?

O Marxismo e o Cristianismo são mutuamente incompatíveis. As tentativas de aliança entre ambos redundam em desvirtuação de um ou de outro.

O Comunismo nega o direito da propriedade particular e defende que todos os meios de produção devem estar nas mãos do Estado. A Igreja não concorda com isso, embora a injusta distribuição acarrete graves males, e é preciso ser corrigida, mas nem por isso se deve negar o direito à propriedade particular.


A análise marxista atrai os intelectuais e as massas, hoje em dia, porque propõe "acabar com a injustiça social". De que modo? Com que meios? É preciso que a busca desse ideal desejado por todos não seja feita por meios imorais, como são os meios marxistas, que desrespeitam a pessoa humana, usa a violência, a luta de classes e o incitamento ao ódio entre irmãos. Todos queremos justiça social, mas pela pureza e caridade, não pela violência.

O Santo Padre João Paulo II, em discurso aos Bispos do CELAM, rejeitou a hipótese de utilizar-se a análise marxista como premissa para a elaboração de um sistema de pensamento católico: "(…) A libertação cristã usa 'meios evangélicos, com a sua eficácia peculiar, e não recorre a algum tipo de violência nem à dialética da luta de classes (…)' (Puebla, 486) ou à praxis ou análise marxista" (n.º 8).

É nessa linha que se deve promover os pobres e a justiça. Essa é a diferença fundamental entre o socialismo marxista de Hugo Chavez e Fidel Castro e o Cristianismo.

O meu Reino não é desse mundo

A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), em 20 de dezembro de 2007, manifestou-se, ao então Presidente da Venezuela Hugo Chávez, congratulando-se com ele por sua reeleição, e pedindo-lhe que mantivesse a educação religiosa e não implementasse no país, "um socialismo inspirado na filosofia marxista". "Esperamos que este socialismo, que ainda não está definido, (…) não siga a linha de um totalitarismo, de uma visão estatizada de ocupar todos os espaços, e não se inspire na filosofia marxista" – disse o Cardeal-arcebispo de Caracas, Jorge Liberato Urosa Savino, na época, Presidente da Conferência Episcopal Venezuelana, numa coletiva de imprensa.

Infelizmente, esse apelo não foi ouvido, e o ditador caminhou a passos largos para implantar o socialismo marxista e totalitário na Venezuela, segundo o modelo de Cuba.

Para a análise marxista, a felicidade está apenas neste mundo, e o que existe é apenas o "Reino do homem", e não o "Reino de Deus". Mas Cristo, no momento crucial do seu julgamento diante de Pilatos, foi enfático: "O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse desse mundo, certamente os meus súditos teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus; mas o meu Reino não é deste mundo" (Jo 18,36).



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino

16 de julho de 2018

O questionamento agora é: qual é o hexa no país do futebol?

Na Copa, nossa chance passou, mas nosso país ainda pode alcançar o patamar de nação campeã

A onda apaixonante do esporte, particularmente do futebol, permite metáforas interessantes para inspirar o país a trilhar novo caminho e a alcançar o almejado patamar de nação campeã. A luta pelo título mundial ocorreu em campo, e os resultados obtidos pouco mudaram o cotidiano abastado de uma minoria, que inclui os atletas. A frustração da derrota, no entanto, mexe com os brios e as emoções de uma avalanche de cidadãos. É preciso assimilar a perda na competição esportiva e valorizar mais o que realmente impacta a vida de muitos.

O questionamento agora é: qual é o hexa no país do futebol?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Obviamente, há lugar para a paixão esportiva sempre, mas o sentimento que o futebol desperta não deve ocupar o lugar de todas as razões e emoções necessárias para promover transformações profundas na realidade. Perdido o título, fica a pergunta: e agora, qual o é o "hexa" a ser conquistado?

Sociedade unida

Parece que, nesta Copa do Mundo, a paixão esportiva foi vivida de modo mais saudável. Reflexo disso é que a derrota da seleção brasileira não gerou um clima de "fim de mundo". E a esperança é que a perda dentro de campo seja oportunidade para o aprendizado de lições que, se bem assimiladas, podem levar a vitórias importantes, inclusive no âmbito esportivo. Ao observar o que não deu certo, é possível construir novos projetos, a serem regidos por pessoas comprometidas com o qualificado exercício da cidadania. E o primeiro passo é ter consciência da realidade.

