21 de novembro de 2014

Por que sentimos preconceito?

Temos a tendência de traduzir o diferente como uma forma de inimizade

"Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e] perseguem" (cf. Mt 5,44). Talvez este seja o versículo mais desafiador da Bíblia. Jesus propõe o extremo do amor, um amor que é capaz de dar a vida por um inimigo. "E Ele assim o fez" (cf. Rm 5,6-10).

Quem são nossos inimigos? Talvez vejamos como inimigos aqueles que, de alguma forma, declararam guerra contra nós ou nos fizeram algum mal. Mas o texto quer nos mostrar que mesmo estes devem ser amados. Existem formas amenas de inimizade, que são muito mais corriqueiras e, talvez por isso, mais desafiadoras. Uma delas são as diferenças entre nós, pois temos a tendência de traduzir o diferente como uma forma de inimizade.

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Existem muitas formas de diversidades: raça, sexo, idade, capacidades naturais, religião, cultura, posição política, condição social, grupo social etc. Poderíamos ouvir Jesus dizer: "Amai os diferentes".

Existem dois tipos de diferenças fundamentais:

Aquelas que advêm de uma condição natural. Um exemplo fundamental é a raça, a etnia, e podemos colocar aqui a diferença de cultura. Também aquelas que surgem por uma condição limitadora natural, como doenças, condições sociais, idade, capacidades naturais etc. Essas diferenças não carregam em si um valor moral. Elas estão acima de qualquer condicionamento, e qualquer restrição ao diferente fere gravemente a lei do amor. Nesse aspecto, o mais típico exemplo de violação ao respeito ao próximo é o racismo.

Outra forma de diversidade advém de ideias e opções contrárias entre as pessoas. Alguns exemplos são divergências de religião, posição política, grupos sociais e opções morais. Essas, sim, têm significado moral e, por isso, carregam uma complexidade maior na relação entre os diferentes. Jesus nos ensina a amar essas pessoas, o que não significa necessariamente concordar com a ideia ou opção delas. Ele acolhe e perdoa a adúltera, mas é incisivo em determinar seu valor de vida: "Vá e não peques mais" (Jo 8,11). Nessa forma, o desafio é muito maior, porque podemos fazer duas confusões: misturar as ideias com as pessoas, em que os conflitos de pensamentos se transformam em conflito de pessoas, ou estar bem com o diferente, abrir mão de minhas ideias ou, pior ainda, abrir mão do valor dos pensamentos (meus e do outro), considerando tudo igual. Esse é o famoso relativismo, que tenta superar as diferenças abrindo mão da verdade. Nada mais simplório e enganosa solução.

É verdade também que as diferenças nos planos das ideias e opções podem ter um significado comunitário/social que atinge as liberdades ou impõe modelos que ferem a lei natural. Essas divergências acabam por se configurar como verdadeiras ameaças, gerando graves inimizades. Nesse caso, somente o significado mais radical do "amor aos inimigos" é capaz de superar essas disparidades.

Essa tendência de ver a diferença como sinônimo de conflito se agrava na cultura marxista em que vivemos. Nessa ideologia, a diferença é um mal e tem sempre um culpado; e de forma simplória, a culpa é do mais dotado, mais forte e mais rico. O pobre é pobre, porque o rico é rico, e sendo rico, ele é o opressor. Cria-se, assim, uma mentalidade de conflito entre as diferenças humanas. Nessa ideologia, as divergências devem ser superadas pela igualdade que passa a ser um bem social absoluto. Esquece-se de que entre os seres humanos só existe igualdade absoluta na dignidade humana, e fora disso, tudo sempre será diverso. Os pensamentos diferentes sempre existirão (sempre haverá inteligentes e limitados, bonitos e feios, simpáticos e chatos etc). Essa situação só vai se harmonizar na complementaridade, que surge da justiça e da caridade. Existe uma confusão fundamental entre igualdade e justiça, que parecem coisas semelhantes, mas, na verdade, são quase antagônicas.

