21 de fevereiro de 2018

Para que realmente foram criados os contraceptivos?

Os contraceptivos foram criados para evitar gravidez indesejada. Será?

Essa é uma pergunta que, à primeira vista, parece óbvia: os contraceptivos foram inventados para evitar uma gravidez indesejada. Será? Para evitar uma gravidez, sempre existiu um método 100% seguro e eficaz, chamado abstinência. Portanto, a única conclusão possível é que os métodos contraceptivos foram criados para justificar nossa entrega à luxúria, pois querem nos poupar do trabalho que experimentamos ao ter de optarmos pela abstinência. Os animais não possuem controle sobre a sua vontade e seus instintos, por isso, precisamos castrá-los caso não desejemos que se reproduzam. Ao utilizar os contraceptivos, estamos nos rebaixando aos animais, porque estamos dizendo que, por não conseguirmos controlar o nosso instinto sexual, precisamos nos "castrar" (temporária ou permanentemente) para não procriarmos.

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Foto Ilustrativa: areeya_ann by Getty Images

Nega a liberdade do autodomínio

Dessa forma, a contracepção está nos negando a liberdade que nos foi dada para amar, porque afirma que a pessoa não pode abster-se. Esses métodos são ilícitos, porque desvirtuam as leis da natureza e podem também prejudicar a saúde, e alguns deles chegam a provocar o aborto. Por isso, São João Paulo II diz que "os métodos anticoncepcionais são algo profundamente ilícito, que nunca, por nenhuma razão, poderão ser justificados" (Audiência de 17.09.83) Os meios contraceptivos ainda facilitam a infidelidade conjugal, cooperam para o descontrole sexual ou fomentam a falta de domínio dos impulsos mais primários; propiciam o perigo de instrumentalizar a mulher, colocando-a a serviço do egoísmo masculino; facilita à autoridade pública invadir, com diferentes métodos, a intimidade conjugal. "Portanto, se não se quer expor ao arbítrio dos homens a missão de gerar a vida, devem-se reconhecer necessariamente limites intransponíveis no domínio do homem sobre o próprio corpo e sobre as suas funções; limites que a nenhum homem, seja ele simples cidadão privado ou investido de autoridade, é lícito ultrapassar. Esses mesmos limites não podem ser determinados senão pelo respeito devido à integridade do organismo humano e das suas funções" (Paulo VI, no n.º 17 da Encíclica Humanae vitae).

Abrir portas para uma sexualidade egoísta

Os métodos contraceptivos abriram a porta a uma sexualidade cada vez mais egoísta e impessoal. Usa-se e abusa-se da relação sexual "segura", pois já não existe o "perigo" de uma gravidez indesejada. Isso ajudou a aumentar a trágica realidade que se dá na vida íntima dos esposos, na qual o ato conjugal se pratica desligado da comunicação pessoal, do diálogo e da afetividade.


A Igreja Católica não se opõe ao controle da natalidade

Ao contrário da crença popular, a Igreja Católica não se opõe ao controle da natalidade, ela se opõe ao contraceptivo. Contracepção é a escolha que, por qualquer meio, impede o potencial procriativo de um ato sexual. Em outras palavras, o casal que escolhe a contracepção optaram por ter uma relação sexual, mas, vendo que seu ato pode gerar uma nova vida, eles intencionalmente suprimem sua fertilidade. Isso pode ser feito ao empregar uma grande variedade de dispositivos artificiais e hormônios, ou a esterilização por procedimentos cirúrgicos. Isso pode ser feito sem usar nada artificial, como o caso do coito interrompido.

Espaçar a gravidez é um ato de responsabilidade

Além disso, a Igreja ensina a Paternidade Responsável quando há justa razão para espaçar a gravidez; não porque é "natural" como oposto a "artificial", mas porque não é, de maneira nenhuma, contraceptivo. Um casal que vive a paternidade responsável não escolhe impedir o potencial procriativo de um ato sexual. Trata-se de uma "contracepção natural", e não é, de nenhuma forma, contracepção.

A promiscuidade sexual tem conexão direta com a cultura atual, onde se vende a relação sexual como algo que se deve ter, sem qualquer limite ou barreira. Tudo é permitido, desde que a pessoa tenha prazer. Partindo dessa premissa, se devemos ter a relação sexual quando queremos, devemos também ter a contracepção para atender essa demanda. Seguindo os passos da contracepção, temos o aborto como plano alternativo caso a contracepção falhe. As mulheres são as que mais sofrem as consequências nefastas desse comportamento; e o advento da pílula anticoncepcional foi o catalisador do aumento de outros grandes males sociais, como o divórcio, as doenças sexualmente transmissíveis, a gravidez fora do casamento e o aborto.[2]

