Se não tivéssemos aprendido um pouco sobre a metamorfose das borboletas, sequer poderíamos imaginar que o mesmo inseto que esvoaça entre flores tenha sido uma asquerosa lagarta, a qual, semanas antes, estava rastejando pelo mesmo jardim. Foram necessários interesse e maturidade para estudar o delicado comportamento dessas lagartas; do contrário, teríamos nos empenhado no extermínio daquelas devoradoras de plantas e erradicaríamos da natureza a beleza colorida que vivifica os bosques. Uma dedicação semelhante se faz necessária para cada um de nós quando a questão é relacionamento.
Como seria fácil se, para o nosso convívio diário, – diante das divergências e na tentativa de convencer alguém sobre uma determinada opinião,– pudéssemos inserir um cartão de memória pré-programada para obter os resultados esperados, como fazemos em máquinas. Ou ainda, não estando satisfeitos com as atitudes e procedimentos de alguém, simplesmente cortássemos o contato com ele, como podamos os ramos de uma árvore em nosso jardim.
Não sufocar os relacionamentos
Por diversas vezes, já tivemos vontade de "abrir" a cabeça de alguém e fazer com que ele entendesse o nosso pensamento, para que vivesse nossa vontade. Entretanto, bem sabemos que, diante de tais desafios, muitas vezes, tomamos atitudes enérgicas, apoiadas em nosso autoritarismo. Se assim agirmos, estaremos sufocando a "metamorfose" na vida daqueles que ainda precisarão atingir o próprio amadurecimento, tal como ocorre com as borboletas.
Quem se abre aos relacionamentos deverá estar sempre disposto a resgatar a saúde do convívio, mesmo quando inúmeras situações indicarem a facilidade da fuga como válvula de escape. É verdade que somente nos desentendemos com aqueles com os quais realmente convivemos e, de maneira especial, quando as coisas não vêm ao encontro das nossas cômodas intenções. Muitas vezes, preferiríamos viver numa ilha, isolados de tudo e de todos, especialmente quando experimentamos as asperezas dos desentendimentos, comuns e pertinentes nos relacionamentos. Em outras ocasiões, surge até o desejo de pegar um dos nossos amigos pelo pescoço, chacoalhá-lo e jogá-lo contra a parede. Certamente, tal vontade tem de ser controlada, já que esses sentimentos tendem a desaparecer com a mesma velocidade com que emergiram no calor dos ânimos exaltados.
Rumo a maturidade
Contudo, a lição proposta pela vida é a de sempre conquistarmos alguns passos à frente na caminhada que estamos trilhando rumo à maturidade. Mas como fazer com que um infortúnio se torne uma história de superação? Sem culpar pessoas ou acontecimentos, passemos a considerar as consequências do impasse que estamos enfrentando. Sem parar na dificuldade, busquemos as possíveis soluções ao nosso alcance. Pois, assim como o rochedo desafia um alpinista, as nossas diferenças permanecerão imóveis até que nos coloquemos em ação para superá-las.
Tal como as ondas do mar roubam as areias sob os nossos pés, as desavenças, impaciências, irritações e invejas solapam os alicerces das nossas amizades. Penso não existir coisa mais descabida numa relação pessoal do que o ato de "dar um gelo", ou como alguns preferem dizer, "matar fulano no coração", ou seja, esquecê-lo. Ignorar, mudar de calçada ou desconsiderar a presença de alguém, que antes fazia parte de nosso círculo de amizade, faz com que retrocedamos ao tamanho das picuinhas dos seres mais ínfimos que podemos imaginar. Seríamos injustos se comparássemos tais atitudes ao comportamento infantil, pois, na pureza peculiar das crianças, sabemos que logo após seus acessos de raiva, estas instantaneamente voltam à amizade sem nenhum ressentimento ou mágoa.
Pelos motivos acima apontados, muitas vezes, ferimos os sentimentos daqueles com quem convivemos; talvez, na mesma intensidade de uma agressão física.