O fato é que temos uma tendência maligna de entender o "eu" e o "tu" em contraposição natural. Assim, tudo que está fora do "eu" (pessoa ou grupo) se torna um inimigo. Tantas vezes, não é fácil combater em nós esse sentimento. É tão difícil, que ao defender o bem entre os diferentes, fazemos outros inimigos. Jesus nos ensina a superar essa tendência entendendo o outro como uma extensão de nós mesmos, amando-o como nos amamos (cf. Mt 22,39-40). E Ele assim o faz, porque se identifica com todos os que sofrem (cf. Mt 25,40). Somente quando, de alguma forma, nos sentimos presentes no outro, é que vamos saber respeitá-lo como queremos ser respeitados. Ser irmão é isso, é ver no outro uma parte de nós mesmos, e assim sermos capazes de tratá-lo com verdadeiro respeito e dignidade. É interessante ver como os laços familiares favorecem o amor. Neles, a família, especialmente os pais, fazem a experiência de compreender que uma parte deles está no outro, e assim formam juntos um "nós". Este, quando verdadeiro, não exige igualdades forçadas, acolhe as diferenças e nos torna capazes de dar a vida pelo outro.

É verdade que, tantas vezes nós, cristãos, não amamos direito nem mesmo os amigos. Esse contra-testemunho tem favorecido o surgimento de ideologias que visam resolver as diferenças e os conflitos entre os homens, mas com outros métodos. Jesus nos ensina que a harmonia entre os homens nasce da justiça, que tem como base a verdade e que, se for verdadeira, faz surgir aquela que é a soberana entre todas as virtudes: a caridade. Enquanto nosso Cristianismo fizer de nós pessoas boazinhas, "faremos como os pagãos" (Mt 5,47) e colocaremos em dúvida o bem da fé cristã para o mundo. O que faz do Cristianismo um caminho inigualável é essa busca do significado mais radical do amor, onde um da "raça divina" dá a vida pelos desprezíveis de raça humana enquanto estes ainda eram Seus inimigos (cf. Rm 5,6-10).

André Botelho

André L. Botelho de Andrade é casado e pai de três filhos. Com formação em Teologia e Filosofia Tomista, Andrade é fundador e moderador geral da comunidade católica Pantokrator, à qual se dedica integralmente. http://www.pantokrator.org.br Contato: http://facebook.com/andreluisbotelhodeandrade


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/capa-do-portal/por-que-sentimos-preconceito/

19 de novembro de 2014

Como você reage diante do pecado do outro?

Os pecados dos outros são maiores que o meu?

O Senhor disse a Caim: "Onde está seu irmão Abel?" – Caim respondeu: "Não sei! Sou porventura eu o guarda do meu irmão?" (Gn 4,9). Esse diálogo de Deus com Caim marca uma das narrações mais dramáticas da Bíblia. Em poucos versículos, em que é narrado o primeiro homicídio da história humana, podemos conhecer o triste fim de Abel e a indiferença de seu irmão Caim.

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Talvez fiquemos chocados diante de tal crueldade, mas pode ser que estejamos seguindo fielmente os passos de Caim nos dias atuais. Se Deus lhe perguntar, agora, onde está seu irmão, você saberia Lhe dizer? Como você reage diante dos pecados dos outros? Provavelmente, veio à sua mente algumas pessoas bem próximas, mas e o seu vizinho? E aquela pessoa que não gosta de você? Também o que participava do grupo de oração e não veio mais, onde ele está? E a prostituta que fica na esquina da avenida, como ela está?

Diante de várias pessoas que deixaram a Igreja ou que nunca entraram em uma, nós podemos declarar: "O que posso fazer? Não sou responsável por essa pessoa". Respondemos igual a Caim: "Acaso sou eu seu guarda?".

E quando olhamos um drogado na rua, louvamos a Deus: "Obrigado, Senhor, por me livrar de estar ali", "Senhor, eu Lhe agradeço por eu não estar perdido nas baladas e nas perversões do mundo". Vejamos uma parábola de Jesus: "O fariseu, em pé, orava no seu interior desta forma: 'Graças te dou, ó Deus, que não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros; nem como o publicano que está ali. Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de todos os meus lucros'. O publicano, porém, mantendo-se à distância, não ousava sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: 'Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!'. Digo-vos: este voltou para casa justificado, e não o outro" (Lc 18,11-14).

Muitas vezes, diante do pecado do nosso próximo, nossa postura é condenar, querendo assumir o papel de Deus. Nessa reflexão, quero questionar: os pecados dos outros são maiores que o meu? Será que a luta que travo para não errar não é a mesma luta do outro?

Fazemos do defeito das pessoas assunto de nossas conversas, comentamos e queremos encontrar soluções para a vida alheia, mas não procuramos a pessoa para lhe dizer onde está errando. Nos desculpamos de boas intenções para fomentar julgamentos e difamar, e nos esquecemos de que Deus nos constitui guarda do outro.

O que é ser guarda? "Pessoa incumbida de vigiar ou guardar alguma coisa ou alguém." Vigiar é também proteger, é zelar por ele, manter o olhar sobre a pessoa, defendê-la e ajudá-la. Mas como temos realizado a missão de ser guarda do nosso próximo? Onde e como está o seu irmão?

Quantas vezes nós mesmos vivemos a experiência de saber que falaram algo sobre nós e ficamos chateados, pois não é nada agradável saber que as pessoas comentam sem nem mesmo saber a nossa realidade! Mas não temos a mesma postura quando é para falar dos outros. Jesus também nos ensina: "Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles" (Mt 7,12).

A ação do nosso irmão não é o bastante para constatar a intenção dele. Só existe uma maneira de ter certeza sobre o que o outro quis realmente: perguntando a ele. Em vez de sair por aí espalhando como tal pessoa agiu, Deus nos pede que a procuremos e, como um irmão que quer guardar, falemos para ele de sua atitude com caridade e desejo de levá-lo ao céu.

Peçamos a Deus a graça de um coração caridoso, pois, muitas vezes, as pessoas só precisam de alguém que cuide para que possam melhorar suas ações. Matemos em nós toda fofoca, murmuração e condenação, e procuremos amar o outro concretamente.


Paulo Pereira

José Paulo Neves Pereira nasceu em Nossa Senhora do Livramento (BA). É missionário da Comunidade Canção Nova e atua no setor de Midias sociais da Canção Nova. Twitter: @paulopereiraCN


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/como-voce-reage-diante-do-pecado-do-outro/

17 de novembro de 2014

Palavras a um jovem homossexual

Tenho recebido muitas correspondências de jovens cristãos que lutam bravamente contra a tendência homossexual e querem viver vida de castidade segundo a vontade de Deus. Eles me pedem ajuda e conforto. Por isso, escrevo essas palavras, com muito amor, a todos aqueles que travam essa luta difícil contra a tendência homossexual, cujas causas são complexas.

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A posição da Igreja (que é a da Bíblia e da sagrada Tradição); assistida e guiada pelo Espírito Santo, como Jesus prometeu (cf. Jo 14, 15.25; 16,12-13), é que a "tendência homossexual não é pecado", mas que a PRÁTICA DOS ATOS SEXUAIS é pecado grave (cf. Catecismo §2357).

 O que diz o Catecismo da Igreja

§2357 – "A homossexualidade designa as relações entre homens e mulheres que sentem atração sexual, exclusiva ou predominante , por pessoas do mesmo sexo. A homossexualidade se reveste de formas muito variáveis ao longo dos séculos e das culturas. A sua gênese psíquica continua amplamente inexplicada. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves (Gn 19,1-29; Rm 1,24-27; 1Cor 6,9-10; 1Tm 1,10), a tradição sempre declarou que "os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados" (CDF, decl. Persona humana, 8). São contrários à lei natural. Fecham o ato sexual ao dom da vida. Não procedem de uma complementaridade afetiva e sexual verdadeira. Em caso algum podem ser aprovados".

Homossexuais – não discriminá-los

§2358 – "Um número não negligenciável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais inatas. Não são eles que escolhem sua condição homossexual; para a maioria, pois a maioria, pois, esta constitui uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar a vontade de Deus na sua vida e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar por causa da sua condição".

Homossexuais – viver a castidade

§2359 – "As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes de autodomínio, educadores da liberdade interior, às vezes pelo apoio de uma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem se aproximar, gradual e resolutamente, da perfeição cristã."

Há quem defenda que a  homossexualidade é um "terceiro sexo"; e, portanto, algo natural e legítimo. Mas, para a fé católica, isso entra em conflito com a lei natural; um homem com um homem não podem gerar um filho. Deus criou dois sexos diferentes para se completarem mutuamente. Cada um dos dois tem predicados que o outro não tem. Para muitos especialistas, como o Dr. Gehard von Aardweg, a tendência homossexual tanto pode ser congênita como pode ser adquirida. Não é porque alguém tenha a tendência homossexual que é certo dizer que isso é "normal e correto", e que ele pode viver a homossexualidade, discordando até de Deus e das suas Escrituras. Se for assim, qualquer tendência desordenada poderia ser justificada. Para o cristão, a tendência não justifica a prática.

