20 de dezembro de 2017

Como podemos encontrar a verdadeira felicidade?

Podemos passar pelos momentos de dor e sofrimento sem perder a alegria e a felicidade

O ser humano vive uma contínua busca pela felicidade, entretanto, como encontra-la é o que todos se perguntam. Victor Frankl é um psiquiatra vienense, judeu, fundador da Logoterapia, uma abordagem psicológica que se concentra no sentido da existência humana, bem como na busca da pessoa por esse sentido. Ele afirma que: felicidade não é algo que deve ser buscado ou perseguido, porque ela é uma consequência da realização do sentido da vida. Para Frankl, não se visa à felicidade, pois ela, por si mesma, não acontece.

Ele acredita que, o caminho concreto para a realização do ser humano e consequente a felicidade, está na autotranscendência. O que deve ser visado é uma tarefa, uma causa ou uma pessoa, e que, quanto mais alguém se esquece de querer ser feliz dedicando-se a uma causa ou a outras pessoas, mais essa pessoa poderá ser feliz. A nossa existência sempre se refere a algo ou a alguém e não a ela mesma. Isso significa que precisamos ter um objetivo a ser alcançado na nossa vida, e uma causa pela qual podemos sair de nós mesmos, ir além de nós mesmos.

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Ir além de si

Para o fundador da Logoterapia, o homem só se torna homem e, só é completamente ele mesmo, quando fica absorvido pela dedicação a uma tarefa, quando se esquece de si mesmo no serviço à uma causa ou no amor a uma outra pessoa. Ou seja, somente quando o ser humano transcende a si mesmo, indo além de si próprio, é que se torna verdadeiramente homem e encontra o sentido de sua vida. Dessa forma, torna-se possível encontrar finalmente a tão sonhada felicidade.

Você pode estar pensando assim: e quando nos encontramos envolvidos em situações que não escolhemos, seja ela uma doença, dificuldades financeiras e tantas outras que nos prendem? Como sair de situações assim e ir além de nós mesmos? Como não buscar a felicidade se o que enfrentamos é dor, sofrimento e dificuldade? Frankl também nos ensina que não somos livres de nossas limitações, mas temos liberdade para nos posicionar diante delas.


Somos livres "para" algo e não "de" algo. Somos livres, independentemente da situação que vivemos e enfrentamos; livres para dar uma resposta diferente e não ficar presos em nossas próprias limitações, indo além de nós mesmos, dedicando-nos para uma causa ou alguém. Isso não quer dizer que devamos fugir das situações, mas sim, enfrentá-las e não ficarmos presos nelas.

O segredo dos santos

Podemos ver o exemplo dos santos; aliás, não será esse o segredo deles? Vejamos Madre Teresa de Calcutá: nasceu numa família católica albanesa, na qual nada lhe faltava. O pai faleceu quando ela tinha 9 anos; e a partir daí, a situação financeira da família mudou drasticamente. Ao completar 18 anos, saiu de sua casa para o convento, e nunca mais pôde rever a família por questões políticas.

Mas, ela não parou nisso, na saudade, nos problemas familiares, na proibição de voltar para a sua terra natal e rever a mãe e irmãos. Com 17 anos de vida religiosa, sentiu o chamado de Deus para se entregar ao serviço dos pobres, vivendo com eles. Enfrentou inúmeras dificuldades e perseguições. No entanto, não parou nelas. E alguém pode dizer que ela não era feliz ou realizada?

Um outro exemplo é José Antonio Meléndez Rodríguez, conhecido como Tony Meléndez. Ele nasceu na Nicarágua com uma deformidade física: sem os dois braços. Porém, sua limitação não o parou. Hoje, ele é músico consagrado nos Estados Unidos, toca guitarra com os pés, é cantor e compositor. No ano de 1987, teve a oportunidade de tocar e cantar para milhares de jovens na presença do saudoso Papa João Paulo II, em Los Angeles. É casado e pai de dois filhos adotados, músico consagrado, feliz e realizado em sua vida pessoal e profissional.

