11 de abril de 2014

Retirando os excessos da vida

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Tudo o que é demais faz mal

Muitos de nós já nos pegamos fazendo algo por excesso: comer, beber, jogar, limpar, comprar, amar, depender afetivamente de alguém, mentir, ter ciúme... É um impulso quase incontrolável, no qual as pessoas se precipitam e, muitas vezes, têm dificuldade para planejar qualquer tipo de tarefa ou mesmo planejar a parada dessa compulsão.

Quantas vezes vemos pessoas, cujo “hábito” é comprar para ter cada vez mais, pois nunca se satisfazem com o que possuem? Tal “hábito” passa a movimentar nosso sentido de felicidade: tendo isso ou tendo aquilo, jogando determinado jogo, comendo isso ou aquilo, seremos mais felizes e preencheremos o “vazio” que há em nós.

As causas do comportamento compulsivo podem ser as mais variadas: predisposição, hábitos aprendidos, histórico familiar (que também é aprendido), razões biológicas. Ao percebermos que algo “é demais”, por passar dos limites do normal e saudável, deveremos decidir parar de fazê-lo. O ato de parar pode acontecer naturalmente para muitas pessoas, mas para outras isso não acontece. Ou seja, o comportamento, chamado de compulsivo ou aditivo, continua acontecendo paralelo à ansiedade que a pessoa vivencia.

Geralmente, são hábitos pouco saudáveis ou inadequados, repetidos muitas vezes, por isso levam às consequências negativas como o uso de álcool, de drogas em geral, ao hábito de comer exageradamente, gastar fora do controle, fugir do contato social, praticar esportes excessivamente, lavar as mãos de forma exagerada (até mesmo chegando a se ferir), participar de jogos de azar. Há também os que se viciam nas relações virtuais, no excesso do uso de remédios ou em idas a médicos em busca de uma doença. Tais atitudes são feitas quase que automaticamente, e quem as pratica não percebe nem nota prejuízos num primeiro momento.

O comportamento compulsivo surge como resposta inconsciente a determinados desejos, por diversas razões, como hábitos aprendidos e seguidos de alguma gratificação emocional, e como alívio da angústia e da ansiedade; ou seja, a pessoa que sofre desse distúrbio faz alguma coisa para receber outra em troca. Com os prejuízos que essa pessoa pode ter em seus relacionamentos, no trabalho, na saúde ou mesmo quando os demais indicam que ela tem esse distúrbio, ela passa a se observar mais detalhadamente. Aquilo que, num primeiro momento, era fonte de prazer e gratificação, posteriormente passa a dar uma sensação negativa, pois a pessoa cede em fazer aquilo.

Se por trás dessa compulsão existe um descompasso, um desequilíbrio, é importante canalizar essa energia, que antes ia para os excessos em outras atividades, e buscar “retirar” o foco do comportamento que acarreta prejuízo para a pessoa.

Vale lembrar que todos nós temos rotinas e hábitos, e isso é muito saudável; fica apenas a atenção para aquilo que é excessivo! Como dizem, de forma popular, “tudo o que é demais faz mal”. Então, se você identifica alguns excessos em sua vida, procure analisar os afetos que lhe faltam e como você tem canalizado suas forças, se tem buscado o ter ou o fazer em troca do ser.
 
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Abraço fraterno!

8 de abril de 2014

A nossa vida inteira é um processo de cura interior

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Deus sabe o quanto você foi machucado e sabe como curá-lo

Ninguém se coloca sob o sol sem se queimar. Se tomarmos sol em excesso, vamos sofrer as consequências dele. Com Deus acontece algo semelhante, pois ninguém se coloca na presença d'Ele sem ser beneficiado por Suas graças. As marcas da presença do Todo-poderoso também são irreversíveis para a nossa salvação. Quando nós nos deixamos conduzir pelo Espírito Santo, Ele nos dá liberdade. Nunca o Senhor pensou em nos trazer para perto d'Ele a fim de tira algo de nós, muito menos para limitar a nossa liberdade. Se Ele não quisesse a nossa liberdade, por que teria nos criado livres?

Nossa liberdade ficou comprometida por nossa própria culpa, porque quem peca se torna escravo do pecado. Pelos erros e pelos vícios que entram em nossa vida, ficamos debilitados. O Pai nos deu Cristo para nos libertar daquilo que nos amarra. Deus nos mostra quais caminhos podemos seguir, mas a liberdade de escolher é nossa. O desejo do Senhor é nos libertar de toda angústia, de toda opressão. O desejo d'Ele é nos ver felizes.

Em Gálatas 5,1 lemos: "É para que sejamos homens livres que Cristo nos libertou. Ficai, portanto, firmes e não vos submetais outra vez ao jugo da escravidão". Cristo nos amou, morreu numa cruz por nossa causa, para que não fôssemos escravos do pecado. O Ressuscitado nos libertou de todo mal, de toda armadilha do inimigo para que permanecêssemos livres. Contudo, ninguém é livre na maldade. Uma vez que o Espírito Santo nos visita, não há brechas para o pecado.

Quem conhece as coisas que há no homem senão o espírito do homem que nele reside? (cf. Coríntios 2,10-16). Assim também ninguém conhece as coisas de Deus senão o Seu Espírito.

Ninguém pode saber o que há em nosso interior se não abrirmos a boca e dissermos o que pensamos. Quando rezamos, Deus Pai nos refaz e o Espírito Santo nos cura e liberta. Rezar é ficar nu na presença de Deus, é abrir-se a Ele. Quando rezamos, colocamo-nos na presença do Altíssimo, nos expomos e somos curados. Quando tiramos a roupa diante do espelho, vemos o que queremos e o que não queremos. Na hora em que estamos rezando, caem as nossas vestes espirituais; assim, vemos aquilo que queremos e o que não queremos. Tudo que fazemos de mau volta para nós no momento da oração. No momento em que o Senhor nos mostra quem somos, Ele também nos mostra quem Ele é. Se Ele nos revela uma coisa que não está boa, é porque precisamos consertá-la.

Na oração nós aprendemos a ouvir o Senhor. Não existe ninguém que, tendo rezado, Deus não o tenha respondido. E se Ele não lhe responde diretamente, vai fazê-lo por meio de uma pessoa ou de um fato, mas Ele responde. Nós precisamos aprender a ouvi-Lo na oração, para conhecermos os planos que Ele tem para nossa vida.

Nós precisamos, na oração, pedir ao Espírito Santo que nos faça descobrir o que está ruim dentro de nós. Deus sabe o quando fomos machucados e sabe como nos curar.

A nossa vida inteira é um processo de cura interior. Enquanto estivermos com os pés nesta terra, nossa vida será um processo de cura interior. Nós temos de nos apresentar diante de Deus. O Todo-poderoso tem um plano para nossa vida, um plano de amor, de realização e de felicidade para nós. Se não abrirmos o nosso coração para a oração, correremos o sério risco de morrer sem conhecer o plano que Deus tinha para nós.

Márcio Mendes


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13486#.U0PLVEcqc4M

3 de abril de 2014

Como lidar com o medo

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Há pessoas que se sentem ameaçadas por tudo e por todos

O medo da desgraça é pior do que a desgraça. O medo de sofrer é pior do que o sofrimento. É natural ter medo; é algo humano, mas devemos enfrentá-lo para que ele não paralise a nossa vida. Há muitas formas de medo: temos medo do futuro incerto, da doença, da morte, do desemprego, do mundo… O medo nos paralisa e nos implode interiormente, perturba a alma, por isso é importante enfrentá-lo. Talvez seja ele uma das piores realidades de nossos dias.

Coragem não é a ausência do medo, mas sim a capacidade de alcançar metas, apesar do medo; caminhar para frente; enfrentar as adversidades, vencendo os medos. É isso que devemos fazer. Não podemos nos derrotar, nos entregar por causa desse sentimento [medo].

A maioria das coisas que tememos acontecer conosco, acabam nos acontecendo. E esse medo antecipado nos faz sofrer muito, nos preocupar em demasia e perder horas de sono. E, muitas vezes, acaba acontecendo o que menos esperamos. Muitas vezes antecipadamente, sem nenhuma necessidade. Como me disse um amigo: “não podemos sangrar antes do tiro!”.

É preciso policiar a nossa mente; ela solta a si mesma e pode fabricar fantasmas assustadores, especialmente nas madrugadas. Os medos em geral são sombras imaginárias sem bases na realidade.

Há pessoas que se sentem ameaçadas por tudo e por todos: “Fulano não gosta de mim, veja como me olha!” Ou: “Sicrano me persegue; todos conjuram contra mim; meu trabalho não vai dar certo…” E assim vão dramatizando os fatos e fabricam tragédias.

É preciso acordar, deixar de se torturar com essas fantasias e pesadelos imaginários; o que assusta é irreal. Quando amanhece as trevas somem… para onde foram? Não foram para lugar algum, simplesmente desapareceram, não existiram; não eram reais. Quanto menor o medo, menor o perigo. As aflições imaginárias doem tanto quanto as outras.

Quando Jesus chamou Pedro para vir ao encontro d’Ele, andando sobre as águas do mar da Galileia, ele foi, mas permitiu que o medo tomasse conta do seu coração; então, começou a afundar. Após salvá-lo, Jesus lhe pergunta: “Homem de pouca fé, por que duvidaste?” (Mt 15,31).

Pedro sentiu medo porque olhou para o vento e para a fúria do mar em vez de manter os olhos fixos em Jesus. Esse também é o capa_para_ser_feliz(1)nosso grande erro, em vez de mantermos os olhos fixos em Deus, permitimos que as circunstâncias que nos envolvem nos amedrontam.

Não podemos, em hipótese alguma, abrigar o medo e o pânico na alma; não lhes permitir que “durmam” conosco. Não! Arranque-os pela fé, pela oração e por um ato de vontade, decididamente.

É claro que toda a fé em Deus não nos dispensa de fazer a nossa parte. Não basta rezar e confiar, cruzando em seguida os braços; o Senhor não fará a nossa parte. Ele está pronto a mover todo o céu para fazer aquilo que não podemos fazer, mas não faz nada que podemos fazer. Vivemos dizendo a Deus que temos confiança n’Ele, mas passamos o tempo todo provando o contrário, por nossas preocupações…

Quando você age com fé e confiança em Deus, Ele lhe dá equilíbrio e luzes para agir, guiando-o e abrindo portas para você resolver o problema que o angustia. Se temos um problema é porque ele tem solução, então vamos a ela; se o problema não tem solução, então não é mais um problema, é um fato consumado, que devemos aceitar.

Em vez de ficar pensando em suas fraquezas, deficiências, problemas e fracassos, reais ou imaginários, pense como o salmista: “ O Senhor é a minha luz e a minha salvação, a quem temerei” (Sl 26,1).

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Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

Prof. Felipe Aquino @pfelipeaquino, é casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site do autor: www.cleofas.com.br


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13484#.Uz007Ecqc4M

1 de abril de 2014

Decisões guiadas pela fé

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A decisão está nas mãos de nossa liberdade!

Nas primeiras páginas do livro da criação (cf. Gn 1,4), o Autor Sagrado expôs, com perspicácia, a sabedoria com que Deus criou o mundo e nele introduziu, ao fim da luminosa descrição poética e profundamente religiosa, o homem e a mulher, feitos à Sua imagem e semelhança, com inteligência e liberdade. Deus, fonte de todo bem, viu que tudo era muito bom (cf. Gn 1,31). Começou a aventura da liberdade!

Muitas pessoas foram convocadas por Deus para participar da construção de uma história de salvação. Noé encontrou graça aos olhos do Senhor (cf. Gn 6,8) quando a Terra estava cheia de violência (cf. Gn 6,13). Abraão foi escolhido e chamado por Deus (cf. Gn 12), também Moisés (cf. Ex 3), Samuel (cf. I Sm 3), Isaías (cf. Is 6) e Jeremias (cf. Jr 1), ao lado de tantas outras pessoas que aprenderam, em meio às luzes e sombras, a discernir a voz do Senhor. E ainda foram muitas as histórias de infidelidades, pecados, traições, nas quais um povo de cabeça dura (cf. Ex 32,7-14; Atos 7, 51) voltou atrás, depois de decidir-se pelo seguimento da Palavra do Senhor. E Deus, em Sua misericórdia, sempre estava aberto para o perdão.

Na plenitude dos tempos (cf. Gl 4,4), foi chamada uma jovem, quem sabe, apenas adolescente, a Virgem Maria, na qual o Céu encontrou a mais transparente de todas as respostas (cf. Lc 1–2). Nela, a Palavra Eterna de Deus se fez Carne. Em nome da humanidade, foi o 'sim' que a Deus agradou, a contrapartida da humanidade para se realizar a salvação, mãe que fez a vontade de Deus (cf. Mc 3,34). E veio Jesus Cristo!

Depois dos anos vividos em Nazaré, Jesus vai ao Jordão, acolhe a voz do Pai e a manifestação do Espírito Santo, e inicia a pregação do Reino. Jesus chamou os primeiros apóstolos, abriu o leque para convocar os que foram chamados de discípulos, envolveu famílias amigas, como vemos nas visitas a Marta, Maria e Lázaro. O Senhor teve colóquios de amizade e confidência com Pedro, Tiago e João; olhou com amor provocante e desafiador para muitas pessoas, suscitando nelas a decisão pelo Seu seguimento, dirigiu-se às multidões, consolou, curou e  perdoou! Ninguém passou em vão ao lado de Cristo!

No correr do caminho, conquistou discípulos e amigos, mas também granjeou reações ferrenhas de Seus opositores e esteve com grupos que Lhe prepararam verdadeiras armadilhas verbais (cf. Mc 11–12). Para estupor de todos os que n'Ele depositam a segurança de sua vida, foi até considerado um homem possuído por Belzebu (cf. Mc 3,20-35). Sabemos que muitas ciladas foram preparadas para prendê-Lo, o que só aconteceu quando chegou a hora de passar deste mundo para o Pai (cf. Jo 13,1).

Nosso Senhor Jesus Cristo é Senhor da História, mas se submeteu ao julgamento da própria história, deixando aberta a margem da maravilhosa e terrível realidade da liberdade humana, para que todos os seres humanos possam se decidir diante d'Ele. Os que se decidem pelo Seu seguimento participarão de Suas alegrias e também de Suas provações ou privações. A eles caberá usar o precioso dom da liberdade, para tomar decisões acertadas, para se erguerem das próprias quedas e assumirem o norte de suas vidas, iluminados que foram pela bússola da fé.

São Paulo, um dos chamados na undécima hora (cf. Gl 1,11-24), fez a experiência da fé em Jesus Cristo (II Cor 4,13–5,1). Nele é possível encontrar alguns critérios para as decisões a serem tomadas, pois todos nós somos igualmente chamados ao seguimento de Cristo, aprendendo a pensar o que é certo e realizá-lo (Oração do dia do IX Domingo do Tempo Comum).

A luz da fé, suscitada pelo seguimento de Jesus, provocado pelo anúncio da salvação, é o horizonte para as decisões. O cristão não é indiferente diante dos cruzamentos das estradas de sua vida. Ele escolhe o que é conforme Cristo e Seu Evangelho, sem medo de nadar contra a correnteza. Por causa de sua fé, fala e dá testemunho corajoso (cf. II Cor 4,13), superando a pusilanimidade que conduz à omissão vergonhosa. Para tanto, sua força está na oração, com a qual experimenta a presença certa daquele Senhor que escolheu para seguir (cf. I Ts 5,17; 2 Ts 1,11.3,1).

Diante das dificuldades, é sua tarefa vencer o desânimo (cf. II Cor 16-17) e erguer os que estão caídos. Cabe-lhe sempre tomar a iniciativa! Sabe que os sofrimentos, as dores e a própria morte não têm a última palavra, pelo que se renova dia a dia (cf. II Cor 4,16) e aposta sua vida no que é invisível e eterno (cf. II Cor 4,18).

Decisões guiadas pela fé, oração, iniciativa, coragem diante dos obstáculos, capacidade de olhar para o alto! Nada menos do que a proposta da Igreja para todos e não para um grupo de privilegiados. A decisão está nas mãos de nossa liberdade!

 

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Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13481#.Uzq9Ukd1E4M

31 de março de 2014

A arte de administrar conflitos

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Chora com os que choram, sorri com a vitória do outro

Pedro, o impulsivo apóstolo, é o tipo de “líder nato”. Sua sinceridade é radical. É um homem impulsivo e impetuoso. É mais levado pela ação do que pela reflexão. Promete mais do que pode cumprir. É aquele que, na torcida, puxa o grito de “gol”. Vai de um extremo a outro facilmente. Tem dificuldades de esperar. Quer tudo para ontem. Chora com os que choram. Sorri com a vitória do outro. É uma pessoa simples e objetiva. Não suporta burocracias inúteis. Acredita na empresa e diz que morreria por ela, embora, na hora H, às vezes, tenha dificuldades de apagar os incêndios; quase sempre se arrepende de suas falhas e tem coragem de pedir perdão. Reconsidera seus atos e muda a rota.

Pedro é um líder amoroso. Quem tem alguém assim em seu grupo colherá resultados de coesão entre os outros membros. Este é um tipo difícil em razão de sua instabilidade e sua impulsividade, mas, se administrado com sabedoria, é o gerente ideal para toda a empresa. Não lhe faltará iniciativa. Ele não deixará ninguém ficar parado e identificará facilmente o traidor. Os “Pedros” não suportam o espírito de divisão. São pessoas pouco ambiciosas. Mas, se não forem valorizados, normalmente se tornam “pedras” no caminho do diretor.

Este apóstolo é citado 154 vezes no Novo Testamento com o nome de “Pedro”, ou seja, “Pedra”. Na verdade, esta é a tradução para “Kefa”, em aramaico, língua materna de Jesus. É chamado também 75 vezes por seu nome original, “Simão”. Outras vezes, aparece simplesmente como “filho de João” ou, na forma aramaica, “filho de Jonas”.

Era natural da pequena cidade de Betsaida, nos arredores do mar da Galileia. Dalí, veio também André, seu irmão, e Felipe. Tinha forte sotaque de pescador da Galileia. Mas Pedro não era um pescador qualquer. Tinha uma pequena empresa de pesca em sociedade com um tal Zebedeu, que era pai de outros dois apóstolos: João e Tiago. Devia ter alguma estabilidade econômica. Parece também que era um homem religioso. Tanto é verdade que, juntamente com seu irmão, foi à Judeia acompanhar a pregação de outro profeta, João Batista. Acreditava que Deus iria intervir na situação da época, já que a região era dominada e explorada pelos romanos.

Pedro era casado. Sabemos que, em certa ocasião, Jesus curou sua sogra. Por esse fato sabemos também que morava na cidade de Cafarnaum, à beira do mar da Galileia, bem em frente a uma sinagoga. Pelo jeito, a sogra vivia na mesma casa de Pedro. No início, Jesus escolheu apenas cinco apóstolos, conforme o costume dos rabinos da época. Um deles era Pedro. O número doze passou a representar as tribos de Israel, ou seja, o pequeno grupo dos apóstolos seria a semente do novo povo de Deus.

Simão Pedro tinha um temperamento que unia alguns contrastes; era forte e ao mesmo tempo fraco; corajoso e ao mesmo tempo emotivo; inteligente e ingênuo; capaz de dar a melhor resposta e também de dizer a maior bobagem; podemos dizer que era uma pessoa totalmente humana. Pedro era pedra para construir e também para atrapalhar. Era o tipo de pessoa que costumamos chamar de “uma pedreira”. Mas a qualidade que integrava todos estes paradoxos é que Pedro era uma pessoa absolutamente sincera.

Trecho retirado do livro: "Como liderar pessoas difíceis"

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Padre Joãozinho, SCJ
http://blog.cancaonova.com/padrejoaozinho/
Padre da Congregação do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos), doutor em Teologia, diretor da Faculdade Dehoniana em Taubaté (SP), músíco e autor de vários livros.


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13476#.Uzk_AEd1E4M

28 de março de 2014

Caminhar na luz

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Trata-se de uma revolução na escala de valores que orienta a vida

"Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti Cristo resplandecerá" (Ef 5,14). A luz e o dia, que vencem a escuridão, são imagens que perpassam as culturas e as épocas, presentes também em várias concepções da vida humana em diversas religiões. Também a Sagrada Escritura recorre com frequência a essa polarização entre a luz e as trevas, como apresenta a Igreja durante estes dias de Quaresma.

A Igreja vive uma estação claramente catecumenal, proporcionando aos que já são batizados a oportunidade de acompanhar os irmãos e as irmãs que serão batizados na Vigília Pascal e também renovar seus compromissos. Neste percurso formativo, todos os cristãos são convidados a se confrontarem com Cristo, Água Viva que sacia a humanidade, Luz do Mundo, vencedor das trevas do pecado, Cristo, Ressurreição e Vida. Na presente etapa, o convite é dirigido a todas as pessoas que querem se deixar tocar por Jesus, acompanhados por um certo cego de nascença, na narrativa esplendorosa do Evangelho de São João (Jo 9, 1-38). Jesus realiza uma obra nova, recria o cego, que alcança o ponto mais alto de sua existência: "Quando Jesus o encontrou, perguntou-lhe: 'Tu crês no Filho do Homem?' Ele respondeu: 'Quem é, Senhor, para que eu creia nele?' Jesus disse: 'Tu o estás vendo; é aquele que está falando contigo. Ele exclamou: 'Eu creio, Senhor!' E ajoelhou-se diante de Jesus" (Jo 9,35-38).

Ouvi de uma mulher, cega de nascença, na autoridade de seus mais de oitenta anos, uma afirmação desconcertante: "Agradeço a Deus por ser cega, pois a maior parte dos pecados começa com a vista! Não enxergando, posso pecar menos, dizia magistralmente esta senhora que nunca leu uma letra, diante de alguém que se tinha debruçado várias vezes diante da Palavra do Evangelho: "Se teu olho direito te leva à queda, arranca-o e joga para longe de ti! De fato, é melhor perderes um de teus membros do que todo o corpo ser lançado ao inferno" (Mt 5,29). Trata-se uma revolução na escala de valores que pode orientar a vida, na qual importa efetivamente uma vida distante do pecado! É que Deus não nos fez para o egoísmo e a maldade, mas para a virtude e para o bem!

O presente de Deus, que nos foi confiado no batismo, a iluminação da fé, abre horizontes diferentes para a vida inteira. O próprio batismo já foi chamado "iluminação". Os cristãos hão de aproveitar a graça da purificação quaresmal, lavar seus olhos ou, quem sabe, passar um bom colírio (Cf. Ap 3,18) para enxergar de novo e de forma renovada a vida e os acontecimentos. Cabe-lhes mudar o rumo da vida e contribuir para que o mundo se conforme aos valores do Reino de Deus. Ora, trata-se de fazer opções diferentes, afastando-se da escuridão do pecado, buscando lá dentro, no batismo recebido, as forças para lutar contra a correnteza.

A Igreja nos oferece, por meio das leituras da Escritura escolhidas para o Tempo Quaresmal, indicações precisas para que a luz de Deus, que um dia brilhou em nós pelo batismo, jamais se esconda e não se apague em nós o seu fulgor, como muitas vezes cantamos num hino de renovação do sacramento da iluminação! Sim, queremos que o amor plantado em nosso coração ajude os irmãos a caminharem, guiados pelas mãos de Deus, na nova Lei do Evangelho. É na escola de São Paulo (Ef 5, 8-14) que encontramos os frutos da luz!

A luz de Deus resplandece na bondade com que os cristãos são chamados a agir. Pequenos gestos de atenção, olhares feitos de simplicidade, iniciativas comunitárias, compromisso com o bem. Mesmo quando nos sentimos limitados ou quando efetivamente pecamos pela fraqueza que nos acompanha, ser filhos da luz significa não compactuar com as más intenções, mas nos purificarmos decididamente, comprometendo-nos com o bem.

Os homens e as mulheres marcados pela graça batismal se comprometem com a justiça e não aceitam qualquer vínculo com meios ilícitos em vista de objetivos como o lucro, a projeção social ou qualquer outro proveito a ser alcançado indignamente. Consequências? Palavra dada, lisura nos negócios, retidão na administração dos bens, irrepreensibilidade no comportamento social.

Mais ainda, no programa de vida decorrente do batismo: a opção pela verdade. A história da Igreja e da humanidade está repleta de exemplos de homens e mulheres retilíneos em seu comportamento, capazes de suscitar santa inveja em gerações que os sucedem. É claro que tal escolha tem consequências, inclusive sofrimento ou derramamento do próprio sangue para serem coerentes com a verdade. São pessoas das quais "o mundo não era digno" (Hb 11,38), que enfrentaram todos os desafios, sem jamais ceder no compromisso assumido. E escolheram a Verdade, que é Jesus Cristo, sem inventar suas próprias verdades ou meias-verdades.

Para alcançar tais alturas, às quais todos somos destinados, quem se descobre filho da luz, no sentido que São Paulo, na Carta aos Efésios (5, 8-14) e a Igreja entendem, busca o discernimento do que agrada ao Senhor. Um dos pontos de referência se encontra nos mandamentos, resumidos no amor a Deus e ao próximo. Outra ajuda preciosa no discernimento é a chamada "regra de ouro" (Cf. Mt 7,12), que propõe fazer aos outros aquilo que desejamos seja feito a nós mesmos. Vale também escutar as outras pessoas, conselheiros e conselheiras que nos ajudam a ver ângulos diferentes quando se trata de tomar decisões. Mais ainda, é na escuta da Palavra de Deus e na oração que se identifica cada passo a ser dado na vida.

A seriedade com que o cristão assume sua vida exige ainda que ele não se associe com as obras das trevas. De fato, tudo o que precisa ficar escondido, resistindo à luz da verdade, traz consigo suspeita e desconfiança, pelo que a prática das virtudes evangélicas acrescenta ainda a exigência de radicalidade. Não dá para ser meio cristão e meio pagão. Se quisermos ser honestos com a própria consciência e com a verdade, não será possível manter conceitos como "não praticante", referindo-se a cristãos que entenderam a beleza da graça recebida no batismo.

O apelo feito pela Igreja é, sim, pela seriedade na vivência cristã. E este é o tempo oportuno, a hora da graça e da salvação. Cresça em número e qualidade o povo amado por Deus. E, como graças a Deus, a maioria das pessoas que se envolvem conosco recebeu o batismo, é hora de dizer: ninguém fique de fora!


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Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13475#.UzVLvUd1E4M

24 de março de 2014

Confessar-se: como? por quê?

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A confissão dos pecados graves e veniais

 Por que devo me confessar?

O coração do homem apresenta-se pesado e endurecido. É preciso que Deus dê a ele um coração novo. A conversão é, antes de tudo, uma obra da graça divina, que reconduz nosso coração a Ele: “Converte-nos, a ti, Senhor, e nos converteremos” (Lm 5,21). O Senhor nos dá a força de começar de novo. É descobrindo a grandeza do amor de Deus que nosso coração experimenta o horror e o peso do pecado e começa a ter medo de ofender o Altíssimo pelo mesmo pecado e de ser separado d'Ele. O coração humano converte-se olhando para aquele que foi transportado por nossos pecados (CIC 1432).

O pecado é uma palavra, um ato ou um desejo contrário à lei eterna; “é uma falha contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade humana.” (cf. CIC 1849). Por esse motivo, a conversão traz, ao mesmo tempo, o perdão de Deus e a reconciliação com a Igreja, e é isso que o Sacramento da Penitência e da Reconciliação exprime e realiza liturgicamente.

A confissão dos pecados graves e veniais

Cristo instituiu o sacramento da penitência para todos os membros pecadores de Sua Igreja, antes de tudo, para aqueles que, depois do batismo, cometeram pecado grave e, com isso, perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial. É a eles que o sacramento da penitência oferece uma nova possibilidade de se converter e recobrar a graça da justificação (CIC, 1446).

Comete-se um pecado grave quando, mesmo conhecendo a lei de Deus, se pratica uma ação voluntariamente contra as normas prescritas nos dez mandamentos (cf. CIC 1857-1861).


O pecado mortal destrói a caridade no coração do homem por uma infração grave da lei de Deus; desvia-O de Deus, que é seu fim último e sua bem-aventurança, preferindo um bem inferior.

O pecado mortal, atacando em nós o princípio vital que é a caridade, exige uma nova iniciativa da misericórdia de Deus e uma conversão do coração, que se realiza normalmente no sacramento da reconciliação (CIC 1855, 1856).

A declaração dos pecados ao sacerdote constituiu uma parte essencial do sacramento da penitência: “Os penitentes devem, na confissão, enumerar todos os pecados mortais de quem têm consciência depois de examinar-se seriamente, mesmo que esses pecados sejam muito secretos e tenham sido cometidos somente contra os dois últimos preceitos do decálogo, pois, às vezes, esses pecados ferem gravemente a alma e são mais prejudiciais do que os outros que foram cometidos à vista e conhecimento de todos” (CIC, 1456).

Todo fiel, depois de ter chegado à idade da discrição, é obrigado a confessar fielmente seus pecados graves, pelo menos uma vez por ano. (cf. CDC, 989; cf. CIC, 1457)

Aquele que tem consciência de ter cometido um pecado mortal não deve receber a sagrada comunhão, mesmo que esteja profundamente contrito, sem receber previamente a absolvição sacramental, a menos que tenha um motivo grave para comungar e lhe seja impossível chegar a um confessor (cf. CDC, 916; cf. CIC, 1457).

Procurai o Senhor enquanto é possível encontrá-Lo, chamai por Ele, agora que está perto. Que o malvado abandone o mau caminho, que o perverso mude seus planos, cada um se volte para o Senhor, que vai ter compaixão; pois os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, e vossos caminhos não são os meus – oráculo do Senhor. (Is 55,6-8).

“Lâmpada para meus passos é tua palavra e luz no meu caminho” (Sl 118,105).

O pecado venial (pecado ou falta leve), mesmo não rompendo a comunhão com Deus, “enfraquece a caridade, traduz uma afeição desordenada pelos bens criados, impede o progresso da alma no exercício das virtudes e a prática do bem moral; merece penas temporais. O pecado venial deliberado e que fica sem arrependimento nos dispõe, pouco a pouco, a cometer o pecado mortal” (CIC, 1863).

Por isso, a Igreja vivamente recomenda a confissão frequente desses pecados cotidianos (CDC 988). A confissão regular dos pecados veniais ajuda-nos a formar nossa consciência, a lutar contra nossas más inclinações, a deixar-nos curar por Cristo, a progredir na vida do Espírito. Recebendo mais frequentemente, por meio deste sacramento, o dom da misericórdia do Pai, somos levados a ser misericordiosos como Ele (cf. LG 40,42; CIC, 1458).

“Mesmo se a Igreja não nos obriga à confissão frequente, a negligência em recorrer a ela é, pelo menos, uma imperfeição e pode tornar-se até um pecado, pois a confissão frequente é o único meio para o cristão evitar o pecado grave” (Sto. Afonso de Liguori, Teol. Mor., VI, 437).

Retirado do livro: Confessar-se: como? por quê?