15 de maio de 2015

O dom de ciência

O dom da ciência leva o homem a compreender a marca de Deus que há em cada ser criado

O Papa Francisco, falando dos dons do Espírito Santo, disse que "o dom de ciência faz com que o cristão penetre na realidade deste mundo sob a luz de Deus; que ele veja cada criatura como reflexo da sabedoria do Criador. O dom de ciência leva o homem a compreender o vestígio de Deus que há em cada ser criado. O homem foi feito para Deus e só n'Ele pode descansar, como disse Santo Agostinho. Com esse dom, o cristão reconhece o sentido do sofrimento e das humilhações no plano de Deus, que liberta e purifica o homem".

O dom de ciencia

O dom da ciência comunica-nos a faculdade de "saber fazer", a destreza espiritual. Torna-nos aptos para reconhecer o que nos é espiritualmente útil ou prejudicial. Está intimamente unido ao dom de conselho. Este, move-nos a escolher o útil e a repelir o nocivo, mas, para escolher, devemos antes conhecê-lo. Por exemplo, se percebo que excessivas leituras frívolas estragam o meu gosto pelas coisas espirituais, o dom da ciência induz-me a deixar de comprar publicações desse tipo e inspira-me a começar uma leitura espiritual regular.

Tudo o que temos, somos e sabemos, recebemos de Deus. Diz São Tiago que "Toda dádiva boa e todo dom perfeito vem de cima: descem do Pai das luzes" (Tg 1,17). Se possuímos talentos, não devemos nos orgulhar nem buscar a glória dos homens por causa deles, porque de Deus é que os recebemos gratuitamente. Se o mundo nos admira, bate palmas aos nossos trabalhos, a Deus é que pertence essa glória, é Ele o doador de todos os  bens. Como disse Santa Catarina de Sena: "Não sejamos ladrões da glória de Deus".

Os santos souberam ver Deus atrás das criaturas, como que através de um espelho. São Francisco de Assis compôs o "canto das criaturas" ao Senhor. As flores, as aves, a água, o fogo, o sol… tudo lhe era ocasião de contemplar e amar a Deus. Tudo para ele era "irmão"; por ter saído das mãos do mesmo Deus que o criou.

O dom da ciência nos faz entender também que toda criatura, por mais bela que seja, é sempre insuficiente para satisfazer o coração do homem. Ele sente que foi criado para o infinito e só em Deus pode ter descanso. Santo Agostinho disse, nas suas confissões, que seu coração estava inquieto e que só encontraria repouso em Deus. Por isso, muitos homens e mulheres, que, como Santo Agostinho, viveram uma vida dissoluta, sem Deus, converteram-se ao Senhor depois que experimentaram o vazio de uma vida sem Ele. Tal foi o caso de São Francisco Borja († 1572), que ao contemplar o cadáver da rainha Isabel, exclamou: "Não voltarei a servir a um senhor que possa morrer!".

Esse dom também nos ensina a reconhecer melhor o significado do sofrimento e das humilhações que enfrentamos na vida, de modo a compreender que Deus tem um desígnio de salvação também por trás deles, e que "tudo concorre para o bem dos que amam a Deus" (Rom 8,28). Este dom nos leva a entender o sofrimento como uma escola que nos liberta e purifica, que nos configura com Jesus Cristo, conforme disse São Paulo: "Deus nos predestinou para sermos conforme a imagem de Seu Filho" (Rom 8,29). Se não fora o sofrimento, muitos e muitos homens não sairiam de sua estatura anã e mesquinha… nunca atingiriam a plenitude do seu desenvolvimento espiritual.

O dom da ciência infusa nos imuniza de ignorância das coisas de Deus. Adão, no paraíso, conhecia as verdades de ordem religiosa e filosófica para que orientasse a sua conduta e educasse devidamente os seus filhos (cf. Eclo 17,1-8). Santo Agostinho e São Tomás de Aquino julgam que ao dom da ciência infusa de Adão estava associado o dom da imunidade de erro (cf. S. Tomas, S. Teol. 194,4; De verit. 18,6); e erro é, sim, o mal da inteligência.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/espirito-santo/o-dom-de-ciencia/

13 de maio de 2015

Como o homem deve lidar com a mulher na TPM?

