5 de junho de 2014

O que você tem feito da vida?

Chegou o meio do ano, é importante pensarmos o que temos feito da vida. As metas estabelecidas, no início do ano, estão sendo alcançadas?

"Não consegui emagrecer os cinco quilos que tinha como meta no início do ano." "Não passei na prova que fiz em março para o mestrado." "A meta do noivado tornou-se a realidade do fim do namoro". "Será que conseguirei fazer a viagem que coloquei como propósito das férias de agosto?"

Estamos em junho e uma parada agora é bem oportuna para nos reavaliarmos quanto aos propósitos e metas que tínhamos lá em janeiro. Nessa hora, é preciso coragem para ter um olhar positivo sobre o seu projeto de vida. A primeira coisa é desvencilhar-se da visão pessimista frente àquilo que não saiu como o "combinado com você mesmo". Eu lhe garanto que uma revisão de vida pode suscitar em você uma avalanche de sentimentos persecutórios e, assim, você corre o risco de assumir uma vida errante, meio 'The walking dead', ou ainda atuar como Hardy do desenho 'Lippy e Hardy' e seu olhar sobre a vida terá o refrão: "Oh céus! oh, vida! Oh, azar!". Isso não vai dar certo!

O que você tem feito da vida 940

Meu caro, parar um pouco e perceber-se no que foi vivido torna-se um fato com o qual você precisa lidar. O mal não está em se avaliar, mas em como você faz isso, pois a primeira ação é sempre supervalorizar o que não deu certo. E aí surgem sentimentos de culpa, de remorso e autocondenação, os quais, se não forem bem administrados, podem paralisá-lo, impedi-lo de ter uma vida mais plena e feliz, de não olhar para frente, para os meses que ainda o esperam.

A segunda coisa é: nada de ficar com os olhos no que deu errado, ruminando os acontecimentos e, depois, colocar seus sentimentos para fora em amargura e azedume, fazendo-se vítima de si mesmo, porque isso não rola, não nos faz bem!

Algumas dicas para uma boa revisão de vida e de dias melhores à frente:

* Mudança em ação: Se fizer o balanço de sua vida e chegar à conclusão de que precisa mudar algo, faça primeiro um firme compromisso com você e com suas potencialidades. Não paralise; estabeleça novas metas. A rigidez o paralisa. Tenha flexibilidade em suas metas, elas podem ser reajustadas.

* Seja específico: Seja específico no que foi vivido e dê o peso certo para cada coisa. Às vezes, você tem problemas financeiros e diz: "Estou fracassado!", "Não tem mais jeito!". Acalme-se! Não é bem assim… Peso certo, medida certa. Há algumas situações que não foram alcançadas, mas isso não quer dizer que todas as situações estão ruins.

* Examine suas expectativas: São reais ou ilusórias? Seja sincero. É melhor dividir os objetivos em etapas do que dar um salto maior que a perna. Se até agora você não conseguiu fazer algo, pode ser que isso esteja mais "no mundo de Platão" do que no seu. Será que uma diminuição de expectativas não traria mais leveza à sua vida?

* Sonhe os sonhos de Deus: Tudo que falei acima só tem sentido se a primeira postura assumida for: "Isso está dentro da vontade de Deus para mim?". Sem isso, não é possível ser plenamente feliz. Não que Deus queira o manipular e fazer as coisas do jeito d'Ele, mas por Ele nos conhecer bem, sabe quais são os desejos do nosso coração! Às vezes, Deus quer que planos sejam mudados e novas metas sejam estipuladas.

Enfim, olhe para frente e para o que virá. Saiba que se não puder ser mudado poderá ser usado a seu favor para mudar sua maneira de encarar a vida, pois um novo tempo só está começando!

Adriano Gonçalves

Mineiro de Contagem (MG), Adriano Gonçalves dos Santos é membro da Comunidade Canção Nova. Cursou Filosofia no Instituto da Comunidade e é acadêmico de Psicologia na Unisal (Lorena). Atua na TV Canção Nova como apresentador do programa Revolução Jesus. Mais que um programa, o Revolução Jesus é uma missão que desafia o jovem a ser santo sem deixar de ser jovem. Dessa forma, propõe uma nova geração: a geração dos Santos de Calça Jeans. É autor dos seguintes livros: "Santos de Calça Jeans", "Nasci pra Dar Certo!" e "Quero um Amor Maior"


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/o-que-voce-tem-feito-da-vida/

4 de junho de 2014

Pentecostes: uma vida sob a ação do Espírito

Quando falamos da vida segundo o Espírito, não devemos imaginar uma vida fora da realidade

O Pai ama por meio do Filho (cf. Jo 10,17) e derrama o Seu Espírito, o Defensor, para que permaneça com os Seus (cf. Jo 14,16), ou seja, é um dom de Deus para toda a humanidade. Desde os primórdios, os padres da Igreja ensinam que esta nasceu no Espírito Santo doado por Cristo no alto da cruz, e também no cenáculo em Pentecostes. O Pentecostes, narrado no livro dos Atos dos Apóstolos, capítulo 2, é o mais famoso relato sobre Sua vinda, porém houve outros Pentecostes (Atos 4,31; 8,16-17; 11,44-48).

A Igreja nasceu no Espírito. Ela é movida, sustentada, guiada por Ele. Enfim, sem o Espírito Santo fica difícil pensar em Igreja, assim também nos membros dela. Nós não podemos e não conseguiremos viver sem o sopro do Espírito.

O Espírito Santo é invocado nos sacramentos. Como é maravilhoso perceber que, nas fases da vida cristã, recebemos essa força do Senhor! No batismo, somos batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Quando somos perdoados no sacramento da penitência, somos perdoados pelo Espírito enviado do Pai e do Filho, e assim todos os sacramentos são realizados pela ação do Espírito.

Pentecostes: Uma vida sob a ação do Espírito

Quando falamos da vida segundo o Espírito, não devemos imaginar uma vida fora da realidade, desvinculada de si mesma; aliás, a vida humana é composta pela realidade física, biológica, psíquica e espiritual. Nenhuma deve ser descartada, pois o ser humano é um todo. Devemos ter bem claro isso: somos um conjunto, mas precisamos reconhecer que, quando a vida espiritual vai mal, as outras realidades acabam indo mal; e quando se vive uma espiritualidade sadia, consegue-se superar o males físicos, biológicos e psíquicos. Quando há saúde espiritual, os males em outras áreas podem não ser sanados, mas superados pela força do Espírito. O mal físico e a violência podem nos impedir de caminhar alguns metros e nos limitar, enquanto o Espírito nos leva a distâncias longínquas, porque n'Ele somos livres.

Hoje, sem dúvida, temos de valorizar a vida espiritual, uma vida segundo o Espírito de Deus. Em nosso tempo, uma das grandes dificuldades que as pessoas vivem é uma vida sem sabor, sem sentido, uma vida de erros, à qual chamamos de pecado. Uma vida sem o auxílio do Alto é fadada ao fracasso, susceptível às doenças psíquicas e físicas. Quantas pessoas doentes no espírito, quantas pessoas perdidas! Quantas pessoas vão à igreja, mas, desanimadas, não conseguem se levantar ou possuem dificuldades para fazer isso?

Tanto para as pessoas que estão na igreja quanto para as que não estão fica o convite: precisamos ter uma vida no Espírito para que todos sejamos saudáveis, fortes, esperançosos, para que não desanimemos frente às limitações humanas e aos poderes do mal.

Essa vida segundo o Espírito é vivida sob a orientação de Deus, sob a moção divina. Mas como consegui-la? É possível, por meio de uma vida de oração, ter contato com Deus, onde o Espírito Santo é o que nos impulsiona, é o que nos esclarece e ordena, é Aquele que nos faz perseverar e entender as situações. E mesmo que não as entendamos, Ele nos dá esperança, sentido à nossa vida. Os dons do Espírito nos ajudam no dia a dia.

Nós devemos buscar uma vida em Deus não só nos momentos difíceis, pois todo o tempo estamos sendo testados. Somos chamados, a cada momento, a dar uma resposta coerente, segundo o Cristo. Graças a Deus, existe um caminho que podemos percorrer para não nos perdermos: a Igreja Católica Apostólica Romana, pois esta já fez e faz um caminho sob a orientação do Espírito Santo.

Jesus, como narra e evangelista João, soprou sobre os discípulos o Espírito Santo (Jo 20,22). O Paráclito não foi derramado sobre um, mas sobre todos os discípulos, sobre a primeira comunidade reunida, a Igreja. Assim, eles se tornam apóstolos, e, encorajados pelo Sopro Divino, anunciam, com ousadia, o Cristo Ressuscitado. Quando surgiam os problemas e as dúvidas, os apóstolos podiam contavam uns com os outros. Pedro até poderia, como o primeiro, decidir, mas tomava a decisão junto com os apóstolos. Um exemplo é a eleição dos diáconos (Atos 6,1-6). Já no capítulo 15 de Atos, Paulo e Barnabé, em Antioquia, encontraram dificuldades com alguns cristãos judeus e foram tratar do assunto em Jerusalém. Esse é o primeiro concílio da Igreja.

A Igreja é mãe e mestra, afinal, são "apenas" dois mil anos de experiência, de acertos e erros. Nós aprendemos e somos educados por ela. Quando digo que vivemos movidos pelo Espírito, digo que somos movidos pelas orientações da Igreja. O Espírito nos orienta quando nos colocamos em oração, quando temos sensibilidade para realizar algo; principalmente quando tudo isso está dentro daquilo que a Igreja aprova e nos orienta.


Por fim, uma vida segundo o Espírito é uma vida no Espírito Santo, seguindo Suas orientações numa comunhão com a Igreja, a qual nos leva a discernir entre o certo e o errado, ajuda-nos a fazer a vontade de Deus e nos orienta em todos os momentos da nossa vida, principalmente quando nos impulsiona a viver a caridade. A vida segundo o Espírito nos faz pessoas melhores não para nós mesmos, não para nos sentirmos bem, mas ela nos leva ao necessitado, nos faz desprendidos das coisas terrenas, livres para servir aos outros e amá-los.

Deus seja louvado!

Padre Marcio

Padre Márcio do Prado, natural de São José dos Campos (SP), é sacerdote na Comunidade Canção Nova. Ordenado em 20 de dezembro de 2009, cujo lema sacerdotal é "Fazei-o vós a eles" (Mt 7,12), padre Márcio cursou Filosofia no Instituto Canção Nova, em Cachoeira Paulista; e Teologia no Instituto Mater Dei, em Palmas (TO). Twitter: @padremarciocn

2 de junho de 2014

Evangelizar nas plataformas digitais

Para evangelizar na sociedade contemporânea é indispensável compreender as novas linguagens da comunicação
Padre Clovis Andrade de Melo
Há 48 anos, motivados pelo Decreto Inter Mirifica, de 1963, os Papas nos apresentavam uma reflexão para o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Para este ano, o Papa Francisco escolheu para o evento o tema "Comunicação a serviço de uma autêntica cultura do encontro". Suas reflexões estão em sintonia com os discursos realizados no Brasil, durante a Jornada Mundial da Juventude, quando convidou a Igreja a sair dos muros, abrir as portas e ir em direção ao povo sedento de Deus.
Uma frase que chama à atenção, no discurso do Pontífice, neste ano, é: "Abrir as portas das igrejas significa também abri-las no ambiente digital, seja para que as pessoas entrem, independente da condição de vida em que se encontrem, ou para que o Evangelho possa cruzar o limiar do templo e sair ao encontro de todos". Nesse sentido, podemos constatar que a presença da Igreja, na web, é imprescindível e deve ser entendida como uma autêntica missão, como reforçou o Santo Padre na mensagem: "Não basta circular pelas 'estradas digitais', isto é, simplesmente estar conectado; é necessário que a conexão seja acompanhada do encontro verdadeiro (…). A rede digital pode ser um lugar rico de humanidade; não uma rede de fios, mas de pessoas humanas".
Evangelizar nas plataformas digitais
Em 2002, João Paulo II reconheceu o potencial do ambiente digital para a evangelização: "Para a Igreja, o novo mundo do espaço cibernético é uma exortação à grande aventura do uso do seu potencial para proclamar a mensagem evangélica".
Bento XVI enfatizou esse pensamento em sua mensagem para o ano de 2009, quando nos convidou a aprofundarmos nosso conhecimento sobre o assunto: "O anúncio de Cristo, no mundo das novas tecnologias, supõe um conhecimento profundo dessas tecnologias para chegar a uma conveniente utilização".
No ano passado, Bento XVI ainda nos exortou dizendo que "se a Boa Nova não for dada a conhecer também no ambiente digital, poderá ficar fora de alcance da experiência de muitos que consideram importante esse espaço existencial, especialmente os mais jovens".
Diante dessas exortações, fica evidente que a presença da Igreja no ambiente digital é urgente e irrenunciável. Recentemente, os bispos do Brasil aprovaram e promulgaram um importante documento para a comunicação da Igreja, o Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, que conta com um capítulo dedicado ao tema: "Igreja e mídias digitais".
No artigo 182 do diretório, lemos que "para evangelizar na sociedade contemporânea é indispensável compreender as novas linguagens e práticas vivenciadas, a fim de inculturar a mensagem do Evangelho na cultura digital". Todavia, as ações evangelizadoras, neste ambiente, são complementares.
De modo algum, a presença da Igreja, na web, substitui a vivência eclesial presencial, assim como outros meios de comunicação não o fazem, como a televisão e o rádio, por exemplo. Dada a importância de se refletir sobre o anúncio do Evangelho, nas plataformas digitais, concluo com uma recomendação, apresentada no artigo 189, do Diretório de Comunicação: "A comunidade eclesial é incentivada a fazer-se efetivamente presente na internet, já que grande parte da vida social se desenrola mediada pelas tecnologias digitais; as redes digitais tornam-se cada vez mais parte do próprio tecido da sociedade. (…) É preciso, portanto, favorecer formas de encontro, diálogo e debate em sites e fóruns, marcados pelo respeito e cuidado pela privacidade, com responsabilidade e empenho pela verdade".
* Padre Clovis Andrade de Melo: missionário da Comunidade Canção Nova e assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). É graduado em Filosofia e Teologia.

31 de maio de 2014

A Missão Vicentina

A reflexão a seguir é baseada na ECAFO (Escola de Capacitação Antônio Frederico Ozanan, caderno FORMAÇÃO MISSIONÁRIO, segunda parte). É o tema apresentado por mim aos vicentinos da cidade de Garça, no dia 28/10/12, como colaboração ao dia de formação.

Procurando ser fiel ao assunto desenvolvido no caderno acima citado, procuro fazer um resumo, dando destaque a alguns itens e transcrevendo também as citações bíblicas apresentadas no texto, sendo que tais citações são da Bíblia de Jerusalém.

Minha admiração para com as pessoas que fazem parte da Sociedade São Vicente de Paulo, pelo maravilhoso trabalho que desenvolvem em prol dos mais pobres em todas as cidades onde estão. São pessoas de diversas classes sociais e formação cultural que humildemente se dedicam a arrecadar alimentos, distribuir às famílias necessitadas, independente de serem católicas ou não, sem o objetivo de serem enaltecidos….Aqui em Garça, como em várias outras cidades, cuidam também da manutenção do Lar dos Idosos Frederico Ozanan.

João Loch

II – A MISSÃO VICENTINA

  1. Itens para reflexão
  2. O que é vocação;
  3. Vocação vicentina;
  4. Perfil do missionário vicentino;
  5. Atitudes dos missionários vicentinos;
  6. Amor à nossa causa;
  7. Os 10 mandamentos do missionário.

1. O QUE É VOCAÇÃO

. Chamado de Deus que tem como finalidade a realização plena da pessoa humana, visando à construção do Reino de Deus. É um chamado para cumprir uma missão. "Vem e segue-me" – convite ao seguimento para uma missão. Deus faz o convite ao homem que livremente dá sua resposta.

Primeiro Deus nos chamou à vida: "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que nos abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo. Em Cristo Deus nos escolheu antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele no amor. Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo, conforme o beneplácito da sua vontade, para louvor e glória da sua graça com a qual ele nos agraciou no Amado". (Ef 1, 1-6).

Deus caminha com o povo de Israel em um relacionamento amoroso. E ao assumir a condição humana, Jesus assume também o rosto dos Pobres, marginalizados, excluídos. Seguindo Jesus, a missão do vicentino é de aproximaçãocompaixão, compreensão da vida e necessidade desses filhos de Deus. Ser missionário é procurar criar condições de desenvolvimento do pobre, para que ele assuma a sua história construindo uma vida melhor em todos os aspectos.

Missão é experimentar a presença de Deus na própria vida; valorizar o dom da vida concedido por Deus; ajudar as pessoas a darem um sentido autêntico à própria vida; é voltar-se para Jesus Cristo, para Nele descobrir o verdadeiro rosto de Deus; aprender a olhar a vida e as pessoas com os olhos de Jesus; acolher os outros como Jesus acolhia; ser um agente multiplicador da proposta de Jesus.  

 A missão do cristão será sempre o amor expresso no compartilhar.  Amor dom de si para que o outro tenha mais vida. O amor generoso de Deus só se concretiza pela generosidade da comunidade. O compartilhar o pão, expresso na vivência da Eucaristia é um convite a compartilhar o pão da realidade humana cotidiana.

 2. A VOCAÇÃO VICENTINA

Carisma vicentino: amar e servir o Cristo na pessoa dos Pobres, evangelizando e servindo para libertá-lo de todas as misérias. É a promoção social e espiritual. A santificação, para o vicentino, acontece pela prática à caridade.

Ser missionário vicentino é a viagem de sair de si e ir ao encontro dos Pobres – os preferidos de Jesus Cristo.

São Vicente de Paulo e Frederico Ozanam são chamados de místicos da ação, porque para eles a evangelização e o resgate da dignidade humana são a mesma coisa.

"Quando veio a esse mundo escolheu como tarefa principal o 'cuidar e assistir os Pobres'. E se perguntássemos a Jesus: O que viestes fazer aqui na terra? Ele responderia: assistir os Pobres". E eram os pobres que sempre estavam na companhia de Jesus. (São Vicente de Paulo).

3. PERFIL DO MISSIONÁRIO VICENTINO

A ação missionária do vicentino está fundamentada na ação e no pensamento de São Vicente de Paulo. Foi com esse espírito que Frederico Ozanam empreendeu seu trabalho de leigo.

Bases dogmáticas visadas por São Vicente de Paulo:

1. Visão Cristológica: "O Senhor me enviou para evangelizar os pobres".  "Cristo é o enviado do Pai". Além de pregar, Cristo serviu os pobres. A visão cristológica de São Vicente de Paulo é profundamente marcada pelo mistério do Verbo Encarnado e pela Sua Redenção. Cristo pregou e serviu os pobres.

É um testemunho do amor de Cristo pelo anuncio libertador do Evangelho e pela ação concreta em prol dos necessitados, promovendo a dignidade humana.

No propósito de agir conforme o exemplo de Jesus, São Vicente pede: "Fazei que desde agora, iluminado pela grandeza de vosso exemplo, eu tenha todas as pessoas em meu coração, abrasai-me no vosso amor". Na missão o valor supremo e insubstituível é o amor. (Poggioli, Misaél D. As conferências vicentinas, 2008, p. 15-16).

2. Visão Antropológica – considerar o pobre na sua realidade humana e saber que Cristo nos é apresentado nesses pobres, tendo como modelo a prática de Jesus.

3. Visão Eclesiológica – A Igreja, para São Vicente, deve ser missionária, anunciando a Boa Nova a todas as pessoas mas, sobretudo, aos pobres.  Com este objetivo fundou a Congregação da Missão aos 17 de abril de 1625.

Pelo seu empenho na construção de um mundo melhor, o missionário vicentino é um semeador de esperança na construção do Reino de Deus.

O missionário age irmanado com aqueles que caminham com os mesmos objetivos, de forma organizada e fundamentada na fé e no carisma de Vicente de Paulo, apoiando-se e incentivando-se na oração e na ação.

O testemunho do missionário abrange todos os aspectos da sua vida. Em função desta proposta missionária cada um pode-se perguntar:

- Como eu posso ser missionário na minha casa, no trabalho e na comunidade onde vivo?

- Assumo o compromisso de cristão, vivendo e transmitindo a Boa Nova da paz, da justiça, do amor, do perdão, da fraternidade, da acolhida?

- Como sou missionário (a) na minha Conferência Vicentina?

- Como sou missionário (a) nas Visitas Domiciliares que faço aos pobres?

SER MISSIONÁRIO É TOMAR UMA DECISÃO RADICAL DE ENTREGA TOTAL AO REINO DE DEUS EM PROL DA PROMOÇÃO SOCIAL E ESPIRITUAL DOS ASSISTIDOS.

4. ATITUDES DOS MISSIONÁRIOS VICENTINOS

"Se existe alguém entre nós que está na Missão para evangelizar os Pobres e não para assisti-los, para remediar suas necessidades espirituais e não as necessidades corporais e materiais, eu lhe direi que temos que assisti-los e fazer que os assistam de todas as maneiras, tanto nós quanto os outros. Fazer assim é evangelizar com palavras e ações. É o mais correto e perfeito; é o que Jesus Cristo pôs em prática e é isso que devem praticar todos aqueles que o representam aqui na terra". (São Vicente de Paulo).

"É preciso imitar Jesus Cristo quando Ele pregava o Evangelho. Vamos aos Pobres!". "Pobres: Vocês são nossos senhores e nós sempre seremos vossos servidores. Não sabemos amar a Deus de outra maneira; amamos a Deus nas vossas pessoas". (Cartas de Frederico Ozanam).

No anúncio,o missionário vicentino deve deixar claro ao seu assistido que se interessa pelo seu bem.

Para ter forças e ser bem orientado na sua ação, o missionário precisa ser uma pessoa de oração: "tornar-se fermento no meio da massa" (Cartas de Frederico Ozanam).

5. AMOR À NOSSA CAUSA

Trabalhar para que os pobres possam viver com mais dignidade é, além de levar alimentos, defender os direitos deles com relação à saúde, educação, lazer, moradia, transporte… É uma doação ampla, sem exigir nada em troca, assim como fez Jesus, promovendo a vida em abundância.

"O ladrão vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham a vida e a tenham em abundância". (Jo 10,10).  "Apascentá-las-ei em um bom pasto, sobre os altos montes de Israel terão as suas pastagens. Aí repousarão em um bom pasto e encontrarão forragem rica sobre os montes de Israel. Eu mesmo apascentarei o meu rebanho, eu mesmo lhe darei repouso, oráculo do Senhor Iahaweh. Buscarei a ovelha que estiver perdida, reconduzirei a que estiver desgarrada, pensarei a que estiver fraturada e restaurarei a que estiver abatida. Quanto à que estiver gorda e vigorosa, guardá-la-ei e apascentá-la-ei." (Ez 34,14-16).    

O missionário vicentino não pode justificar o critério de ajuda pelo comportamento dos assistidos. Onde houver mais problemas e desajustes é onde mais se precisa investir e ter esses casos como prioridade. Agir com misericórdia e humildade.

"Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso" (Lc 6,36).

"Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais. Em verdade, em verdade, vos digo: o servo não é maior que o seu senhor, nem o enviado maior do que quem o enviou". (Jo 13,15-16).

"Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os doentes. Eu não vim chamar justos, mas pecadores."  (Mc 2,17).

Ser missionário exige, de todos, uma abertura constante, pessoal e comunitária para responder aos desafios de hoje.  É a missão de fidelidade ao "envio"de Jesus: "Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio". (Jo 20,21).

A missão nos permite criar laços, relações, um novo jeito de olhar a vida, um novo jeito de ser Igreja, e ser anunciador da Palavra de Deus e do seu Reino.

6. A SOCIEDADE SÃO VICENTE DE PAULO E A MISSÃO

Para alimentar a espiritualidade específica no trabalho com os pobres, "os vicentinos reúnem-se como irmãos e irmãs na presença de Cristo no seio das Conferências, verdadeiras comunidades de fé e de amor, de oração e ação. É essencial que haja um laço espiritual e uma amizade efetiva entre os membros, bem como uma missão comum ao serviço dos desprovidos e dos marginalizados. A Sociedade representa realmente uma só e única Comunidade de companheiros vicentinos por meio do mundo". (Regra da Sociedade de São Vicente de Paulo, 2007, p. 23). A sociedade São Vicente de Paulo está associada à missão evangelizadora da Igreja pelo seu testemunho visível em ações e em palavras (idem, p. 32)

O contato com o Pobre é, segundo a espiritualidade vicentina, o contato e a aproximação de Jesus Cristo na pessoa do Pobre – este é um ponto forte entre muitos que se tem na Espiritualidade Vicentina.

7.  OS 10 MANDAMENTOS DO MISSIONÁRIO

1. Ter humildade para servir e acolher a todos, sem distinção (Mt 20,25-28; Lc 10,30-34).

"Sabeis que os governadores das nações as dominam e os grandes as tiranizam. Entre vós não deverá ser assim. Ao contrário, aquele que quiser tornar-se grande entre vós seja aquele que serve, e o que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o vosso servo. Desse modo, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos". (Mt 20, 25-28). 

Quem é meu próximo?

"Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu no meio de assaltantes que, após havê-lo despojado e espancado, foram-se, deixando-o semimorto. Casualmente, descia por este caminho um sacerdote; viu-o e passou adiante. Igualmente um levita, atravessando este lugar, viu-o, e prosseguiu. Certo samaritano em viagem, porém, chegou junto dele, viu-o e moveu-se de compaixão. Aproximou-se, cuidou de suas chagas, derramando óleo e vinho, depois colocou-o em seu próprio animal, conduziu-o à hospedaria e dispensou-lhe cuidados. No dia seguinte tirou dois de seus denários e deu-o ao hospedeiro, dizendo: 'Cuida dele, e o que gastares a mais, em meu retorno te pagarei. Qual dos três, em tua opinião, foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores'? Ele respondeu: 'aquele que usou de misericórdia para com ele'. Jesus então lhe disse:' Vai, e também tu faze o mesmo" (Lc  10,30-34)

2. Ter disponibilidade para estar sempre a serviço do Reino de Deus (Lc 9,57-62);

"Enquanto prosseguiam viagem, alguém lhe disse na estrada: 'Eu te seguirei para onde quer que vás'. Ao que Jesus respondeu: 'As raposas têm tocas e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça'. Disse a outro: 'Segue-me. Esse respondeu: 'Permite-me ir primeiro enterrar meu pai'. Ele respondeu: 'Deixa que os mortos enterrem seus mortos; quanto a ti, vai anunciar o Reino de Deus'. Outro disse-lhe ainda: 'Eu te seguirei, Senhor, mas permite-me primeiro despedir-me dos que estão em minha casa'. Jesus, porém, lhe respondeu: 'Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus'".    

3. Ter despojamento para servir a Deus e aos irmãos, confiando sempre na Providência Divina (Lc 9,1-6);

"Convocando os Doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, bem como para curar doenças, e enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar. E disse-lhes: 'Nada leveis para a viagem, nem bastão, nem alforje, nem pão, nem dinheiro; tampouco tenhais duas túnicas. Em qualquer casa em que entrardes, permanecei ali até vos retirardes do lugar. Quanto àqueles que não vos acolherem, ao sairdes da cidade sacudi a poeira de vossos pés em testemunho contra eles. Eles então partiram, indo de aldeia em aldeia, anunciando a boa nova e operando curas por toda parte".

4. Ter força espiritual por meio de uma vida de oração (Lc 6,12; 9,28-29; Mt 14,32-34);

"Naqueles dias, ele foi à montanha para orar, e passou a noite inteira em oração" (Lc 6,12).

"Mais ou menos oito dias depois destas palavras, tomando consigo a Pedro, João e Tiago, ele subiu à montanha para orar. Enquanto orava, o aspecto do seu rosto se alterou, suas vestes tornaram-se de fulgurante brancura" (Lc 9,28-29).

"E foram a um lugar cujo nome é Getsêmani. E ele disse a seus discípulos: 'Sentai-vos aqui enquanto vou orar'. E, levando consigo, Pedro, Tiago e João, começou a apavorar-se e angustiar-se. E disse-lhes: 'A minha alma está triste até a morte. Permanecei aqui e vigiai'. E, indo um pouco mais adiante, caiu por terra, e orava para que, se possível, passasse dele aquela hora" (Mt 14,32-34)

5. Ter coragem e confiança em Deus, diante de todos os desafios para anunciar o Evangelho, denunciando as injustiças e vencendo todos os tipos de males que oprimem (Lc 4,16-19; Mt 10,28-31);

"Ele foi a Nazaré, onde fora criado, e, segundo seu costume, entrou em dia de sábado na sinagoga e levantou-se para ler. Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías; abrindo-o, encontrou o lugar onde está escrito: 'O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar a remissão aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor" (Lc 4,16-19)

"Pedro começou a dizer-lhe: 'Eis que nós deixamos tudo e te seguimos'. Jesus declarou: 'Em verdade vos digo que não há quem tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras por minha causa ou por causa do Evangelho, sem que receba cem vezes mais; agora, neste tempo, casas, irmãos e irmãs, mãe e filhos e terras, com perseguições; e, no mundo futuro, a vida eterna. Muitos dos primeiros serão últimos, e os últimos serão primeiros'" (Mt 10,28-31)

6. Buscar sempre a inspiração de Deus para levar o amor, o cacinho, a paz, o perdão e a reconciliação (Jo 14, 12-13);

"Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim fará as obras que faço e fará até maiores do que elas, porque vou para o Pai. E o que pedirdes em meu nome fá-lo-ei, a fim de que o Pai seja glorificado no filho (Jo 14, 12-13).

7. Ter clareza e sabedoria de Deus no agir e no falar, lembrando sempre as atitudes, ações e palavras de Jesus.

8. Ter solidariedade e companheirismo para integrar-se com as demais pessoas no serviço e na evangelização dos Pobres (Rm 12,3-8; 1Cor 12,12-26);

"Em virtude da graça que me foi concedida, eu peço a cada um de vós que não tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que convém, mas uma justa estima, ditada pela saberia, de acordo com a medida da fé que Deus dispensou a cada um. Pois assim como num só corpo temos muitos membros e os membros não têm todos a mesma função, de modo análogo, nós somos muitos e formamos um só corpo em Cristo, sendo membros dos outros. Tendo, porém dons diferentes, segundo a graça que nos foi dada, quem tem o dom da profecia, que o exerça segundo a proporção da nossa fé; quem tem o dom do serviço, o exerça servindo; quem o dom do ensino, ensinando; quem o da exortação, exortando. Aquele que distribui seus bens, que o faça com simplicidade; aquele que preside, com diligência; aquele que exerce misericórdia, com alegria". (Rm 12,3-8)

"Com efeito, o corpo é um e, não obstante, tem muitos membros, mas todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, formam um só corpo. Assim também acontece com Cristo. Pois fomos todos batizados num só Espírito para ser um só corpo, judeus e gregos, escravos e livres, e todos bebemos de um só espírito…" (1Cor 12,12-13). E São Paulo continua fazendo uma analogia entre o corpo e a interdependência entre os vários membros, para falar da necessidade da boa convivência, e cuidados entre os membros da comunidade.

9. Ter profunda comunhão com Deus, para que o testemunho Dele seja verdadeiro e coerente (Jo 15,4-5; Mt 10,12);

"Permanecei em mim, como eu em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanece na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira e vós os ramos, aquele que permanece em mim e eu nele produz muito fruto; porque, sem mim, nada podeis fazer. Se alguém não permanece em mim é lançado fora, como o ramo, e seca; tais ramos são recolhidos, lançados ao fogo e se queimam. Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e ser-vos-á concedido" (Jo 15,4-5).

"Ao entrardes na casa, saudai-a. E, se for digna, desça a vossa paz sobre ela. Se não for digna, volta a vós a vossa paz" (Mt 10,12-13)

10. Reconhecer a grandeza de Deus e se alegrar pelo valor e dons que Ele dá a cada um (Lc 10,17-21).

"Os setenta e dois voltaram com alegria, dizendo: 'Senhor, até os demônios se nos submetem em teu nome!' Ele lhes disse: 'Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago! Eis que eu vos dei o poder de pisar serpentes, escorpiões e todo o poder do Inimigo, e nada poderá vos causar dano. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos se vos submetem; alegrai-vos, antes porque vossos nomes estão inscritos nos céus"   (Lc 10,17-21).


Fonte: http://joaoloch.wordpress.com/2012/10/27/a-missao-vicentina/

30 de maio de 2014

Quem cometeu suicídio está condenado?

O suicídio não é querido por Deus, porque Ele é o Senhor da vida

Primeiro e antes de tudo, precisamos ter claro que o nosso Deus é o Deus da vida – "escolha, pois, a vida e viverás" (Dt 30). Não é à toa que Ele é chamado é de Criador, pois criou todas as coisas. E como é bom ler a narrativa da criação e ouvir que o Senhor contemplou a Sua obra e viu que tudo era bom! (cf. Gn 1,25). Por fim, ao criar o ser humano, o homem viu que era muito bom (Gn 1,31). Ou seja, a pessoa humana, o homem criado por Deus é muito bom, a criação do homem foi algo bom que o Senhor fez, por isso possui valor, dignidade e nobreza, porque foi querido e criado por Ele.

Sendo assim, todo atentado contra a vida humana é um mal, um pecado grave. Isso nos ensina o Catecismo, porque viola algo sagrado: a vida do homem. E esta é um dom, um valor, uma graça que veio do Alto, por isso ninguém tem o direito de tirá-la de alguém nem de si mesmo. Atentar contra a vida do outro ou contra a própria vida fere profundamente a caridade, o amor ao próximo e o amor a si mesmo, que deve ser cultivado como nos ensinou Jesus Cristo (Mt 22,39).

"Cada um é responsável por sua vida diante de Deus, que lha deu e que dela é sempre o único e soberano Senhor" (Catecismo da Igreja Católica n. 2280). Assim, cada um deve guardar, preservar a sua própria vida. Já no livro da criação, o Senhor confiou ao homem o cuidado sobre as coisas criadas, entre elas o próprio homem está incluído.

Quem cometeu suicídio está condenado?

O suicídio não é querido por Deus, porque Ele é o Senhor da vida, é o Criador de todas as coisas, que quis e quer o bem de tudo e de todos. Ele não se aguentou de tanto amor, por isso nos fez, e somos frutos do amor d'Ele. Assim, não devemos matar o amor do Pai em nós.

"O suicídio contradiz a inclinação natural do ser humano a conservar e perpetuar a própria vida. […] Ofende igualmente o amor do próximo, porque quebra injustamente os laços de solidariedade com a sociedade familiar, nacional e humana, em relação às quais temos obrigações a cumprir." (CIC 2281)

Está evidente que nosso instinto é de sobrevivência, de buscar viver. Aquele que se suicida imagina que solucionará seus problemas, porém criará outros. Se aquele que tinha a própria vida soubesse quanto mal faz para os seus familiares, quanto tempo leva para amenizar o sentimento de culpa de um pai, de uma mãe, um irmão ou parente, não cometeriam tal ato. Os acompanhadores espirituais que o digam!

Apesar da gravidade de tal pecado, a Igreja não condena os suicidas. Eles são vistos com misericórdia. "Distúrbios psíquicos graves, angústia ou medo da provação, do sofrimento ou da tortura podem diminuir a responsabilidade do suicida. [...] Não se deve desesperar da salvação das pessoas que se mataram. Deus pode, por caminhos que só Ele conhece, dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida" (CIC 2282-2283).

Padre Marcio

Padre Márcio do Prado, natural de São José dos Campos (SP), é sacerdote na Comunidade Canção Nova. Ordenado em 20 de dezembro de 2009, cujo lema sacerdotal é "Fazei-o vós a eles" (Mt 7,12), padre Márcio cursou Filosofia no Instituto Canção Nova, em Cachoeira Paulista; e Teologia no Instituto Mater Dei, em Palmas (TO). Twitter: @padremarciocn


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/quem-cometeu-suicidio-esta-condenado/

29 de maio de 2014

Terço dos homens

O Terço dos Homens é, com certeza, um socorro do Céu, uma iniciativa daquela que conviveu com dois grandes homens, Jesus e José.

Nas várias missões que vou pelo país, mesmo quando o tema do retiro em que vou pregar não está voltado a Mãe de Jesus, sempre chega até mim um testemunho sobre o Terço dos Homens. Assim, percebo o quanto esse movimento está difundido em nosso território e como essa devoção é eficaz e tem mudado a vida de muitos homens.

Mas o que é o Terço dos Homens e o que acontece quando eles rezam?

Primeiramente, percebo que é uma iniciativa própria de Nossa Senhora; e alguns fatos demonstram isso.

Geralmente, nas localidades onde há o Terço dos Homens, as mulheres, esposas e amigas, são instruídas a não convidar aqueles homens que lhes são próximos para participar. Eles ficam sabendo, assim como todas as pessoas do bairro ou da cidade, por meio de um comunicado geral à população e começam a frequentar a oração, porque se sentem impulsionados a ir ao grupo. Não há um convite pessoal, por isso vemos a mão de Maria tocando o coração deles. Algo os move interiormente, talvez até pelo pretexto de uma lembrança da infância, por curiosidade ou por um problema que estejam passando. Maria usa de algo na vida deles para que despertem, dentro de si, a vontade de rezar.

Terço dos homens

Na maioria das reuniões, não há nada que os detenha por mais tempo que a simples oração do terço. Não há palestras, Missas nem apresentações, somente a oração do terço. Algo bem objetivo, ao modo masculino de fazer as coisas! E acontecem verdadeiras transformações radicais de vida: homens abandonam seus vícios, abandonam a pornografia, o adultério, as falsas religiões, as seitas secretas e as práticas ilícitas; passam a ser mais presentes, atentos e carinhosos em casa.

É interessante ouvir os testemunhos do porquê isso acontece: "Não combina eu ir ao Terço dos Homens e, depois, me virem no buteco"; "Não posso rezar para Nossa Senhora e continuar traindo minha esposa ou vendo pornografia". Eles mesmos sentem a incoerência entre a vida de oração e os atos pecaminosos. Afinal, não estão indo à reunião por ir, por isso assumem uma responsabilidade de vida quando decidem participar do terço destinado a eles.

Uma mãe como Nossa Senhora e Sua presença maternal torna homens crescidos crianças que se arrependem do mal que praticavam. A partir de então, esses homens se voltam aos sacramentos, passam a ter uma vida mais próxima de Jesus, pois os prazeres mundanos que os afastava de Cristo não tem mais significado na vida deles.

Nossa Senhora em Fátima disse: "Não há problema de ordem pessoal, familiar e social que a oração do santo terço não ajude a resolver". Todos esses efeitos que relatei são provas concretas da eficácia da oração do rosário e da intercessão de Maria junto a Trindade.

São Luís Maria G. Monfort, em sua obra 'Tratado da Verdadeira Devoção à Santa Virgem', no artigo 29, comenta que "não há região do país que não possua alguma de suas imagens milagrosas, junto das quais todos os males são curados e se obtêm todos os bens". Veja que onde Maria chega, seus filhos são agraciados. Contudo, acima dos seus favores e independente do que os humanos recebem, percebemos que também, no Terço dos Homens, as pessoas despertam amor e intimidade com a Mãe, que os leva a Jesus

A oração do terço agrada o coração de Nossa Senhora. Cada Ave-Maria é uma rosa que ofertamos a ela, por isso a Santíssima Virgem cria um vínculo com aqueles que rezam. Seu amor maternal cultiva em nós a vontade de uma maior intimidade com ela por meio da oração. Os devotos de Maria estarão sempre firmes na fé, mesmo em meio à tribulação.

Vivemos, hoje, uma crise de paternidade, no sentido de que não temos muitos homens que são exemplos para as pessoas. Uma grande parte dos homens não sabem qual o seu lugar perante a sociedade e se esqueceram de ensinar os mais jovens a viver. Características tão masculinas como dar iniciação aos outros, dar estímulo, ser solicito, provedor e protetor estão sendo deixadas de lado, pois o inimigo de Deus quer demonstrar que a masculinidade está na força bruta, no sexo sem compromisso, nos vícios, na oportunidade de levar vantagem em tudo e a qualquer custo. Por isso mesmo o homem não é feliz, procurando felicidade no que é mais fácil e que não está em sua essência.

Maria mostra a verdadeira alegria e paz que esses filhos tentaram buscar em tantos caminhos errados, mas que só sentiram no grupo do Santo Rosário. A oração tem essa força de tranquilizar, alegrar, direcionar e trazer conforto espiritual.

O Terço dos Homens é, com certeza, um socorro do Céu, uma iniciativa daquela que conviveu com dois grandes homens, Jesus e José. Maria sabe, no papel de mãe e no papel de esposa, como auxiliar um homem a ser tudo aquilo que ele pode ser.

Deus abençoe e Maria passe à frente!

Sandro Ap. Arquejada

Sandro Aparecido Arquejada é missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em administração de empresas pela Faculdade Salesiana de Lins (SP). Atualmente trabalha no setor de Novas Tecnologias da TV Canção Nova. É autor do livro "Maria, humana como nós" e "As cinco fases do namoro". Também é colunista do Portal Canção Nova, além de escrever para algumas mídias seculares.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/devocao-nossa-senhora/terco-dos-homens-2/

27 de maio de 2014

Não concordo com o que a Igreja ensina. O que faço?

Como a Igreja poderia ensinar algo errado ou inconveniente se o Espírito Santo lhe ensina sempre "toda a verdade"?
Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que quem não concorda com o que a Igreja ensina, não conhece bem o que Jesus ensinou, fez e mandou que fizéssemos. Ele fundou a Igreja sobre São Pedro e os apóstolos para que ela fosse a "porta voz" d'Ele na Terra. Disse o Senhor a eles: "Quem vos ouve, a Mim ouve; quem vos rejeita, a Mim rejeita, e quem Me rejeita, rejeita Aquele que me enviou" (cf. Lc 10,16). Quer dizer, quem não ouve a Igreja, não ouve Jesus! Quem não obedece a Igreja, não O obedece.
Jesus ainda lhes disse: "Não temais, pequeno rebanho, porque foi do agrado de vosso Pai dar-vos o Reino". (São Lucas 12, 32). E foi à Igreja que Jesus mandou: "Ide pelo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura" (Marcos 16,15). Como, então, não concordar com a palavra da Igreja? E mais: "A quem vocês perdoarem os pecados, os pecados estarão perdoados" (João 20.22). O Pai mandou o Filho para salvar o mundo; o Filho enviou a Igreja. Ela é o "sacramento universal da salvação" (LG, 4), a Arca de Noé que nos salva do dilúvio do pecado.
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Na Santa Ceia, na despedida dos apóstolos, Jesus fez várias promessas à Igreja, ali formada por Seus discípulos. Entre muitas coisas que São João narrou, em cinco capítulos do seu Evangelho (13 a 17), Jesus prometeu à Igreja:
"Eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós". "Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito" (João 14,15.25). Ora, como a Igreja poderia ensinar algo de errado se o Espírito Santo permanece sempre com ela e lhe "ensina todas as coisas"?
Jesus ainda lhes disse: "Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade,ensinar-vos-á toda a verdade…" (João 16,12-13). Como a Igreja poderia ensinar algo errado ou inconveniente se o Espírito Santo lhe ensina sempre "toda a verdade"?
Além disso, o próprio Jesus está na Igreja, pois Ele prometeu, antes de subir ao céu: "Eis que Eu estou convosco todos os dias até o fim do mundo" (Mateus 28,20). Foi a última palavra d'Ele aos discípulos. Ora, como a Igreja poderia errar se Jesus está com ela todo tempo? É impossível! É por isso que São Paulo disse a São Timóteo: "A Igreja é a coluna e o fundamento da verdade" (1Tm 3,15). Então, a Igreja detém a verdade que Jesus disse que nos liberta.
É por causa de tudo isso que o nosso Credo tem 2 mil anos e nunca mudou nem vai mudar; porque é a expressão da verdade que salva. A mesma coisa acontece com os sacramentos, os mandamentos e a liturgia. A Igreja já teve 266 Papas e nunca um deles cancelou um ensinamento doutrinário que um antecessor tenha ensinado. Já realizou 21 Concílios universais, e nunca nenhum deles cancelou um ensinamento de um anterior. A verdade não muda, e está na Igreja. O Espírito Santo não se contradiz.
Logo, como não concordar com o que Igreja ensina? Isso seria por causa da ignorância de tudo o que foi relatado acima; ou, então, seria um ato de orgulho espiritual da pessoa, que acha que sabe mais do que a Igreja, assistida por Jesus Cristo e pelo Espírito Santo. Longe de nós isso!
Podemos até não conseguir viver o que a Igreja nos ensina e nos manda viver – isso é compreensível por causa de nossa fraqueza –, mas jamais poderemos dizer que ela está errada ou que eu não concordamos com o que ela ensina. A Igreja não ensina o que quer, mas o que o Seu Senhor lhe confiou.


Felipe Aquino

Prof. Felipe Aquino @pfelipeaquino, é casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site do autor: www.cleofas.com.br

Fonte: http://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/nao-concordo-com-o-que-a-igreja-ensina-o-que-faco/