"Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade - as três. Porém, a maior delas é a caridade." 1Cor 13,13. Idealizado e Criado em 13/05/2006.
11 de junho de 2014
Os dez mandamentos da copa do mundo
9 de junho de 2014
O homem que não sabia rezar
7 de junho de 2014
A pressa é inimiga da oração
Essa realidade de uma vida agitada e tumultuada tem seus reflexos em nossa vida espiritual, o que torna a pressa inimiga da oração.
Diz um antigo ditado que a pressa é inimiga da perfeição. Infelizmente, somos escravos da pressa, principalmente na sociedade em que vivemos. Tudo acontece numa velocidade muito rápida! As notícias chegam até nós no momento em que os fatos acontecem. A comunicação está a um clique de nossas mãos. Neste tumultuado mundo em que habitamos e vivemos, desaprendemos a saborear os momentos. Na pressa que nos convida a estar sempre agitados interiormente, fazemos tudo no impulso da agilidade que o tempo nos exige.
Essa realidade de uma vida agitada e tumultuada tem seus reflexos em nossa vida espiritual. Enfermos da 'síndrome da pressa', nossa caminhada espiritual sofre as consequências de nossa agitação. Rezamos com tamanha rapidez que não conseguimos viver e sentir a força profunda da oração em nossa alma.
Perceba o seu modo de orar. Na maioria das vezes, as orações que saem de nossa boca não acompanham o ritmo de nossa alma. Tudo muito veloz; quando não, muito mecânico. Quando olhamos para essa realidade latente em nossa vida de fé, percebemos claramente que, na maioria das vezes, estamos ligados no "botão automático".
Quando foi a última vez que saboreamos internamente uma oração do Pai-Nosso rezada com calma e profundidade? Das celebrações litúrgicas que temos participado, quantas temos gravadas com profundidade em nosso coração?
A vida espiritual requer de nós a tranquilidade roubada pelas agitações. As nossas orações necessitam da calma e da paz que nos permitem saboreá-las internamente. Todo excesso de pressa furta de nós uma autêntica construção de nossa vida interior. Faz-se necessário desligarmos o "botão automático" quando nos propomos momentos de oração.
Muitas vezes, será preciso reaprendermos a descobrir onde, em nosso coração, se encontra o lugar sereno que nos permite estar totalmente com o Senhor. Distantes de nós mesmos e imersos na velocidade alucinante da vida, estamos condenados a fazer de nossos momentos espirituais apenas mais um momento que não deixa marcas profundas em nossa caminhada espiritual.
Antes de começarmos a orar, temos de parar, respirar e, uma vez adquirida a serenidade na alma, começar nossa oração. Saboreemos cada palavra que nossa boa pronuncia e, no silêncio do nosso coração, deixemos emergir as mais sinceras preces que nascem de nossa alma.
Reduzindo nossa velocidade interior, vamos vivenciar os momentos de oração como oportunidades de crescimento espiritual e humano. Entre os muitos benefícios que um momento tranquilo de oração nos proporciona, descobrimos que, mesmo que tenhamos pouco tempo para orar, estes serão profundos. Aprenderemos também a reagir com calma diante de situações que necessitam de mais serenidade para serem solucionadas. E ainda experimentaremos que a paz de Deus pode ser uma realidade em meio ao tornado de demandas que a vida nos apresenta.
Padre Flávio Sobreiro
Padre Flávio Sobreiro Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP. Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre - MG. Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Carmo (Cambuí-MG). Padre da Arquidiocese de Pouso Alegre - MG. www.facebook.com/peflaviosobreiro www.padreflaviosobreiro.com
Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/a-pressa-e-inimiga-da-oracao/
5 de junho de 2014
O que você tem feito da vida?
Chegou o meio do ano, é importante pensarmos o que temos feito da vida. As metas estabelecidas, no início do ano, estão sendo alcançadas?
"Não consegui emagrecer os cinco quilos que tinha como meta no início do ano." "Não passei na prova que fiz em março para o mestrado." "A meta do noivado tornou-se a realidade do fim do namoro". "Será que conseguirei fazer a viagem que coloquei como propósito das férias de agosto?"
