1 de fevereiro de 2016

É preciso estar aberto para reatar amizades

Estejamos abertos para um reatamento da amizade

Todos nós gostaríamos de exclamar: "Não tenho inimigos! Dou-me muito bem com todos!". A realidade nos mostra que, via de regra, todos temos uma pedra no sapato. Há sempre alguém que nos espicaça e nos tira o bom humor. Na maior parte das vezes, por motivos fúteis. Alguém é frontalmente contra nós por causa do nosso jeito, porque a nossa fisionomia lembra a de um conhecido adversário, porque deixamos de atender um pedido que envolvia corrupção, porque não somos do partido tal.

É preciso estar aberto para reatar amizades - 1600x1200
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Posso dizer, pessoalmente, que despertei vários inimigos irreconciliáveis por ter tomado posição em favor daquilo que é ensinamento de Cristo. Outras vezes, não foi possível atender uma solicitação, inteiramente de interesse pessoal, por contrariar o bem comum. Eu tenho muitíssimos amigos. Sinto uma onda de simpatia pela minha pessoa, mas não posso dizer que não tenho inimigos. Existem alguns poucos que me odeiam. Às vezes, nem eles sabem direito o porquê desse ódio. Chego a gemer na dor: "Salva-me, Senhor, dos meus inimigos" (Sl 143,9).


Quem são verdadeiramente nossos inimigos?

Fico refletindo: "Por que passamos por essa provação de encontrar alguém que nos detesta?". O primeiro motivo pode ser nós mesmos, quando prejudicamos alguém irremediavelmente. Neste caso, estejamos abertos para um reatamento da amizade. Todos temos um dia em que cometemos algum erro. Entre os que tomam a iniciativa de nos odiar (sim, isso existe), quem são os nossos inimigos? Não são diretamente os ateus, os espíritas, os evangélicos; são aqueles que deveriam ter um vínculo conosco. "Os inimigos do homem são os da sua casa" (Mt 10,36).

A definição das nossas ideologias costuma ser outro fator de desunião. Os  amigos vão até ficar estupefatos com minha afirmação, mas um divisor de águas é uma velha ideologia do século XIX. Trata-se do socialismo. A partir dele, o homem de Igreja é classificado de "avançado", "libertador", "retrógrado", "tridentino", "moderno", "atualizado", "amante dos ricos" ou "inteligente".

O critério não é o Evangelho. Em muitos casos, somos obrigados a conviver com tais pessoas sem esperança de reconciliação e rezar por elas.

Autor: Dom Aloísio Roque Oppermann; scj.

Arcebispo de Uberaba – MG


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/relacionamento/amizade/estar-aberto-para-reatar-amizades/

29 de janeiro de 2016

O verdadeiro sentido da oração

É preciso redescobrir a oração em todos os sentidos

A oração é um exercício fundamental na busca pela qualidade de vida. Nas indicações que não podem faltar, especialmente para a vida cristã, estão a prática e o cultivo disciplinado da oração. É um exercício que tem força incomparável em relação às diversas abordagens de autoajuda, como livros e DVDs, muito comuns na atualidade.

Redescobrir a oração - 1600x1200
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

A crise existencial contemporânea, em particular na cultura ocidental, precisa redescobrir o caminho da oração para uma vida de qualidade. Equivocado é o entendimento de que orar é uma prática exclusiva de devotos. A oração guarda uma dimensão essencial da vida cristã. Cultivar essa prática é um segredo fundamental para reconquistar a inteireza da própria vida e fecundar o sentido que a sustenta.

Uma alavanca com força para mover mundos

É muito oportuno incluir entre as diversificadas opiniões, junto aos variados assuntos discutidos cotidianamente, o que significa e o que se pode alcançar pelo caminho da oração. Perdê-la como força e não a adotar como prática diária é abrir mão de uma alavanca com força para mover mundos. A fé cristã, por meio da teologia, tem por tradição abordar a importância da oração ao analisar a sua estrutura fundamental, seus elementos constitutivos, suas formas e os modos de sua experiência. Trata-se de uma importante ciência e de uma prática rica para fecundar a fé.

A oração tem propriedades para qualificar a vida pessoal, familiar, social e comunitária. Muitos podem desconhecer, mas ela pode ser um laço irrenunciável com o compromisso ético. É prática dos devotos, mas também um estímulo à cidadania. Ao contrário de ser fuga das dificuldades, é clarividência e sabedoria, tão necessários no enfrentamento dos problemas. Na verdade, a prece faz brotar uma fonte interior de decisões, baseadas em valores com força qualitativa.


Banir o divino é produzir vazios

A oração, como prática e inquestionável demanda, no entanto, passa por uma crise por razões socioculturais. Aliás, uma crise numa cultura ocidental que nunca foi radicalmente orante. O secularismo e a mentalidade racionalista se confrontam com aspectos importantes da vida oracional, como a intercessão e a contemplação. Diante desse cenário, é importante sublinhar: paga-se um preço muito alto quando se configura o caminho existencial distante da dimensão transcendente. O distanciamento, o desconhecimento e a tendência de banir o divino como referencial produzem vazios que atingem frontalmente a existência.

É longo o caminho para acertar a compreensão e fazer com que todos percebam o horizonte rico e indispensável da oração. Faz falta a clareza de que existem situações e problemas que a política, a ciência e a técnica não podem oferecer soluções, como o sentido da vida e a experiência de uma felicidade duradoura. A oração é caminho singular. É, pois, indispensável aprender a orar e cultivar essa disciplina diária. Trata-se de um caminhar em direção às raízes e ao essencial. Nesse caminho está um remédio indispensável para o mundo atual, que proporciona mais fraternidade e experiências de solidariedade.


A lógica dominante da sociedade contemporânea está na contramão dessa busca. Os mecanismos que regem o consumismo e a autossuficiência humana provocam mortes. Sozinho, o progresso tecnológico, tão necessário e admirável, produz ambiguidades fatais e inúmeras contradições. Orar desperta uma consciência própria de autenticidade, impulsiona à experiência humilde do próprio limite e inspira a conversão. É recomendação cristã determinante dos rumos da vida e de sua qualidade. A Igreja Católica tem verdadeiros tesouros, na forma de tratados, estudos, reflexões e indicações para o cultivo da oração, que remetem à origem do Cristianismo, quando os próprios discípulos pediram a Jesus: "Ensina-nos a orar". É uma tarefa missionária essencial na fé, uma aprendizagem necessária, um cultivo para novas respostas na qualificação pessoal e do tecido cultural sustentador da vida em sociedade.


Dom Walmor Oliveira de Azevedo

O Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma, Itália) e mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico (Roma, Itália).

http://www.arquidiocesebh.org.br


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/o-verdadeiro-sentido-da-oracao/

27 de janeiro de 2016

A importância da cura interior

Sem a cura interior, não é possível ser curado de doenças físicas, tampouco experimentar a libertação

Em resposta àquilo que Jesus e a Igreja fazem por nós, duas ações devem ser realizadas. Jesus, primeiro, foi a todas as cidades e aldeias da Galileia, e a todos os lugares para pregar a Boa Nova a todas as pessoas. Jesus também disse para os Seus irem a todos para lhes conceder cura e libertação e, se precisassem, também cura espiritual e cura física.

A importancia da cura interior - 1600x1200
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

A cura interior é uma espécie de chave para a cura total

A cura interior profunda é muito importante e necessária para que sejam descobertas e sanadas as fontes mais significativas de todos os males que nos afligem. Muitas vezes, a pessoa não consegue cura espiritual, sem antes passar por uma cura interior; caso contrário, permanece naquilo que chamamos de hábitos compulsivos de pecar. Com frequência, por exemplo, um viciado em drogas não receberá cura, a menos que seja curado interiormente das causas que o levaram ao vício da droga.

