Três leões viviam numa determinada floresta. Um dia o macaco, representante eleito dos animais súditos, fez uma reunião com toda a bicharada da floresta e disse: A Montanha Difícil era a mais alta entre todas naquela imensa floresta. O desafio foi aceito. No dia combinado, milhares de animais cercaram a Montanha para assistir a grande escalada. O primeiro tentou. Não conseguiu. Foi derrotado. O segundo tentou. Não conseguiu. Foi derrotado. O terceiro tentou. Não conseguiu. Foi derrotado. Os animais estavam curiosos e impacientes, afinal, qual deles seria o rei, uma vez que os três foram derrotados ? Foi nesse momento que uma águia sábia, idosa na idade e grande em sabedoria, pediu a palavra: - Eu sei quem deve ser o rei!!! Todos os animais fizeram um silêncio de grande expectativa. - A senhora sabe, mas como? Todos gritaram para a Águia. - É simples, confessou a sábia águia, eu estava voando entre eles, bem de perto e, quando eles voltaram fracassados para o vale, eu escutei o que cada um deles disse para a montanha. O primeiro leão disse: - Montanha, você me venceu! O segundo leão disse: - Montanha, você me venceu! O terceiro leão também disse: - Montanha, você me venceu, por enquanto! Mas você, montanha, já atingiu seu tamanho final, e eu ainda estou crescendo. - A diferença, - completou a águia, - é que o terceiro leão teve uma atitude de vencedor diante da derrota e quem pensa assim é maior que seu problema: é rei de si mesmo, está preparado para ser rei dos outros. Os animais da floresta aplaudiram entusiasticamente ao terceiro leão que foi coroado rei entre os reis. MORAL DA HISTÓRIA: Não importa o tamanho de seus problemas ou dificuldades que você tenha; seus problemas, pelo menos na maioria das vezes, já atingiram o clímax, já estão no nível máximo - mas você não. Você ainda está crescendo. Você é maior que todos os seus problemas juntos. Você ainda não chegou ao limite de seu potencial e desempenho. A Montanha das Dificuldades tem tamanho fixo, limitado. |
"Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade - as três. Porém, a maior delas é a caridade." 1Cor 13,13. Idealizado e Criado em 13/05/2006.
21 de novembro de 2013
A montanha difícil e os três leões
20 de novembro de 2013
A Santa Missa, um sacrifício?
Certo dia, um jovem veio pedir ajuda ao seu pároco. Tratava-se de um caso muito sério, para qual o rapaz não via remédio. Haveria uma reunião no próximo domingo, a respeito da doutrina católica, e esta conferência seria presidida por um orador muito famoso. Todos os seus amigos iriam, e ele não queria perder um evento de tamanha relevância.
Por isso, vinha ao sacerdote pedir que desse outro sacrifício para realizar, pois o do domingo ele não poderia fazer. Ao ouvir este pedido o padre não entendeu a que se referia o rapaz. Aconselhou então ao jovem que lhe explicasse melhor. A este pedido recebeu a seguinte resposta: "É que a reunião será bem no horário do Santo Sacrifício da Missa. Deste modo, eu peço-lhe que me dê outro sacrifício no lugar do Santo Sacrifício do Domingo".
Esse equívoco relatado acima muitas vezes pode ser o de muitas pessoas, e nem sempre tão jovens. A dúvida de nosso rapaz - e que talvez seja de muitas outras pessoas - pode expressar-se da seguinte maneira: Por que a Santa Missa é chamada de Sacrifício?
O grande problema deve-se a imprecisão do conceito de sacrifício. O que é na verdade um sacrifício? Para muitos o sacrifício é uma ação muito dolorosa que se deve realizar, e da qual não há meios de escapar. Este conceito é por demais simples e não mostra o real teor de um sacrifício, chegando assim a confundir as idéias das pessoas.
