O anúncio do Evangelho ensina que não temos de ficar com as nossas poeiras e impurezas
É tão fácil cairmos na "religião" do mito! O tempo todo Jesus já nos alertava sobre o risco aos ídolos, pois a idolatria é um dos principais problemas religiosos no mundo. Esse é um risco que todos nós corremos, quando a nossa admiração por alguém ou por uma pessoa se torna essencial, colocada acima, em termos de importância, d'Aquele a quem anunciamos. Decepcione-se comigo, mas que a sua decepção não seja com Aquele a quem eu anuncio por meio do Evangelho.
Temos de viver uma religião capaz de mexer com as estruturas da nossa consciência, a ponto de nos fazer acordar para tudo aquilo que não sabíamos existir dentro de nós. Já estávamos inconscientes e acostumados com o nosso jeito ciumento de amar, de possuir as pessoas, achando que isso era amor. Muitos de nós já éramos desonestos nas pequenas coisas e já estávamos acostumados com isso também. Até que um dia uma palavra profética varou as estruturas da nossa vida e nos incomodou.
Uma palavra profética tem o poder de acordar os surdos e aqueles que estão dormindo e que já não escutam mais nada, num sono letárgico ou até mesmo num cumprimento de rituais inférteis, que já não servem de nada para a nossa salvação.
Os sacramentos nos transformam
É a continuidade da Santa Missa que nos salva, é a história que fica diferente em cada comunhão comungada, em cada mesa partilhada, em cada confissão realizada, é o que se segue a partir daí que nos salva. O sacramento não é a mágica de um momento, mas a continuidade da vida que vai sendo incorporada, porque o sacramento aconteceu em nós.
É disso que Jesus fala: "Não venha me dizer o que você fazia antes, não me importa o que você fazia. Importa-me o que você era. O que faz diferença para mim é o quanto a minha Palavra conseguiu transformar o seu coração a ponto de transformá-lo numa pessoa melhor". De você olhar para trás e dizer: ""Antes, eu era assim, mas, pela força da Eucaristia, do Evangelho, do terço, eu mudei"– todas as manifestações religiosas que você pode ter e viver." Você percebe que a sua vida não é mais a mesma, porque você mudou o seu jeito de pensar, modificou o seu jeito de ser.
A virtude da humildade: Cristo sempre o modelo
Humanidade é isso: trazer a luz do Ressuscitado para nós e ver que há muito para ser limpo em nosso interior. O anúncio do Evangelho é para aprendermos que não temos de ficar com as nossas poeiras e impurezas. A religião que Jesus quer de nós é essa: que fixemos os olhos no céu, que busquemos o céu. Religião que só nos mostra a cruz é infértil, porque não somos filhos do Calvário; somos filhos do Ressuscitado! E quem eu anuncio sempre é o Ressuscitado.
Você não pode ficar parado no "calvário da sua vida"; todos nós passamos todos os dias por ele. Você acha que a gente vai ser santo sem sacrifício? A semente passa por todo um processo de crescimento, mas ela sabe que se não deixar de ser o que é, não atingirá seu objetivo.
A dor é o preparo. A sua dor não pode ser em vão. O que você faz com o seu sofrimento? Faz um quadro? Faz música? A genialidade está em transformar a lata velha em ouro. Ou a dor me destrói ou eu a transformo em processo de ressurreição.
Nossa vida é um desafio diário e não há tréguas. É um "lapidar" constante, tirando tudo o que é excesso em nós. Se eu não tivesse sofrido do jeito que sofri, se eu não tivesse amado do jeito que amei, eu não teria nada para contar a vocês.
Não sinta vergonha de nada que você sofreu, porque, depois que passou por aquele momento, você sabe o que sofreu para chegar aonde chegou.
