31 de julho de 2013

Buscar a plenitude do Espírito

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Essa deve ser a nossa meta

Afirmou Bento XVI que, hoje, a Igreja "sente, sobretudo o vento do Espírito Santo que nos ajuda, nos mostra o caminho reto; e assim, com novo entusiasmo, estamos a caminho e damos graças ao Senhor" (Saudação à Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, 27/10/2012).


O Espírito Santo é Senhor (2Cor 3,17-18) e, portanto, Ele tem todo o direito de nos dar ordens para executarmos alguma coisa (At 8,29) ou para não fazermos algo (At 16,6). São Paulo Apóstolo e os demais apóstolos foram impedidos pelo Espírito Santo "de anunciar a palavra na Ásia" (cf. At 16,6). Essa ordem, aparentemente inusitada, levou São Paulo a refletir sobre o Espírito Santo e a registrar suas reflexões na Carta aos Gálatas:

"Apenas isto quero saber de vós: recebestes o Espírito pelas práticas da Lei ou pela aceitação da fé?" (Gl 3,2). "Aquele que vos dá o Espírito e realiza milagres entre vós, acaso o faz pela prática da Lei, ou pela aceitação da fé?" (Gl 3,5). "A prova de que sois filhos, é que Deus enviou aos vossos corações o Espírito de Seu Filho, que clama: Abbá! Pai!" (Gl 4,6). "Quanto a nós, é pelo Espírito que aguardamos a justiça que só a fé pode revelar" (Gl 5,5). "Deixai-nos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis aos desejos da carne" (Gl 5,17). "O fruto do Espírito é amor, caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura e temperança" (Gl 5,22-23).


Entretanto, apesar dessas afirmações de São Paulo, há cristãos que continuam entristecendo (Ef 4,30) e oferecendo resistência ao Espírito Santo (At 7,51), fazendo-O se extinguir em suas vidas (1Ts 5,19). Esses cristãos ainda não entenderam que o Espírito de Deus sabe, de antemão, todas as coisas, e que é por meio d'Ele que Deus no-las revela (1Cor 2,10) e ensina (Jo 14,26; 16,13). Graças ao bom Deus, os cristãos que vivem no Espírito e seguem com dedicação as Suas orientações e ordens (Gl 5,25) são em quantidade bem maior. Esses cristãos estão constantemente pedindo: "Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor"! "Quem se deixa conduzir pelo Espírito Santo é realista, sabe medir e avaliar a realidade, e também é fecundo: a sua vida gera vida em seu redor", ensina o Papa Francisco. (L'osservatore Romano, 23/06/2013, p. 8).


SER GUIADO PELO ESPÍRITO SANTO

Escreve o Papa Francisco: "Muitas vezes, seguimo-Lo e acolhemo-Lo, mas até um certo ponto; sentimos dificuldade em abandonar-nos a Ele com plena confiança, deixando que o Espírito Santo seja a alma, o guia da nossa vida, em todas as decisões; temos medo que Deus nos faça seguir novas estradas, faça sair do nosso horizonte frequentemente limitado, fechado, egoísta, para nos abrir aos seus horizontes". A novidade que Deus traz à nossa vida é verdadeiramente o que nos realiza, o que nos dá a verdadeira alegria, a verdadeira serenidade, porque Deus nos ama e quer apenas o nosso bem. Se nos deixamos guiar pelo Espírito, a riqueza, a variedade, a diversidade nunca dão origem ao conflito, porque Ele nos impele a viver a variedade na comunhão da Igreja. O Espírito Santo faz-nos entrar no mistério do Deus vivo e nos salva do perigo de uma Igreja gnóstica e de uma Igreja narcisista, fechada no seu recinto; impele-nos a abrir as portas e sair para comunicar a alegria da Fé, do encontro com Cristo. "O Espírito Santo é a alma da missão" (Missa de Pentecostes, 19/05/2013).

CONCLUSÃO

Belíssimo conselho do Apóstolo São Paulo: "Buscai a plenitude do Espírito Santo" (Ef 5,18). Essa deve ser a nossa meta, o foco central da nossa vida espiritual. Num mundo tomado pelo engano de um espiritualismo comercial da Nova Era, do sincretismo religioso e do misticismo neopagão, só com absoluta certeza que a verdadeira espiritualidade tem como fundamento a Pessoa do Divino Espírito Santo. Este é a fonte da plenitude do poder, do amor e dos dons espirituais, da santificação, comunhão e da evangelização.

