5 de novembro de 2015

Viúvo: entenda como não viver na solidão

Professor Felipe Aquino testemunha como ser viúvo e não viver a solidão

Fiquei viúvo há três anos. Nunca antes eu tinha pensado como seria a minha vida sem minha esposa, depois de 40 anos casados e quatro de namoro e noivado. No fim da vida, ela me disse que tinha medo de me deixar sozinho.

Quando já dava para pressentir que sua morte estava próxima, depois de um câncer de seis anos, fui pedindo a Deus que me preparasse para viver a viuvez. Cada vez mais, em minhas orações, eu pedia ao Senhor que me desse a graça de aceitar toda a vontade d'Ele e pudesse continuar a viver para Ele. Penso que essa seja a primeira coisa que um viúvo precisa fazer: aceitar a vontade de Deus, pois é Ele quem conduz a nossa vida e sabe o que é melhor para nós a cada dia. Nessa fé, é preciso entregar a Deus e agradecer – claro que com lágrimas! – o cônjuge querido que Ele nos deu como um presente durante tantos anos. O que melhor cura a ferida que fica na alma é entregar a pessoa ao Senhor, agradecendo a Ele todo o tempo bom que essa pessoa esteve ao nosso lado.

Viúvo entenda como não viver na solidão
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Em nossa fé, precisamos oferecer a Deus as Missas e as indulgências pela alma da pessoa amada que agora reza por nós. Eu procuro fazer isso todos os dias. Às segundas-feiras, vou ao túmulo dela levar minha prece e uma flor.

É preciso também viver para a família. No meu caso, são cinco filhos, um genro, quatro noras e onze netos (agora, mais um a caminho). Eles precisam de nós e suprem a falta da pessoa amada. Nunca dei tanto valor a uma família numerosa como agora. Antes de ela morrer, disse aos filhos: "Cuidem do seu pai!". Então, todo cuidado comigo agora é pouco.

Não cair na solidão, depressão e tristeza

Deus nos dá a chamada "graça de estado" para que possamos viver bem cada etapa da vida; de modo especial, eu sinto essa graça de estado da viuvez, que me ajuda a viver como Ele quer. No meu caso, faço isso com uma vida intensa na Igreja, na Canção Nova, escrevendo livros, pregando, dando formação e aulas, viajando pelo Brasil etc. Prefiro não buscar um novo casamento.

Sinto em Deus que é melhor eu viver o celibato e uma vida meio parecida como de um monge da cidade, meio mergulhado no barulho. No meu "eremitério" isolado, partilho minha vida com o Senhor, com os familiares e amigos. Sempre estou mobilizado para ajudar algum deles. Isso dá um grande sentido à minha vida e não me deixa cair na solidão, depressão ou tristeza.

Não buscar satisfação sexual de maneiras pecaminosas

É claro que não é fácil viver sem uma esposa, sem a vida sexual com a qual estávamos acostumados; mas a graça de estado nos ajuda. O viúvo não pode ficar buscando satisfação sexual de maneiras pecaminosas; seja por pornografia ou outros meios. Deus nos chama a viver a castidade em qualquer estado de vida, casado ou solteiro. Isso é mais difícil para o homem do que para a mulher, mas, com a graça de Deus, os sacramentos da Igreja e a oração, é possível. É preciso consagrar-se a Nossa Senhora e a São José, os patronos da castidade, e seguir o conselho de Jesus: "Vigiai e orai!". O viúvo, então, que não deseja se casar, tem de fazer uma oblação a Deus do seu estado de vida.

Sei que nem todos os viúvos podem ou querem viver assim; então, a Igreja autoriza que se casem novamente, desde que o façam na Igreja, recebendo o sacramento do matrimônio. Sabemos que a morte extingue o vínculo matrimonial, então, o viúvo é solteiro novamente. São Paulo disse: "A mulher está ligada ao marido enquanto ele viver. Mas se morrer o marido, ela fica livre e poderá casar-se com quem quiser, contanto que seja no Senhor" (1 Cor 7,39). "Quero, pois, que as viúvas jovens se casem, cumpram os deveres de mãe e cuidem do próprio lar, para não dar a ninguém ensejo de crítica" (I Tm 5,14)". "Mas a que verdadeiramente é viúva e desamparada, põe a sua esperança em Deus e persevera noite e dia em orações e súplicas" (1 Tm 5,5).

São Lucas nos mostra o caso daquela bela viúva de 84 anos, Ana. Ela, com o velho Simeão, adoravam o Menino Jesus. Depois de ter vivido sete anos com seu marido, desde a sua virgindade, ficara viúva; agora, com oitenta e quatro anos, não se apartava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e orações. (cf. Lc 2,37).

Ajudar no Reino de Deus

Li na internet, no site acidigital.com, em 3 de maio de 2012, que na Espanha, um viúva de 70 anos, de Valença, mãe de três filhos e avó de cinco netos, entrou para um convento de irmãs franciscanas Clarissas contemplativas (fundada em 1212 por Santa Clara de Assis), onde fez votos perpétuos. Seu nome religioso é Célia de Jesus; antes de se consagrar, ela vivia para ajudar os pobres. Seus filhos e netos assistiram. Muitas viúvas se tornaram santas e ajudaram muito o Reino de Deus: Santa Isabel de Hungria, Santa Isabel de Portugal, Santa Angela de Foligno, Santa Luzia, Santa Paula, Santa Brígida; Santa Rita de Cássia, Santa Helena etc. Essas mulheres foram muito importantes para a Igreja.

Não enterre sua vida dentro de casa

Portanto, os viúvos não têm que enterrar as suas vidas apenas dentro de casa.
Sei que muitos viúvos e viúvas não desejam um segundo casamento; então, é preciso continuar a viver bem. Para os que são cristãos, fica sempre a oportunidade de ajudar os filhos e a família, especialmente se já não precisam trabalhar profissionalmente. Nossos filhos e netos precisam de nossa ajuda. A vida moderna é dinâmica e exige muito deles; então, se temos tempo, é um bom serviço prestado a eles e a Deus.

A Bíblia fala muito das viúvas e de como Deus as ama. Um exemplo é o caso da viúva de Naim, e Jesus ressuscita seu filho (cf. Lc 7,12). Vemos o caso maravilhoso da viúva Judite, que salvou o povo de Israel de um massacre: "Judite ficara viúva havia três anos e meio" (Jd 8,4). "Despiu o seu vestido de viúva, para consolação dos que sofriam em Israel. Ungiu o rosto com essência perfumada…" (16,7), e que assim salvou o seu povo da morte.

Para a Igreja não existem aposentados

Uma coisa importante a entender é que, na Igreja, não existem aposentados nem desempregados. Sempre há trabalho no Reino de Deus para quem quer "servir ao Senhor com alegria" (Sl 99,2). Os viúvos e viúvas são pessoas maduras, muitos têm uma boa formação intelectual e podem ajudar a Igreja nas pastorais, sobretudo no batismo, na primeira comunhão, crisma e matrimônio. Os viúvos não podem "enterrar os seus talentos"; pois Deus vai nos cobrar isso. A Igreja precisa de nossa experiência, nossos lábios e mãos. Quando nos colocamos à disposição de Deus, para servi-L, logo Ele nos dá um trabalho adequado à nossa condição. E isso nos faz felizes.

Hoje, posso dizer que trabalho ainda mais do que no tempo que eu não era ainda viúvo; pois hoje tenho mais tempo para as coisas de Deus. E isso me dá forças, alegria e vida.
O tempo da viuvez, em que normalmente se têm mais tempo, é uma oportunidade de viver mais a vida espiritual, aproveitando o silêncio e a meditação. Nunca como hoje eu posso me dedicar a isso; pois sem isso não é possível servir a Deus com alegria e eficácia. Jesus disse: "Sem Mim nada podeis fazer" (Jo 15,5). Então, gaste seu tempo estudando a Bíblia, meditando com bons livros, fazendo caridade a quem pode, etc.. Se as pernas do corpo já não são ágeis, lembre-se de que o espírito não tem pernas. Este é o melhor tempo para nossa vida espiritual crescer.

Por que desfalecemos?

São Paulo nos dá um ensinamento preciso na Carta aos coríntios: "É por isso que não desfalecemos. Ainda que exteriormente se desconjunte nosso homem exterior, nosso interior renova-se de dia para dia" (2 Cor 4,16). O mais importante é que nosso espírito cresça para Deus; pois todos nós vamos um dia para Ele. É verdade que, nessa idade, os sofrimentos podem aumentar por causa da idade avançada, mas o apóstolo também nos lembra que "a nossa presente tribulação, momentânea e ligeira, proporciona-nos um peso eterno de glória incomensurável. Porque não miramos as coisas que se veem, mas sim as que não se veem . Pois as coisas que se veem são temporais e as que não se veem são eternas". (2 Cor 4,17).

Afinal, todos nós temos de nos preparar para a morte, que não é uma tragédia, mas um encontro com o Senhor que nos ama. Santa Teresinha dizia: "Eu não morro, entro para a vida". A Carta aos Hebreus nos lembra uma coisa muito importante: "Procurai a paz com todos e a santidade sem a qual ninguém pode ver o Senhor" (Heb 12,14). Isso quer dizer que ninguém entra no Céu sem ser santo; pois Deus é Santo, Santo, Santo. Então, devemos aproveitar essa bela idade dos cabelos brancos para buscar com mais determinação a santidade que nos abre as portas do céu.