Nossa Senhora dos Navegantes é a Estrela que nos conduz no mar, por vezes tempestuoso e sombrio, da história da salvação
A devoção a Nossa Senhora dos Navegantes remonta a Idade Média, na época das Cruzadas, e está intimamente ligada ao título "Estrela do Mar". Naquele tempo, os cruzados atravessavam o Mar Mediterrâneo rumo à Palestina para proteger os peregrinos e os lugares santos dos infiéis. Tendo em vista os perigos que enfrentariam, esses bravos homens invocavam a Santíssima Virgem Maria pelo nome de "Estrela do Mar", pois, sob esse título, ela era conhecida como aquela que protegia os navegantes, mostrando-lhes sempre o melhor caminho e um porto seguro para a sua chegada.
Antes das travessias, os navegantes participavam da Santa Missa, na qual pediam proteção de Nossa Senhora dos Navegantes para enfrentar, com coragem, os perigos do mar, as tempestades e os ataques dos piratas.
Com o início das grandes navegações, por parte dos portugueses e espanhóis, e a descoberta de novas rotas comerciais e terras pelo mundo, a devoção a Nossa Senhora dos Navegantes cresceu ainda mais e chegou a terras cada vez mais longínquas. Sob esse título, a Santa Virgem é a padroeira dos navegantes e dos viajantes, e é também chamada de Nossa Senhora da Boa Viagem.
A origem da devoção a Nossa Senhora dos Navegantes
Essa devoção tem sua origem mais remota no título mariano "Estrela do Mar". Até nossos dias, não foi possível datar com precisão e saber a origem desse título. No entanto, o hino litúrgico em latim "Ave maris stella", que pode ser traduzido por "Ave, do mar estrela", composto por volta do século VII, atesta a antiguidade da devoção a Santíssima Virgem sob esse título. Todavia, não há uma unanimidade quanto à autoria e a data da composição do hino litúrgico.
Santo Tomás de Aquino, o Doutor Angélico, no seu comentário "A Saudação Angélica", ensina-nos que a Virgem Maria foi isenta de toda maldição e é bendita entre as mulheres. Nossa Senhora é a única que suprime a maldição, traz a bênção e abre as portas do paraíso. Por isso, convém-Lhe o nome de Maria, que significa "Estrela do mar"1. Da mesma forma que os navegadores são conduzidos pela estrela do mar ao porto, os cristãos são conduzidos à glória do Reino dos Céus por Maria.
Em uma de suas memoráveis homilias, São Bernardo de Claraval, Abade e Doutor da Igreja, afirma que a Virgem Maria é comparada muito apropriadamente a uma estrela, pois esta dá a sua luz sem se alterar, tal como Nossa Senhora deu à luz o seu Filho sem danificar o seu corpo virgem. "Ela é efetivamente essa nobre 'estrela surgida de Jacob'2, cujo esplendor ilumina o mundo inteiro, que brilha nos céus e penetra até aos infernos. […] Ela é verdadeiramente essa linda e admirável estrela que havia de elevar-se acima do mar imenso, cintilante de méritos, iluminando pelo exemplo"3.
Nossa Senhora, a padroeira dos navegantes e dos viajantes
A primeira razão da devoção a Nossa Senhora dos Navegantes, ou Nossa Senhora da Boa Viagem, é obviamente por sua proteção contras os perigos do mar, o seu socorro nas tempestades. Foi por esse motivo que essa devoção chegou aqui, juntamente com os navegantes portugueses, desde a época do descobrimento do Brasil em 22 de abril de 1500. Naquele tempo, as embarcações eram menores e não tão seguras quanto as atuais. Por isso, as pessoas que viajavam de barco não sabiam se retornariam com vida. Além disso, os recursos de navegação eram quase inexistentes. Então, era muito comum que os marinheiros se orientassem pelo sol, durante o dia; e pelas estrelas durante a noite. Dessa forma, a "Estrela do Mar", que é a Virgem Maria, tornou-se a Senhora dos navegantes, que por ela se orientavam nas "noites escuras" das suas viagens.
