9 de dezembro de 2017

As consequências dos 20 anos de alcoolismo em minha vida

"Em vinte anos de alcoolismo, pela primeira vez tive dó de mim", afirma Joziane

Meu primeiro encontro pessoal com Jesus foi como o da samaritana que, tomou a água viva e o Senhor disse a ela: "Quem beber a água que lhe darei, nunca mais terá sede. Pois a água que eu lhe der tornar-se-á nele fonte de água jorrando para a vida eterna" (Jo 4,14). "Uma água profunda é a palavra no coração do homem, um rio que brota, uma fonte de vida" (cf Is 58,11).

Portanto, a água que o Cristo dá, é a Sua Palavra, Seu ensinamento cheio de sabedoria divina (cf. Eclo 15,3; 24,21; Is 55, 1-3). Aquele que guardar essas palavras jamais verá a morte (Jo 8, 51), mas viverá para sempre (a água simboliza o Espírito).

As consequências dos 20 anos de alcoolismo em minha vida -

Foto Ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

Com a intercessão de Nossa Senhora, eu tive meu primeiro encontro com Jesus quando estava sozinha no meu quarto. Eu cheguei da rua, já de madrugada, completamente embriagada. Estava muito mal, sentia calor, frio, diarreia, vômito, muita dor de cabeça e minhas pernas não me obedeciam.

Eu sentia que ali era o fim. Minha história estava terminando ali.

A mudança

Em vinte anos de alcoolismo, pela primeira vez tive dó de mim. Estava terminando uma história, uma vida sem ter começado, eu não tinha mais saída. Consegui sentar na cama e abaixar a cabeça para passar mal. Quando olhei para baixo, vi minhas pernas, não tinha mais carne, era só o osso e a pele; fiquei mais apavorada, ajoelhei, olhei para cima e vi um quadro lindo de Nossa Senhora de Medjugorje (Nossa Senhora Rainha da Paz). Aquele rosto era o mais lindo que eu já tinha visto durante toda a minha vida! Chorando muito pedi: "Eu sei que a Senhora é Mãe, e sei que uma mãe não desampara o filho. Por favor, interceda por mim, eu não aguento mais, é muito sofrimento, não tenho mais forças, não sei quem sou. Não me deixe morrer assim! Será que eu vim ao mundo só para isso? Para nada? Olhando para aquele rosto que cada vez ficava mais lindo, ele foi me tranquilizando, tranquilizando até que adormeci.

Quando acordei, senti que algo estava diferente. Parecia que aquele quarto não era o meu, eu estava coberta, então pensei: "Meu pai veio aqui me cobrir". Ainda estava sonolenta, mas logo me lembrei: "Meu pai já morreu". Senti fome, coisa que há muito tempo não sentia. Fui tomar banho e sentei lá fora para ficar no sol; muito triste por ter visto o quanto eu estava magra e acabada.

Passou um rapaz na rua e, não sei por que, falou para mim: "Hoje é dia da Natividade de Nossa senhora!". Eu senti uma vontade enorme de dar um abraço nela e lhe desejar 'feliz aniversário'.

A presença de Maria

Quando foi à tarde, como sempre, fui ao bar. Ao chegar lá, não quis beber nem fumar. Sem entender nada, parecia que aquilo nunca tivera feito parte da minha vida. Não comentei nada com ninguém, tive medo que achassem que eu estava ficando maluca. Descobri que o Cristo que desperta o discípulo adormecido em cada um, tinha acabado de despertar o meu.

Para chegar onde cheguei, precisei perder tudo primeiro, tudo de mais importante na vida de um ser humano, como a dignidade, o respeito, a moral, e também, o meu pai. Ele foi um homem que sempre me amou, sempre acreditou em mim, sempre achou que, um dia, eu iria parar de beber. Mas, por ironia do destino, eu nunca lhe dei uma oportunidade de me ver sóbria, eu não deixei de beber um só dia por amor a ele.

Eu, como qualquer outro alcoólatra, adquiri uma tristeza muito grande, porque as pessoas acham que bêbado tem problemas de audição (alcoólatra tem problemas no fígado), eles falam tudo que pensam na nossa frente, como se a gente não existisse, sempre nos diminuindo mais ainda. Sempre a mesma pergunta: como pode uma pessoa se destruir desse jeito?