Estamos em junho e uma parada agora é bem oportuna para nos reavaliarmos quanto aos propósitos e metas que tínhamos lá em janeiro. Nessa hora, é preciso coragem para ter um olhar positivo sobre o seu projeto de vida. A primeira coisa é desvencilhar-se da visão pessimista frente àquilo que não saiu como o "combinado com você mesmo". Eu lhe garanto que uma revisão de vida pode suscitar em você uma avalanche de sentimentos persecutórios e, assim, você corre o risco de assumir uma vida errante, meio 'The walking dead', ou ainda atuar como Hardy do desenho 'Lippy e Hardy' e seu olhar sobre a vida terá o refrão: "Oh céus! oh, vida! Oh, azar!". Isso não vai dar certo!
Meu caro, parar um pouco e perceber-se no que foi vivido torna-se um fato com o qual você precisa lidar. O mal não está em se avaliar, mas em como você faz isso, pois a primeira ação é sempre supervalorizar o que não deu certo. E aí surgem sentimentos de culpa, de remorso e autocondenação, os quais, se não forem bem administrados, podem paralisá-lo, impedi-lo de ter uma vida mais plena e feliz, de não olhar para frente, para os meses que ainda o esperam.
A segunda coisa é: nada de ficar com os olhos no que deu errado, ruminando os acontecimentos e, depois, colocar seus sentimentos para fora em amargura e azedume, fazendo-se vítima de si mesmo, porque isso não rola, não nos faz bem!
Algumas dicas para uma boa revisão de vida e de dias melhores à frente:
* Mudança em ação: Se fizer o balanço de sua vida e chegar à conclusão de que precisa mudar algo, faça primeiro um firme compromisso com você e com suas potencialidades. Não paralise; estabeleça novas metas. A rigidez o paralisa. Tenha flexibilidade em suas metas, elas podem ser reajustadas.
* Seja específico: Seja específico no que foi vivido e dê o peso certo para cada coisa. Às vezes, você tem problemas financeiros e diz: "Estou fracassado!", "Não tem mais jeito!". Acalme-se! Não é bem assim… Peso certo, medida certa. Há algumas situações que não foram alcançadas, mas isso não quer dizer que todas as situações estão ruins.
* Examine suas expectativas: São reais ou ilusórias? Seja sincero. É melhor dividir os objetivos em etapas do que dar um salto maior que a perna. Se até agora você não conseguiu fazer algo, pode ser que isso esteja mais "no mundo de Platão" do que no seu. Será que uma diminuição de expectativas não traria mais leveza à sua vida?
* Sonhe os sonhos de Deus: Tudo que falei acima só tem sentido se a primeira postura assumida for: "Isso está dentro da vontade de Deus para mim?". Sem isso, não é possível ser plenamente feliz. Não que Deus queira o manipular e fazer as coisas do jeito d'Ele, mas por Ele nos conhecer bem, sabe quais são os desejos do nosso coração! Às vezes, Deus quer que planos sejam mudados e novas metas sejam estipuladas.
Enfim, olhe para frente e para o que virá. Saiba que se não puder ser mudado poderá ser usado a seu favor para mudar sua maneira de encarar a vida, pois um novo tempo só está começando!
Adriano Gonçalves
Mineiro de Contagem (MG), Adriano Gonçalves dos Santos é membro da Comunidade Canção Nova. Cursou Filosofia no Instituto da Comunidade e é acadêmico de Psicologia na Unisal (Lorena). Atua na TV Canção Nova como apresentador do programa Revolução Jesus. Mais que um programa, o Revolução Jesus é uma missão que desafia o jovem a ser santo sem deixar de ser jovem. Dessa forma, propõe uma nova geração: a geração dos Santos de Calça Jeans. É autor dos seguintes livros: "Santos de Calça Jeans", "Nasci pra Dar Certo!" e "Quero um Amor Maior"
Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/o-que-voce-tem-feito-da-vida/
4 de junho de 2014
Pentecostes: uma vida sob a ação do Espírito
Quando falamos da vida segundo o Espírito, não devemos imaginar uma vida fora da realidade
O Pai ama por meio do Filho (cf. Jo 10,17) e derrama o Seu Espírito, o Defensor, para que permaneça com os Seus (cf. Jo 14,16), ou seja, é um dom de Deus para toda a humanidade. Desde os primórdios, os padres da Igreja ensinam que esta nasceu no Espírito Santo doado por Cristo no alto da cruz, e também no cenáculo em Pentecostes. O Pentecostes, narrado no livro dos Atos dos Apóstolos, capítulo 2, é o mais famoso relato sobre Sua vinda, porém houve outros Pentecostes (Atos 4,31; 8,16-17; 11,44-48).
A Igreja nasceu no Espírito. Ela é movida, sustentada, guiada por Ele. Enfim, sem o Espírito Santo fica difícil pensar em Igreja, assim também nos membros dela. Nós não podemos e não conseguiremos viver sem o sopro do Espírito.
O Espírito Santo é invocado nos sacramentos. Como é maravilhoso perceber que, nas fases da vida cristã, recebemos essa força do Senhor! No batismo, somos batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Quando somos perdoados no sacramento da penitência, somos perdoados pelo Espírito enviado do Pai e do Filho, e assim todos os sacramentos são realizados pela ação do Espírito.
Quando falamos da vida segundo o Espírito, não devemos imaginar uma vida fora da realidade, desvinculada de si mesma; aliás, a vida humana é composta pela realidade física, biológica, psíquica e espiritual. Nenhuma deve ser descartada, pois o ser humano é um todo. Devemos ter bem claro isso: somos um conjunto, mas precisamos reconhecer que, quando a vida espiritual vai mal, as outras realidades acabam indo mal; e quando se vive uma espiritualidade sadia, consegue-se superar o males físicos, biológicos e psíquicos. Quando há saúde espiritual, os males em outras áreas podem não ser sanados, mas superados pela força do Espírito. O mal físico e a violência podem nos impedir de caminhar alguns metros e nos limitar, enquanto o Espírito nos leva a distâncias longínquas, porque n'Ele somos livres.
Hoje, sem dúvida, temos de valorizar a vida espiritual, uma vida segundo o Espírito de Deus. Em nosso tempo, uma das grandes dificuldades que as pessoas vivem é uma vida sem sabor, sem sentido, uma vida de erros, à qual chamamos de pecado. Uma vida sem o auxílio do Alto é fadada ao fracasso, susceptível às doenças psíquicas e físicas. Quantas pessoas doentes no espírito, quantas pessoas perdidas! Quantas pessoas vão à igreja, mas, desanimadas, não conseguem se levantar ou possuem dificuldades para fazer isso?
Tanto para as pessoas que estão na igreja quanto para as que não estão fica o convite: precisamos ter uma vida no Espírito para que todos sejamos saudáveis, fortes, esperançosos, para que não desanimemos frente às limitações humanas e aos poderes do mal.
Essa vida segundo o Espírito é vivida sob a orientação de Deus, sob a moção divina. Mas como consegui-la? É possível, por meio de uma vida de oração, ter contato com Deus, onde o Espírito Santo é o que nos impulsiona, é o que nos esclarece e ordena, é Aquele que nos faz perseverar e entender as situações. E mesmo que não as entendamos, Ele nos dá esperança, sentido à nossa vida. Os dons do Espírito nos ajudam no dia a dia.
Nós devemos buscar uma vida em Deus não só nos momentos difíceis, pois todo o tempo estamos sendo testados. Somos chamados, a cada momento, a dar uma resposta coerente, segundo o Cristo. Graças a Deus, existe um caminho que podemos percorrer para não nos perdermos: a Igreja Católica Apostólica Romana, pois esta já fez e faz um caminho sob a orientação do Espírito Santo.
Jesus, como narra e evangelista João, soprou sobre os discípulos o Espírito Santo (Jo 20,22). O Paráclito não foi derramado sobre um, mas sobre todos os discípulos, sobre a primeira comunidade reunida, a Igreja. Assim, eles se tornam apóstolos, e, encorajados pelo Sopro Divino, anunciam, com ousadia, o Cristo Ressuscitado. Quando surgiam os problemas e as dúvidas, os apóstolos podiam contavam uns com os outros. Pedro até poderia, como o primeiro, decidir, mas tomava a decisão junto com os apóstolos. Um exemplo é a eleição dos diáconos (Atos 6,1-6). Já no capítulo 15 de Atos, Paulo e Barnabé, em Antioquia, encontraram dificuldades com alguns cristãos judeus e foram tratar do assunto em Jerusalém. Esse é o primeiro concílio da Igreja.