Muitas são as comunidades paroquiais, e até cidades, que tem Nossa Senhora dos Navegantes como padroeira por todo o Brasil. A sua festa é celebrada no dia 2 de fevereiro. Especialmente nas cidades litorâneas, que têm muitos pescadores e se usa muito o transporte marítimo, a devoção a Virgem Maria sob este título é muito popular, atraindo milhares de peregrinos em suas festas. Na tradicional Festa de Nossa Senhora dos Navegantes de Porto Alegre (RS), que chega este ano à sua 140ª edição, a previsão é de que cerca de 300 mil peregrinos participem4. Na cidade de Navegantes (SC), comemora-se a 120ª Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, que é a Padroeira da cidade5. No entanto, a Festa de Nossa Senhora da Boa Viagem, que tem sua raiz na devoção a Nossa Senhora dos Navegantes, não se limitou às cidades litorâneas, mas chegou a lugares bem distantes do mar, como Belo Horizonte (MG), de onde ela é padroeira.
A devoção a Nossa Senhora dos Navegantes é associada popularmente a Iemanjá. Entretanto, a primeira, que é uma devoção católica, não tem nenhuma relação com a segunda, a não ser que as suas festas são comemoradas no mesmo dia, 2 de fevereiro. Iemanjá é um orixá feminino do Candomblé, da Umbanda e de outras crenças afro-brasileiras, que é comemorada também nos dias 15 de agosto e 8 de dezembro, datas marianas, talvez para associá-la a Nossa Senhora. A raiz dessa associação entre ambas está historicamente ligada à religiosidade do tempo da escravatura, na qual os portugueses não permitiam aos escravos o culto aos seus "deuses". Em vista disso, muitos escravos continuaram a cultuar essas entidades nas imagens católicas, para evitar problemas com seus senhores. Infelizmente, isso ainda está enraizado na cultura e na religiosidade de muitas pessoas, que continuam a associar a Senhora dos Navegantes com Iemanjá.
Nossa Senhora dos Navegantes, a Estrela do Mar
A segunda e mais importante razão da devoção a Nossa Senhora dos Navegantes está associada com o título que lhe deu origem: "Estrela do Mar". A Virgem Maria é essa estrela luminosa, que nos guia, que nos mostra a direção certa no mar por vezes tempestuoso da nossa história, para chegarmos ao porto seguro, que é Jesus Cristo. Dessa forma, compreendemos que a Senhora dos Navegantes não é somente a protetora e a intercessora dos navegantes, mas de todos nós, que navegamos nessa grande embarcação que é a Igreja, no mar tantas vezes agitado e perigoso deste mundo.
Seja nas calmarias ou em meio às tempestades, sigamos a Estrela do Mar pelo caminho espiritual indicado por São Bernardo: "Vós todos, quem quer que sejais, seja o que for que sentirdes hoje, em pleno mar, sacudidos pela tormenta e pela tempestade, longe da terra firme, mantende os olhos na luz dessa estrela para evitar o naufrágio. Se se levantarem os ventos da tentação, se vires aproximar-se o escolho das provações, olha para a estrela, invoca Maria! Se te sentires sacudido pelas vagas do orgulho, da ambição, da maledicência ou do ciúme, eleva os olhos para a estrela, invoca Maria. […] Se te sentires perturbado pela enormidade dos teus pecados, humilhado pela vergonha da tua consciência, assustado pelo temor do julgamento, se estiveres a ponto de naufragar nas profundezas da tristeza e do desespero, pensa em Maria. No perigo, na angústia, na dúvida, pensa em Maria, invoca Maria! Que o seu nome nunca saia dos teus lábios nem do teu coração. […] Seguindo-a, não te perderás; rezando-lhe, não desesperarás; pensando nela, evitarás enganar-te no caminho. Se Ela te agarrar pela mão, não te afundarás; se Ela te proteger, nada temerás; conduzido por Ela, ignorarás a fadiga; sob a sua proteção, chegarás ao objetivo. E compreenderás, pela tua própria experiência, como são verdadeiras essas palavras: 'O nome da virgem era Maria'6"7.