Há sinais de que o povo começa a desenvolver essa consciência. Um dos exemplos é a forma reduzida com que as pessoas manifestaram seu entusiasmo com a Copa deste ano e a timidez da decoração nas ruas e praças. Afinal, diante das fragilidades do contexto social, não há espaço para euforia. A esperança é que cada vez mais pessoas cultivem uma certeza: o que mais conta, agora, é vencer os desafios e processos que estão corroendo a nação brasileira e avançar em direções que permitam reconstruir o país. Isso significa superar os cenários vergonhosos das misérias, corrupção, agressão irracional do meio ambiente e tantos outros males que refletem certo descompromisso com o exercício da cidadania.


Que hexa queremos para o país?

Ganhar a Copa do Mundo é um sonho, motivo de festa, mas esse objetivo está longe de ser o mais importante na vida de uma nação. Inclusive, porque, equivocadamente, o futebol torna-se, gradativamente, apenas um negócio, fonte de lucro para pequenos grupos que acumulam muito dinheiro e privilégios. O esporte, em vez disso, deveria ser promovido a partir de sua força educativa, capaz de reconfigurar o tecido cultural da sociedade, qualificando as pessoas para construírem um futuro melhor. Assim, em vez de almejar o "hexa" na Copa, o povo poderia eleger novas prioridades, a partir do respeito ao bem comum.

As prioridades que precisam ser assumidas são muitas, incontáveis, percebidas a partir das diversas carências do país. Para reconhecer o "hexa" a ser conquistado é preciso questionar-se a respeito do Brasil que se quer construir. No centro da resposta, certamente, não estará a celebração de uma festa passageira. Em vez disso, as prioridades são a recomposição indispensável dos parâmetros éticos que devem nortear a conduta de cada pessoa, a promoção da solidariedade e da honestidade, forças capazes de impulsionar um recomeço para o Brasil.

Reinício social

Esse reinício é o verdadeiro caminho rumo às vitórias capazes de superar a violência, a exclusão social e a ganância sem limites, que passa por cima de tudo, destruindo o planeta, a casa comum. Cada brasileiro é convocado a sonhar com um país melhor e, a partir disso, agir. Afinal, muitas situações precisam ser reconfiguradas. É urgente, por exemplo, construir um novo modo de se fazer política, livre de interesses egoístas, e zelar para que as ações no poder judiciário sejam, de fato, orientadas pelos parâmetros da verdade e da justiça.

A lista de prioridades para que seja possível construir uma nação campeã é grande e demanda especial empenho de todos. Para efetivar o sonho de construir um país renovado, vale investir todas as emoções e razões, "correr" velozmente. Em vez de se apegar às paixões passageiras, todos assumam a tarefa cidadã de responder ao seguinte questionamento: e agora, qual é o "hexa"?



Dom Walmor Oliveira de Azevedo

O Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Atual membro da Congregação para a Doutrina da Fé e da Congregação para as Igrejas Orientais. No Brasil, é bispo referencial para os fiéis católicos de Rito Oriental. http://www.arquidiocesebh.org.br

13 de julho de 2018

O que fazer quando Deus demora para atender nossas preces?

Devemos aprender a esperar em Deus

É muito mais fácil, para qualquer pessoa, agitar-se e correr do que se aquietar e esperar. São poucos os que esperam sem se indignar contra as "demoras de Deus", e é muito fácil descobrir os limites da própria paciência, mesmo entre os que confiam, porque esses limites são muito curtos.

Conhecer a promessa: "Pois que se uniu a mim, eu o livrarei; e o protegerei…" (Sl 90,14), faz bem ao coração. É confortável saber e sentir que estamos revestidos da proteção de Deus.

O que fazer quando Deus demora para atender nossas preces

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Sob a proteção de Deus

Aqueles que se uniram assim ao Senhor colocaram-se debaixo de sua guarda. Essa união é uma aliança; rompê-la é pôr-se novamente vulnerável. A questão é que muitas pessoas encontram dificuldade em entender e aceitar que estar sob a proteção do Senhor significa viver em completa obediência a Ele. Daí, começam a imaginar se já não poderão satisfazer todos os seus desejos e seguir os próprios impulsos.