Segundo a doutrina católica, o sacrifício, em seu sentido mais estrito, é: "A oblação externa de uma coisa sensível, com certa destruição da mesma, realizada pelo sacerdote em honra de Deus para testemunhar seu supremo domínio e nossa completa sujeição a Ele".[1]
Este conceito aplica-se inteiramente à Santa Missa, o que faz deste Augusto Ato um perfeito e excelente sacrifício, sendo assim denominado Santo Sacrifício da Missa.
Façamos um paralelo do conceito referido acima com a Santa Missa:
A oblação externa: não é portanto um ato interior, o qual não é conhecido por ninguém. Pelo contrário a Santa Missa é uma oração oficial da Igreja, melhor dizendo, é A Oração Oficial da Santa Igreja, centro o força vital do Corpo Místico de Cristo[2].
E que oblação... é o próprio Filho de Deus que se oferece nas espécies de pão e de vinho. Haverá oblação mais agradável a Deus do que o Seu próprio Filho bem amado no qual está todo o seu agrado[3]?
De uma coisa sensível: é de primordial importância para o homem que o sacrifício seja de algo sensível, pois sendo o homem composto de corpo e alma, o sacrifício deve atender também ao corpo e não apenas à alma. Na Santa Missa o que atende à sensibilidade do homem é o fato de oferecer-se o próprio Corpo e Sangue de Cristo nas espécies do pão e do vinho transubstanciados.
Com certa destruição da mesma: para ser um sacrifício em estrito senso, é necessário que aquilo que se oferece seja inteiramente destruído. É o que se dá na Santa Missa pela comunhão do sacerdote e dos fiéis do Corpo e Sangue de Jesus Cristo.
Realizada pelo sacerdote: é uma conditio sine qua non para a existência da Santa Missa, um sacerdote devidamente consagrado pela imposição das mãos de um bispo.
Em honra de Deus, para testemunhar sue supremo domínio e nossa completa sujeição a Ele: Não há ato que mais honre a Deus do que a Santa Missa. É a renovação incruenta do Sacrifício do Calvário realizada pelo próprio Cristo na pessoa de seu ministro. Ao mesmo tempo, o homem é convidado a confessar sua total dependência ao Senhor, não deixando por isso de pedir-lhe ajuda e forças para vencer as lutas de nosso vale de lágrimas.
A Santa Missa é, pois, a mais bela expressão externa em honra de Deus, uma vez que é por Ele mesmo oferecido enquanto Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, sendo assim O Verdadeiro Sacrifício da Nova Lei seu sentido mais estrito e perfeito.
Saibamos, portanto, aproximarmo-nos deste Sublime Sacrifício, não como um fardo ou uma dificuldade, mas pelo contrário, como um auxílio nas grandes dificuldades do mundo moderno e de nossa vida particular. Acerquemo-nos da Ceia do Senhor com verdadeira fé e piedade, sabendo que tudo, absolutamente tudo o que nós pedirmos a Ele, não nos negará, pois estas foram suas palavras: "qualquer coisa que pedirdes em meu Nome, será feito" (Jo. 14,13). Desta maneira não receberemos a recriminação de Nosso Senhor: "ainda não pediste nada em meu nome..." (Jo 16, 24).
Por Millon Barros
[1] ROYO MARÍN, Antonio. Teologia moral para seglares. Madrid: BAC, v. I, p. 286.
[2] Cfr. Ecclesia de Eucharistia, João Paulo II, 17 de Abril de 2003.
