24 de abril de 2014

Santos por amor

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Sede perfeitos, como é perfeito vosso Pai celeste

Nos primeiros séculos, os que tinham sido batizados, na Vigília Pascal, vestiam-se de branco até o segundo domingo da Páscoa, oferecendo a todos o testemunho externo da vida nova recebida no sacramento. Neste fim de semana, é toda a Igreja, vestida de gala, que deseja oferecer ao mundo inteiro a roupa da alegria, chamada santidade, com a canonização de João XXIII e João Paulo II, duas pérolas da coroa da Igreja em nosso tempo, cujos exemplos são oferecidos como referência para a maravilhosa aventura cristã. São dois contemporâneos, com os quais muitos de nós compartilharam diálogo e convivência. Seu modo de viver está bem ao nosso alcance, suas palavras e ensinamentos ecoaram pelo mundo pelos meios de comunicação de nossa época. Mostram que a santidade é atual e possível.

Os santos são homens e mulheres que levaram a sério a graça do batismo e decidiram viver não para si, mas para Deus e para o serviço dos outros. Não programaram ser canonizados, mas quiseram ser bons cristãos. João XXIII, em seu diário, descreveu com simplicidade e profundidade o seu dia a dia, seus roteiros de oração e meditação, suas decisões cotidianas de perdão, alegria, seriedade no seguimento de Nosso Senhor. João Paulo II, que viveu, na infância e na juventude, capítulos dolorosos provocados pelas ideologias e autoritarismos do século XX, conduziu a Igreja à virada do milênio e nos brindou com o convite à santidade: "Se o batismo é um verdadeiro ingresso à santidade de Deus, por meio da inserção em Cristo e da habitação do Seu Espírito, seria um contrassenso contentar-se com uma vida medíocre, pautada por uma ética minimalista e uma religiosidade superficial. Perguntar a um catecúmeno: 'Queres receber o Batismo?' significa, ao mesmo tempo, pedir-lhe: 'Queres fazer-te santo?'. Significa colocar, na sua estrada, o radicalismo do Sermão da Montanha: 'Sede perfeitos, como é perfeito vosso Pai celeste' (Mt 5,48).

Este ideal de perfeição não deve ser objeto de equívoco vendo nele um caminho extraordinário, percorrido apenas por algum gênio da santidade. Os caminhos da santidade são variados e apropriados à vocação de cada um. Agradeço ao Senhor por me ter concedido beatificar e canonizar muitos cristãos, entre os quais numerosos leigos que se santificaram nas condições ordinárias da vida. É hora de propor, de novo, a todos, com convicção, esta medida alta da vida cristã ordinária: toda a vida da comunidade eclesial e das famílias cristãs deve apontar nesta direção". (Novo millenio ineunte, 31).

João XXIII viveu as duras realidades das duas guerras mundiais e veio a suceder, visto como eventual Papa "de transição", o grande Papa Pio XII. Como alguém que trata de amenidades, fez saber aos que com ele trabalhavam, no início de seu pontificado, que convocaria um Concílio Ecumênico. Dali para frente, provocou na Igreja a oração e a preparação efetiva para o que o próprio Papa chamou de nova primavera, desejando uma nova estação de abertura e diálogo com todas as realidades de nosso tempo. Os cinco anos de pontificado valeram séculos! Mater et Magistra e Pacem in terris foram duas encíclicas que firmaram princípios e práticas para a ação social da Igreja. Abriu e conduziu a primeira sessão de trabalhos do Concílio Vaticano II, mostrou ao mundo a face da bondade, abriu sorrisos, foi ao encontro dos mais sofredores, pintou de bom humor o rosto da Igreja! Viveu a dura experiência de uma enfermidade dolorosa, com o câncer que o levou à morte, parecido com tanta gente de nosso tempo. Sim, foi homem, Papa, irmão, sorriso de Deus para sua época. No próximo domingo, elevado definitivamente à glória dos altares, resplandece como presente de Deus à Igreja e à humanidade.

