10 de outubro de 2012

Tempo de missão

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Anuncie a «boa nova» a todos os homens

«Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura». O tempo da missão da Igreja começa com estas palavras do Ressuscitado, contidas na parte conclusiva do Evangelho de Marcos (16, 15). Com efeito, a Igreja existe para evangelizar, para anunciar sempre e em toda a parte a «boa nova» a todos os homens.

O mandamento permanece o mesmo, assim como Jesus Cristo é o mesmo «ontem, hoje e para sempre» (Hb, 13, 8) e também o seu Evangelho. Ao contrário, mudam os destinatários e as condições sociais, culturais, políticas e religiosas nas quais eles vivem.

O mandamento missionário do Senhor marcará também a décima-terceira assembleia geral ordinária do Sínodo dos bispos, que se iniciou no domingo, 7 de Outubro, com a missa celebrada por Bento XVI na praça de São Pedro. Aliás, precisamente esta palavra de Jesus Cristo serviu como fio condutor do segundo capítulo do Instrumentum laboris intitulado «Tempo de nova evangelização».

Como se sabe, a assembleia sinodal realizar-se-á até 28 de Outubro sobre o tema «A nova evangelização para a transmissão da fé cristã». É importante manter unidos os dois aspectos do tema sinodal. Com efeito, ele indica que o objectivo da nova evangelização é a transmissão da fé. Por outro lado, o processo da transmissão da fé, que hoje em muitos casos encontra obstáculos de diferente natureza realiza-se no âmbito da nova evangelização.


A preparação e a realização de uma assembleia sinodal fazem parte de um processo complexo e exigente, que requer uma actividade considerável e exige a contribuição de numerosas pessoas. Em geral, neste processo existem três aspectos que se entrelaçam: dimensão espiritual, reflexão teológica pastoral e preparação técnica organizativa. Mas é sobretudo a oração que acompanha e anima cada actividade sinodal. Não esqueçamos que o cristão está convidado a orar ininterruptamente (cf. 1 Ts 5, 17) seguindo o exemplo do Senhor. Com maior razão uma reunião de bispos, representantes do episcopado do mundo inteiro, em redor do bispo de Roma, que preside o Sínodo, não pode deixar de ser realizado num ambiente de oração. 


A oração que acompanhou os trabalhos de preparação – e que tem como ícone a peregrinação que acabou de ser realizada por Bento XVI a Loreto, na quinta-feira 4 de Outubro – terá, por conseguinte, um lugar de primeiro plano durante os trabalhos sinodais. Não é por acaso que, ao lado da sala sinodal, na capela adjacente, será exposto o Santíssimo Sacramento, para poder oferecer aos participantes na assembleia, antes e depois das reuniões, a possibilidade de parar em meditação diante do Mestre que continua a enviar os seus discípulos pelas estradas do mundo para a anunciar o Evangelho, a «boa nova» também ao homem contemporâneo.

Aliás, a presença assídua na oração, além do que na escuta e na reflexão, não deixará de aumentar ulteriormente o afecto colegial entre os prelados, e entre eles e o bispo de Roma, chefe do colégio episcopal. Além disso, a participação nos trabalhos de representantes qualificados do povo de Deus reforçará ainda mais os vínculos entre todos os membros da Igreja católica. E ainda, a presença dos delegados fraternos dará um aspecto ecuménico relevante à assembleia sinodal. Juntamente com eles rezaremos a fim de que se realize o mais cedo possível a invocação do Senhor Jesus: «para que todos sejam um só; como Tu, ó Pai estás em Mim e Eu em Ti, que também eles estejam em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste» (Jo 17, 21.

A vasta obra de evangelização e de nova evangelização do mundo actual exige a contribuição de todas as Igrejas e das comunidades eclesiais. Eis por que a necessidade de acompanhar este processo com a oração e com o testemunho da vida cristã. Em comunhão com Bento XVI, sucessor de são Pedro apóstolo, uni a um renovado dinamismo ao confessar: «Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo» (Mt 16, 16).

Dom Nicola Eterović
Secretário-geral do Sínodo dos Bispos

8 de outubro de 2012

A vida interior

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Descubra mais sobre esta preciosa via de santidade

Você sabe que a vida interior não seria cristã se se encapsulasse no íntimo da alma, como num refúgio egoísta. A autêntica vida interior - de que tratamos em todas as reflexões anteriores - é como o fogo de uma lareira espiritual, que aquece e dá sentido divino à vida inteira: o trabalho e a família, as alegrias e as penas, as tarefas e o lazer, a vida do lar e a vida que se abre ao amor e serviço do próximo.

