11 de janeiro de 2017

Em 2017, desative o autoboicote

Para e pense: será que eu me boicoto?

Você, eu não sei, mas a maioria das pessoas sim, entram no processo de autoboicote.

Pense comigo: já observou que grande parte das pessoas idealizam bons projetos pessoais ano após ano, janeiro a janeiro, mas, ao chegar dezembro, percebem que seus planos não foram concretizados? Será que isso é azar? Preguiça? Metas irreais? Mau planejamento? Ou autoboicote?

Podemos dizer que, tirando o azar, acontece um pouco de cada coisa para que os projetos de vida não saiam do papel. Porém, só um está por trás de todos, e esse é o boicote. O ato de boicotar a vida é o mesmo que sabotar, dificultar ou prejudicar ações corriqueiras da vida por meio de resistência passiva.

Em 2017, desative o autoboicoteFoto: Daniel Mafra/cancaonova.com

O que significa isso? Eu faço de propósito? De forma consciente?

Não, o boicote não é um ato consciente!

O ser humano aprende por repetição, e ele é educado desde cedo. Quando criança, ainda não se tem maturidade, condições psíquicas de julgamento, afinal de contas, está aprendendo. No entanto, muitas formas de enxergar o mundo são aprendidas neste tempo de nossas vidas, e assim conduzimos esse olhar infantil para a adolescência, a vida adulta e até mesmo a velhice, sem amadurecer. Essa é a nossa construção cognitiva, nossa forma de perceber um mundo que nos frustra desde crianças.


Qual ligação isso tem com sabotagem e boicote?

O boicote nada mais é que essa forma "infantil" de reagir às dificuldades e frustrações do mundo adulto e sustentar "verdades" distorcidas a nosso respeito, sendo uma forma de preservar e sustentar uma identidade construída. Por exemplo: quero passar em um concurso público, mas não acredito ter capacidade intelectual suficiente para isso. Com esse pensamento, e acreditando nele, nunca paro para estudar e me escondo em antigas desculpas. "Se eu tivesse dinheiro para pagar um bom cursinho, eu passaria no concurso", "Não abro mão de sair com os amigos", "Tenho que arrumar casa, trabalhar e, quando chega à noite, só quero dormir.", "Acho que tenho hiperatividade, não consigo me concentrar, fico perdida nos estudos o tempo todo e não consigo aprender nada", e tantas outras coisas me impedem de estudar. Ao chegar no concurso, um fracasso; e assim se passam anos e a pessoa valida aquela verdade inicial: "Eu nunca vou passar em um concurso, porque não sou capaz". Outro exemplo: "Nunca vou namorar, ninguém nunca vai se interessar por mim". A pessoa que pensa assim acaba favorecendo situações para que o namoro não aconteça, como não se abrir aos relacionamentos, limitando muito seus pretendentes; torna-se uma pessoa fechada, rabugenta, não se arruma, não se sente bonita nem atraente. Ela não acredita que alguém possa, um dia, interessar-se por ela; assim acaba se boicotando, criando situações que não favorecem o despertar de interesse de outra pessoa por ela.

Tenha um olhar atento

Essas formas de pensar não estão claras, são inconscientes. É preciso um olhar criterioso, cuidadoso e, por vezes, profissional para encontrar essas falsas verdades. São elas que automaticamente nos conduzem à preguiça, ao mal planejamento, à má execução do projeto pessoal, sem conseguir nunca fazer os projetos se tornarem realidade, entrando em um ciclo de frustração a cada ano.

Há pessoas que não conseguem nem ouvir falar sobre projeto de vida, metas, planejamento etc., pois tamanha são as frustrações sofridas. No entanto, o convite que eu lhe faço para 2017 é: descubra onde você está se boicotando e desative seu esquema de sabotagem, para que sua vida decole e seus projetos sejam executados com toda a capacidade que existe em você. Acredite! É possível realizar projetos. Se você acha que sozinho não vai conseguir, procure ajuda profissional, mas não deixe mais um ano passar. Realize seus sonhos!

Aline Santos
Psicóloga – Missionária da Canção Nova


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/em-2017-desative-o-autoboicote/

9 de janeiro de 2017

A era moderna e a alma serena

Vivemos tempos de grandes 'milagres' modernos. Nunca o mundo viu tamanha velocidade de informação. Nunca se viu possibilidades técnicas tão avançadas como agora. Qualquer coisa que aconteça do outro lado do mundo é conhecido, quase ao mesmo tempo, pelo planeta todo. Basta um 'clique' com o mouse do computador para enviar a centenas de destinatários informações sobre guerras, atentados, tsunamis ou mortes.

O mundo vive seu apogeu científico: pesquisadores ousam romper o limite do ético e do biológico manuseando células-tronco e redescobrindo as nuances do código genético humano. Nunca como agora foi tão fácil conhecer culturas e pessoas geograficamente distantes e virtualmente presentes. É fácil para empresas virtuais arranjarem até 'casamentos' por encomenda! Somando as características de cada pretendente e calculando num software online a maior probabilidade de 'combinação' conjugal. Ultimamente ouve-se falar até de robôs tecnologicamente treinados para manifestar emoções.

Em contrapartida, nunca se viu um mundo tão caótico. Hoje, com um simples botão pode-se acender uma lâmpada em casa ou iniciar uma detonação atômica capaz de deflagrar a 3ª Guerra Mundial. O apelo da multidão chega a causar medo, fobias… é mais seguro e prazeroso perder horas navegando na Internet. No mundo virtual: uma coleção de amigos de Orkut, popularidade garantida! No mundo real: uma coleção de dias em solidão à frente de um computador. Nunca como agora se ouviu falar tanto de depressão, suicídio, perda do sentido da vida e apelo ao uso de drogas para driblar o tédio da modernidade.

Não é pecado aproveitar as maravilhas do mundo moderno. Deus não condena ninguém que tente, cientificamente, salvar vidas respeitando-as totalmente. Não há nada de errado em enriquecer-se conhecendo culturas e estreitando laços, virtuais ou não. O que, de fato, é contraditório é trocar o real pelo imaginário. É tolice trocar um abraço, enxugar uma lágrima de saudade por um "emoticon" do MSN. Com uma mensagem de celular posso escrever "eu te amo", mas nada substitui a companhia fiel da pessoa amada nas horas difíceis da vida, de mãos dadas, lado a lado até que a morte os separe.

Por mais que a Era Pós-moderna nos maravilhe com suas descobertas, o homem continua sempre o mesmo: criado para amar e ser amado. Agostinho, santo católico que nasceu na África, convertido pelas lágrimas orantes de sua santa mãe, depois de 30 anos de libertinagem e boemia escreveu: "Senhor, tu nos fizeste e somos teus! E inquieto estará nosso coração enquanto não repousar em ti!" Ele tinha razão! Toda nossa curiosidade pela modernidade acaba sufocada pela sede interior que não quer calar…

Maravilhemo-nos com aquilo que a modernidade nos dá. Todavia, não nos esqueçamos de que as coisas da alma não se resolvem com um 'clique' ou um 'enter' de computador. É preciso algo mais. Alguém maior: Deus! Ele é o mesmo, ontem, hoje e sempre (cf. Heb 13,8)! Sempre moderno!


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/diversos/a-era-moderna-e-a-alma-serena/

4 de janeiro de 2017

Votos íntimos: qual voz quero seguir?

Você sabe o que são votos íntimos? Se não sabe, vamos juntos refletir sobre o assunto

Quantas vezes vamos assumindo "inverdades" em nossa vida, permitindo que se tornem verdades absolutas? Ou quantas vezes deixamos que certas falas que disseram a nós ditem nossos comportamentos e atitudes, fazendo assim uma vida de jugos e amarras existenciais? No ambiente religioso, chamamos de "votos íntimos" essas inverdades, falas e jugos que determinam nosso interior, levando-nos a uma exterioridade não sadia nem livre.

Na psicologia comportamental, chamamos essa realidade de pensamentos automáticos, pensamentos que surgem de forma instantânea e determinam nossas atitudes. Esses pensamentos automáticos são construídos por "crenças", que se solidificaram pelas experiências que tivemos no decorrer de nossa história. Por exemplo: talvez, quando você era ainda uma criança, foi esquecido pelos pais na escola, e aquele sentimento de abandono registrou uma crença de que "você não é amado". Logo, toda vez que você for "esquecido", surgirá, de maneira automática, aquela voz dizendo: "você não é amado". Dessa forma, vamos deixando que nosso interior e exterior se formem na autoridade de tais pensamentos. Talvez, aquele esquecimento na escola tenha acontecido, porque seus pais enfrentaram uma longa estrada de engarrafamento e, por isso, atrasaram-se. Não há nada a ver com o "não amar" você.

