26 de dezembro de 2013

Tudo tem seu tempo

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A busca dessa sabedoria é tarefa de todos

Há um momento oportuno para cada coisa debaixo do céu (cf. Eclesiastes 3, 1). Nesta máxima da sabedoria em Israel, fundamento da cultura grega presente no mundo judaico, bem localizado no horizonte cristão, vê-se o quão oportuna é a figura de um ancião que tem o intuito de instruir os jovens.

Há uma sabedoria que não pode ser esquecida sob pena de perder o verdadeiro sabor das coisas e dos sentidos adequados para a existência, provocando os desvarios absurdos que têm configurado a sociedade contemporânea. Concretizados em violência, corrupção, imoralidade, indiferença com a dor dos outros, perversidade; e ainda no entendimento da vida como disputa, na surdez para o grito dos pobres. Estes desvarios acontecem pela falta de sabedoria que pode estar ausente ou ser cultivada nas estratégias da governança moderna, nas especializações das ciências deste tempo, ou mesmo na aprendizagem dos processos formativos.

Essa sabedoria capacita corações e inteligências para o discernimento adequado, de modo que as escolhas configurem condutas à altura da dignidade humana em todos os níveis e na direção de cada pessoa, respeitada a sua singularidade.

A busca dessa sabedoria é tarefa de todos. Não se pode delegá-la, seja na família, nas instituições, nos variados contextos - ou eximir-se dessa missão. Os fluxos que configuram a cultura ocidental estão comprometidos. Impedem, lamentavelmente, por atos e escolhas, o cultivo permanente dessa sabedoria para equilibrar a vida e vivê-la dignamente desde a fecundação até a morte com o declínio natural. A vida de todos está o tempo todo por um fio. É resultado da falta de sabedoria de que tudo tem seu tempo - discernimento que modula a inteligência livrando-a dos desatinos da irracionalidade e preservando o sentido de limite, sem comprometer a liberdade e a autonomia.

No livro do Eclesiastes, capítulo terceiro, o ancião se empenha na tarefa de instruir os jovens. Insiste na compreensão que não pode ser substituída nem pela ciência e nem por estratégias.

Vale retomar sempre as indicações do sábio ancião: "Tudo tem seu tempo. Há um momento oportuno para cada coisa debaixo do céu: tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou, tempo de matar e tempo de curar, tempo de destruir e tempo de construir, tempo de chorar e tempo de rir; tempo de lamentar e tempo de dançar, tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar, tempo de abraçar e tempo de afastar-se dos abraços, tempo de procurar e tempo de perder, tempo de guardar e tempo de jogar fora, tempo de rasgar e tempo de costurar, tempo de calar e tempo de falar, tempo de amor e tempo de ódio, tempo de guerra e tempo de paz". Está indicado que a vida não pode ser vivida e conduzida sem essa sabedoria. Trata-se de um caminho longo na vivência do amor, na prática da justiça, na assimilação de valores, no exercitar-se no gosto de ser bom e de encantar-se com o outro.

As instituições todas, sobretudo a família, têm tarefas fundamentais nesse processo para tecer uma cultura ancorada na sabedoria. Se esse caminho não for percorrido, com urgência e perseverança, os desvarios da violência, das disputas, das agressões e da perda de sentido continuarão desfigurando instituições, culturas, modos de viver. Assim as vítimas, e também agentes, desse processo, serão especialmente os mais jovens.

Diante da atual realidade torna-se premente modular os corações e as culturas no horizonte dos valores que se revelam na pessoa de Jesus Cristo. A propósito de que tudo tem seu tempo, vivenciamos o momento propício para refletir sobre o verdadeiro sentido do Natal. É preciso sabedoria para não se curvar diante de enfeites, de Papai Noel e de outros símbolos comerciais que parecem ofuscar Jesus Cristo, o Dom maior de Deus Pai para a salvação da humanidade.

É tempo de cultivar símbolos como o presépio, antiga tradição educativa que modelou corações no bem, cuja intuição sábia de São Francisco de Assis nos deixou como herança. É tempo de reavivar o coração na fé e nos valores que só o encontro com Cristo pode garantir.

Resgatando a inspiração de Francisco de Assis, a Arquidiocese de Belo Horizonte convida todos a reacenderem a chama do amor de Deus, fonte inesgotável da sabedoria que sustenta a vida.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=12131

24 de dezembro de 2013

O Encanto do Natal

Será que o Natal de nossa infância era mais "natalino" do que agora que somos adultos, mais "natal" do que nos dias de hoje? Haverá algum local em que o encanto e inocência do presépio tenha sido preservado, em grande parte? Vejamos:

Natal na Alemanha! É muito difícil dizer se em algum outro lugar soube- se cercar a data máxima da Cristandade com tanto encanto e afeto, diria mesmo, com tanta poesia.

Com efeito, a característica atmosfera do Natal, ou espírito natalino, possui profundas raízes na cultura alemã, a ponto de este povo ter em seu idioma uma palavra própria para expressá-la: Weihnachtsstimmung.natal_1.jpg

Tentar descrevê-la envolve não pequena dificuldade. O Natal, como o vivem os alemães, possui demasiado calor para exprimir-se nas frias linhas de um papel. Mas uma tentativa, embora tímida, certamente trará proveito para nossas almas cristãs, pois jamais se falará a respeito do doce nascimento de nosso Divino Salvador, sem que nossos corações sejam tocados por alguma graça.

Alguns Santos preparam o caminho

O ambiente natalino não brota de repente. Ele surge aos poucos, e começa a se fazer sentir em fins de novembro quando, nas cidades grandes e médias, as lojas montam suas decorações de fim de ano, pondo em evidência todos os artigos que possam servir para presentear os amigos e familiares, no grande dia.

A Liturgia e as festas populares guiam os corações rumo ao Natal.

Próximo ao Advento, comemoram-se os Santos cujas festas ajudam a preparar o caminho para a vinda do Menino Deus. Por exemplo, São Martinho de Tours, em 11 de novembro, muito festejado na linke Niederrheinufer (margem esquerda do Reno), uma região que se estende até a fronteira com a Holanda, onde se ergue o grande santuário mariano de Kevelaer. Essa é a ocasião do Martinsgans (Grande Banquete do Ganso), em memória do insigne Santo que, quando soldado romano, cortou com a espada a metade de seu manto e a deu a um pobre, o qual na realidade era o próprio Jesus. Em Kevelaer as crianças realizam uma procissão com a imagem desse Santo, levada sobre um cavalo. Portando lanternas, elas vão cantando: "Da oben beleuchten die Sternen, hierunter beleuchten wir uns... St. Martin, St. Martin" - "No alto, as estrelas nos iluminam, aqui embaixo nos ilumina São Martinho, São Martinho..." Depois, em 6 de dezembro, o dia do grande amigo das crianças, São Nicolau, o caridoso bispo que há cerca de 1500 anos ajudava os necessitados, na região onde hoje se localiza Bari. O comércio o transformou em São Nick, ou Santa Claus, o "Papai Noel" do Brasil, ou o Weihnachtsmann na Alemanha. Este ano, porém, alguns cristãos preocupados em manter o sentido original da caridade praticada pelo venerável Santo, difundiram adesivos com a mensagem: "Para mim, somente o original!" Visam, com isso, redescobrir aquele que para muitos ficou esquecido: São Nicolau.

E em 13 de dezembro se festeja cada vez mais o dia de Santa Luzia, conhecida no norte da Europa como a "Rainha da Luz". Na Suécia, por exemplo, este é o dia da família. Seguindo uma consagrada tradição, em cada lar a filha mais velha prepara um café da manhã especial, e o serve para toda a família, quando ainda estão todos na cama. Nesse ato, a jovem traja um vestido branco, com um largo cinturão vermelho, e porta sobre a fronte uma coroa feita de velas acesas.

Como "Rainha da Luz", ela traz alegria em uma escura manhã de dezembro.natal_2.jpg

Esse costume relembra um fato da vida de Santa Luzia, a intrépida menina de Siracusa que levava alimentos aos cristãos perseguidos. Segundo uma multissecular tradição, ela caminhava pelas tenebrosas catacumbas do século IV com velas acesas fixas em sua cabeça, únicamaneira de poder dispor das mãos para carregar os víveres. De acordo com o costume da época, usava um vestido branco. E o cinturão de tecido vermelho simboliza sua morte como mártir.

Música, mercados, pinheiros

Os domingos de Advento são recordados nas igrejas e nos lares com o Adventskranz (guirlanda do Advento), com as velas vermelhas, acesas à medida que passam os quatro domingos anteriores ao Natal.

Mas o espírito de Natal faz sentir realmente seu encanto, na Alemanha, com os Weihnachtsmärkte ou Christkindlmarkt (mercados de Natal, ou mercado do Menino Deus), que começam na última semana de novembro, em todas as grandes e médias cidades.

Os mais famosos e concorridos são os de Nürenberg, Frankfurt e München. Para visitar o de Nürenberg, a Deutsche Bundesbahn (Ferrovia Alemã) organiza saídas de trens especiais. Esses mercados natalinos são freqüentados particularmente nos fins de semana, por grupos inteiros de paróquias e famílias das redondezas. Nesses dias realizam- se programas musicais em torno da árvore de Natal.

