4 de fevereiro de 2018

Não deixe-se abater e deter-se pelos problemas e dificuldades

Como a planície que se alaga, nossa vida também acaba sendo alagada pelos problemas, quando damos a eles importância maior do que realmente têm

"Não te detenhas"! Essa ordem que Deus deu a Lot é também uma ordem que Ele, continuamente, dá a cada um de nós. Não se deter na planície significa não agarrar as coisas pequenas, não perder tempo com coisas insignificantes, não se deixar abater pelos problemas e pela dificuldade.

Infelizmente, muitas e muitas vezes, fazemos uma tempestade em copo d'água, e, às vezes, o copo está só pela metade.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Não ficar parado na planície da vida

Por causa do pecado, tendemos a ficar parados nas planícies da vida. Na hora da enchente, porém, a planície é o primeiro lugar que se alaga! Com isso, não caminhamos em direção aos grandes objetivos da vida. Quando ficamos presos aos pequenos problemas do cotidiano e não progredimos na vida.

Deter-se na planície é permanecer cultivando pequenas mágoas e ressentimentos. O próprio texto bíblico nos ensina um grande segredo para a felicidade: não olhar para trás. O passado, por melhor ou pior que tenha sido, não volta. Como a planície que se alaga, nossa vida, também, acaba sendo alagada pelos problemas, quando damos a eles importância maior do que realmente têm.

Todo rio nasce com uma meta única: chegar ao mar. Mas, quando o rio para de correr em direção ao mar e começa a voltar atrás, ele causa alagamentos e enchentes. Rio parado é sinal de estragos nos campos e nas cidades. O mesmo acontece conosco. Por isso, além de não olhar para trás, é preciso não se deter, não parar, não estacionar. A vida é dinâmica. O Espírito Santo é movimento. O ser humano é inacabado. O mundo não está completo e pronto. Deus nos confiou seu aperfeiçoamento, triste de quem acha que já atingiu sua meta.

A moderna ciência de administração de empresas, hoje, sabe que uma das causas que pode provocar a falência de uma organização é o êxito. A empresa começa a falir quando se acha a melhor, quando acredita já ter atingido seus objetivos. A ideia do êxito causa acomodação. E a acomodação acaba com empresas, casamentos e comunidades.

A preguiça gera falta de garra

Outro grande perigo é a preguiça, que gera a falta de garra. No mundo das coisas fáceis criamos pessoas enfraquecidas, sem determinação, sem coragem para lutar, sem garra e sem uma meta na vida. As pessoas procuram empregos, mas não querem trabalho. Quando mais fácil, melhor. Só que isso acaba transformando o ser humano num fantoche, sem vontade, sem espírito de luta. Em pouco tempo, quem se deixar levar pela lei do menos esforço, acabará se decepcionando, pois a vida é dura, principalmente, com quem é mole. Daí surgem as pessoas que só sabem reclamar da vida: são amargas, sempre pessimistas, saudosas de um passado que não poderá voltar.

A vida é como andar de bicicleta: se parar, cai, pois o equilíbrio vem do pedalar. O mesmo ocorre com os aviões. Se pararem, caem. O que sustenta seu equilíbrio é o movimento dos motores.

É bom observar que a bicicleta tem duas rodas e um guidão, ou seja, o equilíbrio depende, também, de uma direção bem determinada. Quem não tem uma meta, facilmente se cansa. É preciso saber para onde ir e ser persistente nessa direção.


Lutar para conquistar o reino de Deus

Quem estaciona na planície, além de ver apenas o lado negativo de tudo, enxerga com lente de aumento. Já que não tem outros horizontes, só vê o obstáculo e, como se aproxima muito dele, acaba se sentindo pequeno demais para vencê-lo.

Essa atitude é alimentada pela acomodação que, muitas vezes, é vista como um valor. Pessoa acomodada é considerada uma pessoa boa, que tudo aceita. É uma coitada, ou seja, não tem boca para nada. Isso não é qualidade! Jesus disse que o reino dos céus e dos "violentos".

