7 de maio de 2014

Saiba como se afastar do pecado da inveja

A inveja não traz felicidade para o nosso coração

Não é sem razão que a Igreja classifica a inveja como pecado capital. Muitos e muitos males provém dela. Diz o livro da Sabedoria que é por causa da inveja que o demônio levou ao pecado nossos primeiros pais no início da história da humanidade.
"Ora, Deus criou o homem para a imortalidade e o fez à imagem de sua própria natureza. É por inveja do demônio que a morte entrou no mundo, e os que pertencem ao demônio prová-la-ão" (Sb 2,23-24).

Santo Agostinho dizia que "a inveja é o pecado diabólico por excelência". E se referia a ela como "o caruncho da alma que tudo rói e reduz a pó".

A inveja é companheira daquele que não suporta o sucesso dos outros e não se conforma em ver alguém melhor do que ele mesmo. Está sempre com aquelas pessoas soberbas, que querem sempre ser melhores do que as outras em tudo. Muitas vezes, ela também é companheira das pessoas inseguras, fracassadas ou revoltadas, que, não conseguindo o sucesso das outras, ficam corroídas de inveja e desejando-lhes o mal. Fica torcendo pelo mal do outro, e quando este fracassa, diz em seu interior: "bem feito!".

O primeiro pecado dos filhos de Adão e Eva foi cometido por inveja. Caim matou o irmão Abel. Abel era pastor e Caim lavrador (cf. Gen 4). Pior do que um homicídio (assassinato de um homem), o crime de Caim, movido pela inveja, foi um fratricídio (assassinato de um irmão).
Também por causa da inveja os filhos do patriarca Jacó venderam o seu filho caçula, José, para os mercadores que o levaram para o Egito.

O caso mais triste que as Escrituras nos relatam, por causa da inveja, é o da morte de Jesus. O evangelista São Mateus deixa claro a razão que os levou a matar o Filho de Deus: "Pilatos dirigiu-se ao povo reunido: 'Qual quereis que eu vos solte: Barrabás ou Jesus, que se chama Cristo?' Ele sabia que tinham entregue Jesus por inveja" (Mt 27,18).
Vemos, assim, a que ponto chega a inveja. Diante disto, temos que nos acautelar; uma vez movidos por ela, somos levados a praticar muitas injustiças. Quantas fofocas, maledicências, intrigas, brigas, rivalidades, calúnias e ódios acontecem por causa de uma inveja!

O pior de tudo para nós cristãos é constatar que ela se entranha até mesmo nas obras e nos filhos de Deus. Podemos dizer seguramente que muitas rivalidades e disputas que surgem também no coração da Igreja, tristemente são causadas pela inveja, pelo ciúme e despeito.

Ao invés de se alegrar com o sucesso do irmão no seu trabalho para o Reino de Deus, a pessoa fica remoendo a inveja, porque não consegue o mesmo sucesso. O que importa afinal, é o meu sucesso. O invejoso é infeliz com a própria desgraça e com a felicidade do outro.

Precisamos aprender a fazer com que a felicidade do próximo seja um motivo a mais para sermos felizes; não o contrário. A inveja é uma perversão.
Quando o menor sentimento de inveja brotar em nosso coração, precisamos cortá-lo de imediato, com a sábia atitude do "agire contra"; isto é, substituir o sentimento de desprezo por um sentimento de amor, num profundo desejo de que essa pessoa progrida ainda com o sucesso que não conseguimos alcançar. É preciso saber pedir perdão a Deus pelo mau sentimento em nós gerado.

Quem sabe, agindo assim, daremos um tapa na cara do tentador que deseja, a todo custo, semear o veneno da inveja em nossa alma, fomentando a intriga, a maledicência, a rivalidade entre os irmãos. Não o permitamos. São Paulo nos ensina a não dar oportunidade ao demônio para agir em nossa vida. "Não deis lugar ao demônio" (Ef 4,27).

Santo Agostinho nos ajuda a entender a gravidade da inveja: "Terrível mal da alma, vírus da mente e fulminante corrosivo do coração, é invejar os dons de Deus que o irmão possui, sentir-se desafortunado por causa da fortuna dos outros, atormentar-se com o êxito dos demais, cometer um crime no segredo do coração, entregando o espírito e os sentidos  à tortura da ansiedade; destroçar-se com a própria fúria!"

Dizia São Leão Magno que "quando todos estivermos cheios de sentimentos de benevolência, o veneno da inveja há de desaparecer inteiramente".
O mesmo santo doutor e Papa ensinava que ardem de inveja da perfeição dos outros; e, como os vícios desagradam as virtudes, armam-se de ódios contra aqueles cujos exemplos não seguem.

São João Crisóstomo (†404), o grande patriarca e doutor da Igreja, chamado de "boca de ouro", mostra bem o perigo da inveja para a vida cristã:
"Nós nos combatemos mutuamente e é a inveja que nos arma uns contra os outros. Pois bem, alegrai-vos com o progresso do vosso irmão e imediatamente Deus será glorificado por vós".