Votos íntimos qual voz quero seguirFoto: Arquivo Pessoal

O pensamento automático, ou se quiser chamar de voto íntimo, pode, em muitos casos, ser uma grande prisão na sua forma de viver a vida.

Pare e pense

Por exemplo: Se fico sozinho, devo ser indesejável. As pessoas que não têm companheiros são perdedoras. Tenho de ter um companheiro para ser feliz. Preciso me sair bem em tudo o que fizer. Se não me sair bem em alguma coisa, devo ser um fracasso.

Diante dessas frases que vão determinando nossas vidas, precisamos usar o próprio pensamento lógico para nos desvencilharmos dessas armadilhas. Temos de explorar a realidade e, quem sabe, nesta hora, traduzir tudo em uma sincera oração? "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará". Busque a verdade sobre todas as questões, enfrente-a e não se permita ser escravizado pelas inverdades da vida.



Adriano Gonçalves

Mineiro de Contagem (MG), Adriano Gonçalves dos Santos é membro da Comunidade Canção Nova. Formado em filosofia e Psicologia. Atua na TV Canção Nova como apresentador do programa Revolução Jesus. É autor dos seguintes livros: "Santos de Calça Jeans", "Nasci pra Dar Certo!", "Quero um Amor Maior" e " Agora e Para Sempre: como viver o amor verdadeiro".


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/votos-intimos-qual-voz-quero-seguir/

2 de janeiro de 2017

A diferença que separa um sonho de uma meta

Quando os sonhos e metas se entrelaçam e dão um novo ânimo para a vida

Ano novo, vida nova! Depois da virada de mais um ano, existe algo diferente no ar. Já diz o poeta: "Ainda bem que existem janeiros". Na mídia, na rua, no trabalho é comum ouvir alguém dizer que, neste ano, vai comprar uma casa, viajar para tal lugar, trocar de carro ou simplesmente que este ano vai ser diferente!

A diferença que separa um sonho de uma meta -Foto: Arquivo Pessoal /cancaonova.com

São sonhos e metas que se entrelaçam e dão um novo ânimo para a vida. Algo interessante que descobri nesses dias é a diferença que separa um sonho de uma meta. Talvez até hoje você só tenha sonhado com o que gostaria de realizar na vida, mas nunca tenha dado nem um passo concreto para realizar este sonho, ou seja, está vivendo sem metas.

Segundo a psicóloga e escritora Danielle Tavares, "meta é um alvo definido, um ponto certo aonde se quer chegar; e pode-se aplicar esse conceito nas diversas áreas da vida: família, profissão, estudo, relacionamento afetivo e social, economia, finanças pessoais etc."

Em clima de recomeço, considero importante avaliar nossos reais objetivos e reconhecer quais destes são metas. "Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho já serve."

Atirando para todos os lados

Quando não buscamos concretamente o que queremos ou sonhamos, acabamos "atirando para todos os lados" sem acertar o alvo. Desse jeito, pode-se chegar ao fim sem ter o que comemorar, e isso não é a vontade de Deus para nenhum de seus filhos, inclusive você.

Pergunto-lhe: Você sabe que rumo está dando para sua vida com o trabalho que realiza agora? Tem buscado, no dia a dia, o que realmente deseja alcançar? Se a resposta for negativa, provavelmente você não esteja feliz, e é possível que sua vida esteja sem sentido. Daí vem a pergunta: E agora, o que fazer?


Acredito que, neste e em todos os casos, devemos sempre lembrar que nunca é tarde para recomeçar. Independente da idade ou situação em que esteja, com a graça de Deus e força de vontade tudo é possível. Sonhar e querer algo é importante, mas isso não basta quando se trata de realização. É hora de traçar metas e dar passos concretos.

Diferença entre sonho e meta

Ouvi uma historinha, há pouco tempo, que me ajudou a entender a diferença entre meta e sonho. Havia cinco macacos no galho de uma árvore: dois deles decidiram pular e pegar algumas bananas que estavam ali perto. Então, vem a pergunta: Quantos macacos permaneceram no galho? A resposta é simples: os cinco animais continuaram no galho. Sabe por quê? Porque decidiram pular, mas nenhum deles fez isso de fato.

