10 de novembro de 2017

Vamos falar sobre o transtorno da esquizofrenia na infância?

O que é a esquizofrenia?

A esquizofrenia é um transtorno psicótico crônico, que inclui delírios, alucinações, pensamento (discurso) desorganizado, comportamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal e também sintomas negativos (expressão emocional diminuída, falta de vontade entre outros). Os delírios são caracterizados por crenças fixas e seu conteúdo pode incluir uma variedade de temas. As alucinações são experiências semelhantes à percepção, mas ocorrem sem estímulo externo, por exemplo, "ver" ou "ouvir" coisas.

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Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

A prevalência da esquizofrenia é de 0,3% a 0,7% da população, ou seja, não chega a 1% e costumam surgir entre o fim da adolescência e meados dos 30 anos de idade. O início, antes da adolescência, é considerado raro. A idade de pico do início do primeiro episódio psicótico é entre o início e a metade da faixa dos 20 anos para o sexo masculino e fim dos 20 anos para o feminino.

Apesar de raro na infância, crianças não estão livre de apresentar o transtorno. O diagnóstico da esquizofrenia infantil ou esquizofrenia precoce é bastante complicado, e os sintomas são parecidos com os dos adultos. Nas crianças, delírios e alucinações podem ser menos elaborados que nos adultos, e as alucinações visuais são mais comuns, devendo ser diferenciadas dos jogos de fantasias normais. Há que se ressaltar que o início da esquizofrenia na infância tem um prognóstico ruim, ou seja, o adulto que teve o episódio na infância terá mais dificuldade em relação ao transtorno.

Quais são os fatores biológicos?

Na esquizofrenia, os fatores biológicos são primários, e os fatores psicossociais têm influência muito importante. O componente genético é comprovado por estudos de família, adoção e gêmeos.

Normalmente, as crianças com esquizofrenia passam a se desinteressar pelas atividades que gostavam de realizar e começam a se isolar. No início, esse quadro pode ser facilmente confundido com a depressão infantil, pois a criança pode se mostrar retraída, perder o interesse pelas atividades habituais e apresentar distorções do pensamento e da percepção. As alucinações e delírios também ocorrem, sendo que é comum a criança apresentar medo de que as outras pessoas estejam controlando seus pensamentos e podem lhes causar algum mal. Diante desse quadro, a criança também pode apresentar diminuição das emoções, por exemplo, acontecimentos que, normalmente, provocariam o riso ou o choro, não produzir qualquer resposta. Pode ocorrer risos ou choros inadequados e sem motivo aparente.

O início do quadro da esquizofrenia infantil ou precoce geralmente é lento, e o diagnóstico é difícil, haja vista a interpretação da alteração do comportamento como período de transição entre as fases normais do desenvolvimento ou como consequência de algum acontecimento marcante. Quando os sinais e sintomas estão presentes, como os delírios e as alucinações, com queda no rendimento escolar, insônia, agitação e agressividade, o diagnóstico torna-se mais evidente.


Diante disso, o que os pais ou responsáveis devem fazer?

Em primeiro lugar, os pais devem estar atentos a quaisquer mudanças no comportamento dos seus filhos. Os pais devem observar se as mudanças são emocionais, comportamentais ou das relações das crianças. Caso desconfiem de alterações no desenvolvimento, devem procurar sim ajuda profissional. O psiquiatra infantil é o médico mais indicado para buscar ou descartar o diagnóstico de esquizofrenia. E quanto mais cedo identificadas possíveis distorções no desenvolvimento, maiores as chances de um diagnóstico preciso. A esquizofrenia não tem cura, mas tem tratamento e garante uma qualidade de vida na idade adulta, se as orientações medicamentosas e terapêuticas forem seguidas.

Também é de grande importância ouvir seu filho ou filha sem fazer julgamento ou crítica, mostrando que está atento às suas dificuldades. As alucinações ou delírios, por mais que sejam sintomas, para os esquizofrênicos são coisas reais e não devem ser desacreditadas. Diante de sintomas mais complexos, como insônia, fala desorganizada, isolamento e comportamento bizarro, os pais não devem forçar a criança a nenhum comportamento e também não devem forçá-la a enxergar a realidade. A ajuda profissional para a criança e para a família devem ser prioridade, pois todos devem aprender a conviver com o transtorno.