Nossa Senhora dos Navegantes, a Estrela da Esperança
Nossa Senhora dos Navegantes, portanto, é a "Estrela do Mar", que guia e protege os pescadores, marinheiros e viajantes em suas jornadas pelos mares e os leva a um porto seguro. Em sentido ainda mais profundo e espiritual, a Virgem Maria é a Estrela que nos conduz ao porto seguro da salvação, que é Jesus Cristo. Da mesma forma que os magos do oriente foram guiados pela estrela para Belém, para lá encontrar o Menino Deus e o adorar8, também nós somos guiados pela Estrela do Mar até nos encontrar definitivamente com seu divino Filho, no porto seguro, que é o Reino dos Céus. Por isso, Nossa Senhora é modelo de Igreja, intercessora e auxílio nas tribulações, e Mãe de todos nós, seus filhos e escravos de amor. Diante dessa bela e luminosa Estrela do Mar, que é Maria Santíssima, não temos que temer as tempestades, os mares revoltos, as grandes ondas que por vezes ameaçam nos levar ao naufrágio.
Como disse o Papa Emérito Bento XVI: "A vida é como uma viagem no mar da história, com frequência enevoada e tempestuosa, uma viagem na qual perscrutamos os astros que nos indicam a rota. As verdadeiras estrelas da nossa vida são as pessoas que souberam viver com retidão. Elas são luzes de esperança. Certamente, Jesus Cristo é a luz por antonomásia, o sol erguido sobre todas as trevas da história. Mas para chegar até Ele precisamos também de luzes vizinhas, de pessoas que dão luz recebida da luz d'Ele e oferecem, assim, orientação para a nossa travessia. E quem mais do que Maria poderia ser para nós estrela de esperança?"9
No mar tempestuoso da história da salvação, a Virgem Maria é esta Estrela da Esperança, que nos guia principalmente quando a escuridão, ou densas névoas, não nos permite enxergar para onde vamos. Por isso, não tenhamos medo, mas nos confiemos inteiramente a Nossa Senhora: "Vós permaneceis no meio dos discípulos como a sua Mãe, como Mãe da esperança. Santa Maria, Mãe de Deus, Mãe nossa, ensinai-nos a crer, esperar e amar convosco. Indicai-nos o caminho para o Seu Reino! Estrela do mar, brilhai sobre nós e guiai-nos no nosso caminho!"10
A importância da água para vida humana, seja física e espiritual
A água, como fórmula química H2O, é elemento fundamental para a vida humana. Desde os primórdios até os dias de hoje, o homem necessita e depende do uso diário da água para sua subsistência.
Nas Sagradas Escrituras, a água é considerada símbolo de purificação (cf. Sal 51,4; Jo 13,8) e de vida (cf. Jo 3,5; Gal 3,27). Como dom de Deus, a água é instrumento vital, imprescindível para a sobrevivência e, portanto, um direito de todos. (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, n. 484).
Contudo, a água, quando abençoada, passa a ter um sentido também espiritual. No Ritual Romano da celebração das bênçãos, no número 1090, diz que, com a bênção da água, recordamos Cristo, que é a Água Viva, e o sacramento do batismo, que nos fez renascer pela água e pelo Espírito Santo. Por isso, sempre que formos aspergidos com essa água ou nos benzermos com ela ao entrar na igreja ou dentro das nossas casas, dêmos graças a Deus pelo seu dom inestimável e imploremos o Seu auxílio para que, na nossa vida, sejamos fiéis.
Água benta é um sacramental
A água benta não é uma espécie de mágica ou superstição para quem a utiliza, pelo contrário, ela é uma eficaz forma de se chegar às realidades espirituais por meio de sinais sensíveis e visíveis, o que no caso da água benta se denomina como sacramental.
O que é um sacramental? "A santa mãe Igreja instituiu os sacramentais, que são sinais sagrados pelos quais, à imitação dos sacramentos, são significados efeitos principalmente espirituais, obtidos pela impetração da Igreja. Pelos sacramentais, os homens se dispõem a receber o efeito principal dos sacramentos e são santificadas as diversas circunstâncias da vida" (Catecismo da Igreja Católica, n.1667)
Assim, o ministro ordenado, seja um padre ou diácono, ao abençoar a água, conforme prescreve a Santa Igreja Católica, obtém-se um sacramental, que possui grande eficácia para as pessoas nas diversas realidades da vida. Essa água benta também pode ser usada para a aspersão nos vários ritos que a Igreja celebra para a santificação do povo.
