12 de fevereiro de 2016

Como nasce o ressentimento?

O ressentimento, sendo o instrumento do encardido, saberá sempre se disfarçar e invadir nosso coração

O ressentimento é a grande raiz de todos os nossos problemas de relacionamento. Ele é o maior responsável pela quebra de nossas relações mais preciosas.

Se é tão pernicioso, como ele aparece? Como nasce o ressentimento? Ele surge em nosso coração quando alguma coisa fugiu do nosso controle, quando algo não aconteceu conforme tínhamos previsto ou quando alguma coisa indesejada por nós acabou acontecendo. Quanto mais diferente do previsto, maior será o grau do ressentimento. Tanto faz se quem não cumpriu nossa previsão seja alguém importante ou não. Mesmo que tenha sido Deus. Se não fez como achávamos que deveria fazer, se não disse o que prevíamos que deveria dizer, se não agiu conforme tínhamos programado, nosso coração se ressente, fecha-se e começa a nos corroer.

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Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

O que causa o ressentimento?

Quanto mais inesperado for um acontecimento negativo, maior será a possibilidade de ele se transformar num ressentimento. Coisas muito simples acabam por gerar problemas muito sérios. Essa é também a causa da grande dificuldade de curar um coração ressentido. Como a causa pode ser algo muito pequeno, não é fácil percebê-la. Muitas vezes, só percebemos o tamanho do estrago depois que ele já se instalou e estraçalhou nosso coração e nossa vida. Quem de nós já não teve, em algum momento da vida, uma decepção com algo ou com alguém? Quem de nós não se sentiu maltratado, ferido ou injustiçado?

Quanto mais esperado um acontecimento positivo, maior o perigo do ressentimento caso não se concretize conforme o programado. Ressentimento é aquilo que, fugindo às nossas expectativas, acaba por nos magoar. Pode ser uma coisa boba, mas se nos decepcionou e desapontou, vamos ficando entristecidos. A tristeza acaba por se transformar nesse monstrinho que tantos estragos pode fazer em nossa vida, especialmente em nossos relacionamentos, tornando-se até mesmo um real obstáculo para a nossa salvação. Aliás, essa é a grande causa pela qual precisamos trabalhar em busca dessa cura.


Como eliminá-lo?

Quando esperávamos uma atitude ou resposta de alguém e veio uma surpresa desagradável, existe a real possibilidade de que surja o ressentimento. Como não compreendemos o mecanismo pelo qual ele se instala em nosso coração, não sabemos como eliminá-lo. Cada um de nós precisa descobrir as coisinhas corriqueiras que mais nos atrapalham. O que para um é motivo de ressentimento, para outro não é nada. Não existe uma fórmula exata, acabada e infalível. Cada um tem áreas mais fragilizadas. Nossas fragilidades não são as mesmas, assim como nossas qualidades e limitações também não são iguais. Cada um tem o seu jeito de ser besta! É preciso descobrir onde se encontram nossos pontos fracos.

O ressentimento, sendo instrumento do encardido, saberá sempre se disfarçar da pior maneira possível para invadir nosso coração. Depois que se forma, ele nos deforma. Depois que se oculta em nosso coração, ele passa a se manifestar em nossas atitudes.

Quando a mágoa entra no coração

Depois de aninhado em nosso coração, a mágoa começa a se manifestar. Essa é a hora de eliminá-la sem dó nem piedade. Aliás, a autopiedade é uma de suas armas favoritas. Toda pessoa ressentida vive e se alimenta de pensamentos negativos sobre si, sobre os outros, sobre o mundo e a vida. Tudo é pessimismo! A pessoa fica presa ao passado e está sempre fazendo a oração da lamúria. É dela que vem a depreciação de si mesmo: não posso, não consigo, não vai dar certo… Nascem daí o complexo de inferioridade e a desvalorização de si mesmo. A pessoa então vive se acusando, remoendo críticas e autocondenação. O ressentimento já começou a produzir seus frutos nesse coração.

