13 de janeiro de 2014

Evangelizar é propor uma nova realidade

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Todos nós somos missionários pelo batismo

Todos nós somos missionários pelo batismo. Muitas vezes, quando ouvimos falar em missionariedade, achamos que se refere às freiras, aos padres e freis, mas é interessante que ser missionário não é apenas deixar uma terra e ir para outra; é deixar-se para ir ao encontro do outro para levá-lo a Cristo. 

Como diz Marcos no capítulo 16, 15: "É necessário que o Evangelho seja pregado a todas nações". Essa frase está no imperativo, ou seja, Jesus não está pedindo, ele está nos mandando evangelizar.
 
Por que o Evangelho precisa ser pregado a todas as nações? A resposta está em I Timóteo 2, 3-4: "Isto é bom e agradável a Deus, nosso Salvador. Ele quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade".

É fácil pregar o Evangelho? Não é fácil pregá-lo às crianças, aos jovens nem mesmo àqueles que já estão na Igreja. Hoje, o mundo está muito diferente, e é complicado entender a cabeça das pessoas. Vivemos numa sociedade na qual nada sacia ninguém.

Existem dificuldades, mas precisamos ter consciência de que o Evangelho é a força que nos dá ânimo. Quantas pessoas têm se convertido! Mesmo diante das dificuldades, precisamos acreditar na força desse instrumento [a Palavra de Deus] e sermos transmissores dessa mensagem.


Uma das coisas mais importantes que a Igreja nos ensina é que a sociedade atual está cansada de mestres, mas tem sede de testemunhos. O que isso significa? Precisamos viver um testemunho autêntico, ou seja, o que fazemos vale mais do que aquilo que falamos. As nossas atitudes mudam vidas.

Dentro da Igreja, muitas vezes, corremos o risco de ter uma consciência pagã. Como está a sua família? Ela está sendo exemplo para os outros? Evangelizar é propor uma nova realidade, e isso pode acontecer de várias formas. Você já fez a experiência de ter um encontro com Deus por meio de um sorriso? Por meio de um abraço? O amor de Jesus se manifesta também nas coisas simples.

Assista a um trecho desta pregação:







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Padre Adriano Zandoná

Adriano Zandoná é padre e missionário da Comunidade Canção Nova. Graduado em Filosofia e Teologia, exerce atualmente a função Responsável Geral pela Canção Nova em São Paulo (SP). Todas as segundas-feiras celebra a missa na Catedral Maronita, em São Paulo, às 19h30, com transmissão ao vivo pela TV Canção Nova. É articulista do site cancaonova.com e apresenta e apresenta o programa "Construindo a Felicidade", todos os dias da semana, exceto às quintas-feiras, às 17h pela Rádio América (AM 1410), também em São Paulo (SP). É autor dos livros: "Construindo a Felicidade" e "Curar-se para ser Feliz", ambos publicados pela editora Canção Nova.
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blog.cancaonova.com/padreadrianozandonaexceto às quintas-feiras, às 17h pela Rádio América (AM 1410), também em São Paulo (SP). É autor dos livros: "Construindo a Felicidade" e "Curar-se para ser Feliz", ambos publicados pela editora Canção Nova.


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Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13415

10 de janeiro de 2014

Briguei com meu amigo! O que fazer?

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Saber respeitar as decisões de quem feriu ou foi ferido

Muitos processos de amizade sofrem rompimentos ao longo da vida. Muitos são os motivos que desencadeiam esses rompimentos; desde uma simples palavra mal interpretada até uma complexa traição de confiança.


Quando a amizade é abalada, acontece o rompimento e surge a mágoa, a revolta, o desejo de vingança e outras inúmeras atitudes que brotam dessa situação conflituosa. Muitos, após um período de distanciamento, conseguem recuperar a mesma amizade de antes; alguns a recuperam parcialmente; outros, no entanto, jamais conseguem recuperá-la.