Cuidado com a saúde

Eu cuido da minha saúde para viver bem. Faço ginástica, caminhada, ouço boas músicas, alimento-me bem para poder estar saudável e servir melhor a Deus e aos outros, não apenas para viver mais.

Agora, é tempo de rezar mais, eliminar os pecados que ainda não vencemos (soberba, orgulho, exibicionismo, gula, ira, inveja, maledicência, mentiras…) e amar mais as pessoas, porque a "caridade é o vínculo da perfeição". Não há nada mais triste do que um ancião sem juízo ou um jovem sem alegria.

Caminhão de mudança atrás do enterro

Nada podemos levar para a outra vida; então, é tempo também de desapego das coisas materiais, do dinheiro. O Papa Francisco disse um dia que nunca viu um caminhão de mudança atrás de um enterro. Então, esse é um tempo, como disse Jesus, de "dar de graça o que recebemos de graça" (Mt 10,10).

Qualquer que seja o nosso estado de vida, podemos ser felizes se vivermos em Deus e para Deus.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/testemunhos/viuvo-entenda-como-nao-viver-na-solidao/

3 de novembro de 2015

Amor e a sexualidade humana

No contexto humano descubra a sintonia entre amor e a sexualidade

Falar de amor e de sexualidade significa abordar uma única realidade em dois ângulos, os quais, pela sua realidade, envolvem uma dimensão essencial da vida humana.

O amor gera na pessoa decisões, atitudes e reações. O amor virtude é uma realidade que envolve a vida toda, pois não se ama, porque se deve amar, mas porque o amor se torna uma realidade que faz com que a pessoa seja mais humana. À medida que vamos crescendo, nos descobrindo e nos aprofundando em nossa vida, percebemos que somos seres que se relacionam, e que a solidez da nossa própria vida depende, em grande parte, das relações que estabelecemos.

Amor e a sexualidade humana
Ao longo da história da humanidade, constatamos que o caminho a ser realizado por cada pessoa está marcado pelas suas constantes mudanças. De fato, faz um tempo que se fala em mudança de época devido à crise de sentido que envolve, em primeiro lugar, a vida da própria pessoa.


Amar, então, é um dos maiores desafios, pois fazer com que o amor seja conhecido e vivenciado pelas pessoas exige maturidade e compromisso. Aqui entra a sexualidade.

Se afirmarmos que a sexualidade afeta diretamente toda a vida humana, em nós haverá uma força imensa que nos conduzirá a viver esse amor. Cada ato humano, destinado a desvendar o verdadeiro "ser" da pessoa, leva consigo essa força e, precisamente por isso, a pessoa decide amar.

Relacionamento sadio

A sexualidade é feita para o amor, razão pela qual ela não pode ser prostituída nem manipulada. Quando o amor se fortalece, é capaz de sustentar relações que dignificam e deixam a vida mais harmoniosa. Quando somos crianças, vivemos um amor puro, dócil e inocente; à medida que vamos nos tornando adultos, essas qualidades do amor em nós não deveriam desaparecer nem serem trocadas, mas cada vez mais fortalecidas. A pureza vivida no amor nos permite vivenciar a dignidade. A docilidade nos abre o caminho para um relacionamento sadio; a inocência evita que tratemos os outros como objetos. Amor e sexualidade são, mais uma vez, uma única realidade, com a qual cada pessoa fortalece sua vida e revela o seu íntimo.

Dignidade da pessoa humana

São João Paulo II afirmou em suas catequeses sobre o corpo: "O amor humano, quando fortalecido no amor divino, perpassa a vida da pessoa a ponto de fazer dela uma verdadeira construtora de relações sólidas e sadias". Nossa sexualidade vivida no amor faz que com que cada um sinta a necessidade de comunicar aos outros a beleza de uma corporeidade aceita, de uma personalidade amadurecida e de uma vida moral bem aventurada. Vamos proclamar, sem medo, a evangelização do amor e da sexualidade de forma tal que sejamos todos artífices da sociedade do amor, para a qual o Papa Paulo VI nos convocou alguns anos atrás, cujo ponto de partida é a dignidade da pessoa humana.


Padre Rafael Solano

Sacerdote da Arquidiocese de Londrina. Reitor do Seminário Maior Paulo VI. Professor da PUC – PR.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/castidade/amor-e-a-sexualidade-humana/

30 de outubro de 2015

Dicas para construir a boa saúde mental das crianças

Há caminhos que podem ajudar a construir a boa saúde mental das crianças

A vida moderna nos abriu um leque de possibilidades. A rapidez oferecida, por exemplo, pelas novas tecnologias e pelos aparelhos que temos em casa leva-nos ao comodismo, fazendo com que busquemos sempre a lei do menor esforço e a satisfação a curto prazo.

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Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Os pais, no desejo de acertar e dar o seu melhor, não se dão conta de que estão por demais preocupados em oferecer segurança financeira aos filhos e maior comodidade a qualquer preço. No entanto, prover somente condições materiais para que a criança se desenvolva e encontre o seu lugar no mundo pode constituir um grande erro e trazer consequências inimagináveis. Antes, é preciso favorecer o ambiente, para que a criança cresça num clima propício à sua saúde mental, evitando neuroses e psicoses na vida adulta.

Trabalhar as emoções, os sentimentos e reparar traumas em indivíduos adultos é penoso, exige acompanhamento profissional e muita disciplina. A espiritualidade pode entrar como uma grande parceira. Existe, entretanto, um caminho mais eficaz. O psicólogo Eric Erikson diz que são poucas as coisas que não podem ser remediadas mais tarde, mas muitas são as que podem ser prevenidas.

Num recente estudo feito por quase mil profissionais da área de saúde mental, a falta de amor e de educação emocional por parte dos pais foi citada como a principal causa de problemas emocionais posteriores. Por outro lado, o abraço carinhoso da avó, a aprovação por um gesto de bondade, o sorriso e o afago antes de dormir, a festinha de aniversário com os colegas, as celebrações em família são como o combustível para a construção de uma vida equilibrada e uma mente sã.

Como adquirir confiança

O afeto expressado em gestos, o toque físico e o cuidado em suas necessidades essenciais são o que há de mais nobre para favorecer a saúde mental das crianças. Ao contrário do que se pensa, a confiança básica se estabelece não tanto em função da quantidade de amor e atenção que ela recebe, mas em função da qualidade desse amor.

Não basta amar, é preciso sentir-se amado

Dom Bosco é o grande mestre nesse quesito. O santo da juventude dizia que não bastava amar os jovens, eles precisavam sentir que eram amados. Seu método de ensino conciliava razão, religião e amorevolezza (na tradução do italiano, algo como carinho, ternura e bondade). Depois de 200 anos, o amor declarado, o acolhimento e o afeto seguem como fontes inesgotáveis de saúde mental e ponto de partida para um bom aprendizado.

Se a lógica com os jovens é assim, com a criança ainda mais. Se ela de fato recebe o amor e o cuidado de que precisa, vai decidir que o mundo é bom e merece receber confiança. Estabelece-se aí uma relação tranquila com o universo exterior e com si mesma. Do contrário, ela vai se recolher, afastando-se dos relacionamentos. Instala-se o processo de (auto) desconfiança.

O descaso dos responsáveis ou ainda um abandono súbito pode desencadear na criança uma tristeza profunda ou até mesmo um sentimento de desamparo que pode persistir para o resto da vida. Médicos, psicólogos, assistentes sociais reconhecem as consequências que decorrem da privação de amor.

Absorção do que acontece no ambiente externo

É importante ressaltar que, ainda que tenha sido profundamente amada, acolhida e respeitada em suas particularidades, a criança, por ser como uma "esponja" do ambiente, por estar ainda na fase de observação para o vir a ser e fazer escolhas, assimila tensões, estresse e outros desconfortos típicos da vida adulta. Se não assimila, pode, ela mesma, desenvolver sentimentos negativos de frustração e repressão, com base nos relacionamentos que vive em casa ou no ambiente escolar.


Dada a importância do equilíbrio dos afetos, das emoções e sentimentos, como favorecer portanto, conscientemente, esse ambiente positivo e altruísta, que respeita a criança e suas fases de desenvolvimento? Como, ao mesmo tempo, prepará-la e amadurecê-la para o mundo competitivo e imprevisível que está por vir?

Sigo na linha do velho ditado popular: "antes prevenir do que remediar". Além do amor e de um clima de aconchego e compreensão, a grande aliada nesse processo é uma rotina dinâmica, que favoreça a expressão livre da criança naquilo que ela é – independente da etapa educativa em que esteja.

Reprimir brincadeiras pode ser nocivo

Segundo Klein, a atividade lúdica é o principal mecanismo de expressão infantil e a fonte de suas sublimações. Reprimir brincadeiras ou mesmo não as fomentar pode ser extremamente nocivo ao desenvolvimento da criança e refletir negativamente no desenvolvimento de sua criatividade. É por meio de jogos, atividades lúdicas, da vazão à fantasia, que ela se integra, encontra-se no mundo, expressa-se e aprende sobre relacionamentos.


