20 de julho de 2017

Um escudo para os nossos relacionamentos

Castidade é mais que é um escudo, é a expressão do amor

Uma verdadeira amizade em Cristo não é governada pelos instintos nem motivada por interesses, mas é uma escolha mútua, que tem valor por si mesma. Os amigos em Cristo se unem no amor recíproco em favor dos outros. Não são fechados em si mesmos. Toda amizade precisa ser purificada; e algumas coisas podem destruí-la: injúria, calúnia, arrogância (o que impede a correção) e a traição.

Um santo diz que se acontecer de você ser agredido por um amigo, que você deve suportá-lo até que o possa. Assim você vai render honra à velha amizade. A amizade verdadeira, de fato, é eterna. Quem é amigo sempre ama. Devemos nos preocupar com o bom nome do amigo e não revelar jamais os segredos dele; mesmo que ele tenha revelado os nossos.

Um-escudo-para-os-nossos-relacionamentosFoto: by Getty Images

Castidade

Hoje, eu gostaria de falar de um assunto diferente, ainda dentro do plano da amizade, que é fundamental para todas as idades. Queria falar de uma amizade, que é um fruto do Espírito Santo. Queria falar – com a Santíssima Virgem como nosso modelo – da amizade à castidade. Pois não podemos pensar num mundo novo sem a castidade. Esse mundo, que está aí, está desmoronando por falta dessa virtude. E um dos sinais é que ele está perdendo o sentido da vida, que é Deus e o amor. E qual é a coroa do amor? A castidade. Aquela pedra de toque que dá potência ao amor e o leva à plenitude.

A castidade é um escudo para os nossos relacionamentos. Mais que um escudo é uma expressão do verdadeiro amor. Ela nutre e potencializa o amor. Quando falta essa virtude [castidade], o amor perde a força em nós e nos tornamos presas fáceis do desamor, da violência e da degradação. A castidade é um segredo que os jovens cristãos têm para a sua vida; no entanto, o mundo de hoje perdeu a beleza dessa virtude nobre. Ela [castidade] é vista como um tabu, moralismo, preceito, obrigação.

Quem é casto ama por inteiro, não se dá por partes. Sabe por que o mundo perdeu o sentido da castidade? Porque perdeu o sentido de quem é Deus e quem é o amor. Portanto, como o mundo não sabe quem é Deus – e Deus é amor – não sabe o que é amor. E como não sabe quem é Deus, também não sabe quem é o homem. Porque só Deus pode revelar quem é verdadeiramente o homem.


Ato de amor

O homem não é separado. Contudo, é isso que o mundo faz hoje com ele, ou seja, o separa. Começa a usar o corpo com um princípio utilitarista, como se "nosso corpo" não fosse "nós", como se pudéssemos separá-lo. Dessa forma, começa-se a pensar: "Eu posso usar meu corpo para me autossatisfazer egoisticamente (que é o pecado da masturbação, por exemplo, como se isso não ferisse o que somos por inteiro). E posso também usar o corpo dos outros para o meu bel-prazer; posso ficar com quantas meninas eu quiser numa noite (e vice-versa, as meninas também podem ficar com quantos quiserem). Meu corpo é apenas algo que eu uso como uma borracha, um lápis".

Parece que nós nos enganamos. Cada união íntima de corpos é como um pedaço de você dado ao outro, porque seu corpo está intimamente ligado à sua alma. Em cada relação sexual feita fora do matrimônio, não pense que você está dando e recebendo prazer. Engano. Em cada relação sexual assim você está dando um pedaço de você para sempre àquela pessoa.

A castidade é um grande dom, que faz com que compreendamos a unicidade do nosso ser. Esse abraço, essa boca e esse beijo sou eu. Se eu vivo no pecado, eu me destruo e destruo os outros.

Por isso, meu irmão, o meu e o seu corpo não foram criados para um prazer egoístico, para a sensualidade que fere o nosso ser. A presença da castidade gera felicidade, dignidade, grande capacidade para amar, para se doar – não por pedaços –, mas para se doar por inteiro, como Jesus se deu na cruz. Hoje, vemos um mundo que despreza a beleza da castidade. Por isso, as consequências são tão graves.

