6 de fevereiro de 2012

Prosperidade segundo o Senhor

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A Palavra de Deus é fonte de prosperidade espiritual
Uma visão antiga, que vem sendo muito retomada nos últimos tempos, é a ideia de que Deus recompensa os bons e castiga os maus nesta vida. O que está claro é que a vida humana vive de altos e baixos, de alegrias e sofrimentos, o que constitui um mistério. Pensando bem, não há explicação para o sofrimento. Jó nos mostra que Deus está presente onde o ser humano sofre. Nos Evangelhos entendemos que Jesus cura quem sofre, mostra que Deus conhece o sofrimento do humano por dentro e o assume até o fim.

Falar de prosperidade é ater-se a uma vida sem sofrimento, de mirar para o alvo que só ocasiona gozo e alegria. Esta pode ser uma visão cristã da vida, isto é, prosperidade significando intimidade com Deus, realizando o maior de todos os mandamentos: o amor. É contra os princípios do Evangelho ancorar-se na artimanha da prosperidade, para ferir a liberdade das pessoas, extorquindo delas bens materiais. Pior ainda quando isso é feito em nome de Deus. Isso passa a causar a queda de quem é "fraco na fé".

O anúncio da Palavra de Deus pode estar cheio de ambiguidades, carregado de atitudes escusas. Ela pode ser instrumentalizada para atender aquilo que não favorece o bem comum. Dessa forma deixa de ser uma Palavra de gratuidade e de transformação. A Palavra de Deus é fonte de prosperidade espiritual. Ela aciona os corações e as mentes para a liberdade e abertura ao verdadeiro bem. Não pode ser "privatizada" para bens materiais e enriquecimento ilícito, explorando a sensibilidade das pessoas.

Não podemos ver nas doenças e sofrimentos um castigo. Aí acontece a manifestação do mistério divino. Sabemos que muitos sofrimentos são provocados por imprudências, vícios e atitudes irresponsáveis. Normalmente, o egoísmo aumenta o sofrimento. É violência enganar as pessoas com falsas promessas de prosperidade, que até causam nos sofredores um sentimento de culpa. Muitos se perguntam: que fiz de errado? Por que mereci isso? O importante é dar sinais do amor de Deus, que é nosso Pai.

Dom Paulo Mendes Peixoto

2 de fevereiro de 2012

O que fazer com as opiniões a nosso respeito

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Por que nos incomodamos com os que nos detestam?
Todos nós gostaríamos de exclamar: "Não tenho inimigos! Dou-me muito bem com todos!". A realidade nos mostra que, via de regra, todos temos uma pedra no sapato. Há sempre alguém que nos espicaça e nos tira o bom humor. Na maior parte das vezes é por motivos fúteis. Alguém é frontalmente contra nós por causa do nosso jeito, porque a nossa fisionomia lembra a de um conhecido adversário, porque deixamos de atender um pedido que envolvia corrupção, porque não somos do partido tal...


Posso dizer, pessoalmente, que despertei vários inimigos irreconciliáveis por ter tomado posição em favor daquilo que é ensinamento de Cristo. Outras vezes, não foi possível atender uma solicitação, inteiramente de interesse pessoal, por contrariar o bem comum. Eu tenho muitíssimos amigos. Sinto uma onda de simpatia pela minha pessoa, mas não posso dizer que não tenho inimigos. Existem alguns poucos que me odeiam. Às vezes, nem eles sabem direito o porquê. Chego a gemer na dor: "Salva-me, Senhor, dos meus inimigos" (Sl 143,9).

Fico conjeturando: "Por que passamos por essa provação de encontrar alguém que nos detesta?". O primeiro motivo pode ser nós mesmos, quando prejudicamos alguém irremediavelmente. Neste caso, estejamos abertos para um reatamento da amizade. Todos temos um dia em que cometemos algum erro. Entre os que tomam a iniciativa de nos odiar (sim, isso existe), quem são os nossos inimigos? Não são diretamente os ateus, os espíritas, os evangélicos; são aqueles que deveriam ter um vínculo conosco. "Os inimigos do homem são os da sua casa" (Mt 10,36).

