20 de abril de 2016

A mentira de estimação

A mentira serve para encobrir os fracassos

Que mal faz uma mentira? "Foi por uma boa causa! "Eu não tinha outra escolha. "Foi para proteger a pessoa. "Teria sido muito pior se tivesse contado a verdade".

A mentira de estimação -1600x1200Foto: Wesley ALmeida

Quantas desculpas são apresentadas para sustentar as pequenas mentiras do dia a dia! Diante de tantas justificativas, talvez nos convençamos de que, afinal, mentir não é algo tão grave assim. Não existem aqueles que 'mentem e nem sentem'? Esse é o resultado de nos acostumarmos com as mentiras, esse "pecado de estimação". Mas se acreditarmos que Jesus é o caminho, a verdade e a vida", o que nos impedirá de agir conforme aquilo que dizemos acreditar?

Você já mentiu hoje? Seja honesto. Já passou alguma informação distorcida, exagerada ou enganosa pela internet ou no meio em que convive? Já assinou o ponto fora de hora? Quantas desculpas você já deu de atrasos e pequenas infrações? E quando a mentira tem a finalidade de evitar que alguém se decepcione ou fique magoado com você?

Como aprendemos a mentir

Como a mentira entra em nossa vida? Como aprendemos a mentir? Algumas questões são úteis para você deixar definitivamente a mentira de lado. Na sua família, existe o hábito de justificar as coisas com pequenas mentiras? Quando alguém telefona para sua mãe e ela não quer atender, como você responde a quem ligou? O que você é orientada a falar? Pois é, são essas pequenas mentiras, muitas vezes aprendidas em família, na orientação dos pais para os filhos ou em seu modelo, que formam a base do hábito de mentir. Um hábito que os próprios pais estabelecem, mesmo não querendo.


Talvez, seja possível perceber, com um pouco de honestidade e ao avaliar as situações em que mentimos, que isso acontece por não sabermos como fazer o certo. Será que essa é uma desculpa para não nos empenharmos em melhorar? Se nos propusermos a ser melhores, o caminho será um só: aprender a falar sempre a verdade, por mais difícil que seja! Ouvi, certa vez, uma senhora dizer que "a verdade, quando dita com ternura, nunca prejudica ninguém".

Mentira: uma forma de encobrir os fracassos

A mentira serve para encobrir os fracassos que experimentamos quando erramos, quando optamos pelo 'mal', quando justificamos nossas incoerências, quando não conseguimos fazer o bem que gostaríamos (Rm 7,19) nem conseguimos expressar, de forma clara, objetiva e direta o que sentimos, o que pensamos, o que esperamos, o que gostaríamos. Quantas vezes fugimos de situações constrangedoras, dizendo estar ocupados, cansados ou doentes? Quantas vezes foi necessário recorrer às mentiras para esconder nossa dificuldade em dizer ''não''?


Ser sincero parece ser mais difícil, porque nos expõe mais. Se você conhece a alegria de uma relação transparente, com certeza vai optar por assumir suas fraquezas e dificuldades. Mentiras 'brancas' ou 'pretas', 'leves' ou 'pesadas'. Não importa! Se você quer buscar a vida, é preciso buscar a verdade. Essa é a busca que nos abre as portas para descobrirmos o que há de melhor em nós, mas que, muitas vezes, desconhecemos: os dons que nos foram agraciados para, com eles, lidarmos com todas as dificuldades (ternura, paciência, brandura). Não podemos mais ser coniventes com a mentira.

Reconhecer-se mentiroso


O principal problema para o mentiroso é a recusa em reconhecer-se um mentiroso. Por isso, talvez seja o momento de rever as perguntas iniciais, identificar as mentiras na sua vida, as mentiras que você vive e conta para si mesmo, pensar nas causas e, principalmente, assumir sua responsabilidade por uma conversão, por uma mudança. Observe-se. Identifique as mentiras. Analise o motivo, a dificuldade em se comprometer com a verdade naquela situação. Proponha-se, então, a enfrentar essa dificuldade.

A alegria consiste em viver reconciliado com sua realidade, sem fugas, sem esquivas, sem desculpas, portanto, sem mentiras. Ser livre consiste em assumir as consequências dos nossos atos. Por pior que seja a realidade, as verdadeiras ervas daninhas são aquelas que você cultiva no seu coração quando foge de viver o que sua realidade lhe oferece.

Só para finalizar: aquela história de ""no dia que ele mudar, eu mudo"," muitas vezes é um tipo de mentira também. Portanto, não olhe para o outro, mas para aquilo que hoje em você precisa encontrar a verdade.

Cláudia May Philippi – Psicóloga Clínica – CRP 2357/1
Endereço eletrônico: c.may@tvcancaonova.com
Kleuton Izidio Brandão e Silva – Psicólogo Clínico – CRP 6089/1
Endereço eletrônico: kleuton@abordo.com.br


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/a-mentira-de-estimacao/

18 de abril de 2016

Como dominar os impulsos sexuais?

