16 de janeiro de 2012

Vinde e vede

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É a partir daí que começa um processo de vivência cristã
Toda opção na vida é fruto de alguma motivação concreta. O nosso ser é atingido de forma a nos convencer da importância de lutar por ela. É uma adequação existente entre o objeto a ser atingido e a razão intelectual que vai ao seu encontro. Na busca de Jesus Cristo e no seguimento de seu ideal, Ele mesmo diz: "Vinde e vede". A opção é nossa, mas convencidos da fidelidade e autenticidade de quem faz o convite. "Vinde" supõe ida para identificar a realidade de quem faz o convite.


Estamos na cultura do ver. A aparência fala mais alto que as palavras. É o velho ditado: "As palavras comovem, mas são os exemplos que convencem". O "vede" de Jesus significa descobrir n'Ele as motivações concretas para uma opção de vida.

O homem e a mulher modernos, com todas as influências da atualidade, são convidados a "vir" até Jesus para "ver", permanecer e morar com Ele. É a partir daí que começa um processo dinâmico de vivência e compromisso cristãos.

A vida não pode ser marcada por esterilidade diante de Deus e da comunidade. Aos poucos, cada pessoa deve descobrir sua missão no mundo e na sociedade. Saber encontrar a voz da consciência e a de Deus nos convocando para a missão.

O mistério da vida está envolvido pela sabedoria divina, que deve ser encontrada, porque Ela se deixa encontrar. Basta ir e ver em Jesus Cristo a autêntica revelação de Deus Pai. É a sabedoria do Novo Testamento, que supera toda a sabedoria do Antigo Testamento.

Jesus convida para o "vir e ver". "Vir" significa o passo da fé, e "ver" é ter a visão da fé. Quem faz esse itinerário acaba sendo convidado e iniciado por Cristo. Isso passa a contagiar os outros na fé, porque acontece uma partilha de descobertas.

Olhar para uma cultura de libertinagem significa fazer discernimento. As escolhas não são fáceis. São Paulo faz uma importante indicação: "Tudo é permitido, mas nem tudo faz bem" (I Cor 6,12). Não podemos ser escravos das coisas más.

Dom Paulo Mendes Peixoto
Bispo de São José do Rio Preto

8 de janeiro de 2012

Epifania do Senhor, onde a estrela parou

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Que tenhamos atitudes benditas de humildade
Com a festa de Epifania, a Igreja celebra a manifestação de Jesus ao mundo. Epifania, palavra de origem grega, significa "manifestação externa, aparecimento". No mundo helenista, a palavra era usada para exprimir a chegada de um imperador em visita aos territórios de seu domínio. O uso tradicional desta palavra, para indicar esta narrativa do nascimento de Jesus, em Mateus, induz a uma interpretação gloriosa deste nascimento.


Mateus apresenta Jesus como a luz e a glória de Deus para o povo de Israel, sendo a Ele que os povos vêm em adoração, em uma perspectiva universalista, a qual está presente também no pensamento de São Paulo, na segunda leitura do domingo da Epifania do Senhor.

A menção da estrela que guia os Reis Magos é uma alusão à estrela de Jacó, que, depois, se transformou na estrela de Davi, com seis pontas e doze lados, associando Jesus ao messianismo davídico. Assim também se dá com o nascimento em Belém, que era tida como a terra de origem de Davi. Todos estes acentos messiânicos o evangelista os fazia para convencer sua comunidade de cristãos originários do judaísmo que, em Jesus, se realizavam as suas expectativas messiânicas, conforme a tradição do Antigo Testamento.

A estrela que guiou os Reis Magos parou num humilde presépio, onde nascera o Menino Jesus e onde Maria e José permaneceram por algum tempo, cuidando, contemplando e adorando o Menino-Deus. A estrela leva a Jesus. O ambiente é rústico, simples e pobre, mas a estrela indica a grandeza do Filho de Deus, que se tornou humano para que nós pudéssemos nos tornar divinos.

Na nossa vida, o Espírito Santo também se faz estrela, conduzindo-nos a Jesus. Que cada um de nós, como os Reis Magos, aprenda a seguir, com admiração, interesse e amor essa estrela que sempre quer brilhar para nós.

Neste nosso primeiro artigo do ano da graça de 2012, quero expressar meu agradecimento a todos os que me acompanham, partilhando a Palavra de Deus, conforme nos exortou o Papa Bento XVI para que usássemos de todos os aeropágos para pregar o Evangelho de Jesus Cristo.

Que tenhamos, nesta solenidade, as atitudes benditas de humildade, solidariedade, alegria, serviço fraterno. Eis a lição que o Cristo do presépio, o Cristo da Epifania, vem trazer para nós. Somente colocando em prática a Sua mensagem é que saberemos construir e merecer a felicidade eterna, que pode ser vivida ainda aqui neste mundo. A estrela para em Jesus. Vamos, como os simples pastores ou como os Reis Magos, seguir essa estrela, que nos faz construir a paz e o amor.

Que no ano de 2012, sejamos mais fraternos, solidários vivendo sempre à luz de Cristo, o Redentor, que se manifesta ao mundo para que, no Seu seguimento, sejamos homens e mulheres mais gente.

Dom Eurico S. Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)

4 de janeiro de 2012

As carícias no namoro

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A maneira como homens e mulheres expressam seus afetos é diferente
Durante o namoro aprendemos que aquelas expressões de carinho muito comuns entre amigos, quando se trata desse novo momento na vida da pessoa, tendem a ganhar um diferencial. Muitas vezes, essa nova maneira de manifestar o apreço por alguém poderá não ser o modo mais apropriado para quem está no processo da descoberta da pessoa com quem almeja estabelecer vínculos.

A maneira como homens e mulheres expressam seus afetos é diferente. As mulheres, as quais levam o título de pessoas românticas, demonstram seus carinhos mais no aspecto emocional. Sem rodeios, elas falam que amam, mostram que estão felizes no relacionamento na maneira de olhar e de tocar o namorado. Pelos gestos da namorada são transmitidos, de forma não verbalizada, a empatia pelo outro, entre outras delicadezas, consideradas por elas uma forma de nutrir o relacionamento conquistado. Da mesma maneira como expressam a felicidade, elas também sabem manifestar insatisfação. Assim, para os homens mais atentos aos detalhes, não será preciso perguntar o que aconteceu para entenderem o que a mulher está "dizendo" por meio de seus gestos.

Entre os namorados, há também o modo como os rapazes comumente se comportam. Como característica, podemos mencionar a sua habilidade de enxergar e resolver os problemas de maneira mais analítica, quase sempre sem levar em consideração ou atentar para as possíveis consequências de suas atitudes. Eles estão prontos para encontrar soluções para os problemas. Se a questão for equacionar um mal-entendido, é bem próprio dos homens querer, naquele momento, discuti-lo, mesmo que a ocasião não seja a mais apropriada para uma conversa esclarecedora… Por outro lado, apesar da aparente determinação, muitas vezes, tem-se a impressão de que atitudes mais românticas para o sexo masculino, como por exemplo caminhar pela rua, em direção à casa da namorada, com um ramalhete de flores, é mais difícil do que enfrentar um cachorro louco!

Mas, durante o namoro, ninguém tem a certeza de que aquela pessoa será o (a) esposo (a) com quem buscamos partilhar a nossa vida. É na vivência desse tempo que vamos colher informações para fazer a nossa escolha para o próximo passo. Nesse processo de conhecimento propiciado pelo namoro, haverá também momentos de maior intimidade. Oportunidade para que os casais, dentro de uma maior privacidade, possam se conhecer naquilo que é próprio do outro. Enquanto que para um deles o termo "se fazer conhecer" significa saber mais a respeito do outro, para a outra pessoa pode significar um convite para maiores intimidades. Aliás, para alguns casais, até no significado da palavra "intimidade", que "diz respeito aos sentimentos ou pensamentos mais íntimos de alguém", segundo definição do Dicionário Houaiss, há sentido único e voltado ao sexo.

Contudo, muitos casais, atropelando as etapas do namoro, começam a viver a intimidade no sentido mais irrestrito da palavra, já nos primeiros meses de relacionamento. É claro que dependendo da maneira como o casal manifesta o carinho pelo outro e no ambiente em que costumam namorar – quase sempre muito reservado –  os estímulos vão ser provocados. Independentemente da maturidade dos namorados, ao agir assim eles estarão se colocando à prova de algo muito mais forte, podendo correr o risco de inverter, completamente, a ordem natural desse processo de conhecimento que ambos se propuseram a viver. Consequentemente, se o casal não assumir um novo comportamento dentro do namoro, eles mal conseguirão ficar sozinhos sem que seus hormônios borbulhem, fazendo com que a libido fale mais alto.