Referências:

Adock, B. J., & Sadock, V. A. (2007). Compêndio de Psiquiatria: ciência do comportamento e psiquiatria clínica. Porto Alegre: Artmed

American Psychiatric Association [APA] (2014). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª Edição. Washington, DC: American Psychiatric Association,

Szatmari, P. (1999). Esquizofrenia com início na infância. In Kaplan, H. I. & Sadock, B. J. Tratado de Psiquiatria. 6ª ed. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul.

 

Lisandra Borges
Psicóloga infantil, psicopedagoga, mestra e doutora em Psicologia. Coordenadora terapêutica na clínica Fenix, centro de referência no tratamento de autistas severos. Professora do curso de graduação em Psicologia na Universidade São Francisco e da pós-graduação no IPOG.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/saude-atualidade/vamos-falar-sobre-o-transtorno-da-esquizofrenia-na-infancia/

8 de novembro de 2017

O pecado é o motivo de nossa tristeza

Tenha certeza: o pecado é o motivo de sua tristeza, e só Jesus pode lhe devolver a alegria verdadeira

Em algumas situações específicas, em que duas pessoas eram condenadas à morte, os romanos costumavam aplicar uma pena extremamente cruel. Amarravam as duas pessoas uma à outra, rosto com rosto, braço com braço, mão com mão, perna com perna e assim por diante. Depois, matavam apenas um deles e colocavam ambas no sepulcro, amarradas. À medida que o cadáver ia se decompondo, liberava substâncias que consumiam em vida o corpo daquele que com ele estava amarrado.

Dessa maneira, podemos entender melhor a que São Paulo aludia ao dizer: "Homem infeliz que sou! Quem me livrará deste corpo que me acarreta a morte?" (Rm 7,24). Ele não falava de seu corpo físico, mas do corpo do pecado ao qual estava amarrado.

Foto: Wesley Almeida / cancaonova.com

Qual aquele condenado, não temos forças para nos livrar deste corpo de pecado que nos consome. Estamos de tal maneira amarrados a ele, que parecemos formar um só corpo, e não estamos amarrados por fora, mas por dentro, em nosso coração.

Precisamos de alguém que nos desamarre e nos livre desse corpo que nos mata e faz apodrecer em vida.

Os cristãos são o suave odor de Cristo, mas, quando se tem um corpo de pecado trancado no coração, o próprio coração se corrompe e começa a empestear, com o mau cheiro, o ar à sua volta. Em vez de ser causa de alegria e felicidade para si e para os outros, torna-se causa de sofrimento e infelicidade, porque se afasta de Deus e entra em discórdia com as pessoas para defender interesses egoístas.


A verdade é que somos as primeiras vítimas desse mal; sentimo-nos tristes, abatidos e abandonados, porque somos pecadores e, em nosso coração, vive uma lepra chamada pecado, que o insensibilizou à presença amorosa de Deus. E o pior é que não podemos fugir dele, como se foge de uma pessoa desagradável. Não podemos fugir, porque o pecado nos fala de dentro do nosso coração (cf. Sl 36,2), nós o levamos conosco para onde vamos.

Só Jesus pode lhe devolver a alegria verdadeira

Tenha certeza: o pecado é o motivo de sua tristeza, e só Jesus pode lhe devolver a alegria verdadeira. É necessário que Ele o liberte desse mal, mate essa lepra e mude seu coração corrompido em um novo coração. Toda pessoa que pensa ser impossível que seus pecados lhe sejam perdoados, entra em desespero, e torna o seu estado pior do que era antes. Então, tenha confiança em Deus!

Se você, alguma vez, já se sentiu perdido por causa de alguma coisa que fez, se teve medo de cair no inferno, sentiu-se desolado e sem forças, se, depois de repetidas lutas contra um mesmo pecado, mais uma vez você foi vencido e sentiu vontade de desistir, tenho uma ótima notícia para você: só quem assim se sentiu pode experimentar o que é ser salvo pelo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, e este mesmo Jesus pode eliminar sua tristeza na raiz.