Podemos passar pelos momentos de dor e sofrimento sem perder a alegria e a felicidade. Porque a verdadeira alegria, a verdadeira felicidade acontece quando vamos ao encontro do outro, quando nos gastamos por uma causa, por alguém que amamos e, principalmente, quando nos gastamos para Deus, servindo-O.

18 de dezembro de 2017

Como se livrar dos vícios trazidos pelo uso de drogas?

Se livre das drogas e tenha um a vida livre dos vícios

Droga é tudo aquilo que priva da vida. As drogas não trazem a morte. Elas são a morte. Uma vez ouvi alguém dizer que, "o pior não é a morte, mas sim a morte que experimentamos em vida". É isso que fazem a maconha, cocaína, cigarro, álcool e afins, e mesmo outras coisas, como a sexualidade desregrada, a novela, remédios, anabolizantes, etc.. Vende-se um ideal de falsa alegria ou falsa paz, que bem devagar vão desgastando o sujeito, impedindo-o de se conhecer, de desfrutar as possibilidades que a vida oferece, enfim, vai se matando a esperança. E há tanto a esperar da vida! Mas usamos as dificuldades, os conflitos como desculpas por um modo de vida "mais fácil".

Trocamos nossa liberdade por comodidades. Pior ainda é quando se abre mão dessa liberdade apenas por uma mera curiosidade.

Como se livrar dos vícios trazidos pelo uso de drogas-

Foto Ilustrativa: Paula Dizaró

Mas como se perde essa liberdade?

Quantas vezes usando drogas, você perdeu a oportunidade de descobrir aquilo que realmente te faria escolher seu caminho: sua força, sua capacidade, seu potencial; quantas vezes você deixou sua vida ser decidida por aqueles que alimentam os seus vícios? Quantas vezes mudamos nossa rotina, ou prejudicamos nossos contatos afetivos por causa do horário de uma novela, ou da necessidade de fumar um cigarro? Quem está decidindo a sua vida? As coisas que você faz são dirigidas para uma meta, a de se tornar uma pessoa melhor a cada dia, ou você se deixa levar pela "fissura", pelo efeito que a droga produz?

A incapacidade de fazer escolhas, e consequentemente de controlar o que se faz, te torna uma pessoa compulsiva. Você não consegue mais ficar sem um "trago", não consegue perder o capítulo da novela, não consegue decidir o que é melhor na sua vida afetiva por causa de uma dependência sexual. Já parece não haver mais esperança de vida sem aquele vício. E o pior é que, tudo aquilo que você faz, você se justifica por aquilo que sente; só consegue se relacionar com as pessoas a partir da "segurança" que a droga oferece; diz que ninguém tem nada a ver com sua vida, e começa a experimentar o pior prejuízo que a droga traz: a solidão.


Como sair dessa?

Em primeiro lugar, é preciso uma decisão radical de romper com o vício, com a escravidão. Para isso, é preciso mudança de vida. É preciso quebrar a autossuficiência, arrepender-se, ter humildade, submissão, disciplina, entrega, e principalmente, acreditar em Deus. O trabalho feito a partir da tradição dos grupos de "Anônimos" (AA, Fazenda do Senhor Jesus, etc.) indica algumas medidas importantes, estruturando esses passos através da promoção de uma reconciliação com Deus, consigo mesmo e com os outros. A decisão, no entanto, precisa ser radical. A recompensa? A esperança, a vida, a liberdade. A certeza de que o melhor da vida ainda está por vir.

Que tal agora pensarmos nos vícios que fazem parte da sua vida? Cocaína? Maconha? Álcool? Cigarro? Remédios? E se você acha que não é viciado, apenas usuário, vale a pena lembrar que a atitude de autoengano é muitas vezes justificada e contida na frase "quando quiser, eu paro", usada por tantos que, hoje, precisam da nossa ajuda e nossas orações. Pelo que você acha mais importante viver: pelos enganos oferecidos por esses meios de entorpecimento da vida, ou pela esperança de viver a vida que Deus sonhou para você? Lembre-se: Jesus quer te dar a vida, e vida em abundância.