Vítimas do alcoolismo

O que as pessoas não sabem é que ninguém escolhe ser alcoólatra, somos vítimas de uma doença, somos dominados por um copo, e é ele que manda na nossa vida. Somos apenas uns fracassados perante todos, não temos nenhum domínio nem da mente, nem do corpo.

Você se anima e fala: "Não vou mais beber. Amanhã eu vou ficar sem beber". Até chegar o amanhã e alguém lhe oferecer uma dose, seja lá do que for. Então, você, carinhosamente, admite que, além de ser um nada, também não tem palavra.

Depois de certo tempo, comecei a perceber que existia algo muito errado com a bebida. Quando estamos no bar, está tudo bem, todos contam piadas, cantam, dividem o dinheiro (…) é só alegria! Mas, a partir do momento em que pisamos em casa, tudo mudava de figura, tornamo-nos agressivos, prontos para brigar com o primeiro que aparecer, assim, temos desculpas para voltar à rua. Mas, quando eu chegava em casa e encontrava carinho e amor; aquilo me desarmava.

Como vou brigar com alguém que me ama? Olhava para minha mãe e via aqueles olhos, lá no fundo, olhando-me com um terço nas mãos, e me dizendo "eu fiz uma sopa para você".

Por favor, pais, filhos, esposas etc., amem as pessoas que tem um vício, uma doença. Não importa a situação em que eles se encontram, nem o vício que eles têm; lembre-se de que são pessoas, são seres humanos que precisam de carinho e atenção, são filhos de Deus e muito amados por Ele.

Precisamos de intercessores

Basta um "sim" para que, Deus faça nova todas as coisas. Experimente dar um abraço na pessoa que você tem em casa, deixa-a se sentir amada, deixe-a repetir dez vezes a mesma coisa. Essa pessoa está viva, ela está ao seu lado, e ela tem jeito.

Nós, católicos, temos uma "carta na manga", que é a intercessão de Nossa Senhora. Ela nunca vai deixar de interceder por um filho d'Ela que está clamando por misericórdia.

Jesus olha para os corações errados, perdidos e feridos, e ela os julga dignos. "Vinde a mim todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu julgo e sede discípulos meus, porque sou manso e humilde de coração, e encontrarei descanso para vós. Pois o meu julgo é suave e o meu fardo é leve."

Se existe o fundo do poço, este deve ter um ralo, porque eu fui além do fundo. Mas hoje estou aqui para dizer que tudo é possível por meio da oração; e quem tem Maria como Mãe nunca vai estar desamparado.

Jesus, eu confio em Vós!

Joziane Nunes
Arapeí (SP)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/testemunhos/as-consequencias-dos-20-anos-de-alcoolismo-em-minha-vida/

6 de dezembro de 2017

Cinco passos para incentivar a independência dos filhos

Como estimular a independência dos filhos?

Diante de notícias em jornais e na televisão, sobre adolescentes envolvidos com situações de infrações e aumento de reincidências, de filhos que matam pais ou irmãos, por motivos considerados, por vezes inexplicáveis, uma pergunta se faz necessária: onde isso tudo começa?

Alguns respondem que começa na vulnerabilidade das famílias, outros dizem que começa no modelo de ensino das escolas, ou numa sociedade onde predomina o ter e não o ser. Os estudiosos, com uma visão sistêmica, observam que todas essas causas impactam, pois vivemos um modelo dicotomizado, no qual, muitas vezes, essas instâncias não se falam adequadamente, não somam, mas dividem forças.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida / cancaonova.com

Por isso, a cada dia se faz necessário uma reflexão, sobre os limites que são trabalhados pela família e pela escola. Muitas vezes, os pais terceirizam para a escola, uma postura de tornar as crianças independentes, desde o simples ato de tirar a chupeta, as fraldas, até mesmo lidar com sentimentos de decisões diante de situações da vida.

Conheça os cinco passos:

O primeiro passo é ajudar o filho a construir uma autoimagem boa e, acima de tudo, mostrar a ele que adquirir uma estima adequada ajuda no processo de decisões, facilita a independência, ajuda na hora de se posicionar contra coisas erradas oferecidas por outros. O ensino que é oferecido nas escolas complementa o adquirido no lar e, a partir dos relacionamentos entre familiares e colegas, podemos e devemos exercitar o nosso direito de escolhas.

