20 de setembro de 2017

Como lidar com o ciúme entre os filhos

Qual família não vivenciou ou vivencia o ciúme do irmãozinho com os pais?

Nas conversas sociais, nos consultórios médicos ou psicológicos, os pais procuram saber como lidar com a situação do ciúme entre os irmãos. A resposta é que não existe receita pronta; no entanto, algumas dicas podem ajudar.


Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

O perigo da comparação

O comportamento dos pais pode acirrar o ciúme dos filhos à medida em que os comparam, mostrando os pontos fortes em relação aos fracos, porque eles são diferentes e possuem habilidades diferentes.

No lugar de comparar, mostre os pontos fortes de cada um, para que nasça uma admiração entre eles, reforçando a importância de um irmão na vida do outro, principalmente quando, além do parentesco, desenvolvem uma relação de amizade.

Quando nasce um irmão mais novo, o mais velho pode começar a ter comportamentos inadequados. Tenha cuidado para não exceder nos castigos, pois o que ele quer é chamar à atenção; e se ele não conseguir isso pelo lado positivo, o lado negativo passa a ser uma alternativa viável.

Atenção para aquele que é quieto, porque ele também precisa de atenção, apesar de não demonstrar. Sentimentos não trabalhados podem extrapolar em algum momento e de forma inadequada.

Uma das coisas que o mais velho quer é ter de volta a atenção que a chegada do outro tirou, por isso, reserve parte do seu tempo para curtir com ele o irmão caçula.

Outra dica é fazer com que ele participe do processo e se torne parceiro nos cuidados com o irmão mais novo, sem sobrecarregá-lo ou torná-lo responsável para uma tarefa da qual não se sente capaz.


Muita calma nessa hora

Muitos pais se desesperam com a briga entre irmãos. Muita calma nessa hora! É o tempo que eles têm para marcar seus espaços; porém, fique atenta às causas do ciúme. Se for preciso, intervenha, lembrando que a maioria dos atritos eles resolvem entre eles.

No momento que as brigas se tornam muito frequentes e acaloradas, canalizem as energias para o esporte, para atividades artísticas ou brincadeiras que reforcem o trabalho em equipe.

A maioria dos pais já escutou o filho perguntar se ele é adotivo, porque acha que o irmão é mais amado do que ele.

Não se culpe se tiver mais afinidade com um do que com o outro, mas isso não significa que ama mais ou menos. Os pais amam os filhos de forma diferente, respeitando a individualidade de cada um; contudo, é necessário o diálogo com eles, para que possa ser conversado o assunto e levantado os sentimentos.

Se eles apontarem a sua preferência por algum deles, observe seu comportamento para ver se procede, pois isso não pode acontecer.

A Bíblia nos mostra que, desde o início da humanidade, existia o ciúme entre os irmãos, pois Caim matou Abel, porque Deus "preferiu" as oferendas de um em detrimento do outro. O ciúme entre irmão, portanto, precisa ser trabalhado desde cedo, para que não vire inimizade.


Ângela Abdo

Ângela Abdo é coordenadora do grupo de mães que oram pelos filhos da Paróquia São Camilo de Léllis (ES) e assessora no Estudo das Diretrizes para a RCC Nacional. Atua como curadora da Fundação Nossa Senhora da Penha e conduz workshops de planejamento estratégico e gestão de pessoas para lideranças pastorais.

Abdo é graduada em Serviço Social pela UFES e pós-graduada em Administração de Recursos Humanos e em Gestão Empresarial. Possui mestrado em Ciências Contábeis pela Fucape. Atua como consultora em pequenas, médias e grandes empresas do setor privado e público como assessora de qualidade e recursos humanos e como assistente social do CST (Centro de Solidariedade ao Trabalhador). É atual presidente da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos) do Espírito Santo e diretora, gerente e conselheira do Vitória Apart Hospital.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/educacao-de-filhos/como-lidar-com-o-ciume-entre-os-filhos/

18 de setembro de 2017

Evangelização self-service, o que isso quer dizer?

O que você entende por evangelização?

Em muitos cursos bíblicos, neste mundo de meu Deus, costumo fazer uma pergunta, a qual estendo a você: "Quem aqui promove a evangelização?". Muitos, senão quase todos, levantam a mão. Então, vem a segunda pergunta: "Quando evangelizamos, pregamos a história de quem?". A resposta chega em forma de coro: "De Jesus!". A terceira pergunta é fácil: "E onde está escrita a história de Jesus?". "Na Bíííbliaaa", respondem.

