30 de janeiro de 2013

A Palavra de Deus tem uma força libertadora

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A Palavra de Deus, contida na Bíblia, não é apenas uma descrição da história do povo do passado. Ela não é também como um museu sem vida, desarticulada da realidade dos novos tempos. É palavra inspirada, de iniciativa divina, que falava no Antigo Testamento, mas também tem sua força de atuação no cotidiano da nossa vida moderna. É sempre atual e passível de interpretação.


É importante, agora, escutar e dar atenção ao que ela apresenta como itinerário para a vida de cada pessoa. Deve ser lida, conhecida, refletida, meditada, contemplada e colocada na prática do nosso agir. Não podemos buscar, na Bíblia, apenas informações frias, mas nos formar na justiça e na prática da fé.

Muitos leem a Sagrada Escritura somente por curiosidade, sem levar em conta que seu objetivo é de nos reforçar na prática cristã e no discipulado, no encontro com a Pessoa de Jesus Cristo. Portanto, ter intimidade com a Palavra, vendo nela uma força provocadora de ações novas de vida e de transformação da realidade.

A nossa história de vida deve estar constantemente recomeçando. Isto significa que situações melhores na convivência são possíveis de acontecer. Uma luz para isto pode ser encontrada na Palavra Divina, a qual mostra os condicionamentos do ser humano, como também sua capacidade de estar sempre se revitalizando.


A Palavra tem em nós uma força libertadora. E, se liberta, deve transformar. Ela nos faz conquistar o que seja melhor, uma felicidade duradoura, que só é capaz passando por enfrentamentos de verdade e de justiça. Não pode ser palavra que leve ao intimismo, ao tomar a letra pela letra nem ao fundamentalismo.


Viver a Palavra de Deus é anunciar um caminho de libertação, de superação de todos os vícios e práticas que não condizem com o bem das pessoas. É ir ao encontro daqueles que passam por grandes necessitados, tendo isto como opção de vida pelos mais pobres e sofredores, daqueles que vivem na espera das migalhas que sobrem das mesas fartas de muitos irmãos.

Dom Paulo Mendes Peixoto, Arcebispo de Uberaba 

28 de janeiro de 2013

O segredo da espera

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É preciso esperar com confiança

Somos convidados pela Palavra para entender um grande mistério na vida do cristão: não ser atendido em sua oração. Não tem como esperar por aquilo que se enxerga; a nossa esperança é a de quem não vê o que se espera.


A esposa que espera a conversão do marido, reza há tanto tempo, mas não consegue enxergar o que virá. Da mesma forma, há aquela mãe que reza tanto para o filho, mas não consegue enxergar a mudança. Eu quero falar exatamente sobre isso: o tempo da espera.Muitos cristãos abandonam a fé nesso tempo. Com certeza, todos nós já fomos a um consultório médico e ficamos na sala de espera para depois sermos atendidos pelo médico. No entanto, muitos cristãos não sabem passar pela "sala de espera" da vida.

O que você tem esperado hoje? Talvez seja sua conversão, a volta do seu marido ou a libertação do seu vício. É preciso esperar com confiança. A escola de santidade acontece nesse tempo. Quem não sabe esperar não celebra a chegada [da graça alcançada]!

Aprendemos a não esperar na fila, usamos a internet para não perder tempo e não nos exercitamos no esperar. Quantas pessoas passam por problemas de dívidas financeiras, tentam dar um jeitinho, mas essas só crescem? Isso porque muitos não aprenderam a esperar em Deus. Há muitos cristãos que não souberam passar pela "sala da espera" da vida e ficam trocando de Igreja.

Quando não esperamos muito, não damos valor quando o esperado chega. É necessário esperar, mas precisamos aprender a fazer isso; não é fácil ver os anos passando quando não enxergamos a conversão dos nossos ou a pessoa amada chegar.

A espera a que eu estou me referindo, não é uma esperança acomodada, de ficar de braços cruzados, eu falo da espera ativa. E para ela Deus nos dá um instrumento. "Da mesma forma, o Espírito vem em socorro de nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis" (Rm 8, 26).

O "Instrumento" para essa espera é o Espírito Santo de Deus, que vem sobre a nossa fraqueza de não sabermos esperar, de não sabermos rezar nesse tempo [da espera].

No tempo da espera, quando precisaríamos estar cheios de esperança, o que chega até nós é o desespero. E com isso não conseguimos rezar, quando mais deveríamos rogar ao Pai. Há muita gente que, quando está envolvida pelo desespero, só consegue pedir ao Senhor para morrer, pois vê na morte a solução para os problemas. Infelizmente, nesses momentos de dor, pedimos coisas erradas a Ele, por isso Ele não nos atende. Muitas pessoas ficam com raiva de Deus, porque Ele não as atendeu. Sendo que foram elas que pediram errado. Precisamos aprender a pedir. A Palavra nos ensina como rezar nesse tempo difícil. Muitas pessoas não sabem aguardar com esperança.


Quando pedimos em meio ao desespero, o fazemos a partir da nossa vontade, daquilo que achamos ser melhor e mais rápido. Dessa forma, invertemos a oração do Pai-Nosso; em vez de rezarmos: "Seja feita a Sua [do Senhor] vontade", rezamos: "Seja feita a minha vontade, aqui na terra e no céu também".


O Espírito Santo nos foi dado, porque, na hora do desespero, não sabemos pedir e Ele intercede ao Pai por nós. Muitas vezes, não somos atendidos porque não sabemos orar, e Deus não atende a prece feita a partir da nossa vontade.

O segredo está na comunhão com a vontade de Deus, e a teremos por intermédio do Espírito Santo, que ora ao Pai por nós em gemidos inefáveis. O assunto principal de nossas orações é dizer a Deus qual é a "nossa" vontade. 90% de nossas súplicas é dizer ao Senhor o que nós queremos e 10% é dando "umas dormidinhas". Depois, ficamos com raiva, porque o Senhor não nos atendeu. Um Deus que manda não queremos, mas sim um Pai que obedeça; na hora do desespero, desejamos que Deus seja nosso empregado!

Quem não sabe rezar cria uma no Senhor, como se pudesse fazer um "script" para que Ele fosse fazendo todas as suas vontades. Muitos são marcados com a decepção, porque criaram expectativas e estas não foram atendidas; depois dizem que Deus não faz nada na vida deles, somente na vida dos outros. Acham que o Senhor tem de fazer as vontades deles.

Não sabem passar pela "sala da espera". O cristão que não sabe rezar e reza sobre suas expectativas acha que Deus só pode dizer "sim", age como um pré-adolescente na fé. Esquece-se de que: "E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito, pois é de acordo com Deus que ele intercede em favor dos santos" (Rm 8, 27).

Você já parou para pensar que, talvez, não esteja pedindo o que Deus quer e que tenha de entrar na "sala da espera"? É preciso aguardar com esperança, entendendo que, enquanto estamos nessa "sala", estamos esperando por Aquele que examina os corações. É esperteza do cristão confiar seus pedidos ao Espírito, porque a comunicação entre Ele e Deus é perfeita. O cristão que não aprende a rezar no tempo da espera, fica ranzinza, não consegue acreditar nem nos milagres realizados na vida do outro.

Nós precisamos resgatar a capacidade de esperar, assim com a Virgem Maria, que esperou, aguardou, soube juntar a sua vontade com a vontade do Pai. Não somos chamados a nos juntar ao grupo que corre atrás de Jesus apenas por causa das curas.

Nos planos de Deus existe um tempo de espera para cada um de nós, não há ninguém que não tenha de, um dia, esperar. Isso faz parte da realidade da nossa vida; é melhor entrarmos na escola da espera. Só não podemos dispensar a ajuda do Espírito.

Como você tem rezado? Pedindo algo que é da sua vontade ou o que é da vontade do Pai?

Padre Fabricio Leitão, sacerdote da Comunidade CN

25 de janeiro de 2013

Na hora de romper o namoro

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Decidir por romper um relacionamento é difícil para ambos

Sabemos que um relacionamento exige esforço, especialmente quando nos deparamos com as diferenças que a outra pessoa traz. Muitas vezes, depois de um período de namoro, podemos chegar à conclusão que o sentimento, os esforços e o desejo de construir uma história em comum não encontraram reciprocidade na convivência com a outra pessoa. Em outros casos, diante dos acontecimentos entre o casal, percebe-se que o relacionamento perdeu o sentido ou a opção de assumir o namoro foi precipitada.

No relacionamento estável, é importante que o casal se sinta seguro. Todavia, haverá situações nas quais aqueles que eram apaixonados terão de enfrentar o momento de dizer ao outro do seu desinteresse em continuar o namoro.

Romper um relacionamento é uma decisão tão difícil para quem assume o rompimento quanto para o outro que precisará digerir a ideia da rejeição.

Nessa hora, a conversa com a(o)  ex-namorada(o) precisará ser pautada no respeito, apresentando os argumentos que justificam a decisão pelo fim do relacionamento.

Respostas evasivas como "a culpa não é sua" ou "não é você; o problema é comigo..." de muito pouco vão aliviar um coração aflito que, até pouco tempo, acreditava numa relação diferente.

Por mais natural que possa ser o uso da internet, nesses casos será um desrespeito para com o outro informar sobre o rompimento do namoro por meio de mensagens, telefonemas ou recadinhos, pois se foi importante a aproximação para pedir a pessoa em namoro, é licito que seja também presente a conversa que estabelecerá o fim do relacionamento.

Nesse momento, por mais seguro que possamos parecer, vamos sentir como se o chão saísse de debaixo dos nossos pés ou, por vezes, nos sentiremos embaraçados. Contudo, diante da realidade do namoro falido, precisamos ser honestos com nós mesmos, entendendo que o rompimento é  inevitável.

Não podemos permitir que nossa vida fique estacionada em um relacionamento no qual a outra pessoa já não manifesta interesse em viver um projeto de vida conosco. Será um erro para aquele que investia no rnamoro continuar a se martirizar pelo ocorrido.

Há quem, em razão dessa situação, tenha se tornado arredio às novas oportunidades de namoro, simplesmente por conta do medo de novamente viver as mesmas e desagradáveis experiência do "fora" que levou ou por ainda viver um sentimento de culpa, esquecendo que o namoro é um período de experiência e conhecimento mútuo.

Pior do que enfrentar as consequências do rompimento será conviver com alguém que não tem coragem de estabelecer o fim do compromisso; embora perceba que o relacionamento não atende mais às suas expectativas. Assim, em vez de resolver o impasse, a pessoa opta por provocar situações desgostosas para que o outro venha a tomar a decisão no seu lugar  ou assuma um compromisso mais sério na irresponsabilidade de sua covardia.

Acredito que será um problema para a convivência futura se eles se casarem apenas para justificar o tempo de namoro ou por compaixão devido ao esforço que seu (sua) parceiro (a) investiu na relação.



23 de janeiro de 2013

A mística do silêncio

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O silêncio é necessário para oração

O silêncio é necessário para que se possa penetrar na grandeza incomensurável do Ser Supremo. Supõe maleabilidade e acessibilidade às influências das moções divinas. Isto é condição básica para atingir a maturidade espiritual que deve ser uma meta de todo aquele que tem fé. Um primeiro passo para se poder envolver inteiramente na luz celestial é evitar a dispersão, inimiga peremptória da concentração. O bulício é empecilho a um diálogo com Deus, pois "non in comotione Dominus", o Senhor não está na agitação. Quando se age longe do tumulto, esta atitude muito agrada a Deus. Os demais passos tornam-se mais fáceis. Entre o "mundo" e "Deus" o posicionamento se torna claro, radical e definitivo. Verifica-se o sim verdadeiro de quem quer estar unido ao Pai Celeste.


Eis por que é preciso aprender a fazer silêncio para que seja viável o aprimoramento interior e, em consequência, a transformação de todo o ser. É possível a taciturnidade mesmo que não esteja dentro de um mosteiro. Encontrar um espaço para estar a sós com Deus é questão de opção. Criar um ambiente para a abertura ao contato com o Espírito Santo significa a disposição implícita de escutá-lo, já tendo, inicialmente, o cristão se proposto à observância sincera e perseverante dos mandamentos sagrados do Decálogo e se colocado numa atitude de profunda humildade. 


Dá-se, deste modo, a possibilidade da imersão no mistério do Deus três vezes santo. Desta maneira, as orações ganham sentido. O terço, por exemplo, torna-se uma prece vocal e, ao mesmo tempo, mental pela contemplação atenta dos grandes episódios bíblicos. A leitura pausada de trechos da Sagrada Escritura passa a propiciar oportunidade ímpar para que o Espírito Santo fixe suas diretrizes, as quais são então acatadas como resposta instantânea ao Seu Senhor. Ocorre, neste caso, a admirável adaptação da criatura a Seu Criador. Eis um primeiro fruto do silêncio. 


Ele enseja ao cristão compreender que o estar com Deus não representa se alienar do que o rodeia numa fuga condenável das tarefas cotidianas e, também, do interesse pelo próximo. Ao contrário, revigorado com estes instantes de união com o Senhor, o cristão compreende que silêncio sem apostolado é vão egoísmo, e sem o cumprimento do dever de cada instante é fatuidade. Com efeito, aquele que se entrega a momentos de uma oração silenciosa coloca em ordem seu interior e quer, depois, irradiar paz, serenidade, tranquilidade, imperturbabilidade em seu derredor, fazendo bem tudo que deve fazer a bem dos outros. Apenas assim chega-se à sabedoria e à inteligência espiritual de que fala São Paulo aos Colossenses.

Esta sabedoria conduz a um comportamento digno do Senhor, tudo transformando em pensamentos, desejos e ações agradáveis a Ele .

É assim que a vida do cristão produz, de fato, frutos abundantes e o epígono de Cristo cresce continuamente no conhecimento de Deus numa sublime atitude perseverante e paciente (cf Cl 1,9-11). É preciso, portanto, saber e degustar todas as alegrias de se sentir salvo amado por Aquele que é o oceano infinito de amor. Tudo que aconteceu no passado fica entregue confiadamente à Providência e ela lança o cristão jubilosamente para o futuro, como ensina o referido São Paulo (cf.Fl 3,14). O dia de Deus se torna sempre presente, duração viva, sem trevas, tristezas, fobias. É que os momentos de silêncio se convertem em instantes felizes nos quais a alma como que, inefavelmente, toca o infinito.

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

21 de janeiro de 2013

Quais são os seus maiores medos?

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Não nos deixemos vencer pelo desânimo e sentimento de derrota

Quem não tem medo nesta vida? Convivemos com muitos medos todos os dias, mas eu os tenho vencido pelo poder da Palavra e da oração. Quais são os seus maiores receios, aqueles que o impedem de caminhar, o paralisam? É hora de darmos um grande passo e vencer nossos medos.


"Quanto a ti, permanece firme naquilo que aprendeste e aceitaste como verdade. E sabes de quem o aprendeste! Desde criança conheces as Escrituras Sagradas. Elas têm o poder de te comunicar a sabedoria que conduz à salvação pela fé no Cristo Jesus. Toda Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para argumentar, para corrigir, para educar conforme a justiça. Assim, a pessoa que é de Deus estará capacitada e bem preparada para toda boa obra" (cf. 2Tm 3, 14-17).

"Em todas as circunstâncias, empunhai o escudo da fé, com o qual podereis apagar todas as flechas incendiadas do maligno. Enfim, ponde o capacete da salvação e empunhai a espada do Espírito, que é a palavra de Deus!" (Ef 6, 16-17).

Essa carta de amor escrita por Deus é uma maneira muito concretas de comungar Jesus, pela Santíssima Eucaristia e pela Palavra de Deus. Hoje, o Senhor quer disser para você: "Nada de medo, homem predileto! Calma! Coragem! Coragem!". Basta Ele falar para que nos sintamos mais fortes e digamos: "Fale este meu Senhor, que me devolveu as forças!" (Daniel 10, 19).