Não existem fórmulas mágicas, mas um mapa que pode ajudar os pais.

O segundo passo é construir valores que forneçam balizamento no momento de decisão, pois a norma nós podemos burlar, mas é difícil lutar contra valores e crenças introjetadas, pois estas falam sempre mais alto que nossas ações e são mais difíceis de serem derrubadas quando confrontadas com as do mundo.


O terceiro passo é a atitude que a família tem com a criança, que deve ser de ensiná-la no lugar de fazer por ela. No entanto, é mais fácil amarrar o tênis do filho do que ensiná-lo a amarrar; porém, ao longo do tempo, isso o ajudará a ter independência física.

O quarto passo é o corte emocional que muitos pais têm com os filhos. Eles não querem que seus filhos cresçam e construam suas vidas, precisam de filhos infantilizados para se sentirem úteis.

O quinto passo é construir a independência emocional. Segundo Cury (2003): "Hoje, bons pais estão produzindo filhos ansiosos, alienados, autoritários, indisciplinados e angustiados". Muitas vezes, a família, que deveria ser um espaço de aprendizado, torna-se um lugar de apelos para o consumo desenfreado, para a violência, para o sexo sem limites que, na óptica do autor, são "estímulos sedutores que se infiltram nas matrizes de sua memória (…). Os pais ensinam os filhos a serem solidários e a consumirem o necessário, mas o sistema ensina o individualismo e a consumir sem necessidade".

Pais participativos na vida do filho

Não basta, então, ser bom pai, é preciso participar da construção emocional dos filhos, elogiar e criticar o comportamento dos pequenos, como fortalecimento da formação deles. Lembrando que as ações dos adultos são as maiores fontes de aprendizado das crianças.

Nessa construção, existem pais autoritários com dificuldade de diálogo e demonstração de afeto. Esses se apegam às regras e não fazem um trabalho de troca de razões para tomar decisões, gerando crianças com alto grau de dependência e acostumadas a imposições paternas. Por outro lado, temos o inverso: pais muito tolerantes, afetivos e chegados ao diálogo, mas com dificuldade de colocar limites, chegando a ser permissivos diante de desejos e das condutas inadequadas dos filhos.


Portanto, se quisermos ter filhos com atitudes independentes, não devemos ser nem autoritários nem permissivos, mas democráticos, ou seja, demonstrar afeto e diálogo, mas com equilíbrio nas suas ações, estimulando a independência e reforçando valores. Pais democráticos fazem com que os filhos cumpram as regras de acordo com a idade de cada criança, mas demonstram flexibilidade quando é preciso voltar atrás.


Ângela Abdo

Ângela Abdo é coordenadora do grupo de mães que oram pelos filhos da Paróquia São Camilo de Léllis (ES) e assessora no Estudo das Diretrizes para a RCC Nacional. Atua como curadora da Fundação Nossa Senhora da Penha e conduz workshops de planejamento estratégico e gestão de pessoas para lideranças pastorais.

Abdo é graduada em Serviço Social pela UFES e pós-graduada em Administração de Recursos Humanos e em Gestão Empresarial. Possui mestrado em Ciências Contábeis pela Fucape. Atua como consultora em pequenas, médias e grandes empresas do setor privado e público como assessora de qualidade e recursos humanos e como assistente social do CST (Centro de Solidariedade ao Trabalhador). É atual presidente da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos) do Espírito Santo e diretora, gerente e conselheira do Vitória Apart Hospital.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/cinco-passos-para-incentivar-a-independencia-dos-filhos/

4 de dezembro de 2017

Vale a pena amar até mesmo quando sofremos por isso?

Entenda por que amar dói

Um dia, alguém me disse que o amor, para ser amor, tinha de doer. Não acreditei muito nisso, mas hoje percebo que é verdade, pois amar é morrer a cada dia para as nossas vontades, é buscar sempre o último lugar, é querer antes a felicidade do outro que a nossa. Tudo isso é muito doloroso, pois dentro de nós, há um desejo de sermos reconhecidos pelo que fazemos, um desejo de sermos retribuídos da mesma forma.

