23 de outubro de 2013

Buscando o equilíbrio emocional

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Responder com amor nas situações mais adversas

Talvez um dos maiores desafios do mundo moderno esteja em adquirirmos o equilíbrio das emoções. Absorvemos muitas informações, o tempo todo nos deparamos com desafios cada vez maiores e a exigência por resultados é sempre mais intensa.


Tudo isso exige do corpo e da mente respostas rápidas. Mas como fica o terreno das nossas emoções? Basta nos observarmos no trânsito, à espera do elevador – quando apertamos o botão de chamada várias vezes, como se isso fosse apressá-lo – ou em casa, quando temos algo mais sério a resolver, para avaliarmos como estamos nessa área da nossa vida.

Muitos não conseguem se controlar emocionalmente. Não nos bastará ser inteligentes, eficientes e práticos se não empregarmos bem todas essas qualidades. E todos esses dons passam pela prova dos sentimentos. Muitas vezes, a pessoa é ótima na área profissional, mas não consegue interagir com os (as) colegas de trabalho, com seu cônjuge, ou não sabe equilibrar seus gastos, tem alto grau de irritabilidade, pânico diante de situações simples ou sofre de euforia por uma perspectiva de algo bom. Faz de sua vida um horror, mesmo sendo competente profissionalmente.


Jesus detinha o domínio de Sua sensibilidade, pois, conviveu com o traidor d'Ele, dizia verdades aos fariseus, convivia com os pecadores e pessoas consideradas indignas pela sociedade, e até passou no meio de uma multidão que estava revoltada com Ele: "Levantaram-se e lançaram-no fora da cidade; e conduziram-no até o alto do monte sobre o qual estava construída a sua cidade, e queriam precipitá-lo dali abaixo. Ele, porém, passou por entre eles e retirou-se" (Lc 4, 29-30).


Mas o Senhor também se preocupava em ensinar os Seus. Um dia, num barco em meio à tempestade, Jesus foi acordado por Seus apóstolos, com a seguinte frase: "Senhor, salva-nos, nós perecemos!". E Jesus perguntou: "Por que este medo, gente de pouca fé?" (Lc 8, 25-26). Controlou o vento e a tempestade, e mostrou que a fé é mais importante.

Deus nos dá a graça, mas adquirir o equilíbrio das emoções é algo gradual, vai acontecendo na dinâmica do dia a dia, conforme isso nos vai sendo exigido nos eventos, e conta com a nossa decisão.

Antes de Jesus desempenhar Seu ministério público, houve situações em que nem Ele, nem o exemplo de Seus pais, demonstraram desacertos na sensibilidade. Quando menino "Jesus crescia em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens" (Lc 2, 52). Isso já aponta coerência, obediência e acerto no emocional e no todo de uma criança.

Também quando, aos doze anos, Ele se perdeu no Templo: as reações explicitadas no encontro denotam uma incrível lucidez da Sagrada Família, não exigindo resposta além do normal, nem pesadas consequências. José e Maria não entenderam o dizer de seu Filho, mas enxergaram que era algo maior do que poderiam adentrar. José nem se pronunciou, ainda que, como chefe da família, e pela tradição judaica, ele deveria intervir, ainda mais no Templo diante dos magistrados. Não o fez, pois sabia que Maria participava mais profundamente daquele mistério.

A resposta dada aos pais mostra um Jesus que não se apavorou nem o fez de propósito, pois, após a explicação d'Ele, o evangelista anota que: "lhes era submisso" (cf. Lc 2, 51). Então, como pode alguém que é obediente, sabendo que Seus pais partiriam, ter ficado em Jerusalém por algum capricho?

Da mesma forma, Sua Mãe, Maria, agia conforme a necessidade da situação ou era prontamente solícita, mostrando uma grande capacidade emocional: "foi às pressas" (cf. Lc 1, 39), ou contemplava o mistério, ainda que não o entendesse: "guardava todas estas coisas no seu coração" (cf. Lc 2, 19. 51).

Para agirmos como pede a Palavra de Deus nas situações frustrantes: "Mesmo em cólera, não pequeis. Não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento" (cf. Ef 4, 26), nos é necessário esse equilíbrio interior, que começa na decisão de querer responder com coerência e, acima de tudo, com amor nas situações mais adversas.