Claudia May Philippi e Kleuton Izidio


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/series/dependencia-quimica/como-se-livrar-dos-vicios-trazidos-pelo-uso-de-drogas/

13 de dezembro de 2017

Conheça as três fases para formação de uma boa amizade

A amizade é um processo contínuo e dividido em fases

Reflita sobre as fases da amizade e quais nos ajudarão a compreender melhor esse relacionamento. A amizade é uma construção, por isso, existem três fases para sua formação:

1. Primeira fase: Iniciação;
2. Segunda fase: Manutenção;
3. Em alguns casos, há uma terceira fase: Dissolução.

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Foto Ilustrativa: Paula Dizaró/cancaonova.com

A amizade tem um início que corresponde aos primeiros encontros, os quais são entendidos como um tempo para o conhecimento do outro. Esse período inicial é de suma importância, pois, é aqui que a confiança se inicia e, aos poucos, o envolvimento se torna mais profundo. Muitas pessoas não conseguem se aproximar de uma outra por dificuldades pessoais, como uma introversão excessiva ou mesmo uma baixa autoestima, que o faz acreditar que nenhuma outra pessoa poderia o escolher como amigo.



Esses comportamentos podem dificultar a fase inicial, uma vez que, a pessoa não se aproxima de outra para estabelecer os primeiros laços. Nessa fase, é importante permitir que o outro nos conheça para, então, o relacionamento amadurecer e avançar para a manutenção da amizade, que é a próxima fase.

Cultivar a amizade diariamente

Para manter uma amizade, é preciso cultivá-la, cuidar dela diariamente. Esse período é chamado de manutenção. Nessa fase, é importante disponibilizar o mínimo de tempo para conversas, diálogos, trocas de experiências, partilhas, carinhos, demonstrações de amor, ajuda concreta etc., porque, quem ama oferece tempo. É fundamental empenho contínuo e cuidados que amadureçam o relacionamento. Esse tempo pode ser muito longo, como anos, décadas ou mesmo toda a vida. Os níveis de atenção ou negligência para o relacionamento, são fatores que determinam se a relação se aprofundará ou caminhará em direção à fase de dissolução, ou seja, o fim da amizade.

Existem amizades que duram uma vida inteira, como dissemos anteriormente. Nesses relacionamentos, os amigos são verdadeiros, demonstram afeto e respeito, estão sempre atentos às necessidades do outro e dispostos a ajudá-los, consideram o amigo como alguém importante em sua vida.

Existe ainda a dissolução. Essa fase pode ser o resultado da falta de atenção para com o outro, falta de interesse pela vida do amigo, falta de respeito com as diferenças, quando os amigos traem um acordo de sigilo ou mesmo quando um dos membros morre. No entanto, a morte não tem significado de término da amizade; na maioria dos casos, um amigo normalmente não morre para o outro, pois ele passa a existir vividamente na memória.

A amizade, portanto, é um processo contínuo que depende dos envolvidos para crescer, amadurecer, durar a vida toda ou diminuir até a extinção.

11 de dezembro de 2017

Autoconhecimento é importante?

Muitos acham que se conhecem, mas até que ponto chega esse autoconhecimento?

Vivemos em um mundo, o qual, nos incentiva a sermos independentes de Deus e de todos. Incentiva-nos a uma autorrealização que, para a grande maioria, parece cada vez mais distante, pois se trata de incentivo a uma vida cada vez mais fora de nós mesmos, cada vez mais exteriorizada. O resultado disso é que, as pessoas se preocupam cada vez menos com seu interior e cuidam menos dele, gerando sentimentos de frustração e de vazio. Por causa disso, encontramos um número crescente de pessoas que sentem um grande vazio interior e uma grande insatisfação, não conseguindo sequer, dar nome ao próprio sentimento. O autoconhecimento é necessário.

