16 de agosto de 2017

Ato sexual: por que o coito interrompido é pecado?

O ato sexual do casal precisa ser unitivo e procriativo

O ato sexual de um casal tem dupla finalidade: unitiva e procriativa. A moral da Igreja Católica ensina que o ato sexual deve atender a esses dois aspectos. O unitivo reflete o dom de entrega total entre os esposos; o procriativo implica na abertura à geração de filhos.

Diz o Catecismo que "é errado qualquer ação que, quer em previsão do ato conjugal, quer durante a sua realização ou no desenrolar das suas consequências naturais, proponha-se, como fim ou meio, tornar impossível a procriação" (n° 2370).

Ato sexual por que o coito interrompido é pecadoFoto: Daniel Mafra/cancaonova.com

A Igreja ensina: toda atividade sexual que, artificialmente, é fechada para uma dessas dimensões, torno o ato ilícito. É o caso do coito interrompido, que impede a realização completa do ato conjugal.

O coito interrompido (ou onanismo) consiste em interromper a relação sexual antes da ejaculação. No Antigo Testamento, há uma referência a isso, mostrando que não é lícito: "Então, Judá disse a Onã: "Vai, toma a mulher de teu irmão, cumpre teu dever de levirato e suscita uma posteridade a teu irmão. Mas Onã, que sabia que essa posteridade não seria dele, maculava-se por terra cada vez que se unia à mulher do seu irmão, para não dar a ele posteridade" (Gn 38,6-10). E Deus castigou Onã por essa prática.

O que é coito interrompido?

Além disso, o coito interrompido é um método de contracepção com alta taxa de falha, em torno de 20% (no período de 1 ano, 20 mulheres em cada 100 engravidam utilizando apenas esse método). Ou seja, a capacidade de esse método evitar uma gravidez indesejada é baixa.

Isso pode ser explicado pelo fato de que, no fluido que sai do pênis antes da ejaculação, já pode conter espermas capazes de fecundar o óvulo. Além do fato de que alguns homens não conseguem controlar o exato momento de sua ejaculação, e podem ejacular dentro da vagina, o que perde a eficácia do método.

Outro aspecto negativo dessa prática é que deixa de realizar o aspecto unitivo do ato sexual. A esposa não participa da totalidade do ato conjugal, e, com o tempo, não vai mais estar animada para a sua realização. É um desrespeito com Deus e com a esposa.


Imagina se, no momento do ápice do prazer masculino, ele tiver que se preocupar em interrompê-lo? Vez ou outra, ele ainda vai entender, mas chegará um momento em que ele vai cansar de se preocupar e/ou vai ejacular na vagina, ou vai acabar perdendo a vontade de ter uma relação com a esposa, por não poder relaxar por completo.

Provavelmente, o coito interrompido seja um dos métodos mais antigos de contracepção (com exceção da abstinência sexual). Esse método, embora seja natural, não é aceito pela Igreja, porque interrompe a relação de forma egoísta, muitas vezes, levando à esposa uma frustração. E segundo alguns pesquisadores do assunto, pode levar o homem a ter ejaculação precoce.

Relação sexual completa

A norma moral da Igreja afirma que, para uma relação sexual ser completa, válida e consumar a união de um casal, a ejaculação do esposo deve ser dentro da vagina. No coito interrompido, podemos afirmar, portanto, que a relação sexual não é completa; assim sendo, é moralmente incorreta e não aceita.

Ainda, no Can. 1061, o Direito Canônico admite que um matrimônio é válido e consumado apenas se "o casal realizar entre si, de modo humano, o ato conjugal por si para a geração de prole, ao qual, por sua própria natureza, ordena-se o matrimônio e pelo qual os cônjuges se tornam uma só carne".

Por fim, como disse a Dra. Julie Maria, "o corpo tem um significado esponsal, porque revela o chamado do homem e da mulher a se tornarem dom um para o outro, um dom que se realiza plenamente na sua união de 'uma só carne'. O corpo também tem um significado generativo que, se Deus permitir, traz um 'terceiro' por meio dessa união." (Conferência no I Congresso Internacional de Vida e Família (2008).

Método natural Billings

O que a Igreja recomenda para os casais cristãos, que precisam realizar o controle da natalidade durante um tempo, não definitivamente, é usar o método natural Billings, que funciona muito bem quando é bem aprendido e bem realizado.

Infelizmente, os fabricantes de anticoncepcionais divulgam que o método falha muito, não é verdade, pois, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que a eficiência do método é de 98,5 %. Ele foi testado em diversos países como Filipinas, Índia, Nova Zelândia, Irlanda e El Salvador.

15 de agosto de 2017

Não sou mais virgem, mas quero um namoro santo

Sim, você pode viver castamente! É possível namorar sem sexo, mesmo que isso tenha se tornado uma espécie de dependência para você

O Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo tem uma força libertadora. Jesus provoca uma revolução na vida daqueles que se deixam atingir por Seu amor. Quem tem um encontro pessoal com Deus muda seus conceitos, sua mentalidade, muda sua vivência, porque sente e experimenta como é ser amado e valorizado no coração do Altíssimo.

O ideal seria que todos nós conhecêssemos a grandiosidade do amor divino nos primeiros anos de nossa vida. Mas a maioria de nós só se deixará envolver pelo amor de Deus depois de adultos ou após a vida ter nos marcado negativamente em algum aspecto. Por isso, vemos muitas pessoas que, primeiramente, vivem a sexualidade do mundo e não como pede o Senhor. Mas quando se deparam com o amor de Deus, resolvem viver a castidade. Que bom que Deus os alcançou! No entanto, a virgindade, que caracteriza a não iniciação da pessoa na vida sexual, tanto no sentido do corpo quanto a sua experiência psíquica, já não existe mais.

Foto: Daniel Mafra / cancaonova.com

Daí, muitos pensam: "Não sou mais virgem, mas quero um namoro santo. Só que, agora, eu conheço o sexo e as carícias. Será que vou aguentar?" Ou: "Será que mereço isso?". Até há aqueles que se perguntam: "Nesta minha condição, será que alguém vai querer namorar comigo?".

Uma boa notícia

Sim, você pode viver castamente! É possível namorar sem sexo, mesmo que isso tenha se tornado uma espécie de dependência para você. Mais ainda: você merece namorar santamente e encontrará quem o aceite como você é e com o que já viveu.

Você só precisa ter em mente que será um desafio; afinal, foi inserido no contexto sexual e o tem registrado em sua memória, de forma muito maior do que antes da perda da virgindade.

Cuidado! Fuja das oportunidades de pecado sempre que elas estiverem à espreita. Toda vez que um pequeno gesto começar a enfraquecer a sua decisão, não o deixe acontecer.

Pureza de coração

Apesar das marcas que você pode ter em si, saiba que para Deus o que importa é a pureza de coração. "O que o homem vê não é o que importa: o homem vê o que está diante dos olhos, mas o Senhor olha o coração" (I Sm 16,7).

Se, no seu coração, você deseja atingir essa pureza, tem tudo para conseguir. Ela é possível em qualquer estágio da vida. Diz o Catecismo da Igreja Católica que a Boa Nova de Cristo restaura constantemente a vida por dentro (interior do coração), restaura as qualidades do espírito e os dotes da pessoa (cf. CIC art. nº2527). Ou seja, a luta pela castidade fará de você uma pessoa pura no corpo e na intenção.


Perdão de Deus

Não importa o seu passado. Deus lhe perdoa sempre. Se você se arrependeu, mas se confessou, Ele o perdoou. "Vai e não tornes a pecar" (Jo 8,11).

Se Deus o perdoa, quem são os homens para condená-lo? Não importa seu passado, porque você é portador de um dom, e "o dom e o chamado de Deus são irrevogáveis" (Rm 11,29). Isso significa que o Senhor não tira as dádivas e as qualidades que Ele mesmo imprimiu nas criaturas, mesmo que essas errem.

Você é uma bênção do Senhor, neste mundo, por tudo aquilo que o Altíssimo depositou em sua essência. Você merece alguém que valorize as belezas que existem em você. Assuma-se assim!

Talvez, seja difícil adquirir a pureza e libertar-se das marcas negativas de uma sexualidade mal vivida; portanto, tenha paciência com você mesmo. Se, por acaso, você tornar a errar, não desista, procure a confissão e recomece.