A cruz da tendência homossexual é pesada, mas o cristão sabe que é da cruz que nasce a ressurreição. Se você souber conviver com a tendência homossexual, mas sem viver os "atos homossexuais", a Igreja mostra que

Você estará como que "subindo a escada da santidade". Para isso é preciso a graça de Deus, a Confissão quando cair, a Eucaristia frequente, a leitura e meditação da Palavra de Deus. Não é o que todos nós precisamos fazer?

Cristo carregou na Sua Cruz esta sua tendência homossexual; e nas santas chagas do Senhor você pode buscar o remédio para elas. São Pedro diz que "Ele carregou as nossas enfermidades"; então, você pode procurar na oração a cura desse mal. Sugiro que você leia o livro "A BATALHA PELA NORMALIDADE SEXUAL" escrito pelo Dr. Gerard van den Aardweg (Editora Santuário Aparecida), Ph.D. em Psicologia pela Universidade de Amsterdam (Holanda). Ele escreve tendo como base mais de trinta anos de terapia com homossexuais.

É preciso também tomar consciência de que você não é o único a carregar um problema difícil. Todo ser humano tem o seu; pode ser até o extremo oposto ao seu, ou seja, uma excessiva atração pelo outro sexo. Isso nos proporciona a ocasião de lutar contra tendências desregradas; é precisamente na luta que alguém se faz grande. Não fora a luta, ficaríamos sempre com nossa pequena estatura espiritual. Por conseguinte, assuma corajosamente sua tarefa de não ceder aos desvios sexuais.

Convido-o, como amigo e irmão em Cristo, para viver a Lei Divina, e você será feliz, mesmo que isso custe muito; quanto mais for difícil, mais mérito você terá diante de Deus. Você, tal como é, é chamado por Deus à santidade. Ele tem as graças necessárias para levar você à perfeição cristã. Os Santos não foram de linhagem diferente da nossa, tiveram seus momentos difíceis, mas conseguiram vencer com o auxílio de Deus.

Pode ser que você não deixe de ter a tendência homossexual, mas você pode, com o auxílio da Graça de Deus, vencer-se a si mesmo sempre. E receberá de Deus a recompensa, pois você vai agradar muito ao Senhor. E assim você será feliz, mesmo já aqui neste mundo, porque a Palavra de Deus não falha. Não há outro caminho verdadeiro de felicidade para você, esteja certo disso. Mesmo que você caia, não pode desanimar nem se desesperar. Mais importante do que vencer, para Deus, é lutar sempre sem nunca desanimar.

Busque ajuda num amigo em quem você confia e também procure ajuda nos seus pais e na sua família; abra-se com eles se eles podem entendê-lo e ajudá-lo.

Procure sublimar seus impulsos naturais dedicando-se ao esporte e à arte (poesia, música, pintura…) ou a uma tarefa que lhe interesse ou mesmo ao trabalho profissional. Lembre-se de que sentir tendências homossexuais não é pecaminoso, desde que não se lhes dê consentimento. O mal consiste em consentir nessa prática.

Não se feche em si mesmo ou no isolamento. A solidão, no caso, é prejudicial. Se você leva uma vida digna, tenha a cabeça erguida e aborde a sociedade com normalidade. E jamais abandone a sua prática religiosa. Sem Deus todo fardo se torna mais pesado. Não há por que abandonar a prática religiosa se o homossexual se afasta das ocasiões de pecar. A Igreja recomenda aos seus pastores especial atenção aos que lutam pela castidade.

 

Felipe Aquino

Prof. Felipe Aquino, é viúvo, pai de 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Site do Professor: http://www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/homossexualidade/palavras-a-um-jovem-homossexual/

13 de novembro de 2014

As nove virtudes do homem que agrada o coração de Deus

São José será nossa fonte inspiradora para refletirmos sobre as nove virtudes que agradam o coração de Deus

Jesus Cristo é o Homem perfeito. Mas seu pai adotivo, José, foi quem O inseriu nos ofícios e dinâmicas deste mundo. Sem dúvida, Cristo nasceu com todo potencial, mas Deus Pai providenciou que José fosse o escolhido para ensinar ao Menino Jesus o que é ser homem. A masculinidade é aprendida, passada de geração em geração, nisso o menino ou o jovem tem de se esforçar, lutar para ser virtuoso. Por isso, São José será aqui nosso modelo e fonte inspiradora das nove virtudes do homem que agrada o coração de Deus.