Satanás condena; Jesus cura. A cura interior é uma espécie de chave para a cura total da pessoa. Da mesma forma, sem a cura interior, não é possível ser curado de doenças físicas, tampouco experimentar a libertação. Deus quer que sejamos totalmente curados. São Paulo diz, na Carta aos Tessalonicenses, que Deus não nos quer curados parcialmente, mas por completo; não superficialmente, mas em profundidade. Ele nos quer perfeitos em corpo, mente e alma. "Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso" (Mt 11,28). No entanto, vale ressaltar que a cura física é a menos importante.


Já ouviu falar sobre Helen Keller? Ela era cega, surda e muda, mas foi uma das grandes filósofas do século passado. Quando damos muita ênfase à cura física, isso não vem de Deus. Jesus disse: "É melhor entrares na vida tendo só uma das mãos do que, tendo as duas, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga" (Mc 9,43). Você já ouviu isso? Eis o motivo pelo qual Jesus não afirmou: "Vinde a mim você que quer cura física". Isso não é o mais importante, mas sim a cura espiritual, a experiência de perdoar todos os pecados, como o que acontece no sacramento da confissão, para que possamos experimentar o "poder perdoador" de Deus, o abraço do Pai.


A cura acontece por meio da medicina e da oração

A importância da cura interior se deve também às limitações da medicina e da psiquiatria. Acreditamos que a cura aconteça por meio da medicina e da oração, mas quando nos deparamos com os limites de ambas, então é Deus que vem e ultrapassa esse conhecimento. Todos os dias, encontro pessoas que me relatam a incapacidade dos médicos de fornecer um diagnóstico preciso.

No processo de cura interior, nada pode ser desvalorizado, tudo deve ser levado muito a sério, pois disso depende uma vida de plena liberdade.

Autor: Padre Rufus Pereira


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/cura-interior-2/a-importancia-da-cura-interior/

25 de janeiro de 2016

A cultura pode ser um instrumento de transformação

Saiba como a cultura pode ser um instrumento de transformação

Os descompassos da última década, particularmente os do ano passado, cantam um refrão de que é preciso aprender novas lições e fazer diferente. As mudanças não significam apenas substituir nomes, siglas, programas ou até mesmo prioridades. Essas ações já são práticas comuns, com resultados pouco relevantes, diante das necessidades e das oportunidades para saltos mais qualitativos no conjunto de uma sociedade que vai perdendo chances importantes. É hora de retomar o horizonte desenhado pela filosofia da cultura, disciplina não tão antiga que muito agregou a filosofias de muitos tipos e matizes.

a-cultura-pode-ser-um-instrumento-de-transformacaoDireitos autorais: olaser
Simples e de grande incidência na sociedade é a consideração da cultura como o desenvolvimento e o exercício de capacidades humanas – segundo determinados parâmetros e normas – que produzem mudanças e inauguram novos ciclos. Etapas novas que são respostas às crises vividas, geram possibilidades e superam a esterilidade própria da repetição, da simples constatação e lamentação – condutas comuns a quem não conhece "a saída" e não tem força para protagonizar as ações transformadoras necessárias.

A filosofia da cultura

No âmbito formal de uma filosofia da cultura, vale considerar, de maneira prática e direta, os contextos sociopolíticos, religiosos e culturais dos substratos que podem dar, ou não, consistência à cultura – motor ou estabilizador das competências humanas indispensáveis. É extremamente importante não reduzir a busca pelas soluções para as crises ao jogo político-partidário ou às dinâmicas legislativas. Obviamente que esses âmbitos têm sua importância. Contudo, não bastam apenas leis ou um convênio celebrado entre instituições para se alcançar melhorias significativas. Também não são suficientes apenas os juízos de valor a respeito das siglas partidárias. Há algo maior que precisa ser buscado: o investimento na ordem da cultura.