Para nós adultos, reviver a aproximação com alguém que tenha nos ferido não é uma atitude fácil. Ninguém é superior o bastante para estar livre dos erros e deslizes em seus relacionamentos. Podemos ser vítimas, também, de nossos próprios ataques que, refletidos em atos potencializados pela ira, descontentamento ou ciúme, tenham decepcionado um amigo com nossas grosserias ou indiferenças. O restabelecimento desses abalos em nossas relações, ainda que não seja algo fácil, poderá ser possível ao tomarmos a iniciativa da reaproximação, por exemplo, a partir das atividades ou coisas que eram vividas em comum.
"Atire a primeira pedra aquele que nunca errou". Assim, ao nos colocarmos na mesma condição, – sujeitos aos mesmos erros, – justificaremos a atitude do destrato sofrido não como sendo um comportamento próprio do nosso amigo, mas como resultado de uma faceta ainda desconhecida dentro do nosso convívio, a qual precisará ser trabalhada.
Expectativa e frustração são frutos de experiências vividas, por isso é preciso aprender com elas
Lidar com a frustração é definitivamente uma tarefa difícil, mas pode trazer benefícios e crescimento emocional, dependendo da forma como a encaramos. Parar no negativo não é a melhor escolha, até porque já está provado que o que alimenta a frustração e aumenta o tamanho da dor são os pensamentos negativos, pois eles alteram o humor e até mesmo o comportamento da pessoa, podendo leva-lá a assumir uma atitude de derrota com frases como: "Nada dá certo para mim" ou "Eu sou um fracasso". Porém, como nem tudo o que pensamos está de acordo com a realidade, principalmente nessa hora é importante questionar os pensamentos e enfrentar a frustração, por exemplo, com uma releitura do acontecimento, dando importância ao que realmente vale a pena.
No meu caso, já passei e passo por diversas experiências de expectativas frustradas e tenho aprendido a superá-las, acima de tudo, com a graça de Deus e por meio da oração. Posso partilhar, por exemplo, uma situação que até relato no meu livro – 'Por onde andam seus sonhos? Descubra e volte a sonhar' –, com relação à celebração das bodas de 50 anos de casamento de meus pais.
Minha família e eu vínhamos alimentando, há algum tempo, a expectativa de fazermos uma celebração em comemoração às bodas. Porém, antes da data marcada, meu pai faleceu, e tudo o que havíamos planejado perdeu o sentido. É claro que sofri, chorei e senti-me desapontada, mas procurei discernir o que poderia aprender com aquele acontecimento. Fui percebendo, com o tempo, que era mais importante eu ter a lembrança de um bom pai conservada em minha memória do que festejar suas bodas. Esse pensamento deu um novo sentido para o fato, e, aos poucos, a gratidão foi ocupando o lugar da dor. Não se trata simplesmente de pensar de forma positiva ou fugir da realidade. É procurar ver as coisas do ponto de vista de Deus e pedir que Ele mostre como uma circunstância aparentemente negativa pode, na verdade, trazer-nos algo de bom, inclusive uma nova maneira de ver a vida.
Aprendendo a lidar com as expectativas e frustrações
É claro que cada pessoa aprende a lidar com expectativas e frustrações vivendo suas próprias experiências. E é por isso que não existe uma receita pronta, que funcione com todo mundo.
Em geral, acredito que a dificuldade ou não em lidar com a frustração seja um reflexo da maneira como lidamos com a vida. Alguém que foi criado em um ambiente onde seus desejos eram sempre atendidos, e nunca assumia as consequências de suas ações, provavelmente será um adulto que não saberá lidar com um 'não', muito menos com as expectativas frustradas. Essa pessoa terá forte tendência a ser intolerante e até a produzir conflitos em seus relacionamentos, exatamente pela necessidade em ser sempre aprovado, ou ainda, passar a vida inteira estressado, tentando evitar a frustração, mas não existe uma forma de evitá-la completamente. As expectativas são realidades inerentes à vida, somente quando aceitarmos conviver com elas, mesmo correndo o risco de nos depararmos com a frustração, é que conseguiremos viver plenamente.
Já ouvi, por exemplo, alguém dizer: "Não vou criar expectativas para não me frustrar". Essa atitude é, de certa forma, uma defesa, mas aceitar a possibilidade de frustração não é, na verdade, uma expectativa? E mais: quem procura evitar frustrações limita suas experiências e oportunidades de conquistas, sentindo-se, em todo caso, frustrado no final. É o mesmo que dizer: "não vou amar para não sofrer" e passar a vida sofrendo por causa da solidão.