Para os homens, será mesmo tão difícil assim saber lidar com uma mulher no período da TPM?

A tensão pré-menstrual (TPM) é um conjunto de sintomas que a mulher manifesta um pouco antes da menstruação. Ficar deprimida, irritada, chorosa, angustiada ou cansada são alguns dos sinais da TPM.

Como o homem deve lidar com a mulher na TPM
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Muitos, é claro, não perdem tempo em colocar uma dose de humor no assunto e inventam outros significados para a sigla TPM: "Tô Pra Matar"; "Todos os Problemas Misturados"; "Tira as Patas de Mim"; "Tocou, Perguntou, Morreu" entre outros.

Entretanto, falando para os homens, será mesmo tão difícil assim saber lidar com uma mulher no período da TPM? Antes, vejamos algo sobre nós.

Quando criou o ser humano, Deus o colocou num jardim. Interessante que não o introduziu numa cidadela nem numa oficina, ainda que pequena, artesanal ou rústica (como seria conveniente pensarmos em algo nos inícios) nem em um campo, mas num jardim.

O fato de o homem estar num jardim significa que ele estava inserido na natureza, a qual possui seus ciclos, suas estações e processos. E Deus o fez capaz de perceber isso, pois lhe deu como missão "cultivá-lo e guardá-lo" (Gn 2,15). O ser masculino, que tem a tendência de ser mais objetivo e racional, é capaz, sim, de perceber os tempos da natureza, observar como melhor se desenvolve cada uma das diversas árvores, plantar na época certa os vários tipos de frutos e grãos, saber com antecedência quando vai chover ou não. Nisso, ele aprende que tudo tem um tempo e que é essencial respeitá-lo, analisar e saber lidar com a gradualidade das coisas.

Mesmo com a correria da vida moderna, ainda encontramos homens que sabem ensinar aos mais jovens e impetuosos a paciência e a meditação nas adversidades. São homens que entendem a dinâmica da vida e sabem que nem tudo pode ser obtido às pressas.

Em qualquer outro ambiente que Deus introduzisse o homem, ele iria empreender ou construir e ter resultados um tanto mais imediatos; não iria observar os processos nem aprender como poderia ser íntimo e amigo dos ciclos da natureza. Imagine, então, se Deus o colocasse num shopping com fast-food, escadas rolantes, pegue e pague etc. Mas o que isso tem a ver com o ciclo e o humor feminino? O que tem a ver com forma de nós homens buscarmos agir de uma maneira melhor? Tem tudo a ver! Já explico.

Um tempo depois de tudo aquilo que havia no jardim, quando a mulher lhe foi apresentada, o homem identificou-se com ela: "o osso de meus ossos e a carne de minha carne" (Gn 2, 23). Mulher, tão próxima ao homem e ao mesmo tempo tão diferente. A mulher que, em sua natureza, tem também seus ciclos hormonais, tudo ligado à geração de vida.

Então, pergunto: "Não teria o homem, em sua essência, os dons e a sabedoria para lidar com os ciclos de sua mulher?".

Por ser muito mais preciosa do que qualquer coisa neste mundo para o homem, a mulher deveria experimentar a sensibilidade masculina de poder respeitá-la e se esforçar para compreender e ajudar sua parceira. Talvez, não somente "naqueles dias", mas em tudo o que ela vive; afinal, o amor se firmará pela doação de si e não só por sentimentos agradáveis pela outra pessoa. A nossa verdadeira vocação de amor está em nos doarmos.

Então, aí vão algumas dicas de como melhor tratar sua namorada, noiva ou esposa na "TPM".

 Acompanhe a amada, conheça seu ciclo

Recomendo que a moça queira se conhecer  pelo Método Billings, uma forma de entender seu corpo e a mais natural e saudável para, no futuro matrimônio, viver a sexualidade.
E quando o noivo ou namorado está a par de tudo isso, é uma maneira a mais de ele a conhecer e assim respeitá-la e amá-la.