A Igreja é mãe e mestra, afinal, são "apenas" dois mil anos de experiência, de acertos e erros. Nós aprendemos e somos educados por ela. Quando digo que vivemos movidos pelo Espírito, digo que somos movidos pelas orientações da Igreja. O Espírito nos orienta quando nos colocamos em oração, quando temos sensibilidade para realizar algo; principalmente quando tudo isso está dentro daquilo que a Igreja aprova e nos orienta.
Por fim, uma vida segundo o Espírito é uma vida no Espírito Santo, seguindo Suas orientações numa comunhão com a Igreja, a qual nos leva a discernir entre o certo e o errado, ajuda-nos a fazer a vontade de Deus e nos orienta em todos os momentos da nossa vida, principalmente quando nos impulsiona a viver a caridade. A vida segundo o Espírito nos faz pessoas melhores não para nós mesmos, não para nos sentirmos bem, mas ela nos leva ao necessitado, nos faz desprendidos das coisas terrenas, livres para servir aos outros e amá-los.
Deus seja louvado!
Padre Marcio
Padre Márcio do Prado, natural de São José dos Campos (SP), é sacerdote na Comunidade Canção Nova. Ordenado em 20 de dezembro de 2009, cujo lema sacerdotal é "Fazei-o vós a eles" (Mt 7,12), padre Márcio cursou Filosofia no Instituto Canção Nova, em Cachoeira Paulista; e Teologia no Instituto Mater Dei, em Palmas (TO). Twitter: @padremarciocn
2 de junho de 2014
Evangelizar nas plataformas digitais
31 de maio de 2014
A Missão Vicentina
A reflexão a seguir é baseada na ECAFO (Escola de Capacitação Antônio Frederico Ozanan, caderno FORMAÇÃO MISSIONÁRIO, segunda parte). É o tema apresentado por mim aos vicentinos da cidade de Garça, no dia 28/10/12, como colaboração ao dia de formação.
Procurando ser fiel ao assunto desenvolvido no caderno acima citado, procuro fazer um resumo, dando destaque a alguns itens e transcrevendo também as citações bíblicas apresentadas no texto, sendo que tais citações são da Bíblia de Jerusalém.
Minha admiração para com as pessoas que fazem parte da Sociedade São Vicente de Paulo, pelo maravilhoso trabalho que desenvolvem em prol dos mais pobres em todas as cidades onde estão. São pessoas de diversas classes sociais e formação cultural que humildemente se dedicam a arrecadar alimentos, distribuir às famílias necessitadas, independente de serem católicas ou não, sem o objetivo de serem enaltecidos….Aqui em Garça, como em várias outras cidades, cuidam também da manutenção do Lar dos Idosos Frederico Ozanan.
João Loch
II – A MISSÃO VICENTINA
- Itens para reflexão
- O que é vocação;
- Vocação vicentina;
- Perfil do missionário vicentino;
- Atitudes dos missionários vicentinos;
- Amor à nossa causa;
- Os 10 mandamentos do missionário.
1. O QUE É VOCAÇÃO
. Chamado de Deus que tem como finalidade a realização plena da pessoa humana, visando à construção do Reino de Deus. É um chamado para cumprir uma missão. "Vem e segue-me" – convite ao seguimento para uma missão. Deus faz o convite ao homem que livremente dá sua resposta.
Primeiro Deus nos chamou à vida: "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que nos abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo. Em Cristo Deus nos escolheu antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele no amor. Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo, conforme o beneplácito da sua vontade, para louvor e glória da sua graça com a qual ele nos agraciou no Amado". (Ef 1, 1-6).
Deus caminha com o povo de Israel em um relacionamento amoroso. E ao assumir a condição humana, Jesus assume também o rosto dos Pobres, marginalizados, excluídos. Seguindo Jesus, a missão do vicentino é de aproximação, compaixão, compreensão da vida e necessidade desses filhos de Deus. Ser missionário é procurar criar condições de desenvolvimento do pobre, para que ele assuma a sua história construindo uma vida melhor em todos os aspectos.
Missão é experimentar a presença de Deus na própria vida; valorizar o dom da vida concedido por Deus; ajudar as pessoas a darem um sentido autêntico à própria vida; é voltar-se para Jesus Cristo, para Nele descobrir o verdadeiro rosto de Deus; aprender a olhar a vida e as pessoas com os olhos de Jesus; acolher os outros como Jesus acolhia; ser um agente multiplicador da proposta de Jesus.
A missão do cristão será sempre o amor expresso no compartilhar. Amor dom de si para que o outro tenha mais vida. O amor generoso de Deus só se concretiza pela generosidade da comunidade. O compartilhar o pão, expresso na vivência da Eucaristia é um convite a compartilhar o pão da realidade humana cotidiana.
2. A VOCAÇÃO VICENTINA
Carisma vicentino: amar e servir o Cristo na pessoa dos Pobres, evangelizando e servindo para libertá-lo de todas as misérias. É a promoção social e espiritual. A santificação, para o vicentino, acontece pela prática à caridade.
Ser missionário vicentino é a viagem de sair de si e ir ao encontro dos Pobres – os preferidos de Jesus Cristo.
São Vicente de Paulo e Frederico Ozanam são chamados de místicos da ação, porque para eles a evangelização e o resgate da dignidade humana são a mesma coisa.
"Quando veio a esse mundo escolheu como tarefa principal o 'cuidar e assistir os Pobres'. E se perguntássemos a Jesus: O que viestes fazer aqui na terra? Ele responderia: assistir os Pobres". E eram os pobres que sempre estavam na companhia de Jesus. (São Vicente de Paulo).
3. PERFIL DO MISSIONÁRIO VICENTINO
A ação missionária do vicentino está fundamentada na ação e no pensamento de São Vicente de Paulo. Foi com esse espírito que Frederico Ozanam empreendeu seu trabalho de leigo.
Bases dogmáticas visadas por São Vicente de Paulo:
1. Visão Cristológica: "O Senhor me enviou para evangelizar os pobres". "Cristo é o enviado do Pai". Além de pregar, Cristo serviu os pobres. A visão cristológica de São Vicente de Paulo é profundamente marcada pelo mistério do Verbo Encarnado e pela Sua Redenção. Cristo pregou e serviu os pobres.
É um testemunho do amor de Cristo pelo anuncio libertador do Evangelho e pela ação concreta em prol dos necessitados, promovendo a dignidade humana.
No propósito de agir conforme o exemplo de Jesus, São Vicente pede: "Fazei que desde agora, iluminado pela grandeza de vosso exemplo, eu tenha todas as pessoas em meu coração, abrasai-me no vosso amor". Na missão o valor supremo e insubstituível é o amor. (Poggioli, Misaél D. As conferências vicentinas, 2008, p. 15-16).
2. Visão Antropológica – considerar o pobre na sua realidade humana e saber que Cristo nos é apresentado nesses pobres, tendo como modelo a prática de Jesus.
3. Visão Eclesiológica – A Igreja, para São Vicente, deve ser missionária, anunciando a Boa Nova a todas as pessoas mas, sobretudo, aos pobres. Com este objetivo fundou a Congregação da Missão aos 17 de abril de 1625.
Pelo seu empenho na construção de um mundo melhor, o missionário vicentino é um semeador de esperança na construção do Reino de Deus.
O missionário age irmanado com aqueles que caminham com os mesmos objetivos, de forma organizada e fundamentada na fé e no carisma de Vicente de Paulo, apoiando-se e incentivando-se na oração e na ação.
O testemunho do missionário abrange todos os aspectos da sua vida. Em função desta proposta missionária cada um pode-se perguntar:
- Como eu posso ser missionário na minha casa, no trabalho e na comunidade onde vivo?
- Assumo o compromisso de cristão, vivendo e transmitindo a Boa Nova da paz, da justiça, do amor, do perdão, da fraternidade, da acolhida?
- Como sou missionário (a) na minha Conferência Vicentina?
- Como sou missionário (a) nas Visitas Domiciliares que faço aos pobres?
SER MISSIONÁRIO É TOMAR UMA DECISÃO RADICAL DE ENTREGA TOTAL AO REINO DE DEUS EM PROL DA PROMOÇÃO SOCIAL E ESPIRITUAL DOS ASSISTIDOS.
4. ATITUDES DOS MISSIONÁRIOS VICENTINOS
"Se existe alguém entre nós que está na Missão para evangelizar os Pobres e não para assisti-los, para remediar suas necessidades espirituais e não as necessidades corporais e materiais, eu lhe direi que temos que assisti-los e fazer que os assistam de todas as maneiras, tanto nós quanto os outros. Fazer assim é evangelizar com palavras e ações. É o mais correto e perfeito; é o que Jesus Cristo pôs em prática e é isso que devem praticar todos aqueles que o representam aqui na terra". (São Vicente de Paulo).
"É preciso imitar Jesus Cristo quando Ele pregava o Evangelho. Vamos aos Pobres!". "Pobres: Vocês são nossos senhores e nós sempre seremos vossos servidores. Não sabemos amar a Deus de outra maneira; amamos a Deus nas vossas pessoas". (Cartas de Frederico Ozanam).
No anúncio,o missionário vicentino deve deixar claro ao seu assistido que se interessa pelo seu bem.
Para ter forças e ser bem orientado na sua ação, o missionário precisa ser uma pessoa de oração: "tornar-se fermento no meio da massa" (Cartas de Frederico Ozanam).
5. AMOR À NOSSA CAUSA
Trabalhar para que os pobres possam viver com mais dignidade é, além de levar alimentos, defender os direitos deles com relação à saúde, educação, lazer, moradia, transporte… É uma doação ampla, sem exigir nada em troca, assim como fez Jesus, promovendo a vida em abundância.
"O ladrão vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham a vida e a tenham em abundância". (Jo 10,10). "Apascentá-las-ei em um bom pasto, sobre os altos montes de Israel terão as suas pastagens. Aí repousarão em um bom pasto e encontrarão forragem rica sobre os montes de Israel. Eu mesmo apascentarei o meu rebanho, eu mesmo lhe darei repouso, oráculo do Senhor Iahaweh. Buscarei a ovelha que estiver perdida, reconduzirei a que estiver desgarrada, pensarei a que estiver fraturada e restaurarei a que estiver abatida. Quanto à que estiver gorda e vigorosa, guardá-la-ei e apascentá-la-ei." (Ez 34,14-16).
O missionário vicentino não pode justificar o critério de ajuda pelo comportamento dos assistidos. Onde houver mais problemas e desajustes é onde mais se precisa investir e ter esses casos como prioridade. Agir com misericórdia e humildade.
"Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso" (Lc 6,36).
"Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais. Em verdade, em verdade, vos digo: o servo não é maior que o seu senhor, nem o enviado maior do que quem o enviou". (Jo 13,15-16).
"Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os doentes. Eu não vim chamar justos, mas pecadores." (Mc 2,17).
Ser missionário exige, de todos, uma abertura constante, pessoal e comunitária para responder aos desafios de hoje. É a missão de fidelidade ao "envio"de Jesus: "Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio". (Jo 20,21).
A missão nos permite criar laços, relações, um novo jeito de olhar a vida, um novo jeito de ser Igreja, e ser anunciador da Palavra de Deus e do seu Reino.
6. A SOCIEDADE SÃO VICENTE DE PAULO E A MISSÃO
Para alimentar a espiritualidade específica no trabalho com os pobres, "os vicentinos reúnem-se como irmãos e irmãs na presença de Cristo no seio das Conferências, verdadeiras comunidades de fé e de amor, de oração e ação. É essencial que haja um laço espiritual e uma amizade efetiva entre os membros, bem como uma missão comum ao serviço dos desprovidos e dos marginalizados. A Sociedade representa realmente uma só e única Comunidade de companheiros vicentinos por meio do mundo". (Regra da Sociedade de São Vicente de Paulo, 2007, p. 23). A sociedade São Vicente de Paulo está associada à missão evangelizadora da Igreja pelo seu testemunho visível em ações e em palavras (idem, p. 32)
O contato com o Pobre é, segundo a espiritualidade vicentina, o contato e a aproximação de Jesus Cristo na pessoa do Pobre – este é um ponto forte entre muitos que se tem na Espiritualidade Vicentina.
7. OS 10 MANDAMENTOS DO MISSIONÁRIO
1. Ter humildade para servir e acolher a todos, sem distinção (Mt 20,25-28; Lc 10,30-34).
"Sabeis que os governadores das nações as dominam e os grandes as tiranizam. Entre vós não deverá ser assim. Ao contrário, aquele que quiser tornar-se grande entre vós seja aquele que serve, e o que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o vosso servo. Desse modo, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos". (Mt 20, 25-28).
Quem é meu próximo?
"Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu no meio de assaltantes que, após havê-lo despojado e espancado, foram-se, deixando-o semimorto. Casualmente, descia por este caminho um sacerdote; viu-o e passou adiante. Igualmente um levita, atravessando este lugar, viu-o, e prosseguiu. Certo samaritano em viagem, porém, chegou junto dele, viu-o e moveu-se de compaixão. Aproximou-se, cuidou de suas chagas, derramando óleo e vinho, depois colocou-o em seu próprio animal, conduziu-o à hospedaria e dispensou-lhe cuidados. No dia seguinte tirou dois de seus denários e deu-o ao hospedeiro, dizendo: 'Cuida dele, e o que gastares a mais, em meu retorno te pagarei. Qual dos três, em tua opinião, foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores'? Ele respondeu: 'aquele que usou de misericórdia para com ele'. Jesus então lhe disse:' Vai, e também tu faze o mesmo" (Lc 10,30-34)
2. Ter disponibilidade para estar sempre a serviço do Reino de Deus (Lc 9,57-62);
"Enquanto prosseguiam viagem, alguém lhe disse na estrada: 'Eu te seguirei para onde quer que vás'. Ao que Jesus respondeu: 'As raposas têm tocas e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça'. Disse a outro: 'Segue-me. Esse respondeu: 'Permite-me ir primeiro enterrar meu pai'. Ele respondeu: 'Deixa que os mortos enterrem seus mortos; quanto a ti, vai anunciar o Reino de Deus'. Outro disse-lhe ainda: 'Eu te seguirei, Senhor, mas permite-me primeiro despedir-me dos que estão em minha casa'. Jesus, porém, lhe respondeu: 'Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus'".
3. Ter despojamento para servir a Deus e aos irmãos, confiando sempre na Providência Divina (Lc 9,1-6);
"Convocando os Doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, bem como para curar doenças, e enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar. E disse-lhes: 'Nada leveis para a viagem, nem bastão, nem alforje, nem pão, nem dinheiro; tampouco tenhais duas túnicas. Em qualquer casa em que entrardes, permanecei ali até vos retirardes do lugar. Quanto àqueles que não vos acolherem, ao sairdes da cidade sacudi a poeira de vossos pés em testemunho contra eles. Eles então partiram, indo de aldeia em aldeia, anunciando a boa nova e operando curas por toda parte".
4. Ter força espiritual por meio de uma vida de oração (Lc 6,12; 9,28-29; Mt 14,32-34);
"Naqueles dias, ele foi à montanha para orar, e passou a noite inteira em oração" (Lc 6,12).
"Mais ou menos oito dias depois destas palavras, tomando consigo a Pedro, João e Tiago, ele subiu à montanha para orar. Enquanto orava, o aspecto do seu rosto se alterou, suas vestes tornaram-se de fulgurante brancura" (Lc 9,28-29).