Por isso, o "ficar" não deixa de ser um tipo, um certo nível de "prostituição". Nos namoros avançados é valorizada mais a relação física. Sem uma relação profunda de amizade durante o namoro, não vai existir um matrimônio verdadeiro e feliz. E, infelizmente, como não priorizamos essa virtude [a amizade] nesse tempo [namoro], nós temos, por consequência disso, matrimônios imaturos, inseguros, muitas vezes, gerados por relações sexuais pré-matrimoniais. E assim vamos vendo os frutos nas nossas casas, nas nossas famílias. Vamos vendo uma sociedade que reivindica a regularização e a aceitação do adultério.

Onde começa essa deformação do mundo?

Quando se despreza a castidade. Como podemos ser amigos da humanidade com uma sociedade que despreza a castidade? Como amigos de Deus e como amigos dos homens, nós somos chamados a testemunhar e a proclamar a beleza da castidade. E como é que podemos testemunhá-la e proclamá-la? Em primeiro lugar, com matrimônios castos, abertos para a vida. Precisamos de jovens que se disponham a viver namoros castos. Precisamos pedir essa graça a Deus.

Aos jovens que vivem uma luta desigual em relação à castidade, convido-os a virem ao encontro da Santíssima Virgem Maria, que é toda bela e casta. Ela deu Jesus ao mundo pela sua virgindade. Ela pode fazer você um jovem casto, virgem, puro, dando Jesus ao mundo pelo olhar, pelas mãos, pela Palavra. Se você quiser ser um jovem casto, venha até aqui serenamente, até os pés dela.

"Maria, santa e fiel, ensina-nos a viver como escolhidos".

Moyses Azevedo
Fundador da Comunidade Shalom


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/castidade/um-escudo-para-os-nossos-relacionamentos/

17 de julho de 2017

Você se considera uma pessoa livre?

Entenda o que é liberdade e reflita se você é uma pessoa livre

Quantos de nós já não tivemos uma imensa vontade de sair "voando" por aí, vendo-nos livres das responsabilidades, das dificuldades, daquilo que nos aflige, daquela prova que não queremos fazer, da decisão que não queremos tomar ou, simplesmente, ser livres para não seguir regras de casa, dos pais, da sociedade.

vocêseconsideralivreFoto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Mas será que tudo é permitido? Nossa referência é da liberdade enquanto poder, ou seja, daquele desejo de ultrapassar limites. Nesse sentido, quanto menos limites, restrições e regras, tanto maior é sensação de liberdade sentida pela pessoa. Porém, isso é uma visão distorcida do verdadeiro ser livre. Esta passagem bíblica nos traz essa recordação: "Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém" (cf. I Cor 6,12).

Não é possível negar uma realidade que sempre impõe regras a serem respeitadas e delas dependem a convivência saudável de uma comunidade. Assumir suas escolhas, analisar as possibilidades e observar os caminhos disponíveis de forma consciente são atos de liberdade responsável, especialmente quando, de fato, tomamos um posicionamento definido.

Não escolher já é uma escolha. Porém, as escolhas podem ser mais ou menos conscientes. Quando ela não é clara para o homem, quando os motivos não estão explicitados, a escolha transforma-se em condenação, pois, de qualquer maneira, haverá uma escolha.

Entenda o conceito de liberdade

A liberdade é própria do homem. Quando podemos ser livres nessas escolhas, colocamo-nos em papel de responsáveis pelos atos e consequências destes. Fugindo e deixando que os outros pensem por nós, decidam por nós, ou ainda quando atribuímos alguma responsabilidade para o outro, isso também é um ato livre, mas, talvez, não o mais consciente.

Ser livre é assumir responsabilidade por cada momento de seu viver, cuidando de suas escolhas da maneira mais autêntica possível, encarando os desafios e a angústia de estar lançado em um mundo que não oferece nenhum tipo de garantia de sucesso ou felicidade. Essas conquistas vão depender da maneira como cada um constrói seu caminho para a realização de seus projetos e como cada um de nós assume o projeto de liberdade responsável em nossa vida, conduzindo nossa existência, porque "tudo me é permitido, mas nem tudo me convém".

14 de julho de 2017

Quebrar uma corrente de oração pode me dar azar?

Você já recebeu alguma corrente de oração?

Quem nunca recebeu, em seu celular, pela internet ou mesmo nos bancos das igrejas, a conhecida corrente de oração? Quem nunca recebeu aquela mensagem: "Passe essa oração para no mínimo…?". Falo aqui daquelas correntes em que as pessoas pedem que se propague a devoção a um santo ou um modelo de oração, sob a pena de maldição e desgraças. As pessoas recebem esses tipos de oração e ficam temerosas por não continuarem a corrente.

-Quebrar-uma-Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Sou obrigado ou não a passar esse tipo de oração a diante?

Uma coisa é a corrente de oração por uma pessoa ou uma intenção sadia, ou seja, por alguém que esteja precisando de uma graça da cura de uma doença, um emprego, uma necessidade particular, por exemplo. Não estou falando desse tipo de oração. Jesus ao dizer, "Digo-vos ainda isto: se dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que for, consegui-lo-ão de meu Pai que está nos céus" (Mt 18,19), declara-nos a importância de nos unirmos em oração para pedir a graça do Pai. Podemos nos unir em oração por uma intenção concreta e real, mesmo quando não conhecemos as pessoas participantes da oração ou não conhecemos a pessoa por quem estamos rezando.

Outra coisa bem diferente são essas correntes ameaçadoras, ou seja, "ameaçam" com certos castigos aqueles que não as seguirem à risca. São orações que prometem desgraças a quem não as fizer ou a quem as interromper temporária ou definitivamente, ou a quem não as repassar. Além disso, procuram sustentar tais ameaças citando falsos exemplos ou testemunhos de pessoas que supostamente as romperam e sofreram punições; esse tipo de ameaça realiza verdadeira "chantagem psicológica".

Em nome de Deus

A oração é instrumentalizada e transformada em superstição, ou seja, em oração pagã. Esse tipo de oração ou superstição tem a intenção de instrumentalizar Deus, como que O obrigasse a cumprir nossos desejos. Fomentam um tipo de oração, a fim de conseguir resultados de modo mágico, fáceis, rápidos e interesseiros, sem considerarem a verdadeira vontade de Deus. Apresentam receitas ou fórmulas mágicas para conseguir resultados em detrimento da própria fé. Promove uma atitude de medo de Deus ao apresentá-Lo como castigador. Difundem uma imagem cada vez mais equivocada do Senhor, obrigam as pessoas a fazer mau uso da oração, desvirtuando-a ou banalizando-a.


Posso ou não quebrar a corrente?

A Igreja não admite que a oração seja instrumentalizada e reduzida a essa espécie de "chantagem psicológica". Mesmo que se admita a boa intenção, a de fazer crescer a devoção a determinado santo, na realidade, é superstição, atribui-se à simples materialidade dessas supostas orações uma eficácia que nelas não existem. Não podemos manipular Deus. Ele não se pauta pela vontade humana nem é um dispensador de milagres conforme nossos interesses.

O cristão não pode promover esses tipos de correntes de oração em nome de Deus, porque se tornam falsos profetas, e ninguém pode ameaçar ninguém em nome de Deus. As ameaças e fórmulas mágicas para conseguir resultados são contrárias à verdadeira fé, por isso, não só comete falta quem cria, envia e difunde essas correntes de oração, mas também quem acredita nelas.

Vincular desgraça ou recompensa a uma determinada corrente de oração é contrário aos ensinamentos da Igreja. Nem prêmio nem condenação decorrem de se participar ou deixar de participar de uma "corrente". O Catecismo nos lembra que "atribuir só à materialidade das orações ou aos sinais sacramentais a respectiva eficácia, independentemente das disposições interiores que exigem, é cair na superstição" (CIC, 2111).

Quebrar a corrente

Ninguém precisa se sentir mal por ignorá-las, quebrá-las. Aconselho que até quebrem esses tipos de correntes de oração, porque elas nos enganam, apresentam uma falsa imagem de Deus, algo que Ele não é, um Deus castigador e ameaçador. A pessoa acaba colocando a confiança na corrente, na materialidade da oração e não em Deus. É por isso que essas "correntes de oração" não merecem nossa credibilidade, e podem ser quebradas.