– Procure ter paciência com a amada nos dias da chamada TPM

Os níveis dos hormônios no organismo masculino são mais constantes; portanto, não temos noção dos efeitos que a variação hormonal provoca nelas todos os meses. Não a julgue segundo seus conceitos!

Também será muito bom você se programar de antemão para os dias mais tensos, já sabendo que, nesse período, terá de ser mais paciente.

– Deixe esclarecimentos e justificativas para depois

Se ela quer falar, deixe-a falar. Se ela tem uma tendência a se irritar com pouca coisa, deixe-a expressar-se e tente não brigar. Sabe aquela máxima que diz: "Quando um não quer dois não brigam?". Na hora da irritação de um, quando o outro revida, coisas pequenas e insignificantes tendem a se tornar gigantes e motivos de outras discussões futuras. Depois de algum tempo, com ela mais calma, se você tentar mostrar o seu ponto de vista, talvez ela veja que realmente não tinha motivos para tanto, e até lhe peça desculpas.

– Conscientize-a

Chocolates e elogios podem funcionar no momento, mas o que vale mesmo é você, com o passar dos meses, comentar e tentar conscientizá-la de suas reações e o que podem, os dois, fazer para minimizar as manifestações da tensão. Busquem um modo acertado de viver esses dias. Um exemplo: se ela não quiser tocar em determinados assuntos nos dias de TPM, aceite. Se precisar ir embora mais cedo da casa dela, combinem assim.

– Perceba o que é próprio da TPM e o que não é

Com carinho e racionalidade, demonstre que as manifestações fora desse contexto, quando usadas como pretexto para ela se acomodar em responder por seus ímpetos, vai desgastar a relação.

– Se for o caso, recomende ajuda médica

Se as reações dela na TPM forem algo muito forte e fora do comum, talvez ela precise de uma ajuda além da sua. Tente recomendar que ela visite o ginecologista ou psicólogo.

Enfim, se tudo fizermos com carinho, amor e respeito, teremos a sabedoria de lidar com um ser tão belo e misterioso como é a mulher, e isso será motivo de grande júbilo em nossa vida. O homem tem em si o dom de contemplar e se encontrar numa mulher especial, para construir a felicidade de ambos.

Deus abençoe!


Sandro Arquejada

Sandro Aparecido Arquejada é missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em administração de empresas pela Faculdade Salesiana de Lins (SP). Atualmente trabalha no setor de Novas Tecnologias da TV Canção Nova. É autor do livro "Maria, humana como nós" e "As cinco fases do namoro". Também é colunista do Portal Canção Nova, além de escrever para algumas mídias seculares.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/relacionamento/casamento/como-o-homem-deve-lidar-com-a-mulher-na-tpm/

12 de maio de 2015

O que acontecerá se pararmos de rezar?

Quando deixamos de rezar, acontece uma grande mudança em nosso interior

Na verdade, eu nunca havia parado para pensar sobre isso, talvez por saber o bem que a oração me proporciona e também por ter, desde criança, aquela discreta lembrança que "Deus castiga se não rezamos". A feliz descoberta que tenho feito, a cada dia, é que, se eu parar de rezar, Deus não vai parar de me amar, pois o amor d'Ele é incondicional. Ele não ama porque é amado, antes ama, porque é o próprio amor.

O que acontecerá se pararmos de rezar?
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Você poderia me perguntar: "Então, por que a Palavra de Deus nos ensina: 'Orai sem cessar em todas as circunstâcias?'" (Tes. 5). É que a oração purifica o coração de todos os afetos desordenados ligados às coisas terrenas e passageiras e nos aproxima de Deus, de quem nossa alma tem sede e saudade, mesmo que ainda não tenhamos consciência disso.

Compreendi melhor o valor da oração ouvindo a história que partilho também com você: "Conta-se que, numa floresta, existia uma ermida antiga, abandonada e dedicada a São Roque. Todos os anos, pela passagem de sua festa, vinha o piedoso sacristão da aldeia vizinha, que varria e enfeitava o pequeno santuário com simplicidade e beleza. Na véspera da festa, o velho sino da ermida era tocado fortemente para convidar os moradores das redondezas a participar dos festejos. No alto da torrezinha, o sino havia guardado um ano de silêncio e solidão. Aves e insetos noturnos encontraram ali um abrigo tranquilo, onde se aninharam confortavelmente dominando o espaço. Porém, bastava o primeiro repicar do sino e todos saíam esvoaçados em busca de outras paragens."

