14 de abril de 2015

Combate espiritual existe?

Em nossa caminhada como cristãos ou não cristãos, não há dúvida de que passamos por diversos combates

Nossa vida é uma só e precisamos vivê-la bem. Aquele que é cristão talvez tenha um pouco mais de vantagem por causa de Cristo Jesus, pois a vida do Senhor é um modelo para vivermos bem esta única vida que temos.

Combate espiritual existe?

Quando olhamos para a história de Jesus, verificamos que Ele passou por duras provas. Primeiramente, até mesmo antes de nascer, Seus pais estavam com dificuldade de encontrar abrigo para Ele. Jesus nasceu numa gruta, numa manjedoura. Depois, Nosso Senhor cresceu. A Bíblia não relata sua adolescência nem juventude, mas mostra sua vida adulta.

Na vida adulta do Senhor, verificamos, no Evangelho de Lucas, capítulo quatro, que Jesus foi tentado no deserto, tentado no prazer, tentado a transformar pedra em pão. Jesus foi tentado a possuir reinos e poderes. Podemos perceber que o Filho de Deus passou por uma batalha espiritual no deserto.

No decorrer de sua caminhada aqui na terra, Jesus realizou curas em vários momentos, vários e belos sermões onde alguns queriam fazê-Lo grande, mas Ele pedia discrição ou saia logo daqueles locais. Nesse sentido, Ele também combatia o inimigo para não cair no orgulho.

Em nossa caminhada como cristãos ou não cristãos, não há dúvidas de que passamos por diversos combates, mas é preciso discernir para tomar a melhor atitude; há realidades que são, sim, espirituais; outras são do humano e outras da finitude humana.

Por isso é muito bom que tenhamos uma boa sintonia com Deus por meio da oração, "a oração é um combate. Contra quem? Contra nós mesmos e contra os embustes do Tentador…" (CIC § 2726). Combatemos contra nós mesmos e contra o inimigo, por isso é necessário contar com um acompanhador espiritual, e por que não dizer um profissional da área de psicologia para ajudar a entender e dar os passos?

A maioria dos que me leem são pessoas que frequentam a igreja e buscam a santidade, mas eu preciso dizer que não basta colocar a culpa apenas nas realidades sobrenaturais. Sim, se você tem enfrentado problemas difíceis de serem resolvidos, busque ajuda naquilo que é possível, use as ferramentas que Deus nos deixou: a oração, o jejum e a esmola (caridade), mas não só a espiritualidade como também a medicina e a psicologia.

O combate espiritual existe, porém há combates que travamos que nem sempre são de cunho espiritual, mas também psíquico e físico. Por exemplo: algumas pessoas dizem que não conseguem se livrar de um vício e buscam a confissão várias vezes. Não adianta ficar apenas confessando esse pecado, é hora de dialogar e tentar entender por que isso atormenta tanto. Talvez tenha sido a falta de vigilância, mas também pode ser a imaturidade.

Um outro exemplo que normalmente é tido com dificuldade espiritual é a falta de perdão. Se a pessoa já confessou, o perdão já foi dado por Deus; agora, se ficou a lembrança, a pessoa precisa trabalhar isso, aceitar que perdoou, perdoar e continuar a vida. Como trabalhar essa lembrança ruim? Dialogar com Deus na oração e também buscar um acompanhamento para entender ou se não entender, não parar nisso. A falta de perdão, usada no exemplo, muitas vezes não diz apenas de uma realidade espiritual, mas é também humana. É preciso olhar de longe, refletir, dialogar e entender que a maior prejudicada é aquela pessoa que alimenta esse sentimento ruim.

Um último exemplo é quando a pessoa diz que não tem mais forças para fazer as mesmas atividades. Antes, ela rezava isso e aquilo, fazia vigílias, frequentava aquele grupo e também aquele outro; mas hoje a pessoa não consegue mais. Meu querido e minha querida, nosso corpo sente, não somos adolescentes a vida toda. Não se culpe pelo fato de não conseguir mais, pois existe uma limitação natural em cada um de nós. Por isso, não diga apenas que é uma mal espiritual.

A batalha espiritual é, sim, uma realidade. Jesus passou pelas tentações do inimigo, pelas tentações e provocações dos homens, mas foi vencedor e n'Ele também somos vencedores. Diante das batalhas que você enfrenta, analise, faça o discernimento: "Não consigo fazer por preguiça ou não faço porque realmente não tenho mais forças físicas?". Tenho feito "corpo mole" para as coisas de Deus? Tenho buscado ajuda nas minhas dificuldades ou eu me basto e resolvo sozinho? Na maioria das vezes, isso não dá certo, é preciso buscar ajuda, pois contar com o outro é também cura contra o egoísmo.


Padre Marcio

Padre Márcio do Prado, natural de São José dos Campos (SP), é sacerdote na Comunidade Canção Nova. Ordenado em 20 de dezembro de 2009, cujo lema sacerdotal é "Fazei-o vós a eles" (Mt 7,12), padre Márcio cursou Filosofia no Instituto Canção Nova, em Cachoeira Paulista; e Teologia no Instituto Mater Dei, em Palmas (TO).
Twitter: @padremarciocn


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/combate-espiritual-existe/

11 de abril de 2015

Por que os bebês se apegam a objetos?

Alguns bebês se apegam a objetos e estes estão próximos a eles em momentos especiais 

É muito comum percebermos como as crianças adotam aquele brinquedo preferido, um cobertor, um paninho, sua chupeta, um boneco de borracha macio de quem ela não larga de jeito nenhum. Esses objetos que envolvem essas cenas nos primeiros meses de vida, receberam o nome de objetos transacionais, pelo psicanalista Donald Winnicott.

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Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Esses objetos trazem à criança uma sensação de conforto e acalento. Ela morde, aperta, mantém ali um relacionamento e uma diferenciação entre ela e o objeto. Coloca naquele cobertor, por exemplo, seus afetos positivos e negativos.

Tais objetos estão próximos da criança em momentos especiais: na hora da alimentação, onde mesmo com a mamadeira ou peito, ela está agarrada no paninho ou num determinado boneco, apertando-o, com uma imensa sensação prazerosa. Na hora de dormir, geralmente, agarra seus paninhos ou bonecos e, geralmente, mais facilmente pega no sono.

Os objetos adotados pela criança, ao olhar dos adultos, parece ter vida própria: e para criança, eles realmente têm vida própria. Recebem nomes, apelidos, são levados para todo canto e, quando saem da vista da criança, geram um sofrimento imenso para os pequenos. Tudo isso porque fazem parte dos vínculos afetivos criados por elas.

Como ao nascer os bebês ainda se percebem na relação eu-outro como um só, esses objetos entram no momento de diferenciação, ou seja, eles substituem e ajudam a criança a perceber outra fonte de proteção que não apenas a materna, uma vez que a mãe não ficará o tempo todo com o bebê no colo. Ou seja, vamos entender esse apego como uma forma de transição.

Ter esses objetos é preocupante?

A resposta é 'não'. Porém, nem todas as crianças vão adotá-los, e isso não deve ser encarado como um problema. Com eles, o bebê se relaciona, balbucia, beija e também tem atitudes agressivas como bater, jogar o brinquedo ou o pano longe.

Complicado é quando a criança é proibida de estar com aquele objeto ou ele é retirado dela ou trocado a todo tempo. Vamos pensar que, naquele momento, o bebê elege seu objeto preferido e com ele passa a ter um vínculo. Se ele é retirado ou trocado a todo tempo, não há como garantir e manter esse vínculo. O acompanhamento pediátrico ajuda as famílias a observarem o desenvolvimento adequado do bebê.

Os objetos vão sendo deixados de lado à medida que a criança vai se desenvolvendo, socializando-se e descobrindo o mundo nos primeiros passos, quando começa a andar sozinha, a falar e a desenvolver outras formas de contato social. Neste momento, vamos perceber que ela passa a ficar com seu objeto preferido nas horas de dormir, por exemplo, quando está na cadeirinha do carro ou em algum momento de maior relaxamento. Isso deve ocorrer por volta dos 3 aos 5 anos, época onde vai para escola e seu "objeto companheiro" pode ficar em casa ou em sua mochila.

Todos esses fatos são sinais favoráveis e parte do desenvolvimento saudável da criança. Oferecer a ela bons elementos de elo afetivo é papel dos pais e cuidadores. Um boneco, um mordedor, um cobertor ou fralda fazem bem esse papel. São objetos simples, sem necessariamente uma cor, luz, movimento ou tecnologia avançada, pois, nesses primeiros momentos de vida, são estes os melhores para os pequenos. É com a "ajuda" desse brinquedo que a separação da mãe vai se procedendo. Nem todas as crianças os terão; algumas demoram mais, outras adotam até mesmo o comportamento de "chupar o dedo", enrolar o cabelo, pegar no dedão do pé. Todos eles são parte deste momento e descoberta do mundo, de si e do outro, e certamente são igualmente expressivos para o desenvolvimento infantil.

Neste tempo tão corrido, quando os pais precisam se desdobrar para todas as necessidades do lar, pare um tempinho e observe seus filhos. A cada dia de um bebê, de uma criança, de um adolescente, você perceberá a riqueza de detalhes, as mudanças e o milagre da vida!


Elaine Ribeiro dos Santos

Elaine Ribeiro, Psicóloga Clínica e Organizacional, colaboradora da Comunidade Canção Nova.
Blog: temasempsicologia.wordpress.com
Twitter: @elaineribeirosp


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/familia/educacao-de-filhos/por-que-os-bebes-se-apegam-a-objetos/

8 de abril de 2015

O casamento não é uma "missão impossível"

De fato, o casamento pode se tornar uma "missão impossível" se o casal rejeitar os auxílios da graça de Deus

"Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer uma auxiliar que lhe corresponda" (Gen 2,18). A mulher que Deus "modelou" da costela do homem e que levou a ele, arrancou dele um grito de admiração, uma exclamação de amor: "É osso de meus ossos e carne de minha carne" (Gn 2,23).

Foto: Daniel Mafra
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Deus criou o casal humano para uma "comunhão de pessoas" no matrimônio e os uniu de modo que, formando "uma só carne" (Gn 2,24), possam transmitir a vida humana: "Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra" (Gn 1,28). O homem e a mulher, como esposos e pais, cooperam de forma única na obra do Criador. Ai está toda a beleza que Deus quis para o casal humano; fez dele a fonte do amor e a "nascente da vida". Cristo elevou o casamento entre os batizados à dignidade de sacramento.

A sagrada Escritura abre-se com a criação do homem e da mulher à imagem e semelhança de Deus fecha-se com a visão das "núpcias do Cordeiro" (cf. Ap 19,7). Toda a Sagrada Escritura fala do casamento e de seu "mistério", de sua instituição e do sentido que lhe foi dado por Deus, de suas dificuldades provenientes do pecado e da sua renovação "no Senhor" (1Cor 7,39).

Deus é o autor do matrimônio; o casamento não é uma instituição simplesmente humana. "Por isso um homem deixa seu pai e sua mãe, se une à sua mulher, e eles se tornam uma só carne" (Gn 2,24).

O pecado instaurou também no casamento a desordem. Tendo sido uma ruptura com Deus, a primeira consequência foi a quebra da comunhão original do homem e da mulher. Para curar as feridas do pecado, o homem e a mulher precisam agora da ajuda da graça que Deus, que em sua misericórdia infinita, não nos recusa. Sem esta ajuda, homem e a mulher não podem chegar a realizar a união de suas vidas para a qual foram criados "no princípio". Sem Cristo, o casamento não perdura. Por isso Ele o transformou em sacramento. Um casal sem Deus é um casal fraco.

De fato, o casamento pode se tornar uma "missão impossível" se o casal rejeitar os auxílios da graça de Deus; pois o pecado os vencerá. Para ser uma missão bela e saudável, o casal precisa fazer do seu lar um "espaço de Deus". Então, o casamento, mesmo após advento do pecado, se torna uma "escola de amor" onde se aprende a vencer a centralização em si mesmo, o egoísmo, a busca do próprio prazer, e a abrir-se ao outro, à ajuda mútua, ao dom de si.

Não foi sem razão que Jesus começou sua vida pública realizando seu primeiro milagre, a pedido de Sua Mãe, por ocasião de uma festa de casamento. É a confirmação de que o casamento é uma realidade boa e um sinal eficaz da presença de Cristo.

Jesus veio para restabelecer a ordem inicial da criação perturbada pelo pecado; então, é Ele mesmo quem dá ao casal a força e a graça para viver o casamento na nova dimensão do Reino de Deus. Seguindo a Cristo, renunciando a si mesmo e tomando cada um sua cruz, os esposos poderão "compreender" o sentido original do casamento e vivê-lo com a ajuda de Cristo.

São Paulo mostra que a união de Cristo com a Igreja é uma aliança matrimonial: "E vós, maridos, amai vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, a fim de purificá-la… É grande este mistério: refiro-me à relação entre Cristo e sua Igreja" (Ef 5,24-32). O Matrimônio cristão é um sinal eficaz da aliança de Cristo e da Igreja.

O casal cristão, diante de Deus que os uniu para sempre, para serem esposos, pais e mães, precisam se esmerar no cuidado do casamento. Que jamais haja infidelidades conjugais, nem por pensamentos, palavras ou atos. A infidelidade é a morte do casamento. O casal não pode ser inocente se arriscando em aventuras com outras pessoas; a infidelidade começa muitas vezes com uma relação inocente que termina na infidelidade conjugal.

Dicas para viver bem:

– O casal precisa investir um no outro e no lar. Os matrimônios fortes se constroem passando tempo juntos; faça do tempo de convivência juntos uma prioridade, juntamente com os filhos.

– Não fique ressaltando as falhas de seu cônjuge e fazendo reprovações, isso faz com que outras pessoas te pareçam mais atraentes. Valorize mais as qualidades do outro e diminua as críticas. Não faça comparações com outros casais. Com as outras pessoas você não está vivendo um mundo real; é sonho.

– Quando houver necessidade, busquem ajuda. Isso não é um sinal de fraqueza. Um terapeuta familiar cristão ou um bom conselheiro, ajudam a pensar, a buscar soluções.

– Mantenha um lar alegre, com bom humor; elimine a reclamação e a lamúria. Alegria e bom humor são terapia. Saiba dar um sorriso mesmo nas horas amargas. E não esconda seus sentimentos; porque reprimi-los fazem mal e geram brigas. Seja transparente com o outro para ganhar a sua confiança.

– Cuide da vida sexual, mais do que a união de dois corpos é a união de duas almas que se amam e que se compromissaram uma com a outra por toda a vida. Cuidem bem um do outro, com todo amor, carinho, respeito, bondade, paciência, tolerância, maturidade e responsabilidade. Tudo isso faz o casal cumprir essa bela missão que Deus lhes deu de constituir uma família feliz. Eu pude viver quarenta anos essa realidade e posso dizer que é uma das melhores realizações desta vida. Nós amamos e nos realizamos com aquilo que construímos com nossa dedicação e amor.

Já foi dito que "quem caminha sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai acompanhado com certeza chegará mais longe…" A paciência pode ser amarga, mas seus frutos são doces.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/relacionamento/casamento/o-casamento-nao-e-uma-missao-impossivel/

6 de abril de 2015

Páscoa é uma festa de família

A Páscoa é uma festa de família, porque viver ressuscitado é saboroso como o chocolate

Que conceito bonito este de que a família é a Igreja doméstica:"Em nossos dias, num mundo que se tornou estranho e até hostil à fé, as famílias cristãs são de importância primordial, como lares de fé viva e irradiante. Por isso, o Concilio Vaticano II chama a família, usando uma antiga expressão, de "Eclésia domestica". É no seio da família que os pais são 'para os filhos, pela palavra e pelo exemplo… os primeiros mestres da fé. E favoreçam a vocação própria a cada qual, especialmente a vocação sagrada'" (Catecismo da Igreja Católica, n° 1656).

O lar cristão é o lugar em que os filhos recebem o primeiro anúncio da fé. Por isso, o lar é chamado, com toda razão, de "Igreja doméstica", comunidade de graça e de oração, escola das virtudes humanas e da caridade cristã (Catecismo da Igreja Católica, n° 1666).

Os pais são os primeiros a transmitir a fé, os valores cristãos e universais e uma boa educação para os filhos. Pai e mãe são mestres da vida, pela palavra e pelo exemplo eles nos ensinam coisas que vamos levar para a vida toda, que irão influenciar as nossas escolhas e, principalmente, formar a nossa consciência do bem e do mal. Serão os primeiros catequistas, que, muito mais do que ensinar, irão transmitir pela prática, porque os filhos os verão fazendo.

Eu mesmo poderia dizer da minha mãe e da minha avó quando as via rezar o terço diante da imagem de Nossa Senhora: "Era uma santa ouvindo o que a outra santa dizia!" Meus pais imprimiram em mim muito mais do que traços biológicos e heranças hereditárias, qualidades e defeitos e o desejo de um futuro brilhante. Eles fizeram com que eu experimentasse o amor de Deus e a graça da fé. Quando ainda era criança, sem que eu entendesse, me deram um banho de Água Viva, que me fez nascer de novo e me enxertou em Cristo Jesus. Dando-me assim o Dom da imortalidade e a graça de pertencer a uma família muito grande: a Igreja!

Como explicar para as nossas crianças e jovens que, na Páscoa, o mais importante é a festa da vida que vence a morte? Que Cristo verdadeiramente foi morto numa cruz e que, por aceitar morrer assim, Ele nos libertou do pecado e nos salvou pela Sua Ressurreição? A Páscoa é uma festa de família, porque viver ressuscitado é saboroso como o chocolate, é cheio de vida como o ovo e é tão fecundo como um casal de coelhinhos. É preciso ter a coragem de celebrar a fé em família e ensinar o verdadeiro sentido de ser cristão.

Celebrar a Páscoa é renascer com Cristo ressuscitado, é passar da morte para a vida, é vencer o pecado e a morte. É também celebrar a vida com o sabor de um ovo de chocolate e mostrar ao mundo que o cristão precisa ser como o coelho: fecundo em virtudes, amor e santidade. É arrumar uma ceia e acender uma vela para convidar os amigos e parentes para se iluminarem com a luz de nossa fé. Uma fé que nasce e renasce constantemente no seio de nossas famílias. É ser criativo e pedir ao Espírito Santo que grave em nossos corações a Graça e o verdadeiro sentido dos símbolos pascais:

O Círio Pascal: Representa o Cristo Ressuscitado, que deixou o túmulo, radioso e vitorioso. Na vela pascal ficam gravadas as letras Alfa e Ômega, significando que Deus é o princípio e o fim. Os algarismos do ano também ficam gravados no Círio Pascal. Nas casas cristãs é comum o uso da vela no centro da mesa no almoço de Páscoa.

O ovo, aparentemente morto, é o símbolo da Vida que surge repentinamente, destruindo as paredes externas e irrompendo com a vida. Simboliza a Ressurreição.

O Cordeiro: Na Páscoa da antiga Aliança, era sacrificado um cordeiro. No Novo Testamento, a vítima pascal é Jesus Cristo, chamado Cordeiro Pascal.

O Coelho: Símbolo da rápida e múltipla fecundidade da Igreja, que está espalhada por toda a parte, reproduzindo fiéis: há um número incalculável de filhos de Deus, frutos da Graça da Ressurreição.

O Trigo e a Uva: Simbolizam o pão e o vinho da Santa Missa e, por seu grande significado com a Trindade Santa, traduzem, por excelência, o símbolo Pascal. Para a ornamentação da mesa de Páscoa, nada mais indicado que um centro feito com uvas e trigo, entre cestas de pães e jarras de vinho.

O peixe é o mais antigo dos símbolos de Cristo. Se Cristo é o Grande Peixe, somos os peixinhos de Cristo. Isso quer dizer que devemos sempre viver mergulhados na Graça de Cristo e na Vida Divina, trazidas a nós pela água do batismo, momento em que nascemos espiritualmente, como os peixinhos nascem dentro d'água.

Cristo ressuscitou, ressuscitou verdadeiramente ALELUIA!!!

FELIZ PÁSCOA!


Padre Luizinho

Padre Luizinho, natural de Feira de Santana (BA), é sacerdote na Comunidade Canção Nova. Ordenado em 22 de dezembro de 2000, cujo lema sacerdotal é "Tudo posso naquele que me dá força". Twitter: http://@peluizinho


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/pascoa/pascoa-e-uma-festa-de-familia/

1 de abril de 2015

1º de abril, um dia para falar a verdade

O folclórico dia da mentira tem sua origem na confusão de um calendário

O fato ocorreu por volta do século XV, quando o então rei da França Carlos IX decretou o início do ano corrente como 1º de janeiro, seguindo o calendário gregoriano.

Alguns camponeses e povoados mais distantes do rei não acreditaram no decreto e continuaram a celebrar o início do ano em 1º de abril. Isso fez com que passassem a ser ridicularizados pelo restante da população com brincadeiras de notícias mentirosas. Essas "peças" passaram a fazer parte da celebração do dia 1º de abril que, ao longo do tempo, tomou conta de toda a França e do mundo, ora com o nome de "dia da mentira", ora como o dia dos tolos.

1º de abril, um dia para se falar a verdade

Hoje, o dia da mentira é tido como uma brincadeira. Com a globalização, a data ganhou destaque em importantes meios de comunicação e, com o advento da internet, agências de notícias famosas fizeram circular notícias bizarras como forma de celebração desse dia.

Brincadeiras e folclore à parte, a verdade é que mentira pode provocar consequências desastrosas para um país, para uma família, uma empresa, uma pessoa. Como dizia Gandhi: "assim como uma gota de veneno compromete um balde inteiro, também a mentira, por menor que seja, estraga toda a nossa vida."

No Brasil, por exemplo, sofremos há anos as consequências da falta de transparência de nossos governantes. A mentira está a serviço da corrupção, que é a maior vilã de nossa sociedade. Os princípios que regem a mentira, o juízo falso de valores e o engano proposital são os geradores de grande parte das mazelas sociais que os brasileiros já testemunharam. A impunidade, a violência, principalmente nas cidades de porte médio, antes locais seguros, só têm crescido na última década, ao mesmo tempo em que os investimentos na saúde pública são ainda desproporcionais à demanda, e a educação não é vista como prioridade para o desenvolvimento do país.

A nossa sociedade está sofrendo também as consequências do abandono e do esquecimento da verdade e dos valores cristãos. No dia da mentira, é verdade que não temos mais tempo para nossos filhos, é verdade que não nos reunimos em família, não temos tempo para ir à Igreja, é verdade também que a dignidade e o direito mais básico, o de viver, já não faz tanto sentido. De fato, temos aqui muitos motivos para, neste 1º de abril, lamentar as consequências da mentira em nossa vida.

Mesmo que no dia 1º de abril contemos alguma mentira para não deixar passar em branco essa "brincadeira", a verdade é que temos sede de sinceridade, queremos a confiança, queremos reciprocidade, queremos nos manifestar tal como somos, pois não aguentamos por muito tempo a dissimulação, a falsidade e a corrupção. Algo dentro de nós grita pelo verdadeiro e autêntico. No fundo, todo homem anseia viver em comunidade para partilhar a verdade e a justiça.

Jesus disse: "E conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará (João 8, 32). Aprendamos que só a verdade nos torna pessoas livres, o bem mais precioso para o homem. É na liberdade que começa e termina todos os nossos caminhos, ela é a pérola do nosso querer.

No dia da mentira, precisamos redescobrir a nossa vocação de testemunhar e comunicar a verdade. Não suportamos mais o que o Papa Bento XVI classificou como a "ditadura do relativismo", queremos mesmo é a liberdade que vem pela verdade. Vivemos tempos de desconfiança e opressão pela mentira, ora lá, ora cá, perguntamo-nos se não estamos sendo enganados, pois quem sabe nos acostumamos com o falso…

No dia da mentira só me resta dizer: Brasil, lute pela verdade!

Autor: Daniel Machado de Assis – Missionário da Comunidade Canção Nova


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/1o-de-abril-um-dia-para-se-falar-a-verdade/

30 de março de 2015

O que é o Apocalipse?