A meu ver, a grande questão é justamente descobrirmos qual é o verdadeiro sentido da nossa vida. Se já sabemos, por exemplo, que viemos a este mundo para fazer o bem, amar e sermos amados, a primeira providência que tomaremos diante da frustração será confiar no amor de Deus e nos abandonarmos n'Ele, mesmo em meio à dor. Até porque, ao fazermos essa experiência, vamos perceber que nosso passado está na misericórdia de Deus, nosso futuro na Divina Providência. Já o presente está em nossas mãos e podemos escolher vivê-lo com sentido, gratidão e alegria, certos de que Deus vê além e tem sempre o melhor para cada um de nós.
Faça uma reflexão sobre o que a Igreja diz sobre o purgatório
É frequente rezar, especialmente neste mês de novembro, pelas "almas do purgatório". Mas o que é o purgatório?
Nós lemos, no Evangelho de Mateus, que um fariseu fez a seguinte pergunta a Jesus: "Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?".
Jesus respondeu: "Amarás ao Senhor teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e toda a tua mente. Este é o maior e o primeiro mandamento. E segundo é-lhe semelhante: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo" (Mateus 22,35-39).
Vamos refletir sobre essa resposta e nos perguntar com sinceridade: quem de nós ama a Deus com todo o coração, alma e mente? Quem de nós ama o próximo como a si mesmo? No primeiro domingo de novembro, a Igreja, no Brasil, celebra a festa de todos os santos e, continuamente, apresenta-nos uns "modelos" daqueles que, de verdade, amaram a Deus e ao próximo "com toda a sua vida".
Nós, humildemente, olhamos para esses modelos e precisamos confessar: eu não amo a Deus como um São Francisco, uma Santa Clara, um Santo Afonso, um S. João XXIII, uma Madre Paulina, um Padre Vítor Coelho de Almeida; ou como muitos outros cristãos pouco conhecidos, mas que deram um extraordinário exemplo de fé e amor.
Nosso amor a Deus e ao próximo, frequentemente, fica misturado com egoísmo, com vaidade, presunção, negligência, falta de delicadeza, instabilidade e "pouca fé".
O que diz o Catecismo da Igreja Católica?
O Catecismo da Igreja Católica nos ensina a distinguir entre pecado mortal e pecado venial (N. 1855-1856). Na primeira situação, o ser humano teve um comportamento tão grave, que rompeu sua ligação mais profunda, tanto com Deus quanto com o próximo. No segundo caso, essa ligação permanece, mas não é perfeita.
O que acontece quando o homem chega ao fim da sua vida e deve entrar em contato com o Deus totalmente santo? Com Deus ninguém convive se não for totalmente d'Ele. Diz o livro do Apocalipse (21,27) que, no céu, na "cidade santa", na "nova Jerusalém… não entrará nada de impuro".
É aqui que reside o lugar teológico do purgatório. O purgatório significa, pois, a graciosa possibilidade que Deus concede ao homem de poder e dever, na morte, amadurecer radicalmente. O purgatório é esse processo doloroso, como todos os processos de ascensão e educação, no qual o homem, na morte, atualiza todas as suas possibilidades, purifica-se (daí o termo "purgatório") de todos os limites, fruto da própria história de pecado, de maus hábitos adquiridos ao longo da vida.
São Pedro, na sua primeira carta (1,14-16) escreve: "Como filhos obedientes, não vos conformeis com os desejos que tínheis no tempo da vossa ignorância; mas, assim como aquele que vos chamou é santo, sede também vós santos em todas as vossas ações, pois está escrito 'Sereis santos porque eu sou santo' (Levítico 11,44)".
Como não lembrar a outra palavra que lemos em Mateus 5,48: "Sede perfeitos, como é perfeito vosso Pai celeste?".
Deus nos pede a perfeição, ele nos quer perfeitos e, por meio da Sua graça, que sempre nos acompanha nesta e na outra vida, ele nos transforma de imperfeitos em perfeitos. Essa graça, na vida presente, é oferecida à nossa "liberdade". O homem pode dizer a Deus um 'não' definitivo ou 'sim', mas não de uma maneira perfeita. Então, a sua graça nos acompanha até o momento em que esse 'sim' se tornará perfeito: e se isso não acontece antes da nossa morte, acontecerá depois dela, para aqueles que escolheram amar a Deus e ao próximo, mas não chegaram a fazê-lo "com todo o coração". Eis o "lugar", ou melhor, o "estado", a "situação" do Purgatório.
Por que purgatório?
A essa altura, pode-se perguntar quando, na história e na doutrina da Igreja, fala-se do purgatório.
Na antiga Igreja, a ideia do purgatório se desenvolveu em relação à prática penitencial. De fato, se por um lado Jesus concedeu aos apóstolos o poder de perdoar os pecados (cf. João, 20,22-23), por outro, a Igreja organizou sua "prática penitencial" de maneira diferente, em épocas diferentes. Hoje, temos a modalidade do sacramento da "confissão", mas, desde o início até o século VI, houve a modalidade da penitência pública, concedida uma vez na vida e reservada para os pecados mais graves e públicos, caracterizada por um longo (de anos) e difícil caminho de expiação, que se concluía com uma reconciliação eclesial, por meio do bispo. Reinava, então, a insegurança quanto ao batizado que houvesse cometido um pecado mortal e em consequência se achasse excluído da vida comunitária da Igreja, se estava suficientemente purificado e havia feito suficiente penitência para poder ser admitido novamente na Celebração Eucarística. E, em suas dúvidas, as autoridades eclesiásticas se decidiam a conceder a reconciliação, que, às vezes, parecia demasiado prematura, movidas pelo pensamento de que, além da morte, existe uma possibilidade de purificação ou reconciliação. Quem mais difundiu a doutrina do purgatório foi o Papa Gregório Magno (papa desde o ano de 590 até 604).
A convicção eclesiástica criou diversas formas de expressão na liturgia. Já no século II, atesta-se uma oração pelos falecidos. Desde o século III, existe o costume de orar por eles durante a Celebração da Eucaristia.
A Igreja Católica ensinou explicitamente a existência do purgatório no Segundo Concílio de Lião (1274), no Concílio de Florença (1439) e no Concílio de Trento (1545-1563).
O que fazer para não passar pelo purgatório?
Diante desse ensinamento da Igreja, vamos agora nos perguntar: "O que vamos fazer para "evitar" o purgatório ou para chegarmos no fim da vida mais "purificados" do que estamos agora?
"Viver é aprender", diz o provérbio. Temos a vida toda para aprender a "amar a Deus de todo o coração e amar o próximo como a nós mesmos". Nessa caminhada, fazemos também a experiência do pecado, mais ou menos grave. Não podemos, então, esquecer o significado da palavra Evangelho. Essa importante palavra vem do grego e se traduz como "boa nova", "bela notícia". Qual é a "bela notícia"? Ei-la: Deus é misericórdia, Deus é graça, Deus perdoa, Deus é como o Pai do Filho Pródigo. Manifestou esse amor dando-nos seu Filho, Jesus, nosso Salvador, que deu a vida por nós, que nos salvou através da sua morte – ressurreição e do dom do Espírito Santo. Naturalmente, o homem tem que fazer a sua parte, acreditando neste amor e convertendo-se.
Falamos que a Igreja é santa e pecadora ao mesmo tempo. Trata-se, para todos nós, de uma luta contínua entre o pecado e a graça. Vamos, aos poucos, aprender a "viver como Jesus viveu". É um processo educacional: os que mais aprendem, às vezes, depois de uma experiência de pecado, chegam no fim da vida "purificados", "prontos" para "ver a Deus face a face". Os que escolheram a Deus de verdade, mas que ainda não se aperfeiçoaram de maneira completa, na morte irão completar este "processo de conversão": eis o "purgatório".
Quanto vai durar? Depois da morte vamos ficar sem relógio. No fundo, é ridículo falar de 100 anos ou de mil anos de purgatório. Entramos no mistério da vida após a morte. Só Deus sabe.