A definição das nossas ideologias costuma ser outro fator de desunião. Os  amigos vão até ficar estupefatos com minha afirmação, mas um divisor de águas é uma velha ideologia do século XIX. Trata-se do socialismo. A partir dele o homem de Igreja é classificado de "avançado", "libertador", "retrógrado", "tridentino", "moderno", "atualizado", "amante dos ricos" ou "inteligente".

O critério não é o Evangelho. Em muitos casos, somos obrigados a conviver com tais pessoas sem esperança de reconciliação e rezar por elas. Mas a pergunta, diante de muitos casos inexplicáveis, sempre permanece: "Saulo, Saulo, por que me persegues?" (At 22,7).

Dom Aloísio Roque Oppermann scj
Arcebispo de Uberaba - MG

30 de janeiro de 2012

Como exercer a Autoridade

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Ela se impõe pelo conteúdo de palavras e pela coerência de vida
A presença de Jesus desconcerta as pessoas, pois Suas palavras e gestos superaram as práticas costumeiras e Seus critérios são totalmente diferentes (cf. Mc 1,21-28). Diante da enfermidade, o Senhor chega com a cura, inclusive tocando com as próprias mãos pessoas excluídas do convívio social, como os leprosos. Anda por todas as partes, vai às casas das pessoas, é procurado pelos pecadores e fracos, não julga, mas acolhe, vence o poder do demônio. Aonde chega, traz um ensinamento novo, dado com autoridade: "Ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da lei" (Mc 1,22). Sua fama se espalha por toda parte!


De fato, "grandes multidões o seguiram, e ele curou a todos. Advertiu-os, no entanto, que não dissessem quem ele era. Assim se cumpriu o que foi dito pelo profeta Isaías: 'Eis o meu servo, que escolhi; o meu amado, no qual está meu agrado; farei repousar sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará às nações o julgamento. Ele não discutirá, nem gritará, e ninguém ouvirá a sua voz nas praças. Não quebrará o caniço rachado, nem apagará a mecha que ainda fumega, até que faça triunfar o julgamento. Em seu nome as nações depositarão sua esperança'" (Mt 12, 15-21). Até hoje e até o fim dos tempos, o nome de Cristo atrai, converte e transforma radicalmente.

Olhando para Jesus, perguntamo-nos sobre a autoridade exercida nos mais diversos níveis da convivência humana. Tem-na uma criança! Tanto que a sociedade aprende a valorizá-la, a ouvir desde o choro dos bebês até o clamor das crianças de rua, ou a sabedoria de perguntas infantis que desarmam marmanjos! E o "dono da bola", nos jogos de futebol de nossa infância! Têm autoridade os pais e mães em suas casas, aos quais se confia a transmissão de valores verdadeiros, capazes de sustentar vidas humanas. Quantos são chamados a exercê-la em repartições públicas e empresas, ou órgãos de governo. Quem nunca se encantou com uma parada militar, em que garbosos soldados desfilam diante da população? E pelo menos uma pontinha de justificado orgulho já passou por tantos corações ao dar notícias a familiares e amigos sobre um cargo de chefia ou uma promoção vieram "em boa hora"! Também na Igreja, sacerdotes e outros ministros são chamados a exercer autoridade, estando à frentes de paróquias, grupos e setores de atividade pastoral.

Difícil é exercer a autoridade sem autoritarismo, sem cair na tentação do despotismo ou manipular vidas e consciências. Autoridade tem que vir de dentro, de convicções purificadas pelo sentido do bem comum. Autoridade se impõe pelo conteúdo de palavras e pela coerência de vida. Autoridade tem a criança pela sua transparência e pela imensa liberdade com que se apresenta. Tem autoridade a pessoa que sabe o que pensa e o que fala, pois pode se estabelecer com competência, objetividade e compromisso com a verdade. Revela-a mais do que outras aquela pessoa que escolheu, como o Senhor em quem acreditamos, servir e não ser servido.

Não é novidade dizer que existe uma crise de autoridade nos dias que correm. Para superá-la, há que se trabalhar na formação das pessoas. Os pais e mães, quando saem de seu fechamento e aprendem a partilhar com outros casais, dialogam mais e não perdem o pátrio poder. Ao lado de tantas outras possibilidades, a Igreja põe à disposição Movimentos e Serviços, que são laboratórios para que as famílias se renovem. As lideranças dos vários setores de Igreja sabem também o quanto se insiste na formação dos quadros de serviço.

Aos responsáveis pela distribuição de cargos públicos, fazemos um apelo a que se valorizem as escolas e cursos já existentes e o necessário treinamento para quem a eles for destinado. Cresce na sociedade o controle da administração por meio da verificação de gastos e acompanhamento dos atos do governo. São caminhos para a superação da corrupção, sempre existente, mas dragão a ser vencido um dia depois do outro. E se o sonho não for alto de mais, quem pode pensar em formação para os que vierem a se candidatar nas eleições do ano em curso?

Que mais pessoas possam ouvir de si mesmas, em muitos níveis da vida social, que é diferente seu comportamento e o exercício de suas funções, com verdadeira autoridade! Mas sabemos de nossos limites, pelo que, para que seja nova nossa vida, é necessário pedir: "Concedei-nos, Senhor, nosso Deus, adorar-vos de todo o coração e amar todas as pessoas com verdadeira caridade". Só o amor a Deus e o amor de caridade no relacionamento com as pessoas podem fazer superar a crise de autoridade do mundo. A receita não mudou!

Foto Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

27 de janeiro de 2012

Confissão: fortaleza contra as investidas do maligno

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Jesus nos cura da paralisia espiritual
Todos os pormenores que envolveram a cura do paralítico (cf. Mc 2,1-12) são profundamente significativos. Aquela doença era bem o símbolo da paralisia espiritual e Jesus, com Seu poder divino, cura a moléstia do corpo e da alma. Com efeito, aquele homem saiu andando, carregando a cama em que o trouxeram até Cristo, que realizou algo ainda mais admirável ao lhe restituir a saúde da alma: "Teus pecados estão perdoados".


Após Sua Ressurreição, Cristo, que demonstrou peremptoriamente Sua divindade, outorgaria esta faculdade aos apóstolos: "A quem perdoardes os pecados, estes lhes serão perdoados" (Jo 20,23). Era a instituição do sacramento da penitência, o sacramento da libertação. Quando alguém diz que vai se confessar não se trata de um ato qualquer como ir ao dentista ou a qualquer consultório médico, o que já indica um mal corporal, mas atitude que se torna necessária para recuperar o bem-estar físico.

Entretanto, o sacramento da reconciliação opera uma cura muito mais premente, que não admite nenhuma dilação, pois se trata do reencontro pessoal com Aquele que ama o que errou muito além de sua expectativa. Esse sacramento oferece o perdão das faltas veniais ou graves, sendo remédio espiritual que fortalece o cristão para os embates contra as investivas do maligno. Sana as falhas das eivas provenientes dos pecados capitais, sobretudo, do defeito dominante.

O sacerdote é apenas um instrumento do Redentor, pois pronuncia, em Seu nome, a fórmula da absolvição. É Jesus quem cura a paralisia espiritual e ajuda para a caminhada rumo a Jerusalém celeste, impedindo as más decisões e as indecisões diante dos ataques demoníacos. O arrependimento sincero é uma volta medicinal aos erros passados, mas, sobretudo, uma largada para frente, para vitórias fulgurantes, obstando o cristão a desistir do mal, na prática das virtudes, na fidelidade à observância dos mandamentos, no anelo ardente de estar com Deus por toda a eternidade. Tira-se um fardo pesado e se imerge no oceano do amor infinito do Ser Supremo.