Usar a contracepção é ter a mentalidade do "toma lá da cá" dentro do casamento, tornando-o mais como um relacionamento contratual do que um matrimônio fundado na vontade de tornarem-se "uma só carne". "(…) um ato conjugal imposto ao próprio cônjuge, sem consideração pelas suas condições e pelos seus desejos legítimos, não é um verdadeiro ato de amor, pois nega uma exigência da reta ordem moral nas relações entre esposos. Assim, quem refletir bem deverá reconhecer, de igual modo, que um ato de amor recíproco, que prejudique a disponibilidade para transmitir a vida que Deus Criador de todas as coisas nele inseriu segundo leis particulares, está em contradição com o desígnio constitutivo do casamento e com a vontade do Autor da vida humana. Usar desse dom divino, destruindo seu significado e sua finalidade, ainda que só parcialmente, é estar em contradição com a natureza do homem, bem como com a da mulher e da sua relação mais íntima; e, por conseguinte, é estar em contradição com o plano de Deus e sua vontade." (Humanae Vitae no. 13)

O Papa Paulo VI fez ainda previsões muito acertadas, em 1968, pois, na Encíclica Humanae Vitae, disse que aconteceriam quatro grandes problemas sociais caso a contracepção fosse disponível amplamente:

(1) haveria um rebaixamento generalizado da moralidade;
(2) o respeito à mulher decairia dramaticamente;
(3) os governos adotariam políticas coercitivas de controle da natalidade;
(4) nós "perderíamos a reverência ao organismo como um todo e suas funções naturais".

Infelizmente, todas essas previsões concretizaram-se, como facilmente comprova-se hoje.

Autoras:

Foto- Fabiana  Fabiana Azambuja,  educadora e  coordenadora Centro de Atendimento Especializado em Regulação da Fertilidade no Posto Médico Padre Pio da Rede de Desenvolvimento Social da Canção Nova.

Flávia Ghelardi_Foto  Flávia Ghelardi ,educadora , advogada , escritora e  membro do Movimento Apostólico de Schoenstatt.

Referências do texto:
[1]WEST, Christopher Teologia do Corpo para Principiantes – Uma introdução básica à revolução Sexual de João Paulo II. Ed. Myriam. Porto Alegre. 2008 pg 119

[2] http://www.eumed.net/rev/cccss/11/ntrs.htm, acessado em 05.01.2015 http://new.d24am.com/noticias/saude/pesquisa-revela-que-pilula-anticoncepcional-pode-aumentar-incidencia-de-dsts/16410, acessado em 05.01.2015 http://providafamilia.org/doc.php?doc=doc58376, acessado em 05.01.2015 http://www.providafamilia.org.br/doc.php?doc=doc97368, acessado em 05.01.2015


Fabiana Azambuja

Fabiana Azambuja é instrutora Qualificada do Método de Ovulação Billings™ e Coordenadora do 'Centro de Formação Famílias Novas', no Posto Médico Padre Pio, em Cachoeira Paulista (SP). familiasnovas@cancaonova.com



19 de fevereiro de 2018

Quando falar de sexo com os filhos?

Os pais precisam conhecer os filhos para identificar a hora certa para falar sobre sexo com eles

Infelizmente, o mundo atual exige receitas prontas. Quando devo fazer isso? Quando falar sobre aquilo? O quê? Quando? Por quê? Quantas indagações o ser humano sofre ao longo de sua vida! No entanto, é preciso saber que cada um é único e não há receita de bolo para todos.

Quando falar de sexo com os filhos

Foto Ilustrativa: Sneksy by Getty Images

No quesito filhos também é assim. Por mais que os pais desejem acertar, e assim procure informações que lhes dê a direção certa, não há como definir o futuro das crianças.

Como acertar, então, na educação dos filhos? O ideal é acompanhar o desenvolvimento de cada um deles. Uma família nunca educa seus filhos da mesma forma que a família dos colegas de escola, mas, nem por isso, as crianças deixam de sofrer a influência dos colegas. Dentro de casa, os pais podem educar os filhos da mesma forma, mas, cada criança dará uma resposta diferente.

Existe hora certa?

Ao compreendermos essa amplitude do ser humano, podemos dizer que não há hora, minuto ou segundo certo para falar de sexo com os filhos, pois, cada um despertará sua curiosidade sobre o assunto em momentos diferentes. Há crianças que, aos oito anos, compreendem essa realidade; em contrapartida, há outras que, aos 17, não sabem nada nem possuem tanto interesse. Diante dessa realidade, como ter um diálogo saudável e assertivo?

Quando os pais acompanham seus filhos, quando os conhecem, conseguem perceber o momento certo. Não é interessante que esse questionamento venha dos pais, o ideal é que surja dos filhos. Eles terão a iniciativa de perguntar sobre o assunto, e assim, conforme a linguagem que ele compreenda, nasce o diálogo. Não há como tratar esse assunto tão sério e necessário de forma adulta com seu filho de nove anos, como também, não terá proveito algum tratar o assunto de forma lúdica com um adolescente de 15 anos. Essa curiosidade surgirá a partir dos estímulos recebidos, ou seja, daquilo que ela tem visto.


O que explica a Psicologia?

Segundo Wallon (psicólogo que se dedicou ao estudo da Psicologia do Desenvolvimento), o ser humano tem uma tendência natural e instintiva de copiar o outro, de experimentar e atribuir-se aos sentimentos do outro. Baseado nisso, podemos nos questionar: "O que meu filho tem imitado/copiado? O que essa criança assiste na TV? O que ela escuta nas músicas e nas conversas? Que tipo de comportamento é estimulado?". É difícil não ter um filho que se desperte para o relacionamento sexual se vive em um ambiente sexualizado. Talvez, você esteja pensando que não tem tanta importância e que tais situações não despertem tanto para a sexualidade, mas se esquece de que o adulto é o espelho da criança. Essa teoria é aceita em maior parte das abordagens de Psicologia, principalmente aquelas que trabalham o desenvolvimento humano.

A criança, naturalmente, despertará para o autoconhecimento. A manipulação dos órgãos genitais irá conduzi-la a uma via de prazer desconhecida. Porém, é passageiro, faz parte do autoconhecimento. O que muda é a forma com que o adulto, referência dessa criança, lidará com isso: de forma assustada, estimuladora ou natural?

Passar por essa fase instruindo e não supervalorizando ou escandalizando-se é a melhor forma. Por isso, inverto a pergunta: "Como estou estimulando meu filho na vida sexual? Estou vivendo essa fase de forma sadia?". Fica aí a reflexão.

 


Aline Rodrigues

Aline Rodrigues é missionária da Comunidade Canção Nova, no modo segundo elo. É psicóloga desde 2005, com especializações na área clínica e empresarial. Possui experiência profissional tanto em atendimento clínico, quanto empresarial e docência.



16 de fevereiro de 2018

Como não cair na rotina do casamento?

Reflita com algumas dicas para não deixar o casamento cair na rotina

Quem busca construir um casamento feliz, provavelmente, já percebeu que o amor é a base de tudo. Por sua própria natureza, ele é forte, dinâmico, criativo e, por isso, coloca-nos sempre em movimento. No entanto, para manter acesa a centelha do amor entre o casal, é preciso estar atento a alguns aspectos importantes, e um deles é fugir da rotina.

Foto ilustrativa: UberImages by Getty Images

Fases do casamento

O relacionamento passa naturalmente por fases, quando acontece, por exemplo, o enamoramento, um tempo cheio de descobertas, geralmente marcado pela jovialidade do casal com inúmeras opções de atividades, sobrando pouquíssimo tempo até mesmo para pensar em rotina. Depois, vem o noivado com as realidades próprias dessa fase, onde o conhecimento se aprofunda e já surgem as ideias para a construção do novo lar, o envolvimento com a família, a preparação da festa de bodas etc.; é também muito raro, o casal ser atingido pela rotina nessa época.

Até mesmo, nos primeiros meses ou anos de casados, o clima de descobertas e entusiasmos mantêm o relacionamento em estilo "lua de mel". Depois, vem a gravidez, os filhos, e as ocupações mudam de foco. Aí, se não estivermos atentos,  a rotina se instala e pode abalar as estruturas que o amor levou tanto tempo para firmar.

Então, surge a pergunta: como fugir da rotina no casamento? Existem muitos passos que podem ser dados. Indico cinco, os quais considero mais importantes, e fico na torcida para que, colocando-os em prática, seu casamento seja fecundo, feliz e renovado pelo amor a cada dia!

Partilhar antes de tudo

Cada pessoa é única e seu jeito de amar e demonstrar amor, também, são exclusivos, por isso, a partilha é fundamental. Quer fugir da rotina? Comece por uma boa conversa com seu cônjuge a respeito do relacionamento.

Tenha a coragem de perguntar o que ele pensa, o que sente e o que gostaria de fazer para avivar a chama do amor que os uniu. Muitas vezes, temos ideais maravilhosas quando o assunto é demonstrar amor, mas será que a pessoa amada concorda com nosso jeito de amar? É muito importante partilhar o que se pensa e se sente, para o conhecimento mútuo e o crescimento no amor.

Cuide bem do que é seu

Desde criança, fui aconselhada a cuidar bem do que era dado a mim, mesmo que fosse um simples brinquedo, um sapato etc., acredito que isso também se aplica quando o assunto é relacionamento.

Penso que cuidar do casamento é como cultivar uma planta: você a recebe linda e cheia de vida e, se continuar cuidando dela de maneira adequada, certamente vai viver bem e florescer diante dos seus olhos. Se não cuidar, ela vai gradativamente murchar e morrer. Então, se você quiser saber como sair da rotina no casamento, primeiro reveja suas atitudes. Pense como você tem cuidado da pessoa que Deus lhe deu.

Priorize o relacionamento

À medida que, os compromissos próprios de uma vida a dois vão se tornando rotina, a tendência é o casamento entrar no pacote. Há sempre uma conta para pagar, uma casa para arrumar, um trabalho extra para fazer; e quando você finalmente tiver terminado tudo, o que mais deseja é simplesmente dormir.


Nessas situações, a tendência é ir deixando para amanhã o tempo exclusivo que dedicaria ao seu cônjuge. Porém, no dia seguinte, surgirão novas atividades e você provavelmente não vai ter um tempo livre. Então, a dica é: caia na real e coloque seu amor no topo da lista de prioridades. Se for preciso, até marque na agenda, mas não abra mão de um tempo dedicado só a ele. Converse, ouça, olhe nos olhos e fique juntos sem dividir o tempo com ninguém, inclusive com o celular que, aliás, tem roubado o tempo de qualidade que o amor merece.