Em suma, somos chamados, desde já, a percorrer o caminho da santidade. Não vamos esquecer que, no Concílio Vaticano II (1962-1965), a Igreja falou da "Vocação universal à santidade" (cf. Documento sobre a Igreja, Lumen Gentium, n. 39-42). Todos os cristãos são chamados a ser santos, naturalmente dentro da específica vocação de cada um. Por fim, lembramos que, no Dia de Finados, reza-se especialmente pelos mortos, visitam-se os cemitérios. A que se devem essas práticas? São válidas?
A oração pelos mortos têm raízes já na crença dos próprios judeus, quando ocorreu o episódio de Judas Macabeus (II século antes de Cristo). Narra-se aí que alguns soldados judeus foram encontrados mortos num campo de batalha, tendo debaixo de suas roupas alguns objetos consagrados aos ídolos, o que era proibido pela Lei de Moisés. Então, Judas Macabeus mandou fazer uma coleta para que fosse oferecido em Jerusalém um sacrifício pelos pecados desses soldados. O autor sagrado louva a ação de Judas nestes termos: "Se ele não esperasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vão e supérfluo rezar por eles. E acreditava que uma bela recompensa aguarda os que morrem piedosamente. Era este um pensamento santo e piedoso. Por isso, pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres das suas faltas". (2 Mac 12,44-46)
Nesse caso, vemos pessoas que morreram na amizade de Deus, mas com uma incoerência que não foi a negação da fé, já que estavam combatendo no exército do povo de Deus contra os inimigos da fé.
No Credo, nós cristão professamos a fé na "comunhão dos santos". O que significa isso?
Procuramos a resposta no Catecismo da Igreja Católica, que assim se expressa: "A expressão comunhão dos santos designa, em primeiro lugar, as coisas santas e, antes de mais, a Eucaristia, pela qual 'é representada e se realiza a unidade dos fiéis que constituem um só Corpo em Cristo'. Esse termo também designa a comunhão das pessoas santas em Cristo, que 'morreu por todos', de modo que o que cada um faz ou sofre por Cristo e em Cristo reverte em proveito de todos. Nós cremos na comunhão de todos os fiéis de Cristo: dos que peregrinam na terra, dos defuntos que estão levando a cabo a sua purificação e dos bem-aventurados do céu: formam todos uma só Igreja; e cremos que, nesta comunhão, o amor misericordioso de Deus e dos seus santos está sempre atento às nossas orações." (N. 960-962).
Então, visitando os cemitérios e rezando pelos falecidos manifestamos a fé na "comunhão dos santos"; e, acima de tudo, manifestamos a fé na ressurreição dos mortos. A esse respeito, gostaria de concluir com as belíssimas palavras do Apóstolo Paulo, que encontramos na Primeira Carta aos Tessalonicenses (4, 13-18).
"Não queremos, irmãos, que ignoreis coisa alguma a respeito dos mortos, para não vos entristecerdes como os outros que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também devemos crer que Deus levará por Jesus e com Jesus os que morrem nele. Seremos arrebatados juntamente com eles (quer dizer, com os que já morreram) sobre as nuvens; iremos ao encontro do Senhor nos ares e assim estaremos para sempre com o Senhor. Consolai-vos portanto com estas palavras".
Vamos, então, visitar os cemitérios e rezar pelos falecidos; essas práticas são validas, pois nascem da nossa fé e a alimentam.
As festas de Natal chegaram! Mas como presentear diante da crise que vivemos?
Olimpíadas, impeachment, Zika vírus, manifestações de rua, lava-jato… Foram vários os temas que marcaram o cotidiano dos brasileiros neste ano. Dentre tantos acontecimentos, talvez a crise financeira tenha sido a que mais repercutiu na vida do povo em 2016.
A palavra "crise" foi argumento para que os muitos planos, projetos e possibilidades das pessoas e empresas fossem cancelados ou pelo menos adiados. Porém, com o fim de ano chegando, não tem jeito, mesmo com a crise, chega a hora de presentear! Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
O presente não deve ser o sentido e a finalidade das festas, mas a tradição (ou o inconsciente coletivo) interpreta que o presente, ainda que seja simples, parece materializar o bem que temos no coração e que desejamos ao outro, não é mesmo?