Controlar os impulsos não é uma tarefa fácil, mas também não é impossível

Novelas, músicas, propagandas, outdoors, um passeio no shopping. Cenas, fatos, situações e momentos que, muitas vezes, estão recheados de um estímulo "mega-power-sexappeal", ou seja, estímulo sexual para todos os gostos! Somos provocados a ver sexo em tudo!

Sobreviver a esse cenário torna-se, de fato, uma "odisseia no espaço", uma "guerra nas estrelas", pois parece que, a todo momento, somos chamados a uma espécie de sombra do mal, a nos transformarmos de Anakin para Darth Vader! Oh, meu Deus, como controlar tantos impulsos sexuais se, a todo momento, somos estimulados a colocá-los para fora?

Alguns passos para sobrevivermos a este cenário tão louco.

Como dominar os impulsos sexuais - 1600x1200Foto: Daniel Mafra


Primeiro passo: controlar e não dominar

Não gosto muito da palavra "dominar", soa como algo ruim, que precisa ser contido, reprimido, e não creio que Deus seja tão injusto a ponto de colocar, dentro de nós, os impulsos sexuais e exigir de nós a repressão deles. Também não acredito que Ele nos peça para os dominar como se fossem uma "força do mal" a ser exorcizada.

Prefiro a palavra "controle", ou seja, como controlar os impulsos sexuais? Controle é o mecanismo pelo qual medimos o resultado de um processo comparando-o a um valor desejado. Então, controlar os impulsos sexuais é ser capaz de viver os desejos, as vontades a partir do valor que temos e do valor que damos ao outro. Quando partimos da relação de valor, conseguimos controlar os impulsos e, assim, dar a eles um destino mais pleno e prazeroso.

Segundo passo: canalizar os desejos

Somos homens e mulheres com desejos. Os impulsos sexuais não estão em nós como algo desconexo, mas dizem de nossa identidade. Vou além: eles dizem de nossa identidade de filhos de Deus.

O Senhor nos criou homens e mulheres. Não tem essa de "Deus, tire de mim os desejos sexuais!". Não! Sinto muito lhe dizer, mas Ele não os tirará! Eles estão aí para serem canalizados. São os desejos que levam um homem a se encontrar com uma mulher, são impulsos, forças que nos levam a viver uma relação. O que precisamos pedir é: "Deus, ajude-nos a canalizar esses desejos sexuais para uma vida mais plena e saudável. Ensine-nos a canalizar o que sentimos, baseando-nos no valor que temos e possuímos". Se temos bem claro, na cabeça e no coração, que somos chamados a viver um amor total, fiel, livre e fecundo, daremos conta de canalizar nossos impulsos para relações totais, fiéis, livres e fecundas. Quando vier o impulso sexual, de querer o outro para nós, podemos, nessa hora, usar essa força para termos o outro dentro de nós, como alguém que merece nosso amor, nosso valor!

Diante de uma linda mulher, que chame sua atenção – sexualmente falando – você pode:

a) olhar, desejar e trazer para sua mente como uma possibilidade de tocar, manipular e obter prazer! Ou:

b) olhar, apreciar e trazer para sua mente como uma realidade de amar, valorizar e promover.


Você escolhe (a) ou (b), ou seja, ao ver uma mulher muito bonita, você teve o impulso sexual, a atração, o desejo por ela, mas, nessa hora, escolhendo a alternativa (b), canalizou esse impulso e o enobreceu, não o reprimindo. Deu a ele um lugar de nobreza! Sabe aquela passagem da Bíblia que diz: "É do coração humano que saem coisas boas e ruins?" Então, você vê e, no coração, dá destino ao impulso que surgiu! Escolha (a) ou (b).

Terceiro passo: Conhecer a força da força!

Todos temos impulsos sexuais. Isso é inerente ao nosso ser! Mas precisamos conhecer esses impulsos, saber a força que eles têm, ou seja, saber quando surgem, quando é mais ou menos intenso, o que faz dentro de nós, o que fazer quando eles vêm. Conhecê-los é a melhor maneira de controlá-los e identificá-los, é o jeito de melhor encontrar um destino para eles. As pessoas perdem essa batalha quanto querem lutar contra algo que não conhecem. Não se trata de uma luta contra algo do mal, mas sim para integrar isso que faz parte de você. É uma luta para juntar: impulso sexual+valor+amor+Deus. Por aí vai! Sem autoconhecimento não há vitória.

Quarto passo: Fugir ou encarar?

Quando conhecemos nossos impulsos sexuais, a força que eles têm, o lugar e as situações para onde querem nos levar, podemos ficar em uma encruzilhada: encarar ou fugir? Na verdade, os dois. Encarar, tomar conhecimento ou fugir, ou seja, viver esse processo que acontece depois do "encarar", isto é, perceber e, depois, por saber que não daremos conta, fugir. Mas sabendo do que está fugindo.

Muitas vezes, não escutamos o movimento que rola em nosso interior e ficamos mais presos às relações por medo de nós mesmos. Fugir, conhecendo e buscando compreender do que estamos fugindo, para ficar mais fortes para o próximo combate. Pois ele virá! Nessa hora, é preciso se perguntar: Quais meus pontos fracos? Onde sou mais vulnerável? O que me desordena afetivamente? Mais uma vez, conhecer-se é a arte de se controlar!

Quinto passo: Retornando ao estado de Jedi

No epsisódio 'O Retorno de Jedi', podemos ver como Luke acredita na bondade existente ainda em Darth Vader; e por acreditar nisso, assistimos, numa cena fantástica, a "redenção de Vader". Enquando o Imperador Palpatine estava para matar Luke com uma rajada final, Darth Vader, com o seu braço, ou melhor, com o que restou dele, agarra Palpatine e o lança no poço do reator principal da Estrela da Morte, destruindo, definitivamente, o diabólico Senhor dos Sith, assim concluindo a profecia na qual os Sith são exterminados.

Vader torna-se, novamente, Anakin Skywalker. Sim, ele volta a ser o que era! E o que isso tem a ver o com controle dos nossos impulsos sexuais? Tudo! Muitas vezes, somos como o jovem Anakin, que se deixa levar pela corrupção do mal. Nós, às vezes, nos deixamos levar pela corrupção da pornografia, do sexo fora do casamento; enfim, por uma vida sexual sem a marca do amor verdadeiro como Deus pensou; consequentemente, passamos a viver como Darth Vader, escravos de nossos impulsos e não senhores deles!

Assim, quero lhe dizer: sempre podemos recomeçar. Há, em nosso coração, um profundo desejo de amar de verdade e viver a plenitude do que somos. Nossos afetos, desejos e vontades, ordenados para o amor verdadeiro, sempre nos fazem retornar ao que de melhor nós temos e somos. O sacramento da confissão, a Eucaristia, uma vida de oração sincera e um bom diretor espiritual são nossas armas para vencer. Mesmo quem ao ler este texto você se sinta incapaz de dar uma resposta mais cristã perante uma vida de erros, eu quero lhe dizer que foi com o que restou de um braço que Darth Vader venceu o imperador do mal. Acredito que, dentro de você, restou muito mais que um braço, restou a vontade de ser feliz e amar de verdade. Então, não perca tempo e recomece!

Esteja aberto para conquistar o Céu!


Adriano Gonçalves

Mineiro de Contagem (MG), Adriano Gonçalves dos Santos é membro da Comunidade Canção Nova. Cursou Filosofia no Instituto da Comunidade e é acadêmico de Psicologia na Unisal (Lorena). Atua na TV Canção Nova como apresentador do programa Revolução Jesus. Mais que um programa, o Revolução Jesus é uma missão que desafia o jovem a ser santo sem deixar de ser jovem. Dessa forma, propõe uma nova geração: a geração dos Santos de Calça Jeans. É autor dos seguintes livros: "Santos de Calça Jeans", "Nasci pra Dar Certo!" e "Quero um Amor Maior"


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/castidade/como-dominar-os-impulsos-sexuais/

15 de abril de 2016

Papa alerta sobre três perigos nas famílias

Exortação Amoris Laetitia: a alegria do amor na família

Amoris Laetitia (A alegria do amor) é o título da Exortação Apostólica Pós-sinodal do Papa Francisco. O documento, que tem nove capítulos, reúne os resultados dos dois Sínodos sobre a Família realizados em 2014 e 2015.

Neste artigo, destacamos três alertas que nos é apresentado, na Amoris Laetitia, sobre os perigos nas famílias.

papa-alerta-sobre-tres-perigos-nas-familiasFoto: Daniel Mafra /CN

Individualismo

O individualismo exagerado desvirtua os laços familiares e acaba por considerar cada membro da família como uma ilha, fazendo prevalecer, em certos casos, a ideia de um sujeito que se constrói segundo os seus próprios desejos assumidos com caráter absoluto.

As tensões causadas por uma cultura individualista exagerada da posse e fruição geram, no seio das famílias, dinâmicas de impaciência e agressividade.

Independência

A liberdade de escolher permite projetar a própria vida e cultivar o melhor de si mesmo, mas, se não se tiver objetivos nobres e disciplina pessoal, degenera numa incapacidade de se dar generosamente.

Se estes riscos se transpõem para o modo de compreender a família, esta pode transformar-se num lugar de passagem, onde uma pessoa vai quando parecer conveniente para si mesma ou para reclamar direitos, enquanto os vínculos são deixados à precariedade volúvel dos desejos e das circunstâncias.


Amor provisório

Refiro-me à rapidez com que as pessoas passam duma relação afetiva para outra. Creem que o amor, como acontece nas redes sociais, possa-se conectar ou desconectar ao gosto do consumidor, inclusive bloquear rapidamente.

Penso também no medo que desperta a perspectiva de um compromisso permanente, na obsessão pelo tempo livre, nas relações que medem custos e benefícios e mantêm-se apenas se forem um meio para remediar a solidão, ter proteção ou receber algum serviço.

Faz impressão ver que as rupturas ocorrem, frequentemente, entre adultos já de meia-idade, que buscam uma espécie de « autonomia » e rejeitam o ideal de envelhecer juntos cuidando-se e apoiando-se.

Correndo o risco de simplificar, poderemos dizer que vivemos numa cultura que impele os jovens a não formarem uma família, porque nos privam de possibilidades para o futuro.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/familia/papa-alerta-sobre-tres-perigos-nas-familias/

13 de abril de 2016

A espiritualidade pode ajudar na produtividade das empresas?

Como a espiritualidade pode ajudar na produtividade das empresas a partir da humanização?

Empresas buscam produtividade e a capacidade de produção está associada ao esforço oferecido por cada funcionário. Empresas crescem à medida que seus colaboradores também crescem interiormente. Quanto menor for a capacidade de crescimento interior de cada um, menor será sua produtividade.

A espiritualidade pode ajudar na produtividade das empresas
Foto: Paha_L, iStock.by Getty Images

Como a espiritualidade cristã pode ajudar as companhias a serem locais de alta produtividade gerada a partir da humanização? Jesus Cristo conhecia Seus discípulos, Ele sabia o nome de cada um, conhecia a história de vida deles. Cristo trilhou um caminho fazendo deles não funcionários do Reino de Deus, mas amigos que poderiam difundir, para outros cantos da Terra, a mensagem de amor que Ele anunciava.

Conhecer os dons de cada um

Claro que, em uma empresa de grande porte, essa realidade de conhecer cada colaborador é praticamente impossível de ser aplicada no dia a dia. Mas grandes empresas possuem equipes responsáveis por seus diversos setores. Por isso, o primeiro passo é que o empresário conheça aqueles que estão em contato direto com ele. Essa rede de conhecimento deve ser criada na base e estender-se de modo mais amplo aos diversos setores da empresa, a fim de saber quem está ao seu lado, suas dificuldades, limites e potencialidades. Conhecer os dons de cada um que com ele convive diretamente é o primeiro passo para uma equipe de base, na qual o crescimento é prioridade a ser buscada e não meta a ser imposta.


Conhecer aqueles que colaboram para o bom andamento da empresa é fundamental para que a ideia principal desse conhecimento interpessoal chegue a todos. Essa rede de amor não é impossível de ser realizada; no entanto, ela só funcionará se for vivenciada por todos aqueles que acreditam na verdade de seus princípios.

Uma rede de amor, na qual o conhecer e a acolhida são eficazes, é fruto de um processo nascido na verdade dos sentimentos de quem busca um jeito novo de vivenciar as relações no ambiente de trabalho. Ao buscar apenas o resultado financeiro, essa rede terminará, mais cedo ou mais, no fracasso.

O projeto inicial deve nascer da convicção de que as relações entre empresário e colaboradores seja fruto de um processo que busque, em primeiro lugar, superar as divisões existentes na empresa onde os funcionários não mais sejam vistos apenas como meros executores de funções, e passem a ser vistos e conhecidos como pessoas. Para o crescimento de uma empresa, o empresário terá de ter consciência de que ele, primeiro, deverá buscar o crescimento interior. Não há como exigir mudanças se antes elas não acontecerem, verdadeiramente, em sua própria vida.


 


Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Santa Rita do Sapucaí (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG).

Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: www.facebook.com/peflaviosobreiro


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/vocacao/profissao/espiritualidade-pode-ajudar-na-produtividade-das-empresas/

11 de abril de 2016

Deus é responsável por nascer crianças com deficiências?

Deus é responsável por crianças nascerem com deficiências e outros padecimentos da humanidade?

O primeiro parágrafo do Catecismo da Igreja afirma que "Deus é Perfeito e Bem-aventurado", n'Ele não há sobra, erro nem maldade. "Deus é amor" (1Jo 4,8); "Eterna é a Sua misericórdia" (Sl 117,1).

Deus é responsável por nascer crianças com deficiências - 1600x1200Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

A Bíblia é repleta de passagens que falam do amor de Deus por nós. "Deus amou o mundo a tal ponto que deu o Seu Filho único para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3,16). São Paulo disse que "essa é prova do amor de Deus por nós, porque, ainda quando éramos pecadores, Cristo morreu por nós" (Rom 5,8). Será que pode haver maior prova de amor por nós? Diante de tudo isso, não há como alguém pensar que Deus possa ser responsável por uma criança nascer com deficiência. Então, de onde vem esse mal?