Atenção! Ao primeiro sinal desses sintomas, não tenha dúvida: oração de perdão, renúncia e acolhimento da graça de Deus em sua vida. Faça uma limpeza completa em seu coração, pondo-se na presença de Deus e falando abertamente sobre esses sentimentos negativos. Não tenha vergonha do Senhor para não se envergonhar de si mesmo por coisas muito piores que, com certeza, se não for aniquilado, o ressentimento se encarregará de impulsioná-lo a fazer.

Padre Léo, scj
(Trecho extraído do livro "A cura do ressentimento")


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/como-nasce-o-ressentimento/

10 de fevereiro de 2016

Qual é a verdadeira riqueza da Igreja?

Saiba qual é a verdadeira riqueza da Igreja

Muito se fala sobre a riqueza da Igreja, sobre o ouro do Vaticano etc. A Igreja, sendo também uma instituição humana, incumbida por Jesus para levar a salvação a todos os homens, precisa evidentemente de um "corpo material", sem o qual não pode cumprir sua missão em toda a Terra.

A palavra "católica" quer dizer "universal". Qualquer instituição que esteja em várias nações precisa de meios materiais para manter-se. O Papa é o único chefe de Estado que tem "filhos" em todos os cantos da Terra, falando todas as línguas. São cerca de 180 Núncios Apostólicos no mundo todo. Toda essa estrutura exige, claro, recursos financeiros. No último Concílio, o Vaticano II, Papa João XXIII reuniu cerca de 2600 bispos de todas as nações, no Vaticano, durante três anos. Que chefe de Estado faz isso?

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Desde 1870, quando a guerra de unificação da Itália tomou, à força, as terras da Igreja, até o fim da chamada Questão Romana (11/02/1929), os Papas se consideraram prisioneiros no Vaticano por cerca de 60 anos. Esse período foi de relacionamento difícil entre a Igreja e o governo italiano. À força das armas, a Igreja perdeu seu Estado Pontifício, adquirido por doações, desde Pepino o Breve, pai de Carlos Magno, em 1752. De 40 mil km2, o Vaticano ficou reduzido a 0,44 km2.


Apesar de toda a pressão contrária, os Papas desses 60 anos, Pio IX (1846-1878), Leão XIII (1878-1903), São Pio X (1903-1914), Bento XV(1914-1922) e Pio XI (1922-1939) julgaram que não podiam abrir mão da soberania territorial da Igreja em relação às demais nações, com direito a um território próprio, ainda que muito pequeno, a fim de que tivesse condições de cumprir a missão que Cristo lhe deu.

Benito Mussolini, chefe do governo italiano, em 1929, percebeu a grande conveniência política de conciliar a Itália com o Vaticano. As negociações levaram dois anos e meio, terminando com a assinatura do Tratado do Latrão, aos 11/02/1929, que encerrava 60 anos de disputas entre o Vaticano e o governo da Itália.

Cidade do Vaticano

A cidade do Vaticano, geograficamente situada dentro de Roma, é mínima territorialmente. Quando começou a discussão da Questão Romana, muitos diziam que, em caso de restauração da soberania temporal da Igreja, ela deveria ter apenas um Estado do tamanho da República de São Marinho (60,57 Km2); ora, o Estado Pontifício renasceu com apenas 0,44 Km2, tamanho que tem hoje o Vaticano. Esse território é apenas um pequeno corpo, onde a alma da Igreja pode viver.

Os objetos contidos no Museu do Vaticano foram, em grande parte, doados aos Papas por cristãos honestos e fiéis, e pertencem ao patrimônio da humanidade. Pelo Tratado de Latrão, a Igreja não pode vender esses bens, apenas tem usufruto deles. Os Papas não veem motivo para não conservar esse acervo cultural muito importante. Não é a pura venda desses objetos, de muito valor para todos os cristãos, que resolveria o problema da miséria do mundo. Será que a rainha da Inglaterra aceitaria vender o museu de Londres, ou o presidente da França vender o Louvre?