Artigo extraído do livro "Vencendo Aflições Alcançando Milagres"


Márcio Mendes

Nascido em Brasília, em 1974, Márcio Mendes é casado e pai de dois filhos. Ex-cadete da Academia da Força Área Brasileira, Mendes é missionário da Comunidade Canção Nova, desde 1994, onde atua em áreas ligadas à comunicação. Teólogo, é autor de vários livros, dentre eles '30 minutos para mudar o seu dia', um poderoso instrumento de Deus na vida de centenas de milhares de pessoas.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-e-libertacao/o-pecado-e-o-motivo-de-nossa-tristeza/

6 de novembro de 2017

Como lido com a realidade do namoro que chegou ao fim?

Nenhuma relação poderá ser mantida por muito tempo apenas por uma das partes

A novidade dos primeiros momentos de namoro traz para a vida um colorido diferente, um estímulo que nem a distância nem as condições atmosféricas, por piores que possam parecer, poderiam fazer com que os enamorados adiassem um encontro.

Para os casais mais românticos, trocas de cartões apaixonados, flores e, ultimamente, as mensagens pelo WhatsApp e outros aplicativos, continuamente "explodem", enchendo os corações dos apaixonados com mensagens de amor.

Foto: Wesley Almeida / cancaonova.com

Após algum tempo, muitas vezes, lentamente, o romantismo, que se esperava durar por toda a vida, vai perdendo o empenho e a força. O desinteresse nos compromissos é justificado por "desculpinhas", entre outras coisas, que originalmente não faziam parte do relacionamento. Há a impressão de que a relação parece estar sendo sustentada apenas por um dos namorados. As evidências apontam para caminhos que talvez o mais apaixonado dos dois não gostaria de assumir. Seja pelo longo tempo de convivência ou seja pela insistência em acreditar que ainda poderá haver o desejo de uma mudança concreta de comportamento do outro.

Cumplicidade é importante

A cumplicidade nos objetivos comuns é a base de todo relacionamento sadio. Cumplicidade esta que, acredito eu, repousa na predisposição às mudanças em razão da felicidade de quem amamos. Por que alguém haveria de insistir no namoro se não existe a mesma cumplicidade e empenho por parte do outro em manter o compromisso?

Acredito que nenhuma relação poderá ser mantida por muito tempo apenas por uma das partes. Por outro lado, o término de um relacionamento, normalmente, acontece somente por um dos namorados. Com isso, aquele(a) que ainda se sente apaixonado(a), como que tomado por uma cegueira, poderá buscar uma reaproximação, mesmo sabendo que estava sendo parcialmente correspondido(a) em seus anseios. Será uma situação de difícil "digestão", a qual apenas ferirá a autoestima de quem foi abandonado.

Assim, será necessário um tempo para recompor suas emoções e até mesmo para avaliar o que foi vivido.


Meu namoro chegou ao fim. E agora?

Em nossas convivências pessoais, aprendemos a acolher e a assimilar situações que antes poderíamos pensar não ser capazes de administrá-las; entretanto, essas experiências nos farão mais maduros e seguros. Mesmo que esse processo possa ser doloroso, tudo será útil e nos servirá de parâmetros de avaliação sobre as qualidades e interesses desejados para um futuro relacionamento, assim como nos ensinará a ponderar sobre o nosso próprio comportamento e expectativas dentro da convivência numa vida a dois.


Ainda que você esteja meio atordoado(a) pelo sentimento ferido devido ao rompimento, a retomada das atividades simples de entretenimento e a convivência com amigos sempre serão importantes, pois, do contrário, o fechamento e o medo do mundo tendem a levá-lo(a) a situações mais delicadas e de desânimo.

O nosso crescimento pessoal se faz com experiências, e nem sempre o mundo nos poupará de viver somente as mais agradáveis.

Deus abençoe.

3 de novembro de 2017

Como superar o sentimento de culpa durante o luto

O luto saboreado ajuda a superar os transtornos e as tristezas da sempre dolorosa perda de alguém querido

Não existe nenhuma pessoa, neste planeta, que não tenha passado pela experiência da perda de um ente querido. Essa é uma experiência humana e profundamente dolorosa.

Diante da morte, as reações são absolutamente únicas. Alguns tentam ignorar a tristeza, outros acabam se fechando em si mesmos. Existem aqueles ainda que reprimem a dor. Nada disso adianta! A dor é real e precisa ser corretamente vivida.

Foto: Wesley Almeida / cancaonova.com

O luto é o tempo de que precisamos para retomar nossa vida. É um tempo difícil, mas muito importante. Muitas vezes, a pessoa sente um misto de emoções: revolta, tristeza, conformismo, raiva, angústia e indignação. É normal misturar sentimentos. O coração não é uma mesa com várias gavetinhas onde separamos sentimentos, emoções e outros bichos. Por isso, é preciso aprender a desabafar em Deus, mostre-lhe seu coração ferido e machucado.

Fiz pelo falecido tudo o que estava a meu alcance?

O luto saboreado ajuda a superar também as situações que ficaram sem solução. Não é incomum a pessoa ficar se perguntando: Fiz pelo falecido tudo o que estava a meu alcance? Será que poderia ter feito de modo diferente? Por que não fiquei mais tempo a seu lado?

O triste dessas – inevitáveis – perguntas é que a pessoa acaba se autocondenando sempre. Com isso, fica tentando achar uma desculpa ou uma justificativa. Alguns chegam a pensar que foram os culpados pela morte ou pela doença da pessoa. Outros passam o resto da vida tentando encontrar os porquês.

E se houver culpa?

Se houve culpa ou negligência, agora é hora de apresentar-se diante de Deus, com suas dores e tristezas, mas, acima de tudo, com o coração confiante de que Ele é misericordioso e poderoso o suficiente para curar seu coração ferido e machucado. Deus não nos condena, e a pessoa falecida também não. A morte purifica tudo, inclusive as imperfeições de nossos relacionamentos.

Muitas vezes, uma boa confissão ajuda bastante nessas horas. Diante de um sacerdote, abra seu coração ferido. Não tenha medo de reconhecer sua culpa. Entregue a pessoa falecida para Deus. Fale com o sacerdote sobre as dificuldades de relacionamento que tinha, sobre os pecados partilhados, as palavras pesadas e omissões, e também sobre tudo que você acha que ficou devendo ao ente querido.


Quando tenho a certeza de que meu falecido está em Deus, então não posso temer nenhuma conta a pagar. Quem está em Deus está livre. Nenhuma ofensa atinge aquele que está no coração de Deus, porque quem morre no Senhor chega a sua plenitude. Agora, do coração de Deus a pessoa enxerga com os olhos iluminados pela graça e compreende os motivos pelos quais agiu ou deixou de agir. Ao encontrar Deus, na plenitude da vida, tudo que era imperfeito será purificado.

É necessário saborear o luto

O luto saboreado ajuda a superar os transtornos e as tristezas da sempre dolorosa perda de alguém querido.

Pena que muitos não pratiquem mais nenhum ritual de luto. Tudo aparenta ser normal. Parece que nada mudou. No íntimo, todos sentem a perda. Precisamos saborear as etapas próprias do luto.

Velório, sepultamento, silêncio, missa de sétimo dia, de um mês, de um ano. Durante os primeiros dias, reservamo-nos para acolher melhor a dor da perda. Não adianta tomar remédio para amenizá-la; ela não deve ser amenizada, mas sentida, saboreada de forma madura e equilibrada.

Trecho do livro 'Cura dos Traumas da Morte' de Padre Léo, scj


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/como-superar-o-sentimento-de-culpa-durante-o-luto/

1 de novembro de 2017

O que posso falar sobre o que sinto?

Há alguma palavra que possa alcançar as raízes de nossa angústia?

Eu me recordo daquele dia. O professor de redação me desafiou a descrever o sabor da laranja. Era dia de prova e o desafio valeria como avaliação final. Eu fiquei paralisado por um bom tempo, sem que nada fosse registrado no papel. Tudo o que eu sabia sobre o gosto da laranja não podia ser traduzido para o universo das palavras. Era um sabor sem saber, como se o aprimorado do gosto não pertencesse ao tortuoso discurso da epistemologia e suas definições tão exatas.