Buscar a plenitude é buscar viver de forma abissal a espiritualidade carismática renovadora, avivada e sempre reavivada. Não há outra fonte para vida espiritual autêntica, salutar e fecunda sem o Espírito Santo. O mercado religioso tem oferecido uma tremenda falsidade da espiritualidade.

Em tudo isso, mora o terrível perigo do engodo, do estelionato, da perda da fé, da perda dos bens materiais, do sentido da vida e do encontro com a ilusão e com a loucura. Daí a nossa grande responsabilidade de buscar com intensidade o poder do Espírito Santo para anunciar com ardor a verdadeira espiritualidade. Esta sim é o caminho para uma profunda vida espiritual e fortaleza na jornada à casa do Pai Celestial.

Sem perda de tempo, busquemos a "plenitude do Espírito Santo"!

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Padre Inácio José do Vale
pe.inacio.jose@gmail.com

 

Padre Inácio José do Vale é professor de História da Igreja no Instituto de Teologia Bento XVI (Cachoeira Paulista). Também é sociólogo em Ciência da Religião.

29 de julho de 2013

O que se pode pedir a Deus?

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A oração é a alma da vida cristã

O que se pode pedir a Deus? No livro do Gênesis, parece que insistir mais e mais, pedindo descontos, pode ter uma "fundamentação bíblica"! Trata-se de Abraão, o pai da fé (Gn 18, 20-32), apelando à misericórdia de Deus, diante da iminente destruição de uma cidade pecadora. Cinquenta justos, quarenta e cinco, quarenta, trinta, vinte ou dez! A coragem do homem que aposta tudo em Deus e deseja que a cidade não seja destruída. De fato, pode-se pedir tudo a Deus, que pensa em tudo e muito mais para seus filhos. Sabemos também que, por conhecer muito bem a humanidade, Ele é justo e bom para ouvir, acolher e atender do modo melhor para a salvação das pessoas e o bem da humanidade. Mesmo quando aparentemente não nos atende, no arco da vida das pessoas e na história, tudo concorre para o bem dos que o amam (Cf. Rm 8, 29). E amá-lo é o ponto de partida da oração.


A insistência de quem bate à porta de um amigo à meia-noite (Lc 11, 1-13) aponta para a confiança para se aproximar do Pai de todos os dons: "Pedi e vos será dado; procurai e encontrareis; batei e a porta vos será aberta. Pois todo aquele que pede recebe; quem procura encontra; e a quem bate, a porta será aberta" (Lc 11, 9-10). O máximo do que o Pai pode e efetivamente oferecer é o dom do Espírito Santo, penhor da realização de todas as promessas de seu Filho Amado. Ele faz dizer "Jesus é o Senhor" (1 Cor 12, 3) e põe em nossos lábios a invocação do Pai (Gl 4, 6).


Para orar assim, é preciso aprender a rezar, voltando sempre de novo a conhecer esta arte dos próprios lábios do divino Mestre, como os primeiros discípulos: "Senhor, ensina-nos a orar" (Lc 11, 1). Na oração, acontece aquele diálogo com Jesus que faz de nós seus amigos íntimos: "Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós" (Jo 15, 4), que é a alma da vida cristã. Obra do Espírito Santo em nós, a oração abre-nos, por Cristo e em Cristo, à contemplação do rosto do Pai. Aprender a oração cristã é o segredo de uma vida cristã verdadeira, sem motivos para temer o futuro. As comunidades cristãs devem tornar-se autênticas "escolas de oração", em que o encontro com Cristo se exprima em pedidos de ajuda, ação de graças, louvor, adoração, contemplação, escuta, afetos de alma, até chegar a uma oração intensa, sem se afastar dos compromissos do dia a dia. E ao abrir o coração ao amor de Deus, a oração autêntica abre também ao amor dos irmãos, tornando-nos capazes de construir a história segundo o desígnio de Deus (Cf. Novo Millenio Adveniente 32-33). O mestre autêntico na escola da oração é o próprio Senhor Jesus, a quem os discípulos recorrem.