A Palavra de Deus nos dá uma lição quando diz: "Existe um tempo para cada coisa debaixo do céu". Se podemos dizer assim, o tempo da criança é o de ser amada e brincar. Temos de impor limites, orientar sobre o que é certo e errado, o que é cristão e não cristão. Mas tudo isso sem amor vira imposição, regras sem alma, e leva à insatisfação e rebeldia.

Brinque com seu filho, gaste tempo com ele, insista em estar junto, seja em casa, no parquinho, na Igreja ou no shopping. Daqui a alguns anos, você vai colher os frutos de tudo isso. Ele precisa mais do que pode oferecer; ele precisa de você.

Autora: Thaysi Santos
Membro da Comunidade Canção Nova
Jornalista, editora-chefe do Canção Nova Notícias
Pós-graduada em Counseling
thaysi@cancaonova.com


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/como-favorecer-a-saude-mental-das-criancas/

28 de outubro de 2015

Cinco motivos para rezar todos os dias

Descubra cinco valiosos motivos para rezar todos os dias

A oração é o alimento da alma. Se não ingerirmos uma determinada quantidade de nutrientes necessários diariamente, nosso organismo começará a reagir de modo negativo; com o passar do tempo, vamos adquirir uma anemia. O mesmo processo ocorre com a vida interior. Se, a cada dia, não cultivarmos uma vida de oração, nossa alma contrairá uma anemia espiritual. Precisamos cuidar do coração para que nossa fé seja sempre renovada no amor e na esperança.

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Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Aumentando a imunidade contra os ataques do inimigo

Vamos juntos descobrir cinco motivos para rezarmos todos os dias e aumentarmos a imunidade contra os ataques do inimigo?

1 – Fortalecimento da fé:

Nossa vida de fé se alimenta daquilo que oferecemos à nossa alma. Quando nos descuidamos da oração, nossa vida de fé diminui gradativamente. Muitos se descuidaram a tal ponto da vida de oração, que hoje se encontram espiritualmente anêmicos, sem forças diante das difíceis situações da vida. Quanto mais rezamos, mais nossa fé cresce e se fortalece.

2 – Resistência contra os ataques do mal:

Todos os dias, somos cercados de muitas forças do mal, as quais tentam nos roubar a paz. Uma vida de oração fecunda e intensa afasta de nós as forças das trevas. A luz que irradia de nossa fé deixa cego o inimigo. Mergulhados em Deus, criamos uma resistência espiritual contra todo vírus do mal.


3 – Santificação pessoal:

Os santos alcançaram a glória divina, porque na vida foram pessoas de oração e caridade. A vida de oração caminha de mãos unidas com a ação, e para ser santo é preciso ser pessoa de oração. Quando nossa vida se torna oração por completo, até mesmo em nosso trabalho estamos rezando, porque nos unimos de tal maneira a Deus que não mais podemos nos separar d'Ele.


4 – Imunidade contra o negativismo:

Pessoas mal-humoradas têm tendência a serem de pouca oração. Quem reza é mais animado, olha a vida com mais amor, acolhe com mais carinho seus irmãos, reconhece nos sofredores o próprio Cristo, são promotores da paz, praticam a caridade sem esperar retorno. Invista na oração e verá os benefícios na sua alma.

5 – Amadurecimento espiritual e humano:

Aquele que cultiva uma vida de oração aos poucos vai adquirindo a sabedoria necessária diante das realidades humanas e espirituais. Uma vida de oração assídua desenvolve na alma o amadurecimento espiritual, que nos faz abandonar nas mãos de Deus todas as nossas fragilidades e confiar a sua misericórdia às difíceis situações da vida, para as quais não encontramos solução.

Os benefícios para quem investe um período do seu dia no cultivo da oração são enormes. Não há contraindicações e todos podem ser beneficiados pelo amor misericordioso de Deus, que restaura o coração e devolve a saúde espiritual à alma abatida.


 

 


Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é vigário paroquial da Paróquia Santo Antônio, em Jacutinga (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG).

Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar seus artigos na internet, acesse: www.padreflaviosobreiro.com


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/cinco-motivos-para-rezar-todos-os-dias/

26 de outubro de 2015

Como lidar com os traumas do passado no presente

Os traumas do passado podem interferir diretamente em nosso presente

Cada ser humano é único, com incontáveis possibilidades de vivenciar as mais diversas situações. Desde nossas primeiras memórias da infância, vamos acumulando as experiências mais marcantes ao longo da vida; geralmente, as que provocaram maior emoção.

Uma festa de aniversário, aquele passeio esperado, uma viagem, os tombos de bicicleta, as brincadeiras com os primos, um presente especial. São lembranças doces que remetem a um tempo em que o olhar infantil estava mais desperto para os detalhes e encantos do novo, do belo.

Como lidar com os traumas do passado no presente -

Entretanto, nem só de boas lembranças nossa memória está recheada. Muito falamos sobre eventos traumáticos vivenciados em diversas fases do desenvolvimento infantil, mas há também os ocorridos durante a crítica passagem pela adolescência e os que enfrentamos na fase adulta.

Como se fosse hoje

Esse outro lado da moeda tende a ser mais difícil de se elaborar. Causa dor lembrar-se do sofrimento de uma violência física ou emocional, um abuso sexual, a perda de alguém querido, bem como os sentimentos de desamparo, solidão e desespero. Alguns, inclusive, afirmam lembrar-se com tanta nitidez os detalhes do trauma, que poderiam relatar tudo "como se fosse hoje". Quando dizem essa frase, estão falando a verdade.


Certas pessoas carregam o fardo de dores que acabam pesando mais conforme o passar do tempo. A lembrança passa a ser como um bicho de estimação, algo a ser rememorado para não cair no esquecimento ou para alimentar algum sentimento de vitimização. Outros, pelo contrário, tentam esquecer, a todo custo, os eventos traumáticos que aparecem como flashes indesejados em alguns momentos. Às vezes, colocam uma manta por cima do passado e tentam viver como se essa dor não existisse. É possível até que alguns busquem refúgio em drogas e bebidas, com o desejo de encontrar um conforto momentâneo.

Sujeiras da alma

Primeiramente, é importante entrar em contato com a situação incômoda de forma aberta e transparente. Falar sobre o assunto pode ajudar na elaboração do que aconteceu, principalmente se o evento foi na infância ou adolescência. O adulto que você é hoje pode amparar e consolar a criança que você foi e que não tinha recursos internos para lidar com a situação naquela época. Acolha a dor, reconheça o sofrimento e, se vier uma emoção, abra-se ao pranto que poderá lavar as sujeiras da alma.

Esse pode ser um processo doloroso e longo. Entretanto, estamos falando da qualidade de sua vida, da liberdade que você merece experimentar ao tirar esse peso das costas, que deixa seus passos lentos.

Terrenos escuros e frios

Conforme você for caminhando nesses terrenos escuros e frios, poderá lançar uma luz de compreensão, um sopro quente de perdão que, aos poucos, vão trazer novos significados para a sua história. Se algum passo for muito difícil, tenha paciência consigo, mas não pare! Peça a Deus a graça necessária para enfrentar essas dores, conte com a ajuda de outras pessoas ou profissionais que possam auxiliá-lo nesse processo.

No final, pode acontecer de você descobrir que o perdão – ao outro e a si – é possível e o deixa livre para viver sem o rancor e o ódio. Talvez você encontre uma força interior que não imaginava possuir, e um olhar sereno pode aparecer no seu rosto, junto com um sorriso mais aberto. Valerá a pena conhecer uma nova forma de visitar seu passado e lidar com as dores que pareciam eternas.


Milena Carbonari

Milena Carbonari Krachevski é Psicóloga, Pós-Graduanda em Educação e Terapia Sexual, missionária dos Jovens Sarados e membro do Apostolado da Teologia do Corpo Brasil. Contato: psicologa.milenack@gmail.com


23 de outubro de 2015

Pílula do dia seguinte: Quais são as consequências?

Quais consequências isto traz para a mulher, sobretudo para as jovens?

"Ela equivale a uma bomba hormonal para a mulher, com todos os efeitos agressivos e riscos. Altera o processo de ovulação, podendo provocar esterilidade para toda a vida.

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Pode causar severos danos à saúde: sangramentos, dores de cabeça e náuseas. Seu uso freqüente pode provocar: danos no fígado, tapar as artérias e provocar infarto, embolias no cérebro ou no pulmão e hemorragias cerebrais, complicar as alterações provocadas pelo tabagismo, aumentar os riscos do colesterol elevado podendo produzir danos no pâncreas, pode produzir cegueira por trombose da artéria da retina, piorar o diabetes. Aumentar o risco de desenvolver câncer de colo do útero e de mama além de depressão", garante o Bispo.

Já houve vários casos de mortes de jovens causadas pelo uso dessas pílulas. Por exemplo, o jornal O Globo publicou em sua edição de 11/01/01, p.30: que uma menina de 15 anos, Caroline, filha de Jenny Bacon, morreu em Londres, após tomar a pílula do dia seguinte, o que revoltou os pais das alunas na escola onde a pílula é distribuída até para meninas com apenas onze anos.

O Dr. Jerome Lejeune, francês, um dos maiores geneticistas do século XX, já avisava na década de 90 que a pílula do dia seguinte "é uma bomba para o organismo da mulher".

