6 de julho de 2013

Operários para a messe

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A tarefa de ser portadores de uma vida nova

Os homens e mulheres chamados por Jesus à vida da Igreja descobrem a beleza do Seu convite, o qual se dirige a todos sem exceção. De um lado, o fascínio pela Sua Palavra, que se transforma em norma de vida em todos os setores da existência: amar a Deus e ao próximo, apaixonar-se pela Igreja, entrar numa comunidade de irmãos, participar da liturgia, identificar-se como cristãos onde quer que se encontrem. Nas próximas semanas, em torno da Jornada Mundial da Juventude, com a presença do Santo Padre, o Papa Francisco, em nosso país, veremos vir à tona a genuinidade de tantos que, no peito, levam uma cruz e, no coração, o que disse Jesus!


Como o bem tende a se difundir, todos os discípulos autênticos de Jesus Cristo são igualmente chamados à missão para sair de si mesmos e trabalhar pelo Reino de Deus. São palavras que caminham juntas, de tal forma que "discípulo" quer dizer "discípulo missionário". Não faz parte de sua proposta de vida o acomodamento e a passividade, mas a audácia, a criatividade e o testemunho. O mesmo Senhor que chamou Seus discípulos enviou-os em missão (Cf. Lc 10,1-20). Cristo lhes oferece indicações precisas, cuja atualidade deve ser reconhecida em nosso tempo pelos cristãos de todos os estados de vida e condições sociais.


São enviados! Não vivem apenas para defender suas próprias ideias, mas abraçaram com liberdade e coragem a tarefa de ser portadores de uma vida nova, descoberta no próprio Senhor. Não vivem para os próprios sentimentos ou segundo as emoções e humores de cada momento, mas se transformam em verdadeiros embaixadores. São ousados, a ponto de tomarem como próprias palavras exigentes como as pronunciadas por São Paulo, nascidas de profunda convicção: "Quanto a mim, que eu me glorie somente da cruz do nosso Senhor, Jesus Cristo. Por ele, o mundo está crucificado para mim, como eu estou crucificado para o mundo" (Gl 6,14). Onde quer que estejam possam dizer com o Apóstolo: "Trago em meu corpo as marcas de Jesus" (Gl 6, 17).

Enviados dois a dois! Para que o Senhor esteja sempre entre eles (Mt 18,20), preferem a comunhão ao isolamento, compartilham ideias e experiências, ajudam-se mutuamente, descobrem a luz que lhes vêm da caridade vivida, acolhem a correção fraterna.

Cordeiros no meio de lobos! Suas "armas" não são a agressividade e a desconfiança. Acreditar na "não violência ativa" é o desafio para sua presença na sociedade, a fim de se tornarem capazes de dialogar, acolher as diferenças entre as pessoas e tecerem novas relações, pouco a pouco, "fazendo a hora acontecer", presentes em todos os setores da vida social e política, fazendo a diferença para melhor!

Não levam bolsa, sacola nem sandálias pelo caminho! São expressões fortes usadas por Jesus para indicar aos discípulos missionários, de qualquer tempo ou cultura, que sua segurança não está na riqueza ou na quantidade de bens materiais disponíveis, mas na força da mensagem de que são portadores. Saberão, sim, usar todos os meios disponíveis, das caminhadas pelas estradas da Galileia, passando pelas grandes incursões missionárias de todos os tempos, para depois usar com inteligência e perspicácia os meios disponíveis em nossa época, sem desprezar, em qualquer circunstância, o contato pessoal.

"A paz esteja nesta casa". Dizer isso com a boca ou com o testemunho é tarefa indispensável para todos os cristãos. Serão homens e mulheres portadores daquele que traz a paz e é, ele mesmo, a paz. Sua presença ouvirá os contrários e descobrirá caminhos de reconciliação e amizade sem tomar partido que não seja o da verdade.

Aonde chegam, os discípulos missionários valorizam o que lhes é oferecido, curam os doentes e anunciam a chegada do Reino de Deus. Se o Senhor lhes concede o dom da cura e dos milagres, usam-no com humildade. Mas saberão sempre sanar pessoas e relacionamentos, com o dom mais sublime, o da caridade (Cf. 1 Cor 12,31 – 13,13).