Diante do rompimento da amizade, fica o desejo de que tudo seja como era antes. Em muitos casos, é preciso ter consciência de que não mais será como antes. Onde há rompimento existem feridas que precisam de longas estações para serem cicatrizadas.

Há casos em que ambos os amigos se perdoam e retomam a amizade com o mesmo afeto de antes. Em outros casos, quando um dos lados não concede o perdão, surge a grande questão: o que fazer quando o outro não me perdoa? Nesse caso, não há muito o que fazer. É preciso saber respeitar o tempo dele.

Forçar uma aproximação pode ser tão prejudicial quanto o rompimento da amizade. Feridas abertas levam tempo para cicatrizar. Não adianta tentar buscar uma solução quando as poeiras da raiva e do ressentimento ainda estão altas. Nem todos conseguem fazer a digestão emocional das mágoas de maneira igual. Alguns precisam de muito tempo para perdoar, outros conseguem fazê-lo de maneira rápida. Cada caso é um caso, e cada ferida é uma ferida. Cada pessoa vivencia a sua vida em um determinado tempo.

Nem sempre é fácil respeitar a decisão de alguém que ainda não conseguiu perdoar. Muitas vezes, tenta-se forçar o perdão; como consequência, existe um aumento das feridas. Para que um vínculo de amizade seja restabelecido, é necessário que ambos os lados desejem restabelecer tal laço. Não existe amizade que volte a ser como antes apenas quando há o desejo de apenas um dos lados.

Da parte de quem concedeu o perdão deve haver o respeito por quem ainda não conseguiu digerir toda uma situação de rompimento. Deve haver também a consciência de que não existe amizade restabelecida à base de pressão psicológica ou espiritual. Amizade é fruto de um processo; e quando esse processo é rompido, faz-se necessário uma reconciliação com o tempo do outro. Saber respeitar as decisões de quem feriu ou foi ferido é também um gesto de amizade, mesmo que não seja compreendido logo de imediato.


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Padre Flávio Sobreiro

Padre Flávio Sobreiro Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP. Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre - MG. Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Carmo (Cambuí-MG). Padre da Arquidiocese de Pouso Alegre - MG.
www.facebook.com/oficialpadreflavio
www.padreflaviosobreiro.com


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13413

8 de janeiro de 2014

O perigo das escolhas provisórias

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O que seria para nós, sermos revolucionários da cultura do provisório?

"Eu peço que vocês sejam revolucionários, que vão contra a corrente; sim, nisto peço que se rebelem: que se rebelem contra esta cultura do provisório" (Discurso do Papa Francisco durante encontro com voluntários da JMJ Rio2013). Mas o que significa ser 'revolucionário' da cultura do provisório? O que é a 'Cultura do Provisório' e onde está a sua raiz?

Desde muito tempo, nós apresentamos como comportamento a necessidade de nos identificarmos com a sociedade em que vivemos. Buscamos responder ao que nos está sendo proposto com a única finalidade de conviver bem, isto é, agradar para ser aceito e, consequentemente, ser agradado. A tentativa de coabitar com quem está ao nosso redor, com as provocações da mídia, as tendências do mundo pós-moderno, colocam-nos diante de um processo de adaptação que afeta o nosso comportamento, e este, por sua fez, influencia o próprio ambiente, trazendo consequências boas e ruins.

Não é fácil corresponder ao que nos é proposto diariamente, quer seja diante do consumismo, da necessidade de satisfazer as nossas vontades, manter relacionamentos aparentemente feitos para durar ou na busca de autoconhecimento, do controle das nossas impulsividades e entendimento sobre o mundo no qual estamos inseridos, a fim de alcançar o equilíbrio necessário para que possamos nos sentir confortáveis, seguros e em paz. Mas como desempenhar essa função proposta pelo tão querido Papa Francisco?