O Dr. Helio Begliomine membro de diversas sociedades nacionais e internacionais, denuncia ao público a pílula do dia seguinte pelos efeitos contrários à saúde e à vida humana que ela acarreta. E denuncia que há interesses econômicos de grandes firmas que estimulam a sua difusão camuflando as conseqüências negativas que ela possa ter para a mulher e para a sociedade em geral. (Revista PR n.468 – 2001)

Segundo os estudos científicos de D. Rodrigo Aguiar, no caso da pílula do dia seguinte, está comprovado que pode ter três efeitos: "Primeiro: impedir ou atrasar a ovulação. Segundo: Ainda que tenha tido a ovulação, impedir que se dê a fecundação do óvulo pelo espermatozóide. Terceiro: Ainda que tenha havido a fecundação, impedir que o óvulo fecundado se anide ou implante no útero. Este efeito anti-implantatório do óvulo fecundado está fundamentado não só pelo fabricante da pílula, mas também por extensa bibliografia médica."

A Igreja não tem dúvida de que a pílula do dia seguinte é abortiva; por isso denuncia isto. Estamos falando de um efeito abortivo, pois, segundo a genética, a vida humana inicia desde o momento da fecundação do óvulo pelo espermatozóide. O óvulo fecundado tem já seu mapa genômico próprio e individual, diferente do mapa genômico do pai e da mãe. Se se impede que este óvulo fecundado possa se implantar no útero (nidação), estamos falando de um aborto, ou seja, de um assassinato, e do ser humano mais indefeso.

Afirma o citado Bispo que "os que promovem a pílula do dia seguinte manipulam a linguagem científica: falam de concepção até que se implante o óvulo no útero. Enquanto não se implanta o óvulo fecundado, chamam-no de pré-embrião; já implantado, chamam-no de embrião." Para a Igreja não existe pré-embrião, mas apenas embrião, já portador de uma alma imortal desde o primeiro momento da sua concepção, mesmo antes de sua nidação no útero da mãe.

A distribuição da pílula anticonceptiva normal e agora a de emergência, provoca cada vez mais a promiscuidade, acentuando uma sexualidade onde o primordial, onde o único motivo é buscar o prazer. Nesta visão hedonista do sexo, o filho torna-se um intruso, um estorvo que se deve descartar. E a mulher é reduzida a um objeto de prazer.
É lamentável que nossas autoridades não vejam isto!

A solução não é distribuir pílulas às jovens, mas reorientar o autêntico sentido da sexualidade, que é expressão do ser humano em sua totalidade. O ato sexual não é só para o prazer, mas o prazer deve acompanhar intenções mais nobres, como a unidade do casal e a comunhão do homem e da mulher, assim como a transmissão da vida. O ato sexual não pode ser apenas um ato de prazer, como para os animais; isto animaliza o homem e a mulher. Ele não é um fim último, mas um meio para a unidade do casal e a procriação. O amor que nutre o matrimônio está chamado a ser fecundo, aberto a outras vidas humanas, no sentido de paternidade responsável.

Pior mesmo do que a gravidez, é a liberação dos atos sexuais fora do matrimônio, que essas medidas geram. Nosso desafio é educar as crianças, os adolescentes e jovens a viver sua sexualidade de uma maneira responsável e plena, e não ficar distribuindo pílulas, camisinhas e laqueaduras. Não estamos lidando com animais.

O Catecismo da Igreja ensina que:

§2270 – "A vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento de sua existência, o ser humano deve ver reconhecidos os seus direitos de pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo ser inocente à vida.

"Antes mesmo de te formares no ventre materno eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te consagrei" (Jr 1,5). "Meus ossos não foram escondidos quando eu era feito, em segredo, tecido na terra mais profunda" (Sl 139,15).

A sociedade católica precisa reagir a esses absurdos, antes que a nossa civilização volte aos tempos da barbárie dos séculos V.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/bioetica/defesa-da-vida/pilula-do-dia-seguinte-quais-sao-as-consequencias/

21 de outubro de 2015

O câncer foi um marco em minha vida

O   câncer foi um marco em minha vida, testemunha Heloísa

"Deus é mais íntimo a nós que nós mesmos" (Santo Agostinho). No ano de 2002, começou minha história com o tratamento de câncer. A princípio, fui surpreendida com um nódulo no pescoço, mas não me dei conta da gravidade do problema, até que ele começou a aumentar. Ao procurar ajuda, descobri que esse pequeno nódulo já havia se transformado em metástase e sua origem estava no meu mediastino (centro do tórax); um tumor de 15 cm. No meu caso, um tipo de tumor maligno, chamado linfoma, localizado na cavidade externa entre o pulmão e o coração, migrando para o pescoço e o ombro. Diante desse diagnóstico, segui diretamente para o tratamento quimioterápico, que somaram 16 sessões ao todo. Foram dois anos de tratamento, sendo os nove primeiros meses mais difíceis: nove meses de quimioterapia, radioterapia, toracotomia, sofrimento e cura interior; um marco em minha vida.