Passeiam juntos

Lembra do início do relacionamento quando só em pensar em saírem juntos era motivo para ser feliz? Pois é, no casamento isso pode e deve continuar acontecendo. Mesmo que já tenham filhos e o dinheiro seja pouco, sair junto, nem que seja para tomar um suco na esquina, é uma das melhores dicas de como fugir da rotina.

Para isso, programe-se: vista-se bem, use um bom perfume e vá com boa vontade, de coração aberto, pensando na felicidade que é amar e ser amado. No encontro, evite conversar sobre os filhos e tarefas de casa. Se possível, pode até voltar no tempo e relembrar o que os uniu. Se foi o amor pelos livros, por exemplo, que tal visitar uma livraria? Se gostam de praia, que tal caminhar na areia do mar de mãos dadas? Agindo assim, vão manter o foco em uma atividade prazerosa e, além do mais, sair da rotina.

Demonstre amor com gestos

Dom Bosco tem uma frase famosa que diz: "Não basta que os jovens saibam que são amados, eles precisam sentir o amor". Acredito que no relacionamento também é assim. Por mais que o outro saiba que você o ama, é preciso manifestar o amor; nessa hora, os pequenos gestos fazem toda diferença!

Um telefone fora de hora só para dizer "eu te amo", uma flor, um bilhetinho apaixonado, um presente fora de datas comemorativas, elogios espontâneos e tantas outras coisas simples que, oferecidas com amor, fazem toda diferença.

Na verdade, o casal não precisa de grandes coisas para ser feliz, precisa é dar e receber atenção, dedicar-se e cuidar do outro, rompendo com a rotina no relacionamento todos os dias.

Todas essas dicas, apesar de importantes, não podem tirar a espontaneidade do casal. De vez em quando, deixe espaço para o improviso e dê liberdade para as coisas acontecerem naturalmente.

Traçar a rotina de todos os fins de semana, por exemplo, faz com que pareça que todos são iguais, e assim por diante. Então, fique atento, priorize realmente o amor em sua vida e verá que não é tão difícil assim fugir da rotina e ter um casamento feliz!


Dijanira Silva

Missionária da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Djanira reside na missão de São Paulo, onde atua nos meios de comunicação. Diariamente, apresenta programas na Rádio América CN. Às terças-feiras, está à frente do programa "De mãos unidas", que apresenta às 21h30 na TV Canção Nova. É colunista desde 2000. Recentemente, a missionária lançou o livro "Por onde andam seus sonhos? Descubra e volte a sonhar" pela Editora Canção Nova.



14 de fevereiro de 2018

Qual é o convite que a Quarta-feira de Cinzas nos faz?

Entramos no tempo da Quaresma com a Quarta-feira de Cinzas, período que antecede a Semana Santa

Ocasião de nos preparemos para a maior de todas as celebrações da Igreja: a Ressurreição de Cristo, nossa Páscoa. E este tempo de preparação se inicia hoje, na Quarta-feira de Cinzas. Na celebração deste dia, cinzas são colocadas na nossa cabeça ou na testa para que nos lembremos de onde viemos e para onde vamos: "Como um pai tem piedade de seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem, porque ele sabe de que é que somos feitos, e não se esquece de que somos pó" (Sl 102,14).

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Foto ilustrativa: sterlsev by Getty Images

Este é um tempo favorável a nós. Mas, para que possamos ressuscitar com Cristo, talvez seja necessário mudarmos a direção da nossa vida. Por isso, no momento em que recebemos as cinzas, ouvimos o seguinte versículo bíblico: "Convertei-vos e crede no Evangelho" (cf. Mc 1,15). Mas, vamos antes entender onde está situado esse importante alerta de conversão.

No Evangelho de São Marcos, esse trecho está no capítulo 1 (um). O livro tem uma abertura, na qual apresenta o objetivo principal do Evangelho: a afirmação de que Jesus é o Filho de Deus (1,1). Segue com a apresentação de João Batista (1,2-8). No versículo 9, Cristo aparece pela primeira vez no Evangelho para ser batizado por João (1,9-11). Por fim, Ele passa 40 dias no deserto onde é tentando pelo demônio (1,12-13).


No Evangelho de São Marcos, todas estas passagens são apresentadas sem que se ouça a voz de Jesus. Todos os diálogos d'Ele, nessas cenas que conhecemos de outros Evangelhos, São Marcos suprime. A primeira fala de Jesus colocada por esse evangelista é a primeira pregação feita pelo Mestre, e é sobre conversão: "Depois que João foi preso, Jesus dirigiu-se para a Galileia. Pregava o Evangelho de Deus e dizia: 'Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; convertei-vos e crede no Evangelho'" (Mc 1,15).

Essa primeira fala de Jesus, no Evangelho de São Marcos, pode ser divida em três partes:

1) Cumpriu-se o tempo – a espera das promessas do Antigo Testamento relacionadas à vinda do salvador acabou, pois, Ele está no meio de nós.

2) O Reino de Deus está próximo – este reino é o próprio Jesus. Ele que vem ao encontro de cada um de nós.

3) Convertei-vos e crede no Evangelho – mas, para que nós experimentemos essa presença real de Jesus, para que vivamos o seu reino é preciso conversão.