Inúmeras são as causas que têm motivado a instalação da 'Cultura do Provisório'. As modificações que a nossa identidade cultural tem sofrido, ao longo dos anos, tornaram-se uma das principais causas desse fenômeno social.
 
Atualmente, o comportamento humano apresenta traços de uma identidade híbrida e vive sob o signo da pós-modernidade. Ele vai sendo formado de dentro para fora, acreditando, assim, que estamos nos ressocializando com esse novo modelo de viver. Contudo, adaptar-se é estar disposto a negar a possibilidade de viver plenamente, a ter a nossa própria identidade. Ser revolucionário da 'Cultura de Provisório' é nos tornarmos uma "Celebração Móvel: formada e transformada em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam" (Hall, 1998). Assim, conscientes de que somos sujeitos, podemos, de fato, assumir que somos revolucionários da cultura híbrida, líquida e provisória. Precisamos continuar como sujeitos pós-modernos, mas temos de ter uma identidade fixa, mesmo que nascida da diversidade de culturas do mundo globalizado. Uma identidade construída e reconstruída permanentemente ao longo de nossa existência.

Ir contra a corrente é viver atento às tendências da pós-modernidade: relações frágeis, duvidosas, frouxas, livres e inseguras - sugere Bauman (2004), estudioso que escreve sobre o conceito de liquidez nas relações.

Ele defende a ideia de que as relações líquidas nos colocam diante de um problema: como apertar os laços e, ao mesmo tempo, mantê-los tão frouxos? Esse, para ele, é um novo modelo de relação amorosa: a relação líquida, frouxa. Da mesma maneira que queremos sair da solidão com a companhia do outro para mantê-lo próximo, é necessário uma distância que lhe permita o exercício da liberdade. Completa Baumam (2004): "Os casais estão sozinhos em seus solitários esforços para enfrentar a incerteza. A relação pode acabar numa manhã de sol que o outro – este que, um dia antes, disse "eu te amo" – levanta-se da cama e exclama: "Acabou!". Como entender tal mistério? Quais ideias  se auto-organizaram para tal catástrofe? – catástrofe para aquele que perde o objeto de amor "garantido"... E o o anel que era doce, se quebrou...

"Para seguir Jesus devemos nos despir da cultura do bem-estar e do fascínio provisório". Foi o que disse o Papa Francisco, no encontro com os voluntários, durante a JMJ, exortando sobre o casamento, que essa união não deveria ser vista como provisória. Se der certo, deu; se não der, acabou.

Como sempre muito pertinente, o Papa também nos faz pensar sobre os nossos exageros frente à necessidade do bem-estar. O nascimento do filhos, por exemplo. São tantos planejamentos em busca da segurança para tê-los, que este bem-estar nunca chega. As famílias estão cada vez menores, formando indivíduos egoístas e solitários. E, em sua sabedoria, eles fazem uma relação sobre a resistência do mundo diante as propostas de Jesus. De fato, são definitivas e,  segundo ele, nós temos medo do tempo de Deus.

"Peçamos ao Senhor que nos dê a coragem de prosseguir, despindo-nos desta cultura do bem-estar, com a esperança no tempo definitivo."


Judinara Braz da Silva Mota de Carvalho

Membro da Com. Vida da Casa da Rainha- Feira de Santana - BA


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13411



6 de janeiro de 2014

Perante a Morte

2 de janeiro de 2014

Curso para pais com José de Nazaré

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Um bom pai adquire créditos por aquilo que faz

Vivemos na "Era do Conhecimento", um tempo marcado por inúmeras possibilidades na aquisição de novos conhecimentos. Multiplicam-se, por exemplo, os cursos de mecânica, pintura, elétrica, digitação etc. Mas alguém já ouviu falar de um "curso para pai"? Não. Bem, então isso é preocupante, pois se os filhos aprendem com os pais, com quem estes aprenderão? 


Hoje, nós lhe apresentamos o curso que faltava! "Curso para pais", e o professor é José de Nazaré, o pai de Jesus.