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Foto ilustrativa: Daniel Mafra / cancaonova.com

A sabedoria clássica considera o pensamento de Sócrates – "Conhece-te a ti mesmo" – como ponto de partida da filosofia humana. No entanto, esse é um caminho muito difícil de ser percorrido para quem não tem um referencial, um modelo de personalidade a ser atingido. Nós cristãos, que temos Jesus Cristo como modelo, precisamos ter a coragem de nos pôr a caminho e de nos conhecer em profundidade. O autoconhecimento é um caminho que nos leva a olhar para dentro de nós mesmos e a reconhecer nossos dons e talentos recebidos de Deus, e também, os nossos limites, fraquezas e os pontos que precisam ser melhorados. "Conhecer-se a si mesmo é uma necessidade e um dever do qual ninguém pode subtrair-se. O homem tem necessidade de saber quem é. Não pode viver se não descobre que sentido tem sua vida. Arrisca-se a ser infeliz se não reconhecer sua dignidade" (Amarás o Senhor teu Deus – Amadeo Cencini – pág. 8 – Edições Paulinas).

Conhecer-se a si mesmo é uma necessidade fundamental, para se ter um conceito correto e real de si próprio, pois, somente quem descobre seu verdadeiro valor consegue uma aceitação serena de si mesmo e de suas limitações, o que lhe proporciona a segurança necessária para viver e realizar mudanças essenciais.

Muitos acham que se conhecem, mas até que ponto chega esse autoconhecimento? Para que você possa averiguar isso, recomendo um teste simples: escreva em uma folha 10 qualidades que você reconhece possuir e 10 pontos fracos que precisam ser melhorados. O que foi mais fácil para você escrever? As qualidades ou os defeitos?

O autoconhecimento nos leva à autoestima e ao amor-próprio, ou seja, a olharmos para nós mesmos reconhecendo-nos como criaturas de Deus, como obras-primas de Deus, sem exaltações nem degradações.


Sem essa visão, o que é gerado é insegurança, perfeccionismo, dificuldade de lidar com os próprios erros e fraquezas e, também, com os dos outros; entre muitas outras consequências. Santo Agostinho afirmava: "Conhecer-me e conhecer-Te", com isso, ele nos ensina que quanto mais nos conhecemos, tanto mais conhecemos Aquele que nos criou e que é a Luz do mundo, de modo que veremos a realidade de forma mais adequada.

Volte à lista que você fez. Nas qualidades descritas, marque as alternativas relacionadas ao fazer, a atitudes externas e observe quantas você colocou de atitudes externas e quantas internas. Assim, você poderá perceber não só o quanto você se conhece, mas também o quanto você está voltado para as coisas exteriores.

A importância do exame de consciência

A Igreja nos dota de uma grande ferramenta de autoconhecimento: o exame de consciência diário. Com ele, é possível avaliarmos bem onde podemos ser atingidos pelo inimigo, os nossos pontos fracos, nossos defeitos, paixões e vícios camuflados. Com isso, podemos voltar confiantes para o Senhor, que nos ama e sempre cuida de nós. Apresentando-nos a Ele como somos, sem medo, sem receios e buscando n'Ele a força diária para vencermos nossas batalhas interiores. São Francisco afirmava: "Eu sou o que sou diante de Deus, e mais nada!". O Senhor nos vê como somos, diante d'Ele não precisamos nos esconder.

Trata-se de uma ferramenta simples, basta dedicarmos poucos e breves minutos do nosso dia ao Senhor, com constância. Dessa forma, vamos, pouco a pouco, conseguindo olhar mais a fundo para o nosso interior e conhecendo não só nossos limites, como nossas riquezas. Precisamos entender que, as nossas limitações não estão no nosso exterior, no que fazemos, mas sim, no nosso interior, naquilo que somos. Somos filhos de Deus, filhos amados de Deus! O nosso principal valor está no ser pessoa.