Quando se encontra no banco de uma igreja, na porta da casa, papéis divulgando essas correntes de oração, lançando maldições; ou mesmo quando recebe via internet essas correntes, não se deve temê-las nem ficar preocupado, mesmo que prometam desgraças para quem não as divulgar. Esses tipos de ameaças, com certeza, não têm lugar na verdadeira religião cristã.


Padre Mário Marcelo

Mestre em zootecnia pela Universidade Federal de Lavras (MG), padre Mário é também licenciado em Filosofia pela Fundação Educacional de Brusque (SC) e bacharel em Teologia pela PUC-RJ. Mestre em Teologia Prática pelo Centro Universitário Assunção (SP). Doutor em Teologia Moral pela Academia Alfonsiana de Roma/Itália. O sacerdote é autor e assessor na área de Bioética e Teologia Moral; além de professor da Faculdade Dehoniana em Taubaté (SP). Membro da Sociedade Brasileira de Teologia Moral e da Sociedade Brasileira de Bioética.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/quebrar-uma-corrente-de-oracao-pode-me-dar-azar/

12 de julho de 2017

Alma feminina e sua importância para compreender o mundo

A alma feminina e o seus dons para propagar o amor e a esperança

Com muito respeito, alegria e senso de responsabilidade, aceitei esse imenso desafio de, como homem e sacerdote, escrever sobre a realidade da mulher, na certeza de que sua presença agrega um valor inestimável para este mundo. Sua alma é portadora de talentos e dotes capazes de trazer novas cores e esperanças em meio às penumbras de nosso tempo.

Marias, Fernandas, Franciscas ou Bárbaras, cada mulher é um universo particular composto pelo mosaico de suas experiências, aprendizados, dores e alegrias. Há mulheres mais frágeis, outras mais fortes e destemidas, algumas do campo, outras da cidade. Cada uma com uma história diferente, escrevendo, com a caneta da alma, enredos e capítulos muito peculiares na biografia que a existência lhes confiou.

Alma feminina e sua importância para compreender o mundoFoto: Daniel Mafra/cancaonova.com

 

Dons femininos

Cada mulher precisa se compreender, enxergar-se e valorizar-se como um verdadeiro dom. Ela não pode se "nivelar por baixo", abrindo mão de sua dignidade em virtude das inseguranças ou de um cárcere de dominação emocional fabricado por carências. Quando uma mulher se permite dominar pelo medo, insegurança ou frustração, e troca sua dignidade pelo desejo de ser aceita e falsamente amada, ela está traindo o propósito divino de felicidade que há sobre sua vida, jogando pelo ralo as inúmeras possibilidades que descansam sobre sua história.

É claro que são muitas as realidades que podem ferir a alma de uma mulher, no entanto, haverá sempre um caminho de regresso para o coração ferido, que se perdeu em busca de afeto e aprovação: haverá sempre a possibilidade de reconstruir a própria história, reencontrando o caminho de virtude e felicidade que o Criador escreveu em cada alma feminina.


Deus, que criou com infinito amor cada mulher, é especialista em compreender os anseios e dilemas presentes em cada alma feminina. Saiba que Ele te entende como você é; e interpreta com exatidão suas lágrimas e os pedidos que, muitas vezes, você não foi capaz sequer de formular, mas que estão presentes em suas emoções, tornando opaca a realidade de seus afetos e motivações.

Enfim, é um pouco disso e muito mais que você encontrará neste meu novo livro.



Padre Adriano Zandoná

Padre Adriano Zandoná é missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em Filosofia e Teologia, tem quatro livros publicados pela Editora Canção Nova e participação em dois CDs de oração.

Todas as segundas-feiras, o sacerdote preside a Missa na Catedral Nossa Senhora do Líbano, às 19h30, em São Paulo (SP). A transmissão é ao vivo pela TV Canção Nova. Padre Zandoná apresenta o programa 'Pra ser Feliz' na mesma emissora, todas as quintas-feiras ao meio dia, e também na Rádio América CN AM 1410, todas as quintas-feiras às 13h.

Atualmente, o sacerdote exerce a função de responsável local da Canção Nova em São Paulo (SP) e promove o evento 'Abraça São Paulo'.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/afetividade-feminina/alma-feminina-e-sua-importancia-para-compreender-o-mundo/

10 de julho de 2017

A fofoca gera pessimismo de vida

Entenda por que a fofoca gera pessimismo de vida e um negativismo constante

É muito difícil manter a paz e a serenidade até descobrirmos a paz inquieta. Ela é exatamente o contrário da apatia: provoca-nos as mudanças necessárias e nos ajuda a aceitar o que não pode ser mudado.