-Evangelização-self-service,-o-que-isso-quer-dizer?-Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

A última pergunta é mais dura: "E quem aqui lê a Bíblia?". Geralmente, o pessoal cai na risada, mas a realidade é dura! Hoje, nossos cristãos estão perdendo o costume de orar com a Sagrada Escritura, e a verdade é que não há como evangelizar se não conhecermos a Palavra de Deus e nos relacionarmos com ela. Dedicar-se pela metade é morte certa!

Deus castiga?

Os Atos dos Apóstolos (At 4,36-5,11) contam uma história forte e muito catequética, por assim dizer. O texto apresenta Barnabé, um dos cristãos da primeira hora, originário de Chipre, que mostra seu apoio à Igreja, a qual nascia vendendo um campo e oferecendo o dinheiro aos apóstolos para dar sustento à evangelização. Sinal de verdadeiro amor! Então, aparece um casal daqueles bem complicados: Ananias e Safira. Eles também vendem uma propriedade, mas, na hora de oferecer o dinheiro aos apóstolos, dizem que oferecem tudo, mas o "colchão de casa" guardava uma parte do dinheiro. O filme não tem final feliz: os dois morrem por tentar enganar os apóstolos.

A narrativa é cheia de significados, mas, por favor, não pense que ela quer ensinar que Deus castiga, porque Ele é Pai de amor. A mensagem é mais profunda: quando nossa experiência com Ele abraça só uma parte de nosso coração, a morte é certa. Em termos bíblicos, se só conhecermos de Jesus umas poucas histórias e, nem sequer, lermos os quatro Evangelhos, acredite: chegará uma hora em que a espiritualidade começará a desfalecer.

O evangelizador self-service

É comum que, quando nos dedicamos pouco à leitura da Palavra, por preguiça, por falta de formadores ou tantas outras desculpas que possamos pensar, nossa evangelização fica um pouco "manca". Sabe por quê? Por que só sabemos falar de um par de passagens bíblicas que conhecemos: a parábola do filho pródigo, do semeador, as bem-aventuranças… É o evangelizador self-service, que escolhe só batata frita para comer, mas se esquece de alimentar a alma com o banquete completo do Reino! Na hora da dificuldade, a alma pede mais e, se a fé não tem sustento, começa a morrer.

Fica aqui um convite: Jesus falou do Reino de Deus com a vida e com Seus discursos. Para evangelizar, deixe-se alcançar por essa pregação do Senhor, alimente-se da Palavra de Deus, que faz com que nasça um encanto profundo com esse projeto do Reino. Disso, vem a conversão, que chega na alma e toca o coração com profundidade. Vai brotando, aos poucos, como boa semente, e cria raízes ao caminhar com Cristo pelas estradas do Evangelho e aprender com Ele como viver e ser feliz.

A cada página da Escritura, com amor ou correção, carinho ou exortação, vamos perdendo a imagem cinematográfica de Jesus e ganhando a imagem bíblica do Mestre, que ensina como ser cristão de verdade. Coisa que só quem perde a preguiça de doar-se pela metade para a evangelização consegue.

Fabrizio Zandonadi Catenassi
Mestre e doutorando em Teologia (PUCPR); professor de Sagrada Escritura (Católica SC); membro da diretoria da Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica; assessora cursos bíblicos e retiros no Brasil e na América Latina.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/biblia/estudo-biblico/evangelizacao-self-service-o-que-isso-quer-dizer/

15 de setembro de 2017

Por que celebrar a Missa de sétimo dia?

Celebrar a missa de sétimo dia significa que fazemos parte do Corpo de Cristo

No santo sacrifício da Missa, sempre rezamos pelos defuntos. Geralmente, nas nossas paróquias, capelas e celebrações pelos meios de comunicação, já ouvimos, num comentário inicial, na oração da coleta e, principalmente na oração eucarística, alguém rezar pelos que morreram. Sempre rezamos pelos mortos e, de maneira especial, na Santa Missa.