Cristo expressou bem isso por meio da alegoria da «videira e os ramos»: Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto… Se alguém não permanecer em mim…, secará… (Jo 15, 5-6). E você sabe o que entende Jesus por «permanecer nele»? Ouça as suas próprias palavras: Como o Pai me ama, assim também eu vos amo. Permanecei no meu amor (Jo 15,9).

É disso que se trata. É para isso que queremos cultivar e levar a sério a nossa vida interior: para unirmo-nos a Cristo, a fim de nos impregnarmos da seiva do seu amor - do Amor que Jesus nos dá, derramando em nós o Espírito Santo (cf. Rm 5,5) - e, assim, passarmos a viver uma vida de amor. Esse é o caminho da santidade, porque o amor é a essência da perfeição (cf. Col 3,14).
«Tudo o que se faz por Amor - escreve São Josemaria - adquire formosura e se engrandece». E mostra-nos o panorama de uma vida «toda de amor»: «Fazei tudo por Amor .- Assim não há coisas pequenas: tudo é grande [...]. Queres de verdade ser santo? Cumpre o pequeno dever de cada momento; faz o que deves e está no que fazes [...]. Um pequeno ato, feito por amor, quanto não vale! ». (Caminho, nn. 429, 813-815).

Se você tiver verdadeira vida interior («verdadeira» significa sincera e esforçada, não «perfeita»), será um ramo que dá fruto, especialmente dará dois tipos de fruto: O fruto das «virtudes». É impossível lutar para amar e unir-se a Deus se não se vai melhorando, crescendo continuamente, nas virtudes teologais (fé, esperança e caridade), e nas virtudes humanas (prudência, justiça, fortaleza e temperança; e as incontáveis virtudes que giram à volta das quatro).

Por isso, São Paulo, quando fala dos frutos do Espírito Santo - do Amor divino substancial - enumera virtudes: O fruto do Espírito é: caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, mansidão, temperança (Gl 5,22-23). A melhora nas virtudes é um primeiro teste da qualidade da nossa oração e, em geral, da nossa vida interior. O fruto dos «deveres»: do conjunto de deveres que tecem a tapeçaria do nosso dia-a-dia: deveres familiares, profissionais e sociais.

Também nesse campo dos deveres, precisamos fazer o «teste» da verdadeira vida interior, formulando-nos algumas perguntas, que vou ilustrar com palavras de São Josemaria:

1 – Estou santificando a minha vida familiar?
«Os casados - dizia São Josemaria - estão chamados a santificar o seu matrimônio e a santificar-se a si próprios nessa união; por isso, cometeriam um grave erro se edificassem a sua conduta espiritual de costas para o lar, à margem do lar. A vida familiar, as relações conjugais, o cuidado e a educação dos filhos, o esforço necessário para manter a família, para garantir o seu futuro e melhorar as suas condições de vida, o convívio com as outras pessoas que constituem a comunidade social, tudo isso são situações humanas, comuns, que os esposos cristãos devem sobrenaturalizar [santificar] (É Cristo que passa, n. 23). « Os casais têm graça de estado - a graça do Sacramento - para viverem todas as virtudes humanas e cristãs da convivência: a compreensão, o bom humor, a paciência; o perdão, a delicadeza no comportamento recíproco… Para tanto, o marido e a mulher devem crescer em vida interior e aprender da Sagrada Família a viver com delicadeza - por um motivo humano e sobrenatural ao mesmo tempo - as virtudes do lar cristão». (Questões atuais do Cristianismo, n. 108).

2 – Estou santificando o meu trabalho?
«Na simplicidade do teu trabalho habitual - continuo a citar São Josemaria -, nos detalhes monótonos de cada dia, tens que descobrir o segredo - para tantos escondido - da grandeza e da novidade: o Amor» (Sulco, n. 489). «Não podemos oferecer ao Senhor uma coisa que, dentro das pobres limitações humanas, não seja perfeita, sem mancha, realizada com atenção até nos mínimos detalhes: Deus não aceita trabalhos "marretados". Por isso o trabalho de cada qual - essa atividade que ocupa as nossas jornadas e energias - há de ser uma oferenda digna aos olhos do Criador; numa palavra, uma tarefa acabada, impecável» (Amigos de Deus, n. 55).
«Deves manter - ao longo do dia - uma constante conversa com o Senhor, que se alimente também das próprias incidências da tua tarefa profissional» (Forja, n. 745). Como é importante a «presença de Deus» no trabalho!