A fofoca gera pessimismo de vidaFoto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Infelizmente, o mundo parece não gostar das coisas boas. Prova disso é o amplo espaço que dá às coisas negativas. Fico muito triste quando vejo as pessoas valorizando somente o que é negativo. Basta olharmos para as manchetes dos jornais e da TV para perceber o quanto o mundo parece gostar do que não presta. Existe uma sede muito grande de fofoca. São os "urubus" sócias, que ficam à espera de algo negativo para poder arladear. Mentiras, fofocas e calúnias. Isso gera pessimismo de vida, um negativismo constante. Com isso, as pessoas não sabem mais sorrir. Vivem se criticando e lamentando-se. Acho que aqui se encontra uma das grandes causas da maioria das doenças.

O motivo da fofoca

Sabemos que existe uma causa para tudo isso. As pessoas que vivem para falar mau das outras, na verdade, estão querendo se esconder por trás de tudo isso. Com medo de que descubram o quanto são infelizes e frustradas, elas procuram comentar a vida alheia, esperando que suas carências e frustrações passem despercebidas. São doentes sociais, não aprenderam a saborear a vida. São carentes e mal-amados; além disso, deixam de buscar auxílio. A fofoca, na verdade, esconde sentimentos negativos plantados no coração dessas pessoas.

Muitos não descobriram a paz inquieta, porque são especialistas em criticar os outros. São aqueles que estão sempre atentos a descobrir o erro alheio e mais prontos ainda para alardear esses erros aos quatro ventos.


A paz inquieta não se consegue por meio de brigas, discussões, ações penais, autodefesa nem tantos outros caminhos que as pessoas nos sugerem. A paz inquieta é fruto de um coração sereno. Ela nos vem pela graça de Deus e pela humildade.

Humildade não é sinônimo de apatia nem roupas velhas ou surradas, é uma atitude de vida, é saber quem somos. Conhecer nossos defeitos, limitações e lutar para mudar o que pode ser mudado. Isso exige um coração curado.

Pela cura interior, o Espírito Santo molda nosso coração, tornando-o semelhante ao coração de Jesus Cristo. É um processo lento e progressivo. Exige que sempre fiquemos atentos às moções do Espírito, que sempre procuremos nos alimentar com a Palavra de Deus e com os sacramentos que o Espírito Santo presenteou a Igreja, especialmente o sacramento da Eucaristia e da reconciliação.

A cura interior nos ensina que viver é como nadar contra a corrente. Não podemos parar nunca. Por isso precisamos sempre ter objetivos bem-definidos para nossa vida. Quem sabe para onde vai não se detém diante de críticas injustas. A cura interior nos ajuda também a discernir o valor da crítica positiva e construtiva. Ela nos revela que todos somos passíveis de erros e falhas e nos ajuda a aceitar tudo isso como um grande processo de amadurecimento.

Padre Léo


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/a-fofoca-gera-pessimismo-de-vida/

7 de julho de 2017

Solidariedade: é preciso considerar a importância do outro

O valor da solidariedade

Viver a solidariedade é indispensável para possibilitar que as práticas políticas recuperem a sua inteireza. É necessária uma limpeza nos mais variados mecanismos de funcionamento da política, e de forma urgente.

A solidariedade, por ser um valor capaz de requalificar, permite reconstruir o esgarçado tecido da cidadania. Por isso, em todos os momentos, em diferentes sociedades, é indispensável fazer referência, propor iniciativas e refletir sobre a solidariedade. No coração da prática solidária está o princípio fundamental e inegociável da consideração para com o outro.

-Solidariedade:-é-preciso-considerar-a-importância-do-outro-Foto: STILLFX by Getty Images

O apóstolo Paulo faz essa recomendação, estabelecendo esse valor como fundamento da identidade daquele que tem fé. Explica o apóstolo: exemplar é o gesto de Deus ao oferecer à humanidade o que tem de mais precioso, seu filho Jesus, o Salvador. Assim, Deus antecipa-se no gesto de reconciliação com o ser humano, deixando a lição fundamental de que é preciso reconhecer a importância do outro. Esse "outro" é você, eu, cada um de nós. Esse princípio tem força de equilíbrio, pois conduz a civilização na direção humanística que permite superar crises.

Semear a solidariedade

Embora, muitas vezes, reconheça-se o valor da solidariedade, sabe-se que não é tão simples plantar e fazer florescer essa convicção nos corações. Na política, por exemplo, em vez de se investir nos gestos solidários, prevalece a crença de que avanços diversos dependem de conchavos, ideologias partidárias ou simplesmente das promessas nunca cumpridas. Contenta-se assim com ensaios de lucidez, insuficientes para atender aos urgentes anseios do povo, principalmente de quem é mais pobre. Falta, pois, na sociedade brasileira, um tecido solidário de qualidade.

Quase sempre, o que se verifica no Brasil é um discurso de autoelogio sobre certas práticas dedicadas aos outros. Em "alto e bom som", há os que proclamam que a cultura latina e a brasilidade têm na solidariedade um valor inerente. Fazem referências desdenhosas a outras culturas marcadas pela objetividade, interpretando essa característica como "frieza". Mas, na prática, isso serve apenas para aliviar as consciências de pessoas que não se doam ou se contentam em fazer tímidas doações a projetos sociais.

Amar o outro como a si mesmo

Ora, isso é bem diferente do que ensina o princípio apresentado pelo apóstolo Paulo – considerar a importância do outro. O apóstolo adverte que a liberdade, quando se torna pretexto para buscar o que satisfaz, mas não convém, provoca desastres. Incapacita a competência humana e espiritual de amar ao outro como a si mesmo. O resultado é nefasto, diz o apóstolo: "Se vos mordeis e vos devorais uns aos outros, cuidado para não serdes consumidos uns pelos outros!". Paulo indica o caminho a seguir: "Fazei-vos servos uns dos outros, pelo amor".

Ao trilhar esse percurso e reconhecer o valor da solidariedade, colabora-se com a construção de uma cultura que contemple fortes sentidos de pertencimento, patriotismo e apurada sensibilidade humana, que se desdobra em gestos e ofertas mais generosas. Quem se faz servo apura a própria visão da realidade e consegue ouvir os clamores de quem necessita de ajuda.

Vivenciar a solidariedade

Por isso mesmo, urgente e prioritário, neste momento em que a sociedade brasileira precisa sair da crise, é reconhecer que a solidariedade é determinante nas dinâmicas sociais. Isso não é uma simples reflexão teórica, mas indicação de uma exigência moral com força transformadora, pois possibilita o surgimento de atitudes que estão na contramão das violências que dizimam, das corrupções que sucateiam e da perda da percepção de que todos são destinatários, igualmente, de condições dignas.


A solidariedade é, pois, princípio social e virtude moral. Vivenciá-la é investir na edificação de um contexto novo e melhor. Sem esse princípio e virtude, não se conquistam os ordenamentos sociais almejados. As relações pessoais continuarão comprometidas e em processo crescente de deterioração. E um perverso ciclo é alimentado, pois as pessoas se tornam cada vez mais distantes das estruturas dedicadas à solidariedade. Com isso, por ignorância, são perpetuadas regras e leis, que são inumanas e pesadas.

Praticar

Para além de um sentimento qualquer de compaixão vaga e superficial, a solidariedade tem o valor de despertar e criar o gosto imperecível pelo bem comum. E todo cidadão, para ser eterno aprendiz do valor da solidariedade, tem de praticá-la, diariamente, permanentemente.

Esse exercício exige considerar a importância do outro, abrir os olhos e os ouvidos para nunca ser indiferente às dores do mundo, lutar para sair das zonas de conforto e deixar-se incomodar pelos sofrimentos da humanidade. Uma postura que requer, inclusive, a disposição para tirar do próprio bolso quantias a serem destinadas a projetos sociais e ações solidárias. Pois, a sociedade estará na direção de superar seus descompassos e a cidadania se qualificará quando prevalecer o inestimável valor da solidariedade.

5 de julho de 2017

Por que devo fazer o sinal da cruz quando passo por uma igreja?