Percebe-se então que há uma diferença enorme entre o perdão dos homens e o do Criador, pois este é total. O Todo-Poderoso falou por intermédio do profeta Isaías: "Eu não me lembrarei mais dos teus pecados" (Is 43,25). Perdão completo que apaga as manchas devidas à fragilidade humana, benesse ofertada pelo grande amor do Senhor, que é a bondade infinita. Cumpre lembrar que o ato de dileção dos amigos do paralítico permitiu seu encontro com Jesus, encontro que resultou em consequências tão maravilhosas.

Este é um apostolado muito abençoado por Jesus, levar os que estão nas trevas do erro para a luz da anistia divina. Aqueles que se comprimiam ao redor do Redentor tinham uma confiança formidável n'Ele. Cristo, que lia os corações, percebia a fidúcia que neles reinava. Primeiro, foram perdoados os pecados daquele doente, depois se seguiu sua cura. Eis porque, sobretudo, por ocasião de alguma moléstia, é preciso, antes de tudo, colocar a consciência em paz, mesmo porque os medicamentos só produzirão seu efeito total quando a tranquilidade e a imperturbabilidade imperam dentro do coração. Este não deve estar bloqueado, dado que é todo processo psicossomático que necessita ser restaurado.

Os empecilhos que levam à paralisia espiritual podem vir de um passado infeliz, e tudo que esteja lá no inconsciente precisa ser aflorado, ou de um espírito rancoroso, revoltado, amargo que necessita se envolver num perdão cordial ou ainda dos muitos cuidados, ambições terrenas, paixões desregradas, situações familiares, profissionais. Numerosas são as causas que podem impedir o encontro com Jesus. Um sincero exame de consciência é a melhor de todas as terapias.

Com habilidade, diplomacia e muita caridade os bons cristãos podem, de fato, ajudar os amigos a encontrarem o Médico Divino, apostolado admirável, meritório para o dia do juízo final. Adite-se ser de um valor imenso as preces pela conversão dos pecadores. Jesus deseja perdoar a todos, mas respeita a liberdade de nos aproximarmos d'Ele ou não, e conta com o interesse dos verdadeiros cristãos que levem outros até Ele.

Representante de Cristo, o padre no confessionário exerce um tríplice papel. Ele é Juiz e, na verdade quantos, às vezes, pensam estar numa triste situação espiritual e, no entanto, necessitam apenas de pequenos ajustamentos vivenciais. Médico, ele cura enfermidades da alma. Nem sempre o mesmo remédio pode ser aplicado a idêntico tipo de doença, sendo morte para um o que é saúde para o outro. É o que se dá também na esfera espiritual: o confessor, habilmente, diagnostica o que se passa com quem o procura em busca de paz interior, oferecendo-lhe o medicamento adequado. Mestre, ele guia e aponta as veredas salvíficas; tudo isso em nome de Jesus, que tem poder de perdoar pecados.

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos

25 de janeiro de 2012

Santa Luísa de Marilac



15 de março

Padroeira do Serviço Social e das Assistentes Sociais

"De que aproveitará, irmãos, a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Acaso esta fé poderá salvá-lo? Se a um irmão ou a uma irmã faltarem roupas e o alimento cotidiano, e algum de nós lhe disser 'Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos', mas não lhes der o necessário para o corpo, de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se não tiver obras é morta em si mesma" (Tg. 2, 14 – 17).

A igreja honra em seus santos e santas a manifestação do Espírito Santo e o derramamento de Seus Dons e Carismas das mais diversas formas. São os heróis da fé que viveram na esperança e manifestaram totalmente a caridade ou o amor de Cristo nos irmãos.

A Nossa Santa

A França do final do século XVI foi palco de uma das épocas mais tristes de sua história. A Guerra Civil de 1590 trouxe aos franceses miséria, fome, calamidades, doenças e epidemias. Pobres e ricos, grandes e pequenos, todos sofriam com a situação.
A luta pela sobrevivência levou os habitantes de Paris a buscarem formas alternativas de alimentação, nem sempre salubres: ervas, ratos, etc. A história registra que mais de 50.000 pessoas morreram de inanição.
A família Marilac, de linhagem nobre da alta Alvérnia, região montanhosa central da França, tinha como representante o ilustre Luis de Marilac.
No ano de 1590, Luis de Marilac, que era viúvo e sem filhos, casou-se com Margarida Le Camus. No dia 12 de agosto de 1591 nasce Luísa de Marilac, menina de saúde frágil que necessitava de muitos cuidados. Dona Margarida não resiste aos difíceis trabalhos de parto e vem a falecer horas depois.
Inconsolável, Luis toma sua menina nos braços e com ela partilha sua dor e seu amor.
Com o passar dos anos, Luis, sentindo o peso da solidão e desejando melhores cuidados para Luisa, aceita casar-se com a irmã de Margarida, que havia ficado viúva e com quatro filhos.
Tia Antonieta, não querendo ter trabalho com Luísa, convence Luís a levá-la aos cuidados das irmãs dominicanas. Lá, nossa menina foi educada na fé e era na leitura da vida dos santos que encontrava consolo.
A situação econômica do Sr. Luis estava, como a de toda França, bastante comprometida e, para evitar gastos, Luísa é tirada do convento e levada aos cuidados de uma viúva: lá a pensão era mais barata.
Luisa é instruída pela viúva e dona da pensão, sendo sempre obediente e zelosa, tanto nos estudos como nos trabalhos. Foi nesse período que sentiu em seu coração o desejo de se tornar religiosa. Frei Honório argumentou que sua saúde frágil não suportaria os rigores disciplinares de um mosteiro.
Um golpe de dor! Luísa perde seu pai no início da adolescência. Miguel, o irmão de Luís, passou a ser seu tutor e levou Luisa para morar em seu palácio. Tudo era muito luxuoso e requintado. Luísa, apesar de amar seu tio, sentia-se constrangida em meio a tanto luxo.
Houve uma grande festa na corte, um banquete dos mais luxuosos. A jovem Luísa encantava a todos com sua simplicidade e beleza. Antônio Le Grás, nobre cavalheiro, apaixonou-se por ela.
Antônio procura o senhor Miguel e expõe suas intenções de casamento com Luísa. Nossa jovem, apesar de desejar seguir a vida religiosa, aceita a proposta e casamento para agradar seu tio.
Luísa tinha 22 anos quando casou-se com Antônio Le Grás, na igreja de São Gervásio em Paris. Logo em seguida, no ano seguinte, nasce o 1º filho do casal e recebe o nome de Miguel Antônio. A Sra. Luísa é toda dedicação ao seu amado esposo, ao seu filho, a casa, e também sempre encontrava tempo para os pobres e desvalidos.
Antônio viajava muito a serviço e Luísa era sempre incansável em visitar os doentes, lavar suas chagas e levar alimentos, roupas e tudo o que fosse necessário.
Certo dia, após longa viagem, Antônio trouxe para casa, depois de consultar sua esposa, os 7 filhos de um casal de parentes que tinham falecido.
O Sr. Le Grás adoece gravemente, sendo obrigado a abandonar o trabalho na corte; Luisa assume todas as responsabilidades da casa e dos negócios do marido.
Outro golpe de dor! O Sr. Antônio Le Grás falece, com 45 anos de idade, no dia 21 de dezembro de 1625. Luísa fica viúva com 34 anos.

A Missão

Aconselhada pelo bispo de Belley, conheceu o Pe. Vicente de Paulo, homem de aspecto rude, modos simples porém de caráter firme e bondade extremada.
"Jamais devemos perder de vista o divino modelo! É preciso ver Jesus Cristo no pobre, e ver no pobre a imagem de Cristo!" Foi o primeiro conselho de Pe. Vicente a Luísa de Marilac.
Luisa encantava-se com a vida e missão de Vicente de Paulo. Seu filho Miguel Antônio inicia estudos no seminário e ela vai morar numa casa alugada.
Luísa vai ao encontro das damas nobres da sociedade e com elas vai formando um grande exército de voluntárias. Foi nesse período que Pe. Vicente e Luísa fundaram as confrarias da caridade. Luisa passou a orientá-las sob a direção de Pe. Vicente.
Muitas jovens desejavam unir-se as damas das confrarias da caridade. Luisa acolhia e instruía a todas, em sua casa na rua São Vitor.
Em novembro de 1633, Pe. Vicente dá um novo sentido as damas. Inicia-se assim a companhia das filhas da caridade, fazendo votos de pobreza, obediência e castidade.
As filhas da caridade visitavam os presos, atendem os idosos desamparados, crianças abandonadas, etc; o campo de ação era vastíssimo.
Sabe-se que o estado sanitário do povo naquela época era precário. As pestes e epidemias eram freqüentes e mortais. As filhas da caridade eram só dedicação aos mais sofridos.
As crianças abandonadas eram levadas por Luisa para os cuidados em famílias ricas. Luisa iniciou um processo de guarda e futuras adoções para uma infinidade de órfãos. Luísa visitava as casas para conhecer a realidade dos futuros pais das crianças.
Luisa de Marilac, incansável guerreira do amor e da caridade, fez da sua vida um peregrinar pelas ruas de Paris e do mundo, sempre amparando, alimentando, instruindo e confortando os menos favorecidos. Seu filho tornou-se advogado sempre trabalhando para o bem comum.
As filhas da caridade estão espalhadas pelo mundo inteiro, servindo em hospitais, asilos, escolas, abrigos para menores, sanatórios, etc. Sempre levando o amor e o testamento de São Vicente de Paulo e Santa Luísa de Marilac.
No dia 15 de março de 1660, com 69 anos, Luisa de Marilac despede-se de suas irmãs e de sua vida dizendo: "Sejam muito cuidadosas, minhas filhas, com serviço aos pobres."
São Vicente, já muito idoso, não pôde comparecer ao enterro de Santa Luisa. Ele veio a falecer em 27 de setembro do mesmo ano.

"Sabeis que os pobres são os nossos senhores e mestre e que devemos amá-los com ternura e respeitá-los profundamente" Santa Luisa de Marilac.

Que o exemplo de amor e doação de Luisa de Marilac nos inspire na prática do bem e nos ajude a alcançar a bem-aventurança.
Santa Luisa escolheu defender a vida desde a concepção acolhendo mães solteiras e gestantes pobres, até enfermos e idosos!

Escolhe, pois, a vida você também!


Paz e Bem!

A Boa Notícia

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Ela não provoca medo, mas conversão
O anúncio feito por Cristo é a Boa Notícia, que suscita um processo de transformação e de passagem para o novo. É saída do antigo, do comodismo e infertilidade para assumir posturas comprometedoras com as exigências da história. Na visão bíblica e cristã, o antigo é pautado por atitudes de pecado, de injustiças e desamor. A conquista do novo é o encontro com as propostas do Reino de Deus, a abertura do coração para a beleza da vida e a presença da graça de Deus em quem a reconhece.


No mundo antigo, a Palavra anunciava castigo para as cidades e povos infiéis a Javé. Nínive, por exemplo, foi ameaçada de destruição, caso não seguisse os conselhos de Jonas. Mas o seu povo foi capaz de experimentar o novo ao mudar de vida.
A Palavra hoje não anuncia catástrofes, mas a chegada da plenitude dos tempos. É como dizer: "o tempo está cumprido". Aconteceu o nascimento de Jesus Cristo, a chegada do novo. É a chegada do "fim dos tempos", e não "fim do mundo".

As catástrofes naturais, enchentes, destruições, perda de pessoas e bens naturais, não significam a chegada do fim do mundo, como está na mente de muita gente. É o curso natural do tempo. O aquecimento global pode ajudar nesse processo.