Deus é suficientemente bom para tirar do próprio mal o bem

A resposta católica para o problema do mal e do sofrimento foi dada de maneira clara por Santo Agostinho († 430) e por São Tomás de Aquino († 1274):

"A existência do mal não se deve à falta de poder ou de bondade em Deus; ao contrário, Ele só permite o mal, porque é suficientemente poderoso e bom para tirar do próprio mal o bem" (Enchiridion, c. 11; ver Suma Teológica l qu, 22, art. 2, ad 2). Como entender isso?

Deus, sendo Perfeitíssimo, não pode ser causa do mal, logo, esta é a própria criatura, que pode falhar, já que não é perfeita como seu Criador. Só Deus é infalível e isento de imperfeições. Na verdade, o mal, ensina a filosofia, é a carência do bem. Por exemplo, a doença é a carência do estado de saúde, a ignorância é a carência do saber, e assim por diante. Por outro lado, o mal pode ser também o uso errado, mau, de coisas boas. Uma faca é boa na mão da cozinheira, mas na mão do assassino… Até mesmo a droga é boa, na mão do anestesista.

Deus permite que as criaturas vivam conforme a natureza de cada uma; permite, pois, as falhas respectivas. Assim, o sofrimento é, de certa forma, inerente à criatura. Mas por que Deus permite o sofrimento? Ele é Amor e Onipotência, poderia evitá-lo!

Para que o homem fosse "grande", digno e nobre, Deus o fez livre, inteligente, dotado de mãos maravilhosas, sensibilidade, vontade, memória etc., que nem as pedras, árvores e animais receberam. A liberdade é o toque maior de nossa semelhança com Deus. Ele teve de correr o risco de nos fazer livres, para que fôssemos dignos, mesmo sabendo que a criatura poderia lhe voltar as costas. Deus não poderia impedir o homem de lhe dizer "não", senão, tiraria dele a liberdade, e ele seria apenas um robô. Deus não quis isso, mas Ele nos deu também a inteligência, como uma luz para guiar nossos passos; e nos deu a vontade para permanecer no bem e evitar o mal.

Ele quis fazer a criatura humana livre como Ele, criou-o da melhor maneira possível, à Sua imagem. É a liberdade que nos diferencia dos animais, dos robôs e teleguiados. Podemos escolher espontaneamente o rumo de nossa vida e o teor de nossas ações. E nisso podemos errar, cometendo graves danos, especialmente quando usamos mal da nossa liberdade e inteligência, desobedecendo a Deus.

É Deus quem nos sustenta e nos mantém vivos, mas Ele não tira a nossa liberdade. Do contrário, não haveria merecimento nem culpa de nossa parte. Não haveria dignidade no homem. Então, por isso, Ele não quer, mas permite a morte e o sofrimento no mundo. Aqui está o nó da questão: Deus respeitou e respeita a liberdade da criatura que lhe diz 'não', embora pudesse e possa obrigá-la ao 'sim' – o que evitaria sofrimentos –, mas isso destruiria a grandeza do homem, que consiste em sua liberdade de opção.

Deus não é paternalista, é Pai

Depois de dar ao homem todas essas faculdades maravilhosas, Deus lhe deu o mundo em suas mãos, para cuidar dele como um jardineiro. "O Senhor Deus tomou o homem e colocou-o no jardim do Éden para cultivá-lo e guardá-lo" (Gen 2, 15). Se o homem não cuida bem desse mundo, se não ama os irmãos, se não obedece às leis divinas, então dá origem à dor, e isso não é culpa de Deus. Daí, surge o pecado e o mal moral, que gera também o mal físico. "O salário do pecado é a morte" (Rom 6,23). Por isso, Jesus foi até a cruz, para "tirar o pecado do mundo" (Jo 1,29), a causa de todo sofrimento e morte.

Deus não é paternalista, é Pai, ou seja, Ele não fica "passando a mão por cima" dos erros dos homens e consertando os seus estragos como fazem muitos pais. O Senhor deixa que o homem sofra as consequências de seus erros. Essa é a lei da justiça, e quem erra deve arcar com as consequências dos seus erros.

Os nossos erros geram sofrimentos para os nossos descendentes também. Os filhos não herdam os pecados dos pais, mas podem sofrer por causa desses pecados. Eu sofro não só por causa dos meus pecados, mas também por causa dos pecados dos homens, de todos os tempos e lugares, especialmente daqueles que estão mais ligados a mim: parentes, amigos etc. A humanidade é solidária.

É lógico que os vícios de um pai fazem sofrer os filhos e a esposa; e assim por diante. Deus não é o culpado nem deseja nada disso. A culpa é nossa mesmo. Que culpa teria Deus, se, por exemplo, um pai irresponsável, passasse uma noite bebendo e, depois, sofresse um acidente de carro e morresse por dirigir embriagado? Não! A culpa não é de Deus, é do homem.