Mais importante que desfrutar da intimidade do outro, será descobrir como trabalhar com as diferenças próprias do temperamento entre os casais, como também lidar com o autocontrole sem se deixar levar apenas pelos instintos.

Ninguém deseja viver um namoro isento de toques e de manifestações de carinho, como beijos e abraços. Assim, uma primeira atitude para aqueles que buscam viver um namoro, dentro do seu processo natural, será de ter em mente que os limites para manifestar os carinhos pelo (a) namorado (a) devem ser estabelecidos por aquelas carícias que, se acaso fossem surpreendidos por alguém, em nada ofenderiam tal pessoa nem causariam maiores constrangimentos ao próprio casal.

Um abraço!

Foto Dado Moura
contato@dadomoura.com

29 de dezembro de 2011

2012 e o 'fim do mundo'

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Qual deve ser nossa atitude?
Iniciamos o ano de 2012. Ano frequentemente presente nos últimos meses na grande mídia (páginas web, redes sociais, e inclusive nas telas de cinema), especialmente por conta de supostas profecias que preveriam o fim do mundo para os seus dias. A esta data se chegou por intermédio de um complexo emaranhado de conjecturas que levariam a crer que o fim dos tempos coincidiria com o fim do calendário Maia, ou seja, em dezembro deste ano.

Afinal, há real motivo para nos preocuparmos?

Em primeiro lugar, há que se dizer que tais supostas profecias não constituem novidades na história da humanidade. Ao longo dos séculos foram muitos os pseudoprofetas que alardearam um fim do mundo iminente gerando grande inquietação entre os mais crédulos. Perderíamos a conta se fôssemos averiguar quantas vezes o "mundo já acabou". Na própria época em que o Senhor estava em carne mortal em meio a nós, já existiam tais suposições. A resposta de Cristo? "Daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai" (Mc 13,32).

Um cristão não deve se preocupar com estas supostas previsões, pois o mesmo Senhor, que nos revelou todo o necessário para nossa salvação e felicidade, quis preservar no mistério de Deus o dia e a hora em que este mundo teria fim. Como afirma o Catecismo da Igreja Católica (cf. n. 65), em Cristo o Pai nos disse tudo. Não haverá outra revelação além dessa. E o grande doutor místico espanhol, São João da Cruz, afirmava em sua "Subida ao Monte Carmelo": «Ao dar-nos, como nos deu, o seu Filho, que é a sua Palavra - e não tem outra – [Deus] disse-nos tudo ao mesmo tempo e de uma só vez nesta Palavra única e já nada mais tem para dizer. [...] Porque o que antes disse parcialmente pelos profetas, revelou-o totalmente, dando-nos o Todo que é o seu Filho. E por isso, quem agora quisesse consultar a Deus ou pedir-Lhe alguma visão ou revelação, não só cometeria um disparate, mas faria agravo a Deus, por não pôr os olhos totalmente em Cristo e buscar fora d'Ele outra realidade ou novidade».

O Magistério da Igreja, seguindo os passos de seu Fundador, decretou em 1516, no V Concílio de Latrão: "Mandamos a todos os que estão, ou futuramente estarão, incumbidos da pregação, que de modo nenhum presumam afirmar ou apregoar determinado juízo. Com efeito, a Verdade diz: 'Não toca a vós ter conhecimento dos tempos e momentos que o Pai fixou por Sua própria autoridade'. Consta que os que até hoje ousaram afirmar tais coisas mentiram e, por causa deles, não pouco sofreu a autoridade daqueles que pregam com retidão. Ninguém ouse predizer o futuro apelando para a Sagrada Escritura, nem afirmar o que quer que seja, como se o tivesse recebido do Espírito Santo ou de revelação particular, nem ouse apoiar-se sobre conjecturas vãs ou despropositadas. Cada qual deve, segundo o preceito divino, pregar o Evangelho a toda criatura, aprender a detestar o vício, recomendar e ensinar a prática das virtudes, a paz e a caridade mútua, tão recomendada por nosso Redentor."

Sabemos, pela fé, que este mundo não é definitivo, e cremos, como rezamos frequentemente no Símbolo Apostólico, que o Senhor voltará glorioso para julgar vivos e mortos. E qual deve ser nossa atitude enquanto Ele não aparece em Sua glória? É o próprio Senhor quem nos responde: "Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor" (Mt 24,42). Essa deve ser, portanto, a nossa atitude: a de espera. É justamente por isso que o fim do mundo jamais deverá surpreender a um fiel cristão, que não pode temer nem a vida, nem a morte. Para ele, o fim do mundo não será uma surpresa, pois ele o espera. Espera ansiosamente o encontro final com o Senhor de sua vida, a alegria sem fim, fruto da contemplação face a face do Amado de nossas almas. Os primeiros cristãos, nossos pais na fé, desejavam ardentemente essa vinda do Senhor ao suplicarem: "Vem, Senhor Jesus!" (cf. Ap 22,20).

A esperança cristã, no entanto, não nos faz desentendermos das coisas desta terra. Ao contrário, pelo fato de esperamos novos céus e nova terra, trabalhamos intensamente para estar preparados para este dia. Diante da consciência de que este mundo - tal qual conhecemos - não durará para sempre, somos interpelados a aproveitar ao máximo cada segundo que a paciência de Deus nos concede, para nos convertermos à Sua santa vontade. Na realização livre dos planos que o Todo-poderoso sonhou desde sempre para cada um de nós está a nossa felicidade, e, em definitiva, é só isso o que importa: querer o querer de Deus.

Certa vez os amigos de um jovem santo - dizem que foi São Luiz Gonzaga - perguntavam entre si o que fariam se soubessem que o mundo acabaria naquele exato momento. As respostas foram muitas: um buscaria confessar-se o quanto antes, o outro procuraria reconciliar-se com os seus familiares, etc. A resposta do santo? "Continuaria jogando, como estou fazendo agora". Essa tranquilidade é consequência de saber-se em cada momento na vontade de Deus. Quem nela está não se preocupa se o mundo terminará hoje ou amanhã, pois em cada momento está preparado, esperando ansiosamente o encontro último com seu Senhor.

Padre Demétrio Gomes
Diretor do Instituto Filosófico e Teológico do
Seminário Arquidiocesano São José de Niterói

26 de dezembro de 2011

A diferença que separa um sonho de uma meta

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Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho já serve
Ano novo, vida nova! Depois da virada de mais um ano, existe algo diferente no ar. Já diz o poeta: "Ainda bem que existem janeiros...". Na mídia, na rua, no trabalho é comum ouvir alguém dizer que neste ano vai comprar uma casa, ou viajar para tal lugar, trocar de carro, ou simplesmente que este ano vai ser diferente!


São sonhos e metas que se entrelaçam e dão um novo ânimo para a vida. Algo interessante que descobri nesses dias é a diferença que separa um sonho de uma meta. Talvez até hoje você só tenha sonhado com o que gostaria de realizar na vida, mas nunca tenha dado nem um passo concreto para realizar este sonho, ou seja, está vivendo sem meta.

Segundo a psicóloga e escritora Danielle Tavares - "Meta é um alvo definido. Um ponto certo aonde se quer chegar. E pode-se aplicar este conceito nas diversas áreas da vida: família, profissão, estudo, relacionamento afetivo e social, economia, finanças pessoais, etc."

Em clima de recomeço, considero importante avaliar nossos reais objetivos e reconhecer quais destes são metas. "Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho já serve."

Quando não buscamos concretamente o que queremos ou sonhamos, acabamos "atirando para todos os lados" sem acertar o alvo. Desse jeito pode-se chegar ao final sem ter o que comemorar, e isso não é a vontade de Deus para nenhum de seus filhos, inclusive você.

Pergunto-lhe: Você sabe que rumo está dando para sua vida com o trabalho que realiza agora? Tem buscado no dia a dia o que realmente deseja alcançar? Se a resposta for negativa, provavelmente você não esteja feliz, e é possível que sua vida esteja sem sentido. Daí vem a pergunta: Mas e agora? O que fazer?

Acredito que neste e em todos os casos, devemos sempre lembrar que nunca é tarde para recomeçar. Independentemente da idade ou situação em que se esteja, com a graça de Deus e força de vontade, tudo é possível. Sonhar e querer algo é importante, mas isso não basta quando se trata de realização. É hora de traçar metas e dar passos concretos.

Ouvi uma historinha, há pouco tempo, que me ajudou a entender a diferença entre meta e sonho, veja só: Havia cinco macacos no galho de uma árvore: dois deles decidiram pular e pegar algumas bananas que estavam ali perto. Então vem a pergunta: Quantos macacos permaneceram no galho? A resposta é simples: os cinco animais continuaram no galho. Sabe por quê? Porque decidiram pular, mas nenhum deles fez isso de fato.

Precisamos começar bem o ano, para vivê-lo bem por inteiro. Acredito que definir as prioridades e dar passos para chegar aonde se quer é um ótimo ponto de partida. Disso vem a transformação de vida: a partir das atitudes e preferências concretas do dia a dia. Claro que isso não se consegue de uma hora para outra, empenho e perseverança são fundamentais. É também uma questão de escolha e disciplina pessoal. O apóstolo Paulo, em uma de suas cartas, diz: "Nenhum atleta será coroado, se não tiver lutado segundo as regras" (II Timóteo 2 , 5).

Que o Senhor nos ensine a buscarmos do jeito certo as metas que queremos alcançar neste ano novo e sempre.

Feliz vida nova para você!


Foto Dijanira Silva
dijanira@geracaophn.com

21 de dezembro de 2011

Com qual atitude devemos olhar para o ano novo?

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A chegada de um novo ano reacende esperanças, sonhos, alegrias, expectativas...
A chegada de um novo ano reacende esperanças, sonhos, alegrias, expectativas, mas, como tudo o que é novo, provoca medo e insegurança. Na mensagem para a Jornada Mundial da Paz do próximo ano, o Papa Bento XVI aconselha os cristãos a aguardarem 2012 com muita fé e confiança. Um desafio a ser encarado, principalmente pela juventude.

Na mensagem intitulada "Educar os jovens na justiça e na paz", o Santo Padre reconhece que, em 2011, "houve um aumento no sentimento de frustração devido à crise que atingiu a economia e o trabalho". O Pontífice destaca ainda que "uma escuridão parece ter coberto este tempo e não nos permite ver com clareza a luz do dia". Diante de tais ameaças, é preciso mostrar ao jovem que a nossa esperança deve estar alicerçada em Deus.

Em meio a tanta falta de esperança, a força própria do jovem é que deve estar no centro das atenções. É preciso despertar nos jovens "o apreço pelo valor positivo da vida e suscitar neles o desejo de gastar-se pelo Bem", afirma Bento XVI. E para isso é preciso escutar e valorizar a juventude. (Mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz)

Acreditando no potencial da juventude, o fundador da Comunidade Canção Nova, monsenhor Jonas Abib, iniciou, na década de 60, um intenso trabalho de formação dos jovens cristãos. Neste mês de dezembro, o sacerdote completa 75 anos de idade e sua missão alcançou todo o Brasil e se expandiu por outros países.

Na 45ª mensagem da Jornada Mundial da Paz, o Papa reitera que a Igreja "olha os jovens com esperança, tem confiança neles e os encoraja a buscar a verdade, a defender o bem comum, a ter perspectivas abertas para o mundo e olhos capazes de ver 'coisas novas'".

Apesar dos grandes sonhos e força de vontade, o jovem se vê tentado a desanimar diante dos obstáculos que encontra. Para superá-los, o Santo Padre os orienta a não se deixarem iludir com ideologias e a estarem firmes em Deus. Ele, sim, é garantia da liberdade e de tudo o que é verdadeiramente bom, verdadeiro e justo e, ao mesmo tempo, amor eterno.

"Não tenham medo de se comprometer, enfrentar o cansaço e o sacrifício, de escolher os caminhos que exigem fidelidade e constância, humildade e dedicação. Vivam com confiança a juventude e os profundos desejos de felicidade, verdade, beleza e amor verdadeiro. Vivam intensamente esta estação da vida tão rica e plena de entusiasmo". Essas palavras do Santo Padre são as mesmas personificadas por padre Jonas, como carinhosamente o chamamos. Por meio das pregações, do abraço e do olhar, o sacerdote sempre transmite e anima a todos com seu tão conhecido: "Aguenta firme, meu filho!"

Rodrigo Luiz @rodrigosanluiz

Missionário da Comunidade Canção Nova

19 de dezembro de 2011

A Liturgia do Natal

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Natal não é festa de uma ideia, mas é a festa que celebra a nossa salvação
É no ano 336 que temos a primeira notícia da Festa do Natal, ocorrida em Roma. Por intermédio de Santo Agostinho, temos conhecimento de que essa festa era celebrada no século IV também na África. Também na Espanha, no final do século IV, o Natal já era celebrado.