E converter significa mudar de caminho. É necessário assumir o caminho proposto no Evangelho, que é o próprio Cristo: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida" (Cf. Jo,14,6).

Assim, começamos a Quaresma na Quarta-feira de Cinzas, ouvindo, segundo o Evangelho de Marcos, a primeira pregação de Jesus, um convite à conversão. Um convite para que, nestes quarenta dias, possamos refletir por quais caminhos temos andado. Um convite para conhecermos e seguirmos pelo caminho que é o próprio Cristo. Um convite para, no caminho que é Cristo, encontrarmos uma vida nova, a ressurreição.


Denis Duarte

Denis Duarte é graduado em letras, especialista em Bíblia e mestre em Ciências da Religião. Professor e vice-diretor da Faculdade Canção Nova.



12 de fevereiro de 2018

Como a postura da mulher influencia a vida do marido

A postura da mulher pode influenciar e muito a vida do marido

Ninguém é fruto de um acaso, e todos nós trazemos na alma o desejo natural de felicidade, que é alcançado com a realização do chamado recebido do Criador, desde que, começamos a existir. A postura da mulher traz em si a essência do que Deus criou.

Assim, não podemos igualar o chamado de uma pessoa com o chamado de outra, muito menos a vocação do homem com a vocação da mulher. São realidades profundamente distintas e igualmente enriquecedoras. Quando cada um assume seu papel, todos se enriquecem. Reconhecer isso já é um grande passo para a realização plena como pessoa criada e amada por Deus, independente do sexo.

Foto ilustrativa: laflor by Getty Images

Enquanto o homem, por exemplo, traz em si a inclinação natural para ser o provedor do lar, e suas prioridades estão ligadas ao cumprimento de tarefas, a vocação da mulher é amar incondicionalmente, a ponto de dar a vida se preciso for. É claro que, também, o homem é chamado ao amor, mas, quanto à mulher, além do chamado existe ainda a necessidade de amar. São João Paulo II afirma, na Teologia do Corpo, que "a mulher não pode encontrar a si mesma, senão doando amor aos outros".

Ressuscitar, amparar e amar é o que dá sentido à vida

É também por isso que, quando falamos da postura da mulher na vida do marido, precisamos considerar o papel que ela é chamada a exercer. Victor Hugo, grande poeta francês, afirma que "o homem é a mais elevada das criaturas de Deus, mas a mulher é o mais sublime dos ideais. Deus fez para o homem um trono; para a mulher, um altar. O homem é o cérebro; a mulher, o coração. O cérebro produz a luz; o coração produz o amor. A luz fecunda; o amor ressuscita". E ressuscitar, amparar e amar é o que dá sentido à vida.

Embora, na atualidade, seu papel esteja seriamente comprometido pelo modernismo e relativismo, seu valor não pode ser subestimado pelo que ela faz, sabe ou veste. Seu valor está escrito no coração de Deus, que com ela fez uma parceria pela vida. Deixo aqui algumas dicas que podem ajudar você, mulher, a ser o "Socorro de Deus" na vida do seu marido:

1- Encontre seu lugar e permaneça nele

Ninguém pode dar aquilo que não possui. Portanto, se você deseja ajudar seu marido, procure antes ser ajudada. Busque a cura interior, reconcilie-se com sua história, peça e ofereça perdão a quem precisar, e lance um novo olhar sobre o mundo.

Você é uma pessoa amada, infinitamente, por Deus e enviada por Ele com a missão de amar. A partir dessa aceitação, Deus mesmo o conduzirá a passos concretos na direção do seu devido lugar no relacionamento.

2- Reconheça o valor do seu cônjuge, elogie

Palavras de incentivo e gratidão fazem bem a qualquer pessoa, mas quando brotam do coração de quem amamos, tem o poder de curar nossa alma. Seu marido precisa ser elogiado e reconhecido por aquilo que é e faz, para continuar dando passos. Então, não perca a oportunidade de elogiar e dizer-lhe "muito obrigada", mesmo que seja pelas coisas simples do dia a dia. A gratidão e o reconhecimento abrem portas para o amor florescer.

3- Tenham disciplina, mas priorizem o amor

A maioria das mulheres gosta de manter a casa arrumada com as coisas no seu devido lugar. Ótimo! Porém, mais importante que isso é fazer com que seu esposo se sinta bem em casa, sem a tensão constante de não poder desarrumar nada. Aposto que ele prefere ficar ao seu lado de bom humor, do que ter a casa impecável e você estressada.

Para um homem que ama, o sorriso e a postura da mulher vale mais que tudo.

4- Seja fiel

O compromisso em amar, respeitar e ser fiel ao seu esposo é algo sério que você assumiu diante de Deus, não o quebre por nada neste mundo. Lembre-se que ser fiel envolve todos os aspectos da vida, desde o material até as aspirações mais profundas de sua alma.

Esteja ao seu lado e jamais fale mal de seu marido para alguém. Se ele cair, estenda-lhe a mão e não o condene. Todos nós comentemos erros na tentativa de acertar.


5- Respeite as diferenças

Naturalmente, o universo masculino é diferente do universo feminino. Exigir que seu marido pense e aja igual a você não é uma boa ideia. Procure ouvir as razões dele, observe-o, esteja atenta aos seus gostos, respeite suas escolhas e tente entender o mundo dele, ou melhor fazer parte do mundo dele. Com isso quem ganha é você.

São as pequenas renúncias em nome do amor que trazem alegria e força ao relacionamento. Ser feliz é muito melhor do que ter sempre razão.

6- Cultive a amizade

Acredito muito no valor e nos benefícios da amizade, e não imagino como seria viver a vida inteira com alguém que não fosse meu amigo. É com o amigo que conseguimos ser quem somos, abrir o coração, falar da vida e dos sonhos, com a certeza de que somos acolhidos.

Se você já é amiga do seu esposo, cultive a amizade; se ainda não é, procure conquistar essa graça. "O amigo é uma poderosa proteção, quem o achou, encontrou um tesouro" (Eclesiástico 6,14).

7- Seja um presente

Presente é para ser doado, e dentro do casamento o maior presente que podemos dar é nossa entrega total no relacionamento, inclusive vivendo com plenitude a sexualidade. Cuidar da saúde, vestir-se com zelo e manter acesa a chama do amor, é uma escolha que você pode fazer, todos os dias, para tornar seu casamento uma expressão do amor de Deus neste mundo.

Se parece um desafio colocar essas dicas em prática, lembre-se de que, você não estará sozinha. Busque a graça de Deus pela oração e leitura da Palavra, pois é d'Ele que virá sempre toda força e sabedoria para cumprirmos nossa missão neste mundo. Dê um passo de cada vez e siga em frente; sem jamais deixar de amar, porque quem ama sempre vence!

 

 


Dijanira Silva

Missionária da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Djanira reside na missão de São Paulo, onde atua nos meios de comunicação. Diariamente, apresenta programas na Rádio América CN. Às terças-feiras, está à frente do programa "De mãos unidas", que apresenta às 21h30 na TV Canção Nova. É colunista desde 2000. Recentemente, a missionária lançou o livro "Por onde andam seus sonhos? Descubra e volte a sonhar" pela Editora Canção Nova.



9 de fevereiro de 2018

Sejamos fiéis na tribulação e confiantes na esperança de Jesus

"Alegres na esperança, fortes na tribulação, perseverantes na oração" (Rm 12,12)

É a virtude da esperança que nos leva a buscar a Deus sem cessar e sem trocá-lo por nada nesta vida. "É no silêncio e na esperança, que reside a vossa força" (Is 30,15).

O profeta Jeremias exalta esta virtude dizendo: "Bendito o homem que confia no Senhor, cuja esperança é o Senhor; é como a árvore plantada junto às águas, que estende as raízes em busca da umidade, por isso não teme a chegada do calor: sua folhagem mantém-se verde, não sofre míngua em tempo de seca e nunca deixa de dar frutos" (Jer 17,7-8).

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Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Crer na esperança

É a esperança em Deus que faz a diferença dos que creem: "Ó Senhor, Deus poderoso do universo, feliz quem põe em vós sua esperança!" (Sl 83,13); por isso, São Paulo diz que: "A esperança não decepciona" (Rm 5,5).

A esperança não nos deixa desanimar, mesmo no meio das aflições e tribulações da vida. Santo Agostinho recomendava: "De nada desesperes enquanto estás vivo. Nada estará perdido enquanto estivermos em busca". Quanto maior a esperança, tanto maior a união com Deus. Nossa esperança não pode ser incerta, pois, ela se apoia nas promessas divinas, São Paulo disse: "Na esperança é que fomos salvos" (Rom 8,24). Nessa certeza, São Pedro pedia a seus filhos: "estai preparados para dizer aos outros a razão da nossa esperança" (1 Pe 3,15).

A tribulação vencida na fé e na esperança

Mas, a nossa grande esperança é a vida eterna em Deus. São Tomás de Aquino dizia que: "A esperança cristã é a espera certa da felicidade eterna". São Paulo disse aos filipenses: "Nós somos cidadãos do Céu! É de lá que, também, esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Ele transformará nosso corpo miserável, para que seja conforme o Seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de submeter a si toda a criatura" (Fil 3, 20-21).

São Paulo mostra que é vazia toda esperança colocada apenas nas realizações terrenas: "Se é para esta vida que pusemos a nossa esperança em Cristo, nós somos – de todos os homens – os mais dignos de compaixão" (1 Cor 15,19). A esperança do Céu e da sua glória fazia o apóstolo dizer: "Os olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou, o que Deus tem preparado para aqueles que o amam" (1 Cor 2,9).

O paciente Jó recomendava: "Crescer na confiança enfrentando as tribulações" (Jó 1,20). Com esperança, as tribulações da vida, nos ajudam a crescer na confiança em Deus e nos fortalecem espiritualmente.

São Paulo mostra os frutos da tribulação vencida na fé e na esperança: "Nos gloriamos até das tribulações. Pois sabemos que a tribulação produz a paciência, a paciência prova a fidelidade e a fidelidade, comprovada, produz a esperança. E a esperança não engana" (Rom 5,3-5).