Pequenos conjuntos musicais de instrumentos de sopro tocam peças natalinas nas praças ou nas vias de acesso, sendo premiados com moedas pelos assistentes, em menor ou maior medida, segundo a qualidade da música. Em Frankfurt, por exemplo, todos os anos, a orquestra de uma escola da cidade faz apresentações numa das principais estações de metrô. Em sua totalidade, os fundos arrecadados são destinados ao Hospital Infantil do Câncer. Conhecendo a nobre e caridosa intenção dos músicos estudantes, todos os transeuntes deixam muitas moedas. Algumas pessoas chegam mesmo a enternecer-se... Estes "mercados" localizam-se na zona antiga de cada cidade, como a Römerplatz de Frankfurt, ou a praça medieval do centro velho de Nürenberg.

Um dos mais famosos é realizado em München, na Marienplatz, a praça de Nossa Senhora, onde no alto de uma coluna está a Patrona Bavariae (Padroeira dos Bávaros), que foi visitada recentemente pelo Papa Bento XVI.

Em um dia previamente definido, coloca-se nesse local um pinheiro de gigantescas dimensões. Para estar de acordo com as proporções da praça, ele deve ter pelo menos cem anos! Geralmente, é um presente do Tirol austríaco, em cujas montanhas ainda se podem encontrar Tannenbäume (pinheiros) desse porte. Os jornais da região informam todos os dados de sua procedência: qual cidade o ofereceu de presente, fotos da instalação, o prefeito que o recebeu, e outros detalhes.natal_3.jpg

Sem demora, erguem-se em torno da magnífica árvore de Natal casinhas de madeira artisticamente decoradas, nas quais se vendemtodos os tipos de enfeites natalinos: imagens de anjos, bolas de vidro colorido caramelos, sininhos, soldadinhos de chumbo...

Cuida-se também do bem-estar corporal

Mas não só isso. Como em toda festa popular alemã, ali se aplica uma regra infalível: "Für das leibliche Wohl wird besorgt". Uma frase consagrada, cujo significado é: "Cuidar-se-á das necessidades do bem-estar corporal".

Ou, em outras palavras, "abundantes comes e bebes"... Não será perda de tempo conhecermos uma breve lista do que se podesaborear enquanto caem os flocos de neve: rum quente, Glühwein (vinho tinto quente, com especiarias), heiße Mandel (castanhas assadas), Lebkuchen und Spekulatius (bolachas e pequenos bolos, com especiarias), deliciosas salsichas ou Leberkäse (bolos de carne), acompanhados de Kartoffelsalat (salada de batatas), Kartoffelpuffer (panquecas de batata com purê de maçã), além das nossas tão conhecidas e apreciadas... pipocas.

A Römerplatz de Frankfurt conta com uma atração especial, encanto da criançada: um enorme e bem-decorado carrossel, com cavalinhos, cisnes e barquinhos que, ao som da música, sobem e descem sem parar. Mas não só crianças são atraídas pelo multicolorido brinquedo: já foram vistos sisudos homens de negócio, com sua pasta na mão, andarem nos cavalinhos como qualquer menino. Cativados pela atmosfera de Natal, deixam por um momento suas preocupações, para recordar os felizes dias da inocência infantil...

A apoteose dos sinos

Dois ou três dias antes do Natal, a Römerplatz precisa estar totalmente livre e limpa. A partir do dia 23 tem lugar o Glockengeläut: o toque dos sinos de todas as igrejas do centro de Frankfurt, que se prolonga durante meia hora, no fim do entardecer.natal_4.jpg

Nessas tardes, aparece nas ruas um gênero muito característico e genuíno do povo alemão, que não se faz notar, ou talvez não se manifeste tanto, em outras épocas no ano: o amante das boas tradições e da metafísica, o qual sabe apreciar aquilo que a pessoa não vê, mas sente no fundo do coração. Nunca esquecerei o olhar vivo de um homem alto, numa hora de Glockengeläut. Cruzou comigo, enquanto caminhava pela praça, e sorriu-me enlevado, durante o grande toque. Não pronunciou palavra alguma, mas seu olhar parecia dizer-me: "Não o conheço de nome, mas sei que seu coração agora bate em uníssono com o meu... e estou feliz de sentir a mesma alegria junto com você e todas as pessoas que aqui estão, neste ambiente maravilhoso".

O toque em conjunto começa com o sino da Paulskirche (Igreja de São Paulo); depois, como uma grande reação em cadeia, fazem-se ouvir os outros sinos. Alguns evocam a história da respectiva igreja, como, por exemplo, o da Liebfrauenkirche, onde se venera uma imagem da Imaculada Conceição milagrosamente preservada dos bombardeios aéreos que reduziram o centro de Frankfurt a um triste monte de ruínas, na II Guerra Mundial. Ou o da torre da Catedral de São Bartolomeu, também sobrevivente da mesma catástrofe.

