1 de junho de 2015

Os filhos estão com excesso ou falta de amor?

Quando o assunto é educação, surgem as dúvidas: estamos permeando os filhos pela falta ou pelo excesso de amor?

Diante de um mundo na qual predomina o desequilíbrio econômico, onde alguns países possuem excesso de riqueza e outros a escassez de recursos, as pessoas acabam se acostumando a conviver com essas diferenças e, muitas vezes, deixam de perceber as consequências.

Os filhos estão com excesso ou da Falta de Amor
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Na formação dos filhos também podemos ver excessos ou escassez nos relacionamentos. Por isso, precisamos nos perguntar como anda o equilíbrio da afetividade nas famílias, sejam elas carentes ou não, e quais consequências tem sido colhidas na vida adulta.

É claro que, como mantenedores das necessidades emocionais e físicas dos filhos, as ações dos pais impactam fortemente na constituição da psique dos filhos. Mas a falta de tempo e o excesso de culpa têm permeado muitas relações e trazido muitos sofrimentos. Por isso, é momento de estar mais presente e não assumir a responsabilidade das decisões que são tomadas pelos filhos, e que não pertencem aos pais.

As mães, no papel maternal, geralmente propiciam vínculos afetivos e amor incondicional a seus filhos, e mesmo não concordando com atitudes deles, não os abandona nem se rendem ao impossível. Entretanto, a escassez de tempo, a necessidade de vencer no mundo profissional e a opção de deixar outra pessoa em seu lugar pode levá-las a um vazio. Ao contrário, uma mãe que não trabalha, não têm projetos, pode passar um tempo em excesso com as crianças, levando-as [as mães] a considerar a maternidade um peso. Depois, por serem responsáveis pela felicidade da mãe, muitos filhos adultos apresentam uma conta afetiva alta, que os impede de seguir a vida. O equilíbrio na dose de afeto maternal vai definir quem os filhos serão emocionalmente.

Outro ponto importante é o relacionamento do casal, pois é a mãe quem abre espaço para a relação entre pai e filho (a); muitas vezes, as esposas competem pelo amor do filho, atrapalhando a criação de vínculos que vão organizar a afetividade dos filhos com os pais. É importante que o casal invista na vida a dois e também no convívio com os filhos, são amores diferentes que, bem equilibrados, se completam. Filhos são importantes, mas não são a única prioridade do casal.

Os pais, no papel masculino, contribuem com o cumprimento da lei, fazem o corte entre mãe e filho, permitindo que este se enxergue como indivíduo. Quando chega o tempo do filho buscar novos horizontes, faz o convite para sair do ninho em busca da liberdade, a qual traz responsabilidades e direitos. Escolhas fazem parte do processo de amadurecimento. Alguns pais excedem nas leis e gastam pouco tempo na convivência que ajudaria nesse aprendizado, ou, por insegurança, dificultam a saída de casa, criando filhos dependentes e frágeis.

É logico que as crianças não restringem suas relações apenas aos pais. À medida que crescem, expandem o convício social, mas, na primeira infância, as referências que marcam a existência das pessoas provêm do ambiente familiar.

A demonstração de afeto varia de pessoa para pessoa, sendo pais ou filhos. Alguns capricham no carinho, outros investem na educação ou têm um senso prático de solucionar problemas, não importa a forma, mas a criança precisa se sentir amada e valorizada para poder amar e valorizar o outro.

O texto nos leva a uma reflexão: o relacionamento com os filhos tem sido permeado pela escassez ou abundância? Ou, então, encontrou o equilíbrio que, possivelmente, formará adultos mais saudáveis e comprometidos com o equilíbrio do mundo.



Ângela Abdo

Ângela Abdo é coordenadora do grupo de mães que oram pelos filhos da Paróquia São Camilo de Léllis (ES) e assessora no Estudo das Diretrizes para a RCC Nacional. Atua como curadora da Fundação Nossa Senhora da Penha e conduz workshops de planejamento estratégico e gestão de pessoas para lideranças pastorais.

Abdo é graduada em Serviço Social pela UFES e pós-graduada em Administração de Recursos Humanos e em Gestão Empresarial. Possui mestrado em Ciências Contábeis pela Fucape. Atua como consultora em pequenas, médias e grandes empresas do setor privado e público como assessora de qualidade e recursos humanos e como assistente social do CST (Centro de Solidariedade ao Trabalhador). É atual presidente da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos) do Espírito Santo e diretora, gerente e conselheira do Vitória Apart Hospital.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/familia/educacao-de-filhos/os-filhos-estao-com-excesso-ou-da-falta-de-amor/

29 de maio de 2015

O que é o discernimento dos espíritos?

 O discernimento é um dom "protetor da comunidade e de todos os outros dons"

O discernimento é uma habilidade ou a capacidade dada por Deus de se reconhecer a identidade (e, muitas vezes, a personalidade e a condição) dos "espíritos" que estão por trás de diferentes manifestações ou atividades. Este dom, essencial à Igreja, é geralmente concedido aos pastores do rebanho de Deus e aos que estão em posição de guardar e guiar os santos.

O que é o discerniemto dos espíritos

Como podemos ver na definição acima, esse dom de Deus nos ajuda a perceber a origem de uma intuição, de um pensamento, a causa de um comportamento, especialmente quando este se nos apresenta de forma estranha.

Como dom [discernimento dos espíritos], não procede das capacidades simplesmente humanas nem das deduções científicas que possamos ter adquirido. "O discernimento é intuição pela qual sabemos o que é, verdadeiramente, do Espírito Santo".

O discernimento também pode ser visto como uma espécie de visão ou sensibilidade; é uma revelação espiritual da operação de diferentes tipos de espíritos numa pessoa ou numa situação; é o meio pelo qual Deus faz os cristãos tomarem consciência do que está acontecendo.

Após todas estas definições, podemos nos perguntar: Qual o benefício esse dom nos traz ao ser usado de forma adequada? Como utilizá-lo? Como deve ser utilizado pelas pessoas, quando estas vivem situações complexas? Como elas devem proceder a partir da orientação certa e segura que o discernimento lhes deu?

O uso do dom do discernimento

O carisma em estudo nos permite agir de forma correta em um fato ou situação que temos em mãos, no momento. Permite-nos identificar a causa dessa situação especial, podendo, assim, nos levar à raiz, ao princípio que a move, que a origina, encaminhando à situação acertada e feliz.

O uso do dom nos ajuda, portanto, a conhecer o espírito, isto é, o princípio animador (anima = o que anima, move, movimenta, etc.). Com ele, podemos chegar, com facilidade, à origem de uma inspiração e confirmar de onde esta pode vir:

– Se provém de Deus (ou de Deus por meio de Seus anjos, os Seus mensageiros);

– Se tem origem na mente humana (a qual pode estar sã, doentia, desequilibrada ou alterada);

– Se provém dos espíritos maus (do demônio ou de influências espirituais maléficas).

O discernimento ajuda-nos, ainda, a distinguir o certo do errado, o verdadeiro do falso, orientando nossas vidas na fé e doutrina de Jesus Cristo. O Senhor tem para nós esse grande dom, esse precioso dom, que é o discernimento dos espíritos. Embora ele seja um dom, embora nos seja dado gratuitamente, é resultado, também, da nossa caminhada. Precisamos caminhar e amadurecer e o que nos torna maduros é a perseverança, a oração, a Palavra de Deus e a docilidade. E com a maturidade vem também o discernimento dos espíritos.

Que Deus dê a você esse grande dom. Você pode orar agora: Senhor Jesus, peço o discernimento dos espíritos. Preciso muito desse dom para não confundir todas as coisas. Não quero saber de nada de mau, não quero saber confundir. Quero ser guiado, conduzido, orientado pelo Senhor. Dá-me, Senhor, o dom do discernimento dos espíritos. Amém!

Peço para você a graça da caminhada, do crescimento, para que venha a trilhar o seu caminho com perseverança. Peço que, amadurecido, crescido e arraigado em Jesus, que você tenha todo discernimento para poder servir ao Senhor cada vez melhor; como bom e prudente e a quem o Senhor pode confiar o que tem de mais precioso.

Vinde, Espírito Santo, e dai-nos o dom de discernir.


Padre Luizinho

Padre Luizinho, natural de Feira de Santana (BA), é sacerdote na Comunidade Canção Nova. Ordenado em 22 de dezembro de 2000, cujo lema sacerdotal é "Tudo posso naquele que me dá força". Twitter: http://@peluizinho


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/espirito-santo/o-que-e-o-discernimento-dos-espiritos/

27 de maio de 2015

Perdoar sem medo de amar

Perdoar nem sempre é fácil, principalmente quando a causa da ofensa abriu profundas feridas no coração 
Muitos caminham pela vida com feridas abertas há muitas décadas, buscam a cura para a cicatrização; mas quando pensam que ela ocorreu, a ferida se abre novamente e causa dores maiores que no passado.
Perdoar sem medo de amar
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com 
Jesus nos diz que devemos perdoar o nosso irmão setenta vezes sete, ou seja, o perdão não tem limites para ser concedido. No entanto, nossa realidade humana, frágil e pecadora insiste em deixar que a ofensa seja maior que o perdão. Tudo isso se deve à profundidade que a mágoa causou em nossa alma. Bom mesmo seria se conseguíssemos perdoar sempre e de coração.
O perdão é um processo que precisa de nossa ajuda para que possa ser concedido de maneira plena. As causas das mágoas podem ser várias e ocorrer nas mais diversas situações, desde uma palavra mal interpretada até uma carência profunda e sem consciência. Muitos são os motivos para que as feridas abertas demorem muito tempo para serem cicatrizadas.

Quanto mais remoemos em nosso coração a ofensa sofrida, maior será a dificuldade de perdoar. A mágoa que é alimentada pelo nosso coração não é benéfica para o nosso processo de cura interior. Pelo contrário, uma mágoa que é alimentada constantemente pelo sentimento de revolta aumenta as dores emocionais e dificulta a processo de cicatrização de uma ferida aberta.
O desejo de vingança é bastante comum em quem sofreu uma traição. O primeiro sentimento que surge no coração de quem passa por e processo é: "Assim como fez comigo, também farei". Esse sentimento é sempre prejudicial, porque nunca iremos resolver um problema usando das mesmas armas que feriram nossa alma. Guerra de sentimentos produz destruição em massa do amor. A solução para os conflitos não se busca na vingança, mas sim no diálogo sincero, maduro e humano.
Também não adianta falarmos para todo mundo e espalharmos aos quatro ventos a revolta que sentimos, se nunca temos a coragem de procurar quem nos ofendeu. Palavras de revolta, quando partilhadas com todos, podem aumentar os princípios de reconciliação. São muitas as situações em que o ser humano precisa de uma plateia que aplauda suas críticas para reforçar a autoestima de que o agressor não merece perdão.
No tumulto das emoções, toda busca de reconciliação e de paz será infrutífera. É preciso cultivarmos a paciência da espera. Emoções à flor da pele nunca vão nos ajudar na busca da paz. O tempo é um precioso aliado para quem deseja fazer do perdão um ponto de partida para um novo recomeço. Espere até que as ondas da fúria possam ceder lugar à serenidade das águas de um lago.
Nunca deixe de orar pela situação que você enfrenta. A oração é o alimento da alma e a paz que acalma nossos sentimentos. Busque na oração o primeiro passo para a cura de suas mágoas. Coloque tudo o que você sente nas mãos de Deus e deixe que Ele transforme o negativo de suas emoções nas flores do perdão.



Padre Flávio Sobreiro

Padre Flávio Sobreiro Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP. Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre – MG. Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Carmo (Cambuí-MG). Padre da Arquidiocese de Pouso Alegre – MG.

Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/perdoar-sem-medo-de-amar/

25 de maio de 2015

Casamento: estou preparado para dar esse passo?

Alguns critérios nos ajudam a discernir se estamos preparado para dar um passo para o casamento

Faltando pouco tempo para meu casamento, pergunto-me: existe hora certa para se casar?
(veja bem: já estou com dia e hora marcada para tal acontecimento)

Casamento estou preparada(o) para dar esse passo
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Uma decisão como essa trata-se de algo sem volta, algo para sempre, que muda sua história e o lança em uma dimensão de eternidade. Não pode ser, então, uma escolha indecisa; é necessário um profundo discernimento e se faz urgente uma parada para se pensar: é a hora?

Mas quais critérios devem ser utilizados para se firmar em tal postura? Quais os parâmetros para se decidir para sempre? É possível fazer esse compromisso definitivo?

Antes de dar sequência a esse assunto, vejo que, primeiro, precisamos entender os níveis pelos quais o amor humano passa até ser, de fato, um amor cristão de esposo para esposa. Sem isso, não se tem critérios para dizer "é a hora"! Para não ficar um texto longo, deixo aqui o link de uma pregação que fiz, na qual falo dos quatro níveis do amor segundo São João Paulo II:

Eu acredito no amor

Muito bom se você leu! Agora, se não leu, ficará um pouco difícil entender os três critérios básicos para ver se é a hora de se casar, pois só um amor que atingiu os quatro níveis será capaz de abranger as necessidades de um matrimônio autêntico.

Não sou um especialista no assunto, mas, a partir das leituras que fiz, da formação à qual me sujeitei a viver e baseando na Doutrina Católica, digo: a hora certa para se casar é quando se tem a disposição para morrer, quando se possui um amor desinteressado e tem-se a capacidade de dar a vida.

Você deve estar se perguntando: "disposição para morrer"? Como assim? Se quero me casar, é para ser uma questão de vida, não de morte! Primeiro e grande erro.

Primeiro critério é casar é ter disposição de morrer. Morrer para uma vida de solteiro, morrer para uma vida de egoísmo, para uma visão só; mas também é abrir-se para uma visão do mundo a dois. Quem se casa sem a disposição para morrer pode, no casamento, tornar-se "assassino" do outro, pois, em vez de morrer, pode assumir a postura de matar os sonhos e projetos, as esperanças e os desejos do outro.

Segundo critério é ter um amor desinteressado. Quando falo isso, não quero dizer ter uma postura passiva, mas ter um amor que não busca seu próprio interesse, mas que sempre está atento ao interesse do outro, o que o outro pensa, vive e sente . Sem um amor desinteressado não consigo ver o outro como sujeito, mas como objeto de satisfação de meus interesses.

O terceiro e para mim um dos centrais, é a capacidade de dar a vida. Neste caso, é necessário pensar essa vida concreta, pensar a abertura aos filhos, o projeto de fecundidade física, mas, além de tudo, uma vida que dá a vida todos os dias, que busca o nascimento constante do homem novo. Se, no primeiro critério, a questão é a morte do homem velho, aqui, neste terceiro critério, é questão de vida, nascimento do homem novo! Quem, ao se casar, não tem vontade de ser pai e mãe, não entendeu o sentido do casamento; logo, não é hora ainda de comprometer-se para sempre. O mundo carece e padece, pois faltam pais e mães de verdade.

Muitos podem ter parado para ler esse texto pensando que eu falaria em tempo cronológico, mas eu o chamei a uma reflexão além do tempo de segundos e minutos; na verdade, um pensamento sobre o essencial. Com isso, você pode usar os resultados de tais reflexões no concreto da vida e até nas demandas de um noivado. Por exemplo: quando o casal chega ao noivado, há um tanto de coisas que precisam ser vistas: móveis, casa, lugar para a  lua de mel etc. Tudo isso é lindo, mas pode se tornar um inferno se o casal não tiver disposição, às vezes, de morrer na sua vontade sobre a cor de cozinha preta e branca, e deixar a cozinha azul e branco da esposa viver.

Se não vivo um amor desinteressado por ela, será difícil entender que o vestido de noiva diz algo essencial de seus sonhos, e que preciso acolher as lágrimas quando ela pensar nele. Se não estou aberto à vida, posso culpá-la por já engravidar na lua de mel e não ter seguido à risca o método natural.

Percebe que mais do que a hora de relógio, há uma hora do coração que precisa ser vista?

Voltando ao início do texto, digo-lhe que estou a pouco tempo do meu casamento e na luta para viver bem este período. Abro-me, acima de tudo, a Cristo, pois só com Ele aprendo a ser noivo e esposo, e assim ter a disposição de dar a vida sempre! Ele é o modelo do noivo que dá a vida pela noiva, pois se entregou pela Sua noiva, a Igreja, e Sua entrega foi para sempre, foi definitiva!

Tamu junto!



Adriano Gonçalves

Mineiro de Contagem (MG), Adriano Gonçalves dos Santos é membro da Comunidade Canção Nova. Cursou Filosofia no Instituto da Comunidade e é acadêmico de Psicologia na Unisal (Lorena). Atua na TV Canção Nova como apresentador do programa Revolução Jesus. Mais que um programa, o Revolução Jesus é uma missão que desafia o jovem a ser santo sem deixar de ser jovem. Dessa forma, propõe uma nova geração: a geração dos Santos de Calça Jeans. É autor dos seguintes livros: "Santos de Calça Jeans", "Nasci pra Dar Certo!" e "Quero um Amor Maior"


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/vocacao/matrimonio/casamento-estou-preparado-para-dar-esse-passo/

20 de maio de 2015

O veneno da inveja e suas consequências

"Há poucos homens capazes de prestar homenagem ao sucesso de um amigo, sem qualquer inveja." (Ésquilo)

Não posso garantir que a frase acima seja do autor em questão. Mas uma coisa sei: ela carrega consigo uma verdade. Muitos se alegram com as dores do outro. Contraditório? Não.

O veneno da inveja e suas consequências
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Quando alguém não consegue uma vitória que havia buscado, há uma solidariedade por vezes camuflada. Nem todos se alegram, mas é verdade também que nem todos se compadecem. É mais fácil ser solidário na dor que se alegrar com as conquistas dos amigos. Ver a felicidade alheia causa sintomas que roubam a paz que falta no olhar de quem vê o sorriso da vitória.

Um sorriso que não nasce dos nossos próprios lábios sempre é fácil de ser digerido. Bom mesmo é sorrir com nossas conquistas e ver o olhar do outro querendo consumir em prestações a nossa felicidade. Triste realidade de quem vive na dependência do consumismo alheio. Mais triste ainda é ver a inveja destruir amizades.

Há diamantes querendo ser topázios, no entanto, não compreenderam que o rubi nunca será uma esmeralda. Cada um é um no projeto singular da existência humana. Se Deus nos fez diamantes, Ele irá, ao longo da vida, lapidar-nos para que sejamos um diamante mais bonito, mas nunca deixaremos de ser um diamante para nos tornarmos topázio. Precisamos aceitar nossas belezas e deixar que o outro seja tão belo quanto ele foi criado. Esse processo leva tempo, requer maturidade e confiança na graça de Deus, pois Ele nos fez únicos para sermos luz no mundo.

A inveja talvez tenha sua raiz na incapacidade que uma pessoa carrega em si de fazer a diferença a partir de suas próprias capacidades. Quando o jardim do outro parece mais bonito do que o nosso próprio jardim, deixamos o cuidado do nosso tempo ao descuido e passamos a vida a contemplar as flores que não nos pertencem; deixamos as nossas morrerem secas pela inveja que não nos permite cuidar de nossa própria vida.

A inveja deixa sim os olhos grandes, mas de incapacidades que poderiam ter se transformado em lindos jardins. Não é o elogio que faz o outro feliz, mas a capacidade que temos de cuidar de nossa própria vida e deixar o outro seguir seus próprios caminhos. Quem se preocupa demais com a vida alheia é porque já não tem mais tempo de cuidar de suas próprias demandas. Transformou sua vida no mito de Narciso, mas, em vez de contemplar sua própria face, enxerga sempre no lago de seus pensamentos o rosto da felicidade alheia. Perdeu seus olhos em um mundo que nunca será seu. O tempo que se usa vigiando a vida do outro seria muito mais bem aproveitado se cuidasse de suas próprias fragilidades humanas.