As 9 virtudes do homem que agrada o coração de Deus
1- Casto

São José é conhecido na tradição da Igreja como modelo de castidade. Essa virtude dá ao homem o domínio de si mesmo e, portanto, liberdade interior. O homem de Deus precisa se exercitar na pureza para aprender a não ser arrastado por seus impulsos e assim conseguir optar por escolhas grandiosas.

2 – Honrado
Pela forma como se referem a Jesus, "o filho do carpinteiro" (cf. Mt 13, 55), nos dá a entender que a profissão de seu pai seria a referência de José na cidade onde moravam. Daí, podemos também supor que era fácil encontrá-los em Nazaré, sua oficina e sua casa, pois não precisavam se esquivar de ninguém. José tinha um bom nome, honrava seus prazos e sua palavra. O homem, segundo o coração de Deus, é honrado. Se ele promete, cumpre. Se errou, assume. Seu nome e sua reputação são como que a assinatura de sua pessoa como um todo, sua palavra é sempre de honestidade.

3 – Trabalhador
A mesma citação – "o filho do carpinteiro" (cf. Mt 13,55) – pode designar uma pessoa que é conhecida pelo seu ofício; trata-se, portanto, de um ótimo profissional. José era um trabalhador talentoso. O ser masculino tem uma inclinação natural a ter, no trabalho, também um sentido existencial. A impressão de que sua profissão é extensão dele mesmo.

Frequentemente, nas obras de artes – esculturas e pinturas –, vemos uma mulher posando (parada e expondo sua beleza) e os homens quase sempre em posição de movimento, fazendo algo. Não imaginamos um homem sem o trabalho!

4 – Lutador
Olhe o esforço de São José nos primeiros anos de vida do Menino Jesus para preservar a vida do Filho de Deus e Sua Mãe Maria. José renunciou a tudo o que já tinha para preservar os seus. O homem de Deus é um lutador. O Senhor convida Seus profetas, na Sagrada Escritura, e, constantemente, os coloca em luta contra um inimigo público, contra forças espirituais; Ele os ensina a batalhar por sua família, pelo seu povo e pela causa do Reino de Deus.

5 – Fiel
Sem dúvida, o fato de Maria, enquanto noiva de São José, ter ficado grávida, significou para ele uma grande prova. Papa Francisco disse a esse respeito: "Uma prova parecida com aquela do sacrifício de Abraão", em ambos os casos, Deus "encontrou a fé que buscava e abriu um caminho de amor e felicidade" (22/12/2013). Um homem deve ser fiel, primeiramente a Deus, depois a sua mulher e família. As tentações passam, a fidelidade torna o homem forte de espírito. Seja fiel até o fim!

6 – Cavalheiro
Difícil não imaginar José como um cavalheiro. Mas alguns fatos podem nos fazer supor isso de forma um pouco mais concreta. Por exemplo, quando Jesus aos doze anos se perde no templo, é Maria quem indaga Jesus na frente dos homens magistrados, numa sociedade que não contava mulheres e crianças. Por que não foi José quem o fez? Talvez, porque a Mãe participasse de forma mais intensa do ministério de Cristo, e José entendeu isso.

O homem de Deus é cavalheiro, porque associa sua força e propensão a ter atitude com sensibilidade e percepção. É atento e gentil sempre, mesmo em meio à crise, e não só na hora que quer conquistar uma mulher.

7 – Magnânimo
"José, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente" (Mt 1, 19). Este versículo demonstra a essência do coração do esposo de Maria. Ao saber da gravidez de sua noiva, José, num primeiro momento, deve ter imaginado que ela o tivesse traído, e a lei dos judeus condenava à morte a mulher que assim procedesse. Entretanto, mesmo sentindo-se injustiçado, a intenção desse homem de Deus revela sua disposição em garantir a vida da pessoa que ele amava e de uma criança inocente, e para ele isso significaria renunciar à sua carpintaria (seu sustento), sua casa (o "desposado" cuidava de construir e mobiliar o futuro lar), seu bom nome, sua reputação na cidade e, quem sabe, assim comprometer seu futuro.