É um processo, mas este se inicia quando encontramos dentro de nós não a força ainda, mas sim a vontade de buscar uma "zona de conforto", mesmo em meio ao caos.

Quantas vezes nos arrependemos de ter feito algo na hora da raiva e depois verificamos que a gravidade do fato nem era tão grandiosa. Como é fácil perder a visão total dos acontecimentos quando agimos pelo impulso e isolamos o fator razão na nossa tomada de decisão!

Pense nisso! Conte "até três", pare, olhe, esteja atento, e isso mesmo para algo bom. Em cada fato pode estar algo além do que nossa limitada imaginação esteja mostrando.

Deus o abençoe!

 

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Sandro Ap. Arquejada

Sandro Aparecido Arquejada é missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em administração de empresas pela Faculdade Salesiana de Lins (SP). Atualmente trabalha no setor de Novas Tecnologias da TV Canção Nova. É autor do livro "Maria, humana como nós" e "As cinco fases do namoro". Também é colunista do Portal Canção Nova, além de escrever para algumas mídias seculares.

21 de outubro de 2013

Jornada Missionária Mundial

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Quando começamos a ser missionários?

A Igreja inteira recebe e comunica ao mundo a mensagem do Papa Francisco para a Jornada Missionária Mundial, que se celebra neste fim de semana. Dentre tantas riquezas das palavra do Papa, colhemos alguns preciosos ensinamentos úteis para a compreensão do mandato missionário, que alcança todos os cristãos (Cf. Mensagem do Papa Francisco).


A fé é um dom precioso de Deus, que abre a nossa mente para O conhecermos e amarmos. Deus nos ama! Mas a fé pede a nossa resposta pessoal, a coragem de nos confiarmos a Deus e vivermos o Seu amor, agradecidos pela Sua infinita misericórdia.

É um dom que não se pode conservar para si mesmo, mas deve ser partilhado; se o quisermos conservar apenas para nós mesmos, tornamo-nos cristãos isolados, estéreis e combalidos. O anúncio do Evangelho é um dever que brota do próprio ser discípulo de Cristo e um compromisso constante que anima toda a vida da Igreja. "O ardor missionário é um sinal claro da maturidade de uma comunidade eclesial" (Bento XVI, Exortação Apostólica Verbum Domini, 95).

Toda a comunidade é adulta quando professa a fé, celebra-a com alegria na liturgia, vive a caridade e anuncia sem cessar a Palavra de Deus, saindo do próprio recinto para levá-la até as "periferias", sobretudo, a quem ainda não teve a oportunidade de conhecer Cristo. Às vezes, estão relaxados o fervor, a alegria, a coragem, a esperança de anunciar a todos a mensagem de Cristo e ajudar os homens do nosso tempo a encontrá-Lo. 


Por vezes, há ainda quem pense que levar a verdade do Evangelho seja uma violência à liberdade. A propósito, são iluminadoras estas palavras de Paulo VI: "Seria certamente um erro impor qualquer coisa à consciência dos nossos irmãos. Mas propor a essa consciência a verdade evangélica e a salvação em Jesus Cristo, com absoluta clareza e com todo o respeito pelas opções livres que essa consciência fará, é uma homenagem a essa liberdade" (Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, 80).


A Igreja não é uma organização assistencial, uma empresa, uma ONG, mas uma comunidade de pessoas, animadas pela ação do Espírito Santo, que viveram e vivem a maravilha do encontro com Jesus Cristo e desejam partilhar esta experiência de profunda alegria, partilhar a mensagem de salvação que o Senhor nos trouxe. É justamente o Espírito Santo que guia a Igreja neste caminho.

Diante do desafio lançado pelo Santo Padre, nosso país, em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2013 e a Jornada Mundial da Juventude (JMJ Rio 2013), faz a sua Campanha Missionária, refletindo sobre "Juventude em Missão", com o lema tirado do profeta Jeremias: "A quem eu te enviar, irás" (Jr 1,7), que recorda que Deus continua a chamar e a enviar pessoas para anunciar a Boa Notícia de Jesus a todos os povos.