Por que celebrar a missa de sétimo dia
Foto: Arquivo CN

O Catecismo da Igreja Católica, baseada em sua Tradição e na Bíblia, ensina a comunhão com os defuntos. "Reconhecendo claramente essa comunicação de todo o Corpo místico de Cristo, a Igreja dos que ainda peregrinam venerou, com muita piedade, desde os primeiros tempos do cristianismo, a memória dos defuntos; e, 'porque é um pensamento santo e salutar rezar pelos mortos, para que sejam livres de seus pecados' (2 Mac 12, 46), por eles ofereceu também sufrágios". A nossa oração por eles pode não só os ajudar, mas também tornar mais eficaz a sua intercessão em nosso favor.

«Todos os que somos filhos de Deus e formamos em Cristo uma família, ao comunicarmos uns com os outros na caridade mútua e no comum louvor da Santíssima Trindade, correspondemos à íntima vocação da Igreja (CIC 958-959)."


Reza-se pelos mortos, porque é bom e salutar, ou seja, é saudável não só pela ligação afetiva com aquela pessoa que partiu, mas é saudável porque cremos que fomos batizados em nome da Santíssima Trindade, portanto, fazemos parte do Corpo de Cristo. Por isso, rezamos por aqueles que partiram, para que, não tendo morrido totalmente santo, possa alcançar por nossas preces e pela misericórdia de Deus a vida eterna (CIC 1031-1032).

Reza-se pelo defunto, oferece-se algum sacrifício para que a alma alcance a purificação, e pela fé na ressurreição. Deus, em sua imensa misericórdia, purifica as almas, toma-as para o seu Reino. Por que, então, rezar por sete dias? Ou por que uma Missa de sétimo dia?

O número sete na bíblia

O número sete na Bíblia indica perfeição. Em sete dias, Deus criou o mundo (Gn 2,2). Na história de Noé, choveu por sete dias e, depois de sete dias, Noé soltou a pomba, e a ave trouxe um ramo de oliveira que indicava o fim do dilúvio (Gn 8,10). Em relação à morte, quando Jacó morreu, José fez luto de sete dias (Gn 50,10). Em relação a um sacrifício purificador, durante sete dias deveria se oferecer um sacrifício expiatório (Êx 29,36-37). A mulher grávida que tivesse o bebê, apenas no sétimo dia estaria purificada (Lv 12,2). O leproso, para ser considerado limpo, precisaria de sete banhos de purificação (Lv 14,7).

Nos Evangelhos, Jesus fez a multiplicação dos pães com sete (Mt 15,36). Ele disse a Pedro que se deveria perdoar setenta vezes sete (Mt 18,22). No episódio com a samaritana, ela havia tido cinco maridos e o sexto não era dela, mas ela encontrou o Sétimo, Jesus, que lhe deu água viva para beber (Jo 4,1-26). Sete indica perfeição, indica um percurso, perseverança; na oração por um falecido, também se reza pelo significado do sete, reza-se para que a alma seja purificada.

Histórico da Missa de sétmo dia no Brasil

Na realidade brasileira, reza-se ainda uma Missa de sétimo dia por causa da extensão territorial. Os parentes que não podiam chegar a tempo para velar o morto vinham depois de alguns dias; assim, a Missa de sétimo dia permitia que o parente distante pudesse estar com a família e rezar pelo defunto.

Por fim, reza-se a Missa de sétimo dia, porque desde o Gênesis havia o costume fazer luto pelos mortos, por outras passagens que falam dessa realidade de purificação da alma do falecido, reza-se devido à fé católica na ressurreição dos mortos, reza-se pela oportunidade de um parente distante estar com a família do falecido e rezar com a família. Reza-se uma Missa de sétimo dia para fazer alusão ao dia que o Senhor descansou. Rezar é ainda uma oportunidade para aqueles que ficaram, louvar a Deus pelo dom da vida daquele que partiu, rezar uma Missa de sétimo dia, para aqueles que ficaram, é uma oportunidade de pensar como está a própria vida.

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Padre Marcio

Padre Márcio do Prado, natural de São José dos Campos (SP), é sacerdote na Comunidade Canção Nova. Ordenado em 20 de dezembro de 2009, cujo lema sacerdotal é "Fazei-o vós a eles" (Mt 7,12), padre Márcio cursou Filosofia no Instituto Canção Nova, em Cachoeira Paulista; e Teologia no Instituto Mater Dei, em Palmas (TO). Twitter: @padremarciocn


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/por-que-celebrar-missa-de-setimo-dia/

13 de setembro de 2017

Oração pela cura dos traumas da gestação

Ironi Spuldaro rezou por todas os filhos que sofreram traumas na gestação

Rezemos pelos filhos que ainda estão no ventre materno e por aqueles que, durante a gestação, sofreram algum trauma.