Foto: Wesley Almeida / cancaonova.com

Diante da página em branco, eu visitava minhas lembranças felizes, quando, na mais tenra infância, eu via meu pai chegar em sua bicicleta Monark, trazendo, na garupa, um imenso saco de laranjas. A cena era tão concreta dentro de mim, que eu podia sentir a felicidade em seu odor cítrico e nuanças alaranjadas. A vida feliz, parte miúda de um tempo imenso, alegrias alojadas em gomos caudalosos, abraçados como se fossem grandes amigos, filhos gerados em movimento único de nascer. Tudo era meu, tudo já era sabido, porque já sentido. Mas como transpor essa distância entre o que sei, porque senti, para o que ainda não sei dizer do que já senti? Como falar do sabor da laranja, mas sem com ele ser injusto, tornando-o menor, esmagando-o, reduzindo-o ao bagaço de minha parca literatura?

Não hesitei. Na imensa folha em branco registrei uma única frase. "Sobre o sabor eu não sei dizer. Eu só sei sentir!"

Eu nunca mais pude esquecer aquele dia. A experiência foi reveladora. Eu gosto de laranja, mas até hoje ainda me sinto inapto para descrever o seu gosto. O que dele experimento pertence à ordem das coisas inatingíveis. Metafísica dos sabores? Pode ser!

O que posso falar sobre o que sinto?

O interessante é que a laranja se desdobra em inúmeras realidades. Vez em quando, eu me pego diante da vida sofrendo a mesma angústia daquele dia. O que posso falar sobre o que sinto? Qual é a palavra que pode alcançar, de maneira eficaz, a natureza metafísica dos meus afetos? O que posso responder ao terapeuta, no momento em que me pede para descrever o que estou sentindo? Há alguma palavra que possa alcançar as raízes de nossa angústia? Não sei. Prefiro permanecer no silêncio da contemplação. É sacral o que sinto, assim como também está revestido de sacralidade o sabor que experimento. Sabores e saberes são rimas preciosas, mas não são realidades que sobrevivem à superfície.


Querer a profundidade das coisas é um jeito sábio de resolver os conflitos. Muitos sofrimentos nascem e são alimentados a partir de perguntas idiotas.

Quero aprender a perguntar menos. Eu espero ansioso por este dia. Quero descobrir a graça de sorrir diante de tudo o que ainda não sei. Quero que a matriz de minhas alegrias seja o que da vida não se descreve.

30 de outubro de 2017

Entre a cruz e a espada: toda escolha implica uma renúncia

Fazer uma escolha nem sempre é uma tarefa fácil. Você tem escolhido bem?

Imagine que você se encontra diante de uma decisão importante, que pode mudar toda a sua vida. Alguém se aproxima e lhe diz: "Não há como fugir. Você precisa escolher. Terá de fazer sua opção". Você se sente, então, entre a cruz e a espada. E as circunstâncias se agravam ainda mais se a sua decisão envolver outras pessoas. Em momentos assim, a escolha pode se tornar muito difícil, uma verdadeira arte. Seria muito bom se essas escolhas não comportassem certa carga de angústia. Mas escolher dói, causa inquietação, medo, insônia, porque significa também abrir mão de algo.

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Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Toda escolha implica também uma renúncia. Ao escolher uma estrada, você desiste de caminhar por todas as outras; assim como, ao escolher uma esposa ou um marido, você dispensa todos os outros possíveis candidatos. É a encruzilhada da vida. Mas é isso que torna linda a história, e que a faz única, irrepetível e merecedora do nosso amor, porque amamos não uma vida sem erros, mas uma vida de possibilidades e escolhas.

Escolhemos lutar!

Nós amamos ser livres. E por piores que as opções nos pareçam, mesmo que nos vejamos sem saída, ainda nos resta escolher o que vamos fazer na situação difícil: se vamos lutar ou nos entregar. É, justamente aqui, que jorra uma força, uma energia, um poder, pois um milagre acontece cada vez que alguém se supera e tira o bem de onde os outros só viam maldades ou não viam nada. O céu faz uma festa quando nós nos recusamos a ser escravos da tristeza e da depressão. Deus salta de alegria quando nós escolhemos nos levantar mesmo contra as expectativas de todos a nossa volta.