O Senhor não desrespeita as leis que Ele mesmo criou

Se você teimar em ligar o seu ventilador em uma tomada de 220 volts, quando o manual manda ligar em 110 volts, é claro que você vai queimar o motor do ventilador. Que culpa tem Deus disso?

O mesmo se deu e se dá com o mundo e com o homem.

Temos um Projetista que fez o homem e mundo belos, organizados, harmoniosos, mas não respeitamos o seu catálogo; então, destruímos Sua bela obra e geramos o sofrimento.

Quando ouvimos que é preciso "aceitar a vontade de Deus" diante do sofrimento e da morte, não quer dizer que foi Deus quem quis aquele mal, aquela tragédia, doença etc. Não! Deus não pode querer o mal. Mas Ele o permite, porque não desrespeita as leis que Ele mesmo criou e, de modo especial, o nosso livre arbítrio. Deus respeita a nossa dignidade e semelhança a Ele.

Se Ele ficasse nos livrando das consequências dos nossos pecados, nunca nos tornaríamos filhos maduros. Se Ele, por exemplo, suspendesse a lei da gravidade quando alguém salta de uma altura para a morte, ele destruiria o mundo todo.

"Deus não fez a morte nem tem prazer em destruir os viventes", diz o livro da Sabedoria (1,13). "Ora, Deus criou o homem para a imortalidade, e o fez à imagem de sua própria natureza. É por inveja do demônio que a morte entrou no mundo, e os que pertencem ao demônio prová-la-ão" (Sab 2,23).


Podemos então dizer que é, principalmente por causa de sua liberdade, que o homem é grande; por isso, pode sofrer. Ele é imagem de Deus sem ser Deus. Na sua sabedoria e bondade infinitas, Deus achou por bem correr o risco de poder nos ver errar e sofrer. Foi o preço da nossa semelhança a Ele.

O Criador poderia estar constantemente vigiando o mundo, de modo que nunca houvesse algum desastre ou sofrimento. Mas esse procedimento seria menos digno de Deus, que deseja dar ao homem a oportunidade de realizar-se, tornar-se grande, com liberdade e nobreza.

As crianças e os inocentes sofrem, porque participam da dignidade humana, como já explicamos, e compartilham a sorte da humanidade.

Então, a criança não sofre para pagar os pecados de uma suposta vida anterior. Ela sofre, porque é solidária com a humanidade; e as consequências de seus erros a atingem também, embora inocente. Não é precioso inventar teorias complicadas para explicar o sofrimento, nem mesmo culpar Deus pelo erro que é nosso.


Deus não interfere no sofrimento da criança a todo instante, fazendo milagres para impedir o mal, para não destruir a ordem natural que Ele mesmo criou.

Em consequência do pecado, o sofrimento e a morte fazem parte da história de todos os homens, inocentes ou pecadores. A fé ensina que Deus Pai, pelo sofrimento redentor de Jesus, resgatará todo sofrimento da criança inocente e fará cada uma ressuscitar um dia com Cristo.

Não devemos esquecer que os primeiros mártires da Igreja são os inocentes que morreram pelas mãos de Herodes, em Belém (Jr 31,15). Hoje, são santos mártires da Igreja. O seu sofrimento não foi em vão. Não podemos olhar os fatos só com os olhos deste mundo; é preciso vê-los à luz da fé.

A Paixão e Morte de Jesus resgataram o mundo. O Pai entregou Jesus por nós assim. Ainda duvidaremos do Seu amor?


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/deus-e-responsavel-por-nascer-criancas-com-deficiencias/

8 de abril de 2016

É Deus quem escolhe a pessoa certa para eu me casar?

Encontrar a pessoa certa para casar-se não é uma missão impossível

O casamento é uma instituição divina que Deus estabeleceu desde o momento da criação do homem e da mulher. Depois de criar Eva, o Senhor Deus a levou para Adão, que ficou muito satisfeito e exclamou: "Agora sim, tenho alguém que é osso dos meus ossos e carne da minha carne, ela vai se chamar mulher" (Gen 2,23). E Deus disse ao casal: "O homem deixa a casa do seu pai, se une à sua mulher, e sereis uma só carne" (Gen 2,24).

É Deus quem escolhe a pessoa certa para eu me casar
Foto: Jason_Lee_Hughes, iStock.by Getty Images

Assim, Deus estabeleceu a humanidade sobre as bases do casamento, que Jesus elevou à dignidade de sacramento, uma graça especial para o casal viver a vida conjugal e familiar como Deus deseja.