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Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Transformar desespero em esperança

Quando recebemos a notícia de uma enfermidade grave, logo nos vem um sentimento de tristeza. No entanto, tudo aconteceu diferente dentro de mim, pois consegui transformar o desespero em esperança. O primeiro pensamento foi de que minha vida iria mudar, fui tomada por uma força de luta e uma certeza de que Deus tudo pode e Ele podia me curar.

Em minha oração, Ele me respondia que eu não morreria, mas não me pouparia dos sofrimentos. Em resposta àquilo que o Senhor me oferecia, optei pela fé e recebi o dom da alegria e a graça do bom humor. Tomei a decisão de aceitar o câncer e amá-lo, por isso dizia: "Ele não é de Deus, vou amá-lo tanto, que ele não aguentará e irá embora".

Convidei o Senhor para lutar comigo

Nessa caminhada de fé, convidei o Senhor para lutar comigo. O que me sustentava era o amor das pessoas e também "o ser paciente na enfermidade"; eu vivia a graça de esperar o tempo de Deus e o bem que Ele tiraria disso tudo. Assim, pude viver uma linda experiência de abandono em Deus. Durante essa jornada de cura, muitos sentimentos eu tinha de enfrentar e viver, como o abandono, a sensação de impotência e o mal-estar.

As sessões de quimioterapia me deprimiam psicológica e espiritualmente, sentia-me abandonada não por falta de companhia, mas porque ninguém neste mundo podia tocar naquilo que eu sentia, somente Deus. Por isso eu tinha de me agarrar a Ele. Nos momentos mais dolorosos, eu só conseguia repetir o nome de Jesus.

Disciplinei-me, então, no processo do tratamento, com paciência e serenidade, pois tinha a certeza de que o médico era para mim a boca de Deus, e ele traria a cura para minha vida.

O maior milagre não foi a cura do câncer

Acredito que o maior milagre que recebi nesse processo não foi a cura do câncer, mas sim a cura do meu coração. O câncer me tirou muitas coisas. Precisei não ter nada; a única coisa que possuía era Deus, e estar abandonada n'Ele. Foi para mim uma grande experiência de intimidade. Morrendo, a cada dia, nas sessões de quimioterapia, eu ficava fraca e frágil, mas, mesmo assim, louvava ao Senhor e via minha vida passar como um filme. Então, eu perdoava e pedia ao Senhor que curasse também o coração daqueles que um dia eu feri.

Temos dificuldades em lidar com a dor, mas recebi uma graça especial: diante do sofrimento, eu sorria. Isso é algo que somente pode ser vivido na graça, não existe explicação. Eu possuía força, coragem para encarar tudo com naturalidade, mas a confiança e a fé que realizava isso em mim era Deus e mais nada.

História de Jó, minha história

Finalizo fazendo uma analogia da minha vida com a história de Jó. Após saber que todos os seus bens lhe foram tirados, inclusive seus filhos, para piorar a situação recebeu uma enfermidade. Porém, mesmo com todo o sofrimento passado, descrito nos primeiros capítulos, Jó pronuncia: "Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei. O Senhor me deu, o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor." (Jó 1,21) "Se recebemos o bem de Deus, porque não iríamos receber também o mal." (Jó 2,10)

Somente alguém que tenha intimidade com o outro pode bendizê-lo. Jó sabia que tudo o que estava acontecendo tinha uma razão, pois seu Amigo íntimo – Deus – jamais o decepcionaria; eu também seguia nessa confiança.

O grau de sua intimidade com o Senhor determina até onde sua luta pode ir, porque Ele conhece cada coração. Assim, não termino a minha história, porque Deus me deu a chance de continuá-la. O câncer foi para mim a resposta do amor de Deus em minha vida e a certeza de que fui feita para Ele.

Morrer para ressuscitar uma mulher curada

O tratamento foi uma gestação de nove meses. Em cada quimioterapia, eu morria para ressuscitar uma mulher curada. Deus não quis o câncer, mas o permitiu com o propósito de curar o meu coração e tornar-me íntima d'Ele. Em minha história, como na de Jó, que seja bendito o nome do Senhor! Amém.

Autora: Heloisa de Paiva Carvalho 


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/testemunhos/o-cancer-foi-um-marco-em-minha-vida/