O Apóstolo diz que Deus nos conforta em nossas aflições para que nós, também, possamos consolar os que sofrem ao nosso lado: "Bendito seja Deus de toda a consolação, que nos conforta em todas as nossas tribulações, para que, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus, possamos consolar os que estão em qualquer angústia!" (1 Cor 1,3-4)

São Pedro recomenda: "Lançai sobre Deus todas as vossas preocupações, porque Ele tem cuidado de vós. Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé" (1 Pe 5,7s). Mas, São Paulo nos conforta: "O Deus da paz em breve não tardará a esmagar Satanás debaixo dos vossos pés" (Rom 16,20).

E São Pedro diz que com perseverança venceremos as tribulações na paciência: "O Deus de toda graça, que vos chamou em Cristo à sua eterna glória, depois que tiverdes padecido um pouco, vos aperfeiçoará, vos tornará inabaláveis, vos fortificará" (1 Pe 5,7-10).

Não podemos desanimar. A Carta aos hebreus nos diz: "Meu justo viverá da fé. Porém, se ele desfalecer, meu coração já não se agradará dele (Hab 2,3s). Não somos, absolutamente, de perder o ânimo para nossa ruína; somos de manter a fé, para nossa salvação!" (Heb 10,39).


São Paulo mostra que jamais Deus nos abandona no meio das tribulações: "Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada?. Mas, em todas essas coisas, somos mais que vencedores pela virtude daquele que nos amou" (Rom 8,35-39).

A Providência divina tudo controla; nada escapa de Seus olhos: "Até os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois!" (Mt 10,30-31. Sabemos que "o salário do pecado é a morte" (Rom 6,23), o sofrimento e as tribulações não são castigos de Deus. Mas Deus transformou o sofrimento em matéria prima de salvação com a Paixão de Cristo. "A morte foi tragada pela vitória (Is 25,8). Onde está, ó morte, a tua vitória?" (1 Cor 15,55-56).

A oração nos faz vencer

O que nos dá forças para vencer as tribulações é a oração. Na verdade ela é a mais potente das ações. Ela é a nossa força e a fraqueza de Deus, dizem os santos. É preciso rezar sempre: "orai sem cessar!" (1 Ts 5,17), e rezar com o coração; uma oração que seja humilde, fervorosa e perseverante, sem desanimar. A oração nos dá a consciência da nossa fraqueza. Gandhi, que não era cristão disse: "a oração salvou-me a vida".

A oração é a força da alma e da vontade; ela faz os santos. Alguém disse que "o homem só é grande de joelhos".

É próprio do homem rezar, não dos animais. Tudo pode ser mudado pela oração. Ela é a respiração do espírito e a condição para entender as coisas sobrenaturais. O grande microbiologista da Sorbone, Dr. Louis de Pasteur, dizia: "saio mais humano da oração".

É com a força da oração que conseguimos arrancar os vícios do jardim de nossa alma e plantar as virtudes. Com ela vencemos a tristeza e aliviamos o sofrimento. Sem oração é impossível caminhar na e fazer a vontade de Deus.

O Senhor Jesus nos manda "orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo". A oração é para a alma, o que o ar é para o corpo. Uma alma que não reza é uma alma que não respira; não tem vida. Ninguém pode servir a Deus sem muita oração, pela simples razão de que é Ele, e somente Ele, que realiza todas as coisas; nós somos apenas seus instrumentos. "Sem Mim nada podeis" (Jo 15,5). "Tudo o que pedirdes na oração, crede que o tendes recebido, e ser-vos-á dado" (Mc 11,24).

São Paulo recomenda com insistência: "Orai em todo o tempo" (Ef 6,18), "perseverai na oração" (Col 4,2), "orai sempre e em todo o lugar" (1 Tim 2,8). "Antes de tudo recomendo que se façam súplicas, orações, petições, ações de graças por todos os homens (…)" (1 Tim 2,1).

O Papa Paulo VI disse certa vez: "A Igreja é a sociedade dos homens que oram. Seu principal objetivo é ensinar a rezar".


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino



6 de fevereiro de 2018

Confira 6 dicas para participar bem da Santa Missa

A Missa e a nossa participação

A Missa tem valor inestimável. É nesse mistério de que o povo de Deus se alimenta do Corpo e Sangue de Jesus, pois, a "Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, a atualização e a oferta sacramental de seu único sacrifício na liturgia da Igreja, que é o corpo dele" (Catecismo da Igreja Católica, n.1362). O Papa João Paulo II, no início da sua Encíclica "Ecclesia de Eucharistia" afirmou que "a Igreja vive da Eucaristia", assim, toda nossa atenção e interioridade a tudo que compõem o antes, o durante e o depois da Missa são essenciais para uma plena participação. Vejamos pontos importantes para participar bem da Celebração Eucarística:

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Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

1 – A fé

Cremos que "o nosso Salvador, na última Ceia, instituiu o sacrifício eucarístico do seu Corpo e Sangue, com o fim de perpetuar através dos séculos, até à sua vinda, o sacrifício da cruz e, deste modo, confiar à Igreja, sua amada Esposa, o memorial da sua Morte e Ressurreição" (Instrução Geral do Missal Romano, n.2).

Ter fé no que se celebra é fundamental, pois acreditamos com toda a Igreja no único e eterno sacrifício de amor de Jesus Cristo celebrado na Missa, com a certeza de que "a Eucaristia é o resumo e a suma de nossa fé" (CIC. 1327). Nisto, não basta somente ser batizado e estar inserido na Igreja, mas, também, é preciso que creiamos no que celebramos em cada Liturgia.

2 – A preparação

É necessária uma preparação em todos os sentidos, para participar bem do momento ápice que é a Missa. Lucas 22,7-13 narra que Jesus mandou preparar uma grande sala quando ia celebrar com Seus discípulos a ceia pascal, em que instituiu o sacrifício do seu Corpo e Sangue. Sobre essa passagem bíblica que mostra toda uma preparação, "a Igreja sempre julgou dirigida a si esta ordem, estabelecendo como preparar as pessoas, os lugares, os ritos e os textos, para a celebração da Santíssima Eucaristia" (IGMR, n.1).

Dessa forma, diante do grande mistério de amor que se apresenta a nós na Missa, devemos com antecedência preparar o nosso coração, para bem vivê-lo. Já, bem antes da celebração, é importante tentar administrar as possíveis agitações interiores, as preocupações vãs, ansiedades, confusões e tudo o que é secundário, em relação ao essencial que será a Celebração Eucarística.

3 – A disposição

A Missa é central para o católico e todos devem direcionar-se com disposição e liberdade a este momento. Ir por simples obrigação à Missa é privar-se dos vários benefícios que ela proporciona, porque, Deus espera de nós atos de amor e fé, e não só uma presença preceitual, que também deve se observar. Na Celebração da Missa, centro de toda vida cristã, encontra-se o ápice da ação pela qual Deus santifica o mundo em Cristo, e o culto que os homens oferecem ao Pai por adorar o Filho Jesus. (Cf. IGMR, n.16). Portanto, é preciso que alimentemos nossa disposição, para estarmos e participarmos bem da Missa, com tudo que somos e prestarmos o culto ao Pai no Filho, com alegria e gratidão.

4 – Os gestos e postura do corpo

A Igreja ensina que "os gestos e posições do corpo tanto do sacerdote, do diácono e dos ministros, como do 'povo' devem contribuir para que toda a celebração resplandeça pelo decoro e nobre simplicidade, se compreenda a verdadeira e plena significação de suas diversas partes, e se favoreça a participação de todos" (IGMR, n. 42).

É imprescindível que o nosso corpo, mente e coração estejam em conformidade com o que se está celebrando. Que a visão esteja focada no altar e no sacerdote; que a audição absorva os sons que ajudam a vivenciar o mistério celebrado; e que até o tato não desvie nossa atenção, ao utilizar objetos que não estão relacionados ao momento Eucarístico. Que todo o nosso ser esteja voltado para a Liturgia celebrada. Que toda nossa postura seja adequada à sacralidade da Missa.

Tudo isso, para que, todos formem um só corpo, quer ouvindo a palavra de Deus, quer participando nas orações e no canto. Pois, essa é uma unidade, que manifesta-se em beleza nos gestos e atitudes corporais que os fiéis observam todos juntamente. (Cf. IGMR, n.96).

5 – Guardar o silêncio

Antes do início da celebração é louvável observar o silêncio na Igreja, sacristia e lugares mais próximos, para que assim, haja uma devida preparação para celebrar, devota e dignamente, os ritos sagrados. Na Missa, deve-se guardar nos momentos próprios, o silêncio sagrado como parte da celebração, em que no ato penitencial e ao convite à oração, o silêncio destina-se ao recolhimento interior; nas leituras e homilia, o silêncio é para uma breve meditação sobre o que se ouviu; e depois da comunhão, o silêncio favorece a oração interior de louvor e ação de graças. (Cf. IGMR, n. 45).

6 – Atenção à liturgia

É importante que toda a assembleia, povo de Deus, participe integralmente da Missa, observando cada parte que são: os ritos iniciais; a liturgia da palavra; a liturgia Eucarística; e o rito de conclusão. Outro ponto é ter a clareza do Tempo Litúrgico o qual a Igreja está celebrando, que são os ciclos do Tempo Comum, Advento, Natal, Quaresma e Páscoa.

Com isso, a realização litúrgica da Missa, por meio de sinais sensíveis, que alimenta, fortalece e exprime a , deve suscitar em cada pessoa o desejo intenso de participar ativamente e plenamente. Pois, "pela Celebração Eucarística já nos unimos à liturgia do céu e antecipamos a vida eterna, quando Deus será tudo em todos" (CIC. 1326).

O Papa Francisco na sua catequese do dia 8 de novembro de 2017 disse: "Não vos esqueçais: participar na Missa é viver, mais uma vez, a paixão e morte redentora do Senhor". Portanto, a vivência deste sublime mistério de amor, sempre nos conduzirá ao próprio Cristo, que se entregou e se entrega a cada um nós no hoje da sua Páscoa celebrada na Missa.


Márcio Leandro Fernandes

Natural de Sete Lagoas (MG), é missionário da Comunidade Canção Nova e candidato às Ordens Sacras. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP), Márcio Leandro é também Bacharelando em Teologia pela Faculdade Dehoniana, em Taubaté (SP). Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, no Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários.