12 de março de 2014

Fraternidade e tráfico humano

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Tráfico humano é uma das questões sociais mais graves da atualidade

A Igreja do Brasil realiza, há 40 anos, a Campanha da Fraternidade (CF). Durante o período da Quaresma, a proposta procura unir a espiritualidade de conversão e a penitência deste tempo litúrgico, em preparação para a Páscoa, às realidades sociais e às carências humanitárias que exigem um maior comprometimento da nossa fé cristã. Neste ano, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) propõe como tema “Fraternidade e tráfico humano”, e como lema “É para a liberdade que Cristo nos libertou”.

A sugestão nasceu de entidades ligadas à Pastoral da Mobilidade Humana e aos grupos que trabalham para combater o trabalho escravo. Após um longo aprofundamento sobre o assunto, chegou-se à conclusão de que se trata de uma grave chaga social que afeta o mundo e representa um dos mais sérios problemas humanitários do nosso país.

De acordo com Estudos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), são consideradas vítimas do tráfico humano pessoas aprisionadas pelo trabalho escravo e a exploração sexual. Em 2012, pelo menos 20,9 milhões foram vítimas deste crime. No Brasil, pelo menos 2,5 milhões de pessoas são vítimas desse aliciamento que envolve crianças, jovens e adultos. Geralmente, as vítimas são pessoas frágeis e inocentes que sonham com uma vida melhor, com a chance de sobrevivência ou uma vida mais digna. Elas são envolvidas em falsas promessas ou simplesmente levadas à força sem qualquer oportunidade de escolha. Tortura psicológica, constantes ameaças, falta de perspectivas ou de qualquer proteção dos órgãos de segurança fazem dessas pessoas presas fáceis dos aliciadores.

A Campanha da Fraternidade de 2014
chega numa boa hora em nosso país. O Brasil é palco de importantes eventos internacionais como Copa do Mundo, neste ano, e Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro, em 2016. A realização destes eventos aumenta a oferta e a procura pelo turismo sexual. Denúncias de trabalho escravo e exploração sexual, sobretudo de menores, fazem parte das manchetes dos nossos jornais quase de forma cotidiana. No Congresso Nacional, uma Comissão Parlamentar procura denunciar quem promove esta prática criminosa. A Igreja Católica pretende se unir a outras entidades, a fim de denunciar esses crimes e chamar a atenção da nossa sociedade para um mal social, ao qual, muitas vezes, nós fechamos nossos olhos.

Segundo o Cardeal Cláudio Hummes, a Igreja e toda a sociedade precisam unir forças para coibir essa prática vergonhosa. As iniciativas devem vir desde a mobilização de grupos à pressão junto aos órgãos públicos competentes. “O objetivo central da Campanha da Fraternidade será identificar as práticas de tráfico humano, em suas várias formas, manifestações e denunciá-las às autoridades constituídas, como violação da dignidade e da liberdade humanas, mobilizando cristãos, pessoas de boa vontade e sociedade organizada para erradicar este mal endêmico com vistas ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus”, afirma Dom Cláudio Hummes.

No entendimento do cardeal, a Igreja precisa ser também a mãe que cuida dos seus filhos feridos e machucados, dando-lhes atenção, cuidado, proteção e buscando meios de recuperação para as vítimas dessa brutalidade humana.

O Papa Francisco, desde o início do seu pontificado, tem sido uma voz de denúncia e de clamor pelas vítimas do tráfico humano no mundo todo. Francisco já fez vários pronunciamentos para que a sociedade não se cale diante dessas atrocidades com os filhos e filhas de Deus. “O tráfico de pessoas é uma atividade ignóbil, uma vergonha para as nossas sociedades que se dizem civilizadas”, exortou o Pontífice durante uma audiência aos responsáveis do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes da Santa Sé em maio de 2013. O Papa condenou o tráfico de seres humanos, considerando-o uma “vergonha”. Disse ainda que “exploradores e clientes deveriam fazer um sério exame de consciência diante de si e diante de Deus”.

O Documento de Aparecida afirma que “o tráfico humano é uma das questões sociais mais graves da atualidade” (cf. Celam, Documento de Aparecida, 7ª. Edição, 2008, n.73). No Texto Base da Campanha da Fraternidade, deste ano, a CNNB traça as causas do tráfico humano e quem são os rostos de quem sofre essa exploração. Ao mesmo tempo, a Igreja procura denunciar estruturas e situações causadoras do tráfico e reivindicar dos poderes públicos meios para reinserção das pessoas atingidas pelo tráfico humano na vida familiar e social. Além das vítimas de exploração no trabalho e no caráter sexual, a Igreja aponta o drama do tráfico para a extração de órgãos e o tráfico de crianças e adolescentes para adoção. Outro ponto importante no texto elaborado pela CNBB é a chamada de atenção para o enfrentamento ao tráfico humano e o compromisso da Igreja Católica no Brasil de estar ao lado das vítimas e, ao mesmo tempo, ser um canal de denúncia para não permitir a proliferação desta prática em nosso país.

A integrante do Setor Pastoral da Mobilidade Humana da CNBB e diretora do Instituto de Migrações e Direitos humanos (IMHD), Irmã Rosita Milesi, destaca que, mesmo com a escassez de estatísticas exatas sobre este tema e com o pouco envolvimento dos órgãos públicos e da sociedade nesta causa, nós, como Igreja, precisamos nos colocar ao lado das vítimas. “Aqui, novamente, somos chamados a estar ao lado das vítimas para reerguê-las e curá-las, para denunciar essas violações e demandar o poder constituído, a fim de tomar medidas de enfrentamento deste crime e implementar políticas públicas de assistência às pessoas escravizadas”, afirma a religiosa.

A Campanha da Fraternidade deste ano se une aos trabalhos de organizações, associações e entidades no Brasil e no mundo, que combatem esse crime e procura levar apoio e ajuda às vítimas de toda espécie de tráfico humano.

Cada um de nós é chamado a se envolver nesta causa social e combater esta perversidade humana. Não se iniba em denunciar qualquer suspeita deste crime perto de você. Ao mesmo tempo, não deixe de ajudar entidades que trabalham por esta nobre causa. O trabalho escravo e a exploração sexual acontecem, muitas vezes, ao nosso lado, mas não nos damos conta disso. Cristo nos libertou para que sejamos livres. Trabalhemos pela liberdade das vítimas dessa opressão!


Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13464#.UyA3VEd1ESU

10 de março de 2014

Jejum, esmola e oração

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Quaresma não é tempo de fatos ou fenômenos extraordinários

O tempo é um presente de Deus, quando visto a partir da experiência humana, pois não significa apenas uma categoria física, mas uma oportunidade para o crescimento das pessoas. Para nós cristãos, é ocasião privilegiada para a graça de Deus atuar em nossa vida, iluminando nossas escolhas e orientando nosso dia a dia.

A Quaresma, apenas iniciada, é uma forma de viver o tempo nas próximas semanas, oferecida pela Igreja aos fiéis. É ainda ocasião para uma Campanha de Opinião Pública, que chamamos "Campanha da Fraternidade", nossa contribuição para que a sociedade se torne mais fraterna, justa e igualitária. Neste ano de 2014, trataremos de um tema desafiante: o tráfico humano, uma realidade dolorosa, presente de diversas formas em todas as regiões de nosso país.

Para nós, na Amazônia, brota um grito em prol da fraternidade e da superação do mal do tráfico de pessoas, que nos toca bem de perto. Estamos, pois, num tempo da vida cristã que faz os dias em si iguais em seu amanhecer. Sol ou chuva, por do sol ou noite, chuva, vento, frio ou calor se transformam e adquirem um colorido diferente. Vem de dentro a possibilidade de aproveitar este período.

Quaresma não é tempo de fatos ou fenômenos extraordinários, como muita gente ainda tem receio. Pode até acontecer de algumas pessoas "pegarem carona" na Quaresma da Igreja para espalhar o medo ou anunciar dificuldades e catástrofes. É bom saber que os dias e as estações continuam do mesmo jeito, que as pessoas ao nosso lado podem não estar nem aí para nossos atos de piedade ou práticas quaresmais. Elas se sentirão atraídas à vida da Igreja quando virem nosso testemunho coerente de vida cristã. Aí, muitas outras pessoas desejarão fazer mortificações e jejuns, dedicarão mais tempo à oração e se converterão ao amor de caridade. Como a Quaresma depende de escolha, nosso convite chega a todos os cristãos, assim como tantos homens e mulheres de boa vontade, para que abram o coração e a mente a Jesus Cristo, Senhor e Salvador da humanidade, Caminho, Verdade e Vida. Nele está a fonte de vida e de felicidade. Seu amor misericordioso quer alcançar a todos sem exceção. Ele não se cansa de perdoar e acolher as pessoas. A Igreja quer ser a Casa da Misericórdia para todas as pessoas, especialmente para quem se sente estropiado e cansado pelas labutas da vida.



Jesus convida todos os homens e mulheres a segui-Lo, tornando-se Seus discípulos. Quem aceita o chamado d'Ele inicia um processo de conversão, que quer dizer mudança de mentalidade, com a consequente mudança de rota na vida.

São Paulo descreveu, com maestria, esta vida nova: "Tendo vós todos rompido com a mentira, que cada um diga a verdade ao seu próximo, pois somos membros uns dos outros. Podeis irar-vos, contanto que não pequeis. Não se ponha o sol sobre vossa ira, e não deis nenhuma chance ao diabo. O que roubava não roube mais; pelo contrário, que se afadigue num trabalho manual honesto, de maneira que sempre tenha alguma coisa para dar aos necessitados. De vossa boca não saia nenhuma palavra maliciosa, mas somente palavras boas, capazes de edificar e de fazer bem aos ouvintes. Não entristeçais o Espírito Santo de Deus, com o qual fostes marcados, como por um sinal para o dia da redenção. Desapareça do meio de vós todo amargor e exaltação, toda ira e gritaria, ultrajes e toda espécie de maldade. Pelo contrário, sede bondosos e compassivos, uns para com os outros, perdoando-vos mutuamente, como Deus vos perdoou em Cristo. Sede, pois, imitadores de Deus como filhos queridos. Vivei no amor, como Cristo também nos amou e se entregou a Deus por nós como oferenda e sacrifício de suave odor. A imoralidade sexual e qualquer espécie de impureza ou cobiça nem sequer sejam mencionadas entre vós como convém aos santos. Nada de palavrões ou conversas tolas, nem de piadas de mau gosto: são coisas inconvenientes; entregai-vos, antes, à ação de graças" (Ef 4,25 - 5,4).

Para chegar lá é necessário exercitar-se, e muito! Na Quaresma, os cristãos se dedicam, de forma especial, a três práticas formativas de sua vontade no seguimento de Jesus Cristo, que nos ajudam a assumir a vida nova assim descrita: relacionamento consigo, com o próximo e com Deus.

A primeira delas é chamada de mortificação, abstinência ou jejum. As três expressões servem para indicar o processo de educação da vontade. Moderar o uso do alimento, escolher práticas que orientem nossos impulsos instintivos. Muitos o fazem por motivos de saúde ou por razões estéticas, enquanto nós desejamos fazê-lo para a educação da vontade e para partilhar o fruto do jejum com as pessoas necessitadas.

A segunda tem o nome de esmola, palavra, quem sabe, desgastada, que é o exercício das obras de misericórdia, ações caridosas pelas quais vamos em ajuda do nosso próximo, nas suas necessidades corporais e espirituais. Instruir, aconselhar, consolar, confortar, são obras de misericórdia espirituais, como perdoar e suportar com paciência. As obras de misericórdia corporais consistem em dar de comer a quem tem fome, albergar quem não tem teto, vestir os nus, visitar os doentes e os presos, sepultar os mortos. A esmola dada aos pobres é um dos principais testemunhos da caridade fraterna e também uma prática de justiça que agrada a Deus (Catecismo da Igreja Católica 2447). "Quem tem duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma, e quem tem mantimentos, faça o mesmo" (Lc 3, 11). "Dai antes de esmola do que possuis, e tudo para vós ficará limpo" (Lc 11, 41).

Enfim, intensificar a prática da oração, em todas as suas formas, é o terceiro exercício com o qual os cristãos se comprometem na Quaresma, abrindo-se para Deus e dedicando tempo e qualidade de relacionamento com o Senhor. Reze mais, reze melhor!





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Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém - PA.


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13462

8 de março de 2014

O Dia da Mulher

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A mulher não pode se afirmar querendo copiar os erros do homem

A última criatura que Deus fez foi a mulher; “tirada” do homem e com a mesma dignidade dele para lhe ser “companheira adequada” (Gen 2, 18) e para ser com ele “uma só carne” (Gen 2, 24). Um foi feito para o outro, completamente diferentes, no corpo e na alma, na voz e na força, nas lágrimas e na sensibilidade. A mulher foi moldada por Deus para ser, sobretudo, mãe e esposa: delicada, meiga, compassiva, generosa e paciente.

Hoje, um perigoso feminismo, “avançado”, tem colocado a mulher sob o risco de perder o que ela tem de melhor; feminismo este que tende a igualar entre si homem e mulher, esquecendo as diferenças específicas, que são exatamente o que fazem a maior riqueza da humanidade. Não se pode confundir entre si o masculino e o feminino, pois cada qual tem seus valores, que enriquecem a ambos na complementaridade. Enquanto o homem procura a eficiência fria e, às vezes, cega, a mulher é afetiva, dá graça e significado à racionalidade do homem.

Em nossos dias, registra-se uma triste competição entre o masculino e o feminino; há quem julgue que a mulher deve abandonar seus afazeres específicos para se igualar em tudo ao homem. No entanto, isso gera uma nova subserviência da mulher ao homem, o que muitas não percebem. Pois tem gerado uma nova e moderna escravidão da mulher.

A grandeza da mulher está precisamente em cultivar o que lhe é próprio: a afetividade e a capacidade de amar. Sem a presença dela, com seus traços femininos peculiares, as façanhas do homem poderiam facilmente redundar em desgraça para a própria humanidade.

A civilização atual atravessa uma fase de rápido declínio, porque está dominada por fatores culturais de origem masculina (tecnologia, racionalismo, busca excessiva de bem-estar econômico, amor como sinônimo de sexo). É a mulher, – não-contaminada pela mentalidade dominante, com a sua intuição, sua preferência pelo amor profundo e estável, pela fraternidade e pela fé religiosa, – que deve exercer uma tarefa muito elevada e indispensável para ajudar o homem a alcançar os valores superiores.

Hoje, a opinião pública pressiona, psicologicamente, a mulher para que ela realize tarefas, “superando o homem”, de forma que busque o sexo mais que o amor, o trabalho e a ciência mais que a geração e a educação dos filhos, o racionalismo mais que a fé, o feminismo e o conflito mais que a ternura, a igualdade de pensamento e de obrigações sociais mais que a complementaridade.

Paulo VI dizia que “se o homem tem o primado da razão, a mulher tem o primado do coração”; e este não é menos importante.

O homem é mais abstrato e voltado ao lado científico das coisas; a mulher busca o ser das coisas com a intuição. O mundo da mulher é compreender, sentir, perdoar, simpatizar. Ela é biologicamente feita para ser mãe, e psicologicamente, para ser materna. Sem o homem, a mulher cai no sentimentalismo; sem a mulher, o homem se congela na aridez e no tecnicismo soberbo.

A mulher não pode se afirmar na sociedade querendo copiar os erros do homem: corrupção, fraude, violência, aborto, eutanásia, exploração do sexo, cultura da morte, endeusamento da glória, do dinheiro e do prazer. A mulher precisa trazer uma nova alma à sociedade, fruto da sua beleza e do seu amor.

Infelizmente, o feminismo doentio transformou o belo Dia da Mulher em uma batalha inglória pela tal “liberdade feminina”: aprovação do aborto, da contracepção, do uso da camisinha, da esterilização da mulher e tantas coisas imorais.

Uma Mulher foi escolhida por Deus para trazer o Salvador a este mundo. Mas Ela teve de oferecer a sua vida toda a Deus; da manjedoura de Belém à cruz do Calvário. Ela foi a mais humilde das mulheres, e por isso, a eleita de Deus. Com a humildade, “desatou o nó” da desobediência de Eva. Não há modelo melhor para todas as mulheres!

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Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

Prof. Felipe Aquino @pfelipeaquino, é casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site do autor: www.cleofas.com.br


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=4972#.Uxr680cuUSV

7 de março de 2014

Uma vida com sentido

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A todo momento há valores a serem vividos

Uma vida com sentido, diferente do que muitas pessoas pensam, não é uma vida cheia de prazeres, mas vivida com significado. Quando realizamos valores, colocamos sentido em nossas vidas.

Viktor Frankl, o precursor da Logoterapia, avalia três categorias de sentido: de criação, de vivência e de atitude. Ao inventarmos, criarmos ou realizarmos algo, como um projeto profissional, um livro, um estudo, entre outros, estamos concretizando um valor criador.

O trabalho que realizamos – quando o fazemos em prol do bem –, ajudando os outros e a humanidade, enche nossa existência de sentido. Isso traz a certeza de termos contribuído com aquilo que temos de melhor para o bem de outros; dessa forma, nós nos sentimos realizados e felizes.

Quando amamos e dedicamos nossa vida às pessoas – para as quais este amor é destinado – ou quando nos dedicamos a uma causa como a evangelização, a luta pela vida ou mesmo a preservação da natureza, realizamos os valores vivenciais.

Também podemos realizar os valores de atitude, um dos mais nobres, pois quando não podemos mudar algo ao nosso redor ou nas pessoas que nos cercam, podemos mudar nossa atitude frente à situação. Podemos responder de forma positiva, subjugando-nos ou enfrentando com a cabeça erguida e um sorriso no rosto. Isso é fazer com que o momento difícil se torne fonte de crescimento pessoal e espiritual.

A todo o momento, há valores a serem vividos, grandes e pequenos; em sua maioria, pequenos, mas que tornam nossa vida repleta de significado e cheia de sentido. Mas se você sente que ainda não encontrou o sentido de sua vida, comece a observar ao seu redor e a ver o quanto o mundo e as pessoas precisam de você; o quanto só você pode fazer por elas. E se não há nada a fazer, sua atitude pode ser diferente e especial.

Realizamos valores quando nos voltamos para fora, quando ajudamos os outros, e isso podemos fazer mesmo que imobilizados: rezando e intercedendo pelas pessoas e pelas causas que lutam pela vida e sua dignidade.

Por mais simples que seja a nossa vida, há uma missão a ser cumprida; ao realizá-la, encontraremos o sentido da nossa vida. E essa missão só nós podemos realizar.
 

Foto

Mara S. Martins Lourenço
maralourenco@geracaophn.com
Psicóloga e Membro da Comunidade de Aliança Canção Nova


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13418#.UxmkgUcuUSU

5 de março de 2014

Uma vida com sentido

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A todo momento há valores a serem vividos

Uma vida com sentido, diferente do que muitas pessoas pensam, não é uma vida cheia de prazeres, mas vivida com significado. Quando realizamos valores, colocamos sentido em nossas vidas.

Viktor Frankl, o precursor da Logoterapia, avalia três categorias de sentido: de criação, de vivência e de atitude. Ao inventarmos, criarmos ou realizarmos algo, como um projeto profissional, um livro, um estudo, entre outros, estamos concretizando um valor criador.

O trabalho que realizamos – quando o fazemos em prol do bem –, ajudando os outros e a humanidade, enche nossa existência de sentido. Isso traz a certeza de termos contribuído com aquilo que temos de melhor para o bem de outros; dessa forma, nós nos sentimos realizados e felizes.

Quando amamos e dedicamos nossa vida às pessoas – para as quais este amor é destinado – ou quando nos dedicamos a uma causa como a evangelização, a luta pela vida ou mesmo a preservação da natureza, realizamos os valores vivenciais.

Também podemos realizar os valores de atitude, um dos mais nobres, pois quando não podemos mudar algo ao nosso redor ou nas pessoas que nos cercam, podemos mudar nossa atitude frente à situação. Podemos responder de forma positiva, subjugando-nos ou enfrentando com a cabeça erguida e um sorriso no rosto. Isso é fazer com que o momento difícil se torne fonte de crescimento pessoal e espiritual.

A todo o momento, há valores a serem vividos, grandes e pequenos; em sua maioria, pequenos, mas que tornam nossa vida repleta de significado e cheia de sentido. Mas se você sente que ainda não encontrou o sentido de sua vida, comece a observar ao seu redor e a ver o quanto o mundo e as pessoas precisam de você; o quanto só você pode fazer por elas. E se não há nada a fazer, sua atitude pode ser diferente e especial.

Realizamos valores quando nos voltamos para fora, quando ajudamos os outros, e isso podemos fazer mesmo que imobilizados: rezando e intercedendo pelas pessoas e pelas causas que lutam pela vida e sua dignidade.

Por mais simples que seja a nossa vida, há uma missão a ser cumprida; ao realizá-la, encontraremos o sentido da nossa vida. E essa missão só nós podemos realizar.
 

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Mara S. Martins Lourenço
maralourenco@geracaophn.com
Psicóloga e Membro da Comunidade de Aliança Canção Nova


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13418#.Uxb4oEcuUSU

28 de fevereiro de 2014

Você sabe o que é a Doutrina social da Igreja?

doutrinaA Igreja Católica tem uma visão muito clara do mundo e de suas necessidades; e por isso oferece a solução cristã para os graves problemas da humanidade segundo a Luz do Evangelho de Jesus Cristo. Mas, infelizmente muitos católicos desconhecem esta Doutrina.

Ela afirma que: “Não cabe aos pastores da Igreja intervir diretamente na construção política e na organização da vida social. Essa tarefa faz parte da vocação dos fiéis leigos, que agem por própria iniciativa com seus concidadãos…  Terá sempre em vista o bem comum e se conformará com a mensagem evangélica e com a doutrina da Igreja. Cabe aos fiéis leigos “animar as realidades temporais com um zelo cristão e comportar-se como artesãos da paz e da justiça” (SRS 42). (CIC §2442)

As propostas da Igreja não são soluções ideológicas com ênfase capitalista e nem comunista, mas cristãs, baseadas na dignidade da pessoa humana, filha de Deus.

Para a Igreja o homem é o autor, o centro e o fim de toda a vida econômica e social. “O ponto decisivo da questão social é que os bens criados por Deus para todos de fato cheguem a todos conforme a justiça e com a ajuda da caridade. (CIC §2459)

De um lado a Igreja não aceita o lucro idolatrado como um Deus, que explora o ser humano como se fosse uma máquina insensível; e por outro lado condenou muitas vezes o marxismo que faz do Estado uma instituição todo-poderosa que elimina a liberdade dos filhos da nação.

De forma alguma a Igreja aceita a violência, a revolução, o terrorismo e a guerrilha para resolver o problema social, e muito menos a luta de classes, o incitamento dos pobres contra os ricos. Todas essas práticas são anti-evangélicas e não resolvem o problema social, ao contrário, o agravam.

A “Gaudium et Spes” do Concilio Vaticano II diz que a Igreja emite um juízo moral, em matéria econômica e social, “quando o exigem os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas” (GS 76,5). É uma missão distinta da missão das autoridades políticas. A Igreja se preocupa com o bem comum, e procura ensinar as atitudes justas na relação com os bens terrenos e nas relações sócio-econômicas.

Por isso, desde Leão XIII (1878-1903) com a “Encíclica Rerum Novarum” a Igreja tem se pronunciado sobre a questão social. A doutrina social da Igreja se desenvolveu desde o século XIX com o encontro do Evangelho com a sociedade industrial que surgia, suas novas estruturas para a produção de bens de consumo, sua nova concepção da sociedade, do Estado e da autoridade, suas novas formas de trabalho e de propriedade.

De um lado a Igreja ensina que “todo sistema segundo o qual as relações sociais seriam inteiramente determinadas pelos fatores econômicos é contrário à natureza da pessoa humana e de seus atos” (CA, 24).

Ela ensina que: “uma teoria que faz do lucro a regra exclusiva e o fim último da atividade econômica é moralmente inaceitável. O apetite desordenado pelo dinheiro não deixa de produzir seus efeitos perversos. Ele é uma das causas dos numerosos conflitos que perturbam a ordem social” (GS 63,3; LE 7; CA 35).

Por outro lado, o “Catecismo da Igreja” afirma que “um sistema que “sacrifica os direitos fundamentais das pessoas e dos grupos à organização coletiva da produção” é contrário à dignidade do homem (GS 65). Toda prática que reduz as pessoas a não serem mais que meros meios que têm em vista o lucro escraviza o homem, conduz à idolatria do dinheiro e contribui para difundir o ateísmo. ” (CIC, §2424)

“A Igreja tem rejeitado as ideologias totalitárias e atéias associadas, nos tempos modernos, ao “comunismo” ou ao “socialismo”. Além disso, na prática do “capitalismo” ela recusou o individualismo e o primado absoluto da lei do mercado sobre o trabalho humano (CA 10).

A regulamentação da economia exclusivamente através do planejamento centralizado perverte na base os vínculos sociais; sua regulamentação unicamente pela lei do mercado vai contra a justiça social, “pois há muitas necessidades humanas que não podem ser atendidas pelo mercado” (CA 34). É preciso preconizar uma regulamentação racional do mercado e das iniciativas econômicas, de acordo com uma justa hierarquia de valores e em vista do bem comum.” (CIC §2425)

Confira mais vídeos sobre Doutrina da Igreja:http://www.youtube.com/user/editoracleofas/videos?sort=dd

A Igreja valoriza sobretudo o trabalho. Ensina que o valor primordial do trabalho depende do próprio homem, que é seu autor e destinatário. Por meio de seu trabalho, o homem participa da obra da Criação. Unido a Jesus Cristo, o trabalho pode ser redentor.

O Papa João Paulo II disse na  “Centesimus Annus”, que: “A atividade econômica, sobretudo a da economia de mercado, não pode desenvolver-se num vazio institucional, jurídico e político. Ela supõe que sejam asseguradas as garantias das liberdades individuais e da propriedade, sem esquecer uma moeda estável e serviços públicos eficazes. O dever essencial do Estado, no entanto, é assegurar essas garantias, para que aqueles que trabalham possam gozar do fruto de seu trabalho e portanto sentir-se estimulados a realizá-lo com eficácia e honestidade… O Estado tem o dever de vigiar e conduzir a aplicação dos direitos humanos no setor econômico; nessa esfera, porém, a primeira responsabilidade não cabe ao Estado mas às instituições e aos diversos grupos e associações que compõem a sociedade” (CA 48).

A Igreja ensina que os responsáveis pelas empresas têm perante a sociedade a responsabilidade econômica e ecológica pelas suas operações (CA 37). Eles “têm o dever de considerar o bem das pessoas e não apenas o aumento dos lucros. Entretanto, estes são necessários, pois permitem realizar os investimentos que garantem o futuro das empresas, garantindo o emprego”. (CIC ,§2432)

Sobre o salário justo a Igreja ensina que ele é o fruto legítimo do trabalho, e que recusá-lo ou retê-lo pode constituir uma grave injustiça (cf. Lv 19,3; Dt 24,14-15; Tg 5,4). Para se determinar o salário justo é preciso levar em conta ao mesmo tempo as necessidades e as contribuições de cada um.

“Levando-se em consideração as funções e a produtividade, a situação da empresa e o bem comum, remuneração do trabalho deve garantir ao homem e aos seus familiares os recursos necessários a uma vida digna no plano material, social, cultural e espiritual” (GS 67,2). “O acordo das partes não é suficiente para justificar moralmente o montante do salário”. (CIC §2434)

A Igreja também fala sobre a greve; e diz que ela é moralmente legítima “quando se apresenta como um recurso inevitável, e mesmo necessário, em vista de um benefício proporcionado. Torna-se moralmente inaceitável quando é acompanhada de violências ou ainda quando se lhe atribuem objetivos não diretamente ligados às condições de trabalho ou contrários ao bem comum.” (CIC §2435) “É injusto não pagar aos organismos de seguridade social as cotas estipuladas pelas autoridades legítimas”. (CIC §2436) No plano internacional, a Igreja ensina que a desigualdade dos recursos e dos meios econômicos é tão grande que provoca entre as nações um verdadeiro “fosso” (SRS 14). “De um lado, estão os que detêm e desenvolvem os meios de crescimento e, de outro, os que acumulam as dívidas”. (CIC §2437) A Igreja entende que diversas causas, de natureza religiosa, política, econômica e financeira, conferem hoje “à questão social uma dimensão mundial” (SRS 9), e que a solidariedade é necessária entre as nações cujas políticas já são interdependentes.

Antes de falecer o Papa João Paulo segundo pedia ao mundo, insistentemente, uma “globalização da solidariedade”. Ela é ainda mais indispensável quando se toma preciso deter “os mecanismos perversos” que impedem o desenvolvimento dos países menos avançados (SRS,17).

A Igreja afirma que “é urgente substituir os sistemas financeiros abusivos e mesmo usurários” (CA, 35), as relações comerciais iníquas entre as nações e a corrida armamentista por um esforço comum no sentido de mobilizar os recursos e objetivos de desenvolvimento moral, cultural e econômico, “redefinindo as prioridades e as escalas de valores” (CA, 28)”. (CIC §2438)

As nações ricas são chamadas pela Igreja a assumir a responsabilidade moral de ajudar as nações pobre as se desenvolverem. “È um dever de solidariedade e caridade; é igualmente uma obrigação de justiça, se o bem-estar das nações ricas provém de recursos naturais não foram eqüitativamente pagos”. (CIC §2439)

Além da ajuda direta  às nações mais pobres nas necessidades imediatas, extraordinárias, causadas por catástrofes naturais, epidemias etc., a Igreja ensina que é necessário também “reformar as instituições econômicas e financeiras internacionais, para que elas promovam melhor as relações eqüitativas com os países menos desenvolvidos” (SRS, 16).

“É preciso apoiar o esforço dos países pobres trabalhando para seu desenvolvimento e libertação” (CA, 26). E a Igreja alerta que esta doutrina deve ser aplicada de maneira muito especial no campo do trabalho agrícola. Os camponeses, sobretudo dos países menos desenvolvidos, constituem a grande massa dos pobres. (cf CIC §2440) Por outro lado a Igreja insiste que é necessário “aumentar o senso de Deus e o conhecimento de si mesmo”, pois ai esta a base de todo desenvolvimento completo da sociedade humana. Este desenvolvimento completo multiplica os bens materiais e os põe a serviço da pessoa e de sua liberdade. Diminui a miséria e a exploração econômicas. Faz crescer o respeito pelas; identidades culturais e a abertura para a transcendência ( cf. SRS 32; CA51).

Sobretudo a caridade é o eixo da Doutrina Social da Igreja; ela nos pergunta: “Na multidão de seres humanos sem pão, sem teto, sem terra, como não reconhecer Lázaro, mendigo faminto da parábola? Como não ouvir Jesus, que diz: “Foi a mim que o deixastes de fazer” (Mt 25,45)?

Este breve resumo da Doutrina Social da Igreja mostra que ela nunca se omitiu diante do problema social que se agravou no mundo a partir do século XIX com a revolução industrial. Ao contrário, a Igreja tem uma proposta sólida, que recentemente foi muito bem explanada no “Compêndio de Doutrina Social da Igreja”, publicado em 2004 pelo Pontifício Conselho de “Justiça e Paz” da Santa Sé. (Editora Paulinas, 2005)

Cabe aos católicos conhecerem esta Doutrina e a colocarem em prática, rejeitando tudo que não se coaduna com ela, pois esta vem do Espírito Santo.

Prof. Felipe Aquino

Referências Bibliográficas: RN – Carta Enc. Rerum Novarum (15 de Maio de 1891) de Leão XIII, 1892.QA – Carta Enc. Quadragesimo Anno (15 de Maio de 1931): Papa Pio XI ,1931.MM – Carta Enc. Mater et Magistra (15 de Maio de 1961): Papa João XXIII, 1961.AO – Carta Apost. Octogesima Adveniens (14 de Maio de 1971) – Papa Paulo VI, 1971.PP – Carta Enc. Populorum Progressio (26 de Março de 1967) – Papa Paulo VI, 1967.CIC – Catecismo da Igreja Católica, Papa João Paulo II, 1992.GS – Gaudium et Spes – Concilio Vaticano II, 1965CS – Centesimus Annus, Carta Encíclica de João Paulo II, 1991LE – Laborem Exercens – Carta Encíclica de João Paulo II, (14 set 1981)SRS – Solicitudo Rei Socialis, 1987


Fonte: http://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2014/01/30/voce-sabe-o-que-e-a-doutrina-social-da-igreja/#more-4941

27 de fevereiro de 2014

Quero mais é ser feliz!

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Busque a felicidade dentro dos planos de Deus

Antes da vida de cada um de nós acontecer, Deus pensou em nos dar um propósito, uma meta, à qual também chamamos de "vocação". "Pois todas as coisas foram criadas para uma finalidade" (Eclo 39,26). Assim, nossa existência passa a ter um sentido, algo que impulsiona o nosso interior.

Só é feliz quem realiza a sua vocação, pois alinha a sua dimensão social, psicológica, espiritual e física com o propósito maior para o qual a pessoa foi criada. Essa pessoa encontrará mais facilmente uma finalidade para suas lutas e dores; além da alegria de ver seus esforços produzindo frutos. Tudo isso ressoando, acertadamente, com seu interior, porque Deus tem um plano de felicidade para a vida de cada um de nós. Ele não nos chamaria à existência para sermos infelizes, e esse projeto não é para ser realizado apenas no Céu, mas começa neste mundo. “Embora estejam chamados à plenitude eterna, sabemos que Deus deseja a felicidade de seus filhos também nesta terra” (Papa Francisco, Exort. Apost. Evangelii Gaudium, Ed. Paulinas, 2013 – 1ª ed., pág 151).

Ultimamente, ouvimos muito a frase “eu quero é ser feliz” como expressão de meta máxima, pela qual um grande número de pessoas tem depositado seus esforços e o sentido de sua vida. Muitos pensam na felicidade como um padrão de sucesso profissional, com muitos bens e influência social; também a chamada “sorte no amor”, que designa talvez o acerto na vida afetiva. Outros empregam suas energias em ter o dinheiro suficiente para viajar, para conhecer o mundo ou adquirir alguns aparatos de entretenimento. Há ainda aqueles que pensam apenas em curtir a vida. Realmente, como já vimos, a felicidade é um dom que o Senhor proporciona ao ser humano, portanto, é justo e louvável que a busquemos. Porém, a maioria das pessoas, quando canaliza suas forças no empenho pela felicidade e diz “eu quero mais é ser feliz”, geralmente projeta sua vida em um relativismo mundano.

É óbvio que uma pessoa que não teve contato com o Cristianismo ou se declara ateia não terá a preocupação em ser feliz à luz dos ensinamentos de Cristo. Vemos, num mundo culturalmente secularizado, em muitos países abastados, o crescente número de suicídios e depressão. Isso demonstra um sinal de que seus conceitos de liberdade, moral e riqueza não proporcionam tanta felicidade assim.

Quero dirigir-me aos católicos, porque muitos praticantes do Cristianismo se deixaram envolver pelo relativismo religioso. Eles podem viver 95% de suas ações e práticas fundamentadas nos ensinamentos de Jesus, mas, quando alguma coisa não lhes convém ou não é o modo mais fácil para eles, vivem os 5% restantes fora dos desígnios divinos. Ainda assim, essas pessoas não serão felizes, porque “vinho novo não se põe em odres velhos” (cf. Mt 9,17).

Tomemos como exemplo as uniões ilícitas, os delitos contra a ética e a moral, os vícios; enfim, as contrariedades aos sacramentos e aos mandamentos de Deus, as ações de rebeldia e de contrariedade ao que pede Nosso Senhor. Esses feitos, além de manchar nossa alma por completo, terão consequências nas outras dimensões de nosso ser.

É triste, mas as pessoas estão dispostas a buscar felicidade fora dos planos de Deus.
Por vezes, elas se justificam dizendo: “Não acredito que Deus vá me condenar por buscar a felicidade! Faço tudo certo, mas, nesse caso, discordo da Igreja. Isso é coisa dos homens e não de Deus!”.

Uns planejam esse seu infortúnio, trilhando, conscientemente, para o abismo. Levados por sua conveniência, vão caminhando e discordando da Igreja e do Senhor; outros reagem por impulso para sentir um conforto imediato, não consideram os fatores à sua volta nem possíveis consequências de suas medidas impensadas, tomam decisões movidos pela ansiedade e pela falta de paciência com eles mesmos e com o processo dos outros. Tanto num caso quanto em outro, existe muita gente 'batendo cabeça', e para se livrar do que não deu certo, embarca em outra atitude que, no futuro, a levará à infelicidade.

Para todas essas pessoas quero dizer que ninguém será feliz se viver fora de Deus. “Se me amais, guardareis os meus mandamentos. Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama” (Jo 14,15.21). Jesus mesmo deixou os mandamentos para os apóstolos e lhes deu autoridade para que estes os levassem adiante. “Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou” (Lc 10,16).

Não são os nossos sentimentos os condutores da felicidade, mas Deus, que é o centro de tudo e Senhor de todas as coisas. Nele, nossa vida pode ser ordenada e acertada, somente n'Ele a casa será construída sobre a rocha (cf. Mt 7, 24-27), e nossa felicidade terá bases sólidas.

É importante sabermos que, na lei de Deus, não existe opressão, privação da liberdade, muito menos infelicidade. Pelo contrário, são essas regras que balizam o caminho para construirmos a nossa felicidade já neste mundo. Não é Deus quem Se afasta de nós ou nos prejudica quando pecamos, mas nós mesmos, quando geramos o próprio mau, escolhermos o lado contrário à felicidade e nos afastamos do Senhor.

Deus nos ama. E para sermos felizes, o primeiro passo é nos sentirmos amados por Ele. Ele nos pede coisas que, a princípio, podem parecer difíceis demais, mas se formos persistentes, assim como fomos no erro, com certeza o sentido da nossa vida se revelará. O Senhor nos chamou à existência e nos ama, nos sustenta e dá tudo o que é preciso para alcançarmos nossa felicidade. Não tenha medo de se entregar a Ele!

Deus o abençoe. Bom carnaval!


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Sandro Ap. Arquejada

Sandro Aparecido Arquejada é missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em administração de empresas pela Faculdade Salesiana de Lins (SP). Atualmente trabalha no setor de Novas Tecnologias da TV Canção Nova. É autor do livro "Maria, humana como nós" e "As cinco fases do namoro". Também é colunista do Portal Canção Nova, além de escrever para algumas mídias seculares.