Magnanimidade é bondade de coração, mas está além disso, é indulgência com nobreza. É compadecer-se do outro até em suas entranhas. É ser fiel, dar perdão, assumir a miséria do outro e fazer o bem mesmo quando se recebe um mal. É ter amor para oferecer mesmo quando a outra pessoa não o merece. O homem magnânimo é um gigante interiormente, ele doa de si não somente o que possui – seus talentos, dons materiais  e espirituais –, mas se entrega por  inteiro, até sua própria vida se preciso.

Imagine Maria, sabendo de seu esposo que ele teve a intenção de renunciar tudo em sua vida por causa de amor por ela! Imagine o olhar de amor que ela direcionou a ele! Que linda prova de amor José deu a Maria!

Faço aqui uma observação: Em minha juventude, conheci rapazes que tinham dinheiro, carro, eram "boa pinta" e bem populares entre as meninas. Contudo, das pessoas da minha geração, percebo que as mulheres que estão realmente felizes hoje são aquelas que se casaram com os homens que, desde aquela época, demonstravam ter um coração bom. Toda mulher merece ter um homem bom ao seu lado; no fundo, é o que elas esperam. O homem de coração magnânimo é um sinal e um reflexo de Deus nesta terra.

8 – Servo
São José escolheu ser servo, primeiramente de Deus. Por meio dos sonhos que tinha (e sonhos são coisas corriqueiras), ele entendeu que ali estavam as ordens do Senhor, e que era necessário cumpri-las. José não ficou questionando se aquilo era fruto de sua emoção causada pelos fatos que estavam acontecendo. Em tudo José foi obediente a Deus.

Também foi o servo de sua família. A Bíblia diz, "mas a cultura judia coloca o homem como chefe de sua família" (cf. Ef 5, 23). O pai terreno de Jesus fez de sua autoridade um serviço para os seus. Não usurpou dessa sua posição para obter direitos e favores dos membros de sua família. Pelo contrário, sacrificou-se, renunciou de si em favor de sua esposa e seu filho.

O homem segundo o coração de Deus entende que toda e qualquer autoridade nesse mundo deve ser vista como uma responsabilidade de amar e edificar aqueles que estão sob seus cuidados, seja família, subordinados no trabalho ou o povo do Senhor. Mas, acima de tudo, está a vontade de Deus.

9 – Justo
Todas as virtudes acima podem ser vistas como desdobramentos desta última. A Palavra define José como Justo (cf. Mt 1, 19). O significado bíblico dessa palavra se refere àquele que cumpre e pratica a Lei, tanto no termo jurídico – a pessoa que é idônea perante suas obrigações civis –, mas também a Lei do Senhor. José era irrepreensível quanto ao cumprimento dos preceitos e ritos religiosos, mas os fazia por um ardente amor ao Senhor, e não por prestígio entre os homens.

O homem precisa encantar-se com a Palavra e a Lei eterna do Altíssimo, pois, se ele dá a Deus o que é de Deus, não lhe será pesado dar a César o que pertence a César. Ser justo é ser santo. O homem que agrada a Deus busca constantemente a santidade.

Peçamos a intercessão de São José, pois o mundo está precisando cada vez mais de homens que tenham a coragem de entregar a vida deles a Deus, deixarem-se ser conduzidos por Ele e, dessa forma, trazerem um pouco da alegria do céu para viver já aqui nesta terra.

São José, rogai por nós!


Sandro Arquejada

Sandro Aparecido Arquejada é missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em administração de empresas pela Faculdade Salesiana de Lins (SP). Atualmente trabalha no setor de Novas Tecnologias da TV Canção Nova. É autor do livro "Maria, humana como nós" e "As cinco fases do namoro". Também é colunista do Portal Canção Nova, além de escrever para algumas mídias seculares.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/afetividade-masculina/as-nove-virtudes-do-homem-que-agrada-o-coracao-de-deus/

11 de novembro de 2014

Razões para entender a indissolubilidade do matrimônio

Há muitas razões para se entender a indissolubilidade do matrimônio

Jesus deixou bem claro que o casamento é uma realidade para toda a vida. Os fariseus perguntaram a Ele sobre o que Moisés tinha determinado, isto é, a possibilidade do divórcio: "É permitido a um homem rejeitar sua mulher por um motivo qualquer?" (Mt 19,3).