Conheça a importância do sinal da cruz para o cristão

O sacrifício de Jesus Cristo é o sinal maior do amor de Deus por nós. Para que pudéssemos nos ver livres do pecado, Aquele que viveu livre dele foi condenado e crucificado, e, em Seu sacrifício, traçou sobre o mundo o sinal da cruz. Nas Palavras do Papa Francisco, "a cruz de Jesus é a nossa única esperança verdadeira! Eis por que a Igreja 'exalta' a santa cruz, e eis por que nós cristãos abençoamos com o sinal da cruz". Podemos ler, nos Evangelhos de Lucas e Mateus, o convite dirigido a nós por Jesus: "Negue-se a si mesmo, tome a sua cruz" (Mt 16,24 e Lc 9,23). Traçar sobre nosso corpo esse sinal é professar nossa fé sem palavras.

Porque devo fazer o Sinal da Cruz quando passo por uma IgrejaFoto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Em que momentos podemos ou devemos fazer o sinal da cruz?

Na celebração da Santa Missa, em observância ao rito litúrgico, há momentos em que o sinal da cruz se apresenta como obrigatório, como se faz no início e ao fim da celebração. Também é traçado o sinal da cruz em reverência à leitura do Evangelho, com o polegar da mão direita, sobre si mesmo, na testa, na boca e no peito. Nesses momentos, ao traçar sobre o corpo o sinal da cruz, que se faça com a devida devoção, eis que é na sagrada liturgia que se opera a santificação dos homens e na qual, por meio de sinais sensíveis, prestamos o culto público de Deus. E a todo momento, em nosso cotidiano, ao professar a fé pelo sinal da cruz, lembremo-nos das palavras de São Paulo: "De fato, Cristo não me enviou para batizar, mas para anunciar o Evangelho, sem recorrer à sabedoria da linguagem, a fim de que não se torne inútil a cruz de Cristo, pois a linguagem da cruz é louca para aqueles que se perdem. Mas para aqueles que se salvam, para nós, é poder de Deus" (1Cor 1,17-18).

Professar a fé sem palavras é expressão sutil e humilde de devoção e não deve ser empregue sem a adequada veneração, sob o risco de fazê-lo de modo supersticioso. Com efeito, não há obrigatoriedade em traçar o sinal da cruz ao passar por uma igreja, o que não diminui seu significado. É que, no Cerimonial dos Bispos, no número 110, verifica-se a citação de uma antiga prática cristã no uso da água benta, que diz: "Seguindo louvável costume, todos, ao entrar na igreja, molham a mão na água benta, contida na respectiva pia, e fazem com ela o sinal da cruz, como recordação do seu próprio batismo". Daí, verifica-se o costume de muitas pessoas em traçar o sinal da cruz ao entrar na igreja, que, em sinal de respeito e devoção, foi se estendendo para o exterior do templo, até que tomou a forma que vemos muitos cristãos praticarem atualmente, de traçar sobre si o sinal da cruz ao passar na frente de uma igreja.


Faça o sinal da cruz

Certos de que a força de Deus nos acompanha em nossas provações diárias, façamos do sinal da cruz um gesto de fortalecimento e profissão de fé, atentos para que sempre que o traçarmos, seja com o coração repleto de devoção. Como nos ensina o Santo Papa João Paulo II: "Quem quer que seja que acolha Deus em Cristo, acolhe-O mediante a cruz. E quem acolheu Deus em Cristo, exprime isso mesmo mediante esse sinal: quem O aceitou, efetivamente, benze-se com o sinal da cruz sobre a fronte, sobre os ombros e sobre o peito, para manifestar e para professar que, na cruz, encontra-se de novo totalmente a si mesmo, alma e corpo, e que com este sinal abraça e aperta ao peito Cristo e o seu reino".

REFERÊNCIAS

A BÍBLIA SAGRADA. Edição Pastoral. 86 ed. São Paulo: Paulus. 2012.

PAPA FRANCISCO. Angelus. 14 set. 2014. Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/angelus/2014/documents/papa-francesco_angelus_20140914.pdf>

PAPA JOÃO PAULO II. Palavras no final da via-sacra. 4 abr. 1980. Disponível em: < http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1980/april/documents/hf_jp-ii_spe_19800404_via-crucis.html>

SAGRADA CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. Cerimonial dos Bispos. Cerimonial da Igreja.