Felipe Aquino

Felipe Aquino

Prof. Felipe Aquino @pfelipeaquino, é casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site do autor: www.cleofas.com.br


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/saiba-como-se-afastar-do-pecado-da-inveja/

5 de maio de 2014

Sejamos verdadeiros cristãos nos momentos de dor

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O plano de Deus é um mistério para nós

Nos momentos de consolo a familiares que perderam entes queridos, sempre vemos pessoas que, na melhor das intenções, sugerem que a família tente encontrar, no espiritismo, as explicações para a desgraça, comunicando-se com seus mortos. Para elas, uma forma de compensar a dor é saber em que situação se encontram os entes queridos: se estão bem, onde estão e com quem estão. Até entendemos, do ponto de vista psicológico, esse tipo de comportamento, mas, sob os olhos do Cristianismo, isso não deveria acontecer, pois, no Livro do Deuteronômio, o Senhor nos diz: "Não haja em teu meio quem faça passar pelo fogo o filho ou filha, nem quem consulte adivinhos ou observe sonhos ou agouros, nem quem use a feitiçaria; nem quem recorra à magia, consulte os oráculos, interrogue espíritos ou evoque os mortos. Pois o Senhor abomina quem se entrega a tais práticas. É por tais abominações que o Senhor teu Deus deserdará diante de ti estas nações" (Dt 18,10-12)

O verdadeiro cristão não pode ser adapto ao espiritismo, já que, se for, será incoerente consigo mesmo, pois o espiritismo advoga a reencarnação, enquanto nós, cristãos, cremos em uma única vida, nesta terra, conforme está escrito na Carta aos Hebreus: "E como está determinado que os homens morrem uma só vez, e depois vem o julgamento" (Hb 9,27). Infelizmente, muitas pessoas são enganadas quando se encontram fragilizadas pela morte de um ente querido. Muitas chegam a acreditar que, realmente, fizeram contato com o falecido. Deixo claro que não tenho absolutamente nada contra os espíritas, pois eles são nossos irmãos também, apenas não concordo com o que a filosofia espírita preconiza. Acredito que o que ocorre, durante essas experiências extrassensoriais espíritas, é apenas uma manifestação do nosso próprio inconsciente ou da nossa própria vontade.

Há alguns anos, em uma de minhas viagens pela França, estive em Martezè, uma pequena aldeia da Provence, onde vive a Marielle, uma grande amiga francesa. Ela nos levou à casa de uma senhora, Madame Françoise, sua conhecida, cujo marido tinha falecido há alguns anos e que tinha uma história estranha, que ela acreditava que eu deveria ouvir. Madame Françoise era viúva há muitos anos. Não tinha preocupações financeiras. Embora tivesse filhos, vivia sozinha, mas sempre recordando os momentos vividos com o marido. Para minha surpresa, ela não era uma pessoa triste e deprimida, mas forte, firme e muito enérgica em seus quase oitenta anos de vida. Entre um petit four e uma taça do indescritível vinho da região de Bordeaux, começou a contar-me que, certo dia, se sentou na sua sala para ouvir um pouco de música, pois estava triste, sentindo muita falta de Bernard, seu falecido marido. Colocou, no rádio, um cassete e, após ouvir a primeira música, antes de começar a seguinte, notou ruídos estranhos que, aos poucos, reconheceu como sendo a voz do falecido marido. Ele lhe dizia que estava bem e que a amava muito.\

 

Não se contentando somente em contar a história, ela se levantou, pegou a fita e a colocou no rádio. Enquanto a fita rodava, a senhora nos mostrava em que ponto havia a suposta mensagem. Evidente, não ouvi nada, a não ser ruídos de uma fita com defeitos técnicos por baixa rotação. Tudo não passava de fruto da sua imaginação. Ela, no entanto, acreditava piamente que Monsier Bernard havia se comunicado com ela.\

 

Na volta para o castelo da Marielle, conversamos muito a respeito do caso. Evidentemente, tudo não passava de um mecanismo de compensação que ela mesma criara para dar à sua vida uma razão existencial.

 

Quantas pessoas não criam suas próprias verdades, consciente ou inconscientemente, para explicar fatos de sua vida? Sei que é difícil entendermos os porquês, pois o plano de Deus é um mistério para nós. Cabe-nos apenas entender o para quê.\\

 

Há muitos anos, participei do espiritismo. Por isso sei que, em momentos de perda e desespero, muitos buscam alguma forma de contato com os mortos, a fim de conseguir um pouco de consolo e paz. Hoje, de volta ao seio da Igreja Católica, na qual sou batizado, tenho consciência da diferença entre a filosofia espírita e a doutrina católica.

Estive com o diácono Nelsinho Correâ e falei com ele sobre o caso da Patrícia. O diácono, em sua imensa sabedoria e discernimento, sempre derrama um pouco de água fria nas minhas ponderações, porque sabe que, como bom descendente de italiano, às vezes não penso no que digo e não raramente ofendo alguns irmãos com minhas opiniões muito radicais. Nesse dia, perguntei ao Nelsinho sobre o que encontramos na Bíblia a respeito do espiritismo. Ele me respondeu: "Savioli, a primeira diferença básica é a nossa fé não na reencarnação, mas na Ressurreição de Cristo, que abriu caminho para nós também! Acrescentado a isso, temos a Palavra de Deus. Primeiro, no Antigo Testemunho, em Deuteronômio 18,10-14. Nessa Palavra, Deus proíbe claramente a evocação dos mortos. Depois, no Novo Testamento, em João 6,54, Jesus fala: 'Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia'. Temos ainda Lucas, capítulo 24: 'Por que procurais entre os mortos aquele que está vivo?' (Lc 24,5). Isso nos abre outra perspectiva do sofrimento, da dor, do choro, do luto, da sublimação".

A Bíblia tem vários exemplos de como o povo de Deus lidava com o luto. Monsenhor Jonas Abib aborda isso em uma palestra que fez sobre a importância do luto. Olhe o exemplo da Bíblia: "Abraão veio fazer luto por Sara e chorá-la (Gn 23,2).

Davi, por conta da morte de Abner, filho do chefe do exército de Saul, diz: "Rasgai vossas vestes e vesti-vos de luto. Ide chorar nos funerais de Abner". […] Quando Abner foi enterrado, em Hebron, Davi levantou sua voz e chorou sobre o túmulo de Abner. Também todo o povo chorou (2Sm 3,31-32).


O próprio Jesus, diz a Bíblia, "teve lágrimas" (Jo 11,35) diante da morte de Seu amigo Lázaro. Enfim, todas essas passagens nos mostram que não devemos "mascarar" a dor, não devemos queimar etapas. É preciso viver o momento da perda, esvaziando-o pelo pranto.


Concordei com suas palavras e lembrei-lhe que, infelizmente, o pranto não tem sido mais permitido. Ao se perder alguém, o enlutado é dopado. Não sabe o que está acontecendo ou então é reprimido, instigado a não chorar e a ser forte. Por isso, deixo aqui um alerta: se este momento não for vivido, o sofrimento não pranteado poderá resultar em depressão e fobia, pois a pessoa foi poupada de algo que ela deveria ter vivido, com ajuda sim, mas com a consciência de que ninguém pode viver a dor em seu lugar.

Doutor Roque Savioli

Apresentador do Programa " Mais Saude" na Rede Canção Nova de Ràdio (AM)


1 de maio de 2014

O mundo e a Igreja

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A luz do Evangelho é o que existe de melhor para o mundo

A Igreja de Jesus Cristo saiu, literalmente, à praça pública, no dia da canonização de São João XXIII e São João Paulo II, dois Papas de nossa geração, testemunhas das muitas vicissitudes e alegrias do tempo desafiador e maravilhoso em que nos encontramos. Quem acompanhou pessoalmente ou pelos meios de comunicação pôde conferir a diversidade de culturas, línguas e povos ali representados. Chamava à atenção o fato de que chefes de Estado e de Governo compartilhavam espaço e emoção com a multidão presente em Roma. As várias confissões cristãs, representantes de outras religiões e pessoas de convicções diferentes... Um mundo inteiro se sentia atraído por duas figuras ímpares quanto à missão exercida a seu tempo e quanto à têmpera de seu modo de ser homens e cristãos.

Papa Francisco salientou, em sua homilia da Missa da Festa da Divina Misericórdia, que João XXIII e João Paulo II não tiveram medo de se defrontar com as chagas do mundo e de sua geração. João XXIII quis abrir as janelas da Igreja para que o sopro do Espírito se espalhasse, a fim de alcançar todos os homens e mulheres. João Paulo II, o missionário mais ardoroso de que temos conhecimento nos últimos tempos, além de todo o empenho pela Evangelização, foi ao encontro das pessoas, conversou com todos, não fugiu das situações mais dolorosas da Igreja e do mundo. É que os cristãos se encontram dentro das realidades do mundo, são passíveis de erros e pecados, podem colocar tudo a perder, se não é a graça de Deus que os acompanha e sustenta.