Precisamos saber quem somos, quais nossos dons e talentos; do mesmo modo, precisamos também saber quais são nossos objetivos no uso dessas capacidades. Pois não é somente aquilo que possuímos que decide o nosso valor como pessoa, mas o que somos no mais profundo de nossa identidade como seres humanos, como cristãos, batizados, justificados, filhos de Deus. Essa estima positiva é um valor que ninguém pode tirar de nós.

9 de dezembro de 2017

As consequências dos 20 anos de alcoolismo em minha vida

"Em vinte anos de alcoolismo, pela primeira vez tive dó de mim", afirma Joziane

Meu primeiro encontro pessoal com Jesus foi como o da samaritana que, tomou a água viva e o Senhor disse a ela: "Quem beber a água que lhe darei, nunca mais terá sede. Pois a água que eu lhe der tornar-se-á nele fonte de água jorrando para a vida eterna" (Jo 4,14). "Uma água profunda é a palavra no coração do homem, um rio que brota, uma fonte de vida" (cf Is 58,11).

Portanto, a água que o Cristo dá, é a Sua Palavra, Seu ensinamento cheio de sabedoria divina (cf. Eclo 15,3; 24,21; Is 55, 1-3). Aquele que guardar essas palavras jamais verá a morte (Jo 8, 51), mas viverá para sempre (a água simboliza o Espírito).

As consequências dos 20 anos de alcoolismo em minha vida -

Foto Ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

Com a intercessão de Nossa Senhora, eu tive meu primeiro encontro com Jesus quando estava sozinha no meu quarto. Eu cheguei da rua, já de madrugada, completamente embriagada. Estava muito mal, sentia calor, frio, diarreia, vômito, muita dor de cabeça e minhas pernas não me obedeciam.

Eu sentia que ali era o fim. Minha história estava terminando ali.

A mudança

Em vinte anos de alcoolismo, pela primeira vez tive dó de mim. Estava terminando uma história, uma vida sem ter começado, eu não tinha mais saída. Consegui sentar na cama e abaixar a cabeça para passar mal. Quando olhei para baixo, vi minhas pernas, não tinha mais carne, era só o osso e a pele; fiquei mais apavorada, ajoelhei, olhei para cima e vi um quadro lindo de Nossa Senhora de Medjugorje (Nossa Senhora Rainha da Paz). Aquele rosto era o mais lindo que eu já tinha visto durante toda a minha vida! Chorando muito pedi: "Eu sei que a Senhora é Mãe, e sei que uma mãe não desampara o filho. Por favor, interceda por mim, eu não aguento mais, é muito sofrimento, não tenho mais forças, não sei quem sou. Não me deixe morrer assim! Será que eu vim ao mundo só para isso? Para nada? Olhando para aquele rosto que cada vez ficava mais lindo, ele foi me tranquilizando, tranquilizando até que adormeci.

Quando acordei, senti que algo estava diferente. Parecia que aquele quarto não era o meu, eu estava coberta, então pensei: "Meu pai veio aqui me cobrir". Ainda estava sonolenta, mas logo me lembrei: "Meu pai já morreu". Senti fome, coisa que há muito tempo não sentia. Fui tomar banho e sentei lá fora para ficar no sol; muito triste por ter visto o quanto eu estava magra e acabada.

Passou um rapaz na rua e, não sei por que, falou para mim: "Hoje é dia da Natividade de Nossa senhora!". Eu senti uma vontade enorme de dar um abraço nela e lhe desejar 'feliz aniversário'.

A presença de Maria

Quando foi à tarde, como sempre, fui ao bar. Ao chegar lá, não quis beber nem fumar. Sem entender nada, parecia que aquilo nunca tivera feito parte da minha vida. Não comentei nada com ninguém, tive medo que achassem que eu estava ficando maluca. Descobri que o Cristo que desperta o discípulo adormecido em cada um, tinha acabado de despertar o meu.