Dicas para não deixar de presentear
A grana está curta? As contas de janeiro já mandam lembranças? Então, quero lhe dar dez dicas de como presentear em tempos de crise, para que seu amor e consideração não "passe em branco", mas também que a alegria que você proporciona aos outros no fim de ano não se transforme em dor de cabeça, por causa de despesas fora de controle. Vamos lá:
Planejamento
Estipule quanto vai gastar com presentes. Faça uma lista das pessoas que você quer presentear e o quanto pretende gastar com cada uma.
Prefira pagamento à vista
As vantagens do pagamento à vista são duas: poder de negociação e possibilidade de não criar dívidas futuras. Se não conseguir quitar no ato, evite parcelamentos longos. No caso de compras pela internet, geralmente existe a opção de pagar ainda um pouco menos, como o boleto, por exemplo.
Pesquise preços
Tenha, pelo menos, três orçamentos do mesmo item. A partir disso, negocie, peça descontos, faça valer seu dinheiro. Visite lojas físicas, mas não se esqueça de procurar o melhor preço também na internet; e claro, desconfie de preços muito abaixo, fora do padrão de custo do item, e prefira sites com credibilidade.
Não deixe para última hora
Se, depois das festas, o que sobra no estoque tende a fazer cair um pouco os preços, nos dias que antecedem o Natal e Ano Novo pode ser que os lojistas aproveitam para ganhar um pouquinho mais, subindo as margens de lucro, quando a procura é maior; afinal, eles têm que pagar décimo terceiro e, talvez, um bônus aos funcionários.
Quanto mais tempo você tiver para pesquisar e ver opções de presentes, com calma, maior será a chance de fazer um bom negócio.
Por que não comprar parte dos presentes durante o ano? Aproveite as promoções que encontrar meses antes.
Seja criativo
Há bastante coisas interessantes para quem procura bem. Lembranças simples, mas que trazem algo de inédito, geralmente agradam e podem custar pouco. Um exemplo são as camisetas com frases de humor, os objetos ilustrados com tema da profissão ou do hobby da pessoa a ser presenteada.
Ainda há a opção de fazer você mesmo
Se você tem alguma habilidade com trabalhos manuais ou uma ideia de presente caseiro, compre a matéria-prima e confeccione você. Exemplo: uma blusa de tricô, uma caneca personalizada, um mural de recados, álbum de fotografias.
Presente tamanho família
Para uma família ou grupo de pessoas, você pode dar um só presente que todos possam usar.
Amigo secreto
Em vez de presentear cada um dos companheiros no trabalho, entre amigos de classe, grupo do futebol, promova um amigo secreto.
Use pontos
Bônus ou qualquer tipo de pontuação que você tenha em programas de fidelidade. Isso pode ajudar a desembolsar menos nos itens que você escolher para presentear.
Vale-presente
É um cartão que você paga na loja, leva a pessoa que quer presentear e ela vai retirar o que quiser dentro do limite pago por você. A opção do vale-presente, além de não deixar você errar o gosto do agraciado, proporciona que você não ultrapasse o valor estipulado em seu planejamento.
Dialogue com o familiar
No caso das pessoas mais próximas, que lhe pedem o que querem ganhar, como o cônjuge e os filhos, se o presente dos sonhos não corresponde à sua realidade de hoje, você pode fazer acordos sobre o que é o presente possível. Tem de ser algo que caiba no seu bolso, os desejos ficam como segundo critério.
Não leve as crianças na hora da compra. O poder de persuasão delas e o encantamento numa loja de brinquedos pode fazer você gastar mais.
Enfim, quando sabemos o verdadeiro significado do Natal, e nas confraternizações de fim de ano privilegiamos a amizade e o amor com as pessoas, o presente tem um valor muito maior que o seu custo financeiro. Ainda que estejamos numa crise, se você puder, vale a pena presentear quem compartilha as alegria e os desafios com você.
Boas festas! Deus o abençoe!
É possível que, alguma vez na vida, você tenha se deparado com alguma situação pessoal de pecado e achado que seu valor como pessoa tenha diminuído ou mesmo acabado. Nessa hora, vem a maldita comparação: fulano é tão bom, nunca fez coisa errada! Eu, pelo contrário, pequei muitas vezes gravemente contra minha sexualidade e afetividade. Acho que não tenho o mesmo valor para Deus que meu colega.