Este é o poder da Palavra de Deus em nossa vida, quantos de nós passamos por situações agora de aflição, que nos enchem de medo e de insegurança. E essa Palavra vem trazer conforto e fortaleza. O Senhor está dizendo para você: 'Nada de medo, meu filho, minha filha predileta! Calma! Coragem! Coragem!'

Senhor, escuta o meu clamor e atende as minhas preces. Estende a Tua mão e me arranca desta situação, põe Tua Palavra em meu coração e devolve as minhas forças para viver. "É em Deus que eu ponho minha esperança; nada temo. Que mal me pode fazer um ser de carne?" (Salmo 55,12).


Não nos deixemos vencer pelo desânimo e sentimento de derrota: "O Senhor é minha luz e minha salvação. De quem eu terei medo? O Senhor é quem defende a minha vida; a quem eu temerei?" (Salmo 27, 1.) 


Diante dos nossos inimigos e das coisas que nos ameaçam está o nosso Deus, que é fiel e cumpre Suas promessas. Nestes dias, estou batalhando com problemas de saúde na família e, quando chequei em casa, meus irmãos estavam organizando um Cerco de Jericó com este tema. Que conforto para minha alma saber que não estou sozinho e que a Palavra de Deus me alimenta e sustenta! "Eis o Deus que me salva, eu confio e nada temo, porque minha força e meu canto é o Senhor, e ele foi para mim libertação." (Isaías 12).

Assim como eu, você também pode estar passando por situações diversas no casamento, com seus filhos, no trabalho, um problema sério de saúde física ou esíritual. Não temas! "Lâmpada para meus pés é tua Palavra e luz para os meus caminhos. Meu sofrimento passa dos limites, senhor, dá-me vida segundo tua palavra." (Salmo 118, 105). Deixe-se guiar pela direção de Deus em Sua Palavra e interceda junto conosco. Você não está sozinho!

Jesus também animava e encorajava com Sua presença terna e Suas palavras fortes e confortantes. Ele dizia aos discípulos e à multidão: "Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e meu peso é leve" (Mateus 11,28-30).

Jesus disse aos Seus discípulos: "No mundo terei aflições, mas coragem eu venci o mundo!" (João 16,33). Vou partilhar com você esta palavra que é o lema da minha vida como padre: "Tudo posso naquele que me dá forças" (Filipenses 4,13).

Vamos nos deixar conduzir e encorajar pela Palavra, pois, assim, venceremos um obstáculo a cada dia, pois muitos eu já tenho vencido com esta Palavra que é um grito de fé e de vitória.


Padre Luizinho, sacerdote da Comunidade CN

14 de janeiro de 2013

E quando a vida nos diz "não"?

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Nem sempre as portas estarão fechadas

Nem sempre quando a vida nos diz "não", tal resposta tem a finalidade de nos encerrar em um tempo de esterilidade. O "não" pode também se manifestar como a possibilidade de trilharmos um novo caminho, adentrando por uma nova porta que a nós se inaugura neste específico momento. Há momentos nos quais, de maneira antecipada e, quem sabe, até precipitada, tudo definimos e estabelecemos dentro de nós, idealizando nossos sonhos e metas de maneira irrevogável. Entretanto, em muitas circunstâncias, as realidades acabarão não acontecendo da maneira como planejamos, e nesses peculiares invernos, poderá – intensamente – nos visitar a frustração.

É horrível desejar tanto uma realidade e, por fim, deparar-se com a sua não realização. Contudo, não é só quando a vida sorri que podemos ser felizes. Muitas vezes, a felicidade que nos espera será preparada pelas lágrimas, sendo que estas podem se tornar um sólido alicerce para a construção de uma madura realização em nossa história. As lágrimas podem também gerar vida e recomeços, e o não, pode se tornar um específico lugar onde se pode refletir e escutar a Verdadeira voz, que poderá nos conduzir à mais perfeita realização.


Neste processo de deparar-se com o "não" se faz essencial a confiança. Confiar em um motivo Maior no qual possamos recostar nossas fragilidades, pois sempre haverá um concreto sentido (significado) no qual poderemos ancorar nossas esperanças e depositar as nossas lágrimas. Faz-se necessário confiar nos planos de nosso Autor, pois, diante de cada circunstância, Ele sempre verá mais longe e comtemplará o real muito melhor que nós mesmos.