[3] Cf. Mt 3, 17
Fonte: http://www.arautos.org/noticias/53221/A-Santa-Missa--um-sacrificio-.html
18 de novembro de 2013
O fogo e o sol
Esperar e apressar a vinda do Dia de Deus
Palavras assustadoras? Faz parte de nossa fé cristã a certeza de que o Senhor virá em Sua glória no fim dos tempos. "Deus será tudo em todos" (1 Cor 15,28). Palavras consoladoras que nos estimulam na caminhada, apressando a vinda de Deus. Esperá-Lo nos faz clamar, cada dia, com a Igreja: "Vinde, Senhor Jesus"! Esperá-Lo nos conduz à Mesa Eucarística, pois todas as vezes que se celebra a Santa Missa, o único e eterno sacrifício de Cristo se faz presente e Sua plenitude vem até nós. O Céu vem até nós! A Eucaristia de cada dia resume a história da humanidade e faz presente seu sentido de encontro com Deus e uns com os outros.
Levar em conta o Dia do Senhor é aproveitar todas as oportunidades para viver as realidades da eternidade, amando Deus e o próximo com intensidade. Não vivemos no medo, mas na confiança e na certeza dos últimos tempos, inaugurados com a Morte e a Ressurreição de Cristo. Não há, pois, tempo a perder. Quem nasce, hoje, seja conduzido a viver olhando para o alto e para frente, sem rastejar na poeira do pecado. Em vez de ficar preocupado com o fim do mundo, trazer depressa para cá as realidades da eternidade, pois sabemos que só o amor de caridade ultrapassa os umbrais da eternidade! O que pode assustar torna-se convite a viver bem! Nenhum receio de repetir: "Vinde, Senhor Jesus"!
O fogo queima e purifica. A esta altura do ano, quando a Igreja nos fala das últimas e definitivas realidades, é hora de rever a nossa vida e fazer a faxina nos recantos mais íntimos de nossa casa interior. Há muita velharia a ser queimada! Há sentimentos de ódio, inveja ou ciúmes a serem absolutamente descartados, jogados fora. A proposta da Igreja é uma corajosa revisão de vida, sem medo de encarar os recônditos de nosso coração, onde se aninham maldades que nos corroem por dentro. Os soberbos e os ímpios a serem queimados estão dentro de nós. Não é o caso de buscar eventuais pessoas que praticam o mal para condená-las, mas condenar a impiedade que está em nosso íntimo, deixando florescer o que é bom. Primeira decisão: corajosa revisão de vida e fogueira interior, na qual se queima o que não presta!
O sol da justiça brilhe para nós, toda palavra que sai da boca de Deus, todas as experiências de Sua graça que age em nós e em torno de nós, toda a força do Evangelho proclamado, o testemunho das pessoas que nos edificam. Deixar-se iluminar pelo sol da justiça é ato de inteligência, de pura sabedoria! A salvação de Deus quer entrar pelas frestas abertas nas janelas de nossas almas como o sol da manhã que irrompe glorioso!
Quando fazemos um balanço de nossa vida e dos contatos que temos com as pessoas, não é difícil perceber que a luz é maior do que as trevas. Estamos diante de uma luta desigual, na qual o amor de Deus e Sua salvação valem mais do que a iniquidade. Na vida cristã, não cabe o pessimismo derrotista que vê maldade e más intenções em cada gesto e cada olhar, mas a capacidade de ver e valorizar o bem. Nasce daí uma nova disposição para espalhar esse bem. Brilhe o sol da justiça no cumprimento alegre das pessoas que encontramos ou na valorização dos pequenos gestos de quem nos cerca. Ilumine os ambientes a luz que se acende quando espalhamos boas notícias e falamos bem dos outros, o que serve para esconjurar os defeitos e vícios eventualmente existentes!
"Assim também brilhe a vossa luz diante das pessoas, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus" (Mt 5,16). Comentando esta Palavra do Evangelho, Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, assim se expressava: "A luz se manifesta nas boas obras. Ela brilha pelas boas obras praticadas pelos cristãos. Você me dirá: mas não são apenas os cristãos os que praticam boas obras. Muita gente colabora com o progresso, constrói casas, promove a justiça. Têm razão. Inclusive, o cristão certamente faz e deve fazer tudo isso, mas não é unicamente esta a sua função específica. Ele deve realizar boas obras com um espírito novo, aquele espírito que faz com que não seja mais ele a viver, mas Cristo nele.
Com efeito, o evangelista Mateus não se refere apenas a atos de caridade isolados, como visitar os presos, vestir os nus ou cumprir todas as outras obras de misericórdia, atualizadas de acordo com as exigências de hoje, mas refere-se à adesão total do cristão à vontade de Deus, de modo a fazer de toda a sua vida uma boa obra. Se o cristão age assim, ele é transparente e os elogios que receber por suas ações não serão atribuídos a ele, mas a Cristo nele; assim, Deus se fará presente no mundo por meio dele. A tarefa do cristão, portanto, é deixar transparecer essa luz que habita nele, é ser o sinal da presença de Deus entre os homens" (Chiara Lubich, Palavra de Vida de Agosto de 1979).
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA
Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém - PA.
Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13363
13 de novembro de 2013
Vai e restaura a minha Igreja!
A Igreja deve despojar-se da mundanidade
Dentre os vários discursos que o Pontífice fez na cidade, ganhou as manchetes dos jornais o que pronunciou na residência do bispo local, no ambiente denominado "Sala do Despojamento", onde, em 1205, o jovem Francisco, aos 23 anos, devolveu suas roupas ao progenitor, Pedro Bernardo, afirmando que, daquele momento em diante, seu pai era Deus e sua família era a Igreja.
Além do bispo de Assis – a quem o Papa saudou carinhosamente como «meu irmão Domingos» –, estavam na sala várias pessoas assistidas pela Cáritas diocesana. Foi a elas que Francisco dirigiu a palavra, aprofundando o conceito de despojamento, considerando-o essencial para uma autêntica restauração da Igreja e da sociedade. Trago seus tópicos mais incisivos: o conteúdo é dele, a tradução (nem sempre literal) é minha.
A Igreja deve despojar-se constantemente de um perigo extremamente grave que ameaça a todos os seus membros: a "mundanidade", ou seja, a tentativa de conciliar o Cristianismo com o espírito do mundo. Esse despojamento não se refere tanto – ou não somente – aos trajes, aos pertences, às estruturas e aos ambientes eclesiásticos. O passo a ser dado é muito mais amplo e radical, e envolve o estilo de vida e de atuação do cristão. Ele foi sintetizado por São Paulo nas palavras com que apresenta o exemplo de Jesus: «Esvaziou-se a si mesmo, assumiu a condição de servo e se fez semelhante aos homens» (Fl 2,7).
Quando não existe esse despojamento interior – e, na medida do possível, também exterior – o coração humano passa a ser ocupado pelo orgulho, pela vaidade e pela ambição, que transformam a vida, a Igreja e a sociedade num campo minado, onde tudo e todos devem estar ao meu dispor e serviço. Muito diferente do caminho percorrido por Jesus, «que veio não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida pela salvação de todos» (Mt 20,28). Sem esse despojamento, ninguém terá vontade e forças para ocupar "o último lugar" - o único onde se encontra Deus – e muito menos para procurar "os últimos" da sociedade (Cf. Lc 14,10.13).
É preciso despojar-se para ter condições de acolher a multidão de despojados por um mundo selvagem que não oferece condições, não socorre, não se importa se há crianças morrendo de fome, famílias sem ter com o que se alimentar e tanta gente sujeita à escravidão. O caminho de quem não se esvazia para se preencher de Deus termina num beco sem saída, e quem o percorre tenta o impossível: servir a Deus e ao dinheiro, conciliar a segurança da fé com a do mundo. Um caminho que mata a alma, as pessoas, a Igreja. Não existe Cristianismo sem cruz nem cristãos de pastelaria com tortas e doces fascinantes!
Francisco encerrou suas palavras pedindo a Deus «que dê a todos a coragem de nos despojarmos não de 20 centavos, mas do espírito do mundo, que é a lepra, o câncer da Igreja e da sociedade!». Talvez tenha sido por isso que, poucos dias depois, pediu a dois bispos europeus que deixassem o cargo, já que pareciam não ter forças suficientes para acompanhá-lo nessa tarefa.
