21 de maio de 2014

Por que intercedemos?

"A intercessão é uma oração de petição que nos conforma de perto com a oração de Jesus" 

Quando falamos de oração de intercessão, é possível nos lembrarmos de grandes homens e mulheres da Bíblia, dos santos e da nossa própria oração. Já reparou que sempre rezamos por alguém? Sempre nos pedem oração ou a pedimos para alguém?

Primeiramente, ao falar de intercessão, lembremo-nos de Abraão. A cidade de Sodoma estava para ser destruída, mas devido à intervenção e à intercessão desse homem que "negocia" com Deus – "Se houver cinquenta justos… quarenta… dez justos" –, o Senhor lhe responde: "Por causa dos dez não a destruirei"(cf. Gn18,16-33). Assim, graças à intercessão de Abraão, a cidade não foi destruída.

O grande Moisés foi outro homem que se colocou em defesa do povo. Deus o havia chamado para ir à frente, para libertar os filhos de Israel da escravidão do faraó. Primeiro, Moisés, em nome do Senhor, foi até o faraó e pediu a liberdade de seu povo (cf. Êx 5,1). Vários sinais foram realizados para que ele se convencesse de que aquela era a vontade de Deus: o cajado que se transformou em serpente, a água que virou sangue, além de pragas como rãs e gafanhotos (cf. Êx 7-12). Apenas com a morte do seu primogênito o faraó deixou o povo partir, mas, depois, o perseguiu (cf. Êx 14).

Num segundo momento, Moisés já não mais pedia ao faraó, mas passou a pedir a Deus pelo povo. Após a libertação, infelizmente, esse manifestou a sua ingratidão a Deus e a Moisés, pois passou a murmurar por causa do alimento (16,3), reclamar pela falta de água. Moisés clamou ao Senhor e, então, puderam beber da água (17,2-7). O profeta intercedia, pedia e colocava-se diante do Senhor em favor de seu povo.

Temos também mulheres que intercederam, que se colocaram em favor do povo, como Ester que orou pelos seus (cf. Est 4, 17n-17kk). Judite fez o mesmo (cf. Jd 9). Maria, na festa das bodas em Caná, disse: "Fazei tudo o que ele vos disser!" (cf. Jo 2,5).

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"A intercessão é uma oração de petição que nos conforma de perto com a oração de Jesus" (cf. Catecismo da Igreja Católica n. 2634). "Ele é o único intercessor junto ao Pai em favor de todos os homens" (cf. Rm 8,34). Ele é o Cristo, o enviado de Deus para interceder por todos até as últimas consequências ao viver a Paixão. Jesus intercedeu tanto por nós, que deu a vida d'ele para que vivêssemos.

Ora, os intercessores foram homens e mulheres que se colocaram diante de Deus em favor dos necessitados, como fez Jesus. Assim, se pedirmos oração ou se orarmos pelo outro, já estaremos vivendo a intercessão. Temos ainda a riqueza, como nos ensina a Igreja, de pedir a intercessão daqueles que morreram santamente, que estão com Deus: os santos. Na profissão de fé, rezamos "creio na comunhão dos santos", ou seja, esses que estão com o Senhor podem pedir por nós que estamos aqui, e é necessário deixar bem claro que é sempre Jesus quem realiza os feitos.

Por fim, a oração de intercessão é confiante e dirigida ao Senhor em favor do outro, do necessitado. Foi isso o que os homens da Bíblia fizeram e, por excelência, Jesus fez por nós pecadores. Fomos salvos ou somos salvos pela intercessão d'Ele junto ao Pai.

Por que intercedemos? Primeiro, para imitar Cristo, que intercede por nós junto do Pai. Ele quer a nossa salvação e, uma vez que fomos alcançados e amados por Ele, passamos a segui-Lo e imitá-Lo.

Mas como O imitamos? Intercedendo pelo nosso próximo, confiando que Ele pode tudo, que nada Lhe é impossível (cf. Lc 1,37). Oramos em favor do outro, porque também entendemos que não devemos pedir apenas para nosso próprio benefício. A oração de intercessão não é passiva – o necessitado lá e eu aqui –, mas ativa como Jesus, que ia ao encontro de Seus semelhantes, que nada quis para si, mas se entregou pelo outro, "amou-os até o fim" (cf. Jo 13,1). Ativamente, intercedamos pelo próximo indo ao encontro dele.

Padre Marcio

Padre Márcio do Prado, natural de São José dos Campos (SP), é sacerdote na Comunidade Canção Nova. Ordenado em 20 de dezembro de 2009, cujo lema sacerdotal é "Fazei-o vós a eles" (Mt 7,12), padre Márcio cursou Filosofia no Instituto Canção Nova, em Cachoeira Paulista; e Teologia no Instituto Mater Dei, em Palmas (TO). Twitter: @padremarciocn


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/por-que-intercedemos/

20 de maio de 2014

Não consigo engravidar

O que a Igreja recomenda para os casais que tentaram, mas ainda não conseguiram engravidar? 

A Igreja sabe que os casais que não conseguem ter filhos sofrem. O Catecismo diz que "é grande o sofrimento de casais que descobrem que são estéreis" (n.2374). Mas, nem por isso, eles devem ser infelizes: "Os esposos a quem Deus não concedeu ter filhos podem, no entanto, ter uma vida conjugal cheia de sentido, humana e cristã. Seu matrimônio pode irradiar uma fecundidade de caridade, acolhimento e sacrifício" (n.1654).

A Igreja recomenda que esses casais busquem, na ciência médica, a possibilidade de a mulher engravidar, mas por meios que não firam a dignidade humana.

"As pesquisas que visam diminuir a esterilidade humana devem ser estimuladas, sob a condição de serem colocadas 'a serviço da pessoa humana, de seus direitos inalienáveis, de seu bem verdadeiro e integral, de acordo com o projeto e a vontade de Deus'" (Instrução Donum Vitae, 2). (n.2375)

O Magistério da Igreja entende que não é lícito gerar um filho pela inseminação artificial homóloga (pais casados) ou heteróloga (pais não casados). Diz o Catecismo que "as técnicas que provocam uma dissociação do parentesco, pela intervenção de uma pessoa estranha ao casal (doação de esperma ou de óvulo, empréstimo de útero) são gravemente desonestas. Essas técnicas (inseminação e fecundação artificiais heterólogas) lesam o direito da criança de nascer de um pai e de uma mãe conhecidos dela e ligados entre si pelo casamento. Elas traem "o direito exclusivo de se tornar pai e mãe somente um por meio do outro" (n.2376).

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"Praticadas entre o casal, essas técnicas (inseminação e fecundação artificiais homólogas) são, talvez, menos claras a um juízo imediato, mas continuam moralmente inaceitáveis. Dissociam o ato sexual do ato procriador. O ato fundante da existência dos filhos já não é um ato pelo qual duas pessoas se doam uma à outra, mas que remete a vida e a identidade do embrião ao poder dos médicos e biólogos, e instaura um domínio da técnica sobre a origem e a destinação da pessoa humana. Tal relação de dominação é por si contrária à dignidade e à igualdade que devem ser comuns aos pais e aos filhos".

"A procriação é moralmente privada de sua perfeição própria quando não é querida como o fruto do ato conjugal, isto é, do gesto específico da união dos esposos. Somente o respeito ao vínculo que existe entre os significados do ato conjugal e o respeito pela unidade do ser humano permite uma procriação de acordo com a dignidade da pessoa" (n.2377).

A Igreja recomenda que se o casal que não conseguir, por meios legítimos, a fecundação, deverá juntar esse sofrimento ao de Cristo, na cruz, e poderá adotar filhos do coração, que não são menos valiosos que os da carne. Sem dúvida, é um ato de fé de quem realmente ama Deus e está disposto a oferecer esse sacrifício no cálice da Santa Missa.

O Catecismo diz: "O Evangelho mostra que a esterilidade física não é um mal absoluto. Os esposos que, depois de terem esgotado os recursos legítimos da medicina, sofrerem de infantilidade unir-se-ão à cruz do Senhor, fonte de toda fecundidade espiritual. Podem mostrar sua generosidade adotando crianças desamparadas ou prestando relevantes serviços em favor do próximo" (n.2379).

Não conhecemos os desígnios de Deus para cada casal. Por que uns têm muitos filhos e outros não têm nenhum? Só o Senhor pode responder isso. Sabemos que Ele não é o autor da esterilidade, mas o Senhor da vida. Se, no entanto, Ele não a permite, saberá dela fazer o bem.

Acreditamos, na fé, naquilo que diz São Paulo: "Tudo concorre para o bem dos que amam a Deus". Diz a Palavra que "sem fé é impossível agradar a Deus" (Hb 11,6). "O justo viverá pela fé" (Rm 1,17). Sem dúvida, esse é um sofrimento que só pode ser superado na fé e na oração de abandono nas mãos de Deus.

Quem de nós sabe o que é bom, hoje e amanhã, para nós ou para nossos filhos? Então, na fé, o melhor é aceitar o que Deus permite que aconteça, mesmo que nosso coração sofra. Diante d'Ele os méritos desses pais será grande.


Felipe Aquino

Prof. Felipe Aquino @pfelipeaquino, é casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site do autor: www.cleofas.com.br


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/nao-consigo-engravidar/

19 de maio de 2014

Coordenadora da Ecafo faz analogia ao livro ''O Pequeno Príncipe'' para mostrar a importância da formação

Qual a relação entre o livro 'O Pequeno Príncipe' e a Escola de Capacitação Antonio Frederico Ozanam (Ecafo)? A coordenadora nacional da 'escola', consócia Vera Santos, explica neste artigo divulgado hoje pelo site SSVPBRASIL. O texto deve ser refletido pelos vicentinos e utilizado como sugestão de Leitura Espiritual durante as reuniões da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP). 

"Foi o tempo que perdeste com tua rosa que a fez tão importante" (Saint- Exupéry)
Muitos devem estar questionando: o que a frase de Exupéry tem a ver com a formação? O que tem a ver com a ECAFO? O que tem a ver com a SSVP? Pois bem, quando Exupéry escreveu esta frase na história do Pequeno Príncipe (um livro que no entender de muitos foi escrito para crianças, devido sua simplicidade), acredito que o autor queria mostrar que só conquistamos alguém ou algo quando nos doamos por inteiro, quando nos colocamos a serviço do outro no amor e na lealdade.
Palavras simples, linguagem simples e figuras simples, mas muita gente leu, releu e não entendeu. Não entendeu a mensagem de amor, a mensagem da verdadeira amizade, da pureza e da sabedoria que só existem naqueles que conseguem ver com o coração, com a alma e com o espírito, naqueles que conseguem ver além das aparências.
Assim é a SSVP, muitos estão inseridos dentro dela, mas ainda não entenderam que seu carisma e sua espiritualidade são reflexos da simplicidade de Jesus Cristo. Assim, os Módulos de formação da ECAFO são simples, com linguagem simples, de fácil reflexão. Mas por detrás da simplicidade das palavras existe uma profunda e incomensurável sabedoria que só os vocacionados ao carisma vicentino entendem. Em cada Módulo existe uma escola onde se aprende a amar profundamente a Deus na pessoa do Pobre sofredor, em que se aprende que o valor da vida consiste em "doar a vida pelo irmão"; em que se aprende o jeito simples de servir Jesus Cristo na pessoa do Pobre. Assim como a rosa do Pequeno Príncipe, os Módulos são simples e belos, cheios de vida e de entusiasmo, prontos para produzirem frutos. Mas para que produzam frutos é preciso estudá-los, entendê-los e analisá-los. É preciso ir mais além, buscar um conhecimento maior por meio das fontes que eles apresentam. É preciso aplicá-los, torná-los conhecidos de todos. Não podemos fazer como o "servo mau" e enterrá-los em uma gaveta, mas sim como o "servo bom e fiel", e fazê-los produzirem frutos "cem por um" para que a formação na SSVP seja completa.
Os "ecafeiros" ou formadores da ECAFO precisam saber com autoridade todos os conteúdos dos módulos. E, quando estiverem dando formação, é preciso que saibam o que estão falando, é preciso que acreditem no que estão falando, é preciso ter zelo e sentimento de pertença sobre o assunto em pauta. O entusiasmo, a alegria, a motivação devem ser incorporados no coração dos formadores, devem ser visíveis em suas palavras, atos e testemunhos. Outro fator importante para quando estivermos em ação a serviço da ECAFO: ser humilde e compassivo; ter um coração amoroso e aberto às luzes do Espírito Santo para que a autoridade de Jesus Cristo, de São Vicente de Paulo e do Beato Frederico Ozanam estejam impregnados no espírito, no olhar e no falar.
Vale a pena perdermos tempo com duas coisas que são essenciais para o nosso aprendizado e dos que estão recebendo a formação: estudar muito para adquirir o conhecimento acreditando na Providência Divina e aplicar esse conhecimento na certeza que toda a formação dos confrades e consócias está voltada para que possam propiciar aos Pobres uma vida digna, justa e feliz. Enquanto formadores, precisamos cuidar primeiramente de nossa formação, precisamos cuidar bem da rosa que existe dentro de cada um de nós.
Concluo parafraseando o Pequeno Príncipe: é o tempo que perdemos com a SSVP e com os Pobres assistidos que os fazem tão importantes em sua vida.
Vera Lucia dos Santos e Santos
Coordenadora nacional da ECAFO do CNB.

16 de maio de 2014

Por que ter uma família grande?

O casal precisa planejar a família de acordo com a 'paternidade responsável' 

Eu nasci numa família de nove irmãos. Perto da minha casa, morava um tio, que tinha quinze filhos. Um pouco mais longe, morava o senhor Guatura com seus 24 filhos e mais um adotivo. Era assim há uns cinquenta anos.

E que festa era! Faltava bola para jogarmos futebol no quintal; então, fazíamos bolas de pano.

No aniversário de cada filho, bastava convidar os primos para a casa já ficar cheia. Minha mãe fazia um delicioso 'pão de ló' coberto com suspiro. Era o manjar dos deuses! Cada um tinha o direito – só naquele dia – de tomar um guaraná 'caçula'. Para acabar devagar, pedíamos ao papai para fazer um furinho na tampa. Que tempo bom!

Não tínhamos quase nada, só um rádio. Não havia TV, internet, fogão a gás, geladeira, batedeira, freezer em micro-ondas, mas não nos faltava nada, havia muitos irmãos e muito amor.

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É por isso que o Catecismo da Igreja diz que "a Sagrada Escritura e a prática tradicional da Igreja veem, nas famílias numerosas, um sinal da bênção divina e da generosidade dos pais" (n.2373). E ainda: "O filho não é algo devido, mas um dom. O 'dom mais excelente do matrimônio' e uma pessoa humana'" (n. 2378).

Ora, se Deus diz, pela boca da Sua Igreja, que "os filhos são o dom mais excelente do matrimônio", então, dentro dessa lógica, quanto mais filhos melhor. Ninguém rejeita um dom de Deus, certo? É por isso que, no altar, o padre pergunta aos noivos: "Prometem receber os filhos que Deus lhes enviar, educando-os na fé de Cristo e da Igreja"?

Bem, sabemos que o mundo mudou muito nesses cinquenta anos. A vida ficou mais cara e os pais têm mais dificuldades para criar e educar os filhos. Mas não há justificativa para irmos ao outro extremo, pois há muitos casais que já não querem ter filhos ou adiam o nascimento destes por muitos motivos.

Todos os países da Europa já estão com a população diminuindo, e muitos deles fazendo fortes campanhas para aumentar a natalidade. O Japão, por exemplo, está investindo três bilhões de ienes para fomentar o nascimento de mais crianças.

O Brasil tem somente 20 pessoas por km2, enquanto o Japão tem 330; dezesseis vezes mais. E eles querem aumentar a população, pois esta está envelhecendo. E o Brasil quer diminuí-la.

A Igreja ensina que cada casal deve viver segundo a "paternidade responsável", isto é, deve ter todos os filhos que puder criar adequadamente. O critério de natalidade não deve ser o egoísmo, o medo ou o comodismo, mas o amor a Deus e ao filho, "o dom mais excelente do matrimônio". Num casal cristão não pode faltar "a fé que move montanhas". A Bíblia diz que "sem fé é impossível agradar a Deus".

Não tenho dúvidas ao dizer que quanto maior uma família tanto mais alegria há nela. Como é gostoso, nos fins de semana, os cinco filhos, o genro e as quatro noras, mais os onze netos. É uma festa que não tem preço! É claro que tudo isso custou caro, muito trabalho, suor e lágrimas. Mas é uma festa contínua. Só quem dela participa sabe o seu significado.

Nós damos valor a uma família grande sobretudo na hora da dor e do sofrimento, quando todos se juntam para ajudar aquele que sofre. Como foi bom ver meus filhos e noras acompanhando, todos os dias, em revezamento, a minha esposa no hospital, em São Paulo, em um mês de internação, antes de Deus a chamar! Como é bom compartilhar as alegrias e as lágrimas com aqueles que têm o nosso sangue!

Portanto, mesmo com as dificuldades da vida moderna, o casal deve, na fé, não negar a Deus os filhos que puder ter. Afinal, o Catecismo diz que "os pais devem considerar seus filhos como filhos de Deus e respeitá-los como pessoas humanas" (n.2222).

A maior glória que podemos dar ao Senhor é gerar um filho, pois nada neste mundo é tão grande e belo quanto ele. A nossa liturgia reza que "tudo o que criastes proclama o Vosso louvor". Pode a criação dar mais glória a Deus do que quando surge uma vida humana? Um cientista disse que "o cosmo chorou quando viu o homem surgir".

Infelizmente, caiu sobre o mundo todo um pavor estranho, um medo enorme de ter filhos; mas o casal cristão não deve se deixar levar pelo pânico de muitos ecologistas exagerados e de outros catastrofistas de plantão.

Felipe Aquino

Felipe Aquino

Prof. Felipe Aquino @pfelipeaquino, é casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site do autor: www.cleofas.com.br


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/vocacao/matrimonio/por-que-ter-uma-familia-grande/

14 de maio de 2014

O que é oração?

O nosso modo de rezar é o Senhor quem o concebe

Antes de começarmos a falar sobre oração, precisamos adentrar no seu significado, se é que podemos defini-la. Mas vamos buscar clareza sobre o tema e o modo como a oração pode fazer parte da vida do cristão.

A definição de oração pode ser expressa por palavras, mas o jeito de rezar e o relacionamento com Deus é diferente para cada pessoa. Porém, não podemos inventar o jeito próprio de rezar, mas seguir aquilo que a Igreja já determinou com seus séculos de experiência; contudo, a aplicabilidade é diferente.

 Vamos tentar definir oração:

 Diziam os Padres do Deserto que a oração é o espelho da alma. Em hebraico, oração é tefillah, que significa "juízo": [...] a oração é a possibilidade de julgar com Deus, de realizar um discernimento sobre a própria vida, sobre a relação com os outros, sobre o próprio relacionamento com as criaturas. É assim que se ordena e se aprofunda a própria interioridade, que se mede o próprio caminho humano, o próprio amadurecimento como crescimento interior adequado à própria idade e situação. (Livro: Onde está Deus? – Padre Reinaldo)

 Perceba que a oração não é nossa, mas de Deus. O próprio Senhor nos concede o dom de orar. Por isso, na oração, precisa entrar o julgamento de d'Ele. Nós precisamos nos submeter a Ele na oração. O nosso modo de rezar é o Senhor quem o concebe.

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 Sobre a oração pessoal, padre Francis Cardeal Arinze nos ensina:

"A oração pessoal é insubstituível, porque chega um tempo em que cada um é chamado a encontrar Deus frente a frente, no encontro espiritual. Isso pode acontecer na intimidade do próprio quarto, diante do sacrário, debaixo de uma árvore, no alto de um monte ou à beira-mar. Pode acontecer mesmo ao volante do carro ou em algum momento da Missa, como enquanto a preparamos, antes da coleta, após a leitura ou na homilia, sem dúvida após a santa comunhão e na ação de graças, após a Celebração Eucarística.

A nossa oração privada há de ser realmente pessoal: há de brotar do coração. Podemos exprimi-la com ou sem palavras; não podemos nos limitar a repetir preces escritas por mestres espirituais e por santos, ainda que tais fórmulas nos ajudem a entrar na oração pessoal.

 A oração deve ser incessante e continua. Por isso, requer dois pontos:

  1. Qualidade da oração: buscar rezar com o coração para, assim, gerar uma contínua e ininterrupta perseverança. Orai sem cessar (1 Ts 5, 17).

  1. Oração pura e sincera: ser feita com fervor – evitar as inquietações e preocupações. Deixar Deus entrar no santuário do meu coração."

Para concluir o sentido e o significado do que é oração, fixemos nosso olhar na graça de Deus. E a Igreja a define assim:

 "A oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado para o céu, é um grito de gratidão e de amor, tanto no meio da tribulação como no meio da alegria". (CIC 2558).

Pe. Reinaldo Cazumbá

Pe. Reinaldo Cazumbá

Sacerdote membro da Canção Nova, estudante de psicologia, atua no Instituto Teológico Bento XVI e também exerce a função de diretor espiritual dos futuros sacerdotes da comunidade. Autor do livro: "Onde está Deus?". Acesse: blog.cancaonova.com/padrereinaldo


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/o-que-e-oracao/

13 de maio de 2014

Viva Nossa Senhora de Fátima

"A treze de maio, na Cova da Iria, no céu aparece a Virgem Maria"

Ouvir esse canto vindo do povo português tem um tom diferente. Afinal, foi lá que a Virgem Maria quis aparecer, em Fátima, a mensagem mais atual, confirmada e aceita pela Igreja.


São muitos os elementos que compõe a espiritualidade profunda da Cova da Iria.

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- A Rampa: o local onde fiéis descem, de joelhos ou mesmo rastejando, trazendo no coração pedidos de oração ou a gratidão por uma graça recebida.

- O Valinhos: local onde viviam as três crianças. Hoje, é lugar de peregrinação, onde inúmeros fiéis rezam a Via Sacra em clima de oração e silêncio.

- Oração e silêncio também são elementos marcantes da espiritualidade daquele lugar santo. Não há como calar diante do apelo da Virgem Maria. Aquele céu de um azul inenarrável faz calar qualquer dor, até mesmo a mais profunda, pois, no colo da Virgem Maria, o homem encontra conforto e consolo.

- A linda basílica parece ter sido moldada pelos anjos, numa arquitetura que aponta para o céu. De cor clara, retrata a pureza da Mãe de Jesus e nos conduz a uma profunda reflexão. Inúmeras foram as vezes que rezei olhando para aquele santuário; ali, fiz uma experiência de Céu. Para mim, é, às vezes, difícil narrar tudo o que vivi em Fátima, é como seu eu tivesse me encontrado comigo e com o grande desígnio de Deus a meu respeito, cuja finalidade é única: o Céu.

- Meus pequenos pastorinhos, gigantes na fé, ensinaram-me a amar mais, fizeram-me entrar no mistério da oferta e do sacrifício; não por mim mesma, mas pelo outro. Aquelas simples crianças são mestres na doação e no amor a Jesus e Sua Mãe.


Hoje, vivo na Terra Santa, onde Maria nasceu e viveu – um mistério e uma graça que Deus me concedeu –, mas meu coração não se separa da mensagem de Fátima nem de tudo o que ela me "ensinou", que o Céu é, assim, indiviso, pois não compete entre si, não é reino dividido. A Terra Santa, com seus ensinamentos e espiritualidade, completa em mim o que comecei a viver em Fátima, na Cova de Iria, aos pés da Mulher mais brilhante que o sol.

Cantem meus portugueses amados, celebrem com gratidão a Deus o acontecimento que foi realizado aí. Vocês são privilegiados, por isso, façam memória, levem para todo o mundo, tão ferido pela dor, pelo egoísmo, pelo ateísmo, a sua fé tão repleta de significado e de força tamanha.

Estando no Oriente, vejo o quanto os cristãos precisam da oração e do sacrifício do povo de Deus. Ao nosso redor, vemos relatados, todos os dias, de muita dor e muito sofrimento.

Na Síria, cristãos padecem por professar sua fé, morrem em cruzes, decapitados… Mas não desistem! A oração de um povo os sustenta, os mantêm firmes, mesmo diante do martírio. Em Fátima, rezou-se pelo fim da guerra.

Que a Virgem de Fátima possa ajudar a deixar de lado a guerra que nasce no coração do homem. Francisco, Lúcia e Jacinta, peçam ao Bom Deus por nós. Rezem por nós pecadores!

Amém!

Cristiane Henrique

Missionária da Comunidade Canção Nova.