Para chegar onde cheguei, precisei perder tudo primeiro, tudo de mais importante na vida de um ser humano, como a dignidade, o respeito, a moral, e também, o meu pai. Ele foi um homem que sempre me amou, sempre acreditou em mim, sempre achou que, um dia, eu iria parar de beber. Mas, por ironia do destino, eu nunca lhe dei uma oportunidade de me ver sóbria, eu não deixei de beber um só dia por amor a ele.

Eu, como qualquer outro alcoólatra, adquiri uma tristeza muito grande, porque as pessoas acham que bêbado tem problemas de audição (alcoólatra tem problemas no fígado), eles falam tudo que pensam na nossa frente, como se a gente não existisse, sempre nos diminuindo mais ainda. Sempre a mesma pergunta: como pode uma pessoa se destruir desse jeito?


Vítimas do alcoolismo

O que as pessoas não sabem é que ninguém escolhe ser alcoólatra, somos vítimas de uma doença, somos dominados por um copo, e é ele que manda na nossa vida. Somos apenas uns fracassados perante todos, não temos nenhum domínio nem da mente, nem do corpo.

Você se anima e fala: "Não vou mais beber. Amanhã eu vou ficar sem beber". Até chegar o amanhã e alguém lhe oferecer uma dose, seja lá do que for. Então, você, carinhosamente, admite que, além de ser um nada, também não tem palavra.

Depois de certo tempo, comecei a perceber que existia algo muito errado com a bebida. Quando estamos no bar, está tudo bem, todos contam piadas, cantam, dividem o dinheiro (…) é só alegria! Mas, a partir do momento em que pisamos em casa, tudo mudava de figura, tornamo-nos agressivos, prontos para brigar com o primeiro que aparecer, assim, temos desculpas para voltar à rua. Mas, quando eu chegava em casa e encontrava carinho e amor; aquilo me desarmava.

Como vou brigar com alguém que me ama? Olhava para minha mãe e via aqueles olhos, lá no fundo, olhando-me com um terço nas mãos, e me dizendo "eu fiz uma sopa para você".

Por favor, pais, filhos, esposas etc., amem as pessoas que tem um vício, uma doença. Não importa a situação em que eles se encontram, nem o vício que eles têm; lembre-se de que são pessoas, são seres humanos que precisam de carinho e atenção, são filhos de Deus e muito amados por Ele.

Precisamos de intercessores

Basta um "sim" para que, Deus faça nova todas as coisas. Experimente dar um abraço na pessoa que você tem em casa, deixa-a se sentir amada, deixe-a repetir dez vezes a mesma coisa. Essa pessoa está viva, ela está ao seu lado, e ela tem jeito.

Nós, católicos, temos uma "carta na manga", que é a intercessão de Nossa Senhora. Ela nunca vai deixar de interceder por um filho d'Ela que está clamando por misericórdia.

Jesus olha para os corações errados, perdidos e feridos, e ela os julga dignos. "Vinde a mim todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu julgo e sede discípulos meus, porque sou manso e humilde de coração, e encontrarei descanso para vós. Pois o meu julgo é suave e o meu fardo é leve."

Se existe o fundo do poço, este deve ter um ralo, porque eu fui além do fundo. Mas hoje estou aqui para dizer que tudo é possível por meio da oração; e quem tem Maria como Mãe nunca vai estar desamparado.

Jesus, eu confio em Vós!

Joziane Nunes
Arapeí (SP)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/testemunhos/as-consequencias-dos-20-anos-de-alcoolismo-em-minha-vida/

6 de dezembro de 2017

Cinco passos para incentivar a independência dos filhos

Como estimular a independência dos filhos?

Diante de notícias em jornais e na televisão, sobre adolescentes envolvidos com situações de infrações e aumento de reincidências, de filhos que matam pais ou irmãos, por motivos considerados, por vezes inexplicáveis, uma pergunta se faz necessária: onde isso tudo começa?