Essa sua constante preocupação pela renovação da Igreja lhe foi impressa no coração por seu predecessor, o Papa João XXIII, o qual, em 1959, a um diplomata que lhe perguntava quais seriam os objetivos do Concílio, respondeu: «Precisamos retirar a poeira imperial que, desde Constantino, se acumulou sobre a cátedra de São Pedro, prejudicando a verdadeira imagem e missão da Igreja no mundo».
Inclusive nas críticas que recebe por apresentar mais o caminho a percorrer do que os perigos a evitar, Francisco se mantém fiel à orientação do mesmo Pontífice, expressa no dia 11 de outubro de 1962, ao inaugurar o Concílio: «A Igreja sempre se opôs aos erros e, muitas vezes, os condenou com a maior severidade. Em nossos dias, porém, ela prefere recorrer mais ao remédio da misericórdia que ao da severidade, e julga satisfazer melhor às necessidades atuais mostrando o valor de sua doutrina do que censurando os desvios».
Dom Redovino Rizzardo, cs
Bispo de Dourados (MS)
E-mail para contato: redovinorizzardo@gmail.com
Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13359
11 de novembro de 2013
O pecado venial
Como entender e incutir em nossas almas o quanto é de importância capital a nossa rejeição ao pecado venial? Pois, como nos ensina Santo Agostinho, o pecado venial é a lepra da alma, que deturpa tanto a nossa beleza de alma, que nos afasta do convívio de Deus.[1] Tentaremos dar uma visão clara sobre o tema através deste artigo.
Conservamos ideias errôneas a respeito do pecado venial, esse mal, que tanto prejuízo traz para a nossa vida espiritual. Pensando ser um pecado inofensivo, cometemo-los muitas vezes, esquecendo-nos ser um mal que desagrada a Deus.
Antes de tratarmos a fundo sobre o pecado venial, achamos necessário demonstrar que é um mal existente, visto que, hoje em dia, se nega tal realidade. Para esse efeito nada melhor do que apoiar-nos no Magistério da Santa Igreja: "Então, por mais que nesta vida mortal, haja os santos e justos, [eles caem] algumas vezes em pecado, pelo menos, leves e cotidianos, que se chamam também de veniais". [2] Logo, se o santo cai em algo, esse algo existe, então o pecado venial é declarado verdade pela Santa Igreja e quem o negar está fora dela. Também São Paulo afirma: "Se dissermos: 'Não temos pecado', enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós" (1Jo 1,8-9).
Depois de comprovarmos a existência do pecado venial, antes de tudo, deveremos defini-lo e discutir sobre ele, recordando sua origem.
Sua procedência está relatada no Livro do Gêneses, na parte em que relata como Deus criou o mundo.
São Tomás de Aquino explica o fato de Deus ter criado o mundo em duas ocasiões distintas, em dois dias diferentes, como é relatado: "Deus viu que a luz ere boa e separou a luz das trevas" (Gn 1,3-5).
A primeira consideração feita pelo Doutor Angélico é a que nos interessa, pois diz respeito ao nosso tema. A segunda se refere ao dia precedido pelo sol e, à noite pela lua, que não será tratado nesta monografia, por não fazer parte do objetivo. E, para isso, passaremos para a primeira consideração.
Ao ser relatado pelo Gênesis "Deus separou a luz das trevas" (Gn 1,3-5), São Tomás explica que houve, nesse momento, a separação dos Anjos bons dos demônios. Estes revoltaram-se contra a vontade de Deus, ao ser revelado o plano da Redenção.
Por esse fato se conclui que a origem do pecado está no orgulho, como fruto da comparação e desobediência a Deus.
Posteriormente lê-se, no mesmo livro, um fato importante da vida do Homem: a criação de Adão e Eva operada por Deus, criando-os em estado de prova, ou seja, sendo eles os pais da Humanidade, provariam ante Deus sua fidelidade. Mas Eva, como mãe da Humanidade, por uma falta de vigilância, dialogou com o demônio, foi convencida a desobedecer a Deus, que há pouco a havia criado. Depois Adão, levado pela sedução de sua esposa, come também do fruto que Deus lhe havia restringido.
Nesse pecado denota-se novamente a causa de todo o Pecado: orgulho, como fruto da comparação, levando por fim, à desobediência a Deus.
Apesar de o pecado venial ser muito distinto do pecado mortal, têm ambos, como ofendido, o mesmo Deus. O pecado venial não nos priva da amizade de Deus, obtendo a "vênia" de Deus facilmente, provendo daí o nome de venial. Ele se diferencia do mortal ou pela matéria ou pelo conhecimento, ou ainda pelo consentimento pleno. Quando um desses pontos for incompleto, a falta é leve, ou seja, venial. Com isso não se elimina a vida da graça em nós, mas, como nos ensina Santo Agostinho, deixa a alma num estado como que de lepra; por isso esse pecado é chamado "a lepra da alma". Este deturpa tanto a sua beleza, ao ponto de causar repugnância a Deus. [3]
Na Sagrada Escritura, encontramos fatos que nos demonstram a repugnância que o pecado venial causa a Deus. Como, por exemplo, aquele fato, que muitas vezes nos causa terror: a destruição de Sodoma e Gomorra.
Deus diz a Lot que transmitisse à sua família que não olhassem para trás, pois quem tivesse curiosidade seria castigado. A mulher de Lot tinha deixado em Sodoma muitos amigos e queria saber o que estava acontecendo com estes e com aqueles... Olhou para trás, transgredindo a pequena ordem de Deus, e tornou-se uma estátua de sal. Mudou-se em estátua de sal, por ter cometido um pecado venial. [4]
Como nos ensina Mons. João Clá, assim também a nossa alma fica ao cometermos um pecado venial. A vida sobrenatural de nossa alma não é morta, mas é "paralisada". Como, por exemplo, alguém que sofresse um acidente de automóvel e que, por ser atingido em um centro nervoso, fica paralítico. A pessoa não morre, mas a paralisia é a sua moléstia. [5]
Ou ainda o episódio dos quarenta meninos que debicam de Eliseu por ele ser calvo. Era uma brincadeira de meninos. O que aconteceu? Foram tragados por um lobo que saiu da floresta. É assim que Deus tem repugnância ao pecado venial! [6]
É digna de nota a consideração do Pe. André Beltrami, a respeito do pecado venial a fim de termos noção de sua gravidade:
Um mal menor do que um pecado venial seria, também, se o Universo se reduzisse a pó, se Deus expulsasse do Paraiso sua Mãe SS. e as hierarquias dos Anjos. E a razão é sempre a mesma: A ofensa e o dano, ainda que também eternos, de criaturas finitas e limitadas, não tem termo de comparação com a ofensa feita a Deus, bondade infinita.[7]
Pelo contrário, o pecado mortal, mata a vida da graça em nós, deixando a nossa alma sem caridade, ficando um molambo de Fé e Esperança, pelo qual a alma vil e perversa se aproxima do sacramento da confissão e se arrepende de sua falta. Só por uma misericórdia de Deus a alma não é precipitada imediatamente no inferno, como nos ensina a doutrina da Igreja.
Todo católico, verdadeiramente católico, ao ouvir a narração da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, sente até ao âmago de sua alma um movimento de ódio para com todos os seus algozes. Sentimento santo e agradável a Deus. Mas quando cometemos um pecado venial, julgamos timoratamente, ser esse pecado venial inferior à Paixão de nosso Redentor. Pensamento errado, pois não está de acordo com a doutrina Católica, pois "os santos comparam a culpa venial a uma bofetada [...], ou a um gesto de desprezo, [para com Deus]." [8] Ou seja, quando nós perpetramos um pecado venial é como, ao invés de ser o verdugo a esbofetear o Homem Deus, sermos nós próprios a dar a bofetada.