3 – Estou santificando as minhas relações sociais?
«Aí onde estão os nossos irmãos, os homens, aí onde estão as nossas aspirações, o nosso trabalho, os nossos amores, aí está o lugar do nosso encontro cotidiano com Cristo. Deus nos espera cada dia: no laboratório, na sala de operações de um hospital, no quartel, na cátedra universitária, na fábrica, na oficina, no campo, no seio do lar e em todo o imenso panorama do trabalho» (Homilia Amar o mundo apaixonadamente). «O cristão sabe-se enxertado em Cristo pelo Batismo; habilitado a lutar por Cristo, pela Confirmação; chamado a atuar no mundo pela participação na função real, profética e sacerdotal de Cristo; transformado numa só coisa com Cristo pela Eucaristia, sacramento da unidade e do amor. Por isso, como Cristo, deve viver de rosto voltado para os outros homens, olhando com amor para todos e cada um dos que o rodeiam, para a humanidade inteira» (É Cristo que passa, n. 106). «Se deixarmos que Cristo reine na nossa alma…, seremos servidores de todos os homens» (É Cristo que passa, n. 182).

Depois de passar os olhos pelos textos que acabo de transcrever, parece-me que você compreenderá melhor as palavras que São Paulo escreveu a Timóteo, que bem podem ser o fecho deste artigo:
A piedade é útil para tudo, porque tem a promessa da vida presente e da futura (1 Tim 4,8). Vale a pena, pois, esforçar-nos de verdade para adquirir uma vida interior à medida do coração de Cristo (cf. Ef 3,16-19)

Padre Francisco Faus
http://www.padrefaus.org/

5 de outubro de 2012

Entrando pela porta da fé

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Somos chamados a fortalecer nossos princípios

No dia 17 de Outubro de 2011 o Santo Padre divulgou a Carta Apostólica "Porta Fidei" (Porta da Fé) na qual proclamou o Ano da Fé. Este terá início neste ano, no próximo dia 11, data de comemoração dos cinquenta anos da abertura do Concílio Vaticano II e de vinte anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica, e encerará na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, em 24 de Novembro de 2013. 

Mas qual a importância e o porque em celebrar-se o Ano da Fé?
Não é a primeira vez que a Igreja o celebra. O último foi em 1967, no pontificado de Paulo VI, motivado, já naquela época, em dar uma resposta de fé diante das inúmeras ideologias que buscavam desconsiderar Deus do pensamento coerente e racional.

Assim também, hoje, o Papa Bento XVI, afirma haver entre nós um "diversa mentalidade que, particularmente, reduz o âmbito das certezas racionais ao das conquistas científicas e tecnológicas. Mas a Igreja nunca teve medo de mostrar que não é possível haver qualquer conflito entre a fé e ciência autêntica".

E
ste novo Ano da Fé, tem igualmente o objetivo de impulsionar os cristãos a aprofundarem o conhecimento sobre a Igreja, dissipando assim, a nuvem negra dos erros de doutrina.O Sumo Pontífice refere-se ao Ano da Fé como, um "tempo de graça espiritual que o Senhor nos oferece" e "tempo de particular reflexão e redescoberta da fé".

O documento – "Porta Fidei", afirma ainda, que, para alcançarmos uma maior amplitude do dom da Fé, na sociedade e na pessoa em particular, cada um deve confessar e anunciar publicamente a própria fé. Devemos ter a responsabilidade social daquilo que acreditamos. Ou seja, é preciso declarar com a vida o Evangelho do Cristo, não ficarmos tímidos ou tomar partido da maioria, diante das questões contrárias a essência do ser humano e expressar com alegria nossa adesão a fé, pois somos detentores das palavras portadoras da verdade e da vida que Jesus nos deixou.

V
árias vezes Bento XVI insistiu neste exemplo "através do testemunho prestado pela vida dos crentes, os cristãos são chamados a fazer brilhar, com sua própria vida no mundo, a Palavra da verdade que o Senhor Jesus nos deixou", "em nossas catedrais e nas igrejas do mundo inteiro, nas nossas casas e no meio das nossas famílias. Desejamos que este Ano suscite, em cada crente, o anseio de confessar a fé plenamente e com renovada convicção e esperança".

E
ntretanto, para que o nosso testemunho esteja de acordo com a fé que professamos é preciso um empenho de nossa parte, particularmente nesse período, em conhecer e propagar aquilo que a Igreja colheu nestes dois mil anos de história, afinal, o mundo pede respostas cada vez mais racionais e acertadas. E além de podermos responder satisfatoriamente ao mundo, em recompensa a esse esforço e estudo estaremos aderindo a fé católica cada vez mais com inteligência e vontade.

E
ntre os principais meios, para se chegar a esse conhecimento da fé, o Papa cita os textos deixados em herança pelo Concílio Vaticano II, afirmando que: "é necessário fazê-los ler de forma que possam ser conhecidos e assimilados como textos qualificativos e normativos do Magistério." Bento XVI fala fortemente sobre a importância do Concílio Vaticano II: "Sinto hoje ainda mais intensamente o dever de indicar o Concílio como a grande graça que beneficiou a Igreja no século XX".

Também o Pontífice destacou a importância do Catecismo da Igreja Católica, Bento XVI considera-o como "subsídio precioso e indispensável. na sua própria estrutura, o Catecismo da Igreja Católica apresenta o desenvolvimento da fé até chegar aos grandes temas da vida diária. Ali se apresenta não uma teoria, mas o encontro com uma Pessoa que vive na Igreja", afirmou o papa.

Enfim, devemos recorrer constantemente a esse documento, em nossas catequeses, em grupos de estudo e pastorais, como também na formação pessoal. Ainda, salienta o Papa que, sobretudo, o Ano da Fé é um "repassar a história da nossa fé" para "tornar cada vez mais firme a relação com Cristo Senhor". Este, com certeza será uma período de celebrarmos a nossas certezas e princípios, firmar valores para descobrirmos cada vez mais a felicidade e a honra de estar na única e verdadeira Igreja de Cristo.

Entremos portanto, pela Porta da Fé.


Deus abençoe!

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Sandro Ap. Arquejada
blog.cancaonova.com/sandro

3 de outubro de 2012

Coragem: Não tenhais medo

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O Senhor nos chama a confiarmos somente Nele

Que bela exortação, que belo consolo, que injeção de ânimo, o evangelho: "Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino". Como nas nossas origens, vamos nos tornando cada vez mais um pequenino rebanho; o Senhor nos vai purificando, vai fazendo sua Igreja, a gosto ou a contragosto, perceber que ela está no mundo, mas é diferente do mundo: seu modo de pensar, de viver, de avaliar, de agir não pode ser aquele do mundo.

Efetivamente, vamos nos sentindo cada vez menos compreendidos e menos à vontade na bem-pensante sociedade atual. Somos, enfim, um pequenino rebanho; e a nós o Senhor diz: "Não tenhais medo, pequenino rebanho!" O Pai nos quis dar o Reino – e o Reino é o próprio Jesus, que nos envolve de vida e nos ilumina com seu santo Evangelho! Não tenhais medo!

E, então, Jesus nos exorta: "Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. Porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração". Que palavras belíssimas: O Senhor nos convida à coragem de "vender" a vida, "vender" nossos bens – isto é, relativizar tudo – para fazer de Deus o nosso único absoluto! 

Na verdade, Jesus nos convida a esperar de verdade a vida eterna, esperar de verdade que um dia estaremos todos em Deus por meio de Jesus Cristo! O que Jesus hoje os pede é a coragem de viver no mundo, mas sem ser do mundo, sem meter o nariz nesse mundo de modo a perder Deus de vista! Afinal, é tão fácil absolutizar o relativo! 

Ah, irmão! Tenhamos – você e eu – a coragem de colocar realmente o tesouro de nossa vida ali, onde a traça não corrói! A vida é preciosa demais para perdê-la com bobagens! Mas, somente veremos isto se estivermos vigilantes, se na união profunda com Jesus pela oração, pela escuta de sua santa Palavra, pela fiel participação nos sacramentos, mantivermos a saudade das coisas do céu.