Creio que seja este o grande sentido dessa revolucionária palavra de Jesus: é preciso lutar, com garra, para conquistar o Reino.

Pe Léo
Trecho do livro: Buscai as coisas do alto

26 de janeiro de 2018

Sua sexualidade é um dom

O ser humano é chamado ao amor e ao dom de si

Deus, ao criar o homem, o fez na sua totalidade, individualidade e definido sexualmente. A sexualidade, sendo dom de Deus, não pode ser vista como algo separado do homem, e sim, essencial para a salvação. Por isso, preciso assumir a minha sexualidade como identidade de mim mesmo. Se Deus me fez homem, não posso ser outra coisa e, se você é mulher não pode ser outra coisa a não ser mulher. O dom de Deus não pode ser estragado pelo homem, pelo contrário, deve ser assumido.

Você é imagem e semelhança de Deus. Deus caprichou ao fazê-lo! Não podemos deixar o mundo estragar a nossa identidade e sexualidade, dizendo que, para sermos felizes, precisaremos assumir outra identidade e acharmos isso normal. Você só será inteiramente feliz, sendo o que é desde o nascimento, homem ou mulher; fora disso não é dom de Deus.

Foto ilustrativa: Paula Dizaró / cancaonova.com

"O ser humano é chamado ao amor e ao dom de si, na sua unidade corpórea-espiritual. Feminilidade e masculinidade são dons complementares, (…) a sexualidade humana é parte integrante da capacidade concreta de amor que, Deus inscreveu no homem e na mulher. «A sexualidade é um componente fundamental da personalidade, um modo de ser, de se manifestar, de comunicar com os outros, de sentir, de expressar e de viver o amor humano». Essa capacidade de amor, como dom de si, tem uma «encarnação» no caráter esponsal do corpo, no qual se inscreve a masculinidade e a feminilidade da pessoa. «O corpo humano, com o seu sexo, e a sua masculinidade e feminilidade, visto no próprio mistério da criação, não é somente fonte de fecundidade e de procriação, como em toda a ordem natural, mas encerra desde 'o princípio' o atributo 'esponsal', isto é, a capacidade de exprimir o amor precisamente, pelo qual o 'homem/pessoa' se torna dom e – mediante este dom – atua o próprio sentido do seu ser e existir». Qualquer forma de amor será sempre marcada por essa caracterização masculina e feminina" (Conselho Pontifício para a Família, Sexualidade Humana, n.10).

Hoje, os homens estão perdendo a sua individualidade e assumindo uma identidade falsa, contrária àquela que Deus fez, um grande fator que tem contribuído para tal é a mídia. Ela tem ditado "regras", falando o que nós devemos "ser" para sermos felizes. As novelas e tantas outras coisas, têm falado contra o plano de Deus às nossas vidas e, dessa forma, nos leva a "esquecer" de que somos imagem e semelhança d'Ele.

Você é lindo(a), não seja aquilo que o mundo tem dito para ser! Mas, assuma a sua sexualidade e genitalidade como Deus fez. O mundo tem falado para você não se reprimir e assumir uma sexualidade que vai contra a natureza, contra o plano de Deus para sua vida.

Sei que, em muitos casos, pessoas foram feridas em sua sexualidade e genitalidade, por parentes, abusos, por violências; e isso, de um certo modo, levam muitos a assumirem uma identidade sexual que não é a sua. As pessoas, por vezes, não têm culpa, porque foram feridas desde crianças, carregam seus traumas durante toda a vida, e não buscam ajuda ou cura de suas marcas e feridas.

Qual o remédio para tudo isso?

O remédio é assumir que está ferido e buscar ajuda.

Certa vez, um jovem veio conversar comigo, aparentemente estava muito bem, porém, quando falou da sua sexualidade, contou que: ainda criança, foi abusado sexualmente por um primo dele. E essa situação, o fazia sentir atração sexual por outros rapazes, mas isso, não o tinha levado ao ato sexual. Em oração, fui pedindo a Deus que o curasse de todo trauma na sexualidade. Fizemos dias de oração de cura interior, e Deus o curou e libertou, porque ele assumiu sua fraqueza e buscou ajuda.