Um bom professor adquire crédito não tanto por aquilo que fala, mas por aquilo que faz. Imagine um instrutor de autoescola que lhe explicasse muito bem como funcionam os pedais de freio e embreagem, mas não fosse capaz de usá-los corretamente. É difícil aprender com alguém e acreditar nele se o que "fala" não condiz com o que "faz"; diz "é assim", mas não vive o que diz. Não se preocupe! Não teremos esse problema com o nosso professor, pois sua vida é uma lição dita sem palavras.

Serão quatro lições. A primeira se chama "Pai Guardião".

Um "pai guardião" é aquele que, a exemplo de José, descobre que recebeu um tesouro de Deus, uma joia chamada "esposa" e um diamante chamado "Filho", por isso decide protegê-los com todas as forças do seu coração. Como "pai guardião", José protege sua esposa primeiramente dele próprio, quando, diante da crise e do conflito, prefere o silêncio à discussão, a paz à guerra. "Saiu sem dizer nada" (cf. Mt 1,20). Protege sua esposa da cultura assassina de uma sociedade que, fundamentada pela certeza das "aparências", não tem dúvidas na hora de "matar" mãe e/ou filho. "Ele não queria difamá-la publicamente" (cf.Mt 1,19).

Como "pai guardião", protege-os por meio do trabalho, não deixando faltar nada de tudo aquilo que lhes era necessário, pois sabia que o dinheiro, resultado do honesto trabalho, não poderia estar em outras "mesas" que não fosse a mesa da família. "Ele era um homem justo" (cf. Mt 1,19), protegia sua família nas estradas, com a consciência de quem colocou na bagagem sobriedade e prudência, itens indispensáveis para quem transporta algo tão sagrado: vidas. "José saiu de Nazaré e foi para Belém" (cf. Lc 2,4).

Um "pai guardião" tem a coragem de dizer: "ninguém vai matar meu Filho!". Mesmo que Sua chegada tenha sido inesperada, mesmo que para alguém Ele tenha sido um erro, mesmo que seja um presidente, um governador ou até mesmo um rei que queira matá-lo ("Herodes" (Mt 2,13)), a resposta do "pai guardião" será sempre a mesma: "Não!"

A segunda lição se chama "Pai Sonhador".

Deus escolheu revelar a José Seus sonhos. Este, por sua vez, soube fazer a escolha certa: decidiu sonhar os sonhos de Deus. Aqui está o ponto mais importante da segunda lição: ainda que todos tenhamos algum sonho, devemos nos questionar se esse é o sonho do Senhor para nós.

Naturalmente, não fazia parte dos sonhos de José o dia de ficar sabendo que sua "noiva" ficaria grávida antes do casamento, muito menos "grávida de Deus". Não havia o sonho de uma longa jornada até Belém com esposa grávida e cidade lotada, não havia gruta, não havia cocho (manjedoura), não havia o sonho de viver uma fuga com os perigos do deserto ou do exílio (Egito); porém, queridos alunos do "curso para pais", foi exatamente porque decidiu sonhar os sonhos de Deus, que o simples José, sem deixar de ser simples, tornou-se "o esposo da mãe do Filho de Deus". Foi naquela pequena e abarrotada Belém que a profecia se cumpriu (Mq 5,1); e foi no Egito que o pai sonhador salvou o "Salvador" (Jo 4,42). Pais sonhadores não são aqueles que vivem com "a cabeça no mundo da lua", mas os que vivem com "os pés na vontade de Deus".

A terceira lição se chama "Pai Puro".

Todos já devem ter visto aquele lírio que está em quase todos as imagens de São José. O lírio simboliza a "pureza" do esposo de Maria, transmitido pelas Escrituras (CIC 1160). José foi o tipo de marido que não teve vergonha de ser puro e fiel, homem de uma mulher só, em sadia harmonia afetivo-sexual, realidade esta ainda possível para todo pai moderno que encontrar tempo para "brincar" com o "pequeno-grande Filho de Deus" de um simples "caça ao Tesouro"; e, na busca deste Tesouro perdido, reencontrar a si mesmo, reencontrar o significado mais profundo da palavra "homem" como fez José (RC 27).