Aliás, este é uma das carências da Igreja atual: ter quem nos fale do céu, que nos faça sentir desejo do céu, saudade do céu! Uma Igreja que não saiba desejar, sonhar e se encantar com o céu que o Senhor nos prepara, perderá de vista o mais profundo de sua missão, errará o foco e tomará por absoluto o que é apenas relativo – mesmo que seja coisa importante. Coisas importantes com que se preocupar, a Igreja as tem; coisa essencial, somente Jesus, nosso céu, o céu que o Pai nos deu! E – como recordou Bento XVI no Brasil: "esta saudade do céu, esta sede de Deus não é uma alienação, uma fuga da realidade, mas um ver a realidade com os olhos de Deus e, assim, ver realmente, com realismo!"

Por tudo isto, não temais, pequenino rebanho: o Pai vos espera; dar-vos-á o seu Reino. Vale a pena sofrer e suportar contradições nesta vida; vale a pena caminhar com o Senhor, como parte do seu rebanho, que é a Mãe católica! Como dizia São Bernardo de Claraval: "nossa vida neste mundo é semente de eternidade!"

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Dom Henrique Soares da Costa
http://www.domhenrique.com.br

1 de outubro de 2012

A importância da educação moral

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A edificação da sociedade depende da educação moral

Os processos educativos são decisivos nos rumos e conquistas de uma sociedade. Esta é uma convicção incontestável que deve incentivar o compromisso de todos com o ensino. Cuidar da educação é tarefa da família, particularmente das instituições educacionais, mas também dos clubes recreativos, empresas, institutos, prefeituras, igrejas, meios de comunicação e até dos organizadores de uma simples festa popular, realizada na rua de um bairro.

A condição determinante dos processos educativos é uma compreensão que deve ser assumida em sentido de alerta, permanentemente, motivando avaliações constantes, em todas as instâncias. Assim, são desenvolvidas dinâmicas que qualificam pessoas e os diferentes segmentos da sociedade. Uma preparação necessária para exercícios profissionais e cidadãos com resultados mais efetivos, que são sustentáculos da justiça e da paz.
É verdade que os processos educativos em curso na sociedade, nas instituições e instâncias todas, estão atendendo necessidades e criando novas condições. Em se considerando a conjuntura econômica atual na sociedade brasileira, as oportunidades de avanços e desenvolvimentos, não se pode deixar escapar esse horizonte promissor. Em qualquer tempo, para cada um e para o conjunto da sociedade também, valha como advertência aquele velho e sábio ditado: "cavalo arreado só passa uma vez".

Oportunidades perdidas trazem atrasos e prejuízos. Muitos são até irreparáveis. É necessário ouvir sempre os analistas e críticos quanto às consequências de descompassos nos processos educacionais, como retrocessos culturais e o alto preço pago por defasagens na infraestrutura. Devemos ouvi-los, também, para saber o que se pode ganhar a partir do desenvolvimento da educação, seja no campo econômico, cultural e social. O exercício de escuta é indispensável para que a crítica e o debate de ideias impulsionem posturas e comprometimentos mais adequados.

É exatamente devido à falta desse necessário embate de ideias, do melhor conhecimento e tratamento da realidade que a sociedade brasileira sofre com as carências no conjunto dos seus processos educativos. No Brasil, onde esses processos são qualificados - graças a Deus, neste cenário de déficit temos exemplos exitosos - o rendimento é notável, metas são alcançadas e passos largos são dados no desenvolvimento e nas conquistas. É preciso avolumar o coro das vozes que estão repetindo a antífona de que é preciso investimento e maior qualificação nos processos educativos. Caso contrário, nossa sociedade não vai acompanhar, nos diferentes âmbitos, a rapidez, a multiplicidade e as exigências próprias deste terceiro milênio.

Não se pode continuar a perder por falhas na educação. Nas dinâmicas do cotidiano, são imensuráveis os prejuízos de cidadãos que mantêm uma visão acanhada, pouco proativa, gerando uma espécie de malemolência e a falta de ousadias. O resultado é a incompetência para fazer frutificar o que se tem como oportunidade, o que a natureza dá e o que a inteligência pode fazer.

Indispensável caminho para alavancar os processos educacionais na sociedade é o investimento na formação moral de todo cidadão. Neste sentido, o contexto atual presenteia a sociedade brasileira com uma oportunidade ímpar para dar saltos qualitativos quanto à moralidade. O que está acontecendo na Corte Suprema deve ser acompanhado e percebido como esperança para superar dinâmicas de impunidade, aperfeiçoar funcionamentos que extirpem a corrupção, nas suas mais intoleráveis situações.

