24 de março de 2014

Confessar-se: como? por quê?

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A confissão dos pecados graves e veniais

 Por que devo me confessar?

O coração do homem apresenta-se pesado e endurecido. É preciso que Deus dê a ele um coração novo. A conversão é, antes de tudo, uma obra da graça divina, que reconduz nosso coração a Ele: “Converte-nos, a ti, Senhor, e nos converteremos” (Lm 5,21). O Senhor nos dá a força de começar de novo. É descobrindo a grandeza do amor de Deus que nosso coração experimenta o horror e o peso do pecado e começa a ter medo de ofender o Altíssimo pelo mesmo pecado e de ser separado d'Ele. O coração humano converte-se olhando para aquele que foi transportado por nossos pecados (CIC 1432).

O pecado é uma palavra, um ato ou um desejo contrário à lei eterna; “é uma falha contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade humana.” (cf. CIC 1849). Por esse motivo, a conversão traz, ao mesmo tempo, o perdão de Deus e a reconciliação com a Igreja, e é isso que o Sacramento da Penitência e da Reconciliação exprime e realiza liturgicamente.

A confissão dos pecados graves e veniais

Cristo instituiu o sacramento da penitência para todos os membros pecadores de Sua Igreja, antes de tudo, para aqueles que, depois do batismo, cometeram pecado grave e, com isso, perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial. É a eles que o sacramento da penitência oferece uma nova possibilidade de se converter e recobrar a graça da justificação (CIC, 1446).

Comete-se um pecado grave quando, mesmo conhecendo a lei de Deus, se pratica uma ação voluntariamente contra as normas prescritas nos dez mandamentos (cf. CIC 1857-1861).


O pecado mortal destrói a caridade no coração do homem por uma infração grave da lei de Deus; desvia-O de Deus, que é seu fim último e sua bem-aventurança, preferindo um bem inferior.

O pecado mortal, atacando em nós o princípio vital que é a caridade, exige uma nova iniciativa da misericórdia de Deus e uma conversão do coração, que se realiza normalmente no sacramento da reconciliação (CIC 1855, 1856).

A declaração dos pecados ao sacerdote constituiu uma parte essencial do sacramento da penitência: “Os penitentes devem, na confissão, enumerar todos os pecados mortais de quem têm consciência depois de examinar-se seriamente, mesmo que esses pecados sejam muito secretos e tenham sido cometidos somente contra os dois últimos preceitos do decálogo, pois, às vezes, esses pecados ferem gravemente a alma e são mais prejudiciais do que os outros que foram cometidos à vista e conhecimento de todos” (CIC, 1456).

Todo fiel, depois de ter chegado à idade da discrição, é obrigado a confessar fielmente seus pecados graves, pelo menos uma vez por ano. (cf. CDC, 989; cf. CIC, 1457)

Aquele que tem consciência de ter cometido um pecado mortal não deve receber a sagrada comunhão, mesmo que esteja profundamente contrito, sem receber previamente a absolvição sacramental, a menos que tenha um motivo grave para comungar e lhe seja impossível chegar a um confessor (cf. CDC, 916; cf. CIC, 1457).

Procurai o Senhor enquanto é possível encontrá-Lo, chamai por Ele, agora que está perto. Que o malvado abandone o mau caminho, que o perverso mude seus planos, cada um se volte para o Senhor, que vai ter compaixão; pois os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, e vossos caminhos não são os meus – oráculo do Senhor. (Is 55,6-8).

“Lâmpada para meus passos é tua palavra e luz no meu caminho” (Sl 118,105).

O pecado venial (pecado ou falta leve), mesmo não rompendo a comunhão com Deus, “enfraquece a caridade, traduz uma afeição desordenada pelos bens criados, impede o progresso da alma no exercício das virtudes e a prática do bem moral; merece penas temporais. O pecado venial deliberado e que fica sem arrependimento nos dispõe, pouco a pouco, a cometer o pecado mortal” (CIC, 1863).

Por isso, a Igreja vivamente recomenda a confissão frequente desses pecados cotidianos (CDC 988). A confissão regular dos pecados veniais ajuda-nos a formar nossa consciência, a lutar contra nossas más inclinações, a deixar-nos curar por Cristo, a progredir na vida do Espírito. Recebendo mais frequentemente, por meio deste sacramento, o dom da misericórdia do Pai, somos levados a ser misericordiosos como Ele (cf. LG 40,42; CIC, 1458).

“Mesmo se a Igreja não nos obriga à confissão frequente, a negligência em recorrer a ela é, pelo menos, uma imperfeição e pode tornar-se até um pecado, pois a confissão frequente é o único meio para o cristão evitar o pecado grave” (Sto. Afonso de Liguori, Teol. Mor., VI, 437).

Retirado do livro: Confessar-se: como? por quê?

19 de março de 2014

São José, o pai da Igreja

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Conheça as sete dores e alegrias deste santo

Hoje, dia 19 de março, é o único dia da Quaresma no qual os padres tiram o roxo, porque é Dia de São José, pai de Jesus Cristo.

A Igreja faz um culto especial a esse santo, uma veneração, olhando para ele que foi escolhido por Deus para ser pai de Jesus.

Deus quis que ele fosse o pai daquele que seria a salvação do mundo! É muito importante entender que São José é pai de Jesus, assim como Maria é mãe.

São Mateus, em seu Evangelho, mostra como o Altíssimo escolheu José, a dedo, para ser o pai de Cristo.  Esse grande santo ouviu o anjo e recebeu a Santíssima Virgem Maria como sua esposa.

Em 1870, no Concílio Vaticano I, o Papa Pio IX proclamou São José o pai da Igreja Católica.

Qual a argumentação que os teólogos fizeram para isso? Cristo é a cabeça da Igreja, logo, aqueles que geraram essa cabeça são os pais do corpo.

Deus confiou a Igreja a São José lá no céu para que ela fosse protegida.

Por que tantos Papas escreveram encíclicas sobre esse grande santo? Porque ele é pai da Igreja e de cada um de nós.

No dia primeiro de maio temos mais uma comemoração de São José, que também é o patrono dos trabalhadores. São Pedro e São Paulo têm duas festas também, mas isso é raro. Só os santos "gigantes" têm mais de uma comemoração no ano.

Infelizmente, diminuiu bastante na Igreja a devoção a São José. Uma das devoções mais antigas e belas a esse santo é a Coroa das suas Sete Dores e Gozos; após a contemplação de cada dor e gozo, se reza um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória ao Pai. Saiba quais são:

1 - Dor de pensar em deixar Maria ao vê-la grávida; gozo em receber a mensagem do anjo anunciando que ela estava grávida por obra do Espírito Santo.

2 - Dor de ver Jesus nascer na gruta de Belém; gozo ao vê-Lo adorado pelos anjos, pastores e reis magos.

3 - Dor de derramar o Sangue do Menino Jesus na circuncisão; gozo ao dar-lhe o nome de Jesus.

4 - Dor ao ver a espada de Simeão apresentada a Maria; gozo ao ver Ana e Simeão louvando o Menino.

5 - Dor do desterro para o Egito; gozo ao ver os ídolos caírem dos pedestais quando a Sagrada Família entrou nesse mesmo país.

6 - Dor de não poder voltar para Jerusalém por causa de Arquelau, filho de Herodes; gozo ao voltar para Nazaré.

7 - Dor da perda de Jesus, em Jerusalém, aos 12 anos; gozo ao encontrá-Lo entre os doutores, sendo louvado por eles.

Oração - Ó glorioso Patriarca São José, animado de uma fé viva, chego ao vosso trono de glória, em que firmíssimamente Deus vos colocou pelos méritos de Jesus e de Maria, por vossos especiais méritos e virtudes. Eu vos peço que me alcanceis a graça de livrar-me dos sete pecados capitais, e que fique firme e constante nas virtudes a eles contrárias, e adornado dos sete dons do Espírito Santo, e que ame com fervor a Jesus e a Maria. E para mais obrigar vosso compassivo coração, lembro-vos as sete maiores dores.

Consagração a SÃO JOSÉ

Glorioso São José, digno de ser entre os santos com especialidade venerado, amado e invocado, pelo primor de vossas virtudes, eminência de vossa glória e poder de vossa intercessão, perante a Santíssima Trindade, perante Jesus, vosso Filho adotivo, e perante Maria, vossa castíssima Esposa, minha Mãe terníssima, tomo-vos hoje por meu advogado junto de ambos, por meu protetor e pai, proponho firmemente nunca me esquecer de Vós, honrar-vos todos os dias que Deus me conceder, e fazer quanto em mim estiver, para inspirar vossa devoção aos que estão a meu encargo. Dignai-vos, vo-lo peço, ó pai do meu coração, conceder-me vossa especial proteção e admitir-me entre vossos mais fervorosos servos. Em todas as minhas ações assisti-me, junto de Jesus e Maria favorecei-me, e na hora da morte não me falteis, por piedade. Amém.

17 de março de 2014

O segredo da cura

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Peça que o Espírito Santo o cure onde você realmente precisa

Em Lucas 5,1-5 temos um reflexo do que todos nós já passamos ou estamos passando. Pedro disse a Jesus: "Senhor, trabalhamos a noite inteira e não conseguimos nada" (idem 5b). Isso é reflexo do que vivemos e dizemos tantas vezes a Jesus: "Senhor, de que adiantou tanta luta?". Diante do desespero nós diremos sempre essa mesma frase. O primeiro segredo da cura dos traumas de Pedro, que representa a Igreja, foi quando Cristo chegou e ele estava consertando a rede. À noite não tinha como ver que este objeto estava rasgado, e ele só viu isso de manhã. Quando as coisas não estão bem em nossa vida, quando nos acontecem situações difíceis, buscamos culpados ou desculpas. Fracassos não resolvidos são semente de novos e maiores fracassos. Você quer ser curado de seus traumas? Então é preciso consertar suas "redes"! O ser humano é capaz de realizar o ótimo, mas também capaz de realizar o péssimo, pois é como uma rede que vai se estragando ao longo da vida. Existem pessoas que trazem traumas desde a barriga da mãe, em sua infância, ou provocado por outras pessoas. A nossa grande missão é consertar as "redes"; é preciso lavar nossas "redes", nosso coração, que é sede das emoções e das decisões. É necessário ter equilíbrio e dosar as coisas; ter disciplina no comer, em tudo. Sem disciplina espiritual não acontece cura. A indisciplina não deixa que a graça de Deus entre em nossa vida. As pessoas que não são capazes de fazer pequenas renúncias, não farão as grandes. Você quer ser uma pessoa curada? Cuide da sua alimentação; não prepare seu inconsciente para ter fome. O grande poder de cura é a Palavra de Deus, é essa Palavra que tem poder de restauração. Quando ela entra em seu inconsciente começa a agir. Mesmo que você não sinta, saiba que a Palavra está agindo. Mas Deus não nos violenta nunca, Ele só age em nós quando permitimos Sua ação. O Todo-poderoso trabalha no diálogo, Ele cura cada coisa que vamos pedindo, por isso a necessidade de fazermos um roteiro. Preciso me conscientizar quais as áreas da minha vida precisam ser equilibradas. 99% das doenças vêm de traumas; e o trauma é o grande inimigo seu e meu. Existem pessoas que confessam seus pecados desde a infância, porque são traumas. O povo e os padres precisam se convencer de que não adianta reclamar. O trauma é como uma torneirinha pingando; enxugamos o local, mas depois está molhado novamente. Muitas pessoas fazem uma confissão sincera, mas, mesmo assim, continuam pecando, porque, na verdade, são portadoras de traumas e precisam ser curadas na raiz. Por isso peça que o Espírito Santo venha curá-lo nas áreas que você realmente precisa. Os traumas atingem três áreas: - Física, - Espiritual, - Psicológica. É preciso identificar quais são os seus traumas. Use sua memória para retomar a situação de pecado que você viveu, naquele em que você sempre caiu e peça a Deus o discernimento para descobrir a raiz desse mal [pecado].

14 de março de 2014

Grandes poderes = grandes responsabilidades

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Homens de verdade expressam poder e misericórdia

 Sei que muitos de nós, homens, temos tendência para sermos mais práticos, para buscarmos as soluções dos problemas em vez de nos envolvermos neles e falar deles. Às vezes, entramos em nossa 'caixinha do nada' para sobrevivermos. Sim, 'caixa do nada'. “Ei, o que você está pensando?” “Nada”. “Te fiz algo?” “Nada”. Nada é nada mesmo. Isso nos faz viver a vida de maneira mais livre, mas que nosso 'segredo do nada' não nos impeça de nos envolvermos no que vale a pena! Homens de verdade expressam poder e misericórdia. Coragem e emoção!

Fico impressionado com o jeito de Jesus. Ele era amigo, encorajava e ensinava os discípulos, era um Pai para eles e para o povo. Jesus, às vezes, ria com eles, ia para as festas com a galera, mas também batia o pé em questões em que até mesmo os discípulos mais próximos discordavam. Era firme quando preciso e sabia se colocar em cada uma das situações.

Gostamos de proteger o que nos é sagrado e importante, especialmente as mulheres. Temos um desejo de doar nossas vidas a ponto de doer! Basta olhar para a maioria dos heróis que foram criados pela nossa imaginação, pela literatura e pelos filmes. Eles dão a vida por amor. Como fazemos para doar nossa vida à nossa maneira? Lembro aqui o que o tio do Homem Aranha disse a ele, no primeiro filme, antes de ser assassinado: “Grandes poderes requerem grandes responsabilidades”. É isso mesmo! O “poder” que nos foi dado de sermos homens tem como anexo, “de quebra”, grandes responsabilidades. Tá a fim de assumi-las?

Lembre-se de quando era criança e brincava com seu carrinho, que sempre o transportava para outras realidades. Com certeza, você o pegava e imaginava que estava levando alguém dentro dele, não é? Meu primeiro carrinho foi uma ambulância que acendia as luzes da frente e fazia o barulho da sirene. Sempre pensava: “Saia, saia da frente que preciso chegar até o hospital”. Esse desejo de proteção e de responsabilidade é parte de nós homens. Mesmo tendo esquecido, essa sensação está guardada em nossa lembrança.



Lá, no fundo do coração, a mulher quer mesmo um homem que a faça feliz e cuide dela. O mundo vive nos dizendo para curtir a vida agora e nos preocuparmos com coisas sérias depois. Mas nosso coração não funciona dessa maneira. Cada pedacinho de masculinidade em nós protesta contra isso! Deus nos criou para sermos guerreiros, para lutarmos pelo que é certo e pelo verdadeiro amor. Isso não é um sonho.

Lembro-me da cena do filme 'Gigantes de Aço', no qual o Charlie entrega seu filho, Max, aos cuidados de sua cunhada por não ter condições e disposição para educá-lo. Estava literalmente fugindo da luta! Fica bem claro que o garoto já o amava e queria ficar com ele. O pai (Charlie) então, indignado, diz: “Você sabe que não consigo cuidar de você, não sou o que você merece. O que quer que eu faça?”. Nessa hora, com os olhos cheios de lágrimas, Max fala algo que tirou meu fôlego: “Eu só queria que você lutasse por mim”.

Somos homens livres, racionais, com um pé na terra e outro na eternidade; temos inteligência para influenciar, direcionar e formar este mundo, fazendo-o valer a pena. Qual sua resposta diante dessa proposta? Qual a sua luta? Por onde recomeçar?

Nossa masculinidade não está encerrada em nosso corpo sarado e viril, mas sim em todo nosso ser. Não dá para pensar que o homem é aquele 'ogro' que não sabe ser corajoso e, ao mesmo tempo, acolhedor. Não é irônico que, um dia, o mundo tenha sido convidado a escolher a sua resposta a partir dessas duas visões de homem?

No dia do julgamento de Jesus, diante de Pilatos, foram apresentados dois modelos de homem: Jesus, o revolucionário do amor, homem de coragem e emoção, leão e cordeiro; e Barrabás, um revolucionário e lutador que matou por uma causa pessoal. “Bar Abbas” em hebraico significa “o filho do pai”.

E quem o povo escolheu?

Antes de o povo dar a resposta, Pilatos tentou mostrar quem, de fato, era homem verdadeiro: Ecce Homo! Eis o Homem! Foi o que ele disse! Mas não escolheram Jesus, ao contrário, O mataram!

Tentei mostrar o modelo de homem no qual precisamos nos espalhar. Mas a resposta é sua, homem! Então, qual modelo você irá seguir? Dentro de você, quem ficará vivo?Jesus ou Barrabás?

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Adriano Gonçalves
adriano@geracaophn.com

Mineiro de Contagem (MG), Adriano Gonçalves dos Santos é membro da Comunidade Canção Nova. Cursou Filosofia no Instituto da Comunidade e é acadêmico de Psicologia na Unisal (Lorena). Atua na TV Canção Nova como apresentador do programa Revolução Jesus. Mais que um programa, o Revolução Jesus é uma missão que desafia o jovem a ser santo sem deixar de ser jovem. Dessa forma, propõe uma nova geração: a geração dos Santos de Calça Jeans. É autor dos seguintes livros: "Santos de Calça Jeans", "Nasci pra Dar Certo!" e "Quero um Amor Maior"


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13466#.UyLf3Ed1E4M

12 de março de 2014

Fraternidade e tráfico humano

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Tráfico humano é uma das questões sociais mais graves da atualidade

A Igreja do Brasil realiza, há 40 anos, a Campanha da Fraternidade (CF). Durante o período da Quaresma, a proposta procura unir a espiritualidade de conversão e a penitência deste tempo litúrgico, em preparação para a Páscoa, às realidades sociais e às carências humanitárias que exigem um maior comprometimento da nossa fé cristã. Neste ano, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) propõe como tema “Fraternidade e tráfico humano”, e como lema “É para a liberdade que Cristo nos libertou”.

A sugestão nasceu de entidades ligadas à Pastoral da Mobilidade Humana e aos grupos que trabalham para combater o trabalho escravo. Após um longo aprofundamento sobre o assunto, chegou-se à conclusão de que se trata de uma grave chaga social que afeta o mundo e representa um dos mais sérios problemas humanitários do nosso país.

De acordo com Estudos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), são consideradas vítimas do tráfico humano pessoas aprisionadas pelo trabalho escravo e a exploração sexual. Em 2012, pelo menos 20,9 milhões foram vítimas deste crime. No Brasil, pelo menos 2,5 milhões de pessoas são vítimas desse aliciamento que envolve crianças, jovens e adultos. Geralmente, as vítimas são pessoas frágeis e inocentes que sonham com uma vida melhor, com a chance de sobrevivência ou uma vida mais digna. Elas são envolvidas em falsas promessas ou simplesmente levadas à força sem qualquer oportunidade de escolha. Tortura psicológica, constantes ameaças, falta de perspectivas ou de qualquer proteção dos órgãos de segurança fazem dessas pessoas presas fáceis dos aliciadores.

A Campanha da Fraternidade de 2014
chega numa boa hora em nosso país. O Brasil é palco de importantes eventos internacionais como Copa do Mundo, neste ano, e Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro, em 2016. A realização destes eventos aumenta a oferta e a procura pelo turismo sexual. Denúncias de trabalho escravo e exploração sexual, sobretudo de menores, fazem parte das manchetes dos nossos jornais quase de forma cotidiana. No Congresso Nacional, uma Comissão Parlamentar procura denunciar quem promove esta prática criminosa. A Igreja Católica pretende se unir a outras entidades, a fim de denunciar esses crimes e chamar a atenção da nossa sociedade para um mal social, ao qual, muitas vezes, nós fechamos nossos olhos.

Segundo o Cardeal Cláudio Hummes, a Igreja e toda a sociedade precisam unir forças para coibir essa prática vergonhosa. As iniciativas devem vir desde a mobilização de grupos à pressão junto aos órgãos públicos competentes. “O objetivo central da Campanha da Fraternidade será identificar as práticas de tráfico humano, em suas várias formas, manifestações e denunciá-las às autoridades constituídas, como violação da dignidade e da liberdade humanas, mobilizando cristãos, pessoas de boa vontade e sociedade organizada para erradicar este mal endêmico com vistas ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus”, afirma Dom Cláudio Hummes.

No entendimento do cardeal, a Igreja precisa ser também a mãe que cuida dos seus filhos feridos e machucados, dando-lhes atenção, cuidado, proteção e buscando meios de recuperação para as vítimas dessa brutalidade humana.

O Papa Francisco, desde o início do seu pontificado, tem sido uma voz de denúncia e de clamor pelas vítimas do tráfico humano no mundo todo. Francisco já fez vários pronunciamentos para que a sociedade não se cale diante dessas atrocidades com os filhos e filhas de Deus. “O tráfico de pessoas é uma atividade ignóbil, uma vergonha para as nossas sociedades que se dizem civilizadas”, exortou o Pontífice durante uma audiência aos responsáveis do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes da Santa Sé em maio de 2013. O Papa condenou o tráfico de seres humanos, considerando-o uma “vergonha”. Disse ainda que “exploradores e clientes deveriam fazer um sério exame de consciência diante de si e diante de Deus”.

O Documento de Aparecida afirma que “o tráfico humano é uma das questões sociais mais graves da atualidade” (cf. Celam, Documento de Aparecida, 7ª. Edição, 2008, n.73). No Texto Base da Campanha da Fraternidade, deste ano, a CNNB traça as causas do tráfico humano e quem são os rostos de quem sofre essa exploração. Ao mesmo tempo, a Igreja procura denunciar estruturas e situações causadoras do tráfico e reivindicar dos poderes públicos meios para reinserção das pessoas atingidas pelo tráfico humano na vida familiar e social. Além das vítimas de exploração no trabalho e no caráter sexual, a Igreja aponta o drama do tráfico para a extração de órgãos e o tráfico de crianças e adolescentes para adoção. Outro ponto importante no texto elaborado pela CNBB é a chamada de atenção para o enfrentamento ao tráfico humano e o compromisso da Igreja Católica no Brasil de estar ao lado das vítimas e, ao mesmo tempo, ser um canal de denúncia para não permitir a proliferação desta prática em nosso país.

A integrante do Setor Pastoral da Mobilidade Humana da CNBB e diretora do Instituto de Migrações e Direitos humanos (IMHD), Irmã Rosita Milesi, destaca que, mesmo com a escassez de estatísticas exatas sobre este tema e com o pouco envolvimento dos órgãos públicos e da sociedade nesta causa, nós, como Igreja, precisamos nos colocar ao lado das vítimas. “Aqui, novamente, somos chamados a estar ao lado das vítimas para reerguê-las e curá-las, para denunciar essas violações e demandar o poder constituído, a fim de tomar medidas de enfrentamento deste crime e implementar políticas públicas de assistência às pessoas escravizadas”, afirma a religiosa.

A Campanha da Fraternidade deste ano se une aos trabalhos de organizações, associações e entidades no Brasil e no mundo, que combatem esse crime e procura levar apoio e ajuda às vítimas de toda espécie de tráfico humano.

Cada um de nós é chamado a se envolver nesta causa social e combater esta perversidade humana. Não se iniba em denunciar qualquer suspeita deste crime perto de você. Ao mesmo tempo, não deixe de ajudar entidades que trabalham por esta nobre causa. O trabalho escravo e a exploração sexual acontecem, muitas vezes, ao nosso lado, mas não nos damos conta disso. Cristo nos libertou para que sejamos livres. Trabalhemos pela liberdade das vítimas dessa opressão!


Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13464#.UyA3VEd1ESU

10 de março de 2014

Jejum, esmola e oração

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Quaresma não é tempo de fatos ou fenômenos extraordinários

O tempo é um presente de Deus, quando visto a partir da experiência humana, pois não significa apenas uma categoria física, mas uma oportunidade para o crescimento das pessoas. Para nós cristãos, é ocasião privilegiada para a graça de Deus atuar em nossa vida, iluminando nossas escolhas e orientando nosso dia a dia.

A Quaresma, apenas iniciada, é uma forma de viver o tempo nas próximas semanas, oferecida pela Igreja aos fiéis. É ainda ocasião para uma Campanha de Opinião Pública, que chamamos "Campanha da Fraternidade", nossa contribuição para que a sociedade se torne mais fraterna, justa e igualitária. Neste ano de 2014, trataremos de um tema desafiante: o tráfico humano, uma realidade dolorosa, presente de diversas formas em todas as regiões de nosso país.

Para nós, na Amazônia, brota um grito em prol da fraternidade e da superação do mal do tráfico de pessoas, que nos toca bem de perto. Estamos, pois, num tempo da vida cristã que faz os dias em si iguais em seu amanhecer. Sol ou chuva, por do sol ou noite, chuva, vento, frio ou calor se transformam e adquirem um colorido diferente. Vem de dentro a possibilidade de aproveitar este período.

Quaresma não é tempo de fatos ou fenômenos extraordinários, como muita gente ainda tem receio. Pode até acontecer de algumas pessoas "pegarem carona" na Quaresma da Igreja para espalhar o medo ou anunciar dificuldades e catástrofes. É bom saber que os dias e as estações continuam do mesmo jeito, que as pessoas ao nosso lado podem não estar nem aí para nossos atos de piedade ou práticas quaresmais. Elas se sentirão atraídas à vida da Igreja quando virem nosso testemunho coerente de vida cristã. Aí, muitas outras pessoas desejarão fazer mortificações e jejuns, dedicarão mais tempo à oração e se converterão ao amor de caridade. Como a Quaresma depende de escolha, nosso convite chega a todos os cristãos, assim como tantos homens e mulheres de boa vontade, para que abram o coração e a mente a Jesus Cristo, Senhor e Salvador da humanidade, Caminho, Verdade e Vida. Nele está a fonte de vida e de felicidade. Seu amor misericordioso quer alcançar a todos sem exceção. Ele não se cansa de perdoar e acolher as pessoas. A Igreja quer ser a Casa da Misericórdia para todas as pessoas, especialmente para quem se sente estropiado e cansado pelas labutas da vida.



Jesus convida todos os homens e mulheres a segui-Lo, tornando-se Seus discípulos. Quem aceita o chamado d'Ele inicia um processo de conversão, que quer dizer mudança de mentalidade, com a consequente mudança de rota na vida.

São Paulo descreveu, com maestria, esta vida nova: "Tendo vós todos rompido com a mentira, que cada um diga a verdade ao seu próximo, pois somos membros uns dos outros. Podeis irar-vos, contanto que não pequeis. Não se ponha o sol sobre vossa ira, e não deis nenhuma chance ao diabo. O que roubava não roube mais; pelo contrário, que se afadigue num trabalho manual honesto, de maneira que sempre tenha alguma coisa para dar aos necessitados. De vossa boca não saia nenhuma palavra maliciosa, mas somente palavras boas, capazes de edificar e de fazer bem aos ouvintes. Não entristeçais o Espírito Santo de Deus, com o qual fostes marcados, como por um sinal para o dia da redenção. Desapareça do meio de vós todo amargor e exaltação, toda ira e gritaria, ultrajes e toda espécie de maldade. Pelo contrário, sede bondosos e compassivos, uns para com os outros, perdoando-vos mutuamente, como Deus vos perdoou em Cristo. Sede, pois, imitadores de Deus como filhos queridos. Vivei no amor, como Cristo também nos amou e se entregou a Deus por nós como oferenda e sacrifício de suave odor. A imoralidade sexual e qualquer espécie de impureza ou cobiça nem sequer sejam mencionadas entre vós como convém aos santos. Nada de palavrões ou conversas tolas, nem de piadas de mau gosto: são coisas inconvenientes; entregai-vos, antes, à ação de graças" (Ef 4,25 - 5,4).

Para chegar lá é necessário exercitar-se, e muito! Na Quaresma, os cristãos se dedicam, de forma especial, a três práticas formativas de sua vontade no seguimento de Jesus Cristo, que nos ajudam a assumir a vida nova assim descrita: relacionamento consigo, com o próximo e com Deus.

A primeira delas é chamada de mortificação, abstinência ou jejum. As três expressões servem para indicar o processo de educação da vontade. Moderar o uso do alimento, escolher práticas que orientem nossos impulsos instintivos. Muitos o fazem por motivos de saúde ou por razões estéticas, enquanto nós desejamos fazê-lo para a educação da vontade e para partilhar o fruto do jejum com as pessoas necessitadas.

A segunda tem o nome de esmola, palavra, quem sabe, desgastada, que é o exercício das obras de misericórdia, ações caridosas pelas quais vamos em ajuda do nosso próximo, nas suas necessidades corporais e espirituais. Instruir, aconselhar, consolar, confortar, são obras de misericórdia espirituais, como perdoar e suportar com paciência. As obras de misericórdia corporais consistem em dar de comer a quem tem fome, albergar quem não tem teto, vestir os nus, visitar os doentes e os presos, sepultar os mortos. A esmola dada aos pobres é um dos principais testemunhos da caridade fraterna e também uma prática de justiça que agrada a Deus (Catecismo da Igreja Católica 2447). "Quem tem duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma, e quem tem mantimentos, faça o mesmo" (Lc 3, 11). "Dai antes de esmola do que possuis, e tudo para vós ficará limpo" (Lc 11, 41).

Enfim, intensificar a prática da oração, em todas as suas formas, é o terceiro exercício com o qual os cristãos se comprometem na Quaresma, abrindo-se para Deus e dedicando tempo e qualidade de relacionamento com o Senhor. Reze mais, reze melhor!





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Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém - PA.


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13462

8 de março de 2014

O Dia da Mulher

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A mulher não pode se afirmar querendo copiar os erros do homem

A última criatura que Deus fez foi a mulher; “tirada” do homem e com a mesma dignidade dele para lhe ser “companheira adequada” (Gen 2, 18) e para ser com ele “uma só carne” (Gen 2, 24). Um foi feito para o outro, completamente diferentes, no corpo e na alma, na voz e na força, nas lágrimas e na sensibilidade. A mulher foi moldada por Deus para ser, sobretudo, mãe e esposa: delicada, meiga, compassiva, generosa e paciente.

Hoje, um perigoso feminismo, “avançado”, tem colocado a mulher sob o risco de perder o que ela tem de melhor; feminismo este que tende a igualar entre si homem e mulher, esquecendo as diferenças específicas, que são exatamente o que fazem a maior riqueza da humanidade. Não se pode confundir entre si o masculino e o feminino, pois cada qual tem seus valores, que enriquecem a ambos na complementaridade. Enquanto o homem procura a eficiência fria e, às vezes, cega, a mulher é afetiva, dá graça e significado à racionalidade do homem.

Em nossos dias, registra-se uma triste competição entre o masculino e o feminino; há quem julgue que a mulher deve abandonar seus afazeres específicos para se igualar em tudo ao homem. No entanto, isso gera uma nova subserviência da mulher ao homem, o que muitas não percebem. Pois tem gerado uma nova e moderna escravidão da mulher.

A grandeza da mulher está precisamente em cultivar o que lhe é próprio: a afetividade e a capacidade de amar. Sem a presença dela, com seus traços femininos peculiares, as façanhas do homem poderiam facilmente redundar em desgraça para a própria humanidade.

A civilização atual atravessa uma fase de rápido declínio, porque está dominada por fatores culturais de origem masculina (tecnologia, racionalismo, busca excessiva de bem-estar econômico, amor como sinônimo de sexo). É a mulher, – não-contaminada pela mentalidade dominante, com a sua intuição, sua preferência pelo amor profundo e estável, pela fraternidade e pela fé religiosa, – que deve exercer uma tarefa muito elevada e indispensável para ajudar o homem a alcançar os valores superiores.

Hoje, a opinião pública pressiona, psicologicamente, a mulher para que ela realize tarefas, “superando o homem”, de forma que busque o sexo mais que o amor, o trabalho e a ciência mais que a geração e a educação dos filhos, o racionalismo mais que a fé, o feminismo e o conflito mais que a ternura, a igualdade de pensamento e de obrigações sociais mais que a complementaridade.

Paulo VI dizia que “se o homem tem o primado da razão, a mulher tem o primado do coração”; e este não é menos importante.

O homem é mais abstrato e voltado ao lado científico das coisas; a mulher busca o ser das coisas com a intuição. O mundo da mulher é compreender, sentir, perdoar, simpatizar. Ela é biologicamente feita para ser mãe, e psicologicamente, para ser materna. Sem o homem, a mulher cai no sentimentalismo; sem a mulher, o homem se congela na aridez e no tecnicismo soberbo.

A mulher não pode se afirmar na sociedade querendo copiar os erros do homem: corrupção, fraude, violência, aborto, eutanásia, exploração do sexo, cultura da morte, endeusamento da glória, do dinheiro e do prazer. A mulher precisa trazer uma nova alma à sociedade, fruto da sua beleza e do seu amor.

Infelizmente, o feminismo doentio transformou o belo Dia da Mulher em uma batalha inglória pela tal “liberdade feminina”: aprovação do aborto, da contracepção, do uso da camisinha, da esterilização da mulher e tantas coisas imorais.

Uma Mulher foi escolhida por Deus para trazer o Salvador a este mundo. Mas Ela teve de oferecer a sua vida toda a Deus; da manjedoura de Belém à cruz do Calvário. Ela foi a mais humilde das mulheres, e por isso, a eleita de Deus. Com a humildade, “desatou o nó” da desobediência de Eva. Não há modelo melhor para todas as mulheres!

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Felipe Aquino
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Prof. Felipe Aquino @pfelipeaquino, é casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site do autor: www.cleofas.com.br


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