Correm, então, um sério risco de se sentir sufocadas, mas Deus sabe por que põe limites aos seus filhos. Ninguém melhor que um pai poderia dizer por que, naquele momento, tem o seu pequenino seguro pela mão. É assim que ele garante a sua segurança, ajuda-o a manter o ritmo, sustenta-o quando tropeça, detém-no em situações de risco e o leva, até que tenha firmeza no andar.

O pior que se pode fazer é abrir uma brecha e romper essa proteção em nome da satisfação dos apetites e prazeres. Tentar escapar da vontade de Deus não é esperteza, é desperdício de tempo e força. E nossa força é tão grande quanto a nossa capacidade de esperar em Deus. Se você tiver paciência para aguardar que o Senhor o oriente em todas as situações da sua vida, irá experimentar uma força, um ânimo, uma disposição que o manterão firme, seguro, sereno.


Acredite em Deus

"Deus nos fez perfeitos e não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos. Fazer ou não fazer algo só depende de nossa vontade e perseverança" (Albert Einstein). Deus escolheu você desde o momento em que o pôs neste mundo e lhe conferiu poder sobre todas as coisas que estão sob a sua responsabilidade. Ficar firme à espera de que Ele manifeste a Sua vontade e nos mostre por que caminho seguir é mais difícil do que agir. Mas os que assim permanecem, em confiante esperança, comovem o coração de Deus e experimentam o Seu poder. E, experimentando-o, atuam com poder.

Como é feliz o homem que se deixa dirigir por Deus e enfrenta, corajosamente, os problemas que encontra no caminho! É assim que se aproxima da meta dos seus desejos mais profundos. Quem escolhe essa trilha já é feliz a caminho.

"Meu filho, sofre as demoras de Deus, espera com paciência, a fim de que, no tempo exato sua vida se enriqueça na dor, permanece firme; na humilhação, tem paciência. Põe tua confiança em Deus e Ele te salvará" (Selecionado do livro do Eclesiástico, cap. 2).

Diante da espera, não desanime

A espera causa um sofrimento, e talvez você já tenha chorado muito; mas está escrito, a respeito de todos aqueles que passam por grandes tribulações, que é o próprio Senhor quem os espera para "enxugar-lhes todas as lágrimas dos olhos" (cf. Ap 7,14;21,4).

É importante fazer dessa verdade uma experiência viva e respirar fundo, enchendo o coração de esperança, porque, sem esperança, nada se faz. Quando vemos alguém se levantar, sorrir de novo, acreditar a ponto de parecer que renasceu, é que ele provou o calor e a doçura da esperança.

Há mais pessoas desesperadas do que problemas sem solução. Existem certos venenos em animais peçonhentos que não matam, mas mantêm a vítima em total paralisia. Assim, não podem escapar, nem mesmo se defender. Também é assim quando se perde a esperança: tudo pára, fica-se impotente ante as dificuldades da vida, mesmo das mais simples.


 


Márcio Mendes

Nascido em Brasília, em 1974, Márcio Mendes é casado e pai de dois filhos. Ex-cadete da Academia da Força Área Brasileira, Mendes é missionário da Comunidade Canção Nova, desde 1994, onde atua em áreas ligadas à comunicação. Teólogo, é autor de vários livros, dentre eles '30 minutos para mudar o seu dia', um poderoso instrumento de Deus na vida de centenas de milhares de pessoas.

11 de julho de 2018

Quais os benefícios de sermos amigos do Espírito Santo?

Conheça os benefícios de sermos amigos do Espírito Santo e nos aproximarmos d'Ele

"Crer no Espírito é, portanto, professar que o Espírito Santo é uma das Pessoas da Santíssima Trindade, consubstancial ao Pai e ao Filho, «adorado e glorificado com o Pai e o Filho». É por isso que tratamos do mistério divino do Espírito Santo na «teologia» trinitária. Portanto, aqui só trataremos do Espírito Santo no âmbito da «economia» divina" (Catecismo da Igreja Católica, n. 685).

Essa é a experiência de nossa fé, sendo uma Pessoa, nós podemos nos relacionar com Ele [Espírito Santo], ser amigos, próximos e íntimos d'Ele. E é exatamente isso que essa Pessoa da Trindade deseja ardentemente de nós para poder nos revelar o amor do Pai e do Filho e o conhecimento dos dois. Esse é o primeiro grande benefício de sermos amigos dessa Pessoa Divina e nos aproximarmos d'Ele.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida / cancaonova.com

"O Espírito Santo, pela sua graça, é o primeiro no despertar da nossa fé e na vida nova que consiste em conhecer o Pai e Aquele que Ele enviou Jesus Cristo" (CIC n. 684).