A interpretação do Apocalipse requer critérios precisos deduzidos deste gênero literário

A palavra grega "apokálypsis" quer dizer "revelação". O Apocalipse quer incutir nos leitores uma confiança inabalável na Providência Divina em tempos difíceis para os cristãos. É uma forma literária, que era usada em Israel, repleta de simbolismos de números, animais, aves, monstros etc., e que não é fácil de ser hoje entendido. As páginas mais tipicamente apocalípticas do Antigo Testamento são os capítulos 7 a 12 do livro de Daniel.

O que é o Apocalipse

Algumas características do gênero apocalíptico são:

As frequentes intervenções de anjo: aparecem como ministros de Deus ou como intérpretes das visões ou revelações que o autor do livro descreve (Ez 40,3; Zc 2,1s; Ap 7, 1-3; 8, 1-13). Simbolismo rico, singular. Animais podem significar homens e povos; feras e aves representam geralmente as nações pagãs; os anjos bons são descritos como se fossem homens, e os maus como estrelas caídas.

O recurso aos números – 3, 7, 10, 12 e 1000 são símbolos de bonança; e 3 1/2, símbolo de tribulação. Forte nota escatológica. Os apocalipses se voltam todos para os tempos finais da história, com intervenção solene de Deus em meio a um cenário cósmico, o julgamento dos povos, o abalo da natureza, a derrota dos maus e a exaltação dos bons.

Por que Jesus fez essa Revelação a São João, que estava preso na ilha de Patmos, no mar Egeu?

No fim do século I, era cada vez mais difícil a situação dos cristãos no Império Romano por causa da terrível perseguição dos imperadores. Tudo começou com Nero, no ano 64, e continuou na terrível perseguição de Domiciano (81-96). Muitos cristãos foram martirizados, mas muitos também estavam desanimados, abandonavam a fé (apostasia) e aderiam às práticas pagãs. Isso pode ser notado nas mensagens às sete igrejas da Ásia Menor: Éfeso, Laodiceia, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Filadélfia e Sardes. Foi em tais circunstâncias sombrias que São João escreveu o Apocalipse.

O livro visava encorajar os fiéis. O Apocalipse é, basicamente, "o livro da esperança cristã" ou da confiança inabalável no Senhor Jesus e nas suas promessas de vitória. Ele quer anunciar a "vitória do bem sobre o mal", do reino de Cristo sobre o reino do mal, especialmente para aquele momento muito difícil em que se encontrava a Igreja.

Nem todo o livro do Apocalipse está redigido em estilo apocalíptico. Compreende duas partes anunciadas em Ap 1,19-3,22, revisão de vida das sete comunidades da Ásia Menor às quais São João escreve em estilo pastoral; Ap 4,1-22,15, as coisas que devem acontecer depois. Esta é a parte apocalíptica propriamente dita para a qual se volta a nossa atenção: 4,1-5,14, a corte celeste com sua liturgia. O Cordeiro "de pé, como que imolado" (5,6), recebe em suas mãos o livro da história da humanidade. A mensagem principal é esta: "Tudo o que acontece no mundo está sob o domínio do Senhor, que é o Rei dos séculos".

A parte apocalíptica do livro abre-se com uma grandiosa cena de paz e segurança, qualquer quadro de desgraça está subordinado a isso.

O núcleo central do sentido do Apocalipse apresenta, sob forma de símbolos, a luta entre Cristo e Satanás, luta que é o eixo de toda a história, e que já tem Cristo como vencedor, apesar dos sofrimentos dos cristãos. Os sete selos (septenários) revelam esta luta. A seguir, de 17,1 a 22,17, após os três septenários, ocorre a queda dos agentes do mal; 17,1-19,10: a queda de Babilônia (símbolo da Roma pagã); 19,11-21: a queda das duas bestas que regem Babilônia (o poder imperial pagão e a religião oficial do império romano); 20,1-15: a queda do Dragão, instigador do mal, Satanás.

A seção final (21,1-22,15) mostra a Jerusalém Celeste, Esposa do Cordeiro, o oposto da Babilônia pervertida. Os versículos 22,16-21 constituem o epílogo do livro.

O Apocalipse de São João apresenta os grandes protagonistas da história da Igreja: a Mulher e o Dragão no capítulo 12; a Mulher-Mãe, que exerce sua maternidade por toda a história da salvação, se consumará na Jerusalém celeste, a Esposa do Cordeiro (Ap 21 s). As duas bestas, manipuladas pelo Dragão, sendo que a primeira sobe do mar e representa o poder imperial perseguidor (Roma), a segunda Besta sobe da terra (Ásia Menor), onde está o culto religioso do Imperador. (cf. Ap 13,1 e 11).