Se alguém diz a uma pessoa de que não existem mais saídas, ela dobra os joelhos, até que uma porta nova se abra. Não o faz por pirraça, mas por amor; porque a fé faz brotar esse sentimento. E o amor nos faz enfrentar todos os problemas – ele [amor] mesmo nos dá a vitória sobre os males. Viver assim é perigoso, é subversivo. Viver assim é comprometer-se, é abraçar a cruz de uma vida levada a sério, vivida sem medo até às últimas consequências. E a morte não tem poder sobre uma vida assim. A dor e o sofrimento jamais terão vitória sobre o amor, porque, quando este se torna a medida de cada decisão, toda morte termina em ressurreição.


Márcio Mendes

Nascido em Brasília, em 1974, Márcio Mendes é casado e pai de dois filhos. Ex-cadete da Academia da Força Área Brasileira, Mendes é missionário da Comunidade Canção Nova, desde 1994, onde atua em áreas ligadas à comunicação. Teólogo, é autor de vários livros, dentre eles '30 minutos para mudar o seu dia', um poderoso instrumento de Deus na vida de centenas de milhares de pessoas.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/entre-cruz-e-espada-toda-escolha-implica-uma-renuncia/

27 de outubro de 2017

O perigo das falsas amizades e como lidar com elas

As falsas amizades são os maiores obstáculos para o crescimento espiritual

Assim como Deus nos dá amigos para nos conduzir à vida eterna e experimentarmos as realidades do céu, corremos o risco de nos deixar confundir pela falsidade, pelo erro das amizades que podem aparecer para nos desencaminhar da santidade e da verdade. Precisamos pedir o discernimento dos espíritos [cf. I Coríntios 12,10], a fim de analisar se as amizades são de Deus ou não.

Foto: AntonioGuillem by Getty Images

Podemos ter amigos que querem nosso bem e outros que querem o mal. Estes últimos são chamados de falsos amigos. As falsas amizades são as que se fundem em qualidades sensíveis ou frívolas: "Não persistais em viver como os pagãos, que andam à mercê de suas ideias frívolas" (cf. Efésios 4,17), que são uma espécie de egoísmo disfarçado. Essas amizades vivem daquilo que é mundano: "Principalmente aqueles que correm com desejos impuros atrás dos prazeres da carne e desprezam a autoridade" (cf. II Pedro 2, 10).

Três espécies de falsas amizades

São Francisco de Sales distingue três espécies de falsas amizades: as amizades carnais, que atraem pelas paixões carnais e pela devassidão (cf. II Pedro 2, 18) buscando os prazeres voluptuosos; as amizades sensuais, que se prendem ao ver a formosura, ao ouvir uma doce voz, ao tocar; e as amizades frívolas, fundadas em qualidades vãs (festas, bebedeiras etc).

Existem diversos tipos de amigos falsos: os amigos do copo, que se reúnem somente para beber; amigos da prostituição; amigos do furto e roubo; amigos de fofocas; amigos de ganância e interesses; amigos do sexo.

Como podemos identificar a origem dessas falsas amizades?

Partimos da origem: elas começam de maneira repentina e forte, pois parte de uma simpatia, de um instinto, de qualidades exteriores e brilhantes e emoções vivas ou apaixonantes. Seu desenvolvimento: alimentadas por meios de conversas insignificantes, mas afetuosas, outras por meio de conversas muito íntimas e perigosas, por olhares frequentes, por carícias entre outros. Efeitos: são vivas, absorventes e exclusivas, imaginam que serão eternas e seguidas por outras afeições.

Perigos dessas amizades: são os maiores obstáculos para o crescimento espiritual. À medida que os apegos vão crescendo, vai-se perdendo o recolhimento interior, a paz da alma, o gosto dos exercícios espirituais e do trabalho. O pensamento foge, muitas vezes, para o amigo ausente. A sensibilidade toma as rédeas da vontade, a qual se torna fraca. Partindo para os perigos relacionados à pureza.


Devemos fugir dessas amizades por intermédio da aplicação do remédio certo desde o começo, pois assim é mais fácil, porque o coração ainda não está preso. O rompimento deve ser feito de maneira firme e energética. É necessário evitar procurar e pensar na pessoa em questão, e cortar toda espécie de vínculo ou ligação, antes que seja tarde.

"Cortai, despedaçai, rompei; não vos deveis deter a descoser essas loucas amizades, é forçoso rasgá-las; não convém desatai os seus nós, devem-se romper ou cortar" (São Francisco de Sales). Quem se expõe ao perigo acaba por sucumbir.