É preciso estar atento para a relação deste e de outros processos com a formação. Um autêntico desenvolvimento só pode ser completo se incluir a educação moral. Por falta da moralidade, multiplicam-se os cenários contrários ao bem e à verdade. A edificação da sociedade justa depende da educação moral.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte

28 de setembro de 2012

Oração de gestação, Pe Marcelo Rossi

"Pai celestial, peço que envies o Teu Espírito Santo e ilumines o útero da minha mãe. Purifica-o de qualquer negatividade ou mancha e enche-o com a Tua luz, poder e majestade.
Enquanto me vejo sendo concebido, enche este momento com a Tua majestade e esplendor. Modela-me à Tua imagem e semelhança e enche-me com Tua luz e amor ( Ágape ).
Querida Mãe Maria, peço que tu estejas comigo desde o momento da concepção, protegendo-me e intercedendo por mim, juntamente com os anjos e com os santos, diante da Santíssima Trindade. Abastece-me, querida Mãe, com o amor materno que precisei e não recebi.
Senhor Jesus Cristo, peço que venhas e fiques comigo desde o momento da minha concepção. Enche-me, em Teu infinito amor e misericórdia, com o fogo do Teu divino amor ( Ágape ).
Derrama sobre mim, suave Jesus, todos os dons e graças. Cura-me de toda mágoa e purifica-me de toda negatividade que me foi transmitida, consciente ou inconscientemente, enquanto estava no útero da minha mãe. Abastece-me com o amor paterno de que precisava e não recebi.
À medida que percorremos cada mês, Senhor Jesus, purifica-me, cura-me, refrigera-me, restaura-me, ilumina-me e transforma-me.
Remove todas as trevas e lava-me no Teu precioso Sangue.
À medida que caminhamos no primeiro mês, Senhor Jesus, remove toda raiva, ansiedade ou medo que minha mãe possa ter transmitido a mim.
À medida que caminhamos no segundo mês, suave Jesus, remove todo abandono, raiva, ansiedade, amargura, confusão, medo, culpa, insegurança, rejeição, ressentimento ou vergonha que possa ter sido transmitidos a mim quando minha mãe soube que eu ia nascer e começou a informar à família e aos amigos que estava grávida.
À medida que caminhamos no terceiro mês, Senhor Jesus, remove toda raiva, amargura, confusão ou medo que minha mãe possa ter inconscientemente transmitido a mim.
Remove qualquer sentimento de culpa que eu possa ter tido porque minha mãe se sentia mal ou porque sua gravidez causou problemas financeiros. Permite que eu não mais me sinta um peso. Ajuda-me, Senhor Jesus, a me sentir totalmente envolvido pelo amor do meu pai e da minha mãe. Deixa-me sentir o amor deles por mim e sua alegria porque vou nascer.
À medida que caminhamos no quarto mês, Senhor Jesus, enche-me com a Tua luz e amor ( Ágape ) e remove qualquer negatividade que minha mãe me transmitiu.
À medida que caminhamos no quinto mês, Senhor Jesus, peço que me cures de uma possível falta de oxigênio causada pela posição do cordão umbilical ou por doença. Simplesmente inunda-me com a Tua paz e tranquilidade.
Remove qualquer temor que possa ter sido transmitido a mim pela minha mãe e enche-me de confiança plena em Ti, Senhor Jesus.
À medida que caminhamos no sexto mês, Senhor Jesus, enche-me com a Tua luz e amor ( Ágape ). Por favor, remove toda treva e negatividade transmitidas a mim por minha mãe, consciente ou inconscientemente.
À medida que caminhamos no sétimo mês, Senhor Jesus, cura-me de qualquer raiva, amargura, medo ou ressentimento que possa ter recebido de minha mãe. Enche-me com a Tua alegria e esperança.
À medida que caminhamos no oitavo mês, Senhor Jesus, cura-me de qualquer ansiedade ou medo transmitidos a mim por minha mãe. Enche-me com serenidade e confiança em Ti, suave Jesus.
À medida que caminhamos no nono mês, Senhor Jesus, enche-me com a Tua paz e amor ( Ágape ).
Por favor, remove qualquer ansiedade, medo ou culpa que possam ter sido transmitidos a mim por minha mãe, porque o momento do parto estava chegando. Enche-me, Senhor Jesus com a Tua luz e amor ( Ágape ).
Obrigado, Senhor Jesus, por me acompanhares durante os nove meses dentro do útero da minha mãe, purificando-me e curando-me.
Senhor Jesus Cristo, vejo-me agora preparando-me para nascer. Durante as horas do parto, remove qualquer raiva, amargura, confusão, medo, culpa ou ressentimento que eu ou minha mãe possa ter sentido. Enche com luz e amor o momento do meu nascimento.
Vejo-me agora nascendo nas Tuas mãos santas e amorosas, Senhor Jesus. Enquanto me seguras, sorris para mim e, com alegria, me apresentas ao Pai.
Acalma meu primeiro choro com suaves palavras de amor: "Minha criança, como você é bonita. Como é preciosa aos olhos de Deus. Eu a amo, meu tesouro. Amém".