 


Padre Flávio Sobreiro

Padre Flávio Sobreiro Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP. Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre – MG. Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Carmo (Cambuí-MG). Padre da Arquidiocese de Pouso Alegre – MG. Página pessoal do padre Flávio na internet. Perfil no Facebook


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/o-veneno-da-inveja-e-suas-consequencias/

18 de maio de 2015

Dicas de como lidar com pessoas difíceis no trabalho

O sonho de ter o melhor emprego do mundo, muitas vezes, acaba quando nos deparamos com pessoas difíceis no ambiente onde estamos

Quem dera nosso local de trabalho fosse um ambiente formado por pessoas que aceitassem nossas opiniões, andassem sempre bem humoradas, com vontade de produzir, fossem flexíveis e ponderadas em suas atitudes, sem reclamações e dentro da mais perfeita harmonia. Quem dera…

Dicas para lidar com pessoas difíceis no trabalho
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Vez ou outra, deparamo-nos com aquele colega orgulhoso, o sabe-tudo, o interesseiro; tem também o bajulador, o que empurra serviço para o outro, o invejoso, o ciumento, o explosivo… Enfim, pessoas que julgamos ser realmente complicadas de lidar e que, diariamente, criam conflitos com os demais.

Quando um problema desse tipo é diagnosticado, o jeito mais comum de agirmos é ignorando, acreditando ser uma situação passageira, que logo terá fim. Com o passar do tempo, pouca mudança é percebida e a solução correta do fato fica de lado. Fingir que nada está acontecendo e continuar sofrendo as consequências sem nenhuma atitude só contribui para crescer aquele "monstro" dentro de nós. E vamos fazer o quê? Arrumar mais confusão? Isso é problema nosso?

O bom senso é a chave para entrar num caminho delicado e renovador. Resolver problemas não é tarefa agradável, por isso tantas pessoas se esquivam deles. Desejamos que os outros já cheguem até nós prontos, sem defeitos nem ajustes. Culpamos a todos e nunca paramos para pensar sobre nossas próprias atitudes. Temos de nos livrar de certos preconceitos e tentar entender os que estão ao nosso redor para os auxiliar. A melhora pode partir de quem está incomodado e não de quem incomoda.

O individualista não percebe que está centralizando as tarefas nele, impedindo o trabalho em equipe. O explosivo grita, responde de modo ríspido às ordens, sem compreender o quanto está causando mal aos que estão a sua volta. Mostrar-lhes que atitudes como essas não colaboram para um ambiente sadio de trabalho é de extrema necessidade. Não cabe somente ao líder tomar essa iniciativa. Se você faz parte desse grupo e se sente prejudicado, fale. Com respeito e ponderação, uma boa conversa é libertadora.

Fuja da armadilha do "toma lá, dá cá", de ficar buscando formas de "dar o troco" a quem tira sua paciência. Concentre sua atenção em observar seus colegas, tentando buscar formas de evoluí-los. Evite responder às provocações, estimular fofocas e comentários na ausência do outro, respire fundo e só depois fale.

A oração da serenidade nos ensina:
"Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar aquelas que posso e sabedoria para distinguir umas das outras".