Alguns respondem que começa na vulnerabilidade das famílias, outros dizem que começa no modelo de ensino das escolas, ou numa sociedade onde predomina o ter e não o ser. Os estudiosos, com uma visão sistêmica, observam que todas essas causas impactam, pois vivemos um modelo dicotomizado, no qual, muitas vezes, essas instâncias não se falam adequadamente, não somam, mas dividem forças.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida / cancaonova.com

Por isso, a cada dia se faz necessário uma reflexão, sobre os limites que são trabalhados pela família e pela escola. Muitas vezes, os pais terceirizam para a escola, uma postura de tornar as crianças independentes, desde o simples ato de tirar a chupeta, as fraldas, até mesmo lidar com sentimentos de decisões diante de situações da vida.

Conheça os cinco passos:

O primeiro passo é ajudar o filho a construir uma autoimagem boa e, acima de tudo, mostrar a ele que adquirir uma estima adequada ajuda no processo de decisões, facilita a independência, ajuda na hora de se posicionar contra coisas erradas oferecidas por outros. O ensino que é oferecido nas escolas complementa o adquirido no lar e, a partir dos relacionamentos entre familiares e colegas, podemos e devemos exercitar o nosso direito de escolhas.

Não existem fórmulas mágicas, mas um mapa que pode ajudar os pais.

O segundo passo é construir valores que forneçam balizamento no momento de decisão, pois a norma nós podemos burlar, mas é difícil lutar contra valores e crenças introjetadas, pois estas falam sempre mais alto que nossas ações e são mais difíceis de serem derrubadas quando confrontadas com as do mundo.


O terceiro passo é a atitude que a família tem com a criança, que deve ser de ensiná-la no lugar de fazer por ela. No entanto, é mais fácil amarrar o tênis do filho do que ensiná-lo a amarrar; porém, ao longo do tempo, isso o ajudará a ter independência física.

O quarto passo é o corte emocional que muitos pais têm com os filhos. Eles não querem que seus filhos cresçam e construam suas vidas, precisam de filhos infantilizados para se sentirem úteis.

O quinto passo é construir a independência emocional. Segundo Cury (2003): "Hoje, bons pais estão produzindo filhos ansiosos, alienados, autoritários, indisciplinados e angustiados". Muitas vezes, a família, que deveria ser um espaço de aprendizado, torna-se um lugar de apelos para o consumo desenfreado, para a violência, para o sexo sem limites que, na óptica do autor, são "estímulos sedutores que se infiltram nas matrizes de sua memória (…). Os pais ensinam os filhos a serem solidários e a consumirem o necessário, mas o sistema ensina o individualismo e a consumir sem necessidade".

Pais participativos na vida do filho

Não basta, então, ser bom pai, é preciso participar da construção emocional dos filhos, elogiar e criticar o comportamento dos pequenos, como fortalecimento da formação deles. Lembrando que as ações dos adultos são as maiores fontes de aprendizado das crianças.

Nessa construção, existem pais autoritários com dificuldade de diálogo e demonstração de afeto. Esses se apegam às regras e não fazem um trabalho de troca de razões para tomar decisões, gerando crianças com alto grau de dependência e acostumadas a imposições paternas. Por outro lado, temos o inverso: pais muito tolerantes, afetivos e chegados ao diálogo, mas com dificuldade de colocar limites, chegando a ser permissivos diante de desejos e das condutas inadequadas dos filhos.


Portanto, se quisermos ter filhos com atitudes independentes, não devemos ser nem autoritários nem permissivos, mas democráticos, ou seja, demonstrar afeto e diálogo, mas com equilíbrio nas suas ações, estimulando a independência e reforçando valores. Pais democráticos fazem com que os filhos cumpram as regras de acordo com a idade de cada criança, mas demonstram flexibilidade quando é preciso voltar atrás.