"A sexualidade humana é, portanto, um bem: parte daquele dom criado que Deus viu ser «muito bom» quando criou a pessoa humana à sua imagem e semelhança e «homem e mulher os criou» (Gen 1,27). Enquanto modalidade de: se relacionar e se abrir aos outros; a sexualidade tem como fim intrínseco o amor, mais precisamente o amor como doação e acolhimento, como dar e receber. «A sexualidade deve ser orientada, elevada e integrada pelo amor, que é o único a torná-la verdadeiramente humana»" (Conselho Pontifício para a Família, Sexualidade Humana, n.11).

O que falta para você buscar ajuda e assumir que foi ferido (a) na sua sexualidade? Deus quer curá-lo (a) e libertá-lo (a). Para que, assim, você seja inteiramente d'Ele e possa viver a liberdade na sua sexualidade.

19 de janeiro de 2018

Como cristãos por que e como devemos fazer o sinal da Cruz?

A importância do sinal da Cruz para os fiéis

O que significa, para o cristão, fazer o sinal da Cruz?  O apóstolo Paulo, quando termina a sua segunda carta aos Coríntios (13,13), escreve: "Que a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vocês".

Temos aqui expressa a fé na Santíssima Trindade. Nela proclamamos que "Deus Pai nos amou a tal ponto que entregou seu Filho Único, para que todo  aquele que n'Ele acredita não morra, mas tenha a vida eterna" (João 3,16). E essa vida eterna, que Cristo conquistou para nós com sua morte e ressurreição, a nós é comunicada por meio do Dom do Espírito Santo.

Como cristãos por que e como devemos fazer o sinal da cruz?

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Qual é o significado da Santa Cruz?

No sinal da Cruz, com um gesto muito simples, e com poucas palavras, expressamos tudo isto: as palavras "em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo" (Mateus 28,19), lembram a fórmula do Batismo que recebemos; e o sinal da Cruz aponta para aquele "maior ato de amor de toda a história da humanidade", que foi a morte de Jesus. São Paulo, escrevendo aos Filipenses, disse que, devido a esse supremo ato de amor, "Deus exaltou grandemente o Seu Filho, Jesus Cristo, e lhe deu o Nome que está acima de qualquer outro nome para que, ao nome de Jesus, se dobre todo joelho, no céu, na terra e sob a terra; e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai" (2,9-11).

Mas, a proclamação dessa fé só é possível, graças do dom do Espírito Santo, porque "ninguém poderá dizer 'Jesus é o Senhor!', a não ser sob a ação do Espírito Santo" (1 Coríntios 12,3).

Gesto de fé

Limitei-me a citar poucos versículos do Novo Testamento que apontam para essa nossa fé. Porém, todas as mensagens de Jesus e dos apóstolos, expressam essa fé. E, a Igreja, confessa continuamente essa fé. No simples gesto do sinal da Cruz, acompanhado pelas palavras "Em nome do Pai, etc.", nós manifestamos e reforçamos essa mesma fé. Trata-se da fé específica dos cristãos.

Há pessoas de outras religiões que, também, acreditam em Deus: por exemplo os Judeus, os Islâmicos, ou os Espíritas. O que nos diferencia deles, é o fato de, não simplesmente acreditar em Deus, mas especificamente que Deus enviou Seu Filho, para nos salvar através do mistério da Sua morte e ressurreição; e essa salvação nos é comunicada por meio do Espírito Santo. Por isso, o Catecismo da Igreja Católica, escreve que "o sinal da Cruz, assinala a marca de Cristo, naquele que vai pertencer-lhe e significa a graça da redenção que Cristo nos proporcionou por sua Cruz" (nº 1235).

A primeira pessoa a fazer o sinal da Cruz foi o próprio Jesus, que estendeu Seus braços na cruz. E Seus braços estendidos entre o céu e a terra, traçaram o sinal indelével da Aliança.