Não há motivo, portanto, para se falar, maldosamente, da "riqueza do Vaticano". Podemos até dizer que a Igreja foi rica no passado, antes de 1870, mas hoje não.
Qualquer chefe de Estado de qualquer pequeno país tem à sua disposição, no mínimo, um avião. Nem isso o Papa tem.


É inegável que a Igreja cresceu em espiritualidade depois que perdeu o grande poder temporal que o Estado Pontifício antigo lhe dava. Os últimos Papas, a partir de 1870, foram homens santos, que entregaram a vida pela Igreja, sem limites. Pio IX (Beato), Leão XIII, S. Pio X, Bento XV, Pio XI, Pio XII, João XXIII (Beato), Paulo VI, João Paulo I e João Paulo II, foram grandes homens, exemplos para o mundo todo.

O Vaticano tem um órgão encarregado da caridade do Papa, o Cor Unum. Ao fim de cada ano, é publicada, no jornal do Vaticano, o L'Osservatore Romano, a longa lista de doações que o Papa faz a todas as nações do mundo, inclusive ao Brasil, especialmente para vencer as flagelações da seca, da fome, dos terremotos etc. É uma longa lista de doações que o Papa faz com o chamado óbolo de São Pedro, arrecadado dos fiéis católicos do mundo todo.

A caridade é marca da Igreja Católica

A Igreja Católica, nesses dois mil anos, sempre fez e fomentou a caridade. Muitos hospitais, sanatórios, leprosários, asilos, albergues etc., são e foram mantidos pela Igreja em todo o mundo. Quantos santos e santas, freiras e sacerdotes, leigos e leigas, passaram a sua vida fazendo a caridade! Basta lembrar aqui alguns nomes: São Vicente de Paulo, D. Bosco, São Camilo de Lelis, Madre Teresa de Calcutá… a lista é enorme!

Desde quando Roma desabou, no ano 476, diante dos bárbaros, quem salvou a civilização foi a Igreja, com o Papa, os mosteiros, os bispos e as igrejas. Em torno das catedrais, mosteiros e igrejas, surgiram escolas, hospitais, orfanatos, leprosários etc. Os Papas, como Leão XIII, saiam às ruas de Roma, pessoalmente, para atender os pobres e doentes. A Igreja cuidou da caridade social até o século 18, só depois é que surgiram as demais instituições sociais.

Quem como a Igreja Católica? Segundo revelam os dados do último "Anuário Estatístico da Igreja" (2015), publicado pela Agência Fides por ocasião da Jornada Missionária, a Igreja administra 115.352 institutos sanitários, de assistência e beneficência em todo o mundo. Deste número, 5.167 hospitais: parte na América, 1.493, e 1.298 na África; 17.322 dispensários (serviços de saúde), a maioria na África com 5.256; América 5.137 e Ásia 3.760; 648 leprosários distribuídos principalmente na Ásia (322) e África (229); 15.699 casas para idosos, doentes crônicos e deficientes – Europa (8.200) e América (3.815); 10.124 orfanatrófios, principalmente na Ásia (3.980) e América (2.418); 11.596 jardins da infância, a maior parte na América (3.661) e Ásia (3.441); 14.744 consultores matrimoniais, distribuídos no continente americano (5.636) e Europa (6.173); 3.663 centros de educação e reeducação social, além de 36.386 instituições de outros tipos.