E isso nos faz compreender o que acontece em nosso interior. Quando deixamos de rezar, bem depressa, ídolos ocultos começam a se acomodar nos recantos obscuros da nossa alma e tentam aí fazer sua morada. A cobiça, o orgulho a autossuficiência, a avareza, a vaidade e tantas outras mazelas se aninham em nosso ser causando desânimo, tristeza e cada vez mais nos distanciando da felicidade que Deus quer nos proporcionar. Eu mesma sou testemunha disso. Muitas vezes, percebo que estou agitada, impaciente e intolerante até comigo mesma. Então, é como se um sininho discreto começasse a tocar lá no meu interior avisando que está faltando oração. Quando isso acontece, procuro imediatamente retomar com mais afinco minha espiritualidade e, sem demora, também percebo os frutos. É que quando tomamos ânimo e fazemos repicarem os sinos da oração em nossa vida, expulsamos de nosso interior tudo o que é contrário a Deus e nossa alma fica preparada para recebê-Lo. Como Ele é a própria luz, entra em nossa alma e dissipa toda espécie de trevas, devolvendo-nos a paz e a serenidade que tanto queremos.

Então, façamos ressoar o sino da oração em nossa vida, com coragem e disposição hoje mesmo! A reza do terço, a leitura orante da Palavra de Deus, a confissão dos pecados e a participação na Santa Missa podem ser ótimas dicas para recomeçar. E lembre-se: mesmo que você pare de rezar, Deus vai continuar amando-o. Mas se você rezar, poderá experimentar este amor, e isso fará toda diferença!

 


Dijanira Silva

Dijanira Silva, missionária da Comunidade Canção Nova, atualmente reside na missão de São Paulo. Apresentadora da Rádio CN América (SP). E-mail: dijanira@geracaophn.com


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/o-que-acontecera-se-pararmos-de-rezar/ 

8 de maio de 2015

Na maternidade, revela-se o mistério da mulher

A maternidade tem uma plenitude ampla, que se revela no mistério que a mulher possui

O assunto deste artigo corresponde a catequese que o Papa João Paulo II proferiu, em 1980, sobre a Teologia do Corpo. Após 35 anos, suas palavras permanecem como ecos de amor e ternura, revelando-nos o sentido profundo da feminilidade.

Na maternidade revela-se o Mistério da Mulher
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

O que é ser mulher? O que são características e comportamentos próprios da mulher? De maneira bem abrangente, mas certeira, podemos dizer que ela se manifesta por meio de seu ser feminino. Vamos mais fundo?

Tendo a mesma humanidade que o homem, a mulher pode fazer as mesmas coisas que ele enquanto ser humano: pensar, rir, correr, tocar música, dar aulas, fazer cálculos, discutir política, cozinhar bolos etc. Certo? Entretanto, a feminilidade é a forma como a mulher se expressa no mundo, a maneira própria de ela cumprir todas as tarefas, fazendo com que sua marca própria deixe rastros de beleza e cuidados.

Não há comparação, mas complementariedade com o masculino. Quando comparamos, sempre há perdas, pois é necessário que saia um vencedor e, fatalmente, um perdedor. Ao contrário, quando se complementa, a humanidade inteira ganha!

Olhando para o corpo da mulher, vemos um ser que foi sonhado por Deus para receber a vida e cuidar dela. O ventre acolhe e deixa crescer o embrião frágil que já é um ser humano completo, único e irrepetível para o mundo. Após o nascimento, a mulher vai amamentar durante as primeiras fases de desenvolvimento esse bebê tão dependente, tão necessitado dos cuidados da mãe para sobreviver.