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Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

O verdadeiro amor é gratuito, não pede nada em troca, é silencioso, discreto e exigente. Alguns dizem que o amor é um verbo; outros, que é um sentimento; uns, que é uma decisão, mas o que mais me chamou à atenção foi ouvir que ele é um comportamento, pois se alguém me magoa ou me decepciona, vou continuar amando-o, pois o amor dentro de mim é maior que essa frustração. Isso não é ser falso, é ser verdadeiro, pois se fosse um sentimento, na primeira decepção deixaríamos de amar.

Por que o amor dói?

O amor dói, porque exige esse comportamento de sempre esperar, sempre acreditar e descobrir jardins em meio a desertos de tantos corações. Corações feridos por causa de um mundo que prega o amor fútil, de conveniência, de prazer e que vai formando, hoje, pessoas cada vez mais insensíveis, com medo de amar, pois já sofreram muito com esse "tal de amor", vivido de forma incoerente, que escraviza e oprime, ilude e até mata.

Jesus soube viver de forma tão humana quanto divina esse "amor-comportamento", na verdade, foi Ele quem nos deixou o caminho livre para vivê-lo. Ele sim amou verdadeiramente até doer, sofreu, porque nos amou incondicionalmente.


Aliás, o amar e o sofrer andam lado a lado, pois o amor não nos impede de sofrer, assim como o sofrimento também não nos impede de amar. Mesmo que doa, você deve continuar amando. Interessante que o amor "doa", visto que essa palavra tem um duplo sentido: doa de "doer" e de "doar". Faça de sua forma de amar, a alegria para os outros, e você verá que essa dor de amor é algo sublime e simples.

Bom, a decisão é sua para levar essa novidade tão antiga, a esse mundo tão carente do amor verdadeiro. Se até hoje não amamos, talvez seja porque não tenhamos sido amados. Dê o primeiro passo e ame, pois o amor que cura é o amor que damos aos demais. Então, você perceberá que vale a pena amar, mesmo doendo.

Deus abençoe você!


Adriano Gonçalves

Mineiro de Contagem (MG), Adriano Gonçalves dos Santos é membro da Comunidade Canção Nova. Formado em filosofia e Psicologia. Atuou na TV Canção Nova como apresentador do programa Revolução Jesus. Hoje atua no Núcleo de Psicologia que faz parte da Formação Geral da Canção Nova. É autor dos seguintes livros: "Santos de Calça Jeans", "Nasci pra Dar Certo!", "Quero um Amor Maior" e " Agora e Para Sempre: como viver o amor verdadeiro".


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/vale-pena-amar-ate-mesmo-quando-sofremos-por-isso/

1 de dezembro de 2017

A bênção da masculinidade

O homem realiza a sua identidade mais profunda quando vive a bênção da masculinidade

O primeiro capítulo da Bíblia é um belo poema que narra o projeto original de Deus para a criação. Cada estrofe desta canção é intercalada por um refrão, que é repetido de modo insistente: "E Deus viu que tudo era bom".

Dia após dia, o Criador diz palavras de vida que se tornam realidade. A luz, as terras, as águas, florestas, estrelas, pássaros e peixes, animais de todo tipo são criados. Após tudo criar, Deus abençoa a criação dizendo: "Sede fecundos, encham as águas dos mares e que o pássaro prolifere sobre a terra" (Gn 1,22). A primeira bênção da Bíblia é a bênção da fecundidade. Por meio dela, a obra criada continuará seu curso. A força de vida que Deus depositou em sua obra agora tem vida própria. Cada ser vivo é chamado a colaborar com o Criador, continuando a obra da vida. "E Deus viu que tudo era bom".

Foto: monkeybusinessimages by Getty Images

Mas no sexto dia da criação, antes de descansar, Deus criou o ser humano. O versículo 27 [Gênesis] é bastante claro: "Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou; criou-os macho e fêmea". Esta é a identidade original do ser humano. Ele realiza a sua identidade mais profunda quando vive a bênção da masculinidade e da feminilidade. Deus não criou o ser humano como anjo. Criou seres sexuados. A sexualidade é uma força de vida que torna o ser humano capaz de colaborar com Deus ao continuar a obra da criação. O versículo 28 descreve a primeira bênção que a humanidade teria recebido: "Deus os abençoou e disse: 'Sede fecundos, encham a terra' (…)".