Precisamos começar bem o ano, para vivê-lo bem por inteiro. Acredito que definir as prioridades e dar passos para chegar aonde se quer é um ótimo ponto de partida. Disso vem a transformação de vida: a partir das atitudes e preferências concretas do dia a dia. Claro que isso não se consegue de uma hora para outra, empenho e perseverança são fundamentais. É também uma questão de escolha e disciplina pessoal. O apóstolo Paulo, em uma de suas cartas, diz: "Nenhum atleta será coroado, se não tiver lutado segundo as regras" (II Timóteo 2,5).

Que o Senhor nos ensine a buscarmos do jeito certo as metas que queremos alcançar neste ano novo e sempre.

Feliz vida nova para você!

28 de dezembro de 2016

Como virar o ano sem dívidas?

Conheça três dicas para você virar o ano sem dívidas

O ano de 2016 está próximo do fim! Natal, férias e virada do ano são o contexto do momento. Dada a atual crise econômica, muitas famílias estão focadas não nas celebrações, mas em como passar de ano sem dívidas. Embora o noticiário hora ou outra dê uma notícia razoável, ainda estamos sendo bombardeados de notícias ruins: alta do combustível, queda do PIB, endividamento crescente do Governo, reformas que vão cortar benefícios para ajustes de contas. Diante desse cenário, como virar o ano sem dívidas? Como pagar as contas e curtir a virada do ano sem preocupações?

Em primeiro lugar, não há mágica nem sorte em finanças e economia. Não existe uma forma de virar o ano sem dívidas se estas estiverem fora de controle. O que se pode alcançar é administrar as dívidas ou até mesmo quitá-las, mas isso depende muito da situação particular de cada pessoa/família. O planejamento financeiro, no fim do ano, é imprescindível, até mesmo porque dezembro e janeiro são marcados por gastos altos com festas de Natal, presentes, viagens, matrícula escolar, impostos e contas de fim de ano.

Como virar o ano sem dívidas
Foto: Wesley Almeida

Vamos aos três principais pilares para pagar as dívidas ou virar o ano com tranquilidade de ter tomado as rédeas das suas finanças:

1. Planilha Financeira

Se você é daqueles que faz as contas de cabeça, chegou o momento de mudar sua atitude. Quem não fizer o planejamento do fim de ano e início de 2017 pode cair em armadilhas e gastar além do necessário. Planejamento financeiro inclui prever os gatos e ter alternativas para emergências ou imprevistos. Baixe aqui uma planilha modelo que vai ajudá-lo nessa empreitada.

2. Quanto e Quando

Em Finanças e Economia, essas são as perguntas a serem respondidas sempre. Quanto eu devo ao somar tudo o que tenho a pagar? Cartão de crédito + consignado + financiamentos etc. Nessa pergunta, coloque o que você vai ter de pagar em janeiro: material escolar, IPVA, contas do fim de ano, pagamento de 13º para funcionários. A palavra "quando" faz toda a diferença. Posso gastar agora o que estou vendo nas vitrines, propagandas e internet? Ou posso, dado o tamanho da minha dívida, esperar as promoções de janeiro? É uma questão de tempo. Adiar o consumo pode fazer você virar o ano com mais tranquilidade.

3. Equilíbrio entre pagar dívida e comemorar com a família

É imprescindível celebrar o Natal em família, comemorar a data mais importante do Cristianismo, dar ou ganhar presentes. No entanto, se já temos um planejamento financeiro e sabemos o quanto devemos ou precisamos pagar em dezembro e janeiro, podemos entrar na palavra "quando". Diante dos números e da necessidade de celebração com a família e os amigos, qual a escolha razoável que podemos tomar? Para os casados, decisões compartilhadas e dialogadas são sempre a melhor opção. Para famílias com filhos, a dica é dialogar com eles, explicar a situação, ser transparente; isso é fundamental para celebrar sem se preocupar.


Neste fim de ano, não vire 2016-2017 sem refletir sobre suas finanças. É melhor tomar o pé da situação e ver o tamanho do passo que se pode dar. Passos maiores que as pernas podem dar dor de cabeça na entrada do ano. Se você tem 13º e possui dívidas, procure usar uma boa parte para quitá-las. Muitos, no fim do ano, abusam do cartão, cheque especial, e são surpreendidos logo no início do ano seguinte.