Como encontrar tais pessoas, já que parecem tão raras, pelas suas características? "A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para sua messe" (Lc 10, 2). Só o Senhor pode transformar em operários os que se encontrarem ociosos (Cf. Mt 20, 1-16) ou fazer de possíveis mercenários autênticos pastores, dispostos a darem a própria vida. Em todos os setores da vida, da sociedade e da Igreja existem, tenho certeza, homens e mulheres que, hoje, não amanhã, podem dar uma resposta genuína ao chamado de Deus, vindo a se tornarem autênticos missionários. Encontram-se espalhados por aí e podem ser despertados pelas gritantes realidades que nos cercam, através das quais o Senhor lhes fala e convoca! Há que pedir que o Pai do Céu os acorde! Misteriosamente, Deus quer depender de nossas orações para que surjam novos missionários e para que todos os discípulos de Jesus sejam transformados em missionários!

Temos a alegria de ver que jovens nascidos em nosso meio respondem ao chamado de Deus. No dia seis de julho, data em que agradeço a Deus os vinte e dois anos de Ordenação Episcopal, quatro jovens de nossa Igreja – Everson Vianna Corrêa, Fabrício da Silva Albuquerque, Maurício Henrique Almeida dos Santos e Valdinei de Lima Silva – serão ordenados diáconos, assumindo o serviço da Caridade, da Palavra e do Altar. Assumirão publicamente, "nadando contra a correnteza" no mundo em que vivemos, o compromisso do celibato pelo Reino de Deus. Farão, conscientemente, a promessa de obediência, nas mãos do bispo, para servir o povo de Deus. Daqui a alguns meses, serão padres para a Igreja de Belém (PA). Eles aceitaram ser resposta amorosa e providente de Deus ao pedido por novas e santas vocações! Seu gesto seja testemunho vivo para muitas pessoas, crianças, adolescentes, jovens e adultos. Rezemos com a Igreja: "Enviai, Senhor, operários para a vossa messe, pois a messe é grande e poucos são os operários!".

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Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém - PA.

3 de julho de 2013

Cristo vivo em sua Igreja

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Transformamo-nos nAquele que recebemos

Caríssimos filhos, a natureza humana foi assumida tão intimamente pelo Filho de Deus, que o único e mesmo Cristo está não apenas neste homem, primogênito de toda a criatura, mas também em todos os seus santos. Disto não podemos duvidar. E como a Cabeça não pode separar-se dos membros, também os membros não podem separar-se da Cabeça. Se é certo que Deus será tudo em todos não nesta vida, mas na eterna, também é verdade que, desde agora, ele habita inseparavelmente no Seu templo, que é a Igreja, conforme Sua promessa: "Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo" (Mt 28,20).


Por conseguinte, tudo quanto o Filho de Deus fez e ensinou para a reconciliação do mundo podemos saber não apenas pela história do passado, mas experimentando-o na eficácia do que Ele realiza no presente. 


É Ele que, tendo nascido da Virgem Mãe pelo poder do Espírito Santo, por ação do mesmo Espírito, fecunda a Sua Igreja Imaculada, a fim de gerar pelo nascimento batismal uma inumerável multidão de filhos de Deus. É deles que se diz: "Estes não nasceram do sangue nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus mesmo" (Jo 1,13).

É Ele que abençoou a descendência de Abraão por meio da adoção filial de todos os povos do mundo; e o santo patriarca torna-se pai das nações quando, pela fé e não pela carne, lhe nascem os filhos da promessa.

É Ele que, sem excluir povo algum, reúne em um só rebanho as santas ovelhas de todas as nações que existem debaixo do céu e, todos os dias, cumpre o que prometera ao dizer: "Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir; escutarão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor" (Jo 10,16).

Embora tenha dito de modo especial a São Pedro: "Apascenta as minhas ovelhas" (Jo 21,17), é Ele o único Senhor que orienta o ministério de todos os pastores. É Ele quem alimenta os que se aproximam desta pedra, com pastos tão férteis e bem irrigados, que inúmeras ovelhas, fortalecidas pela generosidade do seu amor, não hesitam em morrer pelo Pastor, o Bom Pastor que deu a vida por Suas ovelhas.