Além disso, a grande riqueza da Igreja são seus santos. São Papas, mártires, virgens, doutores, profetas, patriarcas, monges e remitas. A sua liturgia, os sacramentos e o Cristo que nos espera no sacrário e na confissão, na sua Palavra e na sua moral cheia de amor.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/igreja/historia-da-igreja/qual-e-a-verdadeira-riqueza-da-igreja/

8 de fevereiro de 2016

Como ajudar um dependente químico

No primeiro estágio da dependência química, a pessoa não considera ruim o uso que faz dos entorpecentes

A vida acontece num processo contínuo; é movimento, é mudança. E as pessoas, para mudar, precisam se sentir prontas e decididas pela transformação. O modelo dos estágios de mudança (a pré-contemplação, a contemplação, a preparação, a ação, a manutenção e a recaída) é uma das muitas formas usadas no tratamento da saúde mental para preparar alguém para a transformação.

Como ajudar um dependente químico
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

De modo geral, há cinco princípios norteadores para a abordagem motivacional:

1. Expressar empatia – Por meio de uma escuta reflexiva, você acolhe e compreende o ponto de vista do outro sem necessariamente concordar com ele. Frases como "entendo o que você diz" ou "partindo do seu ponto de vista" são valiosos instrumentos a serem usados nesse princípio.

2. Desenvolver a discrepância – Mostre a diferença entre seu comportamento, suas metas e o que ele pensa que deveria fazer para alcançá-las. Em meu consultório, costumo usar a figura do "caminho", ilustrando onde ele está agora, aonde quer chegar, qual o melhor trajeto a percorrer para atingir o ponto de chegada.

3. Evitar a confrontação – A pessoa deve ser sempre "convidada a pensar sobre o assunto". Faça uso de perguntas como: O que você pensa sobre isso? Podemos pensar juntos em um plano de mudanças de hábito?

4. Lidar com a resistência – Aquele que precisa de nossa ajuda pode resistir às sugestões ou propostas que você fizer. Seja compreensivo e aguarde vir dele a decisão de quando e como mudar. Forneça informações que o ajude a considerar novas e diferentes alternativas. Exemplificando, ao abordar alguém que faz uso abusivo ou nocivo de álcool, esclareço sobre os danos do consumo de alto risco, as doses de bebidas consideradas seguras pelos especialistas e a diferença no teor de álcool que cada bebida contém. Aguardo que ele me interrogue: "O que fazer e como parar?".

5. Fortalecer a autoeficácia – Esse princípio está relacionado à motivação da fé que a pessoa tem em si mesma, em sua capacidade de mudança. Encorajar e estimular cada passo são atos importantes para que ela se sinta fortalecida e permaneça firme no decorrer do caminho.

Após nos aprofundarmos nesses princípios, vamos refletir sobre o primeiro estágio, que é a pré-contemplação. Nele, a pessoa não considera ruim o uso que faz da substância. É aquele usuário feliz que não vê seu comportamento como um risco para a sua saúde, a de seus familiares e da sociedade. O que fazer nesse estágio? A informação aqui ainda é o melhor instrumento a ser utilizado. Conscientizemos e esclareçamos sem nos impor. Deixemos o primeiro passo partir dele. Depois, façamos recomendações ou o motivemos em estratégias para reduzir ou cessar o consumo. Esse será o ponto de partida da próxima etapa: a contemplação. Por enquanto, resta-nos observar o discreto movimento do rolar da pedra.



Érika Vilela

Mineira de Montes Claros (MG), Érika Vilela é fundadora e moderadora geral da comunidade 'Filhos de Maria'. Cursou Medicina pelas Faculdades Unidas do Norte de Minas e, atualmente, faz especialização em Psiquiatria pelo Centro Brasileiro de Pós-graduações.

Érika atua como pregadora, articulista, missionária pela Casa Mãe de Misericórdia e médica na Estratégia Saúde da Família e na Clínica Home-Med. Evangelizadora com fé e ciência, duas asas que nos elevam para o céu, ela tem a bela missão de encontrar, na união mística com a dor salvífica de Cristo, a força para seguir em frente, sabendo que Deus opera sempre as Suas maravilhas!


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/saude-atualidade/como-ajudar-um-dependente-quimico/

5 de fevereiro de 2016

Beber pra quê?