Nos primeiros séculos, era costume fazer o sinal da Cruz sobre a testa. Pouco a pouco, o costume se transformou no que conhecemos hoje: fazer uma grande cruz sobre nós mesmos, da testa ao peito e do ombro esquerdo ao direito.  À direita nos recorda a alegria dos que foram salvos, dos que fazem a vontade de Deus, já que o Filho colocará as ovelhas fiéis à Sua direita (Mateus 25, 33).

O que a teologia explica do sinal da Cruz?

Essa forma de fazer o sinal da Cruz, também, tem um significado teológico profundo. O sinal da Cruz começa com a mão direita da cabeça até o peito, aceitando que nosso Senhor Jesus Cristo desceu do alto (isto é, do Pai) à terra, pela sua santa Encarnação.

O sinal da Cruz continua partindo do lado esquerdo, onde está o coração; lugar no qual se guarda com amor o mistério pascal de Jesus (sua dolorosa Paixão e Morte), depois, dirigindo-se ao lado direito, recordando que Jesus está sentado à direita do Pai, pela sua gloriosa Ascensão. Ou seja, a Cruz termina na glória celestial.

Quando recordamos que na Cruz Jesus nos amou até o extremo, se nosso pequeno gesto do sinal da Cruz é consciente, estaremos continuamente reorientando a nossa vida na boa direção, pois, carregar a Cruz é o que Jesus pede para segui-lo.

Todo gesto simbólico, pode nos ajudar a entrar em comunhão com aquilo que o gesto significa, e isso é o mais importante.

16 de janeiro de 2018

Dificuldade financeira: que gastos devemos cortar em tempos de crise?

Como sobreviver à crise econômica?

Vivemos um momento de instabilidade política em nosso país; como efeito, a crise econômica talvez seja um dos primeiros reflexos que a população sente das fragilidades da nação nesse momento.

Devido às incertezas governamentais, ocorre então, a retração de investidores e a alta de índices econômicos, consequentemente, menos empregos e a elevação de preços ao consumidor. Impostos são aumentados, empresas são afetadas e repassam tudo isso nos custos de seus produtos e serviços. Sendo assim, não tem jeito! Nós, que estamos na linha final de todo esse processo, pagamos a conta de tudo isso.

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Foto Ilustrativa: lolostock by Getty Images

Para muitos de nós, crise significa cortes, readaptação dos planos e das despesas pessoais. Então, o que devemos cortar em tempos de crise? E o que mais podemos fazer? Vamos começar pelos cortes:

Revisão no planejamento financeiro

É interessante colocar todo orçamento e gastos no papel, numa planilha, para visualizar melhor. Se havia planejamento para esse ano, quem sabe seja hora de deixarmos mais para frente, como aquela viagem nas férias ou a troca de carro.

Repensemos os custos e renegociemos. Um exemplo é recontratarmos os planos de telefonia, de TV a cabo e internet, pedindo condições mais baratas. Depois, é só adequar o consumo à nova realidade. Diminuamos demandas como a da energia elétrica. Estabeleçamos o horário de funcionamento de eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos. Liguemos o ar-condicionado e as lâmpadas só quando realmente for necessário. Reaproveitemos roupas e materiais (que possam estar em desuso) em vez de comprar novos. Se possível, uma boa tingida naquele jeans surrado, já traz uma aparência nova para ele.

Cortar o supérfluo

Os tantos doces e biscoitos que trazemos na compra mensal do supermercado, as idas a bares e restaurantes, as revistas que, por ventura, assinamos, nada disso é essencial. Portanto, dá para viver sem, ao menos neste tempo.

Ter atitudes como: sair de carro só mesmo quando necessário; viabilizar seu trajeto, sequenciar sua rota segundo suas obrigações – uma única saída para cumprir muitas tarefas, nos ajudam a reduzir gastos com o veículo. Quando formos fazer as compras, façamos antes uma lista (se for ao supermercado, alimentemo-nos antes de ir) e sigamos à risca o que está na lista.