As lições se encontram no "Pai Nosso". Começam com o reconhecimento da paternidade de Deus e se desdobram em sete pedidos. A oração ao "nosso Pai" é um bem comum e um apelo urgente para todos os cristãos. Nós o invocamos, porque o Filho de Deus feito homem nos revelou. Rezar ao Pai "nosso" deve desenvolver em nós a vontade de nos assemelharmos a Ele e ter um coração humilde e confiante. Os "Céus" da oração não apontam para um lugar, mas para a majestade de Deus e sua presença no coração dos fiéis. O Céu, Casa do Pai, é a verdadeira pátria para onde nos dirigimos e à qual pertencemos (Cf. Catecismo da Igreja Católica § 2777-2865).

Os três primeiros pedidos buscam a glória do Pai: a santificação de seu Nome, a vinda do Reino e o cumprimento da Vontade divina. Os outros quatro apresentam nossos desejos, que dizem respeito à nossa vida, para nutri-la ou curá-la do pecado, e buscam a vitória do Bem sobre o mal.

"Santificado seja o vosso Nome". Pedimos o reconhecimento do nome de Deus como santo! Em Jesus, o nome do Deus santo nos é revelado por aquilo que Ele é, por sua Palavra e seu Sacrifício. E a santidade de Deus nos chama à santidade, pois fomos lavados, santificados e justificados em nome de Jesus Cristo e pelo Espírito Santo (Cf. 1 Cor 6, 11).

"Venha a nós o vosso Reino". O Reino de Deus existe antes de nós, aproximou-se no Verbo encarnado, é anunciado ao longo do Evangelho, veio na Morte e na Ressurreição de Cristo, está no meio de nós e virá na glória, quando Cristo voltar em sua glória! Pedimos o Reino de Deus que é justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14, 17).

"Seja feita a vossa Vontade, assim na terra como no céu".
Deus é Senhor da Vida e da história. A primeira, a última e definitiva palavra sobre a história do universo pertence a Ele e sua vontade é que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade (Cf. 1 Tm 2, 3-4). A nós cabe a maravilhosa aventura de buscar e converter-nos a esta vontade. Pela oração é que podemos discernir qual é a vontade de Deus e obter a perseverança para cumpri-la.

"O pão nosso de cada dia nos dai hoje".
Confiança de filhos que tudo esperam do Pai, que é bom para além de toda bondade! O Pai providente (Cf. Mt 6, 25-34), que nos dá a vida, não pode deixar de nos dar o alimento necessário à vida, todos os bens necessários materiais e espirituais. Mas se pedimos o Pão "nosso", nos abre o desafio da partilha, por amor, para que a ninguém falte o pão. Ma há uma fome não de pão nem sede de água, mas de ouvir a Palavra (Cf. Am 8, 11)! O quarto pedido nos conduz ao Pão da Vida, a Palavra de Deus acolhida na fé e o Corpo de Cristo na Eucaristia. E a ousadia da oração chega ao auge da confiança quando pede para "hoje"!

"Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos têm ofendido".
Nossa oração se volta para o Pai, para confessar nossa miséria e a sua misericórdia! Mas para participar do fundo do coração no amor de Deus, haveremos de ter os seus mesmos sentimentos. Por isso temos a coragem de condicionar seu perdão à nossa capacidade de perdoar!

"Não nos deixeis cair em tentação"
envolve uma decisão do coração, um consentimento dado ao Espírito Santo, para não enveredarmos pelo caminho que conduz ao pecado e perseverarmos até o fim.

"Mas livrai-nos do mal".
A vitória sobre o "príncipe deste mundo" (Jo 14,30), o Maligno, foi alcançada uma vez por todas na Páscoa de Cristo. Ao pedir que o Pai nos livre do Maligno, pedimos a libertação de todos os males presentes, passados e futuros. Toda a miséria do mundo é apresentada ao Pai, para implorar o dom precioso da paz e a graça de aguardar, na esperança, a vinda do Cristo Salvador!

Tudo o que for parecido com esta oração é próprio de cristão! Podemos então "usar e abusar" no maravilhoso "Bazar da Pechinha" da misericórdia infinita do Pai! Pequenas e intensas lições, feitas para acompanhar toda a nossa vida de oração, dirigindo-nos ao Pai, a quem pertence o Reino, a glória de seu Nome e o Poder de sua Vontade salvífica! Amém! Que isto se faça!