Vale lembrar o filósofo Ortega y Gasset, que compreende a cultura como "um movimento de natação, um bracejar do homem no mar sem fundo de sua existência com a finalidade de não afundar". Isso significa dizer que a cultura permite ao "nadador" permanecer "à tona" e, consequentemente, recriar valores. Compreende-se, assim, a cultura no seu parâmetro de grande amplitude: tudo o que o homem faz e que passa a integrar um sistema cultural, transmitido entre gerações e, ao mesmo tempo, capaz de se renovar. Há de se concluir que não se pode reduzir o conjunto dos funcionamentos a estruturas rígidas. É preciso investir nas dinâmicas culturais alimentadas por valores e princípios capazes de ampliar as competências humanas. Desse modo, será possível encontrar novos caminhos.


Importa considerar o conjunto de cada cultura, suas operações e procedimentos, em vista da confecção de um tecido que dê suporte a novas práticas, favoreça adequada interpretação de valores, crie autêntica consciência sociopolítica. Essa é a direção a ser seguida para alcançar a configuração com força para subsidiar um passo decisivo no coração de uma sociedade. Esse horizonte conceitual refletido indica caminhos que precisam ser trilhados como investimento cultural. Sem desconsiderar o olhar e o acompanhamento dos funcionamentos institucionais, é necessário investir, sobre o alicerce de valores e forças existentes, numa cultura cujo tecido reconfigure o jeito de exercer as competências humanas. Trata-se de prioridade, que permite construir contextos propícios para o surgimento de líderes com lucidez e capacidade para o diálogo.

Essas competências são necessárias para os exercícios governamentais e cidadãos, alicerçados no compromisso comunitário e em qualificado sentido social. O diálogo, incontestavelmente, é a dinâmica que mais pode garantir a esperada melhoria do substrato cultural, base para configurar práticas e hábitos coletivos que promovam a justiça e priorizem o bem comum. O diálogo, para além de conchavos, da promoção de consensos interesseiros e partidários, é condição fundamental para fazer da cultura um verdadeiro instrumento de transformação.


Dom Walmor Oliveira de Azevedo

O Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma, Itália) e mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico (Roma, Itália).

http://www.arquidiocesebh.org.br


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/a-cultura-pode-ser-um-instrumento-de-transformacao/

22 de janeiro de 2016

Você ainda se confessa?

Para a Igreja Católica, a confissão é vista como o sacramento da penitência e da reconciliação

Certa vez, um site de Campo Grande publicou um artigo sobre a confissão, um assunto que parece fora de moda, quase um tabu. Nele, o autor escrevia: «Drogas, questões sexuais e brigas familiares mantêm o sacramento da confissão em alta mesmo em tempos de "é proibido proibir". Com novos conceitos, como a troca da nomenclatura "pecado" por "dilema", fim das penitências folclóricas e até a abolição do confessionário, o ato de reconciliação com Deus ganha ares de terapia em Campo Grande. A procura é tão grande que, no Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, às quartas-feiras, dez padres atendem até 700 pessoas entre 6 e 22 horas».

Você ainda se confessa - 1600x1200
Foto: Daniel Mafra/cancaonovao.com

Ao longo do texto, o articulista deu a palavra a dois sacerdotes que na época atuavam em Campo Grande: o Pe. Wilson Cardoso de Sá, diretor do Instituto de Teologia João Paulo II, e o Pe. Dírson Gonçalves, reitor do Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

Parece que nada mais é pecado

Em seu sentido mais profundo, explica o Pe. Wilson, o pecado é adultério e idolatria: quebra ou, pelo menos, enfraquece a comunhão que liga o homem a Deus, ao próximo e à criação. Mesmo quando oculto, ele não prejudica apenas a quem o comete, mas a toda a humanidade.

Seu conceito sofreu uma grande transformação na sociedade. Enquanto alguns cristãos pensam que nada mais seja pecado, outros o resumem ao campo da sexualidade. Esquecem que também a fofoca, a corrupção, a droga, a violência e as infrações no trânsito integram a lista das faltas a serem confessadas e corrigidas.