A batalha entre Miguel e o Dragão não corresponde à queda original dos anjos, mas significa a derrota de Satanás, vencido quando Cristo venceu a morte por Sua Ressurreição e Ascensão. Deus lhe permite tentar os homens, nesses séculos da história da Igreja, a fim de provar e consolidar a fidelidade dos mesmos. Satanás só age por permissão de Deus.

Em resumo, as calamidades que o Apocalipse apresenta não podem ser interpretadas ao pé da letra, é uma linguagem figurada. Unindo as aflições na terra e a alegria no céu, quer dizer aos seus leitores que as tribulações desta vida estão de acordo com a Sabedoria de Deus; foram cuidadosamente previstas pelo Senhor, dentro de um plano harmonioso, onde nada escapa, embora não entendamos.

A mensagem mais importante é esta: ao padecer as aflições da vida cotidiana, os cristãos não devem desanimar. Foi uma forma de consolo que o Apocalipse queria incutir aos seus leitores; não só do séc. I, mas de todos os tempos da história; isto é, os acontecimentos que nos atingem aqui na terra fazem parte da luta vitoriosa do bem sobre o mal; é a prolongação da obra do Cordeiro que foi imolado, mas, atualmente, reina sobre o mundo com as suas chagas glorificadas (cf. c.5). Os cristãos na terra gemem, mas os bem-aventurados na glória cantam aleluia.

No céu os justos não se desesperam com o que acontece com os que sofrem na terra; antes, continuam a cantar jubilosamente a Deus, porque percebem o sentido das nossas tribulações. O Apocalipse quer mostrar que essa mesma paz do céu deve ser também a dos cristãos na terra, porque, embora vivam no mundo presente, já possuem em suas almas a eternidade e o céu em forma de semente, pela graça santificante, que é a semente da glória celeste.

Assim, o Apocalipse oferece uma imagem do que é a vida do cristão e a vida da Igreja: uma realidade ao mesmo tempo da terra e do céu, do tempo e da eternidade. A vida do cristão é celeste, deve ser tranquila, como a vida dos justos que no céu possuem em plenitude aquilo mesmo que os cristãos possuem na terra.

A mensagem básica do Apocalipse é esta: as desgraças da vida presente, por mais aterradoras que pareçam, estão sujeitas ao sábio plano da Providência Divina, a qual tudo "faz concorrer para o bem daqueles que O amam" (Rm 8,28).

O Apocalipse finaliza com chave de ouro, num diálogo amoroso impressionante entre a Esposa, que é a Igreja, animada pelo Espírito Santo, e o seu Esposo no céu. É um diálogo que deve ser vivido por cada um dos cristãos que desejam o encontro com Cristo, um encontro que já começa na Eucaristia: João repete as palavras de Jesus no Evangelho (Jo 7, 37): "Quem tiver sede venha!" O Espírito e a Esposa dizem: Vem!".


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/o-que-e-o-apocalipse/

26 de março de 2015

Como lidar com a dependência emocional

A consciência da dependência emocional é o primeiro passo para começar a superar os sentimentos

Há pouco tempo, tratamos, aqui neste "espaço de formação", sobre um tema muito recorrente na vida de muitas mulheres: a dependência afetiva ou emocional. Nesse texto, expusemos um pouco esse assunto e os principais sinais para identificar se sofremos ou não deste problema. Hoje, retornando ao tema, vamos oferecer algumas dicas importantes e apontar um caminho de ajuda para nos libertar da dificuldade que limita e atormenta a vida de tantas mulheres.

Como lidar com a dependência emocional

Como foi abordado no artigo anterior, a dependência afetiva consiste em depender da outra pessoa para ser feliz. Como se disséssemos: "Se a outra pessoa não me ama ou não mostra que me ama, eu não sou feliz". Assim, começamos todas as tentativas e os jogos para sermos amados e continuarmos sendo amados, ainda que o relacionamento possa estar péssimo.

É comum, na dependência emocional, que a pessoa deixe de lado a sua própria vida  trabalho, estudos e amigos, grandes amigos. Tudo para dedicar-se integralmente ao relacionamento.


Todos nós dependemos de atenção, de afeto, carinho e amor; o problema está no exagero que leva uma pessoa a acreditar que não vive sem a outra. Qualquer relação deve ser baseada em trocas equivalentes e supõe pessoas inteiras, cientes de suas emoções e opiniões, de suas crenças e seus valores.

Como, então, nos libertarmos dessa dependência? É possível?

1) Consciência da dependência emocional
A consciência é o primeiro passo para começar a superar os sentimentos. Sem a consciência do que está acontecendo, tudo vai continuar como está e o sofrimento tenderá a continuar. Ao passo que se uma mudança for buscada, ela pode ocorrer com a criação de mais autoestima, autovalorização e/ou com a ajuda de psicoterapia.

2) Um passo importante para reduzir a dependência e nos ajudar a lidar com ela é iniciar um processo de psicoterapia, a fim de adquirir autoconhecimento e consciência do seu próprio valor.