A quarta lição se chama "Pai Livre".

Começamos com perguntas: "1° - Eu seria forte o bastante para, naqueles momentos em que, escutando o que não queria, ficar calado? 2° -Caso Deus me dissesse: "Se você não estiver mais próximo da sua família, agora, você vai perdê-los", eu teria coragem suficiente para deixar (talvez por um tempo) negócios, empresa ou trabalho? 3° - Quem manda nessa casa sou eu?". Que respostas você daria?

Sobre a primeira pergunta, a resposta do nosso professor José é "sim, eu me calaria" (cf.Mt 1,19). A segunda também é "sim, eu deixaria" (cf. Mt 13,55); e, diferente de muitos homens que têm orgulho de dizer "quem manda aqui sou eu!", ele disse: "Quem manda aqui é Deus. Eu e minha casa serviremos ao Senhor" (Js 24,15).

A família espera por pais livres das reações impulsivas, as quais são capazes de machucar aqueles que ama: "Se ficardes revoltados, não pequeis por vossa ira; meditai no vosso leito e calai o coração" (Sl 4,5).

O "vazio afetivo" que um pai ausente pode causar na sua casa nunca seria suficientemente preenchido por tudo aquilo que o seu dinheiro fosse capaz de comprar (liberdade diante dos bens). Por fim, descobre que a verdadeira liberdade que surge não quando se faz "o que eu quero", mas quando faço o que de Deus quer: "Fica lá até que eu te avise" (Mt 2,13).

Pronto! Concluímos o "curso para pais". Parabéns! Porém, mais importante e belo do que ter mais um curso no currículo da vida ou um certificado a mais para pendurar na parede, certamente será vê-lo realizar-se pouco a pouco, sentir que as letras deste texto tornaram-se vivas na sua vida, porque, ainda que não saiba quem o ensinou a ser pai, ainda que não saiba se o nome da sua esposa é Maria e se o do seu filho é Jesus (provavelmente não), ou mesmo o sobrenome da sua família, de uma coisa eu sei: o certificado mais importante que você vai receber será o de "Família Feliz". Seguindo como aluno dedicado as lições do "curso de pais", você será um homem de honra, um pai-herói e, certamente, um dos sobrenomes que sua família também terá: "Sagrada".


29 de dezembro de 2013

Eis o desafio!

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Viver bem cada coisa a seu tempo

Quando você deseja atravessar a rua e percebe que o sinal está vermelho, já sabe que precisa esperar. Se insistir em passar, pode até ganhar alguns mirrados segundos de tempo, mas coloca em risco o que tem de mais precioso, a própria vida. 


Uma criança que está sendo gerada, por mais esperada que seja, todo mundo sabe que o melhor é esperar seu tempo certo de nascer para que venha perfeita. Assim segue a história, afirmando com fatos que cada coisa é boa e proveitosa quando vivida no seu devido tempo. Mas se o tempo passa veloz, como podemos alcançá-lo para viver bem cada coisa? Eis o desafio! Na verdade, eu não sei se é a vida que está indo rápida demais ou se sou eu que estou meio lenta, mas o fato é que quase todos os dias constato que não deu tempo de fazer o que havia planejado, por mais que tente ajustar os horários. E, pelo visto, partilho este sentimento com muita gente.

Recentemente, eu estava indo apressada para a Missa quando Deus falou comigo sobre isso.