É melhor prever agora. Viva o tempo das festas com sobriedade, mas sem abrir mão da alegria em família. Afinal, o dinheiro existe para servir, mas não podemos nos enroscar, pois a conta sempre chega!

Desde já um Feliz Natal e boas festas!


Bruno Cunha

Mestrando em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Taubaté (UNITAU), Bruno Cunha possui Pós-graduação em Administração (MBA) pela Fundação Getúlio Vargas e graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Pernambuco. Atualmente, é diretor administrativo e financeiro da Faculdade Canção Nova, onde também atua como professor. Cunha tem experiência na área de Finanças, Economia, Educação Financeira, Finanças pessoais e Administração Financeira e Orçamentária.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/economia/como-virar-o-ano-sem-divida/

26 de dezembro de 2016

Ser mãe é padecer no paraíso

Ser mãe é padecer no paraíso. Mas é preciso dizer que tudo isso vale a pena!

Tantas vezes ouvi este ditado e, hoje, quero manifestar a minha interpretação sobre ele. Será que isso é ruim? A expressão padecer traz essa conotação negativa, pesada, mas, na verdade, não é bem assim. As mães vivem um certo desconforto desde a gestação (enjoos, azia, inchaço). No parto, com suas dores próprias; depois, nos primeiros dias, a adaptação e interpretação do choro do bebê, o sono, o cansaço. São situações reais que parecem eternas pela intensidade, mas, de repente, passam… Alguns meses depois, o padecimento é outro: voltar ao trabalho e deixar o filho, afinal, ninguém vai saber cuidar do dele como a mãe. Doce ilusão!

Mais adiante, a entrada na escola. "Quem será o professor?", "Será que vai acompanhar a aula?", "O que vai comer no lanche?", "Quem serão os colegas?" "E se alguém bater no meu filho?" Nós insistimos em viver a vida dos filhos e, com isso, padecemos, pois não temos o mesmo entendimento das crianças. E quando chega a adolescência? Nossa! Aí entra outra fase. Só mudam as preocupações: filho criado, trabalho dobrado! Mas e aquilo que plantamos na educação deles? Não valeu a pena?

As mães de hoje são, na sua maioria, frutos da geração de transição do feminismo e do sexo, drogas e rock'n roll. Achar o equilíbrio não é fácil. Anterior a nós, houve a geração de pais que acreditavam que a liberdade era a melhor opção de educação para os filhos vivendo o "é proibido proibir".

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Foto: Daniel Mafra / cancaonova.com

Hoje, já percebemos que os limites são necessários na formação de qualquer ser humano. Por isso, às vezes, dar um "não" ao filho chega a ser um padecimento, pois sabemos que ele queria muito tal coisa ou tal situação, mas percebemos que não é o melhor naquele momento, e isso gera um certo desconforto no relacionamento entre mãe e filho.

Mais do que padecer é compadecer, é sofrer, pois, apesar de estarmos conscientes da decisão tomada, não gostamos de ver nosso filho triste. Mais uma vez, apesar de toda intensidade, veremos que isso também vai passar! Assim como nós, hoje, neste papel de mãe, reconhecemos e aceitamos a postura que as nossas mães tiveram conosco. E pensamos: "Elas estavam certas…" Olhando tudo isso, parece que o ditado está certo: "Ser mãe é padecer no paraíso". Agora, é preciso dizer que tudo isso vale a pena!

A presença, a realização, as conquistas, alegrias e tristezas de um filho não têm preço. Esse é o nosso paraíso: a maternidade! As mães são capazes de abrir mão e renunciar a várias coisas na vida, somente não conseguem renunciar à maternidade, pois esta é inegociável!

Parabéns a todas as mães, avós, tias, madrinhas, sogras que, de uma forma ou outra, são mães em nossas vidas!

Maria, Mãe de Jesus e da Igreja, ensine-nos e conduza na vivência da maternidade segundo o coração de Deus!

Carla Astuti – Missionária da Comunidade Canção Nova


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/ser-mae-e-padecer-no-paraiso/

23 de dezembro de 2016

Natal, tempo de redescobrir valores.