A missão é a principal razão de ser da nossa Igreja e seus missionários e missionárias representam uma grande riqueza. Pela Campanha Missionária, toda a comunidade cristã é convidada a renovar seu compromisso batismal em conformidade ao mandato de Jesus Cristo: "Ide e fazei discípulos todas as nações" (Mt 28,19).

Há algumas contribuições a serem oferecidas ao impulso missionário da Igreja pelos cristãos das diversas idades, estados de vida, classes sociais ou vocações. O ponto de partida é a certeza de que o tesouro da fé é oferecido para ser compartilhado como o mais decisivo talento de nossa existência. Cristão que se preze há de ser militante, empenhado com todas as suas forças para testemunhar o Evangelho. Por isso, cabe-lhe a responsabilidade de fermentar os ambientes em que vive com os valores que fazem a diferença e são bebidos na fonte da Palavra de Deus. Começamos a ser missionários quando o mundo ao nosso redor se torna melhor com nossa presença.

Entretanto, há muitas pessoas, especialmente jovens, rapazes e moças, convocados diretamente pelo Senhor a uma vocação missionária específica. Sim, esta é a ocasião para um chamado vocacional específico, feito hoje com toda força. Não posso me furtar a esta responsabilidade, tendo a certeza de que muitos deles serão tocados pelo convite que faço, em nome do Senhor: "Ide para a minha vinha" (Mt 20,4). O primeiro convite se repete ao longo da jornada de trabalho e no correr da vida, mas chega a hora da resposta, para arregaçar as mangas e começar o trabalho pelo anúncio e testemunho do Evangelho. Desejo que esta Jornada Missionária Mundial veja muitos jovens procurarem suas Paróquias para darem a resposta pedida na Jornada Mundial da Juventude. Há muitas periferias geográficas e existenciais que clamam pela resposta generosa de novos missionários!

Outra contribuição, e não menos importante, para as missões, é indicada por Jesus, quando contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de orar sempre, sem nunca desistir: "Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus, nem respeitava homem algum. Na mesma cidade havia uma viúva, que vinha à procura do juiz, e lhe pedia: 'Faze-me justiça contra o meu adversário!' Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim, ele pensou: 'Não temo a Deus e não respeito ninguém. Mas esta viúva já está me importunando. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha, por fim, a me agredir!'" E o Senhor acrescentou: "Escutai bem o que diz esse juiz iníquo! E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar? Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do Homem, quando vier, será que vai encontrar fé sobre a terra?" (Lc 18,1-8). O mundo nos parece ruim ou até perdido? Respondamos com oração insistente e constante. O Pai do Céu não nos abandona e vem ao encontro de nossas necessidades! Oração de louvor, oração de ação de graças, pedido de perdão e súplica! Está em nossas mãos e em nossos lábios, por vontade do próprio Senhor.

Enfim, a Igreja se une, em todo o mundo, na Jornada Missionária Mundial, para oferecer com generosidade a ajuda material necessária aos inúmeros campos de missão, espalhados pelo mundo inteiro. O Brasil inteiro acolhe o apelo do Papa e participa com generosidade da Coleta Missionária. É nosso modo para ir mais longe, ajudando a manter os que, em nome das diversas Dioceses, mas antes ainda, em nome de Deus, evangelizam conosco e em nosso nome.

Rezemos! Ó Deus, quisestes que a vossa Igreja fosse o sacramento da salvação para todas as nações, a fim de que a obra do Salvador continuasse até o fim dos tempos. Despertai nos corações dos vossos fiéis a consciência de que são chamados a trabalhar pela salvação da humanidade até que de todos os povos surja e cresça para vós uma só família e um só povo. Amém!

 

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Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém - PA.


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13337

18 de outubro de 2013

Meu Filho, Minha Vida


17 de outubro de 2013

Ser grato é ser fraterno

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Você se preocupa em agradecer?

Convivemos, dentro do clima da pós-modenidade, com a esfera do individualismo e com o sistema de egocentrismo muito aguçado, que têm como fonte de sustentação o mito do bem-estar. Isso vem acontecendo na realidade de endeusamento e idolatria do mercado e do consumo, dificultando a essencial prática da gratidão.


