1 de agosto de 2011

Sem o amor, tudo o que fazemos é inútil

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Devemos lembrar que é importante fazer o bem
Que a nossa meta seja o amor! O amor cobre uma multidão de pecados, como ensina a Palavra de Deus. Jesus não quer que o vivamos de qualquer jeito, só da boca para fora. Deus não quer um amor fingido!


Amor fingido?! Isso existe?! Existe até demais! Nosso mundo prima pela aparência. Estamos numa sociedade muito frágil, que pôs os seus alicerces não na verdade, mas nas aparências.

Nesta sociedade, as coisas boas só valem a pena desde que sejam vistas, aplaudidas e tragam um retorno ainda maior para quem as fez. Isso não é amor, é comércio; e pode acontecer com cada um de nós se fizermos as boas obras esperando algo em troca.

O amor é gratuito. Não só é gratuito, mas nós o devemos a todos os que de nós se aproximam: "Não tenhais dívida alguma com ninguém, a não ser a de um amor mútuo, pois quem ama o seu semelhante cumpriu a lei" (Rm 13, 8-10).

Como termômetro da caridade devemos lembrar que é importante fazer o bem, mas ainda é mais importante querer o bem, que antes do "bem fazer" venha o "bem querer". Sem o amor, tudo o que fazemos é inútil; nossas boas obras podem até ser aproveitadas por alguém, mas a nós de nada servirão diante de Deus.

O amor precisa ser a raiz de tudo o que fazemos. Como é que Deus nos ensina a amar? Ele nos ensina muito concretamente: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo". Nosso Pai está nos dizendo que para amar sem falsidade devemos fazer às pessoas tudo o que gostaríamos que alguém fizesse a nós e que não façamos aos outros o que não gostaríamos que nos fizessem.
Parece simples, mas a nossa velha natureza, marcada pelo pecado, reage mal a essa proposta. Por isso, não podemos buscar as forças neste coração meramente humano, precisamos buscá-las no coração divino, que Deus plantou dentro de nós.

Para amar assim só com um novo coração. Todo batizado tem este "coração novo", o que precisa é usá-lo, exercitá-lo. "Que vossa caridade não seja fingida. Aborrecei o mal, apegai-vos solidamente ao bem. Amai-vos mutuamente com afeição terna e fraternal. Adiantai-vos em honrar uns aos outros" (Rm 12,9).

Quando amamos de coração, o Espírito Santo, que em nós habita, é quem ama em nós. Por nosso intermédio passa o amor do próprio Deus. Nisso o nosso amor é diferente dos demais, por ser amor de Deus: Já não sou eu que amo, mas Cristo que ama em mim!

Foto Márcio Mendes
marciomendes@cancaonova.com

29 de julho de 2011

A amizade amadurecida

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Uma coisa é amar por necessidade e outra é amar por valor
Uma das características da infância é a incapacidade de dividir coisas. Uma criança não pode dividir porque não se possui, porque ainda não sabe o que ela é. Você começa a identificar a maturidade a partir do momento em que uma criança consegue perceber as regras de um joguinho.


A maturidade faz parte de um processo. Em um processo não podemos queimar etapas. Ele é lento, chato e demorado.

Uma criança passa por um momento de amadurecimento a partir do momento em que começa a brincar. A maturidade acontece quando tomamos posse do que nós somos, para aí então podermos nos dividir com os outros. Isso faz parte desse processo de amadurecimento.

Não nascemos amando, pelo contrário, queremos ter a posse dos outros. Essa é a forma de amar da criança, pois ela não consegue pensar de maneira diferente. Ela não consegue entender que o outro não é ela. Quantas pessoas, já adultas, ainda pensam assim, trata-se da incapacidade de amar devido à falta de maturidade.

Todos os encontros de Jesus Cristo levam à implantação do Reino de Deus. Mas só pode implantá-lo quem é adulto e já entende que só se começa a amar a partir do momento em que eu não quero mudar quem eu amo.

Geralmente quando tememos alguém ruim ao nosso lado é porque nos reconhecemos naquela pessoa. Jesus não tinha o que temer porque era puramente bom, por isso contagiava os que estavam ao lado d'Ele.

Na maturidade de Jesus você encontra a capacidade imensa de amar o outro como ele é. Amar significa amar o outro como ele é. Por isso quando falamos em amar os outros podemos perceber o quanto deixamos de ser crianças. Devemos nos questionar a todo o momento com relação à nossa maturidade.

A santidade começa na autenticidad, por essa razão Cristo nos pede que sejamos como as crianças, que são verdadeiras e simples. É nisso que devemos manter da nossa infância e não a forma de possuir as coisas para nós mesmos.

Você tem condições para perceber a sua maturidade. É só observar se você é obediente mesmo quando não há pessoas ao seu redor. Você não precisa que ninguém o observe, pois você já viu aquilo como um valor.

Pessoas imaturas sofrem dobrado. Pessoas imaturas querem modificar os fatos; ao passo que pessoas maduras deixam que os fatos as modifiquem. A maturidade nos faz perceber que não podemos mudar os fatos. Um imaturo ganha um limão e o chupa fazendo careta. O maduro faz uma limonada com o limão que ganhou.

Muitas vezes, os nossos relacionamentos de amizade são uns fracassos porque somos imaturos. Amigos não são o que imaginamos, mas o que eles são e com todos os defeitos. Amizade é processo de maturidade que nos leva ao verdadeiro encontro com as pessoas que estão ao nosso lado. Elas têm todos os defeitos, mas fazem parte da nossa vida e não as trocamos por nada deste mundo. Isso porque temos alma de cristão e aquele que tem alma de cristão não tem medo dos defeitos dos outros, porque sabemos que esses defeitos não serão espelhos para nós; mas seremos instrumentos de Deus para que os superem.

Padre só pode ser padre a partir do momento em que é apaixonado pelos calvários da humanidade. Se você não consegue lidar com os limites dos outros, é porque você não consegue lidar com os seus limites. A rejeição é um processo de ver-se.

Toda vez que eu quero buscar no outro o que me falta, eu o torno um objeto. Eu posso até admirar no outro o que eu não tenho em mim, mas eu não tenho o direito de fazer dele uma representação daquilo que me falta. Isso não é amor, isso é coisa de criança!

O anonimato é um perigo para nós. É sempre bom que estejamos com pessoas que saibam quem somos nós e que decisões nós tomamos na vida. É sempre bom estarmos em um lugar que nos proteja.

Amar alguém é viver o exercício constante de não querer fazer do outro o que nós gostaríamos que ele fosse. A experiência de amar e ser amado é, acima de tudo, a experiência do respeito.

Como está a nossa capacidade de amar? Uma coisa é amar por necessidade e outra é amar por valor. Amar por necessidade é querer sempre que o outro seja o que você quer. Amar por valor é amar o outro como ele é quando ele não tem mais nada a oferecer, quando ele é um inútil e, por isso, você o ama tanto. Na hora em que forem embora as suas utilidades você saberá o quanto é amado.

Tudo vai ser perdido, só espero que você não se perca. Enquanto você não se perder de si mesmo você será amado, pois o que você é significa muito mais do que você faz.

O convite da vida cristã é este: que você possa ser mais do que você faz!

Foto Padre Fábio de Melo

27 de julho de 2011

Avós, símbolos de experiências

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A sabedoria acumulada de duas gerações
Celebramos o Dia dