5 de abril de 2013

Um dia triste

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Aproveite a hora de tristeza para purificar as suas motivações

Quem já não teve um dia triste em sua vida? Podem existir ou não razões concretas, mas essas pequenas variações de humor são normais e precisam ser administradas com sabedoria. Não estou falando da depressão, uma doença que deve ser tratada, mas daquele desânimo passageiro que nos deixa um pouco "para baixo".


O próprio Jesus sentiu uma profunda tristeza quando se aproximou o momento em que seria morto na cruz. Conta a Bíblia que Ele convidou três dos Seus melhores amigos para ir a um lugar afastado onde queria rezar, mas não queria estar sozinho.

Este é o primeiro erro que, normalmente, cometemos quando a tristeza bate à nossa porta. Nós a convidamos para entrar e ficamos curtindo-a de maneira solitária, com nossos "botões". A solução é ter a humildade de pedir a ajuda de Deus e dos amigos.


Rezar é o primeiro remédio, realmente eficaz, diante da tristeza. Deus nos ouve e encontra sempre uma maneira, surpreendente, de nos consolar. O que acontece é que, muitas vezes, estamos tão chateados que nem temos inspiração para dizer nada a Deus. E precisa?! Nesses momentos, todas as palavras dizem quase nada e uma palavra parece que já é demais. Mas, então, como rezar?


Uma sugestão é abrir a Bíblia e ler um salmo qualquer. Você verá que a tristeza estava no coração dos autores de muitos daqueles poemas sagrados. Alguns estavam até indignados com Deus. Escutamos frases extremamente verdadeiras como: "debaixo dos salgueiros penduramos nossas harpas e nos pusemos a chorar. Como cantar em uma terra estranha?!".

É sinal de maturidade espiritual mostrar o coração para Deus do jeito que ele se encontra. O Senhor não quer nos ver maquiados ou com algum tipo de máscara. O próprio apóstolo Paulo, quando nos aconselha, reconhece que, nem sempre, estamos tão bem: "Está alegre? Cante! Está triste? Reze!".

Santos e sábios procuraram entender essa dinâmica interior. Inácio de Loyola, por exemplo, a chamou de "moções". Seriam movimentos de ânimo que variam de consolação para desolação. Vale a pena conhecer os Seus Exercícios Espirituais, nos quais ele estabelece regras para discernir o significado desses "sentimentos místicos".

Dizem que até a grande Santa Teresa d'Ávila viveu grandes momentos de tristeza espiritual. Apesar disso, manteve-se fiel. Este é um sinal muito seguro de que o amor é autêntico. Quando vivemos momentos de euforia, não podemos ter certeza de que aquilo que estamos fazendo é movido por "puro amor".

Aproveite a hora de tristeza e desolação para purificar as suas motivações. Lembre-se: nada como um dia depois do outro.

(Trecho extraído do livro "Pronto, falei!")

4 de abril de 2013

O que é a sadia convivência?

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A comunidade nos impulsiona a sermos santos

Faz parte do carisma da Comunidade Canção Nova uma regra de vida muito importante: homens e mulheres vivendo, juntos, em sadia convivência. Mas o que é isso? É viver com naturalidade e sinceridade os nossos relacionamentos - o termo "sadio" é antônimo de "doente".


Hoje, vivemos numa sociedade doente, marcada pela pornografia, pela malícia nos relacionamentos, pelas brincadeiras inconvenientes, e tudo isso conduz para o sensual. Mas quando vivemos de forma sadia, tudo isso precisa ser eliminado. A Palavra de Deus nos diz: "Não vos conformeis com este mundo" (cf. Rm 12,2)


"A imoralidade sexual e qualquer espécie de impureza ou cobiça nem sequer sejam mencionadas entre vós, como convém aos santos. Nada de palavrões ou conversas tolas, nem de piadas de mau gosto: são coisas inconvenientes; entregai-vos, antes, à ação de graças. Pois, ficai bem certos: nenhum libertino ou impuro ou ganancioso - que é um idólatra - tem herança no reino de Cristo e de Deus" (Ef 5,3-5).


Tenho a graça de relacionar-me bem com minhas irmãs e com meus irmãos de comunidade, e isso tem sido para mim motivo de realização pessoal, pois eu era uma pessoa tímida, introvertida, mas a nossa sadia convivência curou também o meu temperamento, a minha forma de lidar com as pessoas.

Hoje, aconselho muitos jovens e luto com eles na busca da cura dos seus afetos. Uma coisa está ligada à outra, não podendo, portanto, separar o afetivo do sexual, sabendo que em Deus buscamos o equilíbrio.

A comunidade nos ajuda a buscar a santidade, ela nos impulsiona a sermos santos. Se você busca esses propósitos, ressurge, no coração, o desejo de corresponder, buscando uma vida íntegra e equilibrada.

"Filho, pecaste? Não tornes a fazê-lo; e suplica pelas faltas passadas, para que te sejam perdoadas. Foge dos pecados como de uma cobra: se deles te aproximares, te morderão" (Eclo21,1-2).

Há pessoas que, com a boa intenção de ajudar o outro, começam a se aproximar dele sem conhecer suas fragilidades. O resultado, no entanto, pode ser desastroso, porque, em vez de ajudar, acabam provocando sentimentos que prejudicam a vida do outro. É maravilhoso perceber essa preocupação de São Pedro: "Vociferando discursos pomposos e vazios, aliciam nas paixões carnais e na libertinagem aqueles que há pouco escaparam dos que vivem no erro. Prometem-lhes a liberdade, enquanto eles mesmos continuam escravos da corrupção. Pois cada um é escravo de quem o domina" (2Pd 2,18-19).

Dom Bosco dizia que para salvar os jovens ele iria até as últimas consequências, mas era preciso ser prudente. Há confusão quando não há maturidade.

Temos um modelo na nossa comunidade: Padre Jonas Abib, o qual atingiu a maturidade na sua sexualidade. Assim como Paulo diz às comunidades: "Sede meus imitadores", o meu fundador também diz: "Sejam meus imitadores, meus filhos". Mas é preciso construir um caminho de luta, de sacrifício, de esforço, dedicação e zelo. Porém, se você busca a castidade, mas não consegue se desvencilhar dos filmes pornográficos e das sessões de piadas, como ser curado?

A Igreja nos ensina que o diabo não entra na nossa vontade, ele apenas age de acordo com nossas sensações, nossos impulsos; ele percebe que houve uma brecha naquele determinado lugar e entra. Dentro de você precisa haver uma disposição interior para fechar todas as brechas.

Somente conseguiremos ser homens profundamente curados na nossa afetividade e sexualidade pelo poder do Espírito Santo. A cada dia, peçamos esta graça para que sejamos homens curados e plenos do amor de Deus.

 

Padre Edimilson Lopes - Comunidade Canção Nova

(Trecho extraído do livro "A cura da nossa afetividade e sexualidade"

2 de abril de 2013

Deixa eu te contar uma coisa...

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Cuidado com as tais "mentirinhas"!

Primeiro de abril – um dia em que, por razões desconhecidas, alguém, com pouca intimidade com a verdade ou com grande inclinação para promover tumultos, tenha estimulado e convencido outros a praticar aquilo que lhe era peculiar: mentir!


De repente, um fato toma proporções incontroláveis e cruza o país sem que ninguém possa confirmá-lo. Já ouvimos histórias sobre moedas de um centavo, as quais teriam sido cunhadas em ouro branco, ou outros fatos mais estranhos, como quem se expõe por muito tempo na chuva tem um envelhecimento precoce.

Não sabemos de onde vêm nem tampouco como surgem os grandes boatos. Muitas vezes, eles surgem a partir de um fato que realmente aconteceu; outras vezes por algumas pessoas que fazem suas próprias conjecturas e começam a divulgar uma história, a qual, de fato, estaria muito longe da verdade.


Não podemos nos esquecer de relatar também outros boatos envolvendo personalidades do meio televisivo "assassinadas" pelos boatos ou cujos casamentos teriam sido rompidos, assim como histórias fantasiosas de adultérios e tantas outras invenções, as quais acabam sendo massificadas nas conversas dos mais ávidos por novidades.


Com a facilidade oferecida pela tecnologia, atualmente qualquer pessoa tem acesso a uma página na internet, a um blog, assim como pode facilmente divulgar, por correio eletrônico, uma fofoca para uma infinidade de pessoas por meio das comunidades virtuais.

Foi-se o tempo em que as mentiras, boatos ou fofocas ficavam somente nas fronteiras dos muros, portões ou peitoris das janelas das comadres, que quase sempre começavam suas conversas com a famosa expressão: "Deixa eu te contar uma coisa…." E a partir disso, muita coisa fluía!

E como bem diz o ditado popular: "O uso do cachimbo faz a boca torta", se começarmos a lançar mão de pequenas "mentirinhas", quer seja no dia Primeiro de Abril, quer seja nos outros 364 dias do ano, facilmente poderemos adquirir o hábito de nos envolver num mundo irreal, no qual se tornaria difícil para a própria pessoa perceber se o que diz é realmente uma verdade ou uma mentira.

Assim, precavendo-nos dos encalços dos maus hábitos, tomemos como regra a instrução: "Protege seus ouvidos com uma sebe de espinhos; não dê ouvidos à língua maldosa e põe em tua boca uma porta com ferrolhos" (Eclo 28,28). Deste modo, tomaremos o cuidado de, antes de fazer qualquer comentário, refletir sobre a veracidade e a necessidade de se propagar uma notícia, pois muitos homens morreram pelo fio da espada, mas não tanto quanto os que pereceram pela sua própria língua (cf. Eclo 28,22).

Deus abençoe o nosso proceder à cada situação.

Abraços e até o próximo encontro!

 

1 de abril de 2013

Sim, nosso Deus está vivo!

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Nada pode abalar esta certeza que temos

Sim, você pode comemorar. Hoje é dia de festa: Cristo ressuscitou! E esta certeza de fé, que trazemos dentro de nós, nada nem ninguém poderá abalar.


A você que está acamado e padece de uma grave enfermidade, que chora por uma perda tão recente, a você que sofre a terrível punhalada de uma traição conjugal, está passando por alguma necessidade financeira ou ainda enfrentando uma terrível crise existencial... Enfim, a você que desanimou na caminhada, cansou ante o peso da cruz que carrega, titubeou na luta contra o mal, eis a melhor notícia da sua vida: o seu Deus vive!

Sim, Deus está vivo! Não há mais razão para nos desesperarmos, pois Aquele que removeu a pedra do túmulo, onde se encontrava o Corpo chagado de Seu Unigênito Filho, agora O levanta dentre os mortos. É verdade, Cristo ressuscitou!


É pela força da Sua Ressurreição que se remove também a pedra da indiferença e da apatia que nos impedia de enxergar Sua Luz. O sepulcro está vazio! Ouça, neste dia de júbilo, a voz daqueles anjos que dizem a mim e a você o mesmo que disseram àquelas mulheres: "Por que estais procurando entre os mortos Aquele que está vivo? Não está aqui. Ressuscitou!" (Lc 24, 5-6).


A Palavra de Deus nos assegura que o discípulo amado, diante do sepulcro vazio e das faixas de linho no chão, "viu e creu" (Jo 20,8). E como é bom poder ver e acreditar!

Trabalhando no Portal Canção Nova, toda equipe de produção toca, diariamente, em inúmeros relatos de vidas transformadas, famílias restauradas, pessoas que largaram seus vícios, corações que reencontraram a esperança e o sentido de viver. Tudo isso, porque houve o encontro não com "algo", mas com Alguém: Jesus ressuscitado, pois ninguém continua sendo a mesma pessoa após esse marcante encontro.

Concluímos com este ensinamento do grande Santo Agostinho, Bispo e Doutor da Igreja, o qual nos ensina: "A Paixão do Senhor mostra-nos as dificuldades da vida presente, em que é preciso trabalhar, sofrer e por fim morrer. A ressurreição e glorificação nos revelam a vida que, um dia, nos será dada. Agora, pois, irmãos, vos exortamos a louvar a Deus. É isto o que todos nós exprimimos mutuamente quando cantamos: Aleluia".

Cantemos nesse dia, com toda a Igreja, o "Aleluia" cheio de entusiasmo! E que esse canto vibrante invada todas as áreas da nossa existência. Hoje, a tristeza, a dor, a decepção e a obscuridade do pecado perdem sua força em nossa vida. Deixemo-nos envolver por essa Luz!

Segue, mais uma vez, nosso convite: comemore conosco a Ressurreição de Jesus com alegria e santidade. Façamos uma linda festa - aqui na Terra - para celebrar a vitória da vida sobre a morte, na certeza de que outra festa (ainda mais bela e incomparável) acontece no Céu ante esta maravilhosa notícia: o nosso Rei e Senhor vive eternamente. Aleluia!

Desejamos a você e sua família uma Santa e Feliz Páscoa!

Equipe do Portal Canção Nova

28 de março de 2013

Eucaristia, manjar de vida

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Ela nos sustenta no meio das aflições que encontramos neste mundo

É muito belo, meus irmãos, passar de uma festa para outra, de uma oração para outra, de uma solenidade para outra. Aproxima-se o tempo que nos traz um novo início e o anúncio da Santa Páscoa, na qual o Senhor foi imolado.


Do Seu alimento nos sustentamos como de um manjar de vida, e a nossa alma delicia-se com o Sangue precioso de Cristo como numa fonte. Contudo, temos sempre sede desse Sangue, sempre O desejamos ardentemente, mas o nosso Salvador está perto daqueles que têm sede, e na Sua bondade, convida todos os corações sedentos para o grande dia da festa, dizendo: "Se alguém tem sede, venha a mim, e beba" (Jo 7,37). 


Sempre que nos aproximamos d'Ele para beber, Ele nos mata a sede; sempre que pedimos, podemos nos aproximar do Senhor. A graça é própria desta celebração festiva, não se limita apenas a um determinado momento; nem seus raios fulgurantes conhecem ocaso, mas estão sempre prontos para iluminar as almas de todos que o desejam. Exerce contínua influência sobre aqueles que já foram iluminados e se debruçam, dia e noite, sobre a Sagrada Escritura. Estes são como aquele homem que o Salmo proclama feliz quando afirma: "Feliz aquele homem que não anda conforme o conselho dos perversos; não entra no caminho dos malvados nem junto aos zombadores vai sentar-se; mas encontra seu prazer na lei de Deus e a medita, dia e noite, sem cessar" (Sl 1,1-2).


Por outro lado, amados irmãos, o Deus que, desde o princípio, instituiu esta festa para nós, concede-nos a graça de celebrá-la cada ano. Ele que, para nossa salvação, entregou à morte Seu próprio Filho, pelo mesmo motivo nos proporciona esta santa solenidade que não tem igual no decurso do ano.

Esta festa nos sustenta no meio das aflições que encontramos neste mundo. Por ela, Deus nos concede a alegria da salvação e nos faz amigos uns dos outros. Conduz-nos a uma única assembleia, unindo espiritualmente a todos em todo lugar, concedendo-nos orar em comum e render comuns ações de graças, como deve-se fazer em toda festividade. É este um milagre de sua bondade: congrega, nesta festa, os que estão longe e reúne, na unidade da fé, os que, porventura, encontram-se fisicamente afastados.

 

Santo Atanásio, Bispo – Século IV

(Trecho extraído do livro "Alimento Sólido" de Prof. Felipe Aquino)

27 de março de 2013

Família, escola do perdão e da vida

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Precisamos amar e valorizar a família que temos

Sabe qual é a maior família que existe? É a que nós possuímos, por mais frágil e complicada que ela seja.


Sabe qual é o pior inimigo do real? Pensou? O pior inimigo do real – da família real, daquela que temos – é o ideal. É aquela "ideia" que carregamos acerca de um modelo, cuja realidade toda é "obrigada" a se adequar, mas que – definitivamente – não corresponde à nossa realidade.

Nem sempre o real corresponderá aos nossos ideais, e quase perenemente precisaremos, com leveza e maturidade, nos reconciliar com o real para podermos, a partir dele, construir uma encarnada felicidade. A felicidade só será possível a partir da verdade e da realidade que, verdadeiramente, nos compõem.

Como dizia o poeta: "Eu sei que a vida devia ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita: é bonita, é bonita e é bonita (Gonzaguinha). E por mais que a vida nos apresente problemas e deformidades, ela sempre será um palco de belezas no qual precisaremos protagonizar nossa história. 


Nossos familiares são mesmo, inúmeras vezes, imperfeitos e muito difíceis de conviver. Todavia, é no solo dessa verdade (de nossa verdade) que precisamos nos assumir e, com bravura e heroísmo, nos lançar na construção da felicidade e de suas específicas exigências.