Nesse sentido, Deus deseja que os casais que se unem em matrimônio, vivam em harmonia conjugal, de modo que a família e os filhos sejam felizes. E isso depende do namoro, de uma escolha correta com quem se casar; isto é, alguém que tenha os mesmos valores humanos e espirituais.


Desígnio de Deus

É claro que precisamos pedir a Deus a graça de encontrar aquela pessoa com quem devemos nos casar, e Ele atende nossa oração. Conheço pessoas que fizeram novenas para encontrar uma pessoa adequada para se casar e conseguiram; mas isso nem sempre acontece, pois, nem sempre os planos de Deus são os nossos. O Senhor conhece cada um de nós e sabe que, muitas vezes, o casamento não é bom para uma pessoa. Às vezes, ele chama a pessoa a uma vocação sacerdotal ou religiosa, ou mesmo celibatária. Michel Quoist dizia que "solteiro ou casado, só o egoísta desperdiça a vida".

Deus atende a quem reza e Lhe pede ajuda, mas Ele não tira a nossa liberdade; ao contrário, o Senhor nos dá inteligência e vontade para tomar as decisões certas em nossa vida com a ajuda da Sua graça. Sabemos que a graça, como disse Santo Agostinho, supõe a natureza; não a dispensa, mas a enriquece. Precisamos cooperar com a graça também para encontrar a namorada e a esposa que seja adequada. E tudo isso começa no namoro. Não existe destino, e Deus não determina uma pessoa para se unir com outra sem a decisão de ambos.

Já vai muito longe o tempo em que os pais arranjavam os casamentos para seus filhos. Para encontrar alguém adequado, é preciso procurá-lo. Normalmente, é no próprio ciclo das amizades e ambientes de convívio que os namoros começam. Sabemos que o ambiente molda a pessoa de certa forma; logo, é preciso procurar alguém naquele ambiente que vive os valores que se preza.

Onde procurar?

Se alguém é cristão, então procure entre famílias cristãs, ambientes cristãos, grupos de jovens, etc., a pessoa que procura, e peça a ajuda de Deus. O namoro começa com uma amizade, que pode ser um pré-namoro que vai evoluindo. Mas não se deve "mergulhar de cabeça" num namoro, só porque uma paixão o dominou. Não vá com muita sede ao pote, porque pode quebrá-lo.

É preciso sentir primeiro, por meio de uma pura amizade, quem é a pessoa que está a sua frente. Talvez, já nesse primeiro relacionamento amigo, pode-se saber que não é com essa pessoa que se deve namorar. É o primeiro filtro, que tem a grande vantagem de não ter ainda qualquer compromisso com o outro, a não ser de amizade.


 Cultura da alma x cultura do corpo

O namoro é o encontro de duas pessoas com base naquilo que elas são, não naquilo que têm. Não se pode escolher um namorado somente por causa de sua beleza ou de seu dinheiro, pois amanhã pode ser que você não se satisfaça só com isso. Às vezes, uma pessoa simpática, bem humorada, feliz, supera muitas outras que oferecem mais beleza e perfeição física. Infelizmente, a nossa sociedade trocou a "cultura da alma" pela "cultura do corpo". Prova disso, é que nunca como hoje as cidades estão tão repletas de academias de ginástica, salões de beleza, cosméticos, cirurgias plásticas, etc. Investe-se ao máximo naquilo que é mais inferior na dimensão do ser humano,o corpo, embora este também seja importante.

É claro que todas as moças querem namorar um rapaz bonito, e também o contrário, mas não se pode esquecer o que disse Exupèry: "O mais importante é invisível aos olhos", pois é o que não envelhece e não acaba. O que é visível desaparece um dia, inexoravelmente ficará velho com o passar do tempo. Aquilo que não se vê – o caráter da pessoa, a sua simpatia que se mostra sempre atrás de um sorriso fácil e gratuito, o seu coração bom, a sua tolerância com os erros dos outros, as suas boas atitudes, etc. –, não passa, o tempo não pode destruir, e é o que vale.

A busca pelo essencial

Se você comprar uma pedra preciosa só pelo seu brilho, talvez acabe adquirindo uma joia falsa. É preciso que você conheça a sua constituição e o seu peso. O povo diz muito bem que "nem tudo que reluz é ouro". A felicidade não está na cor da pele, no tipo do cabelo nem na altura do corpo, mas na grandeza da alma. Quantos belos artistas terminaram de maneira trágica a vida! Nem a fama, nem o dinheiro em abundância, nem os "amores" mil, foram suficientes para fazê-los felizes. Faltou cultivar o que é essencial, aquilo que é invisível aos olhos. Tenho visto muitas garotas frustradas, porque não têm aquele corpinho de manequim ou aquele cabelo das moças que fazem propagandas dos xampus, mas isso não é o mais importante, porque acaba.