Decisão pela castidade

Se o ato sexual ou a masturbação tornaram-se um vício, procure ajuda com um profissional ou um diretor espiritual. Tenha sempre um confessor apenas, um sacerdote em que você encontre misericórdia. Conte a ele suas fraquezas, para que entenda melhor seu processo e identifique, na queda, as possíveis circunstâncias. Assim, ele o orientará melhor. Não desista de você, nunca pare de lutar!

A castidade parte de uma decisão por corresponder ao amor de Deus. Jesus entregou não somente Seu corpo, mas se esgotou, esvaziou-se de tudo o que Ele é, até de ser Deus, por causa de você, para que você também ame da forma correta. Então, é olhando para Jesus, principalmente nas horas mais difíceis, que encontraremos forças para não cair no pecado.

Para Deus atuar em nós basta a nossa decisão de deixá-Lo entrar em nossa vida. Você quer ser casto? Então, tome com afinco essa decisão.

Sempre é possível recomeçar!

13 de agosto de 2017

O amor requer tempo e conhecimento

O amor requer tempo e conhecimento. Seus caminhos nunca estão prontos, mas, certamente, passam por nossa maturidade

A urgência dos nossos dias nos faz pensar exatamente na urgência do amor. Quando o sentimento se faz presente entre duas pessoas, é muito comum a necessidade imediata de dizer: "Eu te amo".  Algumas pessoas dizem: "Que loucura! Isso não é amor"; outras afirmam: "Para que esperar, eu amo e digo que amo!".

Avaliar nossos sentimentos e todas as implicações que ele [amor] envolve também nos faz pensar que os caminhos para o amor nunca estão prontos, mas, certamente, passam por nossa maturidade.

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Maturidade

A maturidade biológica nem sempre está relacionada à maturidade psicológica. As expectativas dos pais nem sempre serão concretizadas nos desejos dos filhos. Da mesma forma, o que foi vivido no passado nem sempre será válido para as experiências atuais.

Os gregos diziam que o amor é "uma questão de despertar para a vida" e, com isso, nem todos despertam ao mesmo tempo nem esperam ou se satisfazem com as mesmas coisas.

Quando se acelera o processo do amor, muitas vezes, "mata-se" esse sentimento. É por isso que as pessoas não podem se casar, porque os pais delas se admiram, porque as famílias se dão bem ou porque o namorado tem ou não tem um status ou um tipo de estudo.

Ser amigo do tempo

Amor requer tempo, conhecimento, reconhecimento do que gosto ou não das minhas limitações e das limitações do outro. Amor é como uma construção: escolhe-se o terreno, as fundações e a base para que a obra seja realizada, os tijolos vão sendo colocados um a um, até que a casa seja coberta e todo o acabamento interior seja feito. Depois, virão os jardins, os detalhes e cuidados.

É por isso que o amor não pode ser urgente. Uma casa feita às pressas, com material de qualidade inferior, tende a cair antes do tempo. Imaginem se os tijolos dessa casa, que é o amor,  forem assentados com areia e água?


Sonhos são muito bonitos nas novelas, mas, na vida real, os caminhos não são prontos. Os caminhos de um casal se fazem pela descoberta das alegrias e das tristezas que os dois podem viver. Estes se fazem ainda pela capacidade de reconhecer no outro aquele que me faz feliz, mas não apenas a única pessoa do mundo que me faz feliz, mas que me completa em parte da vida, que é muito mais do que apenas uma pessoa ou um único motivo.

Amor é decisão

"Quem quer o amor precisa dar tudo o que tem para possuí-lo" (Mt 13,44), e é por isso que o amor exige dedicação e decisão.

Se você ainda não está pronto para isso, pense se não é tempo de se autoconhecer para conviver com o amor, mas também não espere que esteja 100% pronto para vivê-lo, pois a perfeição não existe, ainda mais quando falamos de seres humanos.

Lembre-se de que para tudo existe um tempo. Amor, afetividade e sexualidade, cada um deve e precisa acordar em seu tempo, até mesmo para que as experiências fora do tempo e erradas não se tornem marcas negativas no futuro.

10 de agosto de 2017

Suicídio infantil: quais situações podem levar uma criança a tirar a própria vida?

O suicídio infantil não deve ser compreendido como um desejo de morrer, mas sim de acabar com um sofrimento

Por mais que o título acima pareça ter sido tirado de um filme de ficção ou de uma realidade muito distante da nossa, saiba que não foi não! Posso dizer até que esse assunto sobre o suicídio infantil desfoca-se do imaginário da maioria das pessoas em relação ao mundo da criança, que é sempre pensado como inocente, alegre e cheio de fantasia. No entanto, na realidade, isso não é verdade, pois este assunto sobre o suicídio é atual, urgente e de grande importância; deve ser discutido em casa, na escola e também na comunidade.


Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

O suicídio entre crianças e adolescentes não deve ser visto como um tabu ou algo velado. Mesmo sendo um assunto complexo, deve ser discutido, pois os jovens precisam aprender, desde cedo, a lidar com as questões humanas, as emoções e também frustrações.

Certamente, o suicídio infantil não deve ser compreendido como o desejo de morrer, mas sim de acabar com um sofrimento.


Aumento do suicídio infantil

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), no mundo, o suicídio é responsável por uma morte a cada 40 segundos. Além disso, entre 2002 a 2012, houve um aumento de 40% na taxa de suicídio entre crianças e adolescentes (10 e 14 anos) e de 33,5% na faixa etária de 15 a 19 anos.

Esses resultados são inquietantes e nos colocam algumas questões importantes: o que faz uma criança ou adolescente pensar ou acabar com a própria vida? Seguramente, cada caso é um, e motivos diferentes podem ser apontados; no entanto, alguns fatores de risco para o suicídio entre crianças e adolescentes são reconhecidos pela comunidade científica.

Alguns aspectos psicológicos estão relacionados ao suicídio infantil, como alguns transtornos (principalmente a depressão, que tem acometido cada vez mais crianças da mais tenra idade), a esquizofrenia; sentimentos de desesperança e desamparo (pensar que as coisas nunca se resolverão e que está sozinho no mundo), traços de personalidade como a impulsividade e o uso de substâncias psicoativas (drogas e álcool). Outros aspectos também, como a violência intrafamiliar – aqui entendida de diversas formas, como a psicológica, física, negligente e sexual.

Aspectos para o suicídio infantil

A violência psicológica ocorre quando alguém é submetido a ameaças, humilhações e também privado do desenvolvimento emocional saudável. A violência física envolve maus tratos corporais como o espancamento, queimaduras, fraturas entre outros.

A negligência ocorre quando a criança é privada daquilo que é essencial para o seu desenvolvimento sadio, como alimentação, vestuário, segurança e oportunidade de estudo.

Sobre a violência psicológica associada à relação familiar também podemos destacar as dificuldades de habilidades dos pais para cuidar dos seus filhos, o abuso de substâncias como álcool e drogas (dos pais e pessoas que moram com a criança), a depressão, tentativas de suicídio ou outros problemas psicológicos, como dificuldades nas habilidades sociais, autoritarismo, estresse social, violência doméstica e disfunção familiar.

Violências contra as crianças

É importante pensar que uma criança que cresce em um lar violento está mais exposta a ter problemas mentais, mesmo que ela não seja uma vítima direta da violência. A exposição à violência conjugal também é uma violência contra a criança.

É importante termos em mente que fatores de risco não devem ser entendidos de uma forma isolada, pois, por si só, não constituem uma causa específica. No entanto, interagem num processo complexo que pode justificar o desenvolvimento de doenças mentais e até mesmo contribuir para o suicídio infantil.

Existem também os fatores protetivos em relação ao suicídio, ou seja, aquilo que vai auxiliar na prevenção de doenças e contribuir para uma saúde mental. Discutiremos isso em outro momento, mas, por enquanto, digo que incentivar as crianças e os adolescentes a falarem sobre os seus sentimentos e pedir ajuda é de grande importância!

Lisandra Borges
Psicóloga, mestre e doutora em Psicologia, com ênfase em Avaliação Psicológica.
Ela se dedica à construção de medidas de saúde mental infantil e é coordenadora terapêutica na Clínica Fênix (instituição especializada no tratamento de autistas). Lisandra é também professora e coordenadora dos cursos lato sensu em Psicologia na Universidade São Francisco.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/suicidio-infantil-quais-situacoes-podem-levar-uma-crianca-a-tirar-a-propria-vida/

4 de agosto de 2017

Masculinidade: entenda o que é ser um homem de verdade

É possível ser homem de verdade, que expressa coragem, emoção e responsabilidade

Sei que muitos de nós homens temos tendência para sermos mais práticos, para buscarmos as soluções dos problemas em vez de nos envolvermos neles e falar deles. Às vezes, entramos em nossa 'caixinha do nada' para sobrevivermos. Sim, 'caixa do nada'. "Ei, o que você está pensando?" "Nada". "Te fiz algo?" "Nada". Nada é nada mesmo. Isso nos faz viver a vida de maneira mais livre, mas que nosso 'segredo do nada' não nos impeça de nos envolvermos no que vale a pena! Homem de verdade expressa poder e misericórdia. Coragem e emoção!

Fico impressionado com o jeito de Jesus. Ele era amigo, encorajava e ensinava os discípulos, era um Pai para eles e para o povo. Jesus, às vezes, ria com eles, ia para as festas com a galera, mas também batia o pé em questões em que até mesmo os discípulos mais próximos discordavam. Era firme quando preciso e sabia se colocar em cada uma das situações.

-Masculinidade-entenda-o-que-é-ser-um-homem-de-verdadeFoto: kieferpix by Getty Images

Homem é protetor

Gostamos de proteger o que nos é sagrado e importante, especialmente as mulheres. Temos um desejo de doar nossa vida a ponto de doer! Basta olhar para a maioria dos heróis que foram criados pela nossa imaginação, pela literatura e pelos filmes. Eles dão a vida por amor. Como fazemos para doar nossa vida à nossa maneira? Lembro aqui o que o tio do Homem Aranha disse a ele, no primeiro filme, antes de ser assassinado: "Grandes poderes requerem grandes responsabilidades". É isso mesmo! O "poder" que nos foi dado de sermos homens tem como anexo, "de quebra", grandes responsabilidades. Tá a fim de assumi-las?

Lembre-se de quando era criança e brincava com seu carrinho, que sempre o transportava para outras realidades. Com certeza, você o pegava e imaginava que estava levando alguém dentro dele, não é? Meu primeiro carrinho foi uma ambulância, que acendia as luzes da frente e fazia o barulho da sirene. Sempre pensava: "Saia, saia da frente que preciso chegar até o hospital". Esse desejo de proteção e de responsabilidade é parte de nós homens. Mesmo tendo esquecido, essa sensação está guardada em minha lembrança.


É preciso ser homem de verdade

Lá no fundo do coração, a mulher quer mesmo um homem que a faça feliz e cuide dela. O mundo vive nos dizendo para curtir a vida agora e nos preocuparmos com coisas sérias depois. Mas nosso coração não funciona dessa maneira. Cada pedacinho de masculinidade em nós protesta contra isso! Deus nos criou para sermos guerreiros, para lutarmos pelo que é certo e pelo verdadeiro amor. Isso não é um sonho.

Lembro-me da cena do filme 'Gigantes de Aço', no qual o Charlie entrega seu filho, Max, aos cuidados de sua cunhada por não ter condições nem disposição para educá-lo. Estava literalmente fugindo da luta! Fica bem claro que o garoto já o amava e queria ficar com ele. O pai (Charlie), então, indignado diz: "Você sabe que não consigo cuidar de você. Não sou o que você merece. O que quer que eu faça?". Nessa hora, com os olhos cheios de lágrimas, Max fala algo que tirou meu fôlego: "Eu só queria que você lutasse por mim".

Somos homens livres, racionais, com um pé na terra e outro na eternidade; temos inteligência para influenciar, direcionar e formar este mundo, fazendo-o valer a pena. Qual sua resposta diante dessa proposta? Qual a sua luta? Por onde recomeçar?

Nossa masculinidade não está encerrada em nosso corpo sarado e viril, mas sim em todo nosso ser. Não dá para pensar que o homem é aquele 'ogro' que não sabe ser corajoso e, ao mesmo tempo, acolhedor. Não é irônico que, um dia, o mundo tenha sido convidado a escolher a sua resposta a partir dessas duas visões de homem?

No dia do julgamento de Jesus, diante de Pilatos, foram apresentados dois modelos de homem: Jesus, o revolucionário do amor, homem de coragem e emoção, leão e cordeiro; e Barrabás, um revolucionário e lutador que matou por uma causa pessoal. "Bar Abbas", que em hebraico significa "o filho do pai".

Quem o povo escolheu?