É ele que une à Sua Paixão não apenas a gloriosa fortaleza dos mártires, mas também a fé de todos aqueles que renasceram nas águas batismais.

É nisso que consiste celebrar dignamente a Páscoa do Senhor com os ázimos da sinceridade e da verdade: tendo rejeitado o fermento da antiga malícia, a nova criatura se inebria e se alimenta do próprio Senhor.

A nossa participação no Corpo e no Sangue de Cristo age de tal modo que nos transformamos naquele que recebemos. Mortos, sepultados e ressuscitados n'Ele, que o tenhamos sempre em nós, tanto no espírito quanto no corpo.

São Leão Magno

Papa e Doutor da Igreja – Século V

1 de julho de 2013

Olhe para Jesus

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Ele é nosso sustento e fortaleza

"Quando viu Pedro e João entrarem no templo, o homem pediu uma esmola. Pedro, com João, olhou bem para ele e disse: 'Olha ara nós!' O homem ficou olhando para eles esperando receber alguma coisa. Pedro então disse: 'Não tenho ouro nem prata, mas o que eu tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda!' E tomando-o pela mão direita, Pedro o levantou" (At 3,3-7).


Ao olhar para o coxo, Pedro lhe diz: "Olha para nós!". O Senhor está olhando para cada um de nós e nos dizendo: "Olhe para mim!".

Para nos levantarmos precisamos estar com os olhos fixos no Senhor. Ninguém consegue subir na vida se não tiver uma meta, um objetivo bem delineado. Se não soubermos para onde ir, não chegaremos a lugar nenhum. Se não olharmos fixamente para Jesus e enxergarmos um Deus compassivo, amoroso, poderoso, que está ao nosso lado, não conseguiremos nos erguer diante das quedas.

As pessoas permanecem caídas, porque ficam olhando para o chão, para os seus problemas, para os "arranhões", para seu próprio umbigo. Quando não temos a capacidade de mudar o foco da nossa vida, não conseguimos transformá-la.


Vários jovens me procuram para ajudá-los em algumas situações pelas quais estão passando. Certa vez, uma garota trouxe-me o caso do rompimento do seu namoro, que a machucou muito. Ela não soube reagir diante dessa perda, não conseguia se alimentar, entrou em depressão, perdeu peso, continuou ligando pra ele, enviando e-mail etc., ou seja, ela ainda não se desvinculara da situação, e por não conseguir se desprender, não conseguiu a cura e continuou prostrada no chão.

O que poderia dizer para essa jovem e para tantos outros que vivem situações semelhantes? "Você precisa mudar o foco da sua vida. Afaste-se de tudo o que lembra o seu namoro, ponha, diante dos seus olhos, outras atividades".

Não podemos ficar olhando o erro cometido e chorando por ele, pois isso não vai adiantar nada. O pecado que você cometeu deve ser superado, você não pode mais ficar remoendo o erro, curtindo a dor e a infelicidade, pois "a tristeza mata muitos e não traz proveito algum" (Eclo 30,25). É preciso mudar o foco, olhar em outra direção.

Caso você esteja vivendo em um "beco sem saída", no qual, mesmo olhando para frente, para trás, para os lados, nada consegue enxergar. Hoje, você é convidado a olhar para cima. Quando Pedro disse "olhe para nós", ele quis dizer para aquele coxo: "olhe para o alto, para cima, para o Céu, para o lugar de onde vem o socorro". "Levanto os olhos para os montes: de onde me virá auxílio? Meu auxílio vem do Senhor, que fez o céu e a terra" (Sl 121,1-2).

Depois de nos tentar e de nos fazer cair no pecado, o demônio tem o prazer de nos acusar e de nos fazer remoer o nosso erro. Ele quer que fiquemos como os porcos, que vivem olhando para baixo, lambuzados na lama. Basta! Hoje, é o dia em que ouvimos o convite ou mesmo a ordem do próprio Jesus: "Olhe para mim"!

Acredite, meu irmão, você que está caído, que se sente fraco, olhe para Jesus. Quantas vezes, durante minha caminhada, quando me senti pequeno, fraco, medíocre, com vontade de desistir, de "chutar o pau da barraca", fui até a capela e, ali, fiquei olhando para o Senhor dizendo: "Ajuda-me! Ajuda-me!". Esse é o momento de olhar para o alto, de fixar o olhar no Senhor.

Se não tivermos a capacidade de olhar para o nosso Deus, não conseguiremos nos levantar de verdade. Olhar para Jesus é reconhecer que Ele é o nosso sustento, nossa fortaleza, nosso Deus e Senhor. Olhar para Cristo é buscá-Lo nos sacramentos da Igreja, é adorá-Lo no Santíssimo Sacramento, é buscá-Lo na Palavra. Essas são as formas de olhar para o Senhor nos dias de hoje.

O Senhor nos diz: "Olhe para mim". Pedro diz: "Olha para nós!". Olhe para a Igreja, para os seus irmãos, para a comunidade cristã. Você não está só! E não pode viver o levantar-se sozinho. É preciso olhar ao seu redor e enxergar e discernir os verdadeiros irmãos em Cristo, amigos pela fé que o ajudarão a se levantar.

(Extraído do livro "Levante-te e anda. O desafio de chegar até o fim")

 

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Emanuel Stênio

Emanuel Stênio nasceu em Martins (RN) e é consagrado na Comunidade Canção Nova desde 2006. Atua como cantor católico, compositor, pregador, apresentador de TV, locutor de rádio e escritor. Atualmente, faz parte do ministério Amor e Adoração. 

28 de junho de 2013

Deus, o grande esquecido

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O estilo de Deus é a paciência

"A história demonstra que, quando o homem arranca Deus de sua consciência, também arranca do coração as fibras do bem que o ajudam a não cometer monstruosidades. Perdendo Deus, o homem perde também a humanidade" (Cardeal Angelo Amato - Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos).


Ao receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1970, Alexander Soljenítsin, famoso historiador e escritor russo, pronunciou essas palavras: "Consagrei-me durante 50 anos ao estudo. Li centenas de livros, reuni muitos testemunhos pessoais, publiquei oito obras. Hoje, se tivesse de resumir o mais brevemente possível a verdadeira causa de nosso problema, só teria uma explicação: o homem esqueceu-se de Deus... E se me pedissem que dissesse claramente qual a maior ameaça, ainda assim não acharia outra coisa a dizer, senão que o homem se esqueceu de Deus".


Os jornalistas não deram muita atenção a este chamado para voltarmos ao Senhor. Contudo, reconheçamos que a conclusão do escritor é oportuna. A Sagrada Escritura apresenta a história da humanidade, que optou por viver sem Deus como um drama renovado constantemente. Os progressos que o homem faz só mostram, de maneira mais evidente, as limitações e o abismo que o separa da satisfação plena. De fato, os progressos não beneficiam a todos e não preenchem o vazio do coração.

A constatação de Soljenítsin nos lembra que Deus, amorosamente, sempre nos convida a voltarmos para Ele. Primeiro, é necessário reconhecer, diante d'Ele, que O temos desprezado. De muitas maneiras O temos desprezado. Peça perdão ao Pai e volte para Ele, que é bom e misericordioso em perdoar, "e pronto a renovar sua vida, e abundante em benignidade para todos os que te invocam" (Salmo 86,5). "Vinde e tornemos ao Senhor" (Oséias 6,1). Só no bom Deus se encontra o verdadeiro sentido para a vida.

"A tentação de colocar Deus de lado para, assim, colocarmos a nós mesmos no centro, está sempre à espreita. Deus é paciente com os homens, porque os ama; e quem ama compreende, espera, dá confiança, não abandona, não corta as pontes, sabe perdoar. O estilo do Senhor é a paciência. Ele nunca se cansa de perdoar. Somos nós quem nos cansamos de Lhe pedir perdão. Voltemos ao Senhor, pois ele nos espera para nos perdoar", assim declara como pastor amoroso o Papa Francisco (L'osservatore Romano, 14/04/2013, pp.1 e 3).