O Espírito Santo de Deus é o nosso mestre de vida de oração, Ele nos ensina a rezar como convém, isto é, a alcançar na oração a vontade de Deus, que alimenta e plenifica a nossa alma. "Da mesma forma, o Espírito vem em socorro de nossa fraqueza, pois não sabemos o que pedir nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis" (Rom 8,26).

"Ninguém conhece o que há em Deus, senão o Espírito de Deus" (I Cor 2,11). Ora, o Espírito, que O revela, faz-nos conhecer Cristo, Seu Verbo, Sua Palavra viva; mas não Se diz a Si próprio. "Aquele que falou pelos profetas" faz-nos ouvir a Palavra do Pai. Mas a Ele, nós não O ouvimos. Não O conhecemos senão no movimento em que Ele nos revela o Verbo e nos dispõe a acolhê-Lo na fé" (Catecismo da Igreja Católica, n. 687).

Os benefícios da amizade com o Espírito Santo

Aproximarmo-nos desta Pessoa Divina e sermos amigos d'Ele nos faz conhecer Sua Palavra e Seu poder. Só pelo Espírito Santo podemos dizer: Jesus Cristo é o Senhor. E pelo mesmo Espírito conhecer e experimentar o amor de Deus Pai.

O primeiro grande fruto da amizade com o Espírito Santo é a experiência do amor de Deus e a salvação em Jesus Cristo, proclamando Seu senhorio: "Ninguém será capaz de dizer: 'Jesus é Senhor', a não ser sob influência do Espírito Santo" (cf. I Cor 12,3b).

Ele nos purifica dos nossos pecados. "Manda teu espírito, são criados, e assim renovas a face da terra" (Sl 104, 30). Ilumina e abre a nossa inteligência: "O Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo" (cf. Jo 14,26). O Espírito Santo nos ensina a sermos dóceis e a obedecer aos mandamentos do Senhor: "Porei em vós o meu espírito e farei com que andeis segundo minhas leis e cuideis de observar os meus preceitos" (cf. Ez 36,27).

Este Amigo Divino confirmará a esperança da vida eterna, pois Ele é o penhor da herança dada por Cristo Jesus: "N'Ele acreditastes e recebestes a marca do Espírito Santo prometido, que é a garantia da nossa herança, até o resgate completo e definitivo para louvor da sua glória" (Ef 1, 13-14). Ele revela aos nossos corações que de Deus nós somos filhos, devolve a dignidade e a convivência perdida pelo pecado original: "E a prova de que sois filhos é que Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: 'Abbá, Pai!'" (Gl 4,6).


Ele é o nosso conselheiro nas dúvidas e nos mostra qual a vontade de Deus: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas: 'Ao vencedor darei como prêmio comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus'" (Ap 2,7). Anima-nos e levanta-nos do abatimento: "Deu-me o Senhor Deus uma língua habilidosa para que aos desanimados eu saiba ajudar com uma palavra. Toda manhã ele desperta meus ouvidos para que, como bom discípulo, eu preste atenção" (Is 50,4).

Ele é o nosso advogado contra o mundo, defensor contra o pecado e, principalmente, nos defende de nós mesmos quando não conhecemos os desígnios de Deus: "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Defensor, para que permaneça sempre convosco: o Espírito da Verdade, que o mundo não é capaz de receber, porque não o vê nem o conhece. Vós o conheceis, porque ele permanece junto de vós e estará dentro de vós" (cf. Jo 14,16-17). Sendo amigos do Espírito Santo, recorrendo a Ele, pedindo o socorro do Seu auxílio, chegaremos à vontade do Pai, cuja missão é imprimir em nossa alma, em nossa vida, a santidade: "Eleitos conforme a presciência de Deus Pai e pela a santificação do Espírito, para obedecerem a Jesus Cristo e serem aspergidos com o seu sangue" (I Pd 1,2). "Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação" (I Ts 4,3).