Ioná Piva

Atualmente é professora dos cursos de Comunicação Social da Faculdade Canção Nova (Jornalismo e Rádio e Televisão). Mestranda do programa de pós graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista, cuja linha de pesquisa é: Inovações Tecnológicas na Comunicação Contemporânea.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/vocacao/profissao/dicas-de-como-lidar-com-pessoas-dificeis-no-trabalho/

15 de maio de 2015

O dom de ciência

O dom da ciência leva o homem a compreender a marca de Deus que há em cada ser criado

O Papa Francisco, falando dos dons do Espírito Santo, disse que "o dom de ciência faz com que o cristão penetre na realidade deste mundo sob a luz de Deus; que ele veja cada criatura como reflexo da sabedoria do Criador. O dom de ciência leva o homem a compreender o vestígio de Deus que há em cada ser criado. O homem foi feito para Deus e só n'Ele pode descansar, como disse Santo Agostinho. Com esse dom, o cristão reconhece o sentido do sofrimento e das humilhações no plano de Deus, que liberta e purifica o homem".

O dom de ciencia

O dom da ciência comunica-nos a faculdade de "saber fazer", a destreza espiritual. Torna-nos aptos para reconhecer o que nos é espiritualmente útil ou prejudicial. Está intimamente unido ao dom de conselho. Este, move-nos a escolher o útil e a repelir o nocivo, mas, para escolher, devemos antes conhecê-lo. Por exemplo, se percebo que excessivas leituras frívolas estragam o meu gosto pelas coisas espirituais, o dom da ciência induz-me a deixar de comprar publicações desse tipo e inspira-me a começar uma leitura espiritual regular.

Tudo o que temos, somos e sabemos, recebemos de Deus. Diz São Tiago que "Toda dádiva boa e todo dom perfeito vem de cima: descem do Pai das luzes" (Tg 1,17). Se possuímos talentos, não devemos nos orgulhar nem buscar a glória dos homens por causa deles, porque de Deus é que os recebemos gratuitamente. Se o mundo nos admira, bate palmas aos nossos trabalhos, a Deus é que pertence essa glória, é Ele o doador de todos os  bens. Como disse Santa Catarina de Sena: "Não sejamos ladrões da glória de Deus".

Os santos souberam ver Deus atrás das criaturas, como que através de um espelho. São Francisco de Assis compôs o "canto das criaturas" ao Senhor. As flores, as aves, a água, o fogo, o sol… tudo lhe era ocasião de contemplar e amar a Deus. Tudo para ele era "irmão"; por ter saído das mãos do mesmo Deus que o criou.

O dom da ciência nos faz entender também que toda criatura, por mais bela que seja, é sempre insuficiente para satisfazer o coração do homem. Ele sente que foi criado para o infinito e só em Deus pode ter descanso. Santo Agostinho disse, nas suas confissões, que seu coração estava inquieto e que só encontraria repouso em Deus. Por isso, muitos homens e mulheres, que, como Santo Agostinho, viveram uma vida dissoluta, sem Deus, converteram-se ao Senhor depois que experimentaram o vazio de uma vida sem Ele. Tal foi o caso de São Francisco Borja († 1572), que ao contemplar o cadáver da rainha Isabel, exclamou: "Não voltarei a servir a um senhor que possa morrer!".

Esse dom também nos ensina a reconhecer melhor o significado do sofrimento e das humilhações que enfrentamos na vida, de modo a compreender que Deus tem um desígnio de salvação também por trás deles, e que "tudo concorre para o bem dos que amam a Deus" (Rom 8,28). Este dom nos leva a entender o sofrimento como uma escola que nos liberta e purifica, que nos configura com Jesus Cristo, conforme disse São Paulo: "Deus nos predestinou para sermos conforme a imagem de Seu Filho" (Rom 8,29). Se não fora o sofrimento, muitos e muitos homens não sairiam de sua estatura anã e mesquinha… nunca atingiriam a plenitude do seu desenvolvimento espiritual.

O dom da ciência infusa nos imuniza de ignorância das coisas de Deus. Adão, no paraíso, conhecia as verdades de ordem religiosa e filosófica para que orientasse a sua conduta e educasse devidamente os seus filhos (cf. Eclo 17,1-8). Santo Agostinho e São Tomás de Aquino julgam que ao dom da ciência infusa de Adão estava associado o dom da imunidade de erro (cf. S. Tomas, S. Teol. 194,4; De verit. 18,6); e erro é, sim, o mal da inteligência.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/espirito-santo/o-dom-de-ciencia/