Temos muitos gestos evidentes de gratidão. Um deles está nos presentes que oferecemos aos amigos em diversas ocasiões. Mas não basta somente isso se não valorizamos a pessoa na sua identidade, reconhecendo nela o bem que faz, sendo até merecedora do gesto de gratidão. Agradecer é confiar sem ficar exigindo troca. 


Às vezes agradecemos um estrangeiro com mais frequência e facilidade do que a quem está sempre conosco. Na convivência achamos ser um direito o que o outro faz por nós e não nos preocupamos com o ato da gratidão. Isso pode ter a conotação de não valorizar o que recebemos de quem convive conosco todo dia.


A Bíblia fala de dez leprosos que ficaram curados (cf. Lc 17,11-19). Apenas um, que era estrangeiro, voltou para agradecer. Isso foi causa de crítica de Jesus, porque demonstraram atitude de ingratidão, de fechamento em si mesmos. Podemos até concluir que a ingratidão coincide um pouco com a injustiça e o não reconhecimento do valor de quem nos faz o bem.

Louvor, graça, gratidão, gratuidade e agradecimento são palavras-chave, que ajudam no relacionamento comunitário. Há o perigo de sermos mais propensos a pedir do que a agradecer. Pior ainda é quando queremos levar vantagem em tudo, tendo atitude de exploração e de injustiça com o outro. Ser grato é ser fraterno e capaz de ajudar na boa convivência.


Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)

15 de outubro de 2013

Ser professor(a)

Crônica: Ser professor(a) - as múltiplas funções dos mestres
Falar da docência é falar das várias profissões que transpõem e se sobrepõem a esta.
Enquanto professores...
Somos mágicos, ao fazermos malabares com diversas situações que atingem nossa imagem e a vida pessoal.
Somos atores, somos atrizes, que interpretam a vida como ela é, sentimos e transmitimos emoções ao conviver com tantas performances.
Somos médicos, ao receber crianças adoentadas pela miséria, pela falta de tempo da família, pela carência de tempo de viver a própria infância.
Somos psicólogos, ao ouvir as lamentações advindas de uma realidade dura,
que quase sempre nos impede de agir diante do pouco a se fazer.
Somos faxineiros, ao tentarmos lavar a alma dos pequenos,
das mazelas que machucam estes seres tão frágeis e tão heróicos ao mesmo tempo.
Somos arquitetos, ao tentarmos construir conhecimentos, que nem sabemos se precisos, que nem sabemos se adequados.
É só parar para pensar que talvez seja possível encontrar em cada
profissão existente um traço de nós professores. Contudo ser professor,
ser professora é ser único, pois a docência está em tudo, passa por todos,
é a profissão mais difícil, mas a mais necessária.
Ser professor é ser essência, não sabemos as respostas.
Estamos sempre tentando. Às vezes acertamos, outras erramos, sempre mediamos.
Ser professor é ser emoção
Cada dia um desafio
Cada aluno uma lição
Cada plano um crescimento.
Ser professor é perseverar, pois, diante a tantas lamúrias
"não sei o que aqui faço, por que aqui fico?"
fica a certeza de que...
Educar parece latente, é obstinação.
Ser professor é peculiar,
Pulsa firme em nossas veias,
Professor ama e odeia seu ofício de ensinar
Ofício que arde e queima
Parece mágica, ou mesmo feitiço.
Na verdade, não larga essa luta que é de muitos.
O segredo está em seus alunos, na sua sala de aula, na alegria de ensinar
a realização que vem da alma e não se pode explicar.
Não basta ser bom... tem que gostar.

Soraia Aparecida de Oliveira
professora do Ensino Fundamental, Escola Municipal Nilza de Lima Sales, Brumadinho, MG.
Artigo publicado no jornal Mundo Jovem, edição nº 350, setembro de 2004, página 21.

14 de outubro de 2013

Maria, Mãe de Deus e nossa

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Uma conversa com Nossa Senhora de Nazaré

Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, Nossa Senhora de Nazaré, aqui estamos, mais uma vez, para conversar contigo e de ti aprendermos a viver com Jesus, de Jesus e para Jesus. Conduze-nos a Ele, para que recebamos seu amor e sua graça.


Muitas imagens e pinturas foram feitas para retratar-te, ó Maria. Quantos títulos foram cunhados pelos poetas e pelo povo, porque Deus te deu a graça de manifestar-te, modelo e intercessora, em muitas partes desta terra de nosso Deus. Aqui no "mundo do Círio", és chamada de Nossa Senhora de Nazaré! Deixa-nos entrar um pouco no mistério que revelas em tua imagem. Deixa-nos levá-la por nossas ruas, porque sabemos que entraste, Viva, Senhora, Irmã e Mãe, em nossos corações. Permite-nos estender as mãos e olhar para ti, como gente sedenta dos sinais que nos conduzem a Deus!

Ao olhar para tua imagem de Nazaré, nós te contemplamos, Mãe, simples e amiga. Teu rosto mostra seriedade e serenidade, delicadeza e firmeza. Por isso olhamos para ti, pois nos mostras o que sonhamos e o que desejamos testemunhar. Sim, ó Virgem de Nazaré, tu és bendita entre as mulheres, a honra de nosso povo, e em ti se encontra o que queremos ser! Obrigado por nos atraíres a ti, à tua glória, tua berlinda e tua presença amorosa.

E vemos que tu tens nos braços o Menino Jesus, em cujas mãos está o mundo. Uma criança, com o mundo nas mãos! Parece tão pequena e tão grande esta criança, capaz de carregar o peso de tudo o que o mundo é! Tu tiveste com o Menino Jesus tamanha intimidade, que participaste de seus sentimentos e o acompanhaste, quando crescia em idade, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens. Com Ele caminhaste pelas estradas do mundo, tu o levaste pelos caminhos do Egito, com Ele voltaste a Nazaré, dali a Jerusalém, Caná, Galileia das Nações, ruas e Cenáculo, sempre estiveste com Ele e para Ele viveste, Mãe e Discípula. Dá-nos entrar contigo no mistério do mundo! Ajuda-nos a anunciar a todos a salvação que Ele nos trouxe.


Tudo foi feito por Deus em Jesus Cristo, e sem Ele nada se fez. Deus fez todas as coisas para um destino de felicidade, tanto que olhou para a sua Obra e ficou muito feliz. Olhamos contigo para o bem que existe na Obra realizada por Deus. Desejamos descobrir sempre as entranhas de bondade presentes em toda a sua Obra. Contigo queremos passear pelo mundo, sonhando com o Jardim que Deus criou!


Ao completar sua Obra, o Pai do Céu criou o homem e a mulher. Que graça imensa saber que estas criaturas foram feitas à imagem e semelhança de Deus, preparadas para responder com amor ao amor infinito! O mundo é cheio de gente, mais ainda, de filhos e filhas de Deus. Ajuda-nos, Maria Mãe, esposa, irmã, senhora, a olhar para todas as pessoas com grande amor. Tira de nosso coração os preconceitos, aproxima-nos das pessoas, especialmente as mais difíceis. Tu que és Mãe de Misericórdia, alcança-nos a graça, que vem de teu Filho amado, de ir ao encontro dos pecadores e das pessoas mais frágeis, para amá-las como Jesus amou. E se tens livre um dos teus braços, agasalha-nos aí, no afago de teu coração e perto de Jesus.

A vida no mundo é uma verdadeira batalha! Tu sabes bem, Maria de Nazaré, o que significa trabalhar, cuidar de um filho, viver como esposa, enfrentar as dificuldades. Senhora da Esperança, nós te reconhecemos parte daquele resto escolhido, os pobres de Javé, que nunca perderam a esperança. Aqui está, na conversa contigo, a porção do mundo que mais sofre e também as pessoas que perderam o sentido de sua vida. Deixa-nos entrar em tua casa, levando pelas mãos estas pessoas. Tu que estiveste de pé aos pés da Cruz, dá um jeito para que entrem pela porta da graça e da salvação, Consoladora dos Aflitos, cuida de todos os que sofrem. Porta do Céu, abre a porta para todos serem acolhidos e amados. Auxílio dos cristãos, pede a Jesus que se fortaleçam os corações cansados e fatigados, que se elevem as mãos vacilantes e a confiança seja restaurada.