A Boa Notícia não provoca medo, mas conversão. Ela exige fé e compromisso ativo na comunidade. O povo da cidade de Nínive entendeu a mensagem do profeta Jonas. Ela era a capital dos gentios. Deus guia ao bom caminho os pecadores.

A pregação de Jonas foi a imagem da pregação de Jesus. Em Cristo acontece a "irrupção do Reino de Deus". Ele não anuncia catástrofe, mas a Boa Nova do Reino. Fez isso como Filho de Deus, convocando as pessoas para a conversão e a esperança.
Conversão é diferente de fazer penitência. Não à base do medo e do castigo, mas de fé na Boa Nova e de experimentar a presença de Deus na vida. Isso faz do convertido discípulo-missionário e "pescador de homens".

Dom Paulo Mendes Peixoto
Bispo de São José do Rio Preto

23 de janeiro de 2012

Droga, um problema de todos

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Eu saí das drogas pela força do acolhimento
A drogadição é um problema que atinge a todos e é responsabilidade de todos. Hoje, nosso país, capitais, cidades e bairros, pouco a pouco, estão sendo tragados pelo tráfico e pela violência que a droga traz. Um dia, esse problema pode estar batendo à sua porta - seja porta de um barraco, mansão, loja, indústria, igreja, escola, escritório.


Ninguém pode dizer: "esse problema não é meu", pois esse problema já é nosso. Então, por que nós todos não nos envolvemos na solução dessa situação que nos corrói aos poucos? Porque, talvez, muitos ainda vejam o problema só nos jornais escritos e falados e não supõem que, no quarto ao lado, dormindo com eles, chegando da escola ou até mesmo rezando com eles, essa pessoa já esteja nas drogas.

Estamos presenciando uma cena triste nos últimos dias. Os moradores de rua da Cracolândia, de maneira violenta, estão sendo expulsos, espalhados para outros lugares de São Paulo. Esta é a solução? É óbvio que não. Estamos apenas transferindo o problema para outra rua, outro bairro ou até mesmo outra cidade. Fica claro que outros ocuparão o mesmo lugar.

A Igreja atua com experiência concreta há anos, como é o caso das fazendas de recuperação, como a Fazenda Esperança, experiências ainda pouco conhecidas, infelizmente!

Recentemente, preguei para 600 adictos, em recuperação, da Fazenda Esperança do Frei Hans, em Guaratinguetá (SP), e lá encontrei homens e mulheres sedentos de uma segunda chance. Encararam o processo de restauração sabendo que, sem Deus, isso não é possível. Agora, quando se fala em Deus nesse trabalho de recuperação, alguns céticos podem, por um momento, dizer ou pensar que são amadores ou espiritualistas fazendo a parte que lhes cabe. Até nos admiram pelo empenho e dedicação, mas não acreditam que essa seja a solução.

A Igreja pode auxiliar a sociedade e o próprio Governo no processo de recuperação. E digo isso com a experiência no resgate de pais de família, jovens, homens e mulheres que dão testemunhos de como saíram dessa armadilha.

Governo e Igreja juntos parece utopia. Mas, não o é! O Governo tem os recursos e a Igreja tem a experiência já testada e comprovada. Eu mesmo sou fruto dessa força do bem! Eu saí das drogas pela força do acolhimento e da espiritualidade que a Igreja me ofereceu.

Se consultadas, as pessoas que estão há anos nesse trabalho trariam aos Governos, Nacional, Estadual e Municipal, uma "luz no fim do túnel". Cuidaríamos dos doentes e eles cuidariam das fronteiras, do comércio ilegal de armas, carros roubados que são trocados por cocaína nas fronteiras, entre outros.

Usar da violência contra pessoas que estão doentes não é a solução. A repressão e a força, bem canalizadas, dão resultado, mas quando mal colocadas denigrem o ser humano. Acabam com o pouquinho de dignidade que lhe resta. Eu acredito que podemos vencer as drogas se nos unirmos. Nessa luta, repito: JUNTOS - Igreja e Governo – teremos a solução!

Dunga
Missionário da Comunidade Canção Nova