Talvez, eu tenha acabado de narrar algo que acontece com você ou com alguém que você conhece. Vou lhe contar uma história para lhe mostrar que seu valor independe do que você fez ou deixou de fazer:
Um famoso palestrante, conhecido internacionalmente, começou a palestra segurando uma nota de cem reais na mão. Tinha aproximadamente cento e cinquenta pessoas no local da palestra. O palestrante perguntou: "Quem quer esta nota que está em minhas mãos?" Praticamente, a sala inteira levantou as mãos. Ele amassou a nota de cem reais que estava em suas mãos e perguntou novamente: "Quem ainda quer esta nota?". Para sua surpresa, as mesmas mãos permaneceram levantadas. Amassou mais ainda e continuou a perguntar. A sala inteira não mudou de opinião, todos queria aquela nota de cem reais.
Não contente, além de amassar a nota, ele a jogou no chão e começou a pisar nela. Depois de pisar várias vezes e a nota ficar toda suja, pegou-a em suas mãos novamente, desamassou-a e falou: "Quem ainda quer esta nota de cem reais, por favor, ponha-se de pé". Foi unanime: as cento e cinquenta pessoas que estavam na sala puseram-se de pé.
Depois desse momento, o palestrante pediu para que todos se sentassem e começou a dizer: espero que vocês tenham compreendido essa dinâmica. Por mais amassado ou mesmo pisado que o dinheiro foi, ele permaneceu possuindo o valor de cem reais. Na nossa vida, também é assim. Muitas vezes, somos amassados, pisoteados, humilhados, esquecidos, mas nada disso diminui o nosso valor, jamais perdemos nossa dignidade de pessoa humana.
Palavras de São João Paulo II
Sua santidade São João Paulo II, na Encíclica Christifideles Laici, nº 37, diz que a dignidade da pessoa é o bem mais precioso que o homem possui. Esse valor transcende todo e qualquer valor material. Jesus diz: "Que serve ao homem ganhar o mundo inteiro, se depois perde a sua alma?" (Cf Mc 8,36). Nessa pergunta, está implícita uma afirmação antropológica, de que o homem vale não por aquilo que tem, mesmo possuindo o mundo inteiro, mas por aquilo que ele é. Os bens materiais podem ser importantes, mas não são eles que contam. O que conta é o bem que é a própria pessoa.
A dignidade humana, sendo ela contemplada do ponto de vista das verdades reveladas, tem uma estima incomparável, pois se trata, com efeito, de pessoas remidas pelo Precioso Sangue de Cristo, as quais, com a graça, tornaram-se filhas e amigas de Deus, herdeiras da glória eterna. Além disso, o homem é chamado a torna-se "filho no Filho", sendo ele templo vivo do Espírito Santo, tendo por destino a comunhão beatífica com Deus, a vida eterna. Por esse motivo, diz São João Paulo II que toda e qualquer violação da dignidade da pessoa, do ser humano, é um clamor por vingança junto de Deus, o Criador do homem.
Somos filhos de Deus
Somos pessoas e possuímos um valor infinito, somos filhos de Deus. Como filhos, somos herdeiros do Céu. Não deixemos que nada nem ninguém roube de nós ou nos faça esquecer o valor que possuímos. Não é o pecado, a decepção, o desprezo ou qualquer outra situação que diminuirá o nosso valor como ser humano, como pessoa. Podemos até estar amassados, pisoteados, mas isso nada interfere em nossa dignidade, em nosso valor como pessoa.
O fato de nossos pecados não diminuírem nosso valor não significa que devemos permanecer no pecado, não! Pelo contrário, reconhecendo nosso valor diante de Deus, o que mais precisamos fazer é evitar o pecado e, por isso mesmo, termos em nosso horizonte uma vida de santidade.
Elenildo da Silva Pereira Missionário da Comunidade Canção Nova e candidato às Ordens Sacras. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP)
É preciso encontrar o meio que estabelece uma boa comunicação
Ouvimos, muitas vezes, que a boa comunicação é sinal de um bom relacionamento, mas, por incrível que possa parecer, o fato de conversarmos não necessariamente significa que estamos nos entendendo. O importante, nesses momentos, é encontrarmos uma maneira de estabelecer um bom nível de comunicação.
