5 de setembro de 2017

O mal dos eletrônicos no desenvolvimento dos filhos

O uso dos eletrônicos precisa ser administrado

Sabemos o quanto a tecnologia nos beneficia. Hoje, no entanto, preciso falar sobre questões alarmantes. O uso excessivo dos eletrônicos pode viciar as pessoas, causando danos ao cérebro, similares aos de drogas como cocaína e álcool.

Como identificar os sintomas da dependência?

Se o seu filho prefere ficar no tablet em uma festa, reuniões com amigos ou familiares, sinal vermelho! Uma das consequências da dependência é a diminuição ou piora do contato social com amigos e familiares. Costumam dizer que todos são chatos, ou melhor, que tudo é chato; mal cumprimentam as pessoas, demonstrando descaso, irritação e mal humor.

Outro sintoma é a falta de interesse em outras atividades. Conheço um casal que levou os filhos para a Disney e só lá perceberam o quanto eles estavam viciados! Não havia neles alegria ou entusiasmo. Tudo, como eles diziam, era "normal". E a ansiedade de voltarem para o hotel ficou evidente. Para quê? Para continuarem jogando. Os jogos eletrônicos fazem uma "cócega" no cérebro, e nada, além disso, causa o mesmo prazer.

-O-mal-dos-eletrônicos-na-vida-e-desenvolvimento-dos-filhos-Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Ficou inconformado com isso? É assim com os outros vícios também. Como entender, por exemplo, alguém trocar a família para estar no bar? Ou trocar uma cama quentinha para estar na cracolândia? A dependência acarreta mudanças no cérebro, elevando a dopamina (neurotransmissor associado à experiência de prazer), fazendo com que o dependente queira sentir essa sensação o tempo todo.

Assim como as outras drogas, quando o dependente fica abstinente, manifesta sintomas muito desagradáveis como irritabilidade, ansiedade, alterações de humor e alterações de comportamento, podendo tornar-se manipulador, com o intuito de estar próximo de seu objeto de dependência novamente. Em casos extremos, podem chegar a fortes explosões, agredindo quem lhe impeça de usar o eletrônico, por exemplo.

Cortar o mal pela raiz

Quanto à manipulação, tenho o exemplo de uma mãe e seu filho de quatro anos, muito inteligente, sensível e amoroso: "Meu filho baixou um joguinho no celular e voltava da escola jogando. Percebi que bastaram 15 dias para ele estar viciado naquele jogo. Meu marido fez uma pequena viagem e levou com ele o celular. Ao entrar no carro, depois da escola, a primeira pergunta que ele fazia era: 'Quando o papai vai voltar?'. Era uma ansiedade sem tamanho! Só quando o pai chegou, vi que o desespero era para pegar o celular dele, e o abraço foi apenas educado. Dando-me conta disto, proibi-o imediatamente de jogar. Dois dias se passaram e, enquanto voltávamos da escola, meu filho disse inusitadamente: 'Mamãe, eu te amo tanto!'. Respondi, mas a intuição de mãe fez com que eu olhasse pelo retrovisor mais atentamente. Ele pegou o celular escondido de mim, e estava apenas tentando me enganar".

Sabiamente, essa mãe percebeu o problema e cortou o mal pela raiz. Seu filho pode jogar de vez em quando, uma ou duas vezes na semana, por uns quarenta minutos apenas. A OMS (Organização Mundial da Saúde) orienta que o tempo máximo em eletrônicos deve ser de duas horas por dia. Eu, como psicóloga e mãe, oriento que as crianças não podem jogar todos os dias, mesmo que seja por meia hora. Radicalismo de minha parte? Ora, os estudos científicos constataram que o vício em eletrônicos é similar ao alcoolismo. Como você julgaria uma pessoa que, depois do trabalho, todos os dias passasse no bar e ficasse bebendo por meia hora? Não diríamos que ele é alcoólatra? Entenderam a gravidade?

Algumas crianças e adolescentes têm usado os eletrônicos para fugir de problemas (muitas vezes, familiares) ou aliviar sentimentos de culpa, impotência, depressão e ansiedade. O desempenho escolar também cai, mas não a ponto de reprovação na maioria dos casos, pois eles sabem que, se ficarem em recuperação ou reprovarem, provavelmente, serão punidos com o risco de ficarem sem o eletrônico. Mentir fará parte do jogo, escondendo dos pais o tempo que ficam nos eletrônicos versus o tempo que ficam estudando.

Na Inglaterra, o medo de ficar sem celular já tem nome: "nomofobia" (no + mobile + fobia). Um estudo científico comprovou que a nomofobia gera angústia, falta de interesse em outras coisas, mudanças comportamentais, isolamento entre outros.

Tecnologia como babá

Os pais são financiadores da dependência, com tablets, celulares e jogos de última geração. Há pais que usam a tecnologia como uma babá. Outro dia, nas férias, eu estava na sala de espera da pediatra de meu filho, onde havia um menino muito pequeno, acompanhado de sua mãe, totalmente vidrado no tablet. Sem me identificar como psicóloga, mas apenas como mãe, puxei assunto (como quem não quer nada) sobre o perigo desses jogos para os nossos filhos. Ela perecia estar muito atenta à tudo o que eu lhe dizia, parecendo estar conscientizando-se da gravidade, o que me deixou feliz. Mas, no final, vejam o que ela disse: "Se eu tirar os jogos, não sei o que vou fazer com ele nas férias".

Infelizmente, ela não sabe ser mãe. Seu filho é dependente da "droga", e eu ousaria dizer que a mãe é codependente. É assim com o álcool também. Essa mãe precisa ser ajudada da mesma forma que familiares de viciados em outras drogas. Mal sabe ela que esse vício está interferindo diretamente no desenvolvimento emocional, podendo causar sérios transtornos na fase adulta de seu filho.

O Hospital das Clínicas de São Paulo tem tratado a dependência em tecnologia de forma similar ao tratamento de outros vícios, dando suporte emocional para os familiares, com reuniões semanais em grupo, tratamento psiquiátrico, sendo que, nos casos mais graves, é necessário também medicação.


Dependência de eletrônicos

Na Espanha, as autoridades já estão introduzindo programas para evitar e tratar a dependência dos eletrônicos. A Alemanha já incluiu em seu Programa de Educação este tema. Na China, Coréia e Singapura já tratam a questão como uma ameaça à saúde pública, devido aos níveis epidêmicos observados. Segundo pesquisas, 6% da população usa os eletrônicos de forma compulsiva. Na França, nos processos de divórcios, observou-se que muitas provas envolviam alguma questão de mídia digital ou internet, em 50% dos casos.

A dependência de eletrônicos vem cobrir um vazio que já existia (aliás, todas as drogas camuflam um vazio). Não se engane, não são só as novas tecnologias que fazem isso! A TV ligada, quando todos chegam em casa à noite, disfarça um silêncio. Não há conexão entre as pessoas, conexão de afeto, de partilha, alegria, olhar, carinho. São apenas pessoas, lado a lado, numa "sala de espera", esperando o dia seguinte chegar.

Para mim, o maior prejuízo que a dependência de eletrônicos causa é o vazio da alma. Todos sentem, dentro de si, em algum momento, um vazio existencial. À princípio, esse vazio pode assustar, mas é nele que nos questionamos a respeito do sentido de tudo, e vemos que muitas "coisas" do mundo não têm grande significado. É nesse momento, onde parece faltar sentido, que se encontra o sentido maior, que transcende tudo.

Por onde começar?

Talvez, seja mais simples do que você pensa. Os eletrônicos roubam de nossos filhos a sensibilidade, a empatia, a criatividade, a capacidade de amar, enfim, a alma. Precisamos resgatar tudo isso nas pequenas coisas. Há alguns dias, fui ao Mercado Municipal de Curitiba (SC) com meu filho. Ele estava encantado, mexendo nos sacos de grãos, cheirando frutas desconhecidas, experimentando novos sabores e novos sons. Havia professores de tango dançando e convidando pessoas a dançar. Meu filho me obrigou a experimentar! Fiz por ele. Rimos muito disso. Computador não tem cheiro nem gosto, nem toque, não tem vida, não tem risada verdadeira, não tem afeto. Em resumo, é trocar o virtual pela realidade da vida. Boa troca, não é? É só viver.

4 de setembro de 2017

Quando o assunto é Ideologia de Gênero, qual deve ser o papel dos pais?