Em determinado momento, quando os toques vão-se irradiando pela cidade, ouve-se distintamente o som do "Glorioso", como é chamado o sino principal da Catedral: dotado de proporções germânicas, ele pesa nada mais nada menos do que 25 toneladas, e sua poderosa "voz" supera a de todos os outros. Diante da Catedral, uma enorme multidão assiste, encantada e em silêncio, a essa apoteose dos sinos. O sol então já se pôs, vai entrando a noite. É mais um Natal que todos vão viver juntos. "Süßer die Glocken nicht klingen, als zu der Weihnachtszeit... " - "Os sinos nunca tocam tão docemente como no tempo de Natal..." (Revista Arautos do Evangelho, Dez/2006, n. 60, p. 48 à 51)

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23 de dezembro de 2013

Agir por amor


Conta-se que esta história se passou num acampamento para refugiados no coração da África. Havia ali muitas crianças feridas, abandonadas e sem esperança nenhuma de vida. Sofriam pela fome, sede e falta de afeto. A única atenção que recebiam era a dos missionários.

Certo dia, apareceu por ali um jornalista que fazia uma matéria sobre as guerras e os seus estragos. Foi ao acampamento e acompanhou o trabalho de irmã Lurdes durante um dia inteiro. À noite, já esgotado pelo cansaço, calor e, principalmente por ver tanto sofrimento e dor, o jornalista disse à missionária:

- Irmã, eu não faria o trabalho que a senhora faz nem que me dessem todo o dinheiro do mundo.

A irmã olhou para ele com ternura e respondeu:

- Eu também não. Não faria isso por dinheiro nenhum. Faço este trabalho por amor a Deus e a todos estes que sofrem.

Para refletir

Por amor, somos capazes de fazer as coisas mais difíceis do mundo como se fossem as mais fáceis. Por amor, somos capazes de realizar os maiores sacrifícios e superar todas as dificuldades. O amor nos modifica, nos humaniza e nos embeleza.

O amor nos dá força, nos anima, nos motiva, nos impulsiona a grandes feitos. Quando amamos a Deus e o nosso próximo verdadeiramente, somos capazes de nos doar a eles e assisti-los em todas as suas necessidades.

Pelo amor nos tornamos melhores e mais dignos. O amor transforma o ser humano. Invista no amor. O amor não custa nada, mas tem valor inestimável.

Até onde eu iria em nome do amor? Seria capaz de realizar grandes obras por amor a Deus e ao próximo? Que tipo de obras? O que já fiz motivado pelo amor gratuito? Olhando para a minha vida hoje, como vejo a influência do amor nas minhas atitudes? O que poderia fazer para permitir uma ação maior do amor na minha vida? Como as pessoas que convivem comigo poderiam ajudar?


Fonte: http://www.catequisar.com.br/mensagem/religiosa/msn_81.htm

21 de dezembro de 2013

É preciso ir ao encontro dos outros

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Como cristãos, não podemos mais nos isolar em nossas ilhas de conforto e bem-estar

Um dos maiores milagres, deste tempo de Natal, é o de criarmos em nós a capacidade de repensar e redescobrir valores que, ao longo do ano, foram deixados de lado ou roubados pela cultura do bem-estar individual. Nesta época do ano, somos mais família, solidários, falamos mais de amor e paz, de respeito ao próximo, porque, "no coração de cada homem e de cada mulher, habita o anseio de uma vida plena, que contém uma aspiração irreprimível de fraternidade, impelindo à comunhão com os outros"1.


Entendemos que este sentimento de solidariedade e fraternidade, que nos invade no Natal, está dentro de nós, é uma vocação do homem. Mas por que este 'espírito natalino' não se torna algo efetivo, no nosso dia a dia, durante os outros 11 meses do ano?

O fato é que estamos mergulhados numa sociedade que já não constrói pontes entre seus semelhantes, pelo contrário, evidenciam-se, a cada dia, os abismos entre o "eu" e o "tu". Construímos muros cada vez mais altos ao redor de nossas casas, nos agrupamos, inseguramente, em condomínios que são verdadeiras fortalezas (ou prisões) de luxo, consumimos compulsivamente – agora sem sair de casa – para entorpecer nossas angústias interiores. Até ter filhos se tornou um peso associado ao 'custo x benefício', que pode prejudicar uma viagem para Cancun ou Paris, ou até mesmo a aquisição do carro do ano.

Parece que temos mais, vivemos mais, temos melhores condições e conforto, mas, existencialmente, nos sentimos fracassados, inseguros e infelizes. Como diz o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, "a certeza e a segurança das condições existenciais dificilmente podem ser compradas com os recursos da conta bancária". 2

Em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, o Papa Francisco fez duras críticas ao que vem chamando de "cultura do descartável", reflexo desta sociedade individualista e materialista. Segundo Francisco, não há vida digna se cada homem e mulher não redescobrir a sua vocação à fraternidade e à comunhão, ou seja, não podemos falar de paz se não sairmos do nosso comodismo para cuidar de nossos irmãos mais necessitados. Toda guerra, toda injustiça e desigualdade social, segundo o Papa, têm a sua gênese na "rejeição radical da vocação de ser irmãos".