Para que serve a penitência

E o que dizer da "penitência" que o padre impõe a quem busca o confessionário? Responde o Pe. Wilson: «Se você fez aborto, nada vai trazer a pessoa de volta; mas você pode dar sua ajuda a uma criança, a uma família. Se roubou, deve devolver o dinheiro. Se caluniou, você precisa pedir perdão não só a quem ofendeu, mas também às pessoas que foram contaminadas…».

Por sua vez, o Pe. Dírson orienta os fiéis a se confessarem pelo menos duas vezes ao ano, nas solenidades do Natal e da Páscoa. Mas é bom fazê-lo também ao longo do ano: «Muita gente vem em busca de orientação e de conselhos. Há pessoas que sofrem relacionamentos complicados no namoro, no casamento, na família. Crescem a cada dia os problemas derivados do consumo da droga, da bebida, da falta ou do excesso de bens materiais».

Feliz o homem que foi perdoado

Como os demais sacramentos da Igreja, a confissão é um grande presente de Deus. Reconhecer o pecado já é meio caminho andado, uma atitude que leva à felicidade e à santidade. É o que reconhecem todas as pessoas que experimentam a misericórdia de Deus: «Feliz o homem que foi perdoado, a quem o Senhor não olha mais como culpado! Enquanto eu escondia o meu pecado, os meus ossos definhavam, as minhas forças fugiam e eu passava o dia chorando e gemendo. Mas quando confessei o meu pecado, tu logo perdoaste a minha culpa» (Sl 32,1-5).

Para a Igreja Católica, a confissão é vista como o sacramento da penitência e da reconciliação, instituído por Jesus no domingo da Páscoa: «Os pecados daqueles que vocês perdoarem, serão perdoados; mas, se não os perdoarem, eles ficarão retidos» (Jo 20, 23). Tal doutrina é assim apresentada pelo Concílio Vaticano II: «Os fiéis que se aproximam do sacramento da penitência obtêm da misericórdia divina o perdão da ofensa feita a Deus e, ao mesmo tempo, são reconciliados com a Igreja que feriram pecando, mas que agora colabora para a sua conversão com caridade, exemplo e orações».

A arte de aproveitar das próprias faltas

Contudo, a confissão não foi dada "apenas" para perdoar pecados. Deus não precisa dela para demonstrar sua misericórdia a quem se arrepende. O grande milagre operado por ela é permitir que Deus penetre em nossa vida através das fraquezas que lhe entregamos. Ao recebermos a absolvição, o pecado perde a sua força e se transforma em graça. Foi esta a descoberta que levou São Paulo a ter uma nova visão da perfeição cristã: «Se a força de Deus se realiza na fraqueza, prefiro gloriar-me dela, pois, quando sou fraco, então é que sou forte» (2Cor 12, 9-10). Descobrir a arte de aproveitar das próprias faltas para dar a Deus a alegria de ser amor e misericórdia: eis o paraíso já aqui na terra!

Dom Redovino Rizzardo, cs
Bispo de Dourados (MS)

E-mail para contato: redovinorizzardo@gmail.com


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/voce-ainda-se-confessa/

20 de janeiro de 2016

Como conhecer melhor seu namorado?

Saiba como conhecer melhor seu namorado e reagir positivamente no relacionamento

Basicamente, o tempo de namoro serve para que uma pessoa conheça a outra e então os dois saibam como reagem e respondem entre si dentro de um relacionamento. Mas como conhecer melhor seu namorado?

Como conhecer melhor meu namorado(a)Foto: Copyright: StockRocket
Num namoro, não basta apenas conhecer o amado no sentido de saber os gostos dele, saber definir suas habilidades e defeitos. Amigos se conhecem assim, familiares se conhecem assim, mas o namoro deve caminhar para que o casal tenha um vínculo afetivo tão grande, a ponto de ser único. Afinal, é exatamente isso que acontecerá se ambos chegarem a consolidar o matrimônio, pois, pela força do sacramento, eles serão uma só carne e uma só alma. E o namoro naturalmente proporciona tudo isso, que ambos se apropriem um do coração do outro no amor, pela livre opção do amado em se doar.

