7 de fevereiro de 2014

O medo x você

Imagem de Destaque

Ele nos faz ver o que não existe

Dizem que está escrito, na Bíblia, 365 (trezentas e sessenta e cinco) vezes, a expressão “não tenhais medo”; isso significa que, a cada dia do ano, temos de nos lembrar de que podemos vencer este inimigo.

Mesmo que essa conta não seja exata, o certo é que, neste duelo – medo x você –, Deus quer fazê-lo vencedor. Ele não vai lutar por você, mas lutará contigo. Não sei se você percebeu, mas já está na arena da vida. A luta já vai começar. Resta saber quem vai vencer, você ou o seu medo.

Há muitos tipos de medo: do passado, do presente ou do futuro; medo de pessoas de dentro de casa ou de fora dela; medo de solidão e de multidão, medo de morrer e de viver. Alguns têm medo de homem; outros, de mulher. Há pessoas que têm medo dos vivos; outros, dos mortos. Uns com medo da traição; outros, da paixão, do perdão (dar ou receber); medo de falar, de calar; medo do conhecido ou do desconhecido... Enfim, são muitos os tipos de medo. Escrever uma lista deles é quase impossível.

Certa vez, ouvi padre Ruffus dizer que o demônio é o “deus do medo”, e que se sentir apavorado é louvar os infernos. Quanto mais uma pessoa alimentar o medo, mais força terá o demônio para lhe fazer o mal. Medo e fé são como água e óleo: não se misturam, pois ambos não podem existir ao mesmo tempo dentro da mesma pessoa. Se o medo vencer, asfixiará a fé.

O temor, na maioria das vezes, surge na nossa imaginação. Como Santa Tereza dizia: “A imaginação é a louca da casa!”. Por isso, muitas vezes, o medo é como um manipulador, um “cara bom de papo” ou até um ilusionista, que nos faz ver o que não existe, acreditar no que não é verdade, e nos assusta com fantasmas já sepultados, mas que ele insiste em dizer que estão vivos.

Na grande arena da vida, os ponteiros da decisão apontam a hora de enfrentar os seus medos, não de mãos vazias, mas com “as armas da fé” (cf. Rm 13,12). Não se esqueça também de que todo lutador tem sempre um técnico que lhe diz o que fazer; o seu técnico é Jesus e Ele lhe diz: "Não tenhas medo" (Lc 8,50).

Quem não tiver coragem de enfrentar seus receios nunca descobrirá que é maior do que eles, não importa o nome que eles tenham. Você não pode mais lutar de costas, pois essa é a posição do pânico, dos covardes, dos derrotados. Na luta entre o medo e você, o cinturão da vitória é seu.

Deus o abençoe!



4 de fevereiro de 2014

Apresentar-se

Imagem de Destaque

O desafio da fé é justamente o compromisso

Costumamos dizer “amém” no fim de alguma prece ou mesmo para mostrar nosso assentimento quando alguém nos faz alguma proposta ou há uma verdade por nós aceita. O fato de nos apresentarmos a um chamado para uma reunião, um evento ou um compromisso revela também nossa conduta afirmativa em relação a esse fato.

Era costume, no meio judeu, levar uma criança para apresentá-la no templo, consagrando-a a Deus, quando esta era o primeiro filho homem nascido de um casal. Isso aconteceu com o Menino Jesus. Sucede conosco também o mesmo no batismo, fazendo o rito de consagração como entrega a Deus da vida de uma criança ou de um adulto, com base em sua fé religiosa.

O desafio da fé é, justamente, o compromisso de fidelidade. Há quem se apresente, oferecendo-se a Deus, numa vida consagrada, seguindo o que Ele indica para nosso próprio bem. Mas, devido às propostas diferenciadas, aos limites e entraves pessoais, à fraqueza da fé e outros motivos, começa a voltar atrás na oferta de si. Em vez de renovar a própria entrega, a pessoa vai tirando o que ofertou a Deus.


Às vezes, o fingimento de ter fé leva a pessoa a praticar atos religiosos, mas sem querer seguir os ensinamentos divinos propostos pela comunidade religiosa. Há quem queira religião a seu modo, sem liame com a comunidade de fé nem compromisso pessoal de seguir a ética e a moral, contrariando sua própria fé.

Jesus fala sobre o amor a Deus, o qual exige o cumprimento de Seus mandamentos. São João Evangelista lembra: "Quem diz que conhece a Deus, mas não cumpre os seus mandamentos, é mentiroso, e a Verdade não está nele... o amor de Deus se realiza de fato em quem observa a Palavra de Deus” (1 João 2,4.5). Quem quer viver a fé conforme o Mestre não tem medo de se apresentar sempre como seguidor da pessoa d'Ele e de Seus ensinamentos. Mais: ensina também aos outros o que Ele indica, conforme a missão dada por Ele.

Depois do ato ou compromisso de fé, caracterizado no batismo, a pessoa vai mostrar sua coerência na fidelidade do seguimento ou discipulado. Não tem vergonha de testemunhar sua escolha de vida. Em todas as realidades, circunstâncias e vocações, mostra a que veio com sua fé. Baseada nela, mostra a fidelidade na vida honesta, na promoção do bem do semelhante, no compromisso com a proposta de vida cristã aos outros, no encaminhamento da família conforme os ditames do Evangelho, na ajuda à promoção da justiça e da boa política na sociedade. Não tem medo de se apresentar como pessoa do bem, coerente com a verdade e na luta pela dignidade da vida e da pessoa humana.

O Filho de Deus nos mostra que Sua apresentação no Templo marca Sua presença em nossa história como quem resgata a aliança de amor entre o divino e o humano, na oblação do amor, que faz gerar vida plena para todos.


Dom José Alberto Moura, CSS
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13434#.UvCvYUcuU4M

3 de fevereiro de 2014

Terço da Batalha

O Terço:

No ínicio: Credo, 01 Pai nosso e 03 Ave Maria.

 

NAS CONTAS GRANDES:

Deus do céu, me dê forças

Jesus Cristo me dê o poder do bem

Nossa Senhora me dê coragem para esta luta eu vencer.

Sem morrer, sem enlouquecer, sem muito me abater.

Deus pode, Deus quer esta batalha eu hei de vencer.

 

NAS CONTAS PEQUENAS:

Eu hei de vencer.

 

No final:

Salve Rainha.

Mãe de Jesus e nossa Mãe, abençoai-nos e ouvi nossos rogos.

 

FINAL:

A vitória é nossa pelo sangue de Jesus!




Maria Passa na frente



Maria passa na frente e vai abrindo estradas e abrindo portas e portões, abrindo casas e corações. A Mãe indo na frente, os filhos estão protegidos e seguem seus passos. Ela leva todos os filhos sob sua proteção. Maria passa na frente e resolve aquilo que somos incapazes de resolver. Mãe, cuida de tudo que não está ao nosso alcance. Tu tens poderes para isso. Vai Mãe, vai acalmando, serenando e amansando os corações. Vai acabando com o ódio, rancores, mágoas e maldições. Vai terminando com as dificuldades, tristezas e tentações. Vai tirando teus filhos das perdições. Maria passa na frente e cuida  de todos os detalhes, cuida, ajuda e protege a todos os teus filhos. Maria Tu és a Mãe também porteira. Vai abrindo o coração das pessoas e as portas nos caminhos. Maria eu te peço passa na frente e vai conduzindo, levando, ajudando e curando os filhos que precisam de Ti. Ninguém pode dizer que foi decepcionado por Ti, depois de ter chamado ou invocado. Só tu, com o poder de teu filho, pode resolver as coisas difíceis e impossíveis. Nossa Senhora, faço esta oração pedindo a tua proteção, rezando um Pai Nosso e três Ave Marias. Amém.

31 de janeiro de 2014

O veneno da inveja

Imagem de Destaque

Há diamantes querendo ser topázios

"Há poucos homens capazes de prestar homenagem ao sucesso de um amigo, sem qualquer inveja." (Ésquilo)

Não posso garantir que a frase acima é do autor em questão, mas uma coisa sei: ela carrega consigo uma verdade. Muitos se alegram com as dores do outro. Contraditório? Não. Quando alguém não consegue uma vitória que havia buscado, há uma solidariedade, por vezes, camuflada. Nem todos se alegram, mas é verdade também que nem todos se compadecem. É mais fácil ser solidário na dor do que se alegrar com as conquistas dos amigos. 


Um sorriso que não nasce dos nossos próprios lábios sempre é mais difícil de ser digerido. Bom mesmo é sorrir com nossas conquistas e ver o olhar do outro querendo consumir, em prestações, a nossa felicidade. Triste realidade de quem vive na dependência do consumismo alheio. Mais triste ainda é ver a inveja destruir amizades.


Há diamantes querendo ser topázios, no entanto, não compreenderam que o rubi nunca será uma esmeralda. Cada um é um no projeto singular da existência humana. Se Deus nos fez diamantes, ele irá, ao longo da vida, nos lapidar para que sejamos um diamante mais bonito, mas nunca deixaremos de ser diamante para nos tornarmos topázio. É preciso aceitar as nossas belezas e deixar que o outro seja tão belo quanto ele foi criado. Este processo leva tempo e requer maturidade e confiança na graça de Deus, que nos fez únicos para sermos luz no mundo.

A inveja, talvez, tenha sua raiz na incapacidade que uma pessoa carrega em si de fazer a diferença a partir de suas próprias capacidades. Quando o jardim do outro parece mais bonito do que o nosso próprio jardim, deixamos o cuidado do nosso tempo ao descuido, passamos a vida a contemplar as flores que não nos pertencem e deixamos as nossas morrerem secas pela inveja que não nos permite cuidar de nossa própria vida.

Ser invejoso deixa, sim, os olhos grandes de incapacidades, que poderiam se transformar em lindos jardins. Não é o elogio que faz o outro feliz, mas a capacidade que temos de cuidar de nossa própria vida e deixar que o outro siga seus próprios caminhos. Quem se preocupa demais com a vida alheia já não tem mais tempo de cuidar de suas próprias demandas existenciais, transformou sua vida no mito de Narciso; mas, em vez de contemplar sua própria face, enxerga sempre, no lago de seus pensamentos, o rosto da felicidade alheia. Perdeu seus olhos em um mundo que nunca será seu. O tempo usado para vigiar a vida do outro seria muito mais bem aproveitado se cuidasse de suas próprias fragilidades humanas.


Foto

Padre Flávio Sobreiro

Padre Flávio Sobreiro Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP. Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre - MG. Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Carmo (Cambuí-MG). Padre da Arquidiocese de Pouso Alegre - MG.
www.facebook.com/oficialpadreflavio
www.padreflaviosobreiro.com


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13432#.UutqSkcuU4M

28 de janeiro de 2014

Coração e educação

Imagem de Destaque

Corações educados crescem em sabedoria e graça

Pascal, pensador do século XVII, afirmava que “o coração tem razões que a própria razão desconhece: percebe-se isso de mil modos (...)”. Esta sua afirmação tornou-se célebre. O que entendia o pensador por coração? Teria este alguma relação com o grande e nobre desafio da educação?

O coração é um órgão vital do corpo humano, muito estudado, acompanhado e cuidado. A arte médica realizou muitas conquistas no tocante ao cuidado deste órgão vital. No entanto, o coração humano tem conotação mais ampla: é considerado a sede dos sentimentos, expressão da intimidade do ser humano, centro das grandes decisões existenciais e da vida. Para além de considerações fisiológicas, queremos centrar a atenção para aquilo que ele representa.

Podemos dizer que o coração representa o horizonte no qual o ser humano pode atingir o conhecimento de si, de seus sentimentos, de suas paixões, de seus impulsos, tendências, desejos e valores, de suas capacidades e aptidões. São aspectos da existência humana que ultrapassam a mera racionalidade; não são aspectos contrários à razão, mas mais profundos. Assim, o âmbito do coração recebe uma amplidão de possibilidades que está além da razão, sem ignorá-la; indica para experiências originárias de conhecimento! Nessa perspectiva, podemos identificar um horizonte de experiências, no qual a razão lógica não pode penetrar e que, todavia, toca dados objetivos autênticos, segundo uma ordem sua própria.

Tendo presente tais considerações, poderemos perguntar: o que a educação pode fazer pelo coração humano? No que ela pode cooperar para que esta dimensão decisiva da existência humana receba justas orientações para o desenvolvimento de uma existência humana verdadeiramente integrada e integradora? Como as instituições educativas abordam tais aspectos da existência humana, decisivos para o convívio social integrado, harmonioso e respeitoso?

Há, talvez, especialistas e técnicos na arte da educação que desconsideram tais afirmações e indicações. Haveria, talvez, daqueles que considerassem tudo isso tarefa exclusiva dos genitores, da família. Encontraremos outros ainda que, talvez, dirão que tudo isso nada tem a ver com educação... Será?

Certo é que encontramos tantas realidades em que respeito, valores, aptidões, desejos, sonhos, impulsos, regras, aspectos fundamentais do convívio humano civilizado são simplesmente transcurados, senão ignorados. E no empurra-empurra das responsabilidades, vemos um número crescente de pessoas sendo lançadas para as ‘periferias existenciais’.