Mas o mundo é também para ser vencido, pois nele existe o mistério da iniquidade, a triste realidade do pecado e suas consequências. Não tememos, porque sabemos que teu Filho Jesus já o venceu. Entretanto, precisamos ser corajosos e radicais, não nos acomodando com o mal existente, corajosos para mostrá-lo e buscar soluções. Nós te pedimos, Virgem de Nazaré, sejamos firmes e decididos. Que nunca façamos pactos com a maldade e o egoísmo. Dá-nos os valores do Céu para espalharmos na terra. Como estamos no mundo, "mas não desejamos ser do mundo", nós te dizemos confiantes.

A ti recorremos, Maria de Nazaré! Rainha da Paz, vem em auxílio dos povos que estão em guerra e entra, com teu amor materno, nas disputas entre povos e pessoas, para que cheguem à reconciliação! Mãe do belo amor, aproxima os inimigos! Saúde dos enfermos, visita os nossos doentes. Refúgio dos pecadores e Mãe de Misericórdia, estende teus braços aos pecadores, roga por nós, agora e na hora de nossa morte. Sede da Sabedoria, ajuda-nos a entender o sentido da vida e vem ajudar as pessoas que devem tomar decisões em nosso mundo. Espelho de Justiça, corrige os que erram na vida, dá discernimento aos que devem se recuperar de seus erros e pede a Jesus, teu Filho amado, que a justiça reine na terra. Causa de nossa alegria, ajuda-nos a manter o coração alegre e o rosto feliz, pela vida da graça em nossos corações.

Maria, Arca da Aliança, que trouxeste em teu ventre o Guarda e Pastor de Israel, aquele que tem palavras de vida eterna e é o Pão da Vida, faze de todos nós este povo unido, sinal da vida verdadeira, que vem do Pai amado, em Cristo, a quem seja dada a honra e a glória, no Espírito Santo. Amém.

 

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Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém - PA.


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=13332

10 de outubro de 2013

As opções de Vicente de Paulo

Uma vida tão intensa e longa como a de Vicente de Paulo, pode ser contada de muitas maneiras. Desta vez vamos levar em conta os caminhos de Deus e as respostas do homem, as circunstâncias e suas opções. Como diria o próprio Vicente de Paulo: "Minha fé e minha experiência".

Quais foram as opções assumidas por ele? Os Pobres, os padres, os leigos e as mulheres. Se hoje, de alguma forma, nos preocupa a atualização do carisma vicentino, temos a certeza de que Vicente de Paulo esteve à frente do seu tempo com uma naturalidade que nos espanta. E isto é o mais importante e que veremos a seguir.

1. Os Pobres

Disse Jesus que sempre teremos os Pobres entre nós (Mt. 26,11). É uma afirmação indiscutível, não porque Deus quer assim, senão porque assim querem os poderosos. A população mundial sempre pende para os Pobres. E em todos os tempos a Igreja tem se preocupado com eles, desde o princípio até nossos dias. Porém, na opção pelos Pobres, sempre houve diversos graus de intensidade e comprometimento, espiritualidades afins ou alheias, cristãos conscientes ou descompromissados.

Vicente de Paulo nasceu Pobre, de uma família de camponeses, embora eles possuíssem sua casa e algumas terras. E nos parece que perderam quase tudo como a maioria dos Pobres do seu tempo, que eram despojados de mil maneiras. Vicente disse certa ocasião que seus parentes estavam em situação de pedir esmolas.

De forma alguma ele preocupava-se com os Pobres quando ainda não era um "santo". Seu desejo era enriquecer-se. Queria posição, status, um trabalho que lhe garantisse boa renda para viver muito bem e tranquilo. Foi aqui que começaram seus projetos meramente humanos: ida para Toulouse, para Marselha atrás de uma herança, o episódio do seu cativeiro, sua ida até Tunísia, Avignon e até Roma.