A chave que abre as portas da esperança e da felicidade é, justamente, o reconhecimento simultâneo das fragilidades humanas e da força de Deus. Aquele que pode abrir o livro da vida das pessoas e da história humana é Jesus Cristo, o Cordeiro Imolado, o Santo de Deus. Só Ele tira o pecado do mundo (Cf. Ap 5, 1-8). Como Deus não nos fez para amassar barro na maldade e no egoísmo, o desejo de ser puros e santos atrai a todos. Por isso, apresentar a Boa Nova de Jesus Cristo, malgrado todos os pecados do mundo, é a estrada mestra para todos, sem exceção. Cabe à Igreja ter a ousadia de apontar para frente e para o alto, fazendo tudo para que o maior número possível de pessoas se envolva nesta grande marcha rumo à perfeição das relações das pessoas com Deus e entre si. Por isso, tantos irmãos e irmãs são inscritos no catálogo dos santos, reconhecidos como modelos no seguimento de Jesus

As imagens do dia da Divina Misericórdia eram suficientemente eloquentes para nos convencermos de que a Igreja tem uma palavra e um testemunho a oferecer ao mundo. Trata-se de sua missão, na qual não pode se omitir. Ela deve ser anunciadora da verdade e lutar pela dignidade das pessoas, assim como há de mostrar que o melhor para todos é o amor ao próximo e o amor a Deus. Ao mostrar este caminho, que tem o nome de santidade, a Igreja e os cristãos aprenderão a se confrontar com as realidades humanas, inclusive quando as diferenças vêm à tona. E o diálogo entre diferentes começa com a valorização recíproca, que comporta superação de julgamentos e preconceitos. Acreditar no bem que existe no outro, seja qual for sua origem, idade ou prática religiosa, é um passo fundamental. Convergem na direção do bem as pessoas que apostam tudo nas próprias convicções e, ao mesmo tempo, se abrem para o bem que existe em quem procede de outras plagas.

As pessoas com quem dialogamos venham também a ter conhecimento de que temos algo a oferecer. Não somos incapazes quanto à humanidade e a cultura. A luz do Evangelho é o que existe de melhor para o mundo. Nada de omissão. Sejam, pois, superados os eventuais complexos de inferioridade com os quais muitos cristãos se apresentam diante das estruturas do mundo. Cresça a presença qualificada dos cristãos nos diversos campos profissionais. Amadureça sua capacidade de dar razão da esperança, segundo o caminho proposto pelo Apóstolo São Pedro: "Se tiverdes que sofrer por causa da justiça, felizes de vós! Não tenhais medo de suas intimidações, nem vos deixeis perturbar. Antes, declarai santo, em vossos corações, o Senhor Jesus Cristo e estai sempre prontos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que a pedir. Fazei-o, porém, com mansidão e respeito e com boa consciência" (1Pd 3,14-16).

A aventura da santidade se tornou mais atraente ainda com São João XXIII e São João Paulo II. Mas o que fazer para ser santo? Santo é quem olha ao seu redor e não se cansa de colher as flores e os frutos da árvore da vida, plantada pelo próprio Deus. Santo é quem não receia olhar nos olhos dos outros e ver o brilho que neles se acende. Santo é quem não se rende diante da maldade, mas persevera na busca do bem e dá nome ao bem que encontra. Santo é quem se convence de que Deus só sabe amar e olha para as pessoas com amor infinito. Santo é quem gosta do bem, da beleza, da verdade.

Nestes primeiros dias do mês de maio, venha em relevo um campo específico, no qual a santidade pode e deve crescer, o do trabalho. Ninguém separe sua vida de fé das suas atividades profissionais, sejam quais forem. E vale oferecer, justamente para o trabalho, dois outros sinais esplêndidos. Trata-se de Maria, Mãe do Redentor, uma simples Mãe de Família, no mês que lhe é dedicado. Outro é São José, o operário! As duas figuras, indispensáveis na vida cristã, foram mundo e Igreja, mãos que trabalharam e santidade inigualável. Os dois santos, apenas canonizados, souberam oferecer tais exemplos e deles foram devotos. É a hora da Igreja, é a hora do mundo, a quem o Senhor Jesus oferece a salvação, pelos méritos de Sua Paixão, Morte e Ressurreição. Ninguém desperdice o tempo de Deus, que se chama hoje!

Foto

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13500#.U2KPmij2ZRY

29 de abril de 2014

Salva Pelo Perdão

A história foi contada por ela mesma, 34 anos convertida a Jesus, católica, rosto sofrido, mas traços bonitos. Aos 15 anos começou a alugar o corpo. Na época, calcula ela, a preço de hoje cobrava 10 reais a hora. Morava na periferia. Era o seu jeito de conseguir vestidos, sapatos e outras coisas que seus pais jamais lhe poderiam dar. Aos 17 anos cobrava 15 reais, mas fazia ponto em lugares chiques da cidade. Aos 18 encontrou um gigolô e seu preço subiu para 50. Ficava com metade.
Casou-se com um outro gigolô. Separou-se em oito meses. Bonita, quis fazer faculdade para sair daquela vida. Começou a trabalhar por conta própria, O gigolô ex marido prometeu que, se a pegasse de jeito, acabaria com ela e não deixaria vestígios daquele rosto. Ela contratou um guarda-costas. Na faculdade, seu preço subiu a 100 reais a hora. Houve dias em que ganhava 500 reais. Com o dinheiro comprou carro e duas casas, casou-se no civil com o guarda-costas.
Não conseguia engravidar. O segundo casamento durou 4 anos entre altos e baixos. Por ciúmes ele bateu nela 3 ou 4 vezes. A essa altura ela terminara a faculdade e tinha conseguido o que queria. Mudou de vida. Nunca mais se prostituiu. Um dia, o primeiro ex marido apareceu com fotos para chantageá-la. Mas seus pais que ainda moravam no norte, já sabiam.
Ela resolveu não ceder à chantagem e ele a subjugou e cortou-lhe o rosto, as coxas e as costas, com o aviso de que se o denunciasse, sua irmã mais nova morreria. Um amigo a socorreu. Os pais vieram ficar com ela e resolveram não denunciar o bandido, porque sabiam do perigo e da fúria desse tipo de gente.
Ela agora trabalhava de voluntária em hospitais e acompanhando moças em situação semelhante à sua. Advogada, tinha essa possibilidade. Um dia, o gigolô apareceu morto. Suspeitaram do guarda-costas, seu ex marido, mas ele provou sua inocência; suspeitaram dela mas ela também provou sua inocência. Descobriu-se mais tarde que ele tinha inimigos por toda parte e que usara do mesmo método com outras duas mulheres.
Disse-me que eu poderia contar sua historia, sem dar nomes e endereço. É o que estou fazendo. Dos 15 aos 17 anos ela alugava o corpo por uma hora, várias vezes ao dia. Na época, achou que valeria a pena. O rosto ainda bonito da advogada, mostrava as cicatrizes que ela escondia com os cabelos.
O novo namorado, a estas alturas, o terceiro homem de sua vida, aceitou sua vida pregressa e pediu apenas um favor: que ela se desfizesse do apartamento comprado com prostituição. Que tivesse apenas os bens que ela conseguira no exercício de advocacia. Ele, por sua parte casaria com separação de bens, deixando claro que não tinha interesse nos bens dela e, sim, no bem dela.
Sua nova união prosperou. Deixou sua história registrada num longo depoimento de doze páginas, testemunhando que Jesus a libertara daquela vida, e que uma canção de Bárbara Streisand, chamada "People", foi o que iniciou nela um processo de mudança. Não é uma canção religiosa mas produziu na sua vida um profundo efeito espiritual. Uma das frases da canção assim reza: "People who like people are the luckiest people in the world, "Gente que gosta e que admite precisar de gente de gente, é a gente mais feliz desse mundo". Ela precisou e achou quem realmente precisava dela. Foi salva pelo perdão!

Fonte: http://www.padrezezinhoscj.com/wallwp/artigos_padre_zezinho/matrimonio/salva-pelo-perdao

A Coragem de Denunciar

Há pregadores que praticam e ensinam que se devem apenas anunciar a Palavra de Deus e nunca denunciar os outros. Mas eles mesmos denunciam o pecado e seus efeitos na pessoa e na comunidade. Chegam a considerar a denúncia política como falta de espiritualidade. Esquecem os salmos, Isaias, Jeremias, Amós, Oséias e os profetas que denunciavam as injustiças, exatamente porque acreditavam em Deus e viam que as instituições, os reinos, os falsos profetas e os reis tinham se afastado da justiça e da misericórdia. A Bíblia está cheia de denúncias políticas.
Defender o povo e denunciar o que o fere e se preciso os que o ferem, e fazê-lo sem perder a ternura é atitude altamente espiritual. Jesus o fez. Os apóstolos o fizeram, os bispos no Vaticano II o fizeram, os bispos do Brasil o fizeram.
Fomos criticados quando na Gaudium et Spes, nos anos 60 a Igreja questionou o falso progresso dos nossos tempos. Progresso a todo custo acaba em alto custo social. Progresso a qualquer preço aumenta o preço do produto e avilta o preço do produtor. O capital não pode ser mais importante que o trabalhador e seu trabalho.
Também Paulo VI e João Paulo II, quando denunciaram, nas suas encíclicas sociais, o progresso a qualquer preço, foram chamados de retrógrados. Não faltaram pregadores de outras igrejas a porem nos católicos a pecha de serem atravancadores do progresso. Foi preciso mais uma crise do capitalismo para entender que progresso tem limites. Foi preciso a constatação de que as dramática mudanças climáticas do mundo são fruto da ganância de quem suja o planeta para entenderem que os cristãos precisam denunciar tudo o que periclita a vida futura. Nosso excesso de consumo e nossa febre de possuir hoje pode ser a carência de água e a fome de amanhã. Nem o capitalismo nem o comunismo se revelaram solução para o mundo. Denuncie-se o que têm de perverso e se aceite o que oferecem de bom!
Quando a Igreja levantou a voz em defesa do feto e do embrião, sustentando que havia outros caminhos para se conseguir células tronco, foi barbaramente ofendida e chamada de retrógrada, até por cientistas que sabiam que havia outras soluções.Mas, enquanto não vinham novas descobertas eles queriam aquela mais imediata. A Igreja não engoliu o argumento, foi contra o imediatismo e denunciou. E o fez do púlpito, em missa e nas praças diante das catedrais. Fez bem ou fez mal? Foi falta de espiritualidade ou foi alta espiritualidade?
Quando denuncia o tráfico de entorpecentes, de escravas sexuais, de órgãos humanos e de favores políticos está cumprindo o seu dever de Mãe e Mestra. Pregador que jamais denuncia porque não deseja correr o risco ou tem noção errada de espiritualidade ou é covarde. O que denuncia tudo, apressadamente, e de maneira imatura e sem provas também mostra falta e conteúdo. Não foram poucos os que na televisão e no rádio falaram contra a manipulação do embrião confundindo alhos com bugalhos. Clonagem é uma coisa, coleta de células tronco é outra. Poderiam ter lido um pouco mais!
Há casos em que o pregador deve evitar nomes. Há outros nos quais não pode se omitir. Pagará alto preço por isso, mas deve recorrer ao bispo e aos colegas e então agir. Se sabe que há corrupção no seu município deve falar dela. Se não quiser citar nomes não cite, mas não se omita como se sua missão fosse apenas ensinar a orar. Junte sua voz a voz do povo e peça investigação. Se não quer fazê-lo do púlpito faça-o no radio ou em outros veículos, mas não se omita."Só falo de conversão e de Deus. De política falem os católicos políticos" – disse um pregador formado em linha de Igreja Light, termo usado no ano 2.000, no documento sobre a Ética nos Meios de Comunicação Social. O colega retrucou: -Então rasgue sua Bíblia e ignore os profetas, os salmos, os evangelhos e as epistolas e funde uma nova igreja, porque, na nossa muitos morreram em defesa do povo, denunciando o que tinha que ser denunciado.Descanonize todos os santos que deram a vida em favor da justiça. Mude a frase de Jesus que disse que ninguém em maior amor do que aquele que dá a sua vida em defesa dos irmãos.
É mais cômodo deixar a denuncia aos políticos. Mas uma coisa é deixar a política para os políticos e outra é formar o povo em conceitos sólidos de políticas justa, de justiça, paz e direitos humanos. Se a injustiça fere demais o povo, demonstra alto grau de espiritualidade o político ou o pregador que se arrisca e mostra onde está a origem da dor do povo. Não basta dizer que foi o pecado. Tem que dizer que pecado da sociedade, que grupo e que leis ou lacunas o ferem. Basta criar casas de cura para as vitimas da droga, ou deve-se também denunciar os caminhos pelos quais a droga chega aos nossos adolescentes?
A maioria dos nossos anúncios não precisam passar pela denúncia. Mas há anúncios que não fazem sentido se não passam pela denúncia. Anunciemos a virtude das mulheres. Denunciemos o tráfico de escravas sexuais e alertemos nossas meninas quanto a aliciadores que lhes oferecem trabalho na Espanha e na Itália sem nenhuma qualificação profissional… Anunciemos o trabalho e o emprego, Denunciemos a escravidão onde ela ainda existir. Os papas o fazem. Os bispos o fazem, o pregador o faça!

28 de abril de 2014

Grandes poderes = grandes responsabilidades

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Homens de verdade expressam poder e misericórdia

 Sei que muitos de nós, homens, temos tendência para ser mais práticos, para buscar as soluções dos problemas em vez de nos envolvermos neles e falar deles. Às vezes, entramos em nossa 'caixinha do nada' para sobreviver. Sim, 'caixa do nada'. "Ei, o que você está pensando?" "Nada". "Te fiz algo?" "Nada". Nada é nada mesmo. Isso nos faz viver a vida de maneira mais livre, mas que nosso 'segredo do nada' não nos impeça de nos envolvermos no que vale a pena! Homens de verdade expressam poder e misericórdia. Coragem e emoção!

Fico impressionado com o jeito de Jesus. Ele era amigo, encorajava e ensinava os discípulos, era um Pai para eles e para o povo. Jesus, às vezes, ria com eles, ia para as festas com a galera, mas também batia o pé em questões em que até mesmo os discípulos mais próximos discordavam. Era firme quando preciso e sabia se colocar em cada uma das situações.

Gostamos de proteger o que nos é sagrado e importante, especialmente as mulheres. Temos um desejo de doar nossas vidas a ponto de doer! Basta olhar para a maioria dos heróis que foram criados pela nossa imaginação, pela literatura e pelos filmes. Eles dão a vida por amor. Como fazemos para doar nossa vida à nossa maneira? Lembro aqui o que o tio do Homem Aranha disse a ele, no primeiro filme, antes de ser assassinado: "Grandes poderes requerem grandes responsabilidades". É isso mesmo! O "poder" que nos foi dado de sermos homens tem como anexo, "de quebra", grandes responsabilidades. Tá a fim de assumi-las?

Lembre-se de quando era criança e brincava com seu carrinho, que sempre o transportava para outras realidades. Com certeza, você o pegava e imaginava que estava levando alguém dentro dele, não é? Meu primeiro carrinho foi uma ambulância que acendia as luzes da frente e fazia o barulho da sirene. Sempre pensava: "Saia, saia da frente que preciso chegar até o hospital". Esse desejo de proteção e de responsabilidade é parte de nós homens. Mesmo que tenhamos nos esquecido dela, essa sensação está guardada em nossa lembrança.



Lá, no fundo do coração, a mulher quer mesmo um homem que a faça feliz e cuide dela. O mundo vive nos dizendo para curtir a vida agora e nos preocuparmos com coisas sérias depois. Mas nosso coração não funciona dessa maneira. Cada pedacinho de masculinidade em nós protesta contra isso! Deus nos criou para sermos guerreiros, para lutarmos pelo que é certo e pelo verdadeiro amor. Isso não é um sonho.

Lembro-me da cena do filme 'Gigantes de Aço', no qual o Charlie entrega seu filho, Max, aos cuidados de sua cunhada por não ter condições e disposição para educá-lo. Estava literalmente fugindo da luta! Fica bem claro que o garoto já o amava e queria ficar com ele. O pai (Charlie) então, indignado, diz: "Você sabe que não consigo cuidar de você, não sou o que você merece. O que quer que eu faça?". Nessa hora, com os olhos cheios de lágrimas, Max fala algo que tirou meu fôlego: "Eu só queria que você lutasse por mim".

Somos homens livres, racionais, com um pé na terra e outro na eternidade; temos inteligência para influenciar, direcionar e formar este mundo, fazendo-o valer a pena. Qual sua resposta diante dessa proposta? Qual a sua luta? Por onde recomeçar?

Nossa masculinidade não está encerrada em nosso corpo sarado e viril, mas sim em todo nosso ser. Não dá para pensar que o homem é aquele 'ogro' que não sabe ser corajoso e, ao mesmo tempo, acolhedor. Não é irônico que, um dia, o mundo tenha sido convidado a escolher a sua resposta a partir dessas duas visões de homem?

No dia do julgamento de Jesus, diante de Pilatos, foram apresentados dois modelos de homem: Jesus, o revolucionário do amor, homem de coragem e emoção, leão e cordeiro; e Barrabás, um revolucionário e lutador que roubou por uma causa pessoal. "Bar Abbas" em hebraico significa "o filho do pai".

E quem o povo escolheu?

Antes de o povo dar a resposta, Pilatos tentou mostrar quem, de fato, era homem verdadeiro: Ecce Homo! Eis o Homem! Foi o que ele disse! Mas não escolheram Jesus, ao contrário, O mataram!

Tentei mostrar o modelo de homem no qual precisamos nos espalhar. Mas a resposta é sua, homem! Então, qual modelo você irá seguir? Dentro de você, quem ficará vivo?Jesus ou Barrabás?

24 de abril de 2014

Santos por amor

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Sede perfeitos, como é perfeito vosso Pai celeste

Nos primeiros séculos, os que tinham sido batizados, na Vigília Pascal, vestiam-se de branco até o segundo domingo da Páscoa, oferecendo a todos o testemunho externo da vida nova recebida no sacramento. Neste fim de semana, é toda a Igreja, vestida de gala, que deseja oferecer ao mundo inteiro a roupa da alegria, chamada santidade, com a canonização de João XXIII e João Paulo II, duas pérolas da coroa da Igreja em nosso tempo, cujos exemplos são oferecidos como referência para a maravilhosa aventura cristã. São dois contemporâneos, com os quais muitos de nós compartilharam diálogo e convivência. Seu modo de viver está bem ao nosso alcance, suas palavras e ensinamentos ecoaram pelo mundo pelos meios de comunicação de nossa época. Mostram que a santidade é atual e possível.

Os santos são homens e mulheres que levaram a sério a graça do batismo e decidiram viver não para si, mas para Deus e para o serviço dos outros. Não programaram ser canonizados, mas quiseram ser bons cristãos. João XXIII, em seu diário, descreveu com simplicidade e profundidade o seu dia a dia, seus roteiros de oração e meditação, suas decisões cotidianas de perdão, alegria, seriedade no seguimento de Nosso Senhor. João Paulo II, que viveu, na infância e na juventude, capítulos dolorosos provocados pelas ideologias e autoritarismos do século XX, conduziu a Igreja à virada do milênio e nos brindou com o convite à santidade: "Se o batismo é um verdadeiro ingresso à santidade de Deus, por meio da inserção em Cristo e da habitação do Seu Espírito, seria um contrassenso contentar-se com uma vida medíocre, pautada por uma ética minimalista e uma religiosidade superficial. Perguntar a um catecúmeno: 'Queres receber o Batismo?' significa, ao mesmo tempo, pedir-lhe: 'Queres fazer-te santo?'. Significa colocar, na sua estrada, o radicalismo do Sermão da Montanha: 'Sede perfeitos, como é perfeito vosso Pai celeste' (Mt 5,48).