Costumo sair do trabalho e ir diretamente para a Celebração Eucarística, e o tempo é suficiente para o percurso. Porém, se algum imprevisto acontece, e isso é muito comum, "já era!". Terei de recuperar esse tempo andando, apressada e fazendo tudo que esteja ao meu alcance para não chegar atrasada, inclusive atravessar a rua com o sinal vermelho se perceber que não vêm carros na avenida. Acontece que, enquanto eu esperava, impacientemente, o sinal abrir, rodeada de pessoas apressadas como eu, ouvi, no coração, a voz suave e calma de Deus me dizer: "Prefiro que você não vá à Missa!".


Fiquei surpresa e tive dúvidas se era mesmo coisa de Deus, mas era sim. Após refletir e rezar, percebi o que desagradava o Senhor naquela situação. Não era o fato de eu chegar atrasada, mas sim de arriscar a vida atravessando a rua de maneira imprudente e viver correndo contra o tempo, até mesmo quando o assunto é oração. Depressa percebi que o Senhor não estava assim tão contente com minhas escolhas. Ele mostrou-me que preciso priorizar o que é realmente essencial e chamou-me de volta ao lugar de onde jamais devo sair: "Vinde a mim vós todos que estais cansados de carregar o peso de vosso fardo e Eu lhes darei descanso" (Mt 11, 28).

Quando permitimos que a pressa e a agitação nos dominem, naturalmente nos distanciamos de Deus e começamos a carregar sozinhos nosso próprio fardo. Não seria esta a razão de encontrarmos tanta gente cansada em nossos dias? Podemos ter metas e focar nossos esforços para alcançá-las, mas conscientes de que jamais vamos conseguir fazer tudo que almejamos, simplesmente porque somos pessoas humanas e limitadas, e não máquinas. Deus, naquela situação, deu-me a chance de recomeçar e eu estou tentando acertar meu passo com o compasso d'Ele. Acima de tudo, como é bonito perceber que Ele se interessa por nós! E se interessa muito mais por aquilo que somos diante d'Ele do que por aquilo que fazemos, mesmo que seja para Ele. Isso faz toda a diferença na vida quando temos fé.

Já foi dito que a felicidade é um dom que não se encontra no fim da estrada, mas está distribuída pelo caminho e se esconde nas coisas simples do dia a dia. Se passarmos a vida andando com muita pressa, sem tempo para olharmos ao nosso redor, correremos o risco de não encontrá-la e chegaremos ao fim da jornada com as mãos vazias e o coração cansado. E esta certamente não é a vontade de Deus para nenhum de nós. Portanto, calma! Por mais difícil que seja, é preciso desacelerar um pouco para não se perder no tempo nem viver as coisas com superficialidade.

Os antigos sábios ensinam que o segredo para uma vida feliz e plena é viver bem cada coisa a seu tempo, valorizando o presente a ponto de desfrutá-lo sem se preocupar com o minuto seguinte. Vamos tentar fazer esta experiência no dia de hoje?

Podemos começar agora mesmo, priorizando o que é essencial, neste instante, e colocá-lo em prática; no instante seguinte, faremos o mesmo. Sendo assim, poderemos viver um dia após o outro de maneira cada vez mais intensa, e nossa vida, certamente, será mais plena e feliz a partir deste instante que é o presente, pois é aqui onde Deus está. Ele não é alguém que foi ou que será, mas Aquele que é no momento presente.

Estamos juntos!


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Dijanira Silva
dijanira@geracaophn.com

Dijanira Silva, missionária da Comunidade Canção Nova, atualmente reside na missão de São Paulo. Apŕesentadora da Rádio CN América (SP).


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13404

26 de dezembro de 2013

Tudo tem seu tempo

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A busca dessa sabedoria é tarefa de todos

Há um momento oportuno para cada coisa debaixo do céu (cf. Eclesiastes 3, 1). Nesta máxima da sabedoria em Israel, fundamento da cultura grega presente no mundo judaico, bem localizado no horizonte cristão, vê-se o quão oportuna é a figura de um ancião que tem o intuito de instruir os jovens.