No cotidiano de uma vida em comum, a mera proximidade física não é suficiente para estabelecermos um bom nível daquela sintonia que desejamos encontrar. A busca desse "canal de comunicação" é uma técnica muito usada pelos vendedores; basta nos lembrarmos daquelas pessoas que batiam à nossa porta para oferecer algum produto.
Elas, de maneira especial, nunca chegavam oferecendo o produto ou aquela famosa enciclopédia sem antes fazer uma sondagem sobre os variados assuntos que poderiam abrir o canal de comunicação com a possível compradora. Ao mais leve sinal de entrosamento, a conversa era conduzida por mais alguns minutos antes que o vendedor começasse a apresentar seu produto.
Se não há um receptor, em vão transmitiremos as informações. Então, dentro do diálogo entre casais, é preciso também encontrar esse meio que estabelece a conexão entre eles, pois, de que serviria uma estação de rádio, se ela preparasse uma excelente grade de programação para os habitantes de uma cidade, mas a transmitisse numa faixa fora da frequência dos rádios locais?
Por mais que a estação, tentando manter um nível de comunicação com seu ouvintes, aumentasse a potência de seus amplificadores, jamais conseguiria ter uma sintonia eficiente. Da mesma maneira, se desejamos discutir ou convencer alguém de um assunto, é preciso, em primeiro lugar, encontrarmos uma maneira de nos conectarmos com a outra pessoa antes mesmo de começarmos a falar daquilo que nos incomoda ou que, simplesmente, queremos partilhar.
Para diminuir o estresse de uma discussão, a dica é começar na escolha do melhor momento para conversar. Façamos como os astutos vendedores, que aplicam muito bem suas técnicas.
Quando criança praticava os mais variados tipos de esportes. Sempre gostei de disputar, competir, e claro, de vencer. Isso me trouxe um problema, pois detestava perder. Lembro-me de minha mãe dizendo, várias vezes, quando me via reclamando de uma derrota no jogo de bolinhas de gude, por meu time ter perdido no futebol ou por qualquer outra derrota: – "Menino, você precisa aprender a perder!" É verdade. Eu preciso aprender a perder!
A vida é uma constante de vitórias e de derrotas. Faz parte da dinâmica da nossa existência. E nesse movimento de alegrias e tristezas, de conquistas e de ruínas, em fevereiro de 2007, tive minha pior derrota: perdi meu pai.
Na morte do meu pai senti falta de não ter aprendido a perder. Nessa perda, a maior da minha vida, tive vontade de desistir de tudo, de me revoltar com Deus, de brigar e reclamar, como fazia quando perdia qualquer disputa na minha infância, mas uma situação interessante aconteceu. No momento do enterro tudo foi muito doloroso. Só quem já passou por essa situação sabe como é. Eu estava de braços cruzados e de repente uma mão se enfiou por debaixo do meu braço e segurou a minha mão.
Não olhei para ver de quem era aquela mão. Na verdade, nem sabia ao certo quem eram as pessoas daquela multidão que acompanhava o enterro. O que importava é que alguém me deu a mão, alguém segurava a minha mão no momento em que eu perdi, no momento da derrota. Assim que terminou o enterro aquela mão se soltou e a pessoa voltou-se para trás. Depois fui saber quem me dera o apoio, mas na hora nem pensei em procurar o dono daquela mão, pois sabia que aquela era a mão de Deus.
Ainda não aprendi a perder. Ainda sofro com as derrotas. Mas essa experiência tem me feito buscar nas derrotas a presença de Deus, que não me deixa só. A mão de Deus que me ampara. A presença de Deus que me faz crer que depois da morte vem a ressurreição. E a ressurreição é vida nova. Mudanças positivas acontecem. Novidades aparecem…
De lá para cá continuei perdendo, mas por meio dessas derrotas, tenho tentado permitir que Deus, com sua mão, não somente me ampare, como fez no dia do falecimento do meu pai, mas que também me conduza pelos caminhos que Ele tem para mim. Afinal: "Somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou" (Rm 8,37).