"Vinde, Espírito Santo, sob a nossa alma e toda nossa história, desde a nossa concepção, gestação e nascimento, libertando todos aqueles que sofrem as feridas do ventre materno.

Que Jesus Cristo, neste momento, toque com Suas mãos benditas, os Seus filhos e filhas que sofreram traumas na gestação e que, muitas vezes, não foram desejados. Quebrai, em nome de Jesus, pela potência do Espírito Santo, toda essa negatividade que causa opressão, falta de sentido de vida, depressão, medo, pânico, espírito de morte. Afastai, eliminai todos esses males da mente e da alma desses filhos e filhas."

Oração pela cura dos traumas da gestacaoFoto: Arquivo CN

Pelas mães solteiras

Nós queremos orar pelas mães solteiras, as quais, muitas vezes, se sentiram sozinhas e abandonadas na difícil missão de criar seus filhos.

Aborto

Oremos para aquelas mães que tentaram abortar e por aquelas crianças que sofreram traumas na tentativa do aborto, e pelos filhos que foram rejeitados; agora, muitas coisas têm dado errado na vida deles.

Rejeição

"Cura, Senhor, todos esses traumas de rejeição. Pelo poder do Teu Sangue, fonte natural de cura e libertação, cura e liberta esses filhos de todas as feridas interiores, porque muitos filhos foram gerados sem que seus pais estivessem esperando aquela gravidez.

Cura, Jesus, todos os traumas desses filhos que não foram programados e, por isso, hoje, sofrem doenças espirituais, traumas e bloqueios; muitas vezes, eles não conhecem nem sua própria origem.

Cura, Jesus, todas as feridas de captação, porque muitos filhos e filhas nasceram com o sexo diferente daquilo que os seus pais pensavam. Cura, Senhor, todos os traumas que, hoje, bloqueiam e trazem feridas profundas na alma, na afetividade e sexualidade de um filho que nasceu com uma natureza diferente.


Cura dos sentimentos

Cura, Senhor, todas as feridas de morte. Quantos filhos e filhas se sentem vazios e trazem complexos de inferioridade, traumas, medos, fobia, ansiedades e neuroses em suas vidas, porque nasceram depois de um aborto, seja ele provocado ou natural por problemas de saúde. No entanto, ali ficaram os resíduos de morte. Elimina, Senhor, todas essas feridas de morte que estão sob esses filhos e filhas.

Senhor, nós Te pedimos para quebrar toda ferida de rejeição do ventre materno e curar esses filhos e filhas. Pelo derramamento do Teu Espírito, que esses filhos e filhas, que traziam esses traumas do ventre materno, sejam, agora, libertados e curados, e passem a ter vida nova e possam nascer de novo não mais da carne, mas agora do Teu Espírito.

Pai, restaura a mente, o coração e a vida desses filhos e filhas, para que, por Suas chagas e feridas, sejam curados de todas as heranças negativas do ventre materno, da rejeição, do desejo de abortar e daquelas situações financeiras que muitos pais enfrentam."

Liberte-se dos traumas

Eu, em nome de Jesus, levanto sobre você o estandarte sangrento do madeiro da cruz e ordeno que sejam desfeitas, agora, todas as feridas de programação, captação, de resíduo de morte que estavam sob o seu consciente e inconsciente, a fim de que você receba a cura. Que o batismo no Espírito Santo avive essa alma e restaure esse ser.

Que o Senhor o abençoe, hoje e sempre, em todos os teus caminhos, e, com o manto da Virgem Maria, guarde-te de todo mal.

Ouça a oração:

Ironi Spuldaro
Exerce o ministério de pregação em todo o Brasil e em outros países


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/oracao-pela-cura-dos-traumas-da-gestacao/

11 de setembro de 2017

Controle de natalidade, o que há por trás dele?

O controle de natalidade é direcionado aos países subdesenvolvidos

O controle de natalidade é uma questão bastante discutida em vários setores como sociedade como política, economia, antropologia, religião etc., e é um assunto um tanto polêmico. Essa polêmica está em torno do aumento populacional dos países pobres e a diminuição da população nos países ricos.

O que há por tras do controle de natalidade
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Pesquisadores, estudiosos e cientistas do social apresentam relatórios que induzem o controle de natalidade. No entanto, esse controle é direcionado aos países subdesenvolvidos e não aos países desenvolvidos. Esses especialistas incentivam [o controle de natalidade], mas a prática é outra, ou seja, nesses países desenvolvidos ocorrem incentivos para que as famílias tenham mais filhos. Por isso, promovem uma guerra silenciosa especialmente direcionada aos países em desenvolvimento, com vistas a frear seu crescimento demográfico. Para isso, usam do eufemismo "desenvolvimento sustentável", que compreende políticas que terão como contrapartida toda e qualquer técnica contraceptiva e abortiva para frear o crescimento populacional.

Os "profetas" do "The Population Bomb" (A bomba populacional) e da "destruição" do mundo usam de um bombardeio de propagandas de que existe gente demais para o planeta e que essa "superpopulação" é a responsável pelo desequilíbrio ecológico e futura destruição da própria humanidade. Porém, sabe-se que as maiores violências contra o meio ambiente têm sua origem nas indústrias dos países desenvolvidos e a população consumista desses mesmos países.

Benefícios do aumento populacional

É verdade que, após 200 anos de desenvolvimento econômico, propiciado pela Revolução Industrial, a população mundial ganhou com a redução das taxas de mortalidade e o crescimento da esperança de vida. Porém, o crescimento da riqueza se deu à custa da pauperização do planeta e do aumento do abismo entre ricos e pobres. Pesquisas populacionais revelam que houve um aumento populacional, que começou no século dezoito e aumentou seis vezes nos 200 anos seguintes. Contudo, isso é um aumento, não uma explosão, porque, com esse aumento populacional, também houve aumento de produtividade, de recursos de comida, informação, comunicação e tecnologia.

Interesse por parte da sociedade em reduzir a natalidade dos mais pobres

Considerando que nos países subdesenvolvidos a taxa de natalidade aumenta a cada instante e que, nos países desenvolvidos, esse número reduz, a distribuição de renda fica mais concentrada, nos países subdesenvolvidos, nas mãos das pessoas com renda mais alta, enquanto os mais pobres quase não participam dessas conquistas, provocando uma elevada desigualdade da distribuição da renda. Por isso, existe o interesse de alguns setores da sociedade reduzir a taxa de natalidade dos mais pobres em vez de reduzirem os seus consumos por meio da partilha.


Acredito que a melhor análise já nos foi apresentada pelo Papa Francisco: "Em vez de resolver os problemas dos pobres e pensar num mundo diferente, alguns limitam-se a propor uma redução da natalidade. Não faltam pressões internacionais sobre os países em vias de desenvolvimento, que condicionam as ajudas econômicas a determinadas políticas de 'saúde reprodutiva'. Mas 'se é verdade que a desigual distribuição da população e dos recursos disponíveis cria obstáculos ao desenvolvimento e ao uso sustentável do ambiente, deve-se reconhecer que o crescimento demográfico é plenamente compatível com um desenvolvimento integral e solidário'.

Uma forma de não enfrentar os problemas

Culpar o incremento demográfico, em vez do consumismo exacerbado e seletivo de alguns, é uma forma de não enfrentar os problemas. Pretende-se, assim, legitimar o modelo distributivo atual, no qual uma minoria se julga com o direito de consumir numa proporção que seria impossível generalizar, porque o planeta não poderia sequer conter os resíduos de tal consumo. Além disso, sabemos que se desperdiça aproximadamente um terço dos alimentos produzidos, e 'a comida que se desperdiça é como se fosse roubada da mesa do pobre'" (Papa Francisco, Laudato sì, n.50).


Padre Mário Marcelo

Mestre em zootecnia pela Universidade Federal de Lavras (MG), padre Mário é também licenciado em Filosofia pela Fundação Educacional de Brusque (SC) e bacharel em Teologia pela PUC-RJ. Mestre em Teologia Prática pelo Centro Universitário Assunção (SP). Doutor em Teologia Moral pela Academia Alfonsiana de Roma/Itália. O sacerdote é autor e assessor na área de Bioética e Teologia Moral; além de professor da Faculdade Dehoniana em Taubaté (SP). Membro da Sociedade Brasileira de Teologia Moral e da Sociedade Brasileira de Bioética.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/bioetica/defesa-da-vida/controle-de-natalidade-o-que-ha-por-tras-dele/

8 de setembro de 2017

Masturbação: como enfrentar esse problema?

É grande a luta do jovem cristão contra o problema da masturbação!

A prática da masturbação é um problema bastante comum entre rapazes e moças; aliás, é um dos principais problemas enfrentados pelos jovens cristãos. Saiba, antes de tudo, que esse hábito não é um indício de distúrbio de personalidade ou de problema mental, mas um problema muito antigo na humanidade.

Livro dos Mortos, dos egípcios, por volta do ano 1550 a.C, já condenava a masturbação. Pelo código moral dos antigos judeus, era considerada pecado grave.

Foto: Wesley Almeida / cancaonova.com

Uma educação sexual prejudicial

Encontrei homens casados que continuavam a se masturbar, embora tivessem uma vida sexual regular com a esposa. Isso mostra que o vício da juventude continuou e prejudica o casamento.

Embora as aulas de "educação sexual", muitas vezes, ensinem que essa prática é normal, e até necessária, na verdade, é contra a natureza e contra a lei de Deus.

Infelizmente, nessas aulas e cartilhas sobre o assunto, os alunos são aconselhados a não terem sentimentos de culpa, angústia ou ansiedade ao fazê-lo, e ensinam que não é prejudicial à saúde. Isso não é verdade! Muitos médicos afirmam que ela é prejudicial ao jovem tanto física quanto psicologicamente.

A Igreja ensina que é um ato desordenado. Embora defendida por muitos como algo normal, a Igreja ensina que não. "Na linha de uma tradição constante, tanto o Magistério da Igreja como o senso moral dos fiéis afirmam, sem hesitação, que a masturbação é um ato intrínseco e gravemente desordenado. Qualquer que seja o motivo, o uso deliberado da faculdade sexual fora das relações conjugais normais contradiz sua finalidade" (Catecismo da Igreja Católica §2352). Então, os jovens cristãos devem lutar contra a masturbação, com calma, sem desespero e sem desânimo, sabendo que vão vencer essa luta com Deus na hora certa.


 Para isso, algumas atitudes são importantes:

1 – Tenha calma diante do problema

Você não é nenhum desequilibrado sexual, nem impuro. Você não é uma aberração, porque se masturba. Enfrente o problema com calma e com fé.

2 – Corte todos os estimulantes do vício

Jogue fora todas as revistas pornográficas, livros e filmes eróticos que você costumava ver. Não fique olhando para o corpo das moças ou dos rapazes alimentando a sua mente com desejos eróticos. Deixe de assistir aqueles programas de TV, os quais, cada vez mais, jogam pólvora no seu sangue. A TV é, hoje, um dos piores venenos para o jovem que luta contra a masturbação. Fuja dos sites eróticos da Internet.

3 – Faça um bom uso de suas horas de folga

Aproveite o tempo para ler um bom livro, praticar esportes, sair com os amigos, caminhar etc. Não fique sem fazer nada, especialmente na cama, pois mente vazia é oficina do diabo.

4 – Não desanime nem se desespere

Lute diariamente contra a masturbação, mas se você cair, levante-se imediatamente, peça perdão a Deus de imediato e retome o propósito de não pecar. Não fique pisando na sua alma e se condenando.

Diga: Está bem, eu errei, eu caí, aceito a minha queda humildemente, porque sou fraco; vou conseguir, com a ajuda de Deus, superar isso. Vou continuar lutando até me libertar definitivamente, mesmo que eu caia um milhão de vezes; não desistirei e não me desesperarei.

Deus ama nossa luta contra o pecado. Nossa vitória diante dele é mais a nossa perseverança na luta do que propriamente a vitória completa.

Confesse-se com o sacerdote sempre que cair. Não tenha receio, pois ele o compreenderá, porque está cansado de ouvir isso!

5 – Alimente a sua alma com a oração, a Palavra de Deus e os sacramentos da Igreja

Há um ditado que diz: "Mosca não se assenta em prato quente". Se você mantiver a sua alma aquecida com o calor do Espírito Santo, as moscas da tentação não o perturbarão. Mas se o prato esfriar… Após uma queda no campo do sexo, sempre fica claro que faltou vigilância e oração para não pecar. Muitas vezes, abusamos da nossa fraqueza e nos expomos diante do perigo; então, caímos. Há um outro provérbio que diz: "A ocasião faz o ladrão" ou ainda "Quem ama o perigo nele perecerá".