Quero abrir uma reflexão: Beber para quê?

Vamos a um happy hour? Que tal uísque no jantar ou talvez uma geladinha neste verão? Que tal uma dose para encarar um encontro amoroso? Em ocasiões festivas, a presença do vinho, champanhe e outras bebidas é inquestionável, como um líquido imprescindível em certas culturas. Médicos, muitas vezes, receitam uma dose de alguma bebida alcoólica antes de dormir como uma espécie de tranquilizante, ou uma taça de vinho tinto no almoço para baixar o colesterol. O álcool relaxa, encoraja e transforma os mais tímidos em galanteadores.

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Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Longe de qualquer defesa ou de um ataque extremista, quero abrir essa questão à reflexão. Gaste tempo para refletir! Beber para quê?

Nem todo mundo que bebe é alcoolista, mas há muitos alcoolistas que, de fato, sofrem e fazem sofrer. Alcoolismo é doença, causa doenças e grande destruição familiar. Sou marcado por uma história de alcoolismo em casa e sei o quanto isso feriu minha vida.
Beber para quê?

Ao apresentar os dois lados da moeda, quero fazer você refletir sobre essa realidade que, querendo ou não, cerca nossa vida! Muitas vezes, vamos simplesmente categorizando tudo em certo e errado, mas não emitimos uma opinião bem formada. Por favor, nada de extremismos de causas!


Beber para quê?

Por trás de um copo com álcool há uma pessoa, uma história e, com certeza, um impulso que mobiliza o ato de levar esse copo até a boca e se deixar devanear por tal bebida. Mas que impulso é esse? Que necessidade é essa?

Freud escreve em 'O Mal-estar na Civilização': "Devemos a tais veículos não só a produção imediata de prazer, mas também um grau altamente desejado de independência do mundo externo, pois se sabe que, com o auxílio desse 'amortecedor de preocupações', é possível, em qualquer ocasião, afastar-se da pressão da realidade e encontrar um refúgio num mundo próprio, com melhores condições de sensibilidade. Sabe-se igualmente que é exatamente essa propriedade dos intoxicantes que determina o seu perigo e a sua capacidade de causar danos".

Partindo disso, podemos encontrar alguns "para quês", ou seja, alguns "motivos" para beber!

O álcool como fonte de prazer

Muitas pessoas têm no álcool uma fonte de prazer. É aí que eu me questiono: será que fui feito para o prazer de um gole ou para o efeito de uma dose? Se Deus me promete o prazer de uma eternidade, por que me contentar com efêmeros prazeres? Não! Minha alegria não pode estar contida em uma dose. Preciso ir além e não determinar a fonte de minha alegria em coisas que passam.

Outras pessoas bebem "para quê" possam ter independência do mundo externo, mas não dá para, nesta vida, querermos tal estado de apatia! Somos gente em relação, o mundo externo é onde nosso mundo interno se situa. Não adianta querer fugir. É preciso reagir, lutar, para que a força do nosso mundo interno mude o que está externo.

Para esquecer os problemas

Ainda há pessoas que, para amortecerem suas preocupações, encontram no álcool uma solução. Mas fica a mesma reflexão acima: por que amortecer aquilo que precisa ser enfrentado? Atos de coragem precisam ser tomados em doses de verdade e luta!
Há ainda pessoas que, para se afastarem da pressão da realidade e refugiar-se em um mundo paralelo, bebem todas doses possíveis! Porém, junto à ressaca do dia posterior surge a pressão do dia anterior e um mundo mais cruel ainda! Sobriedade para encarar pressão pode ser a saída mais certa nesses momentos.

Além dos "pra quês" acima, fica ainda uma última reflexão: sabe-se que é exatamente essa propriedade dos intoxicantes que determina o seu perigo e a sua capacidade de causar danos. De fato, muitas doenças são ocasionadas pelo alcoolismo (ele já é uma doença em si).
Meu pai é vítima dessa realidade, pois até hoje sofre com fortes dores devido à pancreatite ocasionada pelo consumo excessivo de álcool. Além de males físicos, o exagero de álcool causa, em muitas famílias, situações traumáticas, abandono e negligência. Beber "para quê"?

Encerro essa reflexão querendo que você descubra o seu "para quê" beber. Mais que levantar uma bandeira de certo e errado, de pode e não pode, faz mal e faz bem (pois há no pensamento "moderno" uma necessidade de categorização absurda), quero levá-lo a uma reflexão profunda, pois por trás de um copo de álcool há uma história, uma vida! Mas que vida está sendo vivida?

Como dizia Viktor Frankl: "Quem tem um "para que viver" suporta quase qualquer o como viver"

Tamu Junto!


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/beber-pra-que/

3 de fevereiro de 2016

Quem é o meu anjo da guarda?

"O anjo do Senhor acampa ao redor dos que o temem e os salva" (Sl 33,8)

O Catecismo da Igreja diz que "a existência dos seres espirituais, não corporais, os anjos, é uma verdade de fé". O testemunho da Escritura a respeito é tão claro quanto a unanimidade da Tradição (n.328). Nenhum católico pode, então, negar a existência dos anjos. Eles são criaturas pessoais e imortais, puramente espirituais, dotados de inteligência e de vontade e superam em perfeição todas as criaturas visíveis (cf. Cat. n.330). São Gregório Magno disse que quase todas as páginas da Revelação escrita falam dos anjos.

Quem é o meu anjo da guarda

A Igreja ensina que, desde o início até a morte, a vida humana é cercada pela proteção (Sl 90,10-13) e pela intercessão dos anjos. "O anjo do Senhor acampa ao redor dos que o temem e os salva" (Sl 33,8).

São Basílio Magno (†369), doutor da Igreja, disse: "Cada fiel é ladeado por um anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida" (Ad. Eunomium 3,1). Isso é, temos um Anjo da Guarda pessoal. Jesus disse: "Não desprezeis nenhum desses pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus veem continuamente a face de meu Pai que está nos céus" (Mt 18,10).


Festa aos Anjos da Guarda

A liturgia de 2 de outubro celebra os Anjos da Guarda desde o século XVI, festa universalizada por Paulo V. Ora, se a Igreja celebra a festa dos Anjos da Guarda é porque, de fato, eles existem e cuidam de nós, protegem-nos, iluminam e governam nossa vida, ajudam-nos como ajudou Tobias. Mas para isso é preciso crer neles, respeitá-los, não os afugentar pelo pecado. Um dia, um rapaz me disse: "Eu não vejo pornografia na internet, porque tenho vergonha de meu Anjo da Guarda!". A melhor homenagem a nosso anjo é viver uma vida sem pecados, buscando, com a ajuda dele, fazer a vontade de Deus.

Oferecer ao Senhor nossas orações

A Tradição da Igreja acredita que nosso Anjo da Guarda tem a tarefa de oferecer ao Senhor as nossas orações, apoiar-nos e proteger-nos dos ataques do diabo, que tenta nos fazer pecar e perder a vida eterna. Então, nada mais importante do que ter uma vida de intimidade com nosso anjo, invocando-o constantemente e colocando-nos debaixo de sua proteção. Desde criança, aprendi com minha mãe esta oração: "Santo anjo da minha guarda, a quem eu fui confiado por celestial piedade, iluminai-me, guardai-me, regei-me, governai-me. Amém." Nunca deixei de rezar essa oração.

Então, o melhor a fazer é não fazer nada sem pedir a luz, a proteção, o governo do bom anjo que o Senhor colocou como guarda e custódio de nossa vida, do batismo até a morte. É por isso que muitos Papas, como João XXIII, revelaram a sua profunda devoção pelo Anjo da Guarda, sugerindo, como também disse Bento XVI, que expressemos nossa gratidão pelo serviço que ele presta a cada um de nós e o invoquemos todos os dias com o Angelus Dei.

O Santo Padre Pio teve um relacionamento profundo com o Anjo da Guarda. São inúmeras as passagens da vida desse santo com seu anjo e com o anjo dos outros. Certa vez, ele disse a uma pessoa: "Nós rezaremos pela sua mãe, para que o seu anjo da guarda lhe faça companhia". Invoque o seu Anjo da Guarda, pois ele o iluminará e o guiará no caminho de Deus.

Qual o nome do meu Anjo da Guarda?

Alguns perguntam se é possível saber o nome do nosso Anjo da Guarda. A Igreja não fala sobre isso, ela apenas conhece o nome dos três grandes Arcanjos: Miguel, Rafael e Gabriel. Portanto, se alguém sabe o nome do seu anjo é uma revelação particular que não tem a confirmação da Igreja.

O mais importante é termos um relacionamento vivo e fervoroso com o nosso bom anjo protetor durante toda a vida.

 


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/quem-e-o-meu-anjo-da-guarda/

1 de fevereiro de 2016

É preciso estar aberto para reatar amizades

Estejamos abertos para um reatamento da amizade

Todos nós gostaríamos de exclamar: "Não tenho inimigos! Dou-me muito bem com todos!". A realidade nos mostra que, via de regra, todos temos uma pedra no sapato. Há sempre alguém que nos espicaça e nos tira o bom humor. Na maior parte das vezes, por motivos fúteis. Alguém é frontalmente contra nós por causa do nosso jeito, porque a nossa fisionomia lembra a de um conhecido adversário, porque deixamos de atender um pedido que envolvia corrupção, porque não somos do partido tal.

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Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Posso dizer, pessoalmente, que despertei vários inimigos irreconciliáveis por ter tomado posição em favor daquilo que é ensinamento de Cristo. Outras vezes, não foi possível atender uma solicitação, inteiramente de interesse pessoal, por contrariar o bem comum. Eu tenho muitíssimos amigos. Sinto uma onda de simpatia pela minha pessoa, mas não posso dizer que não tenho inimigos. Existem alguns poucos que me odeiam. Às vezes, nem eles sabem direito o porquê desse ódio. Chego a gemer na dor: "Salva-me, Senhor, dos meus inimigos" (Sl 143,9).


Quem são verdadeiramente nossos inimigos?

Fico refletindo: "Por que passamos por essa provação de encontrar alguém que nos detesta?". O primeiro motivo pode ser nós mesmos, quando prejudicamos alguém irremediavelmente. Neste caso, estejamos abertos para um reatamento da amizade. Todos temos um dia em que cometemos algum erro. Entre os que tomam a iniciativa de nos odiar (sim, isso existe), quem são os nossos inimigos? Não são diretamente os ateus, os espíritas, os evangélicos; são aqueles que deveriam ter um vínculo conosco. "Os inimigos do homem são os da sua casa" (Mt 10,36).

A definição das nossas ideologias costuma ser outro fator de desunião. Os  amigos vão até ficar estupefatos com minha afirmação, mas um divisor de águas é uma velha ideologia do século XIX. Trata-se do socialismo. A partir dele, o homem de Igreja é classificado de "avançado", "libertador", "retrógrado", "tridentino", "moderno", "atualizado", "amante dos ricos" ou "inteligente".

O critério não é o Evangelho. Em muitos casos, somos obrigados a conviver com tais pessoas sem esperança de reconciliação e rezar por elas.

Autor: Dom Aloísio Roque Oppermann; scj.

Arcebispo de Uberaba – MG


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/relacionamento/amizade/estar-aberto-para-reatar-amizades/

29 de janeiro de 2016

O verdadeiro sentido da oração

É preciso redescobrir a oração em todos os sentidos

A oração é um exercício fundamental na busca pela qualidade de vida. Nas indicações que não podem faltar, especialmente para a vida cristã, estão a prática e o cultivo disciplinado da oração. É um exercício que tem força incomparável em relação às diversas abordagens de autoajuda, como livros e DVDs, muito comuns na atualidade.