De modo que no final do ano 1608 Vicente entra pela primeira vez em Paris de mãos vazias e com o espírito humilhado. Homem de fé e de experiência, tinha que se dar conta de que Deus lhe pedia um outro caminho e outras opções. Vicente de Paulo se põe em busca do crescimento espiritual e ministerial, da paróquia de Clichy ao palácio dos Gondi, do palácio dos Gondi à Chatillon-les-Dombes. E antes mesmo de Clichy, como capelão da ex-rainha Margarida de Valois, passa pela "noite escura" da tentação contra a fé e de sua experiência do Pobre no hospital de caridade. E foi desta forma, segundo seu primeiro biógrafo, quando Vicente de Paulo "para mais honrar a Jesus Cristo e imitá-lo de forma perfeita, tomou a firme resolução de entregar toda sua vida, por seu amor, a serviço dos Pobres".

Sem ter precisão de dia e hora, já poderíamos chamar Vicente de Paulo de santo. Nesta ocasião já tinha mais de trinta anos. Entregou-se totalmente à Jesus Cristo dos Pobres ou aos Pobres de Jesus Cristo. Uma entrega firme e decidida. Nada lhe faria mudar de ideia. Nasceram desta sua entrega, inumeráveis fundações, instituições, ações, e todas elas motivadas e voltada para os Pobres. Nada encontramos neste "santo" que destoasse desta sua entrega e de seu amor afetivo e efetivo aos Pobres por Jesus Cristo.

Hoje muito se fala da "opção preferencial pelos Pobres". Muitos o fazem e fizeram. Porém, depois de Jesus Cristo, ninguém superou ao que fez Vicente de Paulo.

E desta opção primeira, nasceram as demais.

2. O clero

Vicente de Paulo viveu outra experiência: a grandeza do sacerdócio, e contrastando isto, a miséria espiritual de muitos padres. O juízo de nosso "santo" não teve meio termo em ambos aspectos: a grandeza do sacerdócio. Porém sabendo que existiam sacerdotes que mostravam o pior comportamento que um sacerdote poderia ter. E sua conclusão é a de que os mais prejudicados são os Pobres.

Como se chegava até o sacerdócio sem a devida preparação, animado pelo bispo Agustin Potier da diocese de Beauvais, Vicente de Paulo iniciou em 1628 os retiros para os padres. Na verdade era um curso intensivo de formação espiritual e pastoral. Desta experiência é que nasceu alguns anos mais tarde, em 1633, as conferências de terça feira, que era uma reunião semanal para ajudar na perseverança de seus padres, motivar as missões e auxílio para as capelanias onde seus padres não podiam entrar para se dedicarem exclusivamente aos Pobres camponeses. Destas atividades assumiu os seminários, que foram defendidos pelo Concílio de Trento. Provavelmente o seminário mais antigo da França foi o de Annecy, fundado por Vicente de Paulo em 1642. Veio em seguida a casa "Bons Enfants" e muitos outros.

A ação de Vicente de Paulo em favor do clero teve seu auge com sua presença no Conselho de Consciência da Rainha Ana de Áustria e de Mazarino, onde contribuiu eficazmente na nomeação de um episcopado zeloso e reformador da Igreja na França. Porém, antes disto tudo, Vicente havia fundado em 1625 a Congregação da Missão, cujo objetivo ele definiu desta forma: "Fazer com que os Pobres conheçam a Deus, anunciar-lhes Jesus Cristo, dizer-lhes que está próximo o Reino dos Céus e que este Reino é para Eles". Naturalmente, todo seu empenho em prol do clero não tinha outro objetivo a não ser a evangelização dos Pobres.

3. Os leigos

A opção pelos leigos é sem dúvida a que mostra a grandeza e a originalidade de Vicente de Paulo. O modelo de igreja de seu tempo era próprio do Concílio de Trento, que em oposição à Martinho Lutero, exaltava o estado sacerdotal, minimizando o laicato mais ainda do que já estava. Vicente de Paulo, sem desobedecer o Concílio de Trento, nem esquecendo-se dos Pobres, deu um pulo a frente da história. Recordemos sua famosa pregação dos 800 anos para as Damas da Caridade: "Fazem 800 anos que vocês não tem nenhuma ocupação pública na igreja...". E foi convocando a todos, homens e mulheres, Pobres e ricos, para a caridade eclesial. Sua sensibilidade para com os leigos, que não existia em seu tempo, o coloca dentro do pensamento do Concílio Vaticano II e da encíclica "Christifideles laici" de João Paulo II (1988).