Neste tempo de Natal, precisamos criar em nós a capacidade de repensar e redescobrir valores

Um dos maiores milagres, deste tempo de Natal, é o de criarmos em nós a capacidade de repensar e redescobrir valores que, ao longo do ano, foram deixados de lado ou roubados pela cultura do bem-estar individual. Nesta época do ano, somos mais família, solidários, falamos mais de amor e paz, de respeito ao próximo, porque, "no coração de cada homem e de cada mulher, habita o anseio de uma vida plena, que contém uma aspiração irreprimível de fraternidade, impelindo à comunhão com os outros". 1

Entendemos que este sentimento de solidariedade e fraternidade, que nos invade no Natal, está dentro de nós, é uma vocação do homem. Mas por que este 'espírito natalino' não se torna algo efetivo, no nosso dia a dia, durante os outros 11 meses do ano?

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Foto: Arquivo CN

O fato é que estamos mergulhados numa sociedade que já não constrói pontes entre seus semelhantes, pelo contrário, evidenciam-se, a cada dia, os abismos entre o "eu" e o "tu". Construímos muros cada vez mais altos ao redor de nossas casas, nos agrupamos, inseguramente, em condomínios que são verdadeiras fortalezas (ou prisões) de luxo, consumimos compulsivamente – agora sem sair de casa – para entorpecer nossas angústias interiores. Até ter filhos se tornou um peso associado ao 'custo x benefício', que pode prejudicar uma viagem para Cancun ou Paris, ou até mesmo a aquisição do carro do ano.

Parece que temos mais, vivemos mais, temos melhores condições e conforto, mas, existencialmente, nos sentimos fracassados, inseguros e infelizes. Como diz o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, "a certeza e a segurança das condições existenciais dificilmente podem ser compradas com os recursos da conta bancária". 2


Papa Francisco

Em sua mensagem do dia 1º de janeiro de 2014, por ocasião do Dia Mundial da Paz, o Papa Francisco fez duras críticas ao que vem chamando de "cultura do descartável", reflexo dessa sociedade individualista e materialista. Segundo Francisco, não há vida digna se cada homem e mulher não redescobrir a sua vocação à fraternidade e à comunhão, ou seja, não podemos falar de paz se não sairmos do nosso comodismo para cuidar de nossos irmãos mais necessitados. Toda guerra, toda injustiça e desigualdade social, segundo o Papa, têm a sua gênese na "rejeição radical da vocação de ser irmãos".

A fome, a desigualdade, a corrupção, o racismo, a violência, as drogas, tudo aquilo que desejamos extirpar da nossa sociedade, tem a sua fonte no meu e no seu individualismo. Sobre todos esses problemas sociais, questionou-nos o Papa Francisco quando veio ao Brasil por ocasião da Jornada Mundial da Juventude: "Você é o que lava as mãos e vira para o outro lado?" 3

Esses discursos de Francisco contra a cultura do conforto e do individualismo nos ajudam a entender que não basta lutar contra a pobreza, contra a corrupção ou até fazer uma boa ação de Natal se não combatermos uma doença muito mais profunda no coração do homem moderno: o egoísmo. Para isso é preciso que coloquemos em prática o que o Pontífice tem chamado de "cultura do encontro".

Como cristãos, não podemos mais nos isolar em nossas ilhas de conforto e bem-estar, saindo de nosso comodismo apenas em épocas natalinas. O remédio para a doença do individualismo é o serviço ao próximo, "uma Igreja que se organiza para servir a todos os batizados e homens de boa-vontade",4 desde os que estão em nosso lar até os mais necessitados e marginalizados da sociedade. Para sermos felizes todos os dias do ano é preciso seguir o conselho do Mestre: "Há mais alegria em dar do que em receber" (At 20,3).


1 Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz – 01/01/2014
2 BAUMAN, Zygmunt "Comunidade – a busca por segurança no mundo atual"
3 Discurso do Papa Francisco durante a Via-Sacra na Praia de Copacabana – JMJ
4 Discurso do Papa francisco ao Conselho do CELAM – 29/07/2013


Daniel Machado

Daniel Machado de Assis, natural de São Bernardo do Campo-SP, é membro da Canção Nova desde 2002. Psicólogo formado pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo, também estudou filosofia pelo Instituto Canção Nova. Atualmente é coordenador do Núcleo de Psicologia Canção Nova que tem por objetivo assessorar e auxiliar a formação dos membros desta instituição.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/natal/natal-tempo-de-redescobrir-valores/