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Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

A crise existencial contemporânea, em particular na cultura ocidental, precisa redescobrir o caminho da oração para uma vida de qualidade. Equivocado é o entendimento de que orar é uma prática exclusiva de devotos. A oração guarda uma dimensão essencial da vida cristã. Cultivar essa prática é um segredo fundamental para reconquistar a inteireza da própria vida e fecundar o sentido que a sustenta.

Uma alavanca com força para mover mundos

É muito oportuno incluir entre as diversificadas opiniões, junto aos variados assuntos discutidos cotidianamente, o que significa e o que se pode alcançar pelo caminho da oração. Perdê-la como força e não a adotar como prática diária é abrir mão de uma alavanca com força para mover mundos. A fé cristã, por meio da teologia, tem por tradição abordar a importância da oração ao analisar a sua estrutura fundamental, seus elementos constitutivos, suas formas e os modos de sua experiência. Trata-se de uma importante ciência e de uma prática rica para fecundar a fé.

A oração tem propriedades para qualificar a vida pessoal, familiar, social e comunitária. Muitos podem desconhecer, mas ela pode ser um laço irrenunciável com o compromisso ético. É prática dos devotos, mas também um estímulo à cidadania. Ao contrário de ser fuga das dificuldades, é clarividência e sabedoria, tão necessários no enfrentamento dos problemas. Na verdade, a prece faz brotar uma fonte interior de decisões, baseadas em valores com força qualitativa.


Banir o divino é produzir vazios

A oração, como prática e inquestionável demanda, no entanto, passa por uma crise por razões socioculturais. Aliás, uma crise numa cultura ocidental que nunca foi radicalmente orante. O secularismo e a mentalidade racionalista se confrontam com aspectos importantes da vida oracional, como a intercessão e a contemplação. Diante desse cenário, é importante sublinhar: paga-se um preço muito alto quando se configura o caminho existencial distante da dimensão transcendente. O distanciamento, o desconhecimento e a tendência de banir o divino como referencial produzem vazios que atingem frontalmente a existência.

É longo o caminho para acertar a compreensão e fazer com que todos percebam o horizonte rico e indispensável da oração. Faz falta a clareza de que existem situações e problemas que a política, a ciência e a técnica não podem oferecer soluções, como o sentido da vida e a experiência de uma felicidade duradoura. A oração é caminho singular. É, pois, indispensável aprender a orar e cultivar essa disciplina diária. Trata-se de um caminhar em direção às raízes e ao essencial. Nesse caminho está um remédio indispensável para o mundo atual, que proporciona mais fraternidade e experiências de solidariedade.


A lógica dominante da sociedade contemporânea está na contramão dessa busca. Os mecanismos que regem o consumismo e a autossuficiência humana provocam mortes. Sozinho, o progresso tecnológico, tão necessário e admirável, produz ambiguidades fatais e inúmeras contradições. Orar desperta uma consciência própria de autenticidade, impulsiona à experiência humilde do próprio limite e inspira a conversão. É recomendação cristã determinante dos rumos da vida e de sua qualidade. A Igreja Católica tem verdadeiros tesouros, na forma de tratados, estudos, reflexões e indicações para o cultivo da oração, que remetem à origem do Cristianismo, quando os próprios discípulos pediram a Jesus: "Ensina-nos a orar". É uma tarefa missionária essencial na fé, uma aprendizagem necessária, um cultivo para novas respostas na qualificação pessoal e do tecido cultural sustentador da vida em sociedade.


Dom Walmor Oliveira de Azevedo

O Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma, Itália) e mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico (Roma, Itália).

http://www.arquidiocesebh.org.br


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/o-verdadeiro-sentido-da-oracao/