Não há ser no mundo que não tenha uma mãe. E isso diz muito sobre a forma como dependemos dessa figura materna para sermos pessoas saudáveis. Entretanto, mesmo que você, hoje, não tenha uma mãe, sua necessidade de maternidade permanece aí, no mais íntimo do seu ser.

Temos, assim, a possibilidade de encontrar traços da mãe que todos precisamos nas mulheres da nossa vida, havendo laço parental ou não. Uma dica para saborear a maternidade que podemos encontrar no mundo: o amor é o componente fundamental da identidade da mulher. Ou seja, a mulher não conseguirá atingir sua plenitude enquanto não souber amar.

O amor feminino se manifesta fundamentalmente no cuidar, que pode ser de filhos gerados no ventre ou no coração, de irmãos de sangue ou de comunidade, de cômodos da casa ou do escritório. Amar é cuidar das feridas do corpo e da alma, de pequenos gestos que vão aliviar uma dor e fazer com que outros se sintam simplesmente cuidados. Eis o amor feminino manifestado em atitudes.

Sabe aquele "toque feminino" que todos gostamos de apreciar? É isso! Aquela sensação inexplicável que temos, muitas vezes, ao adentrar numa casa perfumada ou no terreno quente de um coração de mãe. Temos sede desses cuidados. Cuidados que toda e qualquer mulher pode ofertar aos que se aproximam dela.

São João Paulo II nos lembra que, em Gênesis, ao ver a mulher pela primeira vez, Adão entendeu profundamente o significado do próprio corpo. A mulher tem essa missão ainda hoje: auxiliar a humanidade a compreender os significados mais essenciais da existência humana que, fatalmente, levará a conhecer mais o próprio Deus. Com sua presença, Eva chama o homem para fora e o ajuda a fazer a transição do reconhecer-se na solidão (original) para reconhecer-se na comunhão. Esse novo conhecimento é que gera a vida.

Fica evidente, assim, que toda mulher é chamada a dar à luz os seres humanos, seus irmãos. Se a colaboração do homem está na parceria com Deus para fecundar e gerar toda a humanidade, a cooperação da mulher está no cuidado e manutenção da vida gerada.
Se hoje temos fome e sede de uma humanidade renovada na sua essência, que aparece desordenada pela falta de amor, a mulher é convidada a ser essa ministra do cuidado, da beleza da maternidade que gera vida nova.

O mundo inteiro deve lhe perguntar: Mulher, que olhar você apresenta, hoje, ao seu irmão? Que mãos, que palavras, que abraço guardado você tem aí, pronto para ser ofertado ao cuidado que gerará vida no próximo? Revele seu mistério. Estamos todos à sua espera.

Milena Carbonari Krachevski
Psicóloga, Pós-Graduanda em Educação e Terapia Sexual, Missionária dos Jovens Sarados, membro do Apostolado da Teologia do Corpo Brasil.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/afetividade-feminina/na-maternidade-revela-se-o-misterio-da-mulher/

6 de maio de 2015

Como superar a falta de uma mãe

Como a vida é um ciclo, em algum momento não teremos mais a presença de nossa mãe conosco

Mãe, uma pequena palavra de um significado imenso na vida de cada um de nós. Aquela com quem passamos nove meses de gestação. Ainda mais: antes de gestação do ventre – para as mães biológicas –, a gestação na alma, nos desejos e nas expectativas da vivência materna para as mães adotivas. Nosso papel de filhos começa nesses sonhos de concretização da maternidade.

Como superar a falta de uma mãe
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

No ciclo da vida, temos a graça de conviver com uma mulher que dá a vida por nós a cada dia. Cada gesto de amor, aquele olhar carinhoso, ou mesmo as duras atitudes e palavras que machucam, querem, no fundo, nos orientar, na certeza de que a presença materna é muito importante na vida de cada um de nós.

Nem sempre nossa experiência foi ou será positiva com nossa mãe, mas, acima de tudo, cabe a nós o exercício do perdão e da superação nesses momentos.