De João Paulo II nunca se falará suficientemente. Um magistério pontilhado pela sensibilidade inusitada a todas as situações humanas e desafios a serem enfrentados pela Igreja. Uma presença universal efetiva, indo até os confins da terra para levar a Boa Nova do Evangelho. Aquele que nas lides da Polônia havia enfrentado nazistas e comunistas, corajoso na liderança dos católicos para se manterem fiéis à fé cristã, tesouro maior de sua nação, foi conduzido ao sólio de Pedro, em 1978, permanecendo à frente da Igreja até o dia 2 de abril de 2005, na véspera Festa da Divina Misericórdia. No próprio Domingo da Misericórdia, será, agora, canonizado.

Quantos adultos, jovens e crianças só tiveram esta figura de Papa em seu horizonte de Igreja, até que o Senhor o chamou para a Sua Páscoa pessoal. Naquele início de noite de sua partida, desejoso de estar com o Senhor, tinha o coração agradecido especialmente aos jovens, aos quais tantas vezes se dirigiu e, ali, se encontravam bem perto dele. Apagou-se como uma chama, deu tudo de si à Igreja e ao mundo. Em seus funerais, uma faixa emergia no meio da multidão - "Santo subito" - pedindo que fosse logo aclamado santo. Seu sucessor, o grande Bento XVI, teve a alegria de beatificá-lo, numa apoteótica afluência de gente do mundo inteiro, no dia 1º de maio de 2011. Seus ensinamentos continuam a ser conhecidos e aprofundados na Igreja e no mundo. O convite feito, no início de seu pontificado, continua atual e provocante: "Não tenhais medo de acolher Cristo e de aceitar o seu poder! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo! Ao seu poder salvador abri os confins dos Estados, os sistemas econômicos assim como os políticos, os vastos campos de cultura, de civilização e de progresso! Não tenhais medo! Cristo sabe bem 'o que é que está dentro do homem'. Somente Ele o sabe!" (Homilia da Missa de inauguração do Pontificado de João Paulo II, 22 de outubro de 1978)

Agora, Papa Francisco canoniza os dois Papas. A Igreja oferece, na Festa da Divina Misericórdia, dois presentes de amor. Fizerem-se santos pela Igreja e pela humanidade, foram homens de nosso tempo, amaram a Igreja e se entregaram por ela. Louvado seja o Senhor pela história, o exemplo e a intercessão dos dois heróis de nosso tempo.

São João XXIII, rogai por nós! São João Paulo II, rogai por nós!

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Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13498#.U1jve0d1Gi4

22 de abril de 2014

A força e a sensibilidade da mulher

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Mulher, um misto de razão e densibilidade

Era uma tarde de verão parecida com tanta outras. O ar puro e o balanço das árvores, que nos faziam companhia, assim que deixamos a cidade grande, inspirava liberdade. O tempo começava a ficar estranho ou "bonito para chover", mas era tão longe... "Não precisávamos nos preocupar!" Pensava eu com uma pontinha de desconfiança, lá no fundo da alma feminina, que oscila entre razão e sensibilidade.

De vez em quando, eu olhava orgulhosa para meu esposo, que, de mãos fixas no volante, parecia desbravar cada quilômetro da estrada com uma conquista. Entre palavras e risos, seguimos nós dois e uma amiga em comum. Até que, de repente, a chuva, que parecia longe, nos alcançou como uma tempestade daquelas que só vemos nos filmes. O nosso estado de ânimo também mudou de repente. Naquele tempo, estávamos preocupados com o que poderia acontecer a qualquer momento, já que a forte chuva, misturada com vento e granizo, nos impedia de ver um metro a nossa frente. Os carros começavam a parar na própria via e todos tinham de se ajudar, tomando decisões rápidas e certeiras. Qualquer vacilo poderia causar um desastre!

Provavelmente, você esteja ansioso para saber o resultado desta aventura, não é verdade? Fique tranquilo, pois, graças a Deus, deu tudo certo! Aliás, foi maravilhoso! Nós conseguimos, juntos, superar os riscos e vencer os desafios.

A alma feminina, embora terna, vibra com desafios e riscos. Somos assim: um misto de delicadeza e força, razão e sensibilidade. "Então, chegou o dia em que o risco necessário de permanecer apertada em um botão era mais doloroso que o risco necessário para florir..." (Anaïs Nin).

Quando chega esse dia, a mulher anuncia ao mundo que está viva e arranja, no mais íntimo do seu ser, a coragem para florir! Basta, por exemplo, ver um filho doente, que a mulher desabrocha e se doa sem medidas, enquanto exala amor e esperança em forma de cuidados. E quando a dor da perda a visita, muitas vezes, consegue renascer dos escombros e continuar florindo, embelezando novos jardins. O fato é que a mulher tem força e sensibilidade impressas na alma.

João Paulo II, em sua Carta às Mulheres, em 1995, diz que, pelo simples fato de sermos mulheres, com a percepção que é própria da feminilidade, enriquecemos a compreensão do mundo e contribuímos para a verdade plena das relações humanas. É de se perguntar: mas como enriquecer a compreensão do mundo pelo simples fato de ser mulher?

A Bíblia narra, em Gênesis 2, que Deus criou todas as coisas e ofereceu tudo ao homem, mas nada satisfazia o coração dele. Então, o Senhor criou a mulher com tudo que lhe é próprio. Quando o homem a viu, ficou tão extasiado diante dela, que fez a primeira e a mais linda declaração de amor que conhecemos: "Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; será chamada "Isha"...", que, no hebraico, significa mulher, ajuda. A partir de então, o homem andava feliz, e tudo tinha um novo sentido. Deus havia lhe dado uma companhia adequada para partilhar suas lutas e vitórias pelo resto da vida.

O Senhor faz tudo com perfeição, criou a mulher completamente diferente do homem, para que um completasse o outro. Basta observar, em nosso corpo, por exemplo, que cada membro tem sua finalidade específica; e não para por aí. Nossa maneira de ser e agir também são completamente diferentes. Saber respeitar essas diferenças e tirar bom proveito delas é uma arte que precisamos praticar todos os dias se desejarmos uma vida mais feliz.

Costumo dar risadas do meu marido, quando peço para ele pegar alguma coisa na gaveta da cômoda, por exemplo. Geralmente, por mais que eu lhe explique com detalhes onde está o objeto, ele volta minutos depois afirmando que não o encontrou e que, certamente, eu estou enganada. Porém, se eu mesma me levantar e for ao local, encontro o objeto exatamente onde eu disse que estava. Você já viveu algo assim? Fique tranquila, seu companheiro não tem problemas de vista.

Segundo os pesquisadores Allan e Bárbara Pease, homens e mulheres evoluíram de formas diferentes. Os homens, durante a pré-história, eram responsáveis pela caça e as mulheres ficavam na caverna, cuidando da prole. Como caçador, o homem precisava ser capaz de identificar e perseguir alvos distantes. Desenvolveu, assim, uma visão focal, tipo "túnel". Já a mulher precisava de um raio de visão que lhe permitisse perceber algum predador se aproximando, uma visão periférica mais ampla. É por isso que o homem moderno consegue facilmente encontrar um caminho mais fácil para chegar em casa, mas tem muita dificuldade em achar qualquer coisa na geladeira ou no armário. Sua visão é focal, não ampla.

E nós mulheres, será que temos algum limite na visão? Os pesquisadores nem precisam ter o trabalho de estudar o caso, nós mesmas já descobrimos, na prática, que nossa visão é bem ampla, mas nada focal. Eu, por exemplo, nunca acho que as panelas caibam todas no armário da pia; organizar a mala, então, é um desafio daqueles. Porém, para meu esposo é uma tarefa superfácil. Ele dá uma olha no espaço e vai como que fazendo uma mágica diante dos meus olhos; em poucos minutos, tudo fica pronto e com espaço de sobra! Diferenças que se completam! Minha razão feminina não sabe explicar, mas minha sensibilidade agradece.

Não consigo imaginar o mundo sem essa parceria entre o homem e a mulher. E isso, ao meu ver, vai muito além da questão de "ser mais ou menos", "melhor ou pior", é reconhecer quem realmente somos e procurar viver de acordo com a vocação que recebemos ao sermos criados. Não deixemos que nos roubem o maior tesouro que temos: nossa originalidade!

As mulheres foram criadas para "completar" e não para dividir. Na Carta às Mulheres, o beato João Paulo II já citava isso. Ele faz um agradecimento à mulher que vale a pena ser recordado: "Obrigado a ti, mulher-esposa, que unes irrevogavelmente o teu destino ao de um homem, numa relação de recíproco dom ao serviço da comunhão e da vida. Obrigado a ti, mulher-mãe, que te fazes ventre do ser humano... que te torna o sorriso de Deus pela criatura que é dada à luz, que te faz guia dos seus primeiros passos, amparo do seu crescimento, ponto de referência por todo o caminho da vida. Obrigado a ti, mulher-filha e mulher-irmã, que levas ao núcleo familiar e, depois, à inteira vida social, às riquezas da tua sensibilidade, da tua intuição, da tua generosidade e da tua constância".

Que a razão de sermos mulheres, segundo os desígnios de Deus, impulsione nossa sensibilidade para levar ao mundo um sinal de esperança e vida. Não tenhamos medo de florir!

Sim! Chega um momento em que é preciso deixar de ser apenas botão, e este momento é agora! Então, desabrocha a rosa e encanta o mundo com sua beleza! Perfuma o jardim em que foi plantada e lembre-se que, sendo quem é, atrairá, a cada amanhecer, os raios do sol que a fará plena e feliz. Viva, hoje, esta aventura e revele ao mundo a autenticidade do seu Criador. É mulher, tem beleza, tem valor!"


16 de abril de 2014

Semana Santa passo a passo

DOMINGO DE RAMOS  

O dia que celebra o início da Semana Santa é marcado pela entrada de Jesus em Jerusalém. O dia que a missão é completada e que culminará com a sua morte na cruz. Nos evangelhos há relatos de que muitas homenagearam Jesus, estendendo mantos pelo chão e glorificando-o com ramos. Esta é, aliás, a explicação para na celebração deste dia os fiéis carregarem ramos, recordando o acontecimento. Lembrando o gesto do povo em Jerusalém, que saudou Jesus como o único mestre e Senhor. 

TRÍDUO PASCAL

Este é um dos momentos mais importantes destes dias, o ponto alto da Semana Santa. O Tríduo Pascal ou Tríduo Sacro se inicia com uma missa vespertina de Quinta-feira Santa e encerra com a Vigília Pascal, somente no Sábado Santo. Durante estes três dias formam-se uma só celebração, que resume todo o mistério pascal. Esta é a explicação para nas celebrações da quinta-feira à noite e da sexta-feira não se dá a bênção final, porque ela só será dada, solenemente, no final da Vigília Pascal. 

QUINTA-FEIRA SANTA

É neste dia que se celebra a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio ministerial. Pela manhã há uma celebração, a Missa do Crisma. E durante à noite acontece a celebração solene da Missa, em que se recorda a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio ministerial, em que se realiza a cerimônia do lava-pés. Esse gesto procura transmitir a mensagem de que o cristão deve ser humilde e servidor.

SEXTA-FEIRA SANTA  

É um dia de tristeza, mas ao mesmo tempo o momento propício para despertar a própria fé. Não há missa, pois a Igreja se recolhe no silêncio da oração e na escuta da palavra divina, o objetivo é compreender o sentido e o significado da morte de Jesus. E durante a tarde acontece a Celebração da Paixão e Morte de Jesus, com a proclamação da Palavra, a oração universal, a adoração da cruz e a distribuição da Sagrada Comunhão.

Mas a Semana Santa não se encerra com a sexta-feira, mas no dia seguinte quando se celebra a vitória de Jesus. Só há sentido em celebrar a cruz quando se vive a certeza da ressurreição.

VIGÍLIA PASCAL

O Sábado Santo um dia de "luto", de silêncio e de oração. Igreja vela em oração, partilhando os sentimentos de Maria. É o momento em que a Igreja permanece junto ao sepulcro, meditando no mistério da morte do Senhor e na expectativa de sua ressurreição. Este recolhimento conduz e prepara à Vigília pascal, conhecida como a "mãe de todas as vigílias", em que explodirá a alegria da Páscoa. Igreja então se alegrará pelo reencontro com o seu Senhor. 


Fonte: http://www.fundacaonazare.com.br/voz/ler.php?id=4785&edicao=513

14 de abril de 2014

Esperança

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Um coração inquieto, ansioso e ferido não sabe esperar

É graças à esperança que, a cada manhã, somos renovados e, desta forma, podemos recomeçar. Ela é a força que vai além do cansaço, do tédio e da rotina; e quando encontra espaço no coração humano, tem o poder de purificá-lo, dando-lhe uma nova disposição para viver cada momento como se fosse o mais esperado da vida.

Seja por meio de livros, músicas, mensagens ou partilhas, o certo é que, nesses últimos dias, Deus tem me levado a refletir e a rezar sobre a esperança. É evidente que o mundo padece por falta de amor! Mas interessante é perceber que este sentimento necessita da esperança para existir e crescer. Nesse caso, o que realmente nos faz padecer, em pleno século XXI – considerado o século da tecnologia que coloca "tudo ao alcance do homem" –, é justamente a falta de confiança. Talvez, por estar cercado de facilidades, o homem perdeu o sentido da espera, desconhece as riquezas que este tempo lhe proporciona. E, muitas vezes, deixa-se levar pela sede do ter e do poder imediato, mergulhando,  assim, no vazio da inquietação que o leva ao desespero.

Um coração inquieto, ansioso e ferido não sabe esperar nem amar. Se dermos um pouco mais de atenção aos nossos sentimentos e olharmos ao nosso redor, veremos que, quando o amor estaciona ou esfria em nossa alma, na maioria dos casos, é porque está sufocado por preocupações, medos, desconfiança e desânimo. Jacques Philipe, ao falar sobre isso em seu livro "A liberdade Interior", afirma:

"Devido à falta de esperança, não cremos verdadeiramente que Deus possa nos fazer felizes, e, então, construímos uma felicidade com nossas próprias riquezas. Não esperamos que Deus nos possa fazer existir em plenitude, e construímos uma identidade e uma felicidade artificiais, pois não acreditamos no amor puro e verdadeiro que o Senhor tem por nós, por isso nos perdemos tentando preencher o vazio que essa descrença nos causa (...)"

Constatamos que esta é uma situação muito comum entre nós cristãos, dotados de boa vontade. Gostaríamos de amar intensamente e ser generosos na doação de nós mesmos aos demais, mas somos paralisados por medo, desconfiança, e outros "monstrinhos" que, na maioria dos casos, somos nós mesmos quem os cultivamos, frutos de nossas expectativas frustradas. E aí está um ponto muito importante: as decepções mal trabalhadas em nosso interior ou sufocadas pelo orgulho, acabam afetando nossa confiança na graça de Deus. Acredito que este seja o principal motivo do desespero que assola a humanidade em nossos dias. Santa Terezinha revela: "A confiança sempre conduz ao amor". Se confiarmos mais no poder do amor, seremos mais dóceis na espera, viveremos com mais serenidade e, conseqüentemente, mais felizes.