Enfim, tudo aquilo que não é gênero de primeira necessidade, tem como ser excluído ou, pelo menos, alternado nos meses seguintes.

Preferência por marcas

Será que não existem produtos similares aos de sua preferência, que podem ser substituídos por opções mais baratas? No caso de marcas mais famosas, nós pagamos também pelo status do produto e seu projeto de marketing, ou seja, pagamos mais do que a utilidade do produto, mas outros artigos cumprem muito bem a função.

Agora, além dos cortes, o que mais podemos fazer em prol do orçamento mensal?

Alternativas de passeio e lazer

Já que vamos sair menos para barzinhos e restaurantes, podemos reunir os amigos em casa ou na casa deles. Um filminho com pipoca vai muito bem! Em vez da viagem, podemos ir a lugares mais próximos, que estão em nossa cidade mesmo. Provavelmente, há locais bem perto de nós, que não conhecemos ainda.


Faça você mesmo

A crise é uma ótima oportunidade para colocarmos a "mão na massa" e aprendermos a fazer algo novo. Aprendermos receitas novas ou, se for o caso, tentarmos aprender a cozinhar. Muitos têm descoberto uma versão caseira daquele produto, antes achavam que só era possível produzi-lo numa fábrica. Faça mais em casa e compre menos produtos prontos.

Podemos consertar coisas, desde que tenhamos conhecimento para tal. Construamos itens e objetos que vamos precisar. Quando mudei-em para meu endereço atual, eu mesmo fiz as telas de mosquiteiro lá para casa.

Renda extra

Busquemos um dinheirinho a mais. Se tivermos a oportunidade de fazer hora extra no trabalho ou prestar um serviço fora do horário de expediente em outro lugar, como aceitar encomenda de algo que saibamos cozinhar ou até mesmo ter um outro emprego, com certeza vai ajudar no orçamento.

Enfim, o que realmente é essencial para tudo isso, na hora do "aperto", é a disciplina para criar o novo hábito. O grande desafio está em mudar a nossa mentalidade. Às vezes, o que parece ser simples para a maioria das pessoas, como cortar algo bem supérfluo, para alguém é quase impossível. Como já vi pessoas que não querem se desfazer de uma compra de roupas ou da assinatura de uma revista.

Tudo depende da força de vontade em mudar hábitos. E não se esqueça: nos momentos de crises, a humanidade descobriu grandes soluções e inventos que temos hoje.

Deus abençoe!

11 de janeiro de 2018

Amar é voltar a sentir-se especial para o outro

Amar uma pessoa é querer que ela seja feliz

Amar alguém e dizer que a amamos é muito mais do que expressar o que sentimos; é deixar  bem claro à outra pessoa que, estamos dispostos a realizar todas as coisas para fazê-la feliz ao nosso lado. Embora, o amor seja definido como um sentimento, a manifestação dessa emoção é traduzida em gestos e atitudes. Isso aplica-se, também, ao amor entre irmãos, pais, filhos, colegas. E, em nada esse "bem-querer", difere-se em intensidade da manifestação vivida entre homens e mulheres, decididos a viver o desafio da vida comum compartilhada.

Quanto mais convivemos com as pessoas, tanto maior é o nosso conhecimento a respeito delas. Assim, apesar de manifestarmos e dizermos por várias vezes que amamos alguém, também estamos sujeitos a outros sentimentos, como raiva, medo, inclusive, certa insatisfação, mesmo que seja por alguns momentos. Da mesma maneira que, a febre no organismo pode indicar infecção, as possíveis insatisfações no relacionamento são indicadoras de uma situação que merece atenção especial.

Amar é voltar a se sentir especial para um outra pessoa

Foto Ilustrativa: Cecilie_Arcurs / by Getty Images

Relacionamento

Ninguém reclama da falta de alguma coisa, sem antes ter experimentado suas vantagens. Sabemos o quanto é bom ter voltado a nós, a atenção e o carinho de alguém; todavia, muitas vezes, no convívio do dia a dia ou tomados por outros afazeres, deixamos de lado coisas simples, mas, de grande importância para a manutenção do casamento. Hábitos que anteriormente eram comuns no tempo de namoro ou no início da vida conjugal, infelizmente, ao longo dos anos, tornaram-se raros por parte de um dos cônjuges, como por exemplo, passear de mãos dadas, trocar beijos e carinhos, assim como outras afabilidades no tratamento.

Ao deparar com a rarefação dos carinhos e das delicadezas, anteriormente presentes na vida dos casais, pode-se achar que o relacionamento conjugal está fadado à mesma rotina de outros – muitos dos quais não podem nos servir de modelo. No entanto, não podemos permitir que os problemas e as insatisfações manifestadas, roubem de nós a pessoa amada. O descaso às queixas do cônjuge, acabará por extinguir da vida do casal, aquilo que os uniu – o amor.


Aprendendo a conviver

Tentar acostumar-se com a situação, ridicularizá-la ou responder com sarcasmo ao que foi relatado, apenas provoca feridas e pode provocar consequências desastrosas para aqueles que, até pouco tempo, eram cúmplices em seus propósitos. Portanto, uma vez conhecidos os entraves da convivência, não podemos nos comprometer somente com as promessas de mudança, pois essas precisam ser assumidas com atitudes.

Assim, revigorados pela disposição em voltarmos a ser especiais ao outro, evitaremos que os muros das superficialidades e do individualismo surjam no campo dos sentimentos, nos quais paredes jamais podem existir.

 

9 de janeiro de 2018

Como você lida com seus pensamentos negativos?

Quanto mais evitamos uma situação, mais ela nos amedronta com pensamentos negativos

É muito comum, ao nos ferirmos em nossos relacionamentos, dizermos frases assim: "Nunca mais vou me envolver com outra pessoa", "Nunca mais terei alguém". E, a partir dessas frases, de fato, a pessoa jamais se abre para outras possibilidades ou avalia todas as pessoas ou situações da mesma forma.

Muitas vezes, percepções distorcidas, interpretações exageradas ou extremamente negativas determinarão a forma como passamos a ver o mundo, as pessoas e os relacionamentos. A partir daí, uma espécie de fechamento se dá em nossa vida, e começamos a evitar situações ou pessoas. E quantos de nós já não vivemos isso?

Como você lida com seus pensamentos negativos-

Foto Ilustrativa: Paula Dizaró/cancaonova.com

Quais são os seus medos?

Os conceitos que vamos construindo a respeito do mundo estão diretamente ligados às nossas percepções, crenças, cultura e aos nossos valores; muitas vezes, ligados também aos nossos diálogos internos, os quais parecem extremamente reais, ou seja, levam-nos a acreditar em coisas que nem sempre correspondem às verdades dos fatos.

Por exemplo: muitas pessoas se queixam de medos intensos e ficam bloqueadas para fazer algo. Se pararmos e olharmos a fundo, nem sempre esse medo corresponderá a algo possível de ocorrer. Acontece que, ao pensar de forma negativa e disparar uma série de pensamos distorcidos sobre uma situação, todo nosso corpo se mobiliza; então, surgem as fobias, o pânico, o desespero, uma ansiedade aumentada que, no fim, mexe diretamente com nosso corpo.


Como reconhecer os pensamentos negativos?

Assim como no medo, quando nos confrontamos com uma situação que nos bloqueia, podemos pensar em algumas situações para lidar com tais sentimentos:

1- Procure compreender de onde vem esses sentimentos e se, de fato, eles correspondem a algo possível de ocorrer, ou se não é um exagero dos seus pensamentos;
2- Enfrente uma situação e aja racionalmente, isso ajuda especialmente na superação de uma dificuldade. Quanto mais evitamos uma situação, mais ela nos amedronta;
3- Procure analisar a situação de uma outra forma. Se há, por exemplo, uma dificuldade nos relacionamentos afetivos, não necessariamente você precisa se isolar e se fechar ao outro. Pense o que acontece com seus relacionamentos, quais posicionamentos deve tomar, como vê o mundo e procure uma nova forma de reagir e avaliar seus pensamentos;
4- Quando estiver passando por um momento difícil, procure respirar e avaliar a situação. Não fuja do que está acontecendo e evite uma postura de fechamento. Lembre-se: mesmo que algo não tenha dado certo uma ou mais vezes, não significa que você está condenado a coisas tristes e nunca mais terá um relacionamento positivo.

Quando aprendemos a reconhecer nossos pensamentos, podemos ter uma nova atitude diante dos acontecimentos. Ao deixar de lado ideias negativas, deixamos que uma forma de ver a vida mais racional e equilibrada, faça-se presente. Certamente, todos ao nosso redor receberão os resultados positivos dessa mudança de pensamento e comportamento.

6 de janeiro de 2018

Como fazer o encontro do nosso tempo, com o tempo de Deus?

Aproveite o seu tempo para viver sua fé e Deus lhe ajudará

"Quando completou-se o tempo previsto, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sujeito à Lei, para resgatar os que eram sujeitos à Lei, e todos recebermos a dignidade de filhos. E a prova de que sois filhos é que Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: "'Abá, Pai!'" (Gl 4,4-6). O tempo do relógio e dos calendários não são suficientes para entender a vida humana. Faz-se necessário ver o tempo, do ponto de vista Daquele que é  o Senhor do tempo e que o supera; para Ele "um dia é como mil anos, e mil anos como um dia" (2 Pd 3,8). De fato, diante de Deus afirmamos com clareza: "Nossos anos de vida são setenta, oitenta para os mais robustos, mas pela maior parte são fadiga e aborrecimento, passam logo e nós voamos. Quem conhece o ímpeto da tua ira, quem teme a violência do teu furor? Ensina-nos a contar nossos dias e assim teremos um coração sábio" (Sl 89, 10-12). A plenitude do tempo chegou quando Deus quis!

Como fazer o encontro do nosso tempo, com o tempo de Deus? Como fazer para que os dias do ano que termina, não voem como penas ao vento e se percam, e sim, tenham sentido profundo e sejam incorporados como tesouro em nossa história? A Igreja aprendeu, no decorrer dos tempos, a contar os dias a partir de seu Senhor, para não parar nas fadigas ou no ócio eventual que, acabam até por irritar nossa frágil natureza. É que para os homens e mulheres de fé, o tempo que corre, chama-se história de salvação e, não minutos aproveitados ou desperdiçados. "Tudo coopera para o bem dos que amam a Deus" (Cf. Rm 8,28).

Como fazer o encontro do nosso tempo, com o tempo de Deus-

Foto Ilustrativa: Paula Dizaró/cancaonova.com

Qual é a chave do tempo?

A chave do tempo está em: professar a fé e declarar o amor a Deus. Então, tudo adquire seu pleno sentido, porque a primeira escolha é amar a Deus, antes de optar pela alegria ou pela dor, pelo riso ou pelas lágrimas. Trata-se de buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas as coisas serão dadas por acréscimo. Por isso, a pessoa de fé, entende que não há motivos para se preocupar com o dia de amanhã, pois esse terá sua própria preocupação! "A cada dia basta o Seu cuidado" (Cf. Mt 6,33-34).

Com o dia de hoje há que se "ocupar", viver bem cada momento presente, transformando-o em oportunidade para amar a Deus e ao próximo. Se, com tal afirmação, alguém possa parecer simplista, apenas aceitemos o desafio de experimenta-la, e será possível ver os frutos.