É preciso, de fato, confiança e abandono, mesmo quando a vida diz "não", pois o "não" – conduzido por Deus – torna-se fonte de vida e de felicidade para nós. É preciso dizer "sim" aos "nãos" que Deus nos apresenta, acreditando que Ele conhece nossos sonhos e que, quando nos diz "não", é porque está nos preparando algo infinitamente superior ao que esperávamos.

Seus planos são perfeitos, e no centro deles estamos nós. É preciso treinar a audição para o Infinito e sempre n'Ele esperar, dizendo constantemente "sim" às realidades nas quais Ele nos insere. De tal forma em tudo cresceremos, adquirindo uma sabedoria e maturidade ímpares, que nos farão adentrar naquilo que é próprio da Eternidade. Cresçamos com os "nãos", treinemos a confiança e nos abandonemos aos cuidados deste singular e infinito Amor!

 

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Padre Adriano Zandoná

27 de dezembro de 2012

Tempo de Natal: nasceu para nós um Salvador!

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O amor de Deus invisível se faz visível

O que vamos fazer nestes dias do tempo de Natal, já desde a noite em que Jesus nasceu? Voltar os olhos e o coração inteiramente para a figura do Menino envolto nos paninhos que a Mãe trouxe de Nazaré e reclinado sobre as palhas do presépio. Não sentimos desejos de olhar para Ele e Lhe dizer: Meu Senhor e meu Deus!? Porque esse Menino, que vemos na manjedoura, é Deus feito homem, que vem ao nosso encontro para nos salvar. Tanto amou Deus o mundo – dizia Jesus a Nicodemos – que lhe deu Seu Filho único. O Senhor não enviou o Filho ao mundo para condená-Lo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele (Jo 3,16).

Contemplando este mistério da Encarnação do Verbo, estamos no coração da nossa fé cristã. É um mistério que nos dá a certeza de que Deus é amor e nos quer com loucura. Essa é, precisamente, a certeza que fazia o apóstolo São João exclamar: "Deus é amor!" Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em nos ter enviado o Seu Filho únicopara que vivamos por Ele (cf. 1 Jo 4,8-9).

Sim, no Natal, o amor de Deus invisível se faz visível. Está aqui, junto de nós, no presépio. São João extasiava-se com essa maravilha da bondade de Deus, que é a vinda do Verbo encarnado, e dizia: 'Ninguém jamais viu a Deus. O Filho único, que está no seio do Pai, foi quem o revelou' (Jo 1,18). E, cheio de júbilo por tê-Lo conhecido, por ter convivido com Ele durante três anos e ter experimentado o Seu carinho, exclamava: 'Nós o vimos com os nossos olhos, nós o contemplamos, nós o ouvimos, nós o tocamos com as mãos…!' (cf. 1 Jo 1,1-3) Por experiência própria, podia afirmar: 'Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é Amor' (1 Jo 4,8).

Jesus é Deus feito homem, que nos ama com toda a força do seu amor divino e humano. Seu amor é grande e verdadeiro, tem os dois sinais claros da autenticidade. Primeiro, é uma doação plena. Amor que não se dá não é amor. Mas não é um dar-se qualquer, é uma doação que visa o nosso bem. E aí está o segundo sinal de autenticidade: todo o verdadeiro amor, ao dar-se, quer bem, ou seja, dá-se procurando o bem da pessoa amada.

E qual é o bem, quais são os bens que Jesus nos traz? Todos os bens! A vida verdadeira, a vida eterna! A felicidade que não poderá morrer! Nessa infinita riqueza de bens divinos, podemos distinguir especialmente três grandes tesouros. O tesouro da verdade, que Ele nos ensina; o tesouro do caminho do Céu, que Ele abre e nos mostra; e o tesouro da vida nova dos filhos de Deus, que Ele ganha para nós na cruz.

Tudo isso resumiu-o Jesus numa só frase: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6). Será que captamos a importância dessas palavras? Tentemos arrancar, do fundo delas, a grande luz que encerram, meditando um pouco sobre o seu significado. Jesus nos traz, primeiro, a luz da verdade. Vem-me à cabeça agora o pai de São João Batista, Zacarias – o marido de Santa Isabel –, que profetizou o nascimento de Jesus de uma maneira muito significativa. Dizia que a ternura e a misericórdia do nosso Deus nos vai trazer do alto a visita do Sol nascente, que há de iluminar os que jazem nas trevas e nas sombras da morte e dirigir os nossos passos no caminho da paz (Lc 1,78-79). Desde antes de nascer, Jesus já é anunciado como o Sol, como a Luz, a Luz da Verdade, que nos guiará para o bem e para a paz, para a paz terrena e eterna.

Isso é o que também diz São João no prólogo do seu Evangelho. Ele era a verdadeira Luz, que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. A luz resplandece nas trevas e estas não a compreenderam (cf. Jo 1,9-11). Que pena se nós não a recebêssemos! Que pena se nós não a compreendêssemos! Porque a verdade que Ele nos traz não é uma verdade qualquer, mas a única verdade-verdadeira, a única verdade que salva: a verdade sobre Deus, sobre o mundo e sobre o homem. Só ela pode dar sentido à nossa vida.

Utilizando-nos de uma comparação do próprio Cristo, podemos dizer que a verdade ensinada por Ele é como a semente na mão do semeador. Pode cair nas pedras ou entre espinhos e morrer; ou pode cair numa boa terra e dar fruto (cf. Mt 13, 4 ss.). Depende de nós. Se procurássemos acolher essa verdade com carinho, seria uma maravilha, seríamos– no empenho por edificar a nosa vida – como o construtor de que Jesus falava: 'Aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha' (Mt 7,24). Nem a chuva, nem o vento, nem as tormentas conseguiriam derrubá-la. Porque essa verdade nos daria – como diz a Bíblia – um amor forte como a morte' (cf. Cânticos 8,6).

Se continuarmos a olhar para Jesus Menino, veremos que Ele nos diz também, como já mencionávamos, "Eu sou o Caminho". Toda a vida d'Ele é exemplo e caminho para nós, é como a sinalização luminosa da estrada que conduz a Deus, o roteiro que devemos seguir para nos realizarmos nesta terra e na eternidade.

É por isso que Jesus diz, muitas vezes: 'Segue-me!'. Compara-nos às ovelhas que Ele, o Bom Pastor, conduz entre brumas e perigos até o pasto que alimenta e o refúgio seguro. Ele é o Bom Pastor que caminha adiante delas, adiante de nós, indicando-nos o caminho; mais: sendo, com o Seu exemplo, Ele próprio o caminho. Acontece que o caminho de Cristo é, essencialmente, o caminho do amor. Caminhai no amor – escrevia São Paulo –, segundo o exemplo de Cristo, que nos amou e por nós se entregou (Ef 5,2).

O amor que é caminho é o amor autêntico, com maiúscula, o Amor que vem de Deus (1 Jo 4,7). Não é fumaça cor de rosa, nem é uma teoria ou só uma paixão que arde e se evapora; é um amor vivo, sincero e realista, que se manifesta, no dia a dia, na prática das virtudes que são como o selo de garantia do amor.

Por isso, aquele que ama esforça-se por ser – com a graça de Deus – generoso, compreensivo, dedicado, paciente; e também por ser constante, por ser forte na adversidade, por ser sóbrio e moderado nos prazeres; por ser caridoso, gentil, prestativo; por ser justo, discreto; por dar a Deus cada dia mais amor, e aos irmãos também. Em suma, por levar a sério a prática das virtudes humanas e cristãs.

Nunca percamos de vista: aquele que ama faz, age, não fica só pensando e sentindo. É exatamente isso o que nos diz São João, o grande intérprete do amor de Cristo: "Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas por atos e em verdade" (1 Jo 3,18). E é claro que isso se aplica tanto ao amor a Deus como ao amor ao próximo. Como diz o mesmo São João: "Temos de Deus este mandamento: quem ama a Deus, ame também a seu irmão" (1 Jo 4,21).

Padre Francisco Faus
http://www.padrefaus.org/