O psicólogo vai auxiliá-lo a identificar em que áreas da vida essa dependência surge e de que forma está afetando sua vida e suas relações, além de buscar as causas e tratá-las.
Nesse processo, sua autoestima é fortalecida, tornando-a mais segura e dependente de si próprio. Quando as pessoas começam a gostar de si mesmas, aprendem a cuidar de suas próprias feridas. Quando nos amamos, procuramos pessoas que nos valorizam e nos respeitam pelo que somos.

Esse ciclo de dependência pode ser interrompido e desfeito quando a pessoa dependente, com auxílio de um profissional, compreende que a solução do seu problema mora dentro de si próprio, pois precisa assumir responsabilidade por si mesma; tomar conta da sua vida e assim ficar disponível para poder verdadeiramente amar.

Uma psicoterapia vai auxiliar a pessoa a expressar os seus sentimentos e suas necessidades de forma mais adequada; a partir daí, adquirir noção dos seus limites e ganhar perspectiva sobre si própria. Por exemplo, utilizando técnicas que auxiliam na busca da individualidade dentro de um relacionamento amoroso, para que cada um tenha seu espaço de tempo e privacidade, o que é fundamental para a autoestima de ambos.

Outras dicas importantes:

– Reconheça o seu valor
Reconheça o seu valor-próprio e alimente pensamentos positivos sobre si mesmo, percebendo suas limitações bem como suas conquistas, estabelecendo metas e objetivos, ajudando outros e fazendo o que lhe faz sentir bem. Aceite as suas decisões e observe a sua capacidade de fazer o que é melhor para você.

– Perceba que você tem o controle de si e assuma as rédeas de sua própria vida.
Perceba que você tem o controle de si, incluindo seus sentimentos, suas emoções e ações. Algumas vezes, acontecem eventos na vida que são incontroláveis, mas você precisa perceber o que pode controlar. Não permita que outra pessoa controle o caminho que você deve seguir.

– Estabeleça metas para vencer sua insegurança. O momento é propício para estabelecer limites pessoais e na relação, que representam o respeito às próprias vontades e a do outro. Claro que não será fácil – e ninguém disse que seria –, mas é imprescindível para a mudança que você precisa operar, a fim de ter uma vida mais saudável e feliz.

Isso jamais será possível sem autoconfiança, portanto, o caminho é o de se redescobrir, entrando em contato com seu próprio eu. Mesmo que seja penoso, é preciso lidar com a raiz do problema, derrubando ídolos e compreendendo o poder que jaz em si mesmo.

– Não programe o seu dia a dia dependendo da outra pessoa
Perceba que você também possui necessidades importantes, precisa ter controle da sua própria vida e fazer as suas coisas independente dos outros. Você pode se comprometer e reconhecer as necessidades do outro, mas tem de se lembrar igualmente de que você tem de viver sua vida para além do relacionamento.

– Recupere o seu espaço. É importante que você trate de recuperar aqueles espaços pessoais e individuais. Reúna-se com amigos sem o seu companheiro, faça atividades que lhe gerem prazer.

– Seja realista e pare de idolatrar o seu companheiro, ele é um ser humano e, como tal, tem seus defeitos e suas virtudes. Nem tudo o que ele faz e diz é correto, por isso você deve trabalhar a humanização do seu companheiro, para poder superar a dependência emocional.

– Dialogue. O que você pensa e diz é igualmente importante, tal como o que o seu companheiro pensa. Quando não estiver de acordo com algo, diga-lhe. Não aceite tudo o que ele diz por medo de perdê-lo. Com as diferenças também se constrói e consolida um relacionamento.

– Repense. Tome um tempo para pensar no seu relacionamento. Reflita sobre como era antes de o conhecer e todas as coisas que deixou de fazer pela relação. Talvez, seja tempo de fazer umas mudanças no relacionamento, para que ambos se sintam melhor.

O que fazer quando se é vítima de um dependente emocional?
Quando você é "vítima" de um dependente emocional, pode ser que também seja um dependente, pois parece ter medo de mudar, de renunciar e se libertar de um relacionamento doentio. Não existem vítimas de algo ou de alguém, mas escolhas de ficar ou não em qualquer relação. Essa "vítima" tem de se conhecer melhor também, quem sabe até fazer um acompanhamento psicológico.

O progresso começará a aparecer quando a pessoa entender que o modo como se sente é independente do que os outros fazem ou deixam de fazer.

"Se você é capaz de ser feliz quando está sozinho, aprendeu o segredo para ser feliz." ( Osho)


Judith Dipp

Formada em Psicologia, Judith foi cofundadora da Comunidade de Aliança Mãe da Ternura e voluntária num Centro de Atendimento e Aconselhamento para Mulheres ( Montgomery County Counselling and Carreer Center), em Washington, nos Estados Unidos.

Atualmente, é psicóloga da Escola Internacional Everest, do Lar Antônia e da Congregação dos Seminaristas Redentoristas, todos com sede em Curitiba (PR), cidade onde reside.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/afetividade-feminina/como-lidar-com-a-dependencia-emocional/