Antes de o povo dar a resposta, Pilatos tentou mostrar quem, de fato, era homem verdadeiro: Ecce Homo! Eis o Homem! Foi o que ele disse. Mas não escolheram Jesus, ao contrário, matara-No!

Tentei mostrar o modelo de homem no qual precisamos nos espalhar, mas a resposta é sua, homem! Então, qual modelo você vai seguir? Dentro de você, quem ficará vivo? Jesus ou Barrabás?

3 de agosto de 2017

Quais são os erros mais comuns na educação dos filhos?

Deixar o filho ser criado por tudo e por todos, menos por você, é o único erro que não deverá haver na educação dos seus filhos

"Sua mãe é quem decide."
"Espere. Quando seu pai chegar, você vai ver, vou contar tudo a ele."

Quem nunca disse ou ouviu essas coisas em casa, na criação dos filhos? Crenças e costumes vão tornando a prática educacional, muitas vezes, sem medida, e não se percebe os erros cometidos. A falta dessa percepção persiste e quando os pais se dão conta já é tarde. Os frutos já nasceram e, muitas vezes, só lhes resta colhê-los. Por causa dessa necessidade em perceber o que e como se está fazendo para ver os filhos educados e bem criados é que todos os pais devem render-se a fazer uma constante avaliação da sua prática educacional. Precisaria de uma receita pronta para criar filhos? Mas quem iria prescrevê-la? Pediatras? Padres? Professores? Psicólogos? Avós? Juízes? Conselhos Tutelares? Impossível!

Foto: Daniel Mafra / cancaonova.com

Seria muita pretensão encontrar uma cartilha pronta, escrita por alguém. Talvez, aí esteja um erro possível de não cometer. Ter consciência de que os pais não estão prontos e que não são perfeitos. Essa certeza os tira da condição de culpados por tudo que não deu certo na vida dos seus rebentos. E, esses filhos, por sua vez, vão exigir menos dos seus pais por entenderem que eles também erram ou que tentam evitar ao máximo os piores erros. Erros que afetam o casamento, a vida dos filhos e a si próprios. Então, mesmo sabendo que nenhuma família é perfeita, existem erros possíveis de serem evitados na educação dos filhos.

Errar ou não errar

Errar ou não errar está muito associado à concepção de homem que cada família traz consigo. A forma com que ela enxerga a vida e como ela interage no ambiente será o caminho com que conduzirá a educação dos seus filhos. Os erros que os filhos não deveriam ter persistem nas criações por causa da cultura que as famílias desenvolvem. Portanto, para muitas, não se trata de erros, mas de continuidade de experiências familiares ou da prática de valores que passaram a adquirir pelas possíveis circunstâncias da vida. É muito comum, no ambiente escolar, ouvir de um pai: "Eu bato no meu filho. Meu pai me bateu a vida toda e eu não me transformei numa pessoa ruim".

Para identificar os erros que não deveriam fazer parte da educação dos filhos, faz-se necessário identificar as crenças que também conduzem essa relação; portanto, fiquem atentos:

Os filhos crescem e desenvolvem um comportamento por imitação ou por modelagem. A modelagem é um instrumento de modificar comportamentos por meio de intervenções e orientações da família, da escola e/ou da própria Igreja. A imitação acontece de forma natural quando o organismo seleciona comportamentos a partir do que vê, ouve, sente, toca, cheira, enfim, a partir do que percebe ou do que lhe atinge, mesmo que não tenha ainda construído um valor.

Ainda com os filhos pequenos, os pais apresentam um procedimento inadequado em relação à alimentação. Oportunizando-os a escolher o que querem comer, onde e como comer, fazem desse momento motivos de conflitos em casa, pois permitem que, quando pequenos, comam em frente à TV, deitados no sofá. Mas quando veem seus filhos crescidos, os obrigam a voltar para a mesa, porque lá é o lugar em que a família se reúne. E não era antes? O mimo excessivo gera superproteção; consequentemente, os filhos desenvolvem procedimentos que demonstram fragilidades referentes à autonomia emocional e intelectual. Eles têm quem pensem e quem sintam por eles. Esse erro se torna grave com o passar do tempo. Há pouco tempo, no Instituto de Psicologia, ouvi um pai se redimindo com sua filha: "Filha, desculpe-me por todas as vezes que fiz por você o que você deveria ter feito".


O bom senso é a melhor medida

Os filhos precisam viver experiências mesmo que amargas ou frustrantes. Negar a dor da criança ou do filho adolescente quando acaba o namoro, por exemplo, também pode ser considerado um erro evitável. Este se encontra no campo dos mimos excessivos, mas que acabam por desqualificar o que verdadeiramente o filho está sentindo. Tudo por quê? Porque os pais não conseguem ver filhos sofrendo. Quando o filho cai, a mamãe diz: "Não foi nada, filho. Isso passa!". Se o namorado da filha termina o namoro, a mesma mãe diz: "Que bobagem! Você está novinha, e homem é assim, vai um vem outro. Serviu de experiência!". O que esperar dessa educação baseada na fuga e na esquiva? Também não é possível buscar a radicalidade para ajustar tais comportamentos. Nem oito nem oitenta. Portanto, a linguagem verbal ou não verbal que os familiares fazem uso, poderá ser um grande acerto ou um sério erro para se estabelecer o respeito, o amor, a confiança e a amizade entre os membros. A crítica e o elogio demais e desnecessários maculam não só a educação dos filhos, mas o ambiente doméstico. Pais que se agridem, que não se valorizam, não cuidam um do outro, apresentam aos filhos um comportamento facilmente imitado e reproduzido. O bom senso é a melhor medida. Só não insistam no erro já detectado.


Busquem dentro da família ou peçam ajuda para sair de situações que vocês pais não admitem mais no ambiente familiar. É triste ouvir o quanto os meninos e meninas, os adolescentes, jovens e até mesmo filhos adultos têm recebido rótulos, críticas pesadas por causa de alguns tipos de comportamentos que corrompem o que a sociedade espera, quando eles foram formados para agir de tal forma. Quem quer uma geração de filhos estudiosos, responsáveis, obedientes, amáveis, dóceis, cuidadores do ambiente, da natureza precisará parar de facilitar tudo na vida deles e não os levar à loucura da inabilidade social. A escola, a família, a Igreja, o Estado tendem a apressar o caminho dos homens. É importante não desistir de ensinar.

Ensinar a aguardar o pijama, a pendurar a toalha de banho no varal, tirar a feira do carro, ensinar o filho a fazer um chá quando a mamãe estiver doente, a fazer companhia aos avós. Como diz o ditado, "é de pequeno que se torce o pepino". Em outras palavras, é de pequeno que os pais devem ser para os filhos o que estes esperam que eles sejam: autoridades do amor, da convivência, do limite, do reconhecimento, da evangelização doméstica e do trabalho.

Limites são necessários

Tapar o sol com a peneira, querendo ser amigo do filho e esquecer os limites é um caminho sem volta. Nós precisamos e buscamos limites, e quando não os encontramos em casa, nos diriam os antigos, vamos encontrar na rua e o que tem na rua.  E ai está um grande erro: não apresentar aos filhos o que tem na rua. Quando muitos a descobrem, passam a chamá-la de internet, família do vizinho, lugares indevidos, filmes inapropriados para idade do seu filho, área livre do condomínio. Deixar o filho ser criado por tudo e por todos, menos por você, é o único erro que não deverá haver na educação dos seus filhos.

É tempo de sentir-se culpado? Não. É tempo de reagir, de buscar suas próprias melhoras, mudar a forma de pensar, sair da preguiça e transformar. Pais, vocês são autoridades, vocês têm o poder de formar filhos melhores, porque Deus quer assim. Perdoem-se e perdoem aos outros, sigam conduzindo os filhos de vocês sem desistir de ensinar, de escutar, amar, exigir e ser uma família cristã.

31 de julho de 2017

Responsabilidade social: entenda o poder de suas escolhas

Escolhas e poderes

A vida humana está emoldurada por escolhas e poderes que definem a qualidade e o alcance da existência e da cidadania. Tudo depende das escolhas que se faz e, particularmente, de sua assertividade. Também contam os poderes exercidos e a qualidade desse exercício, na medida em que definem a velocidade e os rumos dos processos, com resultados e consequências boas ou nefastas para o bem comum.

São as escolhas e as decisões que determinam os acertos ou produzem descompassos. E é cada cidadão, inserido na complexidade dessa configuração, o responsável pelos processos que definem a sua condição política e a competência para o exercício dos poderes.