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O Senhor lhes deu uma resposta enfática: "Não lestes que o Criador, no princípio, fez o homem e a mulher e disse: Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão uma só carne? Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu". Jesus deixou claro: "Por causa da dureza de vosso coração que Moisés havia tolerado o repúdio das mulheres; mas no princípio não foi assim". E, por isso, Ele disse: "Eu vos declaro que todo aquele que rejeita sua mulher, exceto no caso de matrimônio falso, e desposa uma outra, comete adultério. E aquele que desposa uma mulher rejeitada, comete também adultério" (Mt 19,3-10).

Jesus enfatizou que "no princípio não era assim", ou seja, "no coração de Deus", quando Ele criou o homem e a mulher, estabeleceu o casamento para sempre. "Sereis uma só carne" (Gen 2,23). Carne na Bíblia quer dizer natureza humana.

Há muitas razões para se entender a indissolubilidade do matrimônio. São Paulo compara o casamento com a união de Cristo com Sua Esposa, a Igreja. "Maridos, amai as vossas esposas como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela" (Ef 5,25). Ora, então o casamento é sinal da união eterna de Jesus com a Igreja, e de maneira indissolúvel. Ele não se separa da Igreja, e nem a Igreja d'Ele. O Senhor derramou Seu sangue por amor à Igreja, e Seus mártires fizeram o mesmo por amor a Ele.

A marca do verdadeiro amor é a indissolubilidade, pois amar é decidir fazer o outro feliz sempre. Isso não tem limite de tempo. Um amor provisório não é amor. Amar é comprometer-se com a felicidade do outro para sempre: na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-o e respeitando-o todos os dias da sua vida.

O casamento é a base da família, e esta é a base da sociedade. Se o casamento se dissolver, a família se dissolverá e a sociedade perecerá. O Papa João Paulo II usou palavras muito fortes para explicar isso. Ele disse que "a família é insubstituível", que ela é "o santuário da vida", um "patrimônio da humanidade". Ela é a "Igreja doméstica". Da importância da família se entende a importância da indissolubilidade matrimonial.

O casamento faz surgir uma prole: filhos, netos, bisnetos… É desta união permanente que surge a beleza de uma família, berço da vida. É triste quando se quebra o vínculo da unidade pela separação do casal. Por isso, é necessário que os casamentos sejam bem preparados, de modo que não haja casamentos que mais tarde um Tribunal da Igreja possa declarar que foi nulo. E, infelizmente, isso tem acontecido e muito, porque falta uma boa preparação para os casamentos. Muitos se casam sem maturidade, sem saber profundamente o que significa "amar", dar a vida pelo outro e pela família.

Há casamentos que duram 50, 60, 65 anos… Uma vez li essa história:

"Um famoso professor se encontrou com um grupo de jovens que falava contra o casamento. Argumentavam que o que mantém um casal é o romantismo e que é preferível acabar com a relação quando esse se apaga, em vez de se submeter à triste monotonia do matrimônio.

O mestre disse que respeitava a opinião deles, mas lhes contou a seguinte história: "Meus pais viveram 55 anos casados. Numa manhã, minha mãe descia as escadas para preparar o café e sofreu um enfarto. Meu pai correu até ela, levantou-a como pôde e quase se arrastando a levou até à caminhonete. Dirigiu a toda velocidade até o hospital, mas quando chegou, infelizmente ela já estava morta. Durante o velório, meu pai não falou. Ficava o tempo todo olhando para o nada. Quase não chorou. Eu e meus irmãos tentamos, em vão, quebrar a nostalgia recordando momentos engraçados.

Na hora do sepultamento, papai, já mais calmo, passou a mão sobre o caixão e falou com sentida emoção: "Meus filhos, foram 55 bons anos. Ninguém pode falar do amor verdadeiro se não tem ideia do que é compartilhar a vida com alguém por tanto tempo". Ele fez uma pausa, enxugou as lágrimas e continuou: "Ela e eu estivemos juntos em muitas crises. Mudei de emprego, renovamos toda a mobília quando vendemos a casa e mudamos de cidade. Compartilhamos a alegria de ver nossos filhos concluírem a faculdade, choramos um ao lado do outro quando entes queridos partiam. Oramos juntos na sala de espera de alguns hospitais, nos apoiamos na hora da dor, trocamos abraços em cada Natal e perdoamos nossos erros. Filhos, agora ela se foi, eu estou contente. E vocês sabem por quê? Porque ela se foi antes de mim e não teve de viver a agonia e a dor de me enterrar, de ficar só depois da minha partida. Sou eu que vou passar por essa situação, e agradeço a Deus por isso. Eu a amo tanto que não gostaria que sofresse assim".