"Digo, pois: deixai-vos conduzir pelo Espírito, o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. Contra estas coisas não há lei" (cf. Gl 5, 16. 22-23).



Padre Luizinho

Padre Luizinho, natural de Feira de Santana (BA), é sacerdote na Comunidade Canção Nova. Ordenado em 22 de dezembro de 2000, cujo lema sacerdotal é "Tudo posso naquele que me dá força". Twitter: http://@peluizinho

9 de julho de 2018

Efeitos espirituais do sacramento da confissão

O sacramento da confissão nos devolve a beleza da ressurreição

Uma vez absolvidos de nossos pecados e reconciliados com Deus, retomamos o nosso caminhar sob a plena graça do Senhor. O sacramento da confissão é a festa do perdão e da misericórdia. Confessados e perdoados nossos pecados, nossa alma é revestida de inúmeros efeitos espirituais, dentre os quais destacamos:

Foto ilustrativa: Daniel Mafra / cancaonova.com

Reconciliação com Deus

O amor do Pai nunca nos abandona. Ele é sempre presente em nossa vida. No entanto, o pecado nos afasta do Senhor, embora Ele sempre permaneça conosco, mesmo que estejamos em situações graves de pecado. Deus não pode se afastar da obra do Seu amor, mas nós, em meio ao pecado, vamos progressivamente nos afastando d'Ele e rompemos nossa aliança, embora Ele permaneça fiel. Uma vez perdoados, restabelecemos a nossa reconciliação com Ele e voltamos ao nosso primeiro amor, abrasados de paz para iniciarmos um novo tempo nos caminhos da vida. O Senhor nos espera de braços abertos, e nós, plenos da graça do perdão, corremos ao seu encontro. Voltamos à origem do nosso amor, mergulhamos na fonte da misericórdia pela qual fomos lavados das antigas culpas.

Reconciliação com a Igreja

Nosso pecado fere nossa relação com a Igreja. No pecado, deixamos de testemunhar o amor de Jesus pelos irmãos, ferimos o Corpo de Cristo e nos ferimos. Se um membro está doente, todos os demais também sofrem. Na dor que o pecado causa, todos sentem os efeitos colaterais da enfermidade, mas o perdão de Deus nos devolve ao seio da comunidade cristã. Lavados no misericordioso Sangue do Cordeiro, tivemos a nossa alma alvejada por Seu amor. Plenificados de Sua graça, somos agora uma célula curada pela ternura da misericórdia divina. O corpo místico de Cristo, antes ferido pelo pecado de nossas culpas, caminha agora com novo vigor. Restabelecemos a unidade antes quebrada e, juntos, continuemos a missão que nos foi confiada.

Reconciliação com nós mesmos

O pecado deixa marcas em nossa alma e abre feridas dolorosas. Caminhamos pela vida sem direção. As trevas ofuscam a beleza do alvorecer, mas o sacramento da confissão nos devolve a beleza da ressurreição. Nossos dias retomam a beleza das manhãs de paz e nossa alma glorifica o Senhor. Dentre as muitas marcas negativas do pecado em nossa vida, uma delas é a descaracterização de nossa imagem original. O pecado, enquanto não confessado, retira de nós as digitais do amor divino, por meio do qual fomos gerados. E uma vez distantes de nossa origem, perdemo-nos de nós mesmos, de Deus e da Igreja. Mas o sacramento da confissão vem em nosso socorro e nos devolve o direito de sermos restaurados à imagem e semelhança de nosso Deus. Reconciliados com nós mesmos, voltamos a sonhar os sonhos de Deus, comprometemo-nos com a missão da Igreja e cumprimos plenamente a nossa vocação de ser sal da terra e luz do mundo.


O sacramento da confissão restaura em cada fiel a vida antes furtada pelo pecado. Não é possível nos reconciliarmos com Deus, com a Igreja e com nós mesmos se antes não procurarmos do mais profundo de nosso coração o perdão de nossos pecados.

A Igreja nos oferece o remédio que devolve a saúde à nossa vida espiritual, e este remédio todos conhecemos: a confissão. Não tenhamos medo de viver na graça sob os efeitos espirituais de uma vida nova que em nós começa com o perdão, a misericórdia e a ternura de Deus.



Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Santa Rita do Sapucaí (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor do livro "Amor Sem Fronteiras" pela Editora Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: facebook.com/peflaviosobreiro