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Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém - PA.

26 de julho de 2013

Fazer o bem ao idoso não é perda de tempo

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Para alguns idosos, envelhecer é viver a humilhação

Fazer o bem é ir ao encontro das necessidades de alguém. Mas isso exige da pessoa a disposição para deixar o seu conforto para fazer uma boa ação em favor de outrem.

 

Se ao prestarmos ajuda a uma pessoa estranha já nos traz a sensação de satisfação, maior deveria ser nossa alegria quando nos dispuséssemos a amparar nossos idosos, aqueles que fizeram parte da nossa história, sejam esses pais ou avós.

 

Para alguns idosos, envelhecer é viver a humilhação, pois a sensação para eles é de que no mundo já não têm mais o seu lugar. Para outros, a velhice pode significar, muitas vezes, suplicar para que sejam notados na convivência com seus parentes. Em muitos casos, essas pessoas (idosos) são tratadas como estorvos, pois quase sempre com idade avançada, progridem também as facilidades às doenças necessitando de mais cuidados.


Não é raro encontrarmos nos noticiários manchetes sobre abuso, a falta de paciência, e quase sempre violência contra aqueles que, em razão da sua debilidade física, não têm energias para se defender. Há quem consiga até mesmo usurpar-lhes a credibilidade, quando eles conseguem denunciar os ataques sofridos por aqueles que, um dia, quando bebês, foram também merecedores da atenção de quem hoje merece todo o cuidado. 


Em alguns casos, a importância do velho na família se resume apenas ao valor de uma aposentadoria. Há situações que tal numerário lhes são confiscados pelos filhos ou parentes, quando deveria garantir uma melhor condição de vida.

 

Conviver com alguém que percebemos dissipar suas forças a cada dia, vai exigir uma dedicação muito maior se comparado aos cuidados que teríamos com uma criança. Pois a criança com o seu próprio desenvolvimento tende a nos liberar daqueles trabalhos que envolvem os cuidados com a higiene, saúde e até mesmo a atenção para não se machucarem, enquanto que o zelo para com os idosos vai nos imputar a cada dia maior dedicação.


Entretanto, da mesma maneira como lentamente fomos introduzindo nossos filhos dentro da dinâmica do nosso lar, tornando-os participativos, precisaremos também  envolver nossos anciãos naquilo que acontece na família, fazendo-os participativos nas conversas, nas reuniões familiares e de maneira especial, quando tivermos que tomar decisões que poderiam  propiciar melhores condições de vida a eles. Conceder-lhes o direito de opinar, acerca dos novos planos que estamos tomando os farão sentir-se mais seguros e importantes dentro da família.

 

"Meu filho, ajuda a velhice de teu pai, não o desgostes durante a sua vida. Se seu espírito desfalecer, sê indulgente, não o desprezes porque te sentes forte, pois tua caridade para com teu pai não será esquecida" (Eclo 3,14-15). Aquele que se dispõe a fazer o bem ao seu idoso, não deve sentir-se como se estivesse perdendo o seu tempo, pois é desse carinho dedicado que será para o idoso seu apoio.

 

Um abraço de quem também está envelhecendo.

 

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Dado Moura
contato@dadomoura.com

Dado Moura é membro aliança da Comunidade Canção Nova e trabalha atualmente na Fundação João Paulo II para o Portal Canção Nova como articulista. Autor do livro Relações sadias, laços duradouros e Lidando com as crises
Outros temas do autor: www.dadomoura.com
twitter: @dadomoura
facebook: www.facebook.com/reflexoes

24 de julho de 2013

Tímido? Como assim?

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A timidez não pode tirar a sua liberdade de viver

Ainda que sejamos espontâneos na maior parte do tempo, todos nós experimentamos algum grau de timidez. Prova disso é que muitos artistas, cujas vidas são constantemente expostas pela mídia, declaram-se tímidos. Diante disso, a tendência da nossa racionalidade é duvidar. "Tímido? Como assim?". Essa reação acontece em vista da exposição e da repercussão a que eles se submetem.