Na verdade, teremos de pedir mais perdão a Deus porque não vigiamos nem oramos, do que por termos caído no pecado propriamente. Lembremo-nos de que a luta é mais importante do que a vitória. Sobretudo, lute contra esse pecado por amor a Jesus, que morreu por nós na cruz. Ofereça a Ele essa luta dura, peça Sua graça e não deixe de se consagrar, todos os dias, a Nossa Senhora.

5 de setembro de 2017

O mal dos eletrônicos no desenvolvimento dos filhos

O uso dos eletrônicos precisa ser administrado

Sabemos o quanto a tecnologia nos beneficia. Hoje, no entanto, preciso falar sobre questões alarmantes. O uso excessivo dos eletrônicos pode viciar as pessoas, causando danos ao cérebro, similares aos de drogas como cocaína e álcool.

Como identificar os sintomas da dependência?

Se o seu filho prefere ficar no tablet em uma festa, reuniões com amigos ou familiares, sinal vermelho! Uma das consequências da dependência é a diminuição ou piora do contato social com amigos e familiares. Costumam dizer que todos são chatos, ou melhor, que tudo é chato; mal cumprimentam as pessoas, demonstrando descaso, irritação e mal humor.

Outro sintoma é a falta de interesse em outras atividades. Conheço um casal que levou os filhos para a Disney e só lá perceberam o quanto eles estavam viciados! Não havia neles alegria ou entusiasmo. Tudo, como eles diziam, era "normal". E a ansiedade de voltarem para o hotel ficou evidente. Para quê? Para continuarem jogando. Os jogos eletrônicos fazem uma "cócega" no cérebro, e nada, além disso, causa o mesmo prazer.

-O-mal-dos-eletrônicos-na-vida-e-desenvolvimento-dos-filhos-Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Ficou inconformado com isso? É assim com os outros vícios também. Como entender, por exemplo, alguém trocar a família para estar no bar? Ou trocar uma cama quentinha para estar na cracolândia? A dependência acarreta mudanças no cérebro, elevando a dopamina (neurotransmissor associado à experiência de prazer), fazendo com que o dependente queira sentir essa sensação o tempo todo.

Assim como as outras drogas, quando o dependente fica abstinente, manifesta sintomas muito desagradáveis como irritabilidade, ansiedade, alterações de humor e alterações de comportamento, podendo tornar-se manipulador, com o intuito de estar próximo de seu objeto de dependência novamente. Em casos extremos, podem chegar a fortes explosões, agredindo quem lhe impeça de usar o eletrônico, por exemplo.

Cortar o mal pela raiz

Quanto à manipulação, tenho o exemplo de uma mãe e seu filho de quatro anos, muito inteligente, sensível e amoroso: "Meu filho baixou um joguinho no celular e voltava da escola jogando. Percebi que bastaram 15 dias para ele estar viciado naquele jogo. Meu marido fez uma pequena viagem e levou com ele o celular. Ao entrar no carro, depois da escola, a primeira pergunta que ele fazia era: 'Quando o papai vai voltar?'. Era uma ansiedade sem tamanho! Só quando o pai chegou, vi que o desespero era para pegar o celular dele, e o abraço foi apenas educado. Dando-me conta disto, proibi-o imediatamente de jogar. Dois dias se passaram e, enquanto voltávamos da escola, meu filho disse inusitadamente: 'Mamãe, eu te amo tanto!'. Respondi, mas a intuição de mãe fez com que eu olhasse pelo retrovisor mais atentamente. Ele pegou o celular escondido de mim, e estava apenas tentando me enganar".

Sabiamente, essa mãe percebeu o problema e cortou o mal pela raiz. Seu filho pode jogar de vez em quando, uma ou duas vezes na semana, por uns quarenta minutos apenas. A OMS (Organização Mundial da Saúde) orienta que o tempo máximo em eletrônicos deve ser de duas horas por dia. Eu, como psicóloga e mãe, oriento que as crianças não podem jogar todos os dias, mesmo que seja por meia hora. Radicalismo de minha parte? Ora, os estudos científicos constataram que o vício em eletrônicos é similar ao alcoolismo. Como você julgaria uma pessoa que, depois do trabalho, todos os dias passasse no bar e ficasse bebendo por meia hora? Não diríamos que ele é alcoólatra? Entenderam a gravidade?