Quando tudo parece desabar diante de nós, quando vivemos a difícil experiência da perda ou decepção e vemos sonhos destruídos, quando não temos as respostas que desejaríamos obter, é preciso, mais do que nunca,  mergulhar na fé, pois esta nos aproxima da verdade transmitida pela Palavra de Deus e nos recorda sua fidelidade absoluta no cumprimento de Suas promessas. Mestres da sabedoria afirmam que "é a falta de esperança que perde as almas". Sabendo disso, precisamos reagir!

Diante de uma alma desesperançada, o primeiro ponto é identificarmos a raiz do desânimo, oferecendo a ela o "remédio" certo: a esperança, alicerçada na Palavra e no amor de Deus. Que o Senhor renove, hoje, em nossas almas, a disposição para esperar n'Ele para que, apoiados em Suas promessas, possamos viver a graça do amor.

11 de abril de 2014

Retirando os excessos da vida

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Tudo o que é demais faz mal

Muitos de nós já nos pegamos fazendo algo por excesso: comer, beber, jogar, limpar, comprar, amar, depender afetivamente de alguém, mentir, ter ciúme... É um impulso quase incontrolável, no qual as pessoas se precipitam e, muitas vezes, têm dificuldade para planejar qualquer tipo de tarefa ou mesmo planejar a parada dessa compulsão.

Quantas vezes vemos pessoas, cujo “hábito” é comprar para ter cada vez mais, pois nunca se satisfazem com o que possuem? Tal “hábito” passa a movimentar nosso sentido de felicidade: tendo isso ou tendo aquilo, jogando determinado jogo, comendo isso ou aquilo, seremos mais felizes e preencheremos o “vazio” que há em nós.

As causas do comportamento compulsivo podem ser as mais variadas: predisposição, hábitos aprendidos, histórico familiar (que também é aprendido), razões biológicas. Ao percebermos que algo “é demais”, por passar dos limites do normal e saudável, deveremos decidir parar de fazê-lo. O ato de parar pode acontecer naturalmente para muitas pessoas, mas para outras isso não acontece. Ou seja, o comportamento, chamado de compulsivo ou aditivo, continua acontecendo paralelo à ansiedade que a pessoa vivencia.

Geralmente, são hábitos pouco saudáveis ou inadequados, repetidos muitas vezes, por isso levam às consequências negativas como o uso de álcool, de drogas em geral, ao hábito de comer exageradamente, gastar fora do controle, fugir do contato social, praticar esportes excessivamente, lavar as mãos de forma exagerada (até mesmo chegando a se ferir), participar de jogos de azar. Há também os que se viciam nas relações virtuais, no excesso do uso de remédios ou em idas a médicos em busca de uma doença. Tais atitudes são feitas quase que automaticamente, e quem as pratica não percebe nem nota prejuízos num primeiro momento.

O comportamento compulsivo surge como resposta inconsciente a determinados desejos, por diversas razões, como hábitos aprendidos e seguidos de alguma gratificação emocional, e como alívio da angústia e da ansiedade; ou seja, a pessoa que sofre desse distúrbio faz alguma coisa para receber outra em troca. Com os prejuízos que essa pessoa pode ter em seus relacionamentos, no trabalho, na saúde ou mesmo quando os demais indicam que ela tem esse distúrbio, ela passa a se observar mais detalhadamente. Aquilo que, num primeiro momento, era fonte de prazer e gratificação, posteriormente passa a dar uma sensação negativa, pois a pessoa cede em fazer aquilo.

Se por trás dessa compulsão existe um descompasso, um desequilíbrio, é importante canalizar essa energia, que antes ia para os excessos em outras atividades, e buscar “retirar” o foco do comportamento que acarreta prejuízo para a pessoa.

Vale lembrar que todos nós temos rotinas e hábitos, e isso é muito saudável; fica apenas a atenção para aquilo que é excessivo! Como dizem, de forma popular, “tudo o que é demais faz mal”. Então, se você identifica alguns excessos em sua vida, procure analisar os afetos que lhe faltam e como você tem canalizado suas forças, se tem buscado o ter ou o fazer em troca do ser.
 
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Abraço fraterno!

8 de abril de 2014

A nossa vida inteira é um processo de cura interior

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Deus sabe o quanto você foi machucado e sabe como curá-lo

Ninguém se coloca sob o sol sem se queimar. Se tomarmos sol em excesso, vamos sofrer as consequências dele. Com Deus acontece algo semelhante, pois ninguém se coloca na presença d'Ele sem ser beneficiado por Suas graças. As marcas da presença do Todo-poderoso também são irreversíveis para a nossa salvação. Quando nós nos deixamos conduzir pelo Espírito Santo, Ele nos dá liberdade. Nunca o Senhor pensou em nos trazer para perto d'Ele a fim de tira algo de nós, muito menos para limitar a nossa liberdade. Se Ele não quisesse a nossa liberdade, por que teria nos criado livres?

Nossa liberdade ficou comprometida por nossa própria culpa, porque quem peca se torna escravo do pecado. Pelos erros e pelos vícios que entram em nossa vida, ficamos debilitados. O Pai nos deu Cristo para nos libertar daquilo que nos amarra. Deus nos mostra quais caminhos podemos seguir, mas a liberdade de escolher é nossa. O desejo do Senhor é nos libertar de toda angústia, de toda opressão. O desejo d'Ele é nos ver felizes.

Em Gálatas 5,1 lemos: "É para que sejamos homens livres que Cristo nos libertou. Ficai, portanto, firmes e não vos submetais outra vez ao jugo da escravidão". Cristo nos amou, morreu numa cruz por nossa causa, para que não fôssemos escravos do pecado. O Ressuscitado nos libertou de todo mal, de toda armadilha do inimigo para que permanecêssemos livres. Contudo, ninguém é livre na maldade. Uma vez que o Espírito Santo nos visita, não há brechas para o pecado.

Quem conhece as coisas que há no homem senão o espírito do homem que nele reside? (cf. Coríntios 2,10-16). Assim também ninguém conhece as coisas de Deus senão o Seu Espírito.

Ninguém pode saber o que há em nosso interior se não abrirmos a boca e dissermos o que pensamos. Quando rezamos, Deus Pai nos refaz e o Espírito Santo nos cura e liberta. Rezar é ficar nu na presença de Deus, é abrir-se a Ele. Quando rezamos, colocamo-nos na presença do Altíssimo, nos expomos e somos curados. Quando tiramos a roupa diante do espelho, vemos o que queremos e o que não queremos. Na hora em que estamos rezando, caem as nossas vestes espirituais; assim, vemos aquilo que queremos e o que não queremos. Tudo que fazemos de mau volta para nós no momento da oração. No momento em que o Senhor nos mostra quem somos, Ele também nos mostra quem Ele é. Se Ele nos revela uma coisa que não está boa, é porque precisamos consertá-la.

Na oração nós aprendemos a ouvir o Senhor. Não existe ninguém que, tendo rezado, Deus não o tenha respondido. E se Ele não lhe responde diretamente, vai fazê-lo por meio de uma pessoa ou de um fato, mas Ele responde. Nós precisamos aprender a ouvi-Lo na oração, para conhecermos os planos que Ele tem para nossa vida.

Nós precisamos, na oração, pedir ao Espírito Santo que nos faça descobrir o que está ruim dentro de nós. Deus sabe o quando fomos machucados e sabe como nos curar.

A nossa vida inteira é um processo de cura interior. Enquanto estivermos com os pés nesta terra, nossa vida será um processo de cura interior. Nós temos de nos apresentar diante de Deus. O Todo-poderoso tem um plano para nossa vida, um plano de amor, de realização e de felicidade para nós. Se não abrirmos o nosso coração para a oração, correremos o sério risco de morrer sem conhecer o plano que Deus tinha para nós.

Márcio Mendes


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13486#.U0PLVEcqc4M

3 de abril de 2014

Como lidar com o medo

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Há pessoas que se sentem ameaçadas por tudo e por todos

O medo da desgraça é pior do que a desgraça. O medo de sofrer é pior do que o sofrimento. É natural ter medo; é algo humano, mas devemos enfrentá-lo para que ele não paralise a nossa vida. Há muitas formas de medo: temos medo do futuro incerto, da doença, da morte, do desemprego, do mundo… O medo nos paralisa e nos implode interiormente, perturba a alma, por isso é importante enfrentá-lo. Talvez seja ele uma das piores realidades de nossos dias.

Coragem não é a ausência do medo, mas sim a capacidade de alcançar metas, apesar do medo; caminhar para frente; enfrentar as adversidades, vencendo os medos. É isso que devemos fazer. Não podemos nos derrotar, nos entregar por causa desse sentimento [medo].

A maioria das coisas que tememos acontecer conosco, acabam nos acontecendo. E esse medo antecipado nos faz sofrer muito, nos preocupar em demasia e perder horas de sono. E, muitas vezes, acaba acontecendo o que menos esperamos. Muitas vezes antecipadamente, sem nenhuma necessidade. Como me disse um amigo: “não podemos sangrar antes do tiro!”.

É preciso policiar a nossa mente; ela solta a si mesma e pode fabricar fantasmas assustadores, especialmente nas madrugadas. Os medos em geral são sombras imaginárias sem bases na realidade.

Há pessoas que se sentem ameaçadas por tudo e por todos: “Fulano não gosta de mim, veja como me olha!” Ou: “Sicrano me persegue; todos conjuram contra mim; meu trabalho não vai dar certo…” E assim vão dramatizando os fatos e fabricam tragédias.

É preciso acordar, deixar de se torturar com essas fantasias e pesadelos imaginários; o que assusta é irreal. Quando amanhece as trevas somem… para onde foram? Não foram para lugar algum, simplesmente desapareceram, não existiram; não eram reais. Quanto menor o medo, menor o perigo. As aflições imaginárias doem tanto quanto as outras.

Quando Jesus chamou Pedro para vir ao encontro d’Ele, andando sobre as águas do mar da Galileia, ele foi, mas permitiu que o medo tomasse conta do seu coração; então, começou a afundar. Após salvá-lo, Jesus lhe pergunta: “Homem de pouca fé, por que duvidaste?” (Mt 15,31).

Pedro sentiu medo porque olhou para o vento e para a fúria do mar em vez de manter os olhos fixos em Jesus. Esse também é o capa_para_ser_feliz(1)nosso grande erro, em vez de mantermos os olhos fixos em Deus, permitimos que as circunstâncias que nos envolvem nos amedrontam.

Não podemos, em hipótese alguma, abrigar o medo e o pânico na alma; não lhes permitir que “durmam” conosco. Não! Arranque-os pela fé, pela oração e por um ato de vontade, decididamente.

É claro que toda a fé em Deus não nos dispensa de fazer a nossa parte. Não basta rezar e confiar, cruzando em seguida os braços; o Senhor não fará a nossa parte. Ele está pronto a mover todo o céu para fazer aquilo que não podemos fazer, mas não faz nada que podemos fazer. Vivemos dizendo a Deus que temos confiança n’Ele, mas passamos o tempo todo provando o contrário, por nossas preocupações…

Quando você age com fé e confiança em Deus, Ele lhe dá equilíbrio e luzes para agir, guiando-o e abrindo portas para você resolver o problema que o angustia. Se temos um problema é porque ele tem solução, então vamos a ela; se o problema não tem solução, então não é mais um problema, é um fato consumado, que devemos aceitar.

Em vez de ficar pensando em suas fraquezas, deficiências, problemas e fracassos, reais ou imaginários, pense como o salmista: “ O Senhor é a minha luz e a minha salvação, a quem temerei” (Sl 26,1).

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Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

Prof. Felipe Aquino @pfelipeaquino, é casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site do autor: www.cleofas.com.br


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13484#.Uz007Ecqc4M