Com isso, "os sacramentais não conferem a graça do Espírito Santo à maneira dos sacramentos; mas, pela oração da Igreja, preparam para receber a graça e dispõem para cooperar com ela" (CIC 1670).
O sentido da água benta
O sentido da água benta, portanto, não é uma representação imaginária, mas sim um sinal concreto e efetivo utilizado com fé e piedade pelo povo de Deus.
Para os católicos, "segundo um costume muito antigo, a água é um dos símbolos que a Igreja usa com frequência para abençoar os fiéis. A água ritualmente benzida evoca nos fiéis o mistério de Cristo, que é para nós a plenitude da bênção divina. Ele próprio Se apresentou como água viva e instituiu para nós o batismo, sacramento da água, como sinal de bênção salvadora" (Ritual Romano – Celebração das bênçãos, n.1085).
Na Introdução Geral do Missal Romano, número 51, quando se trata do ato penitencial, a água benta tem um determinado sentido, quando se afirma que "ao domingo, principalmente no tempo pascal, em vez do costumado ato penitencial, pode fazer-se, por vezes, a bênção e a aspersão da água em memória do batismo", ou seja, a água benta tem ação importante na Liturgia da Igreja.
Um outro aspecto é que, na maioria das bênçãos sobre pessoas, casas e objetos, é feita a seguinte oração: "Esta água nos recorde o nosso batismo em Cristo, que nos remiu com a Sua Morte e Ressurreição". É realizada uma oração que nos une a Jesus, o centro da vida do cristão; após essa oração, pode acontecer a aspersão com a água benta sobre a pessoa ou objeto abençoado.
A água benta é um sacramental, que, conforme a Igreja, pode-se ingerir, persignar, aspergir a si e aos outros, a objetos e lugares. Ela é uma graça que traz muitos benefícios para o corpo e para a alma daqueles que, com fé e devoção, a utilizam para o bem próprio e comum.
O amor torna humana a sexualidade, gerando o comprometimento –que tem sua máxima expressão no matrimônio sacramental
Amor: somente ele pode, de fato, humanizar a sexualidade. No entanto, em nossos dias, esse termo se encontra envolto em uma complexa confusão em seu sentido e compreensão. Muitos o têm reduzido apenas à dimensão do prazer e à sua especificidade erótica. É certo que essa palavra engloba também essa dimensão, contudo, ele não se encerra apenas em tal expressão.
O amor –em seu sentido agápico (do grego 'Ágape') –significa capacidade concreta de doação em favor do outro, buscando a devida interação com a verdade dele. E isso também deve ser aplicado à concepção humano/erótica do amor, pois, para este ser autêntico, não poderá ter o egoísmo como única força motriz.
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O amor não se resume à utilização do outro como objeto de prazer sexual. Ele não pode permitir a utilização momentânea e descartável de um "alguém humano" por meio de aventura descompromissada e irresponsável. O autêntico amor comporta o compromisso.
Estamos acostumados a ouvir os gritos de uma sociedade que elevou à máxima potência a necessidade de satisfazer os próprios desejos e instintos a qualquer custo, transmutando assim o valor da pessoa e o colocando em segundo plano. Dentro desse universo de compreensão, o que importa é satisfazer o desejo, não se importando se o outro é utilizado como um mero "brinquedo" por alguns instantes, sendo depois jogado nas mãos do destino.
É o amor/compromisso que humaniza a sexualidade, do contrário ela se torna apenas egoísmo animalesco. A vivência sexual sem o amor deixa de ser humano e torna-se escravidão instintiva.
Quem verdadeiramente ama é capaz de assumir o outro integralmente, com todas as suas consequências, sem querer usá-lo apenas para uma satisfação superficial.
O amor torna humana a sexualidade, gerando o comprometimento –que tem sua máxima expressão no matrimônio sacramental e o bem, necessários para que a devida interação aconteça, sinalizando o outro como fim e não como meio. O ser humano possui uma dignidade inviolável, ele é pessoa e nunca deverá ser diminuído à categoria de objeto.