Este ideal de perfeição não deve ser objeto de equívoco vendo nele um caminho extraordinário, percorrido apenas por algum gênio da santidade. Os caminhos da santidade são variados e apropriados à vocação de cada um. Agradeço ao Senhor por me ter concedido beatificar e canonizar muitos cristãos, entre os quais numerosos leigos que se santificaram nas condições ordinárias da vida. É hora de propor, de novo, a todos, com convicção, esta medida alta da vida cristã ordinária: toda a vida da comunidade eclesial e das famílias cristãs deve apontar nesta direção". (Novo millenio ineunte, 31).

João XXIII viveu as duras realidades das duas guerras mundiais e veio a suceder, visto como eventual Papa "de transição", o grande Papa Pio XII. Como alguém que trata de amenidades, fez saber aos que com ele trabalhavam, no início de seu pontificado, que convocaria um Concílio Ecumênico. Dali para frente, provocou na Igreja a oração e a preparação efetiva para o que o próprio Papa chamou de nova primavera, desejando uma nova estação de abertura e diálogo com todas as realidades de nosso tempo. Os cinco anos de pontificado valeram séculos! Mater et Magistra e Pacem in terris foram duas encíclicas que firmaram princípios e práticas para a ação social da Igreja. Abriu e conduziu a primeira sessão de trabalhos do Concílio Vaticano II, mostrou ao mundo a face da bondade, abriu sorrisos, foi ao encontro dos mais sofredores, pintou de bom humor o rosto da Igreja! Viveu a dura experiência de uma enfermidade dolorosa, com o câncer que o levou à morte, parecido com tanta gente de nosso tempo. Sim, foi homem, Papa, irmão, sorriso de Deus para sua época. No próximo domingo, elevado definitivamente à glória dos altares, resplandece como presente de Deus à Igreja e à humanidade.

De João Paulo II nunca se falará suficientemente. Um magistério pontilhado pela sensibilidade inusitada a todas as situações humanas e desafios a serem enfrentados pela Igreja. Uma presença universal efetiva, indo até os confins da terra para levar a Boa Nova do Evangelho. Aquele que nas lides da Polônia havia enfrentado nazistas e comunistas, corajoso na liderança dos católicos para se manterem fiéis à fé cristã, tesouro maior de sua nação, foi conduzido ao sólio de Pedro, em 1978, permanecendo à frente da Igreja até o dia 2 de abril de 2005, na véspera Festa da Divina Misericórdia. No próprio Domingo da Misericórdia, será, agora, canonizado.

Quantos adultos, jovens e crianças só tiveram esta figura de Papa em seu horizonte de Igreja, até que o Senhor o chamou para a Sua Páscoa pessoal. Naquele início de noite de sua partida, desejoso de estar com o Senhor, tinha o coração agradecido especialmente aos jovens, aos quais tantas vezes se dirigiu e, ali, se encontravam bem perto dele. Apagou-se como uma chama, deu tudo de si à Igreja e ao mundo. Em seus funerais, uma faixa emergia no meio da multidão - "Santo subito" - pedindo que fosse logo aclamado santo. Seu sucessor, o grande Bento XVI, teve a alegria de beatificá-lo, numa apoteótica afluência de gente do mundo inteiro, no dia 1º de maio de 2011. Seus ensinamentos continuam a ser conhecidos e aprofundados na Igreja e no mundo. O convite feito, no início de seu pontificado, continua atual e provocante: "Não tenhais medo de acolher Cristo e de aceitar o seu poder! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo! Ao seu poder salvador abri os confins dos Estados, os sistemas econômicos assim como os políticos, os vastos campos de cultura, de civilização e de progresso! Não tenhais medo! Cristo sabe bem 'o que é que está dentro do homem'. Somente Ele o sabe!" (Homilia da Missa de inauguração do Pontificado de João Paulo II, 22 de outubro de 1978)

Agora, Papa Francisco canoniza os dois Papas. A Igreja oferece, na Festa da Divina Misericórdia, dois presentes de amor. Fizerem-se santos pela Igreja e pela humanidade, foram homens de nosso tempo, amaram a Igreja e se entregaram por ela. Louvado seja o Senhor pela história, o exemplo e a intercessão dos dois heróis de nosso tempo.

São João XXIII, rogai por nós! São João Paulo II, rogai por nós!

Foto

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13498#.U1jve0d1Gi4