De fato, existe em nós um mistério que o inconsciente insiste em não revelar. É a sacralidade, o território, a morada interior que se caracteriza com o mais profundo "eu". Onde está a nossa essência, nosso núcleo íntimo como pessoa. E quando sentimos que alguma situação ou outra pessoa está rompendo, violando esse território interior, nos sentimos roubados de nós mesmos.


A timidez é a consciência de preservação do ser interior, portanto, natural e boa. Mas se você é tímido demais e chega ao extremo de se ver paralisado diante de alguma situação, saiba que está precisando vencer essa barreira. A timidez não pode tirar a sua liberdade de viver e o gosto de compartilhar vitórias e bons momentos entre as outras pessoas. Até porque o nosso íntimo tem a vocação de estar em comunhão, pois precisamos de relacionamentos, dividir o que somos.

As virtudes também são adquiridas pelo exercício. Inicie devagar, sem a imposição, a obrigação de acabar com a timidez de uma hora para outra, dê passos. Comece com alguma coisa mais fácil para você no momento. Disponha-se a fazer uma leitura na igreja, a ensinar algo a alguém ou a um pequeno grupo de pessoas. A partir de tarefas assim, vamos nos acostumando a mostrar um pouquinho mais de nós mesmos.

Com certeza, dentro de algum tempo, descobriremos a alegria de poder estar mais à vontade em meio aos demais, de fazer parte da vida deles e estarmos inseridos na vivência de outras pessoas também.

Não tenha medo de se lançar. Tudo parte de uma decisão que, com o exercício da virtude, aos poucos se torna natural em nós.



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Sandro Ap. Arquejada

Sandro Aparecido Arquejada é missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em administração de empresas pela Faculdade Salesiana de Lins (SP). Atualmente trabalha no setor de Novas Tecnologias da TV Canção Nova. É autor do livro "Maria, humana como nós" e "As cinco fases do namoro". Também é colunista do Portal Canção Nova, além de escrever para algumas mídias seculares.

22 de julho de 2013

Ser herói é ser santo

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O aprendiz de santo é aquele que sabe que é nada

Não é à toa que a primeira coisa que se verifica em um processo de canonização são as virtudes heróicas, que seriam a comprovação do comportamento e o percurso do candidato à santidade, tende de ficar claro, e para além de qualquer dúvida, que, em vida, a conduta do candidato se pautou pela prática das virtudes para além do comum. É ser herói!

Viver o Cristianismo é um ato de coragem, pois só os corajosos se declaram cristãos, afirmam sua fé no Cristo. E sabem que todo poder é d'Ele.

Todo super-herói tem um ponto fraco. Assim como todo santo tem um limite. Mas a santidade não se restringe a anular limites, mas sim usá-los como trampolim para chegar mais alto.

Não devemos ser santos que correm do mundo, que fogem das pessoas, escondem-se de uma vida sem doação e se privam do outro; nem podemos ser santos de rosto triste, que se colocam como um "extraterrestre" ou como alguém que deixou de ser gente. Muito menos podemos ser santos que se esquecem de quem tem pecados, possui limites e, por conseguinte, acaba por viver uma vida de aparências. Não podemos ser santos que perderam a alegria de viver e passam por esta vida apenas como um mero espectador. Não devemos ser, por fim, um santo que se acha perfeito e despreza o imperfeito.

Santidade é para todos. Nossa primeira vocação é ser santo, contudo, muitas vezes, perdemos o verdadeiro significado disso. Às vezes, acreditamos que nosso jeito de viver não nos levará à santidade, uma vez que nos fixamos nos modelos dos santos do passado. Certamente, eles são referências, mas não a regra, visto que eles só se tornaram santos na medida em que viveram as virtudes heróicas em seu tempo.

A regra para a santidade é uma só: deixar o poder que está em nós nos impulsionar em todas as coisas. Este poder é o Espírito Santo, pois é Ele quem nos santifica.

Nosso erro é tentar moldar uma santidade segundo nossos esquemas, e não segundo a ação do Espírito Santo. Ser santo não é ser perfeito e nunca pecar, mas ter atitude de ser aquilo que é, sempre se perguntando: "Jesus faria isso? Jesus faria assim? Jesus estaria aqui?".