12 de maio de 2014

Filha testemunha a alegria da adoção

Não nasci do útero de minha mãe, mas nasci do coração dela!
A prática da adoção ainda é um desafio a ser vencido no Brasil, no entanto, muitas famílias têm superado as barreiras do preconceito e da dúvida e colhido os frutos da bela decisão. Como é o caso da fisioterapeuta Maria Isabel Ferminio, que contou ao formacao.cancaonova.com como foi sua história de adoção.
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Redação: Com quantos anos você foi adotada? E como aconteceu todo o processo?
Fui adotada com quatro meses de gestação, minha mãe biológica não tinha condições de me criar e o meu pai biológico não queria assumir um relacionamento com ela, nem me assumir por julgar que ele não era realmente o meu pai. Minha avó biológica, após a tentativa de aborto frustrada da minha mãe, quis de imediato procurar um família que pudesse me adotar. Então ela partilhou a história com a minha mãe adotiva, que trabalhava na mesma escola que ela. Em conversa com meu pai e com meus irmãos adotivos eles me disseram que, desde então, me adotaram no coração. No dia seguinte ao meu nascimento fui diretamente para a casa da minha família adotiva.
Redação: Você foi adotada ainda no período de gestação. Como sua família se preparou para receber você?
Quando foi acertada a minha adoção, não sabiam o meu sexo ainda, e a expectativa era se seria menino ou menina. Assim que souberam que eu era uma menina, pouco a pouco meus pais foram comprando o enxoval. Minha mãe disse que compraram apenas o básico, pois eles ganharam muitas roupinhas e coisinhas de bebê. E sempre combinaram em me dizer a verdade sobre a minha origem.
Redação: Como seus irmãos a acolheram?
Muito bem! Meus irmãos sempre foram maravilhosos. Minha irmã, por ser vinte anos mais velha que eu, se organizava no trabalho para sair mais cedo, e meu pai poder trabalhar no período da tarde. Meu irmão, 10 anos mais velho, hoje falecido, também cuidava de mim. Recordo-me até hoje que, muitas vezes, ele deixou de sair, para brincar com os amigos, para poder cuidar de mim. Nunca houve nenhum tipo de diferença entre nós, penso até que fui paparicada demais.
Redação: Como foi o relacionamento com sua mãe?
Sempre me relacionei muito bem com ela, a admiro muito pela coragem de ter me adotado e a forma como ela e meu pai me criaram. O cuidado que sempre teve comigo é digno de toda admiração que tenho por ela! Não nasci do útero dela, mas nasci do coração!
Redação: Em que sua mãe contribuiu na sua formação, para você se tornar uma mulher e uma profissional tão cheia de valores?
Em tudo, percebo o quanto a minha mãe me ensinou a fazer as escolhas certas, a liberdade na dose exata para cada momento, os incentivos nos momentos em que tive vontade de desistir, as broncas quando estas foram necessárias. Foi o amor dela que me impulsionou a dar passos e a ter a ousadia que, muitas vezes, julguei não ter. Aos poucos foi me moldando em tudo que sou hoje e sou grata a ela por tudo isso, não sei como medir isso em palavras.
Redação: Como foi descobrir que seus pais a adotaram? Como você reagiu?
Eu percebia que eu era muito diferente das pessoas em casa. Sou negra e todos eles são brancos; meu irmão é um pouco mais moreno, mas bem parecido com minha mãe. Então, certo dia, perguntei se, quando ela estava grávida de mim, havia tomado muita Coca-cola e café, por eu era mais escura que todos eles, ou se era porque eu havia sido adotada. E ela disse que havia me adotado. No início eu fiquei sem entender e perguntei por que meus pais biológicos não haviam ficado comigo e minha mãe me explicou que eles não tinham dinheiro para me criar. E conforme eu fui crescendo ela foi me contando o restante da história e nunca me escondeu nada.
Redação: Você conheceu a sua mãe biológica? Como foi o contato com ela?
Não sabia como iniciar a conversa com ela ao conhecê-la, pedia que ela contasse a minha história e depois lhe fiz algumas perguntas. Ela chorou muito durante a partilha e me pediu perdão. Eu a agradeci por ter me dado a meus pais em vez de tentar novamente me abortar.
Redação: Qual foi sua expectativa ao conhecê-la?
Eu queria saber se eu era parecida fisicamente com ela, mas não vi tanta semelhança, de certa forma gostei. Fiquei muito feliz em saber que, ao longo de minha vida, meus pais adotivos nunca omitiram nada da minha vida. A mesma história que eles me relataram foi a mesma que minha mãe biológica me contou.
Redação: Aproxima-se o Dia das Mães, o que você gostaria de dizer à sua mãe?
Obrigada, mãe, pelo seu "sim" à minha vida e por ter tido a coragem de me dar a minha família. Muitas mães temem a adoção. Deixe uma mensagem para essas mulheres.
A generosidade materna é capaz de gestar no coração a vida de alguém que Deus lhe confiou por amor. Deus proverá todas as coisas.