A fome, a desigualdade, a corrupção, o racismo, a violência, as drogas, tudo aquilo que desejamos extirpar da nossa sociedade, tem a sua fonte no meu e no seu individualismo. Sobre todos esses problemas sociais, questionou-nos o Papa Francisco quando veio ao Brasil por ocasião da Jornada Mundial da Juventude: "Você é o que lava as mãos e vira para o outro lado?" 

Esses discursos de Francisco contra a cultura do conforto e do individualismo nos ajudam a entender que não basta lutar contra a pobreza, contra a corrupção ou até fazer uma boa ação de Natal se não combatermos uma doença muito mais profunda no coração do homem moderno: o egoísmo. Para isso é preciso que coloquemos em prática o que o Pontífice tem chamado de "cultura do encontro".

Como cristãos, não podemos mais nos isolar em nossas ilhas de conforto e bem-estar, saindo de nosso comodismo apenas em épocas natalinas. O remédio para a doença do individualismo é o serviço ao próximo, "uma Igreja que se organiza para servir a todos os batizados e homens de boa-vontade", desde os que estão em nosso lar até os mais necessitados e marginalizados da sociedade. Para sermos felizes todos os dias do ano é preciso seguir o conselho do Mestre: "Há mais alegria em dar do que em receber" (At 20, 3).3



1 Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial pela Paz
2 BAUMAN, Zygmunt "Comunidade – a busca por segurança no mundo atual"
3 Discurso do Papa Francisco durante a Via-Sacra na Praia de Copacabana - JMJ
4 Discurso do Papa francisco ao Conselho do CELAM – 29/07/2013

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Daniel Machado
conteudoweb@cancaonova.com

Daniel Machado, missionário da Comunidade Canção Nova é estudanre de Psicologia, formado em Filosofia pelo Instituto Canção Nova de Filosofia e produtor do portal cancaonova.com.

twitter: @dancancaonova


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13399

19 de dezembro de 2013

10 dicas para viver bem um relacionamento

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Nunca irritar-se ao mesmo tempo

Uma equipe de psicólogos e especialistas americanos, que trabalhava com terapia conjugal, elaborou os 'dez mandamentos do casal'.


Gostaria de analisá-los, já que trazem muita sabedoria para a vida e a felicidade dos casais. É mais fácil aprender com o erro dos outros do que com os nossos próprios.

1. Nunca irritar-se ao mesmo tempo

A todo custo, evitar a explosão. Quanto mais a situação é complicada, mais a calma é necessária. Então, será preciso que um dos dois acione o mecanismo que assegura a calma de ambos diante da situação conflitante. É preciso nos convencermos de que, na explosão, nada será feito de bom. Todos sabemos bem quais são os frutos de uma explosão: destroços, mortes e tristezas; portanto, jamais podemos permitir que a explosão chegue a acontecer. Dom Helder Câmara, arcebispo emérito de Olinda (PE), tem um belo pensamento que diz: "Há criaturas que são como a cana, mesmo postas na moenda, esmagadas de todo, reduzidas a bagaço, só sabem dar doçura"

2. Nunca gritar um com o outro

A não ser que a casa esteja pegando fogo. Quem tem bons argumentos não precisa gritar. Quanto mais alguém grita, menos é ouvido. Alguém me disse certa vez que se gritar resolvesse alguma coisa, porco nenhum morreria. Gritar é próprio daquele que é fraco moralmente e, por isso, precisa impor, pelos gritos, aquilo que não consegue pelos argumentos e pela razão.

3. Se alguém deve ganhar na discussão, deixar que seja o outro

Perder uma discussão pode ser um ato de inteligência e de amor. Dialogar jamais será discutir, pela simples razão de que a discussão pressupõe um vencedor e um derrotado, mas no diálogo não. Portanto, se, por descuido nosso, o diálogo se transformar em discussão, permita que o outro "vença" para que, mais rapidamente, ela termine. Discussão no casamento é sinônimo de "guerra", uma luta inglória. "A vitória na guerra deveria ser comemorada com um funeral", dizia Lao Tsé. Que vantagem há em se ganhar uma disputa contra aquele que é a nossa própria carne? É preciso que o casal tenha a determinação de não provocar brigas. Não podemos nos esquecer de que basta uma pequena nuvem para esconder o sol. Às vezes, uma pequena discussão esconde, por muitos dias, o sol da alegria no lar.