Ideologia de Gênero: os pais precisam ficam atentos na educação dos filhos e fortificar o valor da família

Em seu livro sobre a Ideologia de Gênero (Ed. Canção Nova), Padre José Rafael Solano Durán, Doutor em Teologia Moral, especialista em Bioética e Assessor de Bioética do Regional Sul II da CNBB, mostra, com clareza, os perigos dessa teoria que o Papa Francisco chama de "colonização ideológica". Em sua visita a Nápoles, ele a comparou "à máquina de propaganda nazista". Disse: "Existem 'Herodes' modernos, que destroem e tramam projetos de morte, que desfiguram a face do homem e da mulher, destruindo a criação".
O objetivo da ID é eliminar o valor da família como estrutura privada e capaz de formar a consciência da pessoa, de modo que a família não tenha nenhum tipo de relação, eliminando-se, assim, o conceito de pessoa. O caminho para isso é criar um sistema educativo pedagógico, de modo que, com o passar do tempo, a pessoa possa "decidir" se é homem ou mulher. Essa suposta decisão gera um aniquilamento da pessoa; substituindo-a por alguém sem identidade.
Quando o assunto é Ideologia de Gênero qual deve ser o papel dos paisFoto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Valor da família

Como mostra padre Solano, a desconstrução do significado do termo pessoa e indivíduo, da origem ao chamado "poliamor", onde as pessoas podem estabelecer matrimônios ou uniões de fato, mas sempre abertas a outros tipos de relações. E, por fim, eliminar todo tipo de relação com a religião e com Deus, o que equivale a implantar o ateísmo.
A fase atual da implantação da IG no mundo todo visa exatamente as escolas, de modo a criar uma geração que assimile esta ideologia. A criança não tem defesa, seu senso crítico ainda não é desenvolvido, então é fácil manipulá-la e aliciá-la.
A CNBB se pronunciou com firmeza contra a ID: "Com a ideologia de gênero, deixou de ser válido aquilo que se lê na narração da criação: «Ele os criou homem e mulher» (Gn 1, 27). "A introdução dessa ideologia, na prática pedagógica das escolas, trará consequências desastrosas para a vida das crianças e das famílias. O mais grave é que se quer introduzir esta proposta de forma silenciosa nos Planos Municipais de Educação, sem que os maiores interessados, que são os pais e educadores, tenham sido chamados para discuti-la".
Dom Rifan, bispo de Campos (RJ), também colocou o perigo da ID: "Na verdade, os que adotam o termo gênero não estão querendo combater a discriminação, mas sim "desconstruir" a família, o matrimônio e a maternidade; desse modo, fomentam um "estilo de vida" que incentiva todas as formas de experimentação sexual desde a mais tenra idade".

Que tipo de formação seus filhos estão recebendo?

Reiteradamente condenada pelo Papa e pelos bispos, os pais cristãos precisam, então, acompanhar o que seus filhos estão recebendo de formação sobre este assunto; pois, em algumas escolas, há cartilhas e professores que a ensinam.
Os pais devem saber que o Congresso Nacional não permitiu a Ideologia de Gênero no Plano Nacional de Educação, e a esmagadora maioria das Câmaras de Vereadores das cidades brasileiras impediu que a IG entrasse no Plano Municipal de Educação do município. No entanto, por meios disfarçados, há escolas e professores que infiltram o ensino desta ideologia de maneira ilegal.
Esse perigo, que se apresenta, hoje, para as crianças, exige que os pais cristãos ensinem para seus filhos que Deus criou apenas dois sexos, e que cada um deve se aceitar como o seu sexo. O Catecismo da Igreja ensina que: "Cabe a cada um, homem e mulher, reconhecer e aceitar a sua identidade sexual, reconhecendo sua importância para a pessoa toda, a especificidade e a complementaridade" (n. 2333).
Cabe aos pais cristãos, portanto, acompanhar com atenção tudo o que seus filhos aprendem na escola sobre este tema. O papel da escola é de ensinar, e não de colocar na cabeça da criança, que não tem senso crítico, uma ideologia que não se coaduna com a Lei de Deus. Se notarem que a Ideologia de Gênero é ensinada a seus filhos, devem procurar a direção da escola e solicitar que seus filhos não assistam essas aulas, uma vez que não é legal.

1 de setembro de 2017

TPM sim, e daí?

Identificar os sintomas da TPM é o primeiro passo para driblar os inconvenientes desse período

Um dia, você está feliz da vida, mas, de repente, uma besteirinha a leva a um colapso de nervos. Em seguida, uma fúria intensa, que só passa quando alguém conta um caso bobinho e, sem mais nem menos, você se desmancha em lágrimas, dignas do Oscar. Sinal de alerta: você está na TPM.


Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

O cabelo está terrível, parecendo palha, indomável! A pele, então, fica como a de uma adolescente, com várias espinhas, ou dá aquela manchadinha básica. Sem contar que a calça que você vestia ontem parece que encolheu e custa para ser abotoada.

Modificações e transtornos

Essa é a realidade mensal de boa parte das mulheres que sofrem de tensão pré-menstrual, mais conhecida como TPM, que provoca variadas modificações no organismo feminino e pode causar muitos transtornos, se não tomarmos os devidos cuidados.

Muita gente acha que isso é manha de mulher, que é fingimento, porém, a literatura científica já comprovou que é fato: antes da menstruação, há alterações físicas, psíquicas e sociais, que comprometem os relacionamentos e afetam a produtividade da mulher em sua família, escola e trabalho.


Sem sentimento de culpa

Você pode estar se perguntando o que esse tema está fazendo nessa coluna da Canção Nova. Bem, eu respondo: muitas mulheres se martirizam e culpam-se por sentirem os sintomas da TPM, e não se permitem ser humanas, ou então, ignoram os sintomas como se eles não existissem – e muitas vezes, não compreendem por que tomaram essa ou aquela decisão com tanta raiva, ou por que gritaram com aquela pessoa; ou ainda, por que estão chorando em pleno horário de trabalho.

Admitamos: somos mulheres, temos a nossa biologia, e não adianta fingir que nada está acontecendo. É preciso monitorar o nosso ciclo menstrual para estarmos atentas a esses sintomas e minimizá-los. Afinal, "como é bom, como é agradável para os irmãos viverem juntos" (Sal 132, 1).

Uma alteração biológica natural não deve ter o poder de desarmonizar nossa convivência com os outros.

Ninguém fale comigo

A tensão pré-menstrual aparece uma semana antes da menstruação, mas o ápice dela acontece um ou dois dias antes do primeiro dia do ciclo. Os sintomas nem sempre são os mesmos, e a intensidade deles também varia, por isso toda mulher deve conhecer seu ciclo e marcar os prováveis dias de TPM no calendário.

Assim, você tenta driblar as situações de estresse nesses dias, bem como se programa para tomar decisões fora desse período. E não é vergonha nenhuma você avisar às pessoas que não está no seu melhor dia.

Afinal, ninguém é obrigado a adivinhar que não poderá brincar com você nesse período, porque estará uma pilha de nervos; e no seu trabalho, por exemplo, ficar chorando pelos cantos pode danificar a sua imagem; além do mais, uma decisão impensada pode render muita confusão depois.

Lembre-se: não é possível que o mundo pare até que a sua TPM passe.

Boa convivência

Nossos companheiros na criação de Deus, os homens, precisam ser alertados sobre isso também.

A rapaziada precisa ter paciência redobrada com suas esposas, noivas, namoradas, mães, filhas, irmãs e amigas nesse período. Deus nos fez como uma "ajuda adequada" a eles; então, será bem bacana se compreenderem que, em alguns momentos, precisam se adequar às nossas limitações para uma boa convivência (cf. Gn 2,7-18ss).

Cabe lembrar que algumas mulheres não têm TPM , pois esse período traz novidades bacanas, como ideias mais criativas, melhor desempenho no trabalho, mais sensação de bem-estar.

Enfim, independentemente dos sintomas, é importante que você conheça seu corpo para não ficar refém de suas alterações, vivendo em sociedade de forma sadia e feliz.

30 de agosto de 2017

Doenças espirituais causadas pelos pecados capitais

A cura para as doenças espirituais é obra do Espírito Santo

Para que uma doença seja tratada, é preciso descobrir, por meio de exames, o que a causou. Uma vez diagnosticado o problema, aplicam-se os medicamentos necessários para o restabelecimento da saúde corporal.

Nossa vida espiritual passa por esse mesmo processo. Muitas vezes, nossa alma está contaminada por doenças espirituais que, aos poucos, roubam-nos a paz e nos desequilibram espiritualmente, afastando-nos do caminho da santidade e conduzindo-nos ao pecado.

Doenças espirituais causadas pelos pecados capitaisFoto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Diante de tal realidade, é preciso diagnosticar quais doenças espirituais estão deixando nossa alma enferma. Contudo, para que o medicamento correto faça o efeito desejado, é preciso nomear essas doenças.

E quais são as doenças espirituais?

São sete: gula, avareza, luxuria, ira, inveja, preguiça e soberba. As doenças espirituais são os sete pecados capitais, os quais, quando não diagnosticados, causam um terrível mal ao coração do ser humano.

Gula é a doença espiritual do desejo insaciável. Sempre é preciso consumir mais para a satisfação própria. Quando essa enfermidade se aloja no coração, faz-nos escravos de uma vontade que nos rouba o direito da liberdade. Tornamo-nos escravos e sempre será preciso ir além do necessário. O remédio para a gula é o autocontrole, é aprender a ficar satisfeito com o necessário e dizer 'não' ao excesso.

Avareza: é o apego ao dinheiro e aos bens materiais. Essa doença escraviza a pessoa, pois faz seu coração prisioneiro de seus desejos, esquecendo-se de Deus e do próximo. Para curar-se dessa doença, é necessário o abandono em Cristo e o desapego de tudo que nos aprisiona.

Luxúria: é deixar-se dominar pelas paixões. Essa doença deixa a pessoa presa aos desejos carnais, à corrupção dos costumes e à sensualidade. Todos esses desejos se agravam com o tempo, caso não seja cuidado com o remédio necessário, que consiste em reconhecer-se Templo do Espírito Santo e recuperar a consciência da dignidade de filho de Deus.

Ira: é o sentimento de raiva, ódio, rancor e vingança. É uma doença complexa, pois, calmamente, vai transformando a pessoa naquilo que ela sente. Ela age aos poucos no coração e, se não for remediada a tempo, pode destruir vidas. O remédio para essa doença é o perdão e a busca da paz para com todos. Muitos se encontram enfermos desse sentimento, por isso faz-se necessário cuidar deles urgentemente.


Inveja: é a cobiça por aquilo que não é seu. Muitos passam pela vida desejando aquilo que não é seu e se esquecem de cuidar da própria vida. Essa doença afasta a pessoa da realidade de sua própria vida e a torna prisioneira do que o outro possui. O remédio para essa enfermidade consiste em retirar o olhar da vida do outro e cuidar de sua própria existência. Somente quem consegue voltar o olhar para sua vida liberta o outro de seus olhares invejosos.

Preguiça: é a doença do desleixo, da moleza, da falta de vontade, da aversão ao trabalho. O preguiçoso vive em estado constante de paralisia. Essa doença faz o ser humano acostumar-se com uma vida medíocre. Para curar essa enfermidade, é preciso sair do espaço de conforto, que criou para si mesmo e ter atitude diante da vida. Muitas pessoas alimentam essa doença em seus semelhantes.

Soberba: essa doença está ligada ao orgulho excessivo, à vaidade e à arrogância. Muitos vivem se achando melhores que as outras pessoas. Olham e expressam em seus semblantes o pouco caso com seus irmãos e irmãs. Para curar-se desta doença, é preciso reconhecer-se pecador e necessitado da misericórdia de Deus. Somente quem se reconhece criatura e não Criador consegue libertar-se dessa enfermidade.

A cura das doenças espirituais é um processo de mudança interior, que acontece com a ajuda do Espírito Santo, o médico das almas.

 

28 de agosto de 2017

Você sabe qual é a diferença entre tentação e provação?

Tentação x Provação

As pessoas sempre acabam fazendo uma grande confusão entre as dificuldades que estão enfrentado, se é provação​ ou tentação​. Há, no fundo, dentro delas, a dúvida se o que vivem é algo que vem de Deus ou do maligno. A verdade é que, quando falamos de tentação ​e provação​, precisamos entender também que existem diferenças entre ambas, e consequências distintas quanto ao fruto que será gerado em nós, caso não saibamos como enfrentar cada uma delas.

-Você-sabe-qual-é-a-diferença-entre-tentação-e-provação-Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Por que os frutos podem ser distintos?

Porque as "fontes" de onde elas sobrevêm são distintas. No entanto, é a própria Palavra de Deus e o Magistério da Igreja que nos ajudam a compreender o que é cada uma dessas realidades e como vivenciá-las. Na Carta de São Tiago, temos uma clara distinção e explicação do que é cada uma delas e suas consequências. Vejamos:

"Considerai uma grande alegria, meus irmãos, quando tiverdes de passar por diversas provações, pois sabeis que a prova da fé produz em vós a constância. Ora, a constância deve levar a uma obra perfeita: que vos torneis perfeitos e íntegros, sem falta ou deficiência alguma" (Tg 1,2). "Feliz aquele que suporta a provação, porque, uma vez provado, receberá a coroa da vida, que Deus prometeu aos que o amam" (Tg 1,12).