Como a vida é um ciclo, em algum momento não teremos mais a presença dela conosco. Os relatos da perda de mães são os mais variados possíveis: "Como sinto sua falta!", "Deixei de fazer algo por ela, sinto-me culpado por seu falecimento", "Não sei viver sem ela". Num ciclo de vida, nós ocidentais sabemos comemorar os nascimentos, mas ainda temos muita dificuldade de lidar com a morte, diferente das culturas orientais. Será que, nesse sentido, precisamos nos rever na forma como nos relacionamos com nossas mães?

Perdas, na maioria das vezes, não se explicam. Quando buscamos excessivamente essa explicação, colocamo-nos num labirinto sem saída. É neste momento que a aceitação da perda, que é algo gradual, deve ser elaborada com a ajuda de uma rede de apoio de amigos ou familiares; se necessário, com a ajuda de profissional em terapia.

A culpa por não ter falado algo a tempo, por ter tido atitudes duras, enfim, a culpa de modo geral, se houver, deve ser amadurecida, repensada para que o processo de perda seja melhor vivenciado.

É claro que essa dor não passa rapidamente, mas da dor passamos a viver a saudade; melhor que isso, passamos a viver as memórias, as heranças positivas deixadas por essa mãe, os bons exemplos e também o perdão por aquilo que não vivemos de forma agradável com ela.

Um outro ponto importante é que cada um sente a dor à sua maneira. Frases como: "Não fique assim", "Sua mãe não gostaria de te ver desse jeito" e outras tantas frases podem até ter uma intenção positiva, mas temos de compreender o tempo de cada um para viver a perda.

Depois do momento inicial de confusão pela perda, as etapas seguintes vão nos dando uma melhor compreensão do que se passou, uma reorganização da vida sem a pessoa querida (especialmente quando somos muito dependentes da mãe para tudo. Aí, cabe uma postura nossa, durante a vida, de criar autonomia e liberdade para que essa perda não seja tão brusca). Nesta fase de reorganização, podem aparecer novamente sentimentos de revolta e incompreensão, até que, num momento posterior, a aceitação para uma nova vida esteja presente efetivamente.

A dor da perda não vai mudar; ela é para sempre, mas o que mudará em nós é a intensidade, bem como o sentido que damos à perda e aos sentimentos que carregamos conosco neste novo momento da vida e de seu ciclo que se renova.


Elaine Ribeiro dos Santos

Elaine Ribeiro, Psicóloga Clínica e Organizacional, colaboradora da Comunidade Canção Nova.
Blog: temasempsicologia.wordpress.com
Twitter: @elaineribeirosp


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/como-superar-a-falta-de-uma-mae/

4 de maio de 2015

Por que levar o estresse para casa?

Levar todo o estresse para casa e viver a partir dele pode ser um risco

Por que estamos estressados? O nosso estresse é produto da vida familiar ou da rotina profissional que vivemos? O que nos causa esse mal? Conflitos familiares? Crises financeiras? Solidão? Ausência de uma vida social? Ou será que estamos precisando dar um novo sentido à nossa vida?

Por que levar o stress para casa - 1600x1200

Quando nos encontramos estressados, não há como não levarmos essa sensação para nossa casa ou para o trabalho. Não fomos criados para ser um em cada lugar. Quando estamos com muitos problemas familiares, é muito difícil não os levar para nossa vida profissional. Quer seja no desempenho, na alegria, na agilidade, enfim, de uma forma ou de outra, seremos atingidos em qualquer que seja o ambiente que estejamos. Uns mais, outros menos.

Mas, o que seria estresse? Como podemos identificá-lo? Como podemos saber o grau que ele se encontra em nosso organismo? "Estresse" é um termo que se vulgarizou nos últimos tempos. Da criança ao idoso, todos se queixam desse mal. Queixa-se de estresse o Pai, que chega após uma jornada de trabalho e do trânsito pesado. Queixa-se a dona de casa, que enfrentou as atividades domésticas, profissionais e os cuidados dos filhos. Queixa-se o filho por causa do excesso de atividades extraescolares. Neste tempo pós-moderno, quase todos se queixam. Mas o estresse a que estamos nos referindo vai além do cansaço e da exaustão que uma boa noite de sono pode resolver, revigorando e recompondo as forças.