O amor traz cor e sabor à vida, ele inaugura uma primavera de sentido para toda e qualquer relação.
A virtude a que somos chamados consiste em contemplar pessoas e relacionamentos sob a ótica do autêntico amor. Assim, a doação sincera em vista do bem inspirará nossas atitudes e nos permitirá elevar o ser à sua altíssima e verdadeira condição: a de filho amado, querido e respeitado por Deus.
Após 40 semanas de gestação, os pais têm o primeiro contato com o bebê
Depois de 40 semanas de gestação, chega o grande dia! Nada programado, a normalidade da vida segue seu rumo, as contrações anunciam que chegou o momento em que a vida quer romper as barreiras que até então protegiam, mas agora aprisionam a potencialidade de viver. Horas a fio de dor. Você não sente, mas as vê. As horas passam e a dilatação chega ao máximo; eis que o nascimento acontecerá! Céu na Terra. Vamos nos encontrar face a face. O choro torna-se o grito da vida. Ela é colocada em seus braços e sua voz, a mesma que diariamente falava com ela, é a única que, naquele momento, gera segurança e confiança.
Saímos da maternidade com toda felicidade estampada no rosto. Chegamos em casa e deu aquela insegurança. O que é normal e o que está fora de controle? Como é isso de dor na amamentação? Mas as fotos eram sempre desse momento como um "spa materno"? E quando você não sabe se o choro é fome, dor, sono ou cólica? Não, gases… Faz isso, faz aquilo, todo mundo tem a receita milagrosa do certo a se fazer. E você ali, pai sem muita noção do que fazer, mas é preciso fazer algo!
Os primeiros meses de um bebê são intensos, dúvidas surgem a cada respirada. Nessa hora, aquele ser humano lindo é capaz de confrontar você. A existência dele questiona a sua. Quem, de fato, você é e dá conta de ser? Pai, esposo, amigo, filho… Você transita em todos esses papéis em uma velocidade ensurdecedora!
Ah, e aquele choro que surge na madrugada sem avisar? Fazer calar ou entender a comunicação por detrás daqueles gritos? O pai faz a opção de tentar entender o que o choro quer dizer, ele não quer que o filho silencie simplesmente, mas sim que ele possa aliviar a angústia que o leva a chorar.
Mesmo sendo pai, não está garantido o amor, é preciso construí-lo. O vínculo se faz na troca da fralda, no banho a ser dado, no jantar que se coloca na mesa para que a mãe possa estar inteira para amamentar. Amor é construção! Cada dia bem vivido vai gerar, naquele ser humano de centímetros, a ideia do herói que sustenta a mãe cansada das noites mal dormidas.
Ser pai de menina
O pai de menina tem a oportunidade de ser para ela o primeiro modelo de homem a conquistá-la, a fazê-la uma princesa, alguém digna de ser ouvida. Não perder tempo em gastar tempo para que ela se sinta única e irrepetível. Muitos se preocupam com o futuro que ela terá e até com quem ela irá se casar, mas agora, nestes primeiros anos em que você é o modelo de homem para ela, tem a imensa responsabilidade de ser o protótipo de homem que ela escolherá no futuro. É o momento de ser todo para ela, pois assim ela não terá espaço dentro de si para homens que não a façam única e importante.
Quando a primeira febre surge? Nessa hora, dá um frio na barriga e você já imagina o pior! Calma, trata-se de um ser humano que está conquistando uma imunidade; então, elas virão muitas e muitas vezes! Sobreviva!
Ser pai de menina é estar imerso no mundo cor-de-rosa e ter a coragem de ser para ela sempre o príncipe a colocar o sapato na Cinderela! Mais ainda: sempre ser para ela um playground ambulante.