Não falo de coisas certinhas, mas sim daquilo que vale a pena. Falo de Cristianismo, atitude, de uma vida com sentido. O perfeito é aquele que "se acha" e não quer ninguém veja seus limites, seus pecados. O aprendiz de santo é aquele que sabe não ser nada. Ser nada é deixar todo espaço para Deus ser tudo.


Trecho extraído do livro 'Santos de calça jeans'.


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Adriano Gonçalves
adriano@geracaophn.com

Mineiro de Contagem (MG), Adriano Gonçalves dos Santos é membro da Comunidade Canção Nova. Cursou Filosofia no Instituto da Comunidade e é acadêmico de Psicologia na Unisal (Lorena). Atua na TV Canção Nova como apresentador do programa Revolução Jesus. Mais que um programa, o Revolução Jesus é uma missão que desafia o jovem a ser santo sem deixar de ser jovem. Dessa forma, propõe uma nova geração: a geração dos Santos de Calça Jeans. É autor dos seguintes livros: "Santos de Calça Jeans", "Nasci pra Dar Certo!" e "Quero um Amor Maior"

19 de julho de 2013

A alegria deve ser cultivada no lar

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A alegria é algo fundamental para a vida

São Paulo diz aos tessalonicenses: "Alegrai-vos sempre no Senhor, repito alegrai-vos..." (ITs 5,16).


A alegria é algo fundamental para a vida humana, especialmente para o equilíbrio do lar. São Francisco de Sales, doutor da Igreja, ensinava que "um santo triste é um triste santo".

"Não entregues tua alma á tristeza, não atormentes a ti mesmo em teus pensamentos. A alegria do coração é a vida do homem... Afasta a tristeza para longe de ti" (Eclo 30, 22s).

A alegria deve ser cultivada no lar, pois é o melhor oxigênio para o crescimento tranquilo dos filhos. E esta alegria vem de Deus. "Alegrai-vos no Senhor". Portanto, toda queixa, murmuração, reclamações, azedume e mau-humor devem ser evitados para que o ambiente do lar não fique tenso e carregado.

Certa vez, assisti a uma palestra sobre prevenção às drogas no colégio de meus filhos. Um investigador de polícia, que fazia combate ao narcotráfico, proferiu a aula. Ao terminá-la, concluiu dizendo aos pais, ali presentes, que a principal razão pela qual os filhos tantas vezes iniciam-se nas drogas é a falta de carinho e amor dos pais, sobretudo por não encontrar no lar um local agradável para viver.

Muito lares, por causa das brigas e conflitos, tornam-se verdadeiros infernos, no qual o filho não suporta viver, buscando, então, refúgio na rua, onde, tantas vezes, o traficante está à sua espera, de braços abertos, para oferecer o "consolo" que o jovem não encontrou em casa. Isso é muito sério!

Fiquei muito impressionado com a colocação daquele investigador, sobretudo por não se tratar de um padre, psicólogo, médico ou professor, mas de um policial.

Os nossos filhos não podem ser "expulsos" do lar por causa dos seus conflitos internos. O lar deve ser um ninho de amor onde os filhos gostem de estar, inclusive com os seus amigos. Eles têm este direito, pois o lar é deles. É claro que as normas de boas convivências devem ser respeitadas.
Só Jesus pode dar à família a paz que ela precisa. Sem viver os seus mandamentos e sem o auxílio da sua graça, isso será impossível.

"Vinde a mim vós todos que estais cansados e sobrecarregados e Eu vos aliviarei. Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração. O meu jugo é suave e meu fardo é leve" (Mt 11, 28).

É dando graças a Deus, em todas as circunstâncias da vida, que demonstramos nossa fé e vencemos todos os problemas. O Senhor está vendo tudo o que se passa no lar e tem um desígnio de salvação em cada acontecimento.

"Em todas as circunstâncias daí graças, pois esta é a vontade de Deus a vosso respeito em Cristo Jesus" (I Tes 5,17). Note que o apóstolo mandar dar graças "em todas as circunstâncias", e não apenas quando tudo vai bem. Dar graças a Deus por tudo, todas as horas, é o meio de, na fé, vencer todas as dificuldades e permanecer em paz no meio das adversidades.

Do livro: "Família, santuário da vida".