A data 25 de dezembro não é confirmada historicamente como oficial ao nascimento de Jesus. Segundo estudiosos, a explicação mais provável nasce na tentativa de a Igreja de Roma suplantar a festa pagã do "Natalis (solis) incicti".

Foi no século III que se difundiu no mundo greco-romano o culto ao sol. Foi o Imperador Aureliano (275 d.C.) que deu a esse culto uma importância oficial. Assim, o culto ao sol tornou-se um símbolo da luta pagã contra o Cristianismo. A data principal dessa festa era 25 de dezembro. Era celebrada no solstício 1 de inverno e representava a vitória anual do sol sobre as trevas. Visando purificar essa celebração pagã, a Igreja deu a ela um significado diferente, tendo como base uma rica temática bíblica: Lucas 1,78; Efésios 5,8-14. Enquanto celebrava-se o nascimento do sol, a Igreja apresentou aos cristãos o nascimento do verdadeiro Sol: Cristo, que apareceu ao mundo após longas noites de pecado.

Celebrar o Natal é celebrar o Sol da Vida, que nos ilumina com Sua graça salvadora. É a Luz de um novo tempo que nasce em nosso coração e deseja fazer morada definitiva em nós.

São Leão Magno, em seu "Sermão de Natal", escreve: "O Natal do Senhor não se apresenta a nós como lembrança do passado, mas o vemos no presente". Fazemos memória presente do nascimento de Cristo em meio à nossa frágil humanidade. Natal não é festa de uma ideia, mas é a festa que celebra a nossa salvação. A Festa do Natal é o ponto de partida para nossa salvação realizada por Cristo.

O Tempo do Natal começa com as primeiras Vésperas do Natal e termina no domingo depois da Epifania (entre 2 e 8 de janeiro). Interessante ressaltar que a Liturgia do Natal do Senhor se caracteriza por quatro Celebrações da Eucaristia, assim distribuídas:

1 – Na tarde do dia 24 se celebra a Missa vespertina . Esta Missa tem caráter festivo, com o canto do Glória e a Profissão de Fé.

2 – Na noite de 25, em geral à meia-noite, celebra-se a primeira Missa do Natal do Senhor.

3 – Ao alvorecer se celebra a segunda Missa do Natal.

4 – Durante o "dia" de Natal se celebra a terceira Missa da festividade.

A solenidade do Natal prolonga sua celebração por 8 dias contínuos, conhecidos como: Oitava do Natal.

Cada uma destas quatro Missas tem Leituras e Orações próprias, a saber:

1 – Missa da Vigília: Primeira Leitura: Is 62,1-5; Salmo Responsorial: Sl 88; Segunda Leitura: At 13,16-17.22-25; Evangelho: Mt 1,1-25.

2 – Missa da Noite: Primeira Leitura: Is 9,1-6; Salmo Responsorial: Sl 95; Segunda Leitura: Tt 2,11-14; Evangelho: Lc 2,1-14.

3 – Missa da Aurora: Primeira Leitura: Is 62,11-12; Salmo Responsorial: Sl 96; Segunda Leitura: Tt 3,4-7; Evangelho: Lc 2,15-20.

4 – Missa do Dia: Primeira Leitura: Is 52,7-10; Salmo Responsorial: Sl 97; Segunda Leitura: Hb 1,1-6; Evangelho: Jo 1,1-18.

Natal é tempo de festa e alegria. É tempo de estar unido à comunidade celebrando o dom da vida manifestada no nascimento de Jesus Cristo. Celebrar o nascimento de Cristo é estar unido à Igreja em todo o mundo que se une na fé e na esperança de um novo tempo. A participação nas Missas é fundamental, pois nos reunimos em comunidade, na qual o Cristo se revela a cada um de nós e a todos por meio do Pão da Palavra e do Pão da Eucaristia. Para melhor participarmos destas celebrações é interessante meditarmos antecipadamente as Leituras que serão proclamadas durante a Missa. O silêncio exterior e interior é oportunidade para melhor celebrarmos o Sol da Vida, que nos ilumina com Seu amor salvífico.

 

Padre Flávio Sobreiro