Precisamos amar e valorizar a família que temos: o pai, a mãe, os irmãos que Deus nos deu, independentemente de como são. Sem dúvida, isso não é fácil e se revela como realidade muito desafiadora. Entretanto, ninguém poderá construir uma vida verdadeiramente feliz sem ter a consciência tranquila pelo fato de ter lutado pelos seus e de não os ter abandonado em virtude de suas fraquezas.

Percebo como muito sábio e real o ditado que diz: "Quer conhecer alguém? É só observar como ele trata seus pais", pois uma consciente e constante atitude de desamor com relação aos próprios pais revela uma séria e profunda deficiência no caráter e na forma de se relacionar.

Nossos familiares (os pais e os demais) manifestam nossas raízes e nossa identidade, e negá-los seria negarmos a nós mesmos.

Nossa família sempre oferecerá possibilidades, seja por meio de alegrias ou de dores, para nos tornarmos pessoas melhores. Nela, poderemos viver a relação e a abertura aos demais (não sem conflitos, é claro), assim compreendendo que não somos o centro "absoluto" do mundo.

Na família aprendemos – por bem ou por mal - a repartir o que temos e o que somos, com a possibilidade de, constantemente, frequentar a escola do perdão. Assim aprenderemos a oferecer, aos outros e a nós mesmos, uma nova chance diante de cada circunstância ou erro cometido.

Pela família aprendemos a compreender a imensa fragilidade humana que envolve a todos, percebendo-nos também como seres fracos e constantemente necessitados de ajuda e atenção.

Enfim, a família é uma escola de vida e de construção da felicidade; nela, o ser tem espaço para, de fato, "ser" e acontecer.

 

(Trecho extraído do livro "Construindo a felicidade")

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Padre Adriano Zandoná

25 de março de 2013

A maturidade da Igreja

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Os cardeais elegeram o Papa conforme a sua consciência

Durante muitos séculos da História da Igreja, sobretudo por ocasião dos Conclaves para eleger o novo Pontífice, as interferências políticas dos governos foram brutais.


Reis, imperadores, ditadores e presidentes procuravam influenciar diretamente nas eleições do Papa: "Diga aos cardeais que o meu candidato é fulano", ou "Informe os eleitores que não aceitarei como Papa beltrano" ou ainda "Todos saibam que a eleição de sicrano provocará rompimento com a Santa Sé". Com o correr dos séculos, a Igreja aprendeu a livrar-se de tais interferências.

Nos tempos modernos, surgiu um novo modelo de impor candidatos: é a pressão midiática, as pesquisas de opinião, as casas de apostas, as declarações de "vaticanistas". A intenção de tais manipulações – completamente irreais – é fazer a cabeça dos cardeais e, assim, colocar, no poder, as pessoas de seus interesses, que sigam as linhas de atuação prescritas pelos autores.

A eleição do Papa Francisco veio demonstrar a liberdade de espírito do Colégio Cardinalício. Votaram conforme a sua consciência. Isso causa em todos os católicos uma tranquilidade e segurança quanto à lisura da escolha.


O caso atual (sem pôr em dúvida os últimos dez Papas), comprova que a preocupação não é a política ou outros interesses menores. A preocupação é bíblica: "É preciso que um deles se junte a nós para testemunhar a ressurreição" (At 1,22).


Em outras palavras, o Papa deve ser alguém que "viu o Cristo", e d'Ele dê testemunho a partir de sua experiência de vida.

Pelas apresentações até agora ocorridas, percebe-se que o Papa Francisco é um homem de profundo trato com o "Mestre e Senhor". É um homem de fé e oração simples, até popular.

Os "hermanos" vão permitir que, numa espécie de fogo amigo, eu repita o bom humor da minha roda de amigos: "Enfim, um argentino humilde!" Ou ainda: "É a primeira vez que se vê brasileiros trabalhando em favor de um argentino".

A escolha foi feliz, porque ele [Papa Francisco] é uma testemunha autêntica de Jesus. Embora a idade não permita atrasos, pela graça do Espírito Santo ele produzirá frutos em honra do Pai.

Pedimos ao Senhor que o abençoe e ao povo que o acolha como legítimo sucessor de Pedro.

Dom Aloísio Roque Oppermann, scj

Arcebispo Emérito de Uberaba (MG)

 

Endereço eletrônico: domroqueopp@terra.com.br