Algumas crianças e adolescentes têm usado os eletrônicos para fugir de problemas (muitas vezes, familiares) ou aliviar sentimentos de culpa, impotência, depressão e ansiedade. O desempenho escolar também cai, mas não a ponto de reprovação na maioria dos casos, pois eles sabem que, se ficarem em recuperação ou reprovarem, provavelmente, serão punidos com o risco de ficarem sem o eletrônico. Mentir fará parte do jogo, escondendo dos pais o tempo que ficam nos eletrônicos versus o tempo que ficam estudando.

Na Inglaterra, o medo de ficar sem celular já tem nome: "nomofobia" (no + mobile + fobia). Um estudo científico comprovou que a nomofobia gera angústia, falta de interesse em outras coisas, mudanças comportamentais, isolamento entre outros.

Tecnologia como babá

Os pais são financiadores da dependência, com tablets, celulares e jogos de última geração. Há pais que usam a tecnologia como uma babá. Outro dia, nas férias, eu estava na sala de espera da pediatra de meu filho, onde havia um menino muito pequeno, acompanhado de sua mãe, totalmente vidrado no tablet. Sem me identificar como psicóloga, mas apenas como mãe, puxei assunto (como quem não quer nada) sobre o perigo desses jogos para os nossos filhos. Ela perecia estar muito atenta à tudo o que eu lhe dizia, parecendo estar conscientizando-se da gravidade, o que me deixou feliz. Mas, no final, vejam o que ela disse: "Se eu tirar os jogos, não sei o que vou fazer com ele nas férias".

Infelizmente, ela não sabe ser mãe. Seu filho é dependente da "droga", e eu ousaria dizer que a mãe é codependente. É assim com o álcool também. Essa mãe precisa ser ajudada da mesma forma que familiares de viciados em outras drogas. Mal sabe ela que esse vício está interferindo diretamente no desenvolvimento emocional, podendo causar sérios transtornos na fase adulta de seu filho.

O Hospital das Clínicas de São Paulo tem tratado a dependência em tecnologia de forma similar ao tratamento de outros vícios, dando suporte emocional para os familiares, com reuniões semanais em grupo, tratamento psiquiátrico, sendo que, nos casos mais graves, é necessário também medicação.


Dependência de eletrônicos

Na Espanha, as autoridades já estão introduzindo programas para evitar e tratar a dependência dos eletrônicos. A Alemanha já incluiu em seu Programa de Educação este tema. Na China, Coréia e Singapura já tratam a questão como uma ameaça à saúde pública, devido aos níveis epidêmicos observados. Segundo pesquisas, 6% da população usa os eletrônicos de forma compulsiva. Na França, nos processos de divórcios, observou-se que muitas provas envolviam alguma questão de mídia digital ou internet, em 50% dos casos.

A dependência de eletrônicos vem cobrir um vazio que já existia (aliás, todas as drogas camuflam um vazio). Não se engane, não são só as novas tecnologias que fazem isso! A TV ligada, quando todos chegam em casa à noite, disfarça um silêncio. Não há conexão entre as pessoas, conexão de afeto, de partilha, alegria, olhar, carinho. São apenas pessoas, lado a lado, numa "sala de espera", esperando o dia seguinte chegar.

Para mim, o maior prejuízo que a dependência de eletrônicos causa é o vazio da alma. Todos sentem, dentro de si, em algum momento, um vazio existencial. À princípio, esse vazio pode assustar, mas é nele que nos questionamos a respeito do sentido de tudo, e vemos que muitas "coisas" do mundo não têm grande significado. É nesse momento, onde parece faltar sentido, que se encontra o sentido maior, que transcende tudo.

Por onde começar?

Talvez, seja mais simples do que você pensa. Os eletrônicos roubam de nossos filhos a sensibilidade, a empatia, a criatividade, a capacidade de amar, enfim, a alma. Precisamos resgatar tudo isso nas pequenas coisas. Há alguns dias, fui ao Mercado Municipal de Curitiba (SC) com meu filho. Ele estava encantado, mexendo nos sacos de grãos, cheirando frutas desconhecidas, experimentando novos sabores e novos sons. Havia professores de tango dançando e convidando pessoas a dançar. Meu filho me obrigou a experimentar! Fiz por ele. Rimos muito disso. Computador não tem cheiro nem gosto, nem toque, não tem vida, não tem risada verdadeira, não tem afeto. Em resumo, é trocar o virtual pela realidade da vida. Boa troca, não é? É só viver.