Tempos difíceis fortificarão a fé

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O futuro virá da força daqueles que têm raízes profundas

Durante o encerramento do Ano Sacerdotal, em Roma (2010), num momento de testemunhos de sacerdotes de todo o mundo, o cardeal secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone, disse algo que traduz o tempo em que vivem os cristãos: "Parece-me que a Igreja está adentrando num tempo obscuro da fé". Claro que o cardeal não se referia à fé da Igreja – esta é inabalável –, mas à apostasia que paira sobre os homens do nosso tempo.

Há 40 anos, um padre professor da Universidadet de Tubinga, na Alemanha, também falava sobre os tempos difíceis que a Igreja atravessaria. Num discurso transmitido pela rádio, o padre alemão Joseph Ratzinger – você o conhece? – pronunciava estas palavras proféticas:

"Para mim, parece-me certo que à Igreja lhe esperam tempos muito difíceis. Sua verdadeira crise apenas começou. Há de contar com fortes sacudidas, no entanto, eu estou também totalmente certo do que permanecerá ao final: não a Igreja do culto político, que fracassou já em Gobel, mas a Igreja da fé. Certamente, já não será nunca mais a força dominante na sociedade, na medida em que o era até pouco tempo atrás. A Igreja florirá de novo e será visível aos seres humanos como a pátria que lhes dá vida e esperança mais além da morte."
Acredito, piamente, que a Igreja (e aqui estamos nós) vai enfrentar uma das piores crises da humanidade. Não é a crise econômica, ecológica ou política, mas a mais terrível de todas: a crise da fé.

A apostasia se espalha pelo mundo como algo "legal", "bacana" e "moderno". Em vários países, há pessoas solicitando que retirem seus nomes dos livros de batismo, renagando o sacramento recebido ainda quando crianças (se isto não é apostasia…). Somos o grupo religioso mais perseguido do planeta. Em várias partes do mundo, os cristãos estão sendo perseguidos até a morte pelo simples fato de crerem. Comunidades cristãs inteiras estão sendo dizimadas ou expulsas de seus países, como é o caso da Igreja do Iraque, Nigéria e Egito.

Em outros lugares, a perseguição acontece em forma de zombarias, chacotas e difamações. Basta você dizer que é cristão (e católico) para logo o chamarem de retrógrado, homofóbico, medieval e outros adjetivos mais. Como se não bastasse os ataques externos à nossa fé, o pior inimigo acaba vindo de dentro da Igreja, com escândalos que surgem como uma chaga exposta que parece querer não cicatrizar.

Em meio a tudo isto, a Igreja, na pessoa e na autoridade de Bento XVI, proclama que viveremos o Ano da Fé (2012 a 2013). Mais uma vez, a Igreja levanta uma tocha em meio à escuridão e proclama para o homem do nosso tempo: "Eis a luz de Cristo". Acredite e se prepare: no Ano da Fé não teremos "flores e chocolates" para os cristãos. Os que quiserem viver e defender a verdadeira fé deixada por Cristo e guardada pelos apóstolos, deverão enfrentar – e muitos já estão enfrentando – as fortes sacudidas de um mundo cada vez mais secularizado.

Acredite, você será xingado, humilhado e ridicularizado pelo simples fato de crer; e essa é uma boa oportunidade para se configurar a Jesus Cristo.

Se nós estamos entrando num tempo obscuro, no qual os homens e as culturas estão cada vez mais negando a sua fé, Bento XVI recorda que "o futuro da Igreja pode vir e virá, também hoje, somente da força daqueles que têm raízes profundas e vivem da plenitude pura de sua fé".

Quando o padre Joseph Ratzinger fazia este discurso, há 40 anos, ele o estava fazendo para a nossa geração. Tomemos posse, então, do tempo que Deus preparou para nós.