Quando meu pai terminou de falar, meus irmãos e eu estávamos com os rostos cobertos de lágrimas. Nós o abraçamos e ele nos consolou dizendo: "Está tudo bem, meus filhos, podemos ir para casa".

Esse foi um bom dia. E, por fim, o professor concluiu: "Naquele dia, entendi o que é o verdadeiro amor. Ele está muito além do romantismo, e não tem muito a ver com o erotismo, mas se vincula ao trabalho e ao cuidado a que se professam duas pessoas realmente comprometidas".

Quando o mestre terminou de falar, os jovens universitários não puderam argumentar, pois esse tipo de amor era algo que não conheciam. O verdadeiro amor se revela nos pequenos gestos, no dia a dia e por todos os dias. O verdadeiro amor não é egoísta, não é presunçoso nem alimenta o desejo de posse sobre a pessoa amada.

"Quem caminha sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai acompanhado com certeza chegará mais longe." "A paciência pode ser amarga, mas seus frutos são doces."

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Felipe Aquino

Prof. Felipe Aquino, é viúvo, pai de 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Site do Professor: http://www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/relacionamento/casamento/razoes-para-entender-a-indissolubilidade-do-matrimonio/

7 de novembro de 2014

O que ando lendo?

O que me é permitido como católico ler?

A palavra de São Paulo é parâmetro para muitas decisões que precisamos tomar: "Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém". Gosto muito desta passagem bíblica, porque ela me coloca num lugar onde eu creio que Deus quer que eu esteja: em minha liberdade de escolha! Posso tudo, tudo me é permitido, mas nem tudo me convém. Mas o que me convém?

O que ando lendo - 940x500

Convém que minhas escolhas traduzam o que trago de verdade, de anseio e valores. Quando escolho algo, preciso estar atento àquela escolha, pois ela será uma tentativa de definição, de identificação. Aí, deparo-me com várias possibilidades de escolha e entro numa boa questão: como católico, o que me é permitido ler? Tudo, pois o fato de ser católico não tira a minha liberdade dada por Deus. Mas tudo que lemos nos convêm? Aqui, há um critério muito bom para fazer uma escolha: será que aquilo que estamos lendo ou querendo ler diz de nós, daquilo em que acreditamos?

Quantas vezes lemos o que não acreditamos, mas que é preciso para que saibamos? Estamos errados? Acredito que tudo parte de sua postura e motivação interior. Quantos conteúdos acadêmicos precisamos ler e que bate de frente com nossa fé? Nesta hora, é preciso prudência e atenção. Leia, estude, compreenda e, assim, confronte esse conteúdo com sua fé e deixe que ela o convença da verdade. A Igreja sempre nos dá a resposta acertada. Busque-a!

Mas aqui entra um questionamento: leituras de livros obscenos, livros de espiritualidade que batem de frente com a nossa fé, convém que sejam lidos?

Antes de responder, é preciso entender: Por que você deseja ler esses livros? Quais têm sido suas motivações? Ao se deparar com as respostas, você perceberá que não são desejos nobres nem mesmo motivações coerentes; você entrará numa confusão e sairá muito "atrapalhado das ideias"! Purifique os motivos e sua ação será mais acertada com aquilo que, de fato, seu coração merece!

O que o católico pode ou não pode ler? Não gosto de dar respostas acabadas a perguntas assim, pois para mim esta pergunta traz um mundo de motivos, e estes precisam ser conhecidos, pois mostram o caminho que desejo trilhar. Se não entendermos nossas motivações interiores, não daremos passos acertados! Lembre-se: " Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém".

Tamu junto!

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Adriano Gonçalves

Mineiro de Contagem (MG), Adriano Gonçalves dos Santos é membro da Comunidade Canção Nova. Cursou Filosofia no Instituto da Comunidade e é acadêmico de Psicologia na Unisal (Lorena). Atua na TV Canção Nova como apresentador do programa Revolução Jesus. Mais que um programa, o Revolução Jesus é uma missão que desafia o jovem a ser santo sem deixar de ser jovem. Dessa forma, propõe uma nova geração: a geração dos Santos de Calça Jeans. É autor dos seguintes livros: "Santos de Calça Jeans", "Nasci pra Dar Certo!" e "Quero um Amor Maior"


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/o-que-ando-lendo/

5 de novembro de 2014

Encontro Semanal - Arquidiocese de Goiânia