O bom Deus vive em amor nas profundezas do nosso ser. O grande gênio, bispo e doutor da Igreja, Santo Agostinho exclamava: "Deus me é mais íntimo que meu íntimo, mais íntimo que eu a mim mesmo".

 

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Padre Inácio José do Vale
pe.inacio.jose@gmail.com

 

Padre Inácio José do Vale é professor de História da Igreja no Instituto de Teologia Bento XVI (Cachoeira Paulista). Também é sociólogo em Ciência da Religião.

27 de junho de 2013

Oração pela Canonização de Rosalie Rendu - Frederico Ozanam


1786-1856 1813-1853
Deus, Pai pleno de misericórdia,
Vós que inspirastes o bem-aventurado Frederico Ozanam,
pai de família e professor na Sorbonne,
principal fundador
da Sociedade São Vicente de Paulo,
e a bem-aventurada Rosalie Rendu,
Filha da Caridade,
apóstola do bairro Mouffetard em Paris,
a amar o Cristo em seus irmãos, os mais pobres.
Concedei-nos as graças que vos pedimos
pela intercessão de ambos,
para que a Igreja possa proclamá-los santo e santa,
e revelar sempre mais o vosso Amor
aos mais fracos e mais necessitados
Por Jesus Cristo, Nosso Senhor.
Amém.

26 de junho de 2013

Protagonistas

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Alegria por ver o despertar dos jovens

Daqui a exatamente um mês, estaremos iniciando a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro (RJ). Antes de nos encontrarmos no Santuário Mundial da Juventude, os jovens viverão a "Semana Missionária" por todas as cidades do Brasil. Eis um tempo de graça e esperança!


Na oração oficial da JMJ, nós concluímos pedindo que, impulsionados por este momento único, os jovens se tornem "grandes construtores da cultura da vida e da paz e os protagonistas de um mundo novo".

É justamente isso que tenho visto por onde tenho encontrado os jovens. É o que constatamos com a peregrinação dos símbolos da JMJ por todos os cantos do mundo e, agora, nestes dois últimos anos, pelo nosso país.

Basta ver o "Comitê Organizador Local" – o COL – para perceber a maioria de jovens que decide e organiza o evento mundial com capacidade, criatividade, animação. Também sabem vencer as dificuldades e problemas que a cada momento ocorrem numa organização como essa.

Nestes dias em que os jovens brasileiros expõem ao mundo seus anseios de uma vida mais justa, fraterna e com dignidade, focando de maneira especial na saúde, educação e transporte, vemos a importância desse momento para o país. Esse programa precisa ser acrescentado com o saneamento básico, dignidade de moradia, segurança, lazer, alimentação e tantos outros ítens. Como teremos aqui, durante a JMJ, jovens de mais de 172 nações, a partilha de experiências poderá ajudar o mundo a ser diferente com o protagonismo deles. 


Em todas as dioceses por onde passaram os símbolos da JMJ, o testemunho foi sempre de entusiasmo e participação. É alegria por ver o despertar dos jovens.

O interesse de todos para participar da JMJ aparece a cada momento e para nós, organizadores, isso soa como um momento de comunhão, de unidade em meio a tanta diversidade.

Temos valores que norteiam nossas vidas e também nosso trabalho. Acreditamos que os valores cristãos que marcam a nossa civilização poderão ser a luz que ilumina todos os anseios de um mundo novo nascendo em nosso tempo.

Por isso, é providencial que tenhamos justamente neste tempo esse momento com os jovens do mundo e com o Papa Francisco. É a graça de Deus que nos precede e nos alimenta em nossa esperança e caminhada.

Os episódios lamentáveis que alguns grupos minoritários causaram nestes dias demonstram como necessitamos de uma espiritualidade para alimentar o coração e curar feridas e, assim, construir positivamente esse sonhado tempo novo.

Nós cremos num mundo novo com Cristo Ressuscitado! A boa notícia que nos enche a vida a cada momento deve ser extravasada para contagiar, com uma alegria incontida, todos os que de nós se aproximam nesses dias de partilha de vida em nossa JMJ.