Ângela Abdo

Ângela Abdo é coordenadora do grupo de mães que oram pelos filhos da Paróquia São Camilo de Léllis (ES) e assessora no Estudo das Diretrizes para a RCC Nacional. Atua como curadora da Fundação Nossa Senhora da Penha e conduz workshops de planejamento estratégico e gestão de pessoas para lideranças pastorais.

Abdo é graduada em Serviço Social pela UFES e pós-graduada em Administração de Recursos Humanos e em Gestão Empresarial. Possui mestrado em Ciências Contábeis pela Fucape. Atua como consultora em pequenas, médias e grandes empresas do setor privado e público como assessora de qualidade e recursos humanos e como assistente social do CST (Centro de Solidariedade ao Trabalhador). É atual presidente da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos) do Espírito Santo e diretora, gerente e conselheira do Vitória Apart Hospital.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/cinco-passos-para-incentivar-a-independencia-dos-filhos/

4 de dezembro de 2017

Vale a pena amar até mesmo quando sofremos por isso?

Entenda por que amar dói

Um dia, alguém me disse que o amor, para ser amor, tinha de doer. Não acreditei muito nisso, mas hoje percebo que é verdade, pois amar é morrer a cada dia para as nossas vontades, é buscar sempre o último lugar, é querer antes a felicidade do outro que a nossa. Tudo isso é muito doloroso, pois dentro de nós, há um desejo de sermos reconhecidos pelo que fazemos, um desejo de sermos retribuídos da mesma forma.

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Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

O verdadeiro amor é gratuito, não pede nada em troca, é silencioso, discreto e exigente. Alguns dizem que o amor é um verbo; outros, que é um sentimento; uns, que é uma decisão, mas o que mais me chamou à atenção foi ouvir que ele é um comportamento, pois se alguém me magoa ou me decepciona, vou continuar amando-o, pois o amor dentro de mim é maior que essa frustração. Isso não é ser falso, é ser verdadeiro, pois se fosse um sentimento, na primeira decepção deixaríamos de amar.

Por que o amor dói?

O amor dói, porque exige esse comportamento de sempre esperar, sempre acreditar e descobrir jardins em meio a desertos de tantos corações. Corações feridos por causa de um mundo que prega o amor fútil, de conveniência, de prazer e que vai formando, hoje, pessoas cada vez mais insensíveis, com medo de amar, pois já sofreram muito com esse "tal de amor", vivido de forma incoerente, que escraviza e oprime, ilude e até mata.

Jesus soube viver de forma tão humana quanto divina esse "amor-comportamento", na verdade, foi Ele quem nos deixou o caminho livre para vivê-lo. Ele sim amou verdadeiramente até doer, sofreu, porque nos amou incondicionalmente.


Aliás, o amar e o sofrer andam lado a lado, pois o amor não nos impede de sofrer, assim como o sofrimento também não nos impede de amar. Mesmo que doa, você deve continuar amando. Interessante que o amor "doa", visto que essa palavra tem um duplo sentido: doa de "doer" e de "doar". Faça de sua forma de amar, a alegria para os outros, e você verá que essa dor de amor é algo sublime e simples.

Bom, a decisão é sua para levar essa novidade tão antiga, a esse mundo tão carente do amor verdadeiro. Se até hoje não amamos, talvez seja porque não tenhamos sido amados. Dê o primeiro passo e ame, pois o amor que cura é o amor que damos aos demais. Então, você perceberá que vale a pena amar, mesmo doendo.

Deus abençoe você!


Adriano Gonçalves

Mineiro de Contagem (MG), Adriano Gonçalves dos Santos é membro da Comunidade Canção Nova. Formado em filosofia e Psicologia. Atuou na TV Canção Nova como apresentador do programa Revolução Jesus. Hoje atua no Núcleo de Psicologia que faz parte da Formação Geral da Canção Nova. É autor dos seguintes livros: "Santos de Calça Jeans", "Nasci pra Dar Certo!", "Quero um Amor Maior" e " Agora e Para Sempre: como viver o amor verdadeiro".


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/vale-pena-amar-ate-mesmo-quando-sofremos-por-isso/