Os homens de todos os tempos sempre quiseram construir obras que vencessem os séculos. Ainda hoje podemos ver as pirâmides de 4000 anos do Egito; o Coliseu Romano, de 2000 anos, e tantas obras fantásticas. Mas a obra mais linda e duradoura é aquela que se constrói na alma, porque é imortal. Portanto, ao escolher o namorado, não se prenda apenas às aparências físicas; é preciso descer às profundezas da alma do outro e buscar seus valores.

É preciso dizer também que não se pode fazer da seu namorado uma peça de exibição que faça inveja aos colegas. Ele não pode ser exibido como um carro que você desfila entre os seus amigos para mostrar sua "grandeza". Você estaria fazendo do outro uma "coisa".

Enfim, Deus nos ajuda com Seu amor e Sua graça; dessa maneira, encontrarmos alguém que nos seja adequado. Mas é preciso fazer a nossa parte. O livro do Eclesiástico diz: "É uma boa dádiva uma mulher bondosa; uma dádiva daqueles que temem a Deus. Ela será dada a um homem por suas boas ações" (Eclo 26,3). Isso mostra que um bom cônjuge Deus dá também àqueles que O amam e fazem a Sua vontade.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/relacionamento/casamento/deus-escolhe-pessoa-certa-para-me-casar/

6 de abril de 2016

O demônio existe

O problema para o homem de hoje é perguntar-se se o demônio existe

No Evangelho, ouvimos relatos de expulsão de demônios por Jesus. Talvez esse fato nos pareça um pouco raro, porque estar possuído por um demônio nos parece algo exclusivo daqueles tempos. Entretanto, isso acontece também em nossos dias, mesmo que seja pouco frequente. Mas o problema para o homem de hoje é perguntar-se se o demônio, como pessoa, existe ou não.

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Acontece que o homem moderno e até o cristão moderno apenas creem no demônio. E este tem conseguido realizar, em nossos dias, sua melhor manobra: fazer que se duvide de sua existência. Queremos, por isso, agora, meditar um pouco sobre o diabo e seu atuar no mundo e em nossa vida. Os habitantes do inferno buscam neutralizar o poder e domínio de Deus, mas porque não lhes é dado enfrentar-se diretamente com Ele, atuam indiretamente. Tratam de atrair sua criatura preferida na terra: o homem. Assim, cada um de nós é um campo de luta em que se enfrentam o bem e o mal, as forças divinas e as diabólicas. Quem negaria tal realidade?


A grande obra do diabo é o pecado

Nenhum de nós será tão ingênuo a ponto de acreditar estar fora dessa luta permanente. Cada um de nós experimenta essa tensão, esse conflito em seu corpo e sua alma. Percebemos que um ser forte atua em nós e nos quer impor sua vontade, e que necessitamos de outro mais forte para libertar-nos. Fomos libertados já no dia de nosso batismo, mas o demônio voltou a nós e deixamos que ele entrasse de novo por meio de nossos pecados.

A grande obra do diabo é o pecado. Ele é o "pai do pecado". A realidade do mal leva os homens a matar, roubar e enganar, faz triunfar o injusto e sofrer o justo. O mal torna egoísta os que já têm muito e leva ao desespero os marginalizados – tudo isso e muito mais é obra dele, bem presente e atual em nosso mundo.

Realmente, o homem não vive sozinho seu destino, pois é incapaz de ser absolutamente independente. Ou se entrega a Deus ou é acorrentado pelo demônio. Tanto no bem quanto no mal, não somos nós quem vivemos, mas é Cristo ou satanás que vive e triunfa em nós. Ou somos filhos de Deus ou somos filhos do diabo!

É necessário que Cristo nos fortaleça em nossa luta diária

Jesus Cristo combate, desde o princípio de Sua missão, contra essa potência do mal, incrivelmente ativa e dispersa pelo mundo. Em toda parte Jesus a descobre, a expulsa e destrona. Nesse contexto, devemos ver também os textos do Evangelho. No centro dos textos bíblicos não está o possuído pelo demônio, mas Cristo. A Ele devemos dirigir nosso olhar. Sozinhos, nós não conseguiremos nos soltar do poder do maligno. Com nossas forças não podemos vencer o mal dentro de nós. É necessário que Cristo nos fortaleça em nossa luta diária contra o inimigo de Deus. É necessário que Cristo nos liberte, passo a passo, do poder destruidor do inimigo.

Também a Santíssima Virgem Maria, vencedora do diabo, há de nos ajudar nisso. Como Cristo procedeu no Evangelho com os possuídos, assim quer expulsar a injustiça, a mentira, o ódio e todo o mal da terra. Quer em nós e por nós criar um mundo novo melhor, renovar a face da terra. Quer construir a nação de Deus, onde reina a verdade, a justiça e o amor.

Queridos irmãos, também nós seremos, um dia, totalmente livres da influência do maligno. Isso acontecerá no dia feliz de nosso encontro final com Deus, da nossa volta à Casa do Pai.