"E foram a um lugar cujo nome é Getsêmani. E ele disse a seus discípulos: 'Sentai-vos aqui enquanto vou orar'. E, levando consigo, Pedro, Tiago e João, começou a apavorar-se e angustiar-se. E disse-lhes: 'A minha alma está triste até a morte. Permanecei aqui e vigiai'. E, indo um pouco mais adiante, caiu por terra, e orava para que, se possível, passasse dele aquela hora" (Mt 14,32-34)
5. Ter coragem e confiança em Deus, diante de todos os desafios para anunciar o Evangelho, denunciando as injustiças e vencendo todos os tipos de males que oprimem (Lc 4,16-19; Mt 10,28-31);
"Ele foi a Nazaré, onde fora criado, e, segundo seu costume, entrou em dia de sábado na sinagoga e levantou-se para ler. Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías; abrindo-o, encontrou o lugar onde está escrito: 'O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar a remissão aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor" (Lc 4,16-19)
"Pedro começou a dizer-lhe: 'Eis que nós deixamos tudo e te seguimos'. Jesus declarou: 'Em verdade vos digo que não há quem tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras por minha causa ou por causa do Evangelho, sem que receba cem vezes mais; agora, neste tempo, casas, irmãos e irmãs, mãe e filhos e terras, com perseguições; e, no mundo futuro, a vida eterna. Muitos dos primeiros serão últimos, e os últimos serão primeiros'" (Mt 10,28-31)
6. Buscar sempre a inspiração de Deus para levar o amor, o cacinho, a paz, o perdão e a reconciliação (Jo 14, 12-13);
"Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim fará as obras que faço e fará até maiores do que elas, porque vou para o Pai. E o que pedirdes em meu nome fá-lo-ei, a fim de que o Pai seja glorificado no filho (Jo 14, 12-13).
7. Ter clareza e sabedoria de Deus no agir e no falar, lembrando sempre as atitudes, ações e palavras de Jesus.
8. Ter solidariedade e companheirismo para integrar-se com as demais pessoas no serviço e na evangelização dos Pobres (Rm 12,3-8; 1Cor 12,12-26);
"Em virtude da graça que me foi concedida, eu peço a cada um de vós que não tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que convém, mas uma justa estima, ditada pela saberia, de acordo com a medida da fé que Deus dispensou a cada um. Pois assim como num só corpo temos muitos membros e os membros não têm todos a mesma função, de modo análogo, nós somos muitos e formamos um só corpo em Cristo, sendo membros dos outros. Tendo, porém dons diferentes, segundo a graça que nos foi dada, quem tem o dom da profecia, que o exerça segundo a proporção da nossa fé; quem tem o dom do serviço, o exerça servindo; quem o dom do ensino, ensinando; quem o da exortação, exortando. Aquele que distribui seus bens, que o faça com simplicidade; aquele que preside, com diligência; aquele que exerce misericórdia, com alegria". (Rm 12,3-8)
"Com efeito, o corpo é um e, não obstante, tem muitos membros, mas todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, formam um só corpo. Assim também acontece com Cristo. Pois fomos todos batizados num só Espírito para ser um só corpo, judeus e gregos, escravos e livres, e todos bebemos de um só espírito…" (1Cor 12,12-13). E São Paulo continua fazendo uma analogia entre o corpo e a interdependência entre os vários membros, para falar da necessidade da boa convivência, e cuidados entre os membros da comunidade.
9. Ter profunda comunhão com Deus, para que o testemunho Dele seja verdadeiro e coerente (Jo 15,4-5; Mt 10,12);
"Permanecei em mim, como eu em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanece na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira e vós os ramos, aquele que permanece em mim e eu nele produz muito fruto; porque, sem mim, nada podeis fazer. Se alguém não permanece em mim é lançado fora, como o ramo, e seca; tais ramos são recolhidos, lançados ao fogo e se queimam. Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e ser-vos-á concedido" (Jo 15,4-5).
"Ao entrardes na casa, saudai-a. E, se for digna, desça a vossa paz sobre ela. Se não for digna, volta a vós a vossa paz" (Mt 10,12-13)
10. Reconhecer a grandeza de Deus e se alegrar pelo valor e dons que Ele dá a cada um (Lc 10,17-21).
"Os setenta e dois voltaram com alegria, dizendo: 'Senhor, até os demônios se nos submetem em teu nome!' Ele lhes disse: 'Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago! Eis que eu vos dei o poder de pisar serpentes, escorpiões e todo o poder do Inimigo, e nada poderá vos causar dano. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos se vos submetem; alegrai-vos, antes porque vossos nomes estão inscritos nos céus" (Lc 10,17-21).
Fonte: http://joaoloch.wordpress.com/2012/10/27/a-missao-vicentina/