É claro que não se alcança toda essa cumplicidade de um dia para o outro. Deve-se respeitar as fases, o tempo, a gradualidade de cada coisa, a disposição interior que a outra pessoa tem em se doar, em confiar cada vez mais no namorado e revelar o que ela é. Portanto, tudo parte do conhecimento entre o casal.


Vou citar quatro aspectos de como se dará esse conhecer o outro, e daí o bom relacionamento entre eles. Um detalhe: os quatro aspectos interagem entre eles, um funciona em vista do outro. Não dá para aplicar só um deles. É preciso analisar e praticar todos os quatro com atenção e zelo. Talvez pelas pessoas privilegiarem apenas um ou dois, e fazer "vista grossa" aos outros, é que seus namoros e casamentos vão mal.

Quatro pontos fundamentais para o conhecimento

1. Capacidade de diálogo

– "Não é simplesmente diálogo, pois capacidade de dialogar significa muito mais que o simples falar e ouvir, e diz respeito ao dom de compreender e interagir" (Livro: 'As cinco fases do namoro').

A pessoa tem de ser disposta a conversar, falar de si e também escutar sobre o outro. Devemos entregar aquilo que somos por meio da fala. Não tenha medo! Se você tiver muitos segredos, coisas que não gostaria de contar a ninguém, saiba que a melhor coisa do mundo é ser aceito por alguém que o ama independente dessas misérias pelas quais você possa ter passado. Então, pode começar contando as coisas mais leves e, conforme for sendo aceito pelo par, vai dizendo mais. Você precisa ter alguém que saiba tudo sobre você, em quem possa confiar.

– Nos entraves, nas discussões, o que deve prevalecer em nossos corações deve ser: os dois chegarem a um acordo satisfatório, em vez de só quererem ter razão e demonstrarem isso. Será a capacidade de diálogo que promoverá o acerto.

– "Nada de mentiras, informações parciais ou omissões. Ter uma informação e não a partilhar passa a funcionar como uma mentira para o parceiro, pois lhe negamos algo que poderia ser essencial em sua construção de pensamento sobre você e sobre o relacionamento" (Livro: 'As cinco fases do namoro').

– Não queira se expressar por meio de sinais. Exemplo: Se você está insatisfeito com algo, age friamente e dá respostas curtas. Se quer sair, arruma-se e fica esperando que o outro o convide. "Isso não funciona! Se sentir algo, fale; se pensar, expresse; se perceber reações diferentes, examine, pergunte. Se não entender da primeira vez, pergunte de novo. Saiba que as primeiras e as mais privilegiadas formas de comunicação são a fala e a escuta" (Livro: 'As cinco fases do namoro').

2. Vivência

– Veja se tudo o que ele relatou pelo diálogo é verdade ou se há, pelo menos, uma verdadeira disposição de viver o relato na prática.

Digamos que ele tenha dito que é amoroso e sensível, mas, na casa dele, é arredio, revoltoso e briga com seus familiares. (Aliás, entre os familiares da pessoa, é uma ótima ocasião para você ver quem realmente ele é). Disse a você que é perseguido no trabalho, mas, numa confraternização da empresa que você pôde participar, só o viu em "panelinha", falando mal dos outros colegas e praguejando a instituição.

A pessoa se diz honesta e idônea, cumpridora de seus deveres, mas avança sempre o sinal vermelho, gosta de levar vantagem e, continuamente, você fica sabendo de reclamações sobre ela nas instituições que frequenta.

Nem preciso dizer que você está sendo enganado, não é mesmo? Aquilo que a pessoa é de verdade acabará se manifestando uma hora ou outra no cotidiano dela. Não é porque você ama que deve "fechar os olhos" para tudo isso. Veja bem e seja sincero com você mesmo a esse respeito.