Nesta perspectiva, o que fazer do passado, cuja sombra tantas vezes aparece como fantasma que assusta? Primeiro, uma gratidão imensa pelos dons recebidos, pelo bem que a pessoa foi capaz de fazer, um olhar positivo sobre todas as pessoas e acontecimentos. Depois, uma decisão carregada de sabedoria é experimentar o perdão. Perdoar as pessoas que nos ofenderam, perdoar a nós mesmos pelas falhas, faltas e pecados e, mais ainda, recorrer à fonte do perdão que é a misericórdia infinita de Deus. Continua válida e profundamente curativa a proposta da Igreja, que se chama "Sacramento da Reconciliação". Uma boa e sincera confissão, diante daquele tribunal cuja sentença é sempre a absolvição, é um santo remédio, e quantas são as pessoas que necessitam redescobri-lo.

Ainda à mesma luz, nenhum ano é perdido e jogado no lixo. Ao invés de tentar esquecer os revezes da sociedade ou da política, ou, quem sabe, as derrotas pessoais em todos os campos, que tal integrar tudo, aproveitando para o bem as lições deixadas pela vida?


Há algo a fazer com o futuro, que muitas vezes repetimos pertencer a Deus e, é verdade! Insegurança é pretender adivinhá-lo, ou antecipá-lo, "morrendo de véspera". Serenidade é deixar que ele aconteça. Inteligência é aprender a confiar na Providência de Deus e equilibrar os passos do dia a dia com previdência e equilíbrio. Maturidade é estarmos prontos a fazer o que depender de nós, superando a ansiedade que nos tira a paz.

Faça o seu ano diferente

Entretanto, o que temos à disposição é o presente, e o futuro será uma sucessão de momentos presentes bem vividos! O dia 1º de janeiro, Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, é Dia Mundial da Paz. Na belíssima oração da "Ave Maria", cujas palavras brotam tão espontaneamente de nosso coração, dizemos assim: "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém". Quanta sabedoria e piedade em tão poucas palavras, repetidas por nós desde a mais tenra infância. Só temos certeza de dois momentos! O de nossa morte, quando deveremos apresentar-nos diante de Deus, em nossa páscoa pessoal, e esperamos que seja de grande alegria, e o "agora". Sim, na "Ave Maria" rezamos o mistério do tempo, comprometendo-nos a viver intensamente este agora, repleto de possibilidades, desafios e alegrias, acolhendo com prontidão a tarefa cotidiana de preencher com amor, todas as nossas decisões e os passos a serem dados.

Para o ano que está para começar, é bom fazer o propósito de preencher com amor o relacionamento com as pessoas, e esse é o melhor meio para sermos felizes. Falando da acolhida aos migrantes, o Papa Francisco propõe quatro atitudes, a serem praticadas em relação a eles, e nós os temos bem perto (bastando pensar nas levas de indígenas, vindos de outros países, que aportam em nossa região norte). O Papa Francisco  indica com a luz da Palavra de Deus, as práticas que servirão para iluminar, a partir dos irmãos mais pobres, todo o relacionamento humano, no tempo que nos é dado: "Acolher", não repelir as pessoas para lugares onde as aguardam perseguições e violências: "Não vos esqueçais da hospitalidade, pois, graças a ela, alguns, sem o saberem, hospedaram anjos" (Hb 13,2). "Proteger" lembra o dever de reconhecer e tutelar a dignidade inviolável dos que fogem dum perigo real em busca de asilo e segurança e impedir a sua exploração: "O Senhor protege os que vivem em terra estranha e ampara o órfão e a viúva" (Sl 146,9). "Promover" é apoiar o desenvolvimento humano integral dos que chegam de fora, pois Deus "ama o estrangeiro e dá-lhe pão e vestuário" (Dt 10,18-19). "Integrar" é permitir que esses irmãos e irmãs participem na vida da sociedade que os acolhe, para que de todos nós se possa dizer: "Portanto, já não sois estrangeiros nem imigrantes, mas sois concidadãos dos santos e membros da casa de Deus" (Ef 2,19). Vale como "programação", para viver o mistério do tempo em 2018, à luz da Palavra de Deus e da Palavra da Igreja!


Dom Alberto Taveira Corrêa

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/ano-novo/como-fazer-o-encontro-do-nosso-tempo-com-o-tempo-de-deus/