Dicas
10 coisas que você precisa saber sobre seu relacionamento com sua filha:
1- Aceite o fato de que sua menina derreterá seu coração na hora em que ela quiser. Um simples sorriso quebrará qualquer coração duro;
2 – Participe da vida dela agora. Não espere até ela completar 15 anos para tentar desenvolver um relacionamento. Não perca tempo, porque ele passa rápido demais;
3 – Cante para ela enquanto a embala. Ela adora ouvir sua voz, e essa é uma ótima forma de passar o tempo quando é 1 hora da manhã;
4 – A mãe dela a ensinará a bater os pezinhos na banheira. Você mergulhará com ela na piscina;
5 – Nunca perca o encanto de observar filha e mãe juntas. E quando a barriga de sua esposa ainda estiver um pouco diferente, fique feliz, pois é a marca que dali saiu sua filha;
6 – Nunca se esqueça de que o pai incentivador educa filhas com autoestima elevada. Elogie sempre!;
7 – Limite o tempo na frente da televisão, a menos que você queira ver sua filha crescer com os valores que a TV ensina;
8 – Nunca discuta com sua esposa na frente de sua filha. Por mais difícil que seja, deixe esse tipo de conversa para depois. Eles são destruidores de personalidade!;
9 – Lembre-a de que a coisa mais sagrada entre pai e filha é a confiança. Ofereça esse espaço para ela!;
10 – Não deixe que ela coloque você e a mãe dela um contra o outro. De sua conjugalidade ela nasceu, é dela que será formada. Invista em vocês como casal e estarão também investindo nela como pessoa!
Saiba como lidar com o desafio de ser ouvido, mas não compreendido
Relacionamento, ao mesmo tempo em que é sentido de vida, preenchimento interior, é ponto de conflitos entre os seres humanos. Somos predispostos a viver próximos, mas quem nunca se desapontou na vida? É natural esse tipo de sentimento quando temos boa imagem de uma pessoa, seja à primeira vista ou pela impressão causada no convívio, mas que, de repente, se desfaz quando somos surpreendidos por uma atitude contrária à que causava nossa admiração.
Faz parte de um relacionamento maduro, fundamentado na verdade, quando houver essa ruptura no sentimento, o recorrer ao diálogo. Quanto maior a proximidade das pessoas, mais deveriam ser óbvias a transparência e a liberdade em dizerem o que não foi bom. Assim avançamos em diversos tipos de convívio: no trabalho, na amizade, no namoro, no casamento.
O problema é quando, mesmo com diálogo, ainda não se chega a um termo satisfatório para ambos os lados.
Você já teve a sensação de ser ouvido, mas não ser entendido? Por mais que fale, argumente e esteja certo, nada parece penetrar o entendimento, a razão e o perdão do outro.
Quando as partes dialogam, mas num primeiro instante não existe consenso, é imprescindível saber que ao se procurar entender com alguém é mais importante ouvir do que falar. Exercite a arte da escuta. Mesmo que seja você quem tenha de dar explicações, deixe que a outra parte primeiro esgote sua indignação.
Tanto para passar a sua ideia quanto para absorver o conteúdo do outro é importantíssimo notar o que as palavras não dizem. No desabafo de uma pessoa existe muito mais que argumentos, aí também estão seus sentimentos, os quais nem sempre são completamente expressos por palavras. É preciso buscar fora daquilo que simplesmente ela aparenta ser, quais os seus anseios, planos, cultura e até sua concepção e história de vida. Experiências do passado condicionam-nos a agir e a pensar segundo o que aprendemos, cada qual com seu conceito.
É preciso detectar os sentimentos presentes em você e no outro e nomeá-los, para saber o que está acontecendo no interior de quem está envolvido. Por vezes, será necessário simplesmente chegar a esta conclusão: "suas emoções são diferentes das minhas diante do fato acontecido". E a partir daí, buscar um meio-termo. Por fim, é normal que seres humanos não estejam de acordo em tudo.
A perfeição do amor não está em juntar o que é igual, mas em transcender a expectativa mesmo sabendo que se é diferente. O que é verdadeiro supera as barreiras da incompreensão, traz a certeza de ser assumido, mesmo sabendo que na alma da outra pessoa existe a consciência de que aquele com quem se caminha junto não é perfeito. Somos mais amados quando somos acolhidos, apesar de nossas deficiências, não pelas nossas belezas. Amar quem não está pronto é amar verdadeiramente, pois não busca compensações em dar de si.