A bênção da fecundidade

Após dar a bênção da masculinidade e da feminilidade, dá a bênção da fecundidade. Deus concede esta graça à criação para que o ser humano a administre com responsabilidade. Fomos nomeados "jardineiros" da criação. E, neste momento, o refrão deste belo poema muda de modo surpreendente. Deus contempla tudo o que criou e vê que não é apenas "bom", mas "Deus viu que era MUITO bom" (Gn 1, 31).

Tudo isso é muito sério, pois hoje vivemos um tempo de "anti-bênção", de "anti-criação". Vivemos no meio de uma geração "mal-criada". Nem vou gastar muito tempo em alertar para os riscos de uma "cultura gay" que já não se contenta em exigir "seus direitos". Essa minoria autoritária não suporta ouvir críticas e cria mil maneiras de firmar-se como padrão de comportamento. A coisa é tão séria que muitos homens precisam simular uma certa homossexualidade  para não parecer fora de moda. Precisamos defender o direito de ser do jeito que Deus nos criou. É preciso exaltar a família, a sexualidade vivida de maneira serena e sadia.


É verdade que, algumas pessoas trazem o espinho da homossexualidade, e sofrem por isso. Precisam da nossa compreensão e da nossa solidariedade. Mas isso não nos faz tímidos em anunciar que o projeto original de Deus inclui a bênção da fecundidade. É preciso louvar o Criador por isso. Peço, neste dia, por tantos casais que têm dificuldades para ter filhos e que suplicam esta bênção. Peço por tantos jovens que ensaiam para serem bons maridos. Quantas mulheres esperam encontrar esta "bênção de homem". Uma delas me disse que isso anda meio difícil! Por que será?

29 de novembro de 2017

Pais e avós: o desafio de educar e dividir as tarefas no cuidado dos filhos

Como fazer para que não haja divergência entre pais e avós na criação dos filhos?

É comum, em nosso tempo, que a tarefa de cuidar dos filhos, durante o trabalho dos pais, seja confiada aos avós por diversos motivos: confiança, logística para levá-los e, especialmente, por partilhar valores similares aos dos pais, dentre tantos outros motivos particulares a cada família.

O apoio dos avós traz não apenas a ajuda nas tarefas diárias, mas também na transmissão da história da família, dos hábitos, costumes e regras. A partir daí, estamos diante de um grande desafio: alinhar a comunicação entre pais e avós, para que a comunicação com os filhos seja única. Ou seja, como os avós podem transmitir aos netos as mesmas regras que sua família de origem tem? Como não sentir que existe um desalinhamento entre o que pais e avós dizem aos pequenos?

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Foto Ilustrativa: AleksandarNakic by Getty Images

Qual é a melhor maneira de ajustar tais atitudes?

É comum o relato de mães dizerem que os avós "mimam" os filhos, liberam doces e guloseimas a todo custo e, muitas vezes, elas (as mães) têm dificuldade para alinhar essas regras. Crianças são espertas, e logo percebem se há divergência nessa comunicação e nas regras de pais e avós. Portanto, o primeiro passo importante é manter, dentro do mais próximo possível, as regras que a criança têm em sua casa, quando ficam na casa dos avós, evitando "mandos e desmandos" e uma interferência e quebra de autoridade de cada um deles. As falhas no comportamento precisam ser comunicadas aos pais, bem como qualquer situação que seja relevante.

Uma comunicação clara e aberta entre pais e avós é extremamente importante e reduz consideravelmente qualquer problema. Aliás, é na correria cotidiana que uma boa conversa vai se perdendo em vários ambientes de nossa vida: trabalho, família, amigos e igreja.

Nesse processo de cuidado, é importante e sadio que a criança saiba das figuras de autoridade que os pais e avós assumem. Regras são regras e devem valer em qualquer ambiente, para que essa criança em formação também seja formada nessa convivência. Caso contrário, saberá que, facilmente, poderá dobrar os avós neste cuidado.


Conversar previamente para evitar problemas

É importante também que o diálogo entre os pais e avós se faça presente, pois, quando isso não acontece, as próprias condições desse cuidado ficam desproporcionais. Por exemplo: os pais ajudarão os avós financeiramente, para que essa criança fique lá? Ou ajudará com os lanches, alimento, despesas etc?

Muitas vezes, os avós assumem não apenas a criança, mas as despesas advindas desse cuidado; e quando não existe essa possibilidade, começam aí os primeiros desentendimentos ou a sensação de abuso por parte dos avós. Tudo o que é acordado previamente evita problemas futuros.