Os jovens que vêm como peregrinos, fazendo sacrifícios para estarem aqui conosco, encontrarão uma família de irmãos e irmãs que os acolhem. Encontrarão uma cidade que, à semelhança do Cristo Redentor, os acolhe de braços abertos. Irão encontrar seus irmãos jovens que anseiam, como eles, por dias melhores para a sociedade. O jovem é protagonista de tudo isso. Eles estiveram no início de tudo e estarão nas consequências como protagonistas desse mundo novo.

Teremos muitos legados importantes da JMJ: rede para atender os dependentes químicos, educação ecológica, sustentabilidade, acessibilidade, trabalho em conjunto com entidades internacionais e nacionais sobre paz, justiça, futuro. Viveremos isso no diálogo com as religiões e entre os cristãos. Teremos também a oportunidade da admiração do belo e da arte para os que em nada creem. Mas a grande herança que queremos deixar para todos é a esperança de um "novo amanhecer" para o mundo. É ver os sonhos que todos trazem em seus corações terem caminhos de solução. Em tempos de tantas situações e diversidades o poder dizer, providencialmente, que "o mundo tem jeito" e que a esperança deve estar presente no olhar de cada jovem será um legado que eles levarão para sempre em seus corações.

E diante de tudo isto, depois de tantas controvérsias, trabalhos, incompreensões, lutas, preocupações poderemos olhar para traz com alegria do dever cumprido e, voltados para o futuro, dizer: "valeu a pena"! Deus seja louvado por esse dom que nos concedeu!

 

Dom Orani João Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ) 

24 de junho de 2013

Frederico Ozanam para além das Conferências

Aos quinze anos ofereceu, como primeiro fruto de seu grande talento e sua experiência em escrever, um livro de poesias a seu pai e outro para sua mãe, demonstrando sua grandeza de alma e sua profunda piedade filial.

Aos dezoito anos publicou dois importantes artigos: um documento e um folheto refutando o sansimonismo e critica a propriedade privada porque conduz a uma organização anárquica da produção e consagra a exploração do homem pelo homem.

No outono do mesmo ano (1831), foi a Paris para estudar Direito seguindo a vontade de seu pai, em vez de Letras, como ele próprio desejava.

Aos vinte e três anos (30 de Abril de 1836), obteve o doutorado em Direito por Sorbonne; e aos vinte e seis anos (07 de Janeiro de 1839) o doutorado em Letras,

No dia 16 de Dezembro de 1839 pronunciou um discurso de abertura da Cátedra de Direito Comercial em Lyon. Vencendo seus sentimentos, que desejavam proximidade dos laços familiares e sociais, voltou para Paris onde no dia 30 de Outubro de 1840, com vinte e sete anos obteve a licenciatura de Línguas Estrangeiras por Sorbonne,

Viu claramente que sua vocação não era para o sacerdócio seguindo o exemplo e os passos de seu amigo, o Pe. Lacordaire. Escreveu numa carta de 26 de Agosto de 1839:

"E para falar com o coração na mão… a incerteza de minha vocação se manifesta mais inquieta como nunca…".

O casamento de Antônio Frederico Ozanam tornou-se um acontecimento famoso na história da Igreja. Pelo menos dois Sumo Pontífices se referiram a ele. O primeiro foi o Papa Pio IX, a quem Frederico visitou poucos anos antes de sua morte.

O Segundo foi o Papa João Paulo I, que numa de suas audiências do seu breve pontificado relatou o assunto ao tratar do matrimônio:

"No século passado havia na França um professor insigne, Frederico Ozanam; ensinava em Sorbonne, sendo eloquente e esplêndido. Tinha um amigo, Pe. Lacordaire, que costumava dizer: Este homem é tão admirável e tão bom que será sacerdote e chegará a ser um bispo. Porém não foi assim. Encontrou uma excelente senhorita e se casaram. O Pe. Lacordaire não se sentiu bem com isso e disse: Pobre Ozanam! Também caiu na armadilha! Dois anos mais tarde, Lacordaire veio a Roma e foi recebido pelo Papa Pio IX que lhe disse: Eu sempre ouvi dizer que Jesus instituiu sete sacramentos. Agora vem você, mexendo as cartas na mesa e me diz que foram instituídos seis sacramentos e uma armadilha. Não é assim padre! O Matrimônio não é uma armadilha, é um grande sacramento!" (João Paulo I, 13 de setembro de 1978).