O estresse ao qual nos reportamos, neste texto, caracteriza um mecanismo fisiológico do nosso organismo. Trata-se de um comportamento afetado por estímulos aversivos capaz de alcançar todos os humanos. Portanto, não estamos falando simplesmente de algo comportamental, mas de algo que, quando caímos na real, nos encontramos com batimentos cardíacos acelerados; pressão arterial aumentada; músculos enrijecidos e tantos outros sinais que revelam o estresse que estamos vivendo diante de situações próprias do dia a dia ou até mesmo inesperadas. Mas sempre situações que nos deixam ameaçados, muitas vezes, sem o devido controle.

Acúmulos de problemas, crises financeiras, relação instável no casamento, morte de alguém muito querido, aborrecimento no trânsito e brigas são situações que provocam consequências sérias para o nosso organismo. Segundo Alexandre Meleiro, apesar do estresse ser uma defesa natural que nos ajuda a sobreviver, a frequência do estímulo estressante faz com que aumentem os riscos com a nossa saúde e com as nossas relações familiares e profissionais. Portanto, precisamos perceber os sinais do estresse em nossa vida.

Alexandre afirma, se a pessoa notar que já não se levanta com a mesma disposição, a mesma energia para desempenhar suas atividades diárias, que se irrita com os outros facilmente, que seu comportamento está fugindo do padrão habitual, se não consegue dormir, ou mesmo dormindo a noite inteira, não acorda descansada, pois o sono não foi tranquilo e reparador, precisa ficar atenta. Às vezes, o que é estressante para um indivíduo, pode não significar nada para outro. A reação de cada um está vinculada à genética, ao temperamento, à personalidade, à maneira de perceber e assimilar as situações.

Levar ou não o estresse para casa?

Entendendo-o como um mecanismo fisiológico que pode se tornar crônico, o ideal será perceber como estamos convivendo, o que as pessoas estão observando em nosso comportamento.

Precisaremos ter humildade e retomar a vida na convivência familiar. A impaciência e o excesso de exigência acabam por deixar os relacionamentos infelizes. Se insistirmos, em especial no casamento, poderemos estar comprometendo a nossa vida sexual, financeira e afetiva com o nosso cônjuge. Com os filhos e amigos não será diferente.

Contudo, a família precisa compreender esse estado tão delicado, desrespeitado e conhecido por muitos como frescura, "dondoquisse", doença de rico etc. Podem ser os pais ou até os próprios filhos. Faz-se necessário o respeito, a aceitação desse estado para que juntos, um possa ajudar o outro a superar os motivos que tem provocado tal situação. De repente, a realização de uma viagem, a autonomia nos trabalhos domésticos por partes de todos os membros da família, o constante diálogo, o mimo, são atitudes que poderão tornar a pessoa que está sofrendo de stress consolada, acolhida e feliz.

Concluímos, portanto, afirmando que o problema não está em levar o estresse do trabalho para casa. Mas sermos verdadeiros diante nossos familiares ou colegas de trabalho e comprometidos em superar esse estado. E, sem nenhum tipo de vitimização, mas com o apoio de toda esta pessoa deverá encontrar uma abordagem terapêutica adequada para ser acompanhado, fazer ginástica, desenvolver o comportamento de autocontrole, participar do grupo de oração da sua paróquia, rever amigos… Enfim, reconhecer-se como está e dar passos para melhora. O problema será a ausência desta consciência e não a presença do estresse.

Que tal desligar o celular, dar tchau ao WattsApp, curtir a vida e descansar?


Judinara Braz

Administradora de Empresa com Habilitação em Marketing.
Psicóloga especializada em Análise do Comportamento.
Autora do Livro "Sala de Aula, a vida como ela é."
Diretora Pedagógica da Escola João Paulo I – Feira de Santana (BA).