A segurança e o apoio emocional de crianças que são cuidadas pelos avós é uma experiência ímpar, que tende a ser muito positiva. Cabe também aos pais avaliar a real possibilidade física e emocional desses avós ao assumirem essa responsabilidade. Não existe uma regra ideal nem uma forma única e específica para essa organização familiar, apenas cabe organizá-la de forma que todos os envolvidos se sintam bem nessa situação.

O desejo com essa reflexão não é impor o que é certo ou errado, pois as famílias encontram formas de estabelecer o cuidado com seus filhos, e isso é essencial. Cada família, em seu formato, compreenderá o que será estabelecido entre as partes, como seus filhos serão cuidados. Esse entendimento, no entanto, é essencial, pois estamos lidando com pessoas em formação, e que, como destacamos, ficam atentas a tudo e a todos. Quanto mais alinhados estivermos, melhor será o resultado das experiências entre pais, avós e filhos.

27 de novembro de 2017

O pecado tibieza enfraquece o relacionamento com Deus

A tibieza é um fermento do diabo, que quer arrastar todos para o inferno, a começar por aqueles que estão na vida com Deus

Hoje, há um grande esvaziamento espiritual no mundo inteiro. O povo está caindo na indiferença religiosa. A tibieza vai enfraquecendo o relacionamento com Deus, principalmente daqueles que já O conhecem ou tiveram uma profunda experiência com Ele.

O mal de tudo isso é a chamada tibieza que, em primeiro lugar, é a hesitação em responder ao amor de Deus e, se diz ser também: frouxidão, fraqueza, indolência, falta de ardor, ser morno.

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Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Prostração espiritual

A tibieza é o hábito não combatido do pecado venial. Ela tem levado muitos à prostração espiritual, ao desânimo para com as coisas de Deus.

Muitos têm caído no sedentarismo espiritual e se acostumado com a presença e ação de Deus na sua vida e no mundo. Nada para a pessoa tíbia é interessante ou novo, tudo vira rotina para ela. Nesses casos, há um profundo rompimento com a intimidade relacionada a Deus. Deus se torna tão banal para o tíbio que, muitas vezes, nem mesmo existe mais um relacionamento com Ele. E, além disso, torna-se uma pessoa morna em tudo.

Mas o Senhor adverte aos que são mornos: "Conheço a tua conduta. Não é frio, nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas, porque és morno, nem frio ou quente, estou para vomitar-te de minha boca" (Ap 3,15-16).

Hoje, cresce entre os católicos a falta de ardor, até mesmo entre os consagrados, padres e religiosos. O ardor, o fervor em ser de Deus foi se perdendo de maneira assustadora. E a vida com Deus, para muitos, torna-se um peso ou apenas um trabalho, de uma tal maneira, que se perde o verdadeiro sentido missionário e o amor por ser do Senhor.

Grupos de oração na tibieza

Outras coisas que caíram na tibieza, foram alguns grupos de oração, nos quais não há mais o fervor dos inícios, onde o Senhor podia agir de maneira esplêndida com a abertura das pessoas, tanto dos que estavam à frente, como daqueles que os frequentavam. Por isso, muitos têm deixado a Igreja, por falta de fervor e ardor na vida espiritual.

Inclusive muitos padres deixam o ministério, porque perderam o sentido da sua vocação, deixando-se ser levados pela tibieza, esfriando na vida de oração, na intimidade com Deus e, assim, acabam por despencar no sedentarismo e ativismo.

A vida vira rotina quando não se faz mais as coisas com fervor, então, perdem a empolgação missionária e o gosto de serem consagrados ao Senhor.

Desse modo, muitos grupos de oração perderam o essencial, que é a intimidade com Deus, a vida no Espírito e o ardor na oração. Deixando apenas, serem conduzidos pela razão humana a fim de entender as coisas do Espírito.

A tibieza entrou na vida de muitos grupos, por causa da disputa por cargos, onde um quer ser melhor do que o outro, e a inveja também foi entrando nos grupos.


Fervor no Espírito Santo

Precisamos voltar ao primeiro amor, ao fervor no Espírito Santo, no qual é sanada toda a raiz de tibieza, que foi tomando conta da nossa vida espiritual.

A tibieza nos amarra aos pecados, principalmente, aos vícios e aos pecados veniais. Ela retira nossa força de lutar, para sermos mais de Deus e superarmos os nossos pecados e falhas. Sendo assim, nos acostumando com o "feijão e arroz de todos os dias"  – da "vidinha" de oração que temos. Nos contentamos com o pouco, sabendo que Deus tem muito mais para nos ofertar.

Acabamos cometendo pecados de olhos abertos, com plena consciência, aceitando-os "numa boa", sem que ao menos, façamos algum esforço para evitá-los. A tibieza impede a nossa santificação.

São Gregório escreve: "A tibieza, que deixou o fervor, cai no desespero".

A tibieza é o fermento do diabo, que quer arrastar todos para o inferno, a começar por aqueles que estão na vida com Deus. O tíbio, mesmo diante da Eucaristia, torna-se insensível. O seu coração se fecha à ação do Espírito e ao novo que Deus tem para a vida dele.

De modo que, acaba por se tornar uma pessoa carrancuda, mal-humorada, triste, insatisfeita, rancorosa, entristecendo-se com o progresso espiritual do outro. Perde, de fato, o sentido da vida, e por fim, tende a abandonar tudo, todo progresso espiritual com Deus.

Mas, se o tíbio não abandonar tudo, vai fazendo com que os outros, que estão na caminhada ou na comunidade com ele, vão, também, esfriando na fé, tornando-se tíbios como ele.

Por isso, precisamos urgentemente, combater a tibieza de nossa vida e da nossa comunidade.

24 de novembro de 2017

Será que o tempo cura?

O tempo pode, até mesmo, anestesiar um pouco a dor. Mas, os dias passam e a agonia continua

Todos conhecemos as frases: "Com o tempo passa" e "Depois de casado sara". Até parece mesmo que esses chavões são consolos para quem está sofrendo. No entanto, o tempo não cura absolutamente nada. O tempo pode, até mesmo, anestesiar um pouco a dor. Mas, os dias passam e a agonia continua. O tempo pode jogar o sofrimento para seu subconsciente ou inconsciente, fazendo-o crer que o problema foi superado.

Na realidade, o tempo não cura. Basta um acontecimento qualquer para, de repente, fazer a dor antiga voltar à superfície. Ainda que o tempo nada possa curar, Deus pode curar com o tempo. No poder do Espírito Santo, Deus pode curar o coração ferido, pode dar vida novamente a um casamento, pode livrar o sofredor de suas penas.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida / cancaonova.com

É claro que, no pior momento da dor, é importante partilhá-lo com alguém de confiança. É importante também aceitar a ajuda oferecida por amigos, profissionais da saúde psíquica, moral e espiritual. Compreensão, consolo e apoio podem trazer alívio em momentos difíceis. Mas o mais importante é curar as raízes e as causas do sofrimento. E isso é possível pela cura interior, que acontece quando deixamos Deus agir em nós. Portanto, precisamos descobrir e tomar posse do infinito amor que Deus derramou e continua derramando sobre a humanidade.

Do coração de Jesus nasce o homem de coração novo, nasce a possibilidade de cura interior, porque Jesus nos leva a crer e a experienciar que o amor d'Ele é infinitamente maior que nossas misérias e pecados. Muitas vezes, as pessoas ficam protelando sua felicidade, afirmando: "Só vou ser feliz quando resolver este meu problema." Um problema interior, não pode ser um obstáculo para vivermos bem e procurarmos com nossas limitações, servir àqueles que, de nós, necessitam.

Feridas da vida

As feridas da vida, que alteram nossa afetividade, não são os pecados, as culpas, nem as maldades espirituais. Não são coisas que dependam muito de nossa vontade. A demasiada preocupação em sanar essas feridas pode consumir, "em nosso próprio eu", todas aquelas energias que poderíamos empregar na ajuda aos outros, em trabalhar bem, dentre outros.


A oração de cura interior tem por objetivo curar-nos e libertar-nos, para podermos amar melhor o próximo. A cura interior nos permite expressar melhor o amor. Faz com que nossas atitudes não prejudiquem os outros, faz com que nos sintamos melhor, e assim, apoiemos outras pessoas com o amor sadio, alegre e comunicativo.

(Artigo extraído do livro – Seja feliz todos os dias – de Pe. Léo, scj)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/sera-que-o-tempo-cura/