-Responsabilidade-social:-entenda-o-poder-de-suas-escolhas-Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Cidadania

Assim, as escolhas e os poderes guardam o alcance antropológico e sociocultural do significado da política. Equilibram ou desorganizam os funcionamentos institucionais, promovendo a sua evolução ou atrasando seus processos. Fundamentalmente, tudo depende do exercício competente e qualificado da própria cidadania, tanto quanto da capacidade de exercer o poder que se tem, que se assume ou que é concedido.

Por sua vez, a envergadura da cidadania e a qualidade da própria existência influenciam as escolhas e o modo de exercer o poder. Isso significa apontar a seriedade e a gravidade das escolhas que são feitas, em diferentes níveis e intensidades. O que se escolhe incide determinantemente sobre processos, vidas, situações e circunstâncias. Faz avançar na direção de metas a serem atingidas ou atrasa conquistas e produz déficits que pesam fortemente sobre o conjunto da sociedade e sobre a vida das pessoas, particularmente as pobres e indefesas.

Valores sociais

Por isso, a política, sendo prática de escolha e exercício de poderes, há de se temperar e fecundar por valores, que se forem desconsiderados lançam a vida social em descompassos, com sérios comprometimentos. Desse modo, apenas o respeito e a consideração a valores fundamentais – verdade, justiça, liberdade e amor – poderão manter o ritmo e a dinâmica, com propriedades capazes de garantir os ordenamentos adequados da vida social e os procedimentos cidadãos qualificados.

Esses são valores sociais inerentes à dignidade da pessoa, com propriedades para favorecer o desenvolvimento autêntico e integral. Sem levar em conta e sem investir permanentemente nesses valores, corre-se sempre o risco das escolhas equivocadas ou estreitadas por interesses partidários e cartoriais. Consequentemente, o exercício do poder se prestará a alimentar vaidades, interesses mesquinhos e a perigosa sedução que o poder, em si, submete a alma humana.


Escolhas e poderes

Observamos, na atualidade, que os descompassos são muitos, comprovando a falta de qualificação daqueles que ocupam as várias instâncias de poder, sem se assentarem nos trilhos dos valores sociais. Resvalam na direção da mediocridade e da incapacidade de produzir as respostas que deveriam ser convertidas em qualificados serviços, impulsionando a sociedade e suas instituições aos parâmetros esperados.

Assim, a mediocridade representa um risco tão sério e fermentador, com força para produzir uma miopia capaz de induzir todos – os cidadãos e aqueles que exercem os poderes – a escolhas também medíocres. Enjaulando essas pessoas nas bitolas estreitas que inviabilizam respostas novas, mudanças urgentes e intuições inventivas como os tempos atuais exigem, as decisões assentadas nas escolhas medíocres atrasam as reformas que acabam não se fazendo e que não são intuídas na clarividência requerida de novos passos.

As escolhas e poderes hão de fazer seus percursos sobre os trilhos dos valores sociais inegociáveis, para, desse modo, possibilitarem práticas capazes de fomentar uma cultura que preze sempre mais os caminhos e as pessoas, que leve às respostas novas.

Viver a verdade

Um dos valores sociais que é prioritário é o de viver a verdade. À medida que os grupos sociais buscarem resolver os problemas à luz da verdade, é que avançarão na direção das escolhas acertadas. Esse é um enorme desafio de nosso tempo, imposto pelas circunstâncias sociais e políticas. Exige-se, desse modo, um grande investimento educativo no sentido de produzir gosto e empenho, em todos, pela busca da verdade.

A verdade deve alicerçar o valor da liberdade, inerente a todas as pessoas, que só pode ser respeitado e honrado na medida em que cada indivíduo é incentivado a realizar sua vocação pessoal e capacitado para discernir e recusar tudo o que possa comprometer a moral. Assim, o valor da justiça, particularmente no momento atual da sociedade, torna-se imprescindível para deter a tendência de se recorrer exclusivamente na direção da "utilidade" e do "ter".

Ora, a justiça não é uma simples convenção. O justo é intrínseco ao mais profundo do ser humano. Exige reconhecimento e incondicional respeito. Abre-se, então, o caminho para o amor que ultrapassa estreitamentos e fecunda a capacidade inventiva. O grande desafio da sociedade, especialmente nestes tempos de crise, é investir em um qualificado processo educativo capaz de aperfeiçoar as escolhas e o exercício dos poderes.