4. As mulheres

A mão direita de Vicente de Paulo foram as mulheres. Por detrás de um grande homem, sempre tem uma grande mulher. É um ditado popular. Ao redor de Vicente de Paulo existe uma legião de grandes mulheres. Desde Francisca Bachet e Carlota de Brie em Chatillon-les-Dombes, passando pela Senhora de Gondi, Luísa de Marillac, a Senhora de Goussault, a duquesa de Aiguillon e tantas outras em Paris, até chegar as Filhas de Caridade: Margarida Naseau, Bárbara Angiboust, Maturina Guerin, Margarita Chetif... Uma e outra se tornaram responsáveis pela ação caritativa nas aldeias, no Hotel-Dieu em Paris e todas as obras fundadas para ajudar as vítimas das incessantes guerras: hospitais, galés, escolas, crianças abandonadas, enfermos, mendigos, idosos... Sem elas Vicente de Paulo não teria sido proclamado o grande santo da caridade, e nem elas teriam saído do anonimato sem Vicente de Paulo. Qual era o segredo daquele magnetismo que irradiava nosso santo sobre as mulheres que o escutavam e o acompanhavam com verdadeiro sacrifício na ajuda dos mais Pobres? Não era outro a não ser sua autenticidade e sua santidade.

5. Outras opções

Dentro destas opções citadas acima, Vicente de Paulo quis e teve que fazer outras. Por exemplo, dentro dos ministérios de sua Congregação, optou pelas missões entre os camponeses: "Deus nos guarde para não abandonarmos estas missões", dizia insistentemente a seus missionários, qualquer que fosse o ministério ou trabalho que fossem convidados.

Depois optou mais tarde pelas missões AD GENTES. Quando a Congregação da Propaganda da Fé, fundada em 1622, lhe pedia sacerdotes, Vicente de Paulo escreve ao superior da Casa de Roma: "Ao celebrar a santa missa, me ocorreu o seguinte pensamento, que como o poder de enviar ad gentes reside na terra unicamente na pessoa de Sua Santidade, tem consequentemente o poder de enviar a todos os eclesiásticos por toda a terra, e que todos os eclesiásticos tem a obrigação de obedecer-lhe; segundo este princípio, ofereço a sua divina Majestade nossa pobre companhia para ir onde Sua Santidade ordene".

E começou o envio de missionários vicentinos fora das fronteiras da França. Teve mais projetos, porém, os que ele conseguiu desenvolver e pôr em prática foram Barbária (Tunísia e Argélia) em 1645 e 1646, Madagascar em 1648, Polônia em 1651 e Irlanda e Escócia também em 1651. Todas estas missões foram de muito sacrifício, especialmente a de Madagascar que de 18 missionários enviados, chegaram somente 8 e que morreram logo em seguida. Isto nunca desanimou Vicente de Paulo. A um dos missionários ele escreveu: "A Companhia coloca seu olhar em vocês como a melhor hóstia que tem para render graças a Nosso Soberano Criador e prestar-lhe este serviço! Vocação tão grande e adorável como a dos maiores apóstolos e santos da Igreja de Deus! Lance as redes com valentia".

Dizia assim porque na verdade ele soube lançar as redes com valentia desde o momento de sua "conversão" até o final de seus dias, agindo sempre com o mesmo entusiasmo e determinação. "Dá-me um homem de oração e ele será capaz de tudo", dizia ele. E foi capaz de tudo o que um ser humano pode fazer em prol dos Pobres. Cumpriu sem romper em momento algum sua primeira "resolução firme e decisiva de entregar-se por toda sua vida, por amor a Jesus Cristo, ao serviço dos Pobres".

Fonte: Texto escrito por Vicente de Dios, CM, extraído de: Caminos de Misión. Traduzido do espanhol para o português por Joelson Cezar Sotem, CM em 09 de outubro de 2013.