Por quantos atos nossos nós deveríamos ser julgados como aqueles que maltrataram o nosso Deus?
Mas por infinita misericórdia Divina, somos a todo momento repletos de graças e consolações.
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, em uma de suas homilias sobre o pecado venial, explica uma das consequências de tal pecado, quando abraçado e não combatido. O indivíduo por não se esforçar para combater o pecado venial traz como consequência para si, o minguamento da sua generosidade e com isso se entrega cada vez menos ao seu ideal, cada vez mais vai empanando a sua fidelidade. Com isso o seu zelo pelas almas, ou seja, pela Causa para a qual se entregou, diminui. A pessoa fica cada vez mais relaxada e toma a vida com superficialidade. E, ao mesmo tempo, perde a ternura, o afecto para com as criaturas que necessitam de auxílio. Todas estas consequências trazem como prejuízo para a alma o seu empedernimento.[9]
(A continuação deste artigo será publicada em breve)
Por Carlos Rafael Pinto Príncipe (ITTA - Instituto Teológico São Tomás de Aquino)
[1] BELTRAMI, André. O Pecado venial. ed. San Benignio Canvese, 1898, p. 91.
[2] DH 1537. (Tradução nossa).
[3] Cf. BELTRAMI, 1898, p. 91.
[4] Cf. CLÁ DIAS, João Scognamiglio.O pecado venial.Homilia, 2009.
[5] Cf. CLÁ DIAS, 2009.
[6] Cf. CLÁ DIAS, 2009.
[7] BELTRAMI, 1898, p. 21.
[8] BELTRAMI, 1898, p. 16.
[9] Cf. CLÁ DIAS, João Scognamiglio.O pecado venial. Homilia, 2009.
8 de novembro de 2013
A importância da cura interior
Uma chave para a cura total da pessoa
A cura interior profunda é muito importante e necessária para que sejam descobertas e sanadas as fontes mais significativas de todos os males que nos afligem. Muitas vezes, a pessoa não consegue cura espiritual, sem antes passar por uma cura interior; caso contrário, permanece naquilo que chamamos de hábitos compulsivos de pecar. Com frequência, por exemplo, um viciado em drogas não receberá cura a menos que seja curado interiormente das causas que o levaram ao vício da droga.
Satanás condena; Jesus cura. A cura interior é uma espécie de chave para a cura total da pessoa. Da mesma forma, sem a cura interior, não é possível ser curado de doenças físicas, tampouco experimentar a libertação. Deus quer que sejamos totalmente curados. São Paulo diz, na Carta aos Tessalonicenses, que Deus não nos quer curados parcialmente, mas por completo; não superficialmente, mas em profundidade. Ele nos quer perfeitos em corpo, mente e alma. "Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso" (Mt 11,28).
No entanto, vale ressaltar que a cura física é a menos importante. Já ouviu falar sobre Helen Keller? Ela era cega, surda e muda, mas foi uma das grandes filósofas do século passado. Qunado damos muita ênfase à cura física, isso não vem de Deus. Jesus disse: "É melhor entrares na vida tendo só uma das mãos do que, tendo as duas, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga" (Mc 9,43). Você já ouviu isso? Eis o motivo pelo qual Jesus não afirmou: "Vinde a mim você que quer cura física". Isso não é o mais importante, mas sim a cura espiritual, a experiência de perdoar todos os pecados, como o que acontece no sacramento da confissão, para que possamos experimentar o "poder perdoador" de Deus, o abraço do Pai.