4. Se for inevitável chamar à atenção, fazê-lo com amor

A outra parte tem de entender que a crítica tem o objetivo de somar e não de dividir. Só tem sentido a crítica que for construtiva, pois esta é amorosa, sem acusações nem condenações. Antes de apontarmos um defeito, é sempre aconselhável apresentar duas qualidades do outro. Isso funciona como um anestésico para que se possa fazer o curativo sem dor. Reze pelo outro antes de abordá-lo em um problema difícil. Peça ao Senhor e a Nossa Senhora que preparem o coração dele para receber bem o que você precisa lhe dizer. Deus é o primeiro interessado na harmonia do casal.

5. Nunca jogar no rosto do outro os erros do passado

A pessoa é sempre maior que seus erros, e ninguém gosta de ser caracterizado por seus defeitos. Toda vez que acusamos alguém por seus erros passados, estamos trazendo-os de volta e dificultando que ela se livre deles. Certamente, não é isto que queremos para a pessoa amada. É preciso todo o cuidado para que este mal não ocorra nos momentos de discussão. Nessas horas, o melhor é manter a boca fechada. Aquele que estiver mais calmo, que for mais controlado, deve ficar quieto e deixar o outro falar até que se acalme. Não revidar em palavras, senão a discussão aumenta e tudo de mau pode acontecer em termos de ressentimentos, mágoas e dolorosas feridas.

Nos tempos horríveis da Guerra Fria, quando pairava sobre o mundo todo o perigo de uma guerra nuclear, como uma espada de Dâmocles sobre as nossas cabeças, o Papa Paulo VI avisou ao mundo: "A paz impõe-se somente com a paz, pela clemência, pela misericórdia, pela caridade". Ora, se isso é válido para o mundo encontrar a paz, muito mais é válido para todos os casais viverem bem. Portanto, como ensina Thomás de Kemphis, na Imitação de Cristo, "primeiro conserva-te em paz, depois poderás pacificar os outros". E Paulo VI, ardoroso defensor da paz, dizia: "Se a guerra é o outro nome da morte, a vida é o outro nome da paz". Portanto, para haver vida no casamento, é preciso haver a paz, e ela tem um preço: a nossa maturidade.

6. A displicência com qualquer pessoa é tolerável, menos com o cônjuge

Na vida a dois, tudo pode e deve ser importante, pois a felicidade nasce das pequenas coisas. A falta de atenção para com o cônjuge é triste na vida do casal e demonstra desprezo para com o outro. Seja atento ao que ele diz, aos seus problemas e aspirações.

7. Nunca ir dormir sem ter chegado a um acordo

Se isso não acontecer, no dia seguinte o problema poderá ser bem maior. Não se pode deixar acumular problema sobre problema sem solução. Já pensou se você usasse a mesma leiteira que já usou, no dia anterior, para ferver o leite sem antes lavá-la? O leite certamente azedaria. O mesmo acontece quando acordamos sem resolver os conflitos de ontem. Os problemas da vida conjugal são normais e exigem de nós atenção e coragem para enfrentá-los, até que sejam solucionados, com o nosso trabalho e com a graça de Deus. A atitude da avestruz, da fuga, é a pior que existe. Com paz e perseverança busquemos a solução.

8. Pelo menos uma vez ao dia, dizer ao outro uma palavra carinhosa.

Muitos têm reservas enormes de ternura, mas se esquecem de expressá-las em voz alta. Não basta amar o outro, é preciso dizer isso também com palavras. Especialmente para as mulheres, pois nelas isso tem um efeito quase mágico. É um tônico que muda completamente o seu estado de ânimo, humor e bem estar. Muitos homens têm dificuldade neste ponto; alguns por problemas de educação, mas a maioria porque ainda não se deu conta da sua importância.

Como são importantes essas expressões de carinho que fazem o outro crescer! "Eu te amo", "você é muito importante para mim", "sem você eu não teria conseguido vencer este problema", "a sua presença é importante para mim", "suas palavras me ajudam a viver"… Diga isso ao outro, com toda sinceridade, toda vez que experimentar o auxílio edificante dele.

9. Cometendo um erro, saber admiti-lo e pedir desculpas.

Admitir um erro não é humilhação. A pessoa que admite o seu erro demonstra ser honesta consigo mesma e com o outro. Quando erramos, não temos duas alternativas honestas, apenas uma: reconhecer o erro, pedir perdão e procurar remediar o que fizemos de errado, com o propósito de não repeti-lo. Isso é ser humilde. Agindo assim, mesmo os nossos erros e quedas serão alavancas para o nosso amadurecimento e crescimento. Quando temos a coragem de pedir perdão, vencendo o nosso orgulho, eliminamos de vez o motivo do conflito no relacionamento, e a paz retorna aos corações. É nobre pedir perdão!