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Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

Prof. Felipe Aquino @pfelipeaquino, é casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site do autor: www.cleofas.com.br

15 de julho de 2013

Amor e sexo na vida conjugal

casalMomentos de namoro entre os casados não podem acontecer apenas nas ocasiões de celebração do casal

Dentre as muitas definições que arriscamos fazer sobre o significado da palavra "amor", nenhuma delas poderá ser eficaz se não houver o comprometimento das pessoas, naquilo que traz a realização mútua.
Algumas pessoas vivem seu relacionamento conjugal de maneira bastante turbulenta, com abusos, violência ou em situações de egoísmo que jamais poderiam ser estabelecidas num convívio, que tem como princípio o crescimento comum. Tal relacionamento, se assim permanecer, alcançará uma condição insustentável, fazendo com que um dos cônjuges opte pela separação, ainda que tivesse se casado por amor.

Todavia, muitos casos de separação não acontecem somente pelas agressões sofridas por um dos cônjuges. Outras situações podem fazer com que os casais vivam a separação silenciosa, a qual facilmente poderá resultar no rompimento do compromisso conjugal ou permitir a abertura para relacionamentos paralelos, alegando que o amor e o encantamento dos inícios tenham desaparecido entre eles.

Em outros temas já apresentados, foi comentado da necessidade do casal fazer o resgate do romantismo, mesmo tendo acumulado algumas dezenas de anos de vida conjugal. Mas o que eu tenho recebido como resposta é sobre a dificuldade em recuperar tal sentimento, por motivo das muitas "cinzas" surgidas sobre "as brasas" daquele amor que originou o casamento. Isso porque a falta de comprometimento e atenção às outras queixas – inclusive no que diz respeito a vida sexual do casal – esvaziou-se ao longo do tempo.

Conhecemos as responsabilidades e compromissos que envolvem a vida conjugal, naquilo que é o prático para a manutenção do lar e da família. Dessas atividades,  parece ser prioritário tanto para as esposas quanto aos maridos o cumprimento de seus afazeres estabelecidos como metas do dia; mesmo que para isso, eles tenham que aplicar todo seu esforço físico. Dentro dessa dinâmica própria da vida conjugal, os casais podem deixar-se envolver  pelas muitas atividades que compreendem o seu dia a dia.
Contudo, é importante para eles se lembrarem de, também, valorizar outras atitudes que alimentam e fazem a manutenção do amor que desejam nutrir na relação entre homem e mulher. Pois se quando eles eram apenas namorados, foram capazes de fazer todas outras coisas e ainda disponibilizar um tempo para se prepararem para a (o) namorada (o); hoje, as manifestações de carinhos para com o cônjuge precisará ter o mesmo grau de importância.

Os momentos de namoro entre os casados não podem acontecer ou ser esperado apenas nas ocasiões de celebração do casal como aniversários de casamento, na ocasião de uma viagem, etc. Tampouco podem ficar presos a dias específicos da semana.
Se as inúmeras tarefas domésticas tanto para o marido quanto para a esposa roubam esses momentos, talvez, fosse interessante para os cônjuges incluírem naquilo que é de suas ocupações, também a vivência da intimidade como parte integrante do relacionamento.
A falta de atitude para uma mudança desgasta  qualquer  relacionamento e  no caso do casamento poderá minar  até  mesmo o desejo  em trocar beijos mais calorosos ou criar outros momentos de sedução, os quais poderiam propiciar a intimidade.

Construir as bases para esses momentos, acontecem quando lembramos que o nosso cônjuge também tem desejos íntimos que espera vivê-los com quem se casou. Vale notar que tal momento,  mais que extravasar  a libido, deverá ser  resultado de outros  gestos que ratificam uma união, na qual, seus efeitos extrapolam no  tempo e no contato físico. Tudo ganha um novo significado.
Assim, para evitar as famosas escapulidas ou justificativas como o cansaço, a falta de disposição, sono, preguiça e a mais conhecida de todas as desculpas –  a dor de cabeça – para se esquivarem da intimidade conjugal,  o casal optaria por aplicar também para a vida sexual, o mesmo grau de interesse com que valorizam suas outras obrigações.

É certo que  o  trabalho , as obrigações com a família e o lazer são importantes, contudo há  uma maneira própria de cada um,  fazer o  cônjuge se sentir, sempre,  o "número 1″ como foi em tempos de namoro.

Um abraço

Dado Moura