Não resta dúvidas de que um número sempre maior de pessoas tem acesso à instituição escolar, pois cresceu o número daqueles que chegaram à universidade. Mas sob que condições? Quais seriam os resultados objetivos dessa realidade? Melhorou o convívio social? Vemos pessoas melhor formadas, mais bem informadas? Ora, informação não pode ser considerada sinônimo de formação. Quem, afinal, define o projeto sócio-educativo de um povo, duma nação? E para além de opiniões difusas, não é raro encontrar adolescentes analfabetos que há anos frequentam a instituição escolar; também não é raro encontrar pessoas que passaram pelo terceiro grau e que não conhecem regras básicas da língua madre. Também não é raro encontrarmos professores apavorados, reféns de grupos que agem impunemente; embora em alguns países eles possuem lugar social de destaque, são considerados mestres, gozam de respeito público! 

Corações educados, orientados, formados e informados crescem em sabedoria e graça diante dos demais e do Eterno!





Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13425

24 de janeiro de 2014

Aprender a ser cristão

Imagem de Destaque

Isso não se refere a um exercício intelectual

No batismo, recebemos o dom precioso da fé juntamente com a esperança e a caridade. Mas como tantas pessoas ficam apenas com o batismo e não se tornam cristãs na vida? Está claro que a recepção do batismo, por si só, ainda não garante a vivência cristã. Ninguém nasce cristão, mas aprende a sê-lo ao longo da vida.

No conceito comum, muitas vezes,  o “ser cristão” consiste no fato de ter sido batizado ou em alguma forma de pertença à Igreja. Talvez, na participação da Missa dominical? Na observância de algum rito, como fazer o sinal da cruz? No fato de evitar algum tipo de vício ou pecado? Há em tudo isso algo de verdadeiro, mas o ser cristão supõe algo mais, muito maior! Por isso, se queremos progredir na fé e nos tornarmos católicos maduros, precisamos considerar vários aspectos e implicações da vida cristã.

É difícil resumir, num breve artigo, todo o “aprendizado” da vivência cristã, do qual fazem parte o reconhecimento de Deus e o encontro com Ele; a “escuta” de Deus, que se dá a conhecer e ilumina nossa existência; a nossa resposta pela profissão de fé consciente e pela prática da fé por meio da vida moral; o cultivo da comunhão filial com Deus na celebração dos "mistérios da fé" e da oração; o testemunho cristão nas virtudes cristãs; sobretudo, o cultivo do amor fraterno e da retidão de vida, o esforço para a transmissão da fé.

É evidente que esse “aprendizado” não se refere a um mero exercício intelectual ou a um conhecimento conceitual. Lembremo-nos do que nos ensinou Bento XVI: a vida cristã não nasce de um raciocínio perfeito nem de um alto ideal moral, mas do encontro com Jesus Cristo, Filho de Deus Salvador. Não se trata, pois, de preparar cristãos “diplomados”, mas de formar discípulos de Cristo; aliás, este conceito vai muito bem para dizer quem o cristão deveria ser: um discípulo de Cristo, discípulo-missionário, como nos recomenda o Documento de Aparecida.

Todo o esforço de formação cristã, fundamentalmente, está voltado ao conhecimento de Cristo Jesus no dom do Espírito Santo e, por meio d'Ele, de Deus Pai, voltado também a “aprender sobre Deus”, por meio de Cristo, e a aprender d'Ele a viver a nossa relação com o Pai, com o próximo e com todas as coisas que nos cercam; aprender com Cristo o sentido da vida e a orientação que devemos dar a ela. Aprendemos a ser cristãos na companhia de Jesus, ouvindo-O e acolhendo Sua Palavra, olhando para Seu exemplo, seguindo Seus passos, compartilhando Seus sentimentos... Enfim, trata-se de uma experiência enriquecedora, movida pela fé.

Em nossa Arquidiocese, em São Paulo, propomo-nos a trabalhar, ao longo de 2014, a “iniciação à vida cristã” como urgência pastoral. Como se aprende a ser cristão? Como se ensina a ser cristãos? A quem compete fazer isso? Em qual fase da vida deve ser iniciado esse processo? Qual é o papel dos pais católicos, da comunidade de fé, dos ministros da Igreja, de cada um em particular?

Sobre tudo isso há muito a se dizer. A ação pessoal de cada católico, na missão de introduzir os irmãos no caminho da fé, é importante; mas temos a consciência de que essa missão compete, por excelência, à comunidade eclesial, que acolhe, acompanha, ampara e estimula seus membros no caminho da fé.

Para a realização desse trabalho, seguiremos a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium – “A Alegria do Evangelho”, do Papa Francisco; as Diretrizes Gerais da CNBB, bem como o nosso 11° Plano de Pastoral Arquidiocesano.

Que a graça de Deus nos acompanhe!

 

Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 14.01.2014



Card. Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13427