Abra o coração para aqueles que você ama, vá disposto, no diálogo, a ouvir e a se desfazer dos próprios conceitos em favor da reconciliação.
Ninguém se coloca sob o sol sem se queimar, e quem se expõe exageradamente a ele vai sofrer suas consequências. Com Deus acontece algo semelhante, pois ninguém se coloca na presença d'Ele sem ser beneficiado por Sua presença. As marcas da presença do Todo-poderoso também são irreversíveis para a nossa salvação.
Quando nós nos deixamos conduzir pelo Espírito Santo, Ele nos dá liberdade. Nunca Nosso Senhor pensou em nos trazer para perto d'Ele, a fim de tirar algo de nós, muito menos para limitar nossa liberdade. Se Ele não quisesse que fôssemos livres, por que nos teria criado livres?
A nossa liberdade ficou comprometida por nossa culpa, porque quem peca se torna escravo do pecado. Pelos nossos pecados e pelos vícios, que entraram em nossa vida, nós ficamos debilitados. Foi para sermos livres que o Pai do céu enviou Jesus. Deus Pai nos deu Cristo para nos libertar daquilo que nos amarrava. Deus nos mostra quais caminhos podemos seguir, mas a liberdade de escolher é nossa. O desejo do Senhor é nos libertar de toda angústia, de toda opressão. O desejo d'Ele é nos ver felizes.
"É para que sejamos homens livres que Cristo nos libertou. Ficai, portanto, firmes e não vos submetais outra vez ao jugo da escravidão" (cf. Gálatas 5,1).
Cristo nos amou, morreu em uma cruz por nossa causa, para que não sejamos escravos do pecado. O Ressuscitado nos libertou de todo mal, de toda armadilha do inimigo, para que permanecêssemos livres. Contudo, ninguém é livre na maldade. Uma vez que o Espírito Santo nos visitar, não podemos dar brechas para o pecado.
O Espírito Santo nos cura e liberta
Ninguém pode saber o que está em nosso interior se não abrirmos a boca e dizer. Rezar é ficar nu na presença de Deus. Quando rezamos, estamos nos colocando na presença do Altíssimo. Quando tiramos a roupa diante do espelho, nós vemos o que queremos e o que não queremos. Na hora em que estamos rezando, caem nossas roupas, espiritualmente falando; do mesmo modo, vemos aquilo que queremos e o que não queremos. Tudo que fazemos de mau volta para nós no momento da oração. As feridas que ignoramos, na oração, não as conseguimos ignorar, porque, nesse momento, Deus as revela para nos curar. No momento em que o Senhor nos mostra quem somos, Ele também se mostra como é.
No momento em que conhecemos Deus, conhecemos a nós mesmos, por isso rezar não é coisa para qualquer um. Na oração, Deus se revela a nós, mas Ele também nos revela a nós mesmos. Se Ele nos revela uma coisa que não está boa, é porque precisamos consertá-la.
A cura é vinda por Deus
Precisamos de muito perdão e de muita cura, e só Deus pode nos dar essas graças. Eu e você precisamos, na oração, pedir ao Espírito Santo que nos faça entrar em nosso coração para descobrimos o que está ruim ali dentro. Deus, que passou conosco por cada caminho, sabe quando fomos machucado e sabe como nos curar.
A nossa vida inteira é um processo de cura interior. Enquanto estivermos com os pés aqui, nesta terra, nossa vida será um processo de cura interior. Não existe ninguém que, tendo rezado, Deus não lhe tenha respondido. E se Ele não o faz diretamente, Ele o faz por intermédio de uma pessoa ou de um fato.
Nós precisamos aprender a ouvi-Lo na oração, para conhecermos os planos que Ele tem para nossa vida. O Todo-poderoso tem um plano de amor, um plano de realização e felicidade para nós. Muitas vezes, nós não somos felizes, porque esse plano não se cumpre na nossa vida. Se não abrirmos o coração para a oração, corremos o sério risco de morrer sem conhecer o plano que Deus tinha para nós.