– Outro ponto da vivência é: envolva-se com as coisas dele. Queira fazer parte do dia a dia de seu par. Ajude-o quando puder no trabalho da faculdade, nos afazeres que talvez ele tenha em casa ou no trabalho extra. Será uma ótima oportunidade de ver como é o jeito dele em proceder e resolver as coisas.

3. Percepção

– "Tente reparar detalhes que escapam à fala, como situações que frequentemente fazem a pessoa que você ama ter as reações que você não entende, mas deseja compreender (…) Quanto mais conhecer seus anseios e planos, sua cultura, de onde veio, seus ritos e manias familiares, até sua história de vida e tudo o que passou e viveu, mais fácil será entender o que está por trás de seus gestos. A sensibilidade também é ferramenta da comunicação" (Livro: 'As cinco fases do namoro').

– Perceba também como seu amor se posiciona ao defendê-lo, se está ao seu lado quando você precisa e o quanto se preocupa e zela para manter o bom andamento do relacionamento. E mais uma vez, seja sincero com você mesmo ao analisar se ele é negligente com você e, consequentemente, com o namoro, pois, com certeza, não será uma boa companhia para toda vida.

4. Amizade:

– Apesar de namorados firmarem um compromisso muito mais íntimo do que a amizade, é imprescindível que ela exista dentro do relacionamento.

– Pela amizade fazemos uma escolha consciente pelo outro. "Sem a amizade não há algo além do "eros". Nenhum namoro sobreviverá apenas com a atração, com a paixão" (Livro: 'As cinco fases do namoro').

Não escolhemos por quem nos apaixonamos. Já, quando se constrói uma amizade dentro do namoro, temos condições de escolher, de continuar com o amado também pela razão. Que lindo quando uma pessoa pode dizer à outra: "Eu escolho, eu quero estar com você, porque já não estou sendo arrastado pelos meus sentimentos. Quando penso em nós dois juntos, vejo que me faz bem estar ao seu lado".

Existem muitos casais que estão juntos somente por considerarem o sentimento, pois não conseguem compreender um ao outro em coisas mínimas. Encontram-se para "beijos e abraços", mas cada um vive seus problemas. Quando houver dificuldades ou provações, a amizade fará aumentar a cumplicidade. "Estamos juntos nessa, tanto para os desafios quanto para as consequências ou os méritos".

Exemplo: "De que adianta a moça namorar um rapaz e dividir todos os seus segredos e sonhos, o que há de mais profundo nela com uma amiga? Não! O casal precisa viver uma amizade especial e profunda. Ela pode até ter uma fiel confidente como amiga, mas o namorado precisa ser o maior e melhor amigo. Antes de chegarem ao noivado, um precisa saber tudo o que diz respeito ao outro. Afinal, futuramente, será com o parceiro que eles vão conviver, morar e construir uma vida juntos. Então, que comece, desde o namoro, a intenção de serem os melhores amigos" (Livro: 'As cinco fases do namoro').

Quem ama investe, preocupa-se em fazer acontecer o que promove o bem ao seu coração e ao da pessoa amada. Seja autêntico, seja sempre você mesmo, mostre sua alma e coração ao outro. Não tenha medo de renunciar a tudo o que atrapalha esses quatro aspectos, e, com certeza, vocês dois chegarão ao namoro, noivado e casamento felizes.

Deus abençoe!

 



Sandro Arquejada

Sandro Aparecido Arquejada é missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em administração de empresas pela Faculdade Salesiana de Lins (SP). Atualmente trabalha no setor de Novas Tecnologias da TV Canção Nova. É autor do livro "Maria, humana como nós" e "As cinco fases do namoro". Também é colunista do Portal Canção Nova, além de escrever para algumas mídias seculares.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/relacionamento/namoro/como-conhecer-melhor-meu-namorado/

18 de janeiro de 2016

Como educar crianças como crianças

Educar crianças como crianças e não  lotar a agenda delas com muitos afazeres

A infância é uma época de formação da criança com forte impacto na vida futura. É natural que os pais se perguntem o que podem fazer para que os filhos aproveitem essa fase de forma sadia. Para isso, eles precisam incentivar os pequenos a brincar, porque a brincadeira é fonte de aprendizado e descoberta do mundo. Naturalmente, a criança gosta e procura brincar, mas, no mundo atual, pode não encontrar condições ideais.