10. Quando um não quer, dois não brigam

É a sabedoria popular que ensina isso. Será preciso então que alguém tome a iniciativa de quebrar o ciclo pernicioso que leva à briga. Tomar esta iniciativa será sempre um gesto de grandeza, maturidade e amor. E a melhor maneira será "não por lenha na fogueira", isto é, não alimentar a discussão. Muitas vezes, é pelo silêncio de um que a calma retorna ao coração do outro. Outras vezes, será por um abraço carinhoso ou por uma palavra amiga. Todos nós temos a necessidade de um "bode expiatório" quando algo adverso nos ocorre. Quase inconscientemente, queremos, como se diz, "pegar alguém para Cristo", a fim de desabafar as nossas mágoas e tensões. Isto é um mecanismo de compensação psicológica que age em todos nós nas horas amargas, mas é um grande perigo na vida familiar.

Quantas e quantas vezes acabam "pagando o pato" as pessoas que nada têm a ver com o problema que nos afetou. Às vezes, são os filhos que apanham do pai que chega em casa nervoso e cansado; outras, é a esposa ou o marido que recebe do outro uma enxurrada de lamentações, reclamações e ofensas, sem quase nada ter a ver com o problema em si.

Temos de nos vigiar e policiar nestas horas para não permitir que o sangue quente nas veias gere uma série de injustiças com os outros. E temos de tomar redobrada atenção com os familiares, pois, normalmente, são eles que sofrem as consequências de nossos desatinos. No serviço, e fora de casa, respeitamos as pessoas, o chefe, a secretária etc, mas, em casa, onde somos "familiares", o desrespeito acaba acontecendo. É preciso toda a atenção e vigilância para que isso não aconteça. Os filhos, a esposa, o esposo, são aqueles que merecem o nosso primeiro amor e tudo de bom que trazemos no coração. Portanto, antes de entrarmos no recinto sagrado do lar, é preciso deixar lá fora as mágoas, os problemas e as tensões. Essas até podem ser tratadas na família, buscando-se uma solução para os problemas, mas, com delicadeza, diálogo, fé e otimismo.

Do livro: 'Família, Santuário da Vida', Prof. Felipe Aquino

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Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

Prof. Felipe Aquino @pfelipeaquino, é casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site do autor: www.cleofas.com.br


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13391

16 de dezembro de 2013

O “Ficar” é de Deus?

Por: Juberto Santos
 

Muito se tem discutido inda sobre uma frase dita pelo Bispo auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Dimas Lara Barbosa, dita em 2007, o qual condenou o hábito de "ficar", comum entre jovens e adolescentes. O bispo assinalou na ocasião: "O senso do descartável do 'ficar', que era próprio das garotas de programa, é hoje vivenciado pelas adolescentes. Os meninos apostam entre eles para saber quem fica com mais garotas numa noite. No dia seguinte, eles não sabem nem o nome delas, o que significa que essa pessoa, com quem 'ficou', não vale absolutamente nada. O problema é grave e atinge adolescentes e pré-adolescentes".(O Globo Online 08/05/2007)

Alguns veículos de informação assinalaram que ficar é do "Capeta".  Bem, queria ir pelo outro viés: "Ficar é de Deus?"

Bem, eu sou jovem, sou professor de História, tenho 29 anos, sou católico, sou catequista e líder pastoral, atuo com crianças, adolescentes e jovens no meu bairro desde 1998.

E nunca tive medo de assumir minha fé, os valores morais e a doutrina religiosa católica. Fiquei muito triste de ver parte da juventude católica criticando essa atitude de Dom Dimas. Jovens católicos aceitando relacionamentos superficiais, sendo verdadeiros "copos descartáveis". Os católicos precisam levar o Cristo incondicionalmente, não nos conformando com o mundo, mas o que vemos são pessoas buscando apenas uma "fé de supermercado", ou seja, você apenas assimila das "prateleiras" aquilo que gosta e descarta o restante da doutrina. O que está acontecendo? O bispo nos lembra que não podemos brincar de ser Igreja! Não podemos buscar um Cristo "Light", segundo um "quinto Evangelho" o qual aceita meus erros e pecados. Nós não podemos aceitar que os católicos tenham valores mundanos, modismos que vão de encontro com a Doutrina Cristã e acabam, assim, escrevendo "seu próprio Catecismo".

E o que vem a ser a prostituição? É a comercialização da prática sexual ou, é o oferecimento de satisfação sexual em troca de vantagens monetárias, prazeres ou favores. A Bíblia é clara sobre esse assunto. Em várias passagens vemos a condenação dessa prática: "Fugi da prostituição. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo." (1 Cor 6, 18) Não se discute esse assunto, pois é um pecado muito grave, pois o nosso corpo é Templo do Espírito Santo (1Cor 3, 16-17).            Um jovem paulista, em uma comunidade do site de relacionamentos Orkut assinalou: "Eu prefiro Ficar... Ficar esperando no Senhor. Quem fica está se prostituindo, pois esta trocando de parceiros. Lembrando que adultério não é só quando se tem um ato sexual..." E vemos a comparação do bispo do ato do "ficar" com "as garotas de programa". Bem, quem está "ficando", acaba também oferecimento o seu próprio corpo em troca do seu prazer pessoal e também em busca de "status" perante os amigos e colegas. "Ficam" com um enorme número de pessoas, beijam, trocam carícias, algumas vezes termina com o ato sexual e, no dia seguinte, partem para outros relacionamentos. Foi por isso que o bispo usou o termo "descartável". As garotas e garotos de programa ficam por dinheiro, contudo, os adolescentes e jovens seguem um caminho próximo, usando seus corpos para relacionamentos sem nenhum tipo de preocupação com o outro, quantas vezes for necessário para se satisfazerem. Isso também é pecado.