É o mesmo Tiago que também nos fala sobre a tentação:

"Ninguém, ao ser tentado, deve dizer: 'É Deus quem me tenta', pois Deus não pode ser tentado pelo mal, tampouco Ele tenta alguém. Antes, cada qual é tentado por sua própria concupiscência, que o arrasta e seduz. Em seguida, a concupiscência concebe o pecado e o dá à luz; e o pecado, uma vez maduro, gera a morte" (Tg 1,13-15). O próprio Jesus foi quem nos ensinou, em Sua Palavra, na oração do Pai-Nosso, uma realidade sobre a tentação quando diz: "não nos deixeis cair em tentação".

Nesse pedido de Jesus, há uma "rejeição" à tentação, um alerta de que há um perigo, pois, logo em seguida, vem um outra súplica, na qual há um vínculo com o pedido anterior, de "não se deixar cair em tentação", que é: "mas livrai-nos do mal". Com tudo isso, podemos, certamente, dizer que há grandes diferenças entre tentação​ e provação​, de onde nascem e os frutos que produzem.

A tentação​ tem sempre como origem o demônio, nossa carne ou o mundo. Ela tem como objetivo nos levar ao pecado; e ao nos fazer pecar, produz em nós o rompimento do nosso relacionamento com Deus, o nosso afastar-se d'Ele, gerando em nós a morte.

A Palavra de Deus, no entanto, é clara quanto ao caminho que a tentação faz dentro de nós, para que isso venha a se tornar realmente um pecado. A pessoa, quando sente o desejo pelo pecado, precisa, além de sentir, consentir, deixar aquela tentação tomar conta dela, para que surja o ato do pecado, e este cresça, amadureça e gere os frutos de morte. Sendo assim, sentir-se tentado não é pecado, seja qual for o nível de tentação! Pecado é você permitir que essa tentação cresça sem que você lute contra ela. O Catecismo da Igreja Católica (2847) nos ensina que, se a tentação não for consentida, mas combatida, ela também pode nos ser útil, trazendo-nos méritos diante de Deus.


A provação​ tem sua origem em Deus, na permissão divina

Ainda que determinadas provações possam ter, por detrás delas, o demônio, ela é permitida por Deus para o crescimento e amadurecimento da pessoa. Assim como afirma a Palavra de Deus: "…sabeis que a prova da fé produz em vós a constância. Ora, a constância deve levar a uma obra perfeita: que vos torneis perfeitos e íntegros, sem falta ou deficiência alguma" (Tg 1,2).

Assim foi com Jó! Ele era um homem íntegro, temente a Deus, mas o Senhor permitiu que o demônio lhe causasse incômodos, pois sabia que Jó teria as condições de suportá-los! "Deus é fiel e não permitirá que sejais provados acima de vossas forças. Pelo contrário, ele providenciará o bom êxito, para que possais suportá-la." (I Cor 10,13)

25 de agosto de 2017

Elegância e harmonia caminham juntas

A elegância equivale à sensação do encontro com a harmonia

Lembro-me como se fosse hoje. Eu estava num restaurante, na região do Bom Retiro, em São Paulo, um bairro conhecido por receber pessoas de todo o país para fazer compras de roupas. O espaço era relativamente pequeno para a quantidade de pessoas esfomeadas e apressadas que ali estavam. Eu havia acabado de entrar e estava com sacolas penduradas até o cabelo. Fiquei imensamente feliz ao ver que um senhor de meia-idade havia terminado sua refeição e estava se levantando para sair. Não sentia meus pés de tanto que havia andado até aquele momento! Sentei-me e logo vi uma senhora entrar com duas meninas lindas; eram suas filhas.


Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Foram em direção a uma mesa que havia acabado de ser desocupada quando, do nada, surge uma moça falando alto: "Esse lugar é meu. Eu vi primeiro". Ela jogou a bolsa sobre a mesa, na tentativa de apropriar-se dela, quando a filha mais nova, de mais ou menos doze anos, a pegou do chão e entregou à moça: "Desculpe, fique à vontade".