A importância da cura interior se deve também às limitações da medicina e da psiquiatria. Acreditamos que a cura aconteça por meio da medicina e da oração, mas quando nos deparamos com os limites de ambas, então é Deus que vem e ultrapassa esse conhecimento. Todos os dias, encontro pessoas que me relatam a incapacidade dos médicos de fornecer um diagnóstico preciso.
No processo de cura interior, nada pode ser desvalorizado, tudo deve ser levado muito a sério, pois disso depende uma vida de plena liberdade.
Padre Rufus Pereira
Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13356
6 de novembro de 2013
O sentido da vida
Por que estamos aqui?
Mary Roberts Rinehart disse sobre o sentido da vida: "Um pouco de trabalho, um pouco de sono, um pouco de amor e tudo acabou". Edmund Cooke afirmou: "Nunca vivemos, mas sempre temos a expectativa da vida". William Colton: "A alma vive aqui como numa prisão e é liberta apenas pela morte". Douglas R. Campbell: "Viver é um corredor empoeirado, fechado de ambos os lados". Antoine de Rivarol: "Viver significa pensar sobre o passado, lamentar sobre o presente e tremer diante do futuro". Charles Chaplin: "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, dance, ria e viva intensamente cada minuto de sua vida, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos". O célebre William Shakespeare: "Viver é uma sombra ambulante".
Será que todas essas não são afirmações bastante amargas e desanimadoras sobre o sentido da vida? Parece que todos falam apenas de existir e não de viver verdadeiramente.
Nosso Senhor Jesus Cristo tocou no âmago da questão ao afirmar: "Eu sou a Vida" (Jo 14,6). Por isso, o apóstolo São Paulo escreveu sobre o sentido da sua vida: "Portanto, para mim o viver é Cristo" (Fl 1,21). Por essa razão tamém, o apóstolo São João começou sua primeira epístola com as palavras: "O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao verbo da vida (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada)" (1 Jo 1,1-2).
Na tormenta da vida muita gente se questiona: "Qual o significado da vida quando ela se torna amarga e cruel?". Sem Jesus Cristo a vida é efêmera, superficial, marginal, virtual e infernal. A vida sem a fé e a graça de Cristo é toda tomada pelas trevas. O mundo engana a vida com falsos prazeres e o resultado é o máximo do "sucesso vazio" e do "esquecimento". Tudo se esvai no final como areia entre os dedos. Por isso, dê ouvidos à voz do Senhor Jesus, que resume o sentido da vida numa única frase: "E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (Jo 17,3).
O vice-diretor do L'osservatore Romano, Carlo Di Circo, escreve: "O Papa Francisco nos exorta a aprender a discernir os acontecimentos da vida e as respostas mais apropriadas para curar. O Papa Francisco impele a Igreja a respirar o Evangelho, afirmando no serviço pastoral o primado da misericórdia".
Ensina o Papa Francisco: "Uma bela homilia, uma verdadeira homilia, deve começar com o primeiro anúncio da salvação. Depois, deve fazer-se uma catequese, mas o anúncio do amor salvífico de Deus precede a obrigação moral e religiosa". "Os ministros da Igreja devem ser misericordiosos. O povo de Deus quer pastores e não funcionários ou clérigos de Estado". "Temos necessidades de reconciliação e de comunhão; e a Igreja é uma casa de comunhão" (L'osservatore Romano, 29/09/2013, pp.18,19 e 24).
Realmente, precisamos de sacerdotes que façam o povo encontrar o real e o sagrado sentido da vida no teor de homilias tomadas de paixão, bondade e salvação das almas! O verdadeiro sentido da vida está na misericórdia do Bom Pastor!
Com certeza, o nosso povo quer sacerdotes educados, amorosos, prestativos, mansos, humildes, samaritanos, santos e etnólogos.
Padre Inácio José do Vale
pe.inacio.jose@gmail.com
Padre Inácio José do Vale é professor de História da Igreja no Instituto de Teologia Bento XVI (Cachoeira Paulista). Também é sociólogo em Ciência da Religião.
Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13353