Algumas pessoas dizem que o "ficar" é o antigo ato de paquerar, contudo, quando você paquera alguém você não visa simplesmente utilizar o corpo do outro para o benefício próprio, mas a busca de um relacionamento duradouro e sincero. O "ficar" prega atitudes anticristãs, tais como: a desonestidade, desconfiança, descompromisso, a superficialidade, desrespeito contra vida, não valoriza o verdadeiro amor, prega a infidelidade, a impureza, indecisão, crueldade, ato de pura atração física... O relacionamento entre duas pessoas cristãs dever ser sincero, fiel, puro, honesto, fraterno, compromissado e, principalmente, santo. O bispo apenas seguiu a Bíblia, a doutrina católica, assinalando que devemos ser cristãos autênticos, e se mostrou preocupado com a realidade dos jovens de hoje. Nós precisamos ser exemplo perante nossas famílias, nossos ministérios, nossos colegas da escola / faculdade, na nossa Igreja... Sempre em todo o lugar e a toda a hora!!! O que adianta ser uma pessoa na igreja, nos encontros e eventos e outra totalmente diferente com a minha namorada, meu esposo, meus filhos, com meus amigos... Mascarado não dá mais pra viver! A pergunta precisa ser feita. Então: O "ficar" é de Deus? Claro que não.

A castidade precisa ser vista pelos cristãos não como uma opção, mas como meta de vida. Tanto no namoro, como no noivado e até dentro do casamento, um sendo fiel ao outro. O sexo só poder ser feito após o matrimônio, pois no namoro e noivado um ainda não pertence ao outro. Precisamos abolir a camisinha, pois não podemos banalizar o ato sexual que vem sendo visto nas últimas décadas. Precisamos nos manifestar contra o aborto, pois são seres humanos assim como nós. A juventude precisa rever seus valores, as canções  que estão escutando  (com letras pornográficas e violentas).  Isso não vem de uma "Igreja totalmente ultrapassada" (como foi dito por uma leitora na última edição), mas de uma igreja fiel à Bíblia e atualizada. Quem disse que seguir Jesus é fácil?? É necessário renunciar muitas coisas!!

Não vamos à Igreja porque alguém nos obriga... Não rezamos porque temos medo de Deus... Ninguém nos proíbe ou nos condena. A nossa igreja apenas nos orienta, nos mostra o caminho, porque nossa fé é expressão de nossa liberdade! "Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou." (1Jo 2, 6)


Fonte: http://www.catequisar.com.br/texto/colunas/juberto/31.htm

A importância do Amor


"Encontrar-se face a face com Deus.

Contemplá-lo também no rosto do homem e restituir um rosto humano do homem desfigurado. Eis uma única e mesma luta. A do amor. Sem amor, do que serve a fé?

Para que serve também dar o nosso corpo às chamas?
Não...
Em nossas lutas, nada é importante. A não ser perder o AMOR.

Existe um espaço entre a cabeça e o coração, esse espaço pode ser inimigo ou não.

É um caminho estranho que a gente percorre, e muitas vezes nele não encontra solução.

É que o coração só sabe dizer sim e a cabeça teima em dizer não.

Nesse espaço existe uma guerra silenciosa, uma guerra branca, fingida , que vai deixando feridas.

A guerra é fingida porque a cabeça sabe que o coração tem razão, mas ela insiste em dizer sempre não.

...e o coração vai ficando cansado, vai se recolhendo no seu cantinho, caladinho, sofrendo e com raiva da cabeça teimosa, autoritária e dengosa.

O coração tem uma amiga fiel, a emoção, mas sempre perde nessa guerra, porque a cabeça anda colada com a razão, que é forte, destemida, parece até um furacão.

...mas existe esse espaço entre cabeça e coração, esse caminho espinhoso ou não...

e é desse caminho que vive o coração, na espera que a cabeça tropece, brigue com a razão e aceite humildemente a ajuda do coração. Existe esse caminho, quer queira ou não. E é dele, só por ele, que sobrevive o coração, caso contrário a cabeça já teria vencido essa terrível missão."


Fonte: http://www.catequisar.com.br/reflexaodiaria.htm