Há uma sabedoria que não pode ser esquecida sob pena de perder o verdadeiro sabor das coisas e dos sentidos adequados para a existência, provocando os desvarios absurdos que têm configurado a sociedade contemporânea. Concretizados em violência, corrupção, imoralidade, indiferença com a dor dos outros, perversidade; e ainda no entendimento da vida como disputa, na surdez para o grito dos pobres. Estes desvarios acontecem pela falta de sabedoria que pode estar ausente ou ser cultivada nas estratégias da governança moderna, nas especializações das ciências deste tempo, ou mesmo na aprendizagem dos processos formativos.

Essa sabedoria capacita corações e inteligências para o discernimento adequado, de modo que as escolhas configurem condutas à altura da dignidade humana em todos os níveis e na direção de cada pessoa, respeitada a sua singularidade.

A busca dessa sabedoria é tarefa de todos. Não se pode delegá-la, seja na família, nas instituições, nos variados contextos - ou eximir-se dessa missão. Os fluxos que configuram a cultura ocidental estão comprometidos. Impedem, lamentavelmente, por atos e escolhas, o cultivo permanente dessa sabedoria para equilibrar a vida e vivê-la dignamente desde a fecundação até a morte com o declínio natural. A vida de todos está o tempo todo por um fio. É resultado da falta de sabedoria de que tudo tem seu tempo - discernimento que modula a inteligência livrando-a dos desatinos da irracionalidade e preservando o sentido de limite, sem comprometer a liberdade e a autonomia.

No livro do Eclesiastes, capítulo terceiro, o ancião se empenha na tarefa de instruir os jovens. Insiste na compreensão que não pode ser substituída nem pela ciência e nem por estratégias.

Vale retomar sempre as indicações do sábio ancião: "Tudo tem seu tempo. Há um momento oportuno para cada coisa debaixo do céu: tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou, tempo de matar e tempo de curar, tempo de destruir e tempo de construir, tempo de chorar e tempo de rir; tempo de lamentar e tempo de dançar, tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar, tempo de abraçar e tempo de afastar-se dos abraços, tempo de procurar e tempo de perder, tempo de guardar e tempo de jogar fora, tempo de rasgar e tempo de costurar, tempo de calar e tempo de falar, tempo de amor e tempo de ódio, tempo de guerra e tempo de paz". Está indicado que a vida não pode ser vivida e conduzida sem essa sabedoria. Trata-se de um caminho longo na vivência do amor, na prática da justiça, na assimilação de valores, no exercitar-se no gosto de ser bom e de encantar-se com o outro.

As instituições todas, sobretudo a família, têm tarefas fundamentais nesse processo para tecer uma cultura ancorada na sabedoria. Se esse caminho não for percorrido, com urgência e perseverança, os desvarios da violência, das disputas, das agressões e da perda de sentido continuarão desfigurando instituições, culturas, modos de viver. Assim as vítimas, e também agentes, desse processo, serão especialmente os mais jovens.

Diante da atual realidade torna-se premente modular os corações e as culturas no horizonte dos valores que se revelam na pessoa de Jesus Cristo. A propósito de que tudo tem seu tempo, vivenciamos o momento propício para refletir sobre o verdadeiro sentido do Natal. É preciso sabedoria para não se curvar diante de enfeites, de Papai Noel e de outros símbolos comerciais que parecem ofuscar Jesus Cristo, o Dom maior de Deus Pai para a salvação da humanidade.

É tempo de cultivar símbolos como o presépio, antiga tradição educativa que modelou corações no bem, cuja intuição sábia de São Francisco de Assis nos deixou como herança. É tempo de reavivar o coração na fé e nos valores que só o encontro com Cristo pode garantir.

Resgatando a inspiração de Francisco de Assis, a Arquidiocese de Belo Horizonte convida todos a reacenderem a chama do amor de Deus, fonte inesgotável da sabedoria que sustenta a vida.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=12131