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/vocacao/profissao/por-que-levar-o-estresse-para-casa/

29 de abril de 2015

A exposição dos filhos na internet

Entenda por que a superexposição dos filhos na internet pode revelar uma desordem psíquica nos pais

Definitivamente, a internet e as redes sociais se transformaram numa realidade habitual para nós. Costumeiro também se tornou o fenômeno da superexposição da intimidade no ambiente digital, onde tudo é motivo para uma selfie, um post ou um compartilhamento na rede. Tal comportamento, no entanto, começa a extrapolar os limites do bom senso, sobretudo entre as mamães e os papais conectados que adoram publicar, quase que de hora em hora, uma foto da intimidade dos filhos e da família nas redes sociais.

A exposição dos filhos na internet
Foto: Getty Images

Recentemente, uma pesquisa no Reino Unido revelou que a superexposição dos filhos na internet, atualmente, já começa nas primeiras horas de vida. Neste país, cerca de 57% dos recém-nascidos tiveram fotos publicadas uma hora após o seu nascimento.

Os pequeninos, no entanto, são indefesos diante da lente de seus genitores, da mesma forma que se tornam reféns da necessidade de exposição dos pais, que transformaram os filhos numa espécie de extensão de si mesmos na internet.

Cabe a nós analisarmos dois pontos desse fenômeno da superexposição dos filhos na internet. O primeiro é: o que esse comportamento revela do mundo interior dos pais? E um segundo ponto: quais as consequências e os perigos para a formação da personalidade da criança?

Superexposição e personalidade dos pais

Não é difícil perceber que uma pessoa que tem o costume de se expor excessivamente no mundo digital, quando se torna pai ou mãe, transforma o filho no objeto da exposição. Trata-se de pais narcisistas*, que se preocupam exageradamente com a própria imagem e a estende para a imagem do filho.

O narcisista gosta de ser visto, aprecia o prestígio e a fama, quer 'feedback' sobre tudo o que posta na internet. Quando falamos de pais com essa personalidade, não precisamos ir longe para constatar que qualquer comentário na foto dos filhos do tipo "fofinho", "tá lindo", "ai, que belezinha!", serve, na verdade, como uma massagem no ego narcísico dos pais. O leitor entenda bem que não estamos falando de uma foto ou outra, mas do excesso de exposição dos "babys", o que, no fundo, denuncia uma desordem psíquica dos pais.

Consequências para a personalidade dos filhos

Françoise Dolto, pediatra e psicanalista francesa, disse que "a criança pequena e o adolescente são porta-vozes de seus pais". Assim, uma criança que cresce num ambiente em que tudo merece um clique pode desenvolver uma personalidade narcísica semelhante à dos pais. E isso por dois motivos: 1) porque a superexposição a coloca como o "centro das atenções" a todo momento. 2) porque a linguagem da criança, sobretudo as menores, se baseia muito mais no que os pais fazem do que no que falam.

Respeitar o momento e o espaço sagrado da criança

Existem momentos na vida que são únicos e merecem recordações, mas que também são sagrados e merecem proteção. A hora do sono, da amamentação, do banho, do cocô etc., são momentos íntimos da criança. Isso não significa que não possam ser eternizados numa foto para compor o álbum da família, mas vamos entender que "sagrado" diz respeito àquilo que o mundo não tem acesso. Ao postar uma foto atrás da outra da intimidade dos filhos, os pais passam de protetores a invasores deste mundo sagrado. E quando falamos em proteção, podemos também dizer dos perigos que rondam o mundo virtual, sobretudo quando o assunto é criança.

É importante que os pais mais conectados façam essa reflexão sobre a superexposição dos filhos nas mídias sociais e se perguntem: "O que quero com essa postagem do meu filho?", "Por que vou postar outra foto dele agora?".

É importante que os pais tracem filtros e limites do que e quando postar algo das crianças na internet; afinal, estamos falando do patrimônio mais importante que temos: os nossos filhos.

*O termo "narcisista" foi introduzido no século XIX pela psiquiatria e, posteriormente, por Sigmund Freud na psicanálise, para designar o amor exagerado de uma pessoa por si mesma, em referência ao personagem da mitologia grega Narciso, um jovem de bela aparência que, ao ver sua imagem projetada na água, apaixonou-se por si mesmo.

Autor: Daniel Machado de Assis – Superintendente do departamento de Internet da Canção Nova


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/a-exposicao-dos-filhos-na-internet/