Frederico Ozanam reforçava dia após dia o seu prestígio profissional como professor, como advogado e como escritor muito requisitado pela imprensa católica.

O Sr. Montalembert o incentivou a colaborar com "O Universo Católico" na obra de propagação da fé.

O Pe. Lacordaire pediu-lhe por carta:

"Não há desculpas para não escrever. Não nego que o trabalho de escrever é difícil, mas a imprensa converteu-se numa força poderosa, tão poderosa que não podemos abandoná-la. Escreva, não para nossa glória, senão para a glória de Jesus Cristo… E quanto a você, deve encontrar motivo de alento em tudo o que publicou até agora. Seu estilo tem vida e esplendor, e possui ainda uma erudição que o ajuda. Insisto que trabalhe nisto. Se eu fosse o diretor de sua consciência não insistiria, eu o obrigaria".

Quando Frederico Ozanam queixa-se sobre as condições em que as famílias Pobres estavam condenadas a viver, não queria que sua pobreza fosse amenizada somente dando esmola. Sugeriu também melhoria na estrutura econômica que causava a pobreza.

Quando lecionava direito comercial, incentivava os estudantes a olharem para sua profissão não como algo isolado, senão como parte integrante da sociedade. Sua formação não deveria ter como objetivo adquirir simplesmente um status profissional. O direito deve ser apreciado como um verdadeiro serviço.

Às vezes pronuncia severas advertências. Como antecipando os pensamentos do Papa Pio XI – que a maior tragédia da Igreja da França durante o século XIX foi a perda da classe operária – Frederico critica não só os empresários mas também alguns padres:

"Se um grande número de cristãos e particularmente de clérigos, tivessem se preocupado com as classes operárias durante os últimos dez anos, estaríamos mais seguros acerca do futuro; e todas nossas esperanças descansam no pouco que foi feito até agora".

Uma advertência aos cristãos:

"Todos eles possuem fé, porém uma fé que não é nem quente nem fria; mesmo assim praticam sua religião com frequência sem entendê-la. Devemos introduzir a luz dentro desta obscuridade, aquecer este frio; edificação, mais que conversão, é a necessidade primordial. Devemos moldá-los para a santidade".

Frederico Ozanam – Carta ao seu irmão Afonso em 1848:

"Há exploração quando o patrão considera o operário não como um associado ou como um auxiliar, mas como um instrumento, do qual se tenta tirar o máximo proveito pelo menor preço possível. Mas a exploração do homem pelo homem é escravidão. O operário-máquina é então apenas uma parte do capital, como o escravo dos antigos; o trabalho torna-se escravidão".

Frederico Ozanam é um precursor reconhecido da Doutrina Social da Igreja. Por ocasião de sua beatificação, o Papa João Paulo II disse sobre Frederico Ozanam:

"A Igreja confirma hoje a escolha de vida cristã feita por Frederico Ozanam, assim como o caminho que ele empreendeu. Caridade e justiça caminham juntas pois nenhuma sociedade pode aceitar a miséria como uma fatalidade, sem que a sua honra não seja atingida. É assim que se pode ver nele um precursor da Doutrina Social da Igreja, que o Papa Leão XIII desenvolverá alguns anos mais tarde na Encíclica Rerum Novarum". João Paulo II, 22/08/1997

Frederico Ozanam é um santo moderno. Sua visão e suas atividades desenvolveram-se num ambiente semelhantes ao de hoje, e os problemas de sua época são os problemas de nossos dias. Ele não foi somente uma figura piedosa. Foi um homem de ação, comprometido com a justiça e a evangelização dos Pobres.

Autor: Joelson C. Sotem, CM

Fonte: http://pt.vicencianos.org/frederico-ozanam-para-alem-das-conferencias/