Dicas para criar
Foto: FamVeld, 71358035, by iStock by getty images

O que fazer quando se tem pouco espaço

Hoje, a falta de segurança e os apartamentos menores acabam restringindo as brincadeiras de rua, ao ar livre, que permitem maior liberdade e exigem criatividade. Os pais podem resolver isso levando os filhos aos parquinhos e piqueniques, à praia em tempo de sol; e, em dias chuvosos, brincar de fazer arte plástica, contar histórias e assistir a filmes com pipoca.
Outro pronto é deixar a criança aproveitar a infância sem lotar sua agenda com muitos afazeres e pouco tempo para o ócio criativo. As atividades pedagógicas e físicas, com orientação de professores, aumentam o conhecimento, mas as brincadeiras livres contribuem para o bom humor.


Criar vínculo afetivo

Crianças e bichos de estimação podem ser uma combinação importante, pois elas gostam de ter alguém para chamar de seu, amar e ser amado, criar vínculo afetivo e aprender a cuidar de outro ser.

Arte para trabalhar as emoções

Arte é fonte de desenvolvimento, principalmente a música. Desde cedo, as crianças são atraídas pelo canto ou barulho de um instrumento. Motivá-las a aprender a cantar ou tocar um instrumento pode ajudá-los a trabalhar suas emoções.

Vocês já viram a cara de uma criança diante de massinha, tinta, colagem, recorte e pintura? A alegria e a tranquilidade são as consequências após brincarem com esses itens, que marcam o compasso da vida. A bagunça os pais arrumam depois, mas os sentimentos de alegria ficam para vida toda.


Combate à solidão

A maioria das pessoas gosta de companhia; portanto, as crianças precisam de amigos para dividir as brincadeiras, os aprendizados e sentimentos. São vínculos que ajudam no desenvolvimento afetivo e no combate à solidão.

A presença dos familiares

A família, estendida para além do lar, ajuda a criança a escrever no livro da vida as lembranças que o acompanharão na vida adulta. Quantas lembranças dos avós, que são pais com açúcar; de tios e primos que tiveram contribuição importante e marcaram a infância! Hoje, os pais enfrentam o vício das crianças com os joguinhos eletrônicos. Esses jogos ajudam no desenvolvimento motor e mental, mas podem levá-las a viverem num mundo virtual e não real. O limite de tempo desses jogos é importante, pois evita o sedentarismo, a obesidade e o isolamento infantil.

Criança é criança quando brinca para valer e com prazer. O segredo é buscar a simplicidade das brincadeiras e investir tempo para ensinar de uma forma lúdica.


Ângela Abdo

Ângela Abdo é coordenadora do grupo de mães que oram pelos filhos da Paróquia São Camilo de Léllis (ES) e assessora no Estudo das Diretrizes para a RCC Nacional. Atua como curadora da Fundação Nossa Senhora da Penha e conduz workshops de planejamento estratégico e gestão de pessoas para lideranças pastorais.

Abdo é graduada em Serviço Social pela UFES e pós-graduada em Administração de Recursos Humanos e em Gestão Empresarial. Possui mestrado em Ciências Contábeis pela Fucape. Atua como consultora em pequenas, médias e grandes empresas do setor privado e público como assessora de qualidade e recursos humanos e como assistente social do CST (Centro de Solidariedade ao Trabalhador). É atual presidente da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos) do Espírito Santo e diretora, gerente e conselheira do Vitória Apart Hospital.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/familia/educacao-de-filhos/como-educar-criancas-como-criancas/