Elegância e educação

Ela disse isso na maior educação, realmente desejando que a moça espaçosa se sentisse confortável ali. Logo em seguida, outras cadeiras foram desocupadas ao meu lado, e a mãe, com muita fineza, pediu-me para sentarem-se ali. Conversamos nesse curto espaço de tempo e percebi o quão eram educadas.

Logo em seguida, ouvimos a moça gritando novamente, porque seu pedido havia sido trocado. Esbravejou, dizendo que tinha o direito de ser bem atendida.

Os garçons se entreolharam e, quase que num movimento sincronizado, levantaram as sobrancelhas. Só faltou o balão dizendo: "Para que esse show todo?".

Coincidentemente, a sobremesa que a filha mais velha havia pedido também havia sido trocada. Ela fez sinal com a mão para o garçom, que logo se aproximou. Ela perguntou o nome dele e, educadamente, o questionou se havia a possibilidade de trocar seu pedido, pois havia vindo por engano. Prontamente, ele disse 'sim' e, em questão de segundos, voltou com o pedido certo; enquanto a moça brava continuava falando alto e reclamando, batendo o pé no chão, olhando para o relógio e abanando-se, na esperança de chamar à atenção de alguma forma. Seu pedido ainda não havia sido trocado.


A elegância vem de dentro para fora

Não conheço nada sobre a moça, muito menos sobre a mãe com suas duas filhas, mas, naquele momento, entendi que ser elegante é muito mais do que se pode aparentar externamente por meio de uma postura contida, de falar baixo, de saber portar-se, enfim. Vem de dentro para fora.

É algo harmônico, a ponto de trazer ordem ao caos. Diz de um silêncio que se faz ouvir, de uma delicadeza e discrição que se fazem notar; porém, totalmente sem necessidade de chamar à atenção.

Fiquei com elas por aproximadamente vinte minutos, tempo suficiente para perceber que elas sabiam falar e calar no momento certo. Dar atenção e recebê-la de volta num movimento natural de quem se conhece e, por isso, sabe de sua própria importância, não depende de nada nem ninguém que a convença disso.

Para mim, foi uma aula de elegância. Percebi que posso a desenvolver e que o trabalho para isso se assemelha ao ato de regular a cor na tela da TV por exemplo.

O ponto é o equilíbrio: Se pesar na cor, ficará gritante, a imagem ficará estourada e desconfortável; se tirar toda a cor, ficará sem definição, sem graça e com uma ausência que também desconforta.

Independente da situação, da pessoa ou de sua história, a elegância se mostra por meio da harmonia na forma de ser simplesmente o que é.

Deselegância

A partir de então, tenho prestado mais atenção na minha postura, no meu modo de falar ou calar, de querer chamar à atenção ou de me esconder e de me vestir. E isso tem dado certo! Fácil não é, pois exige esforço tanto para me enxergar na situação quanto para chegar ao equilíbrio, mas que dá resultado, isso dá!

No fundo, sabemos quando passamos do limite, sendo deselegantes. Talvez, o problema seja a falta de agilidade e a rapidez entre o pensamento e a ação coerente, e também da vontade de melhorar a cada dia.

Uma coisa é certa: é praticamente impossível ser elegante quando se tem a síndrome de Gabriela: "Eu cresci assim, vou ser sempre assim, Gabriela, sempre Gabriela..". É como querer juntar água e óleo.

Treino e dedicação

Na dúvida, questione-se. A resposta está aí dentro e, se solicitada, virá para fora com muito gosto e prazer, com a missão de ajudá-la a crescer, descobrir-se, melhorar e se enxergar com mais nitidez. Tudo é questão de treino e dedicação.

Elegância não se compra, vem de dentro, e todas nós somos capazes dela. Às vezes, ela se encontra de forma bruta, mas pode ser lapidada com o simples exercício de olhar para dentro de si mesma, deixando de lado o que as pessoas esperam de você, sendo livre para assumir sua identidade única no mundo.

Dessa forma, saberá como se portar de forma harmônica e elegante em todos os lugares onde estiver e com quem estiver.

 


Márcia Ribas

Márcia Ribas é formada em Comunicação Social (Rádio e TV), pós graduada em Counseling –  "a via intermediária entre o psicoterapeuta e o cabeleireiro". Com o desejo de usar da beleza e autoestima para ajudar as pessoas no processo de uma busca autônoma de solução ou transformação em suas vidas, Márcia criou um blog que relata sua experiência ao emagrecer quarenta quilos através de reeducação alimentar e atividade física. Em seu blog relata como foi altamente impactada ao descobrir o valor de ser gente, única e digna de cuidado, atenção e amor próprio. Página pessoal da autora: marciaribas.com.br


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/afetividade-feminina/elegancia-e-harmonia-caminham-juntas/

23 de agosto de 2017

Fé: uma luz que deve incidir sobre todas as relações sociais

Cidadania pela fé

A sociedade há de encontrar na fé a nota indispensável e insubstituível da sua sinfonia perdida. Pensam muitos que para se conquistar essa harmonia basta a correção no âmbito da política partidária. Trata-se de aspecto importante, mas que não é suficiente. Há um longo caminho de reconstrução das cidadanias para vencer mediocridades. É preciso reagir, com investimentos urgentes e indispensáveis, na educação, em reformas, no cultivo da sensibilidade social, da consciência de que se pertence a um povo. De modo especial, é importante investir na fé, tesouro que
alicerça a vida, ilumina a razão, inspira e equilibra a conduta humana.

-Fé-uma-luz-que-deve-incidir-sobre-todas-as-relações-sociaisFoto: Jacob Ammentorp Lund by Getty Images

A Palavra de Deus, na Carta aos Hebreus, capítulo 11, bem define esse tesouro: "A fé é a certeza daquilo que ainda se espera, a demonstração de realidades que não se veem". Cultivá-la provoca transformações profundas que são capazes de devolver, a cada pessoa, o brilho sagrado que reside no coração humano. Por isso mesmo, não é permitida a nenhuma confissão religiosa contemporizar com as manipulações a respeito dos entendimentos sobre Deus e a fé n'Ele professada, para alcançar certos objetivos questionáveis.

Cultura e sociedade

Os líderes religiosos têm grande responsabilidade e não podem retardar a reação diante dessas manipulações que ocorrem a partir de meios de comunicação bem estruturados, de certas práticas alicerçadas na irracionalidade que, por isso mesmo, são incapazes de gerar transformações necessárias na cultura e na sociedade. Situações diversas que impedem o surgimento de novos horizontes, só alcançados pela fé, por sua vivência, a partir da coragem profética e mística de seu testemunho.

Compreende-se a fé não como prática piedosa, no sentido de se reservá-la a sacristias, ou como força a ser buscada simplesmente pelo viés milagreiro, conduta que muitas vezes apenas alimenta cofres, justifica nomes e deixa, em segundo plano, o que é essencial e urgente no que se refere a respostas cidadãs. A fé é uma luz que deve incidir sobre todas as relações sociais, desdobrando-se em gestos de solidariedade.

Toda autêntica manifestação da fé é experiência de fraternidade, sustentada pelo reconhecimento da paternidade de Deus. No centro dessa experiência está o amor do Pai, que não deixa obscurecer a preciosidade singular da vida humana. Assim, a fé leva o homem a preservar o seu lugar no universo, sem que se extravie da sua natureza. Quem cultiva a fé torna-se cada vez mais consciente da própria responsabilidade moral, demove-se da pretensão de ser árbitro absoluto de tudo e não corre o risco oneroso e destruidor de achar que tem o direito de manipular outras pessoas.

Justiça

É verdade que a justa ordem da sociedade e do estado é dever da política e, como afirma Santo Agostinho, "um estado que não se rege segundo a justiça, se reduz a uma grande banda de ladrões, porque a justiça é o objetivo e a medida intrínseca de toda política". Na busca pela realização da justiça, a política necessita da fé, que tem propriedades para iluminar a razão a partir da experiência do encontro com o Deus. Essa experiência ultrapassa a dimensão simplesmente racional. Nesse sentido, a fé possibilita à razão realizar melhor a sua tarefa de configurar a cidadania nos parâmetros necessários para a construção de uma sociedade melhor.

Por tudo isso, é possível reconhecer a importância de cultivar e sempre ter apreço pelo patrimônio da fé enraizado na cultura de um povo. Um dom que exige atenção redobrada no seu cuidado. Eis um compromisso de todos, de governos também, para que a genuinidade da fé fecunde cidadanias e reconduza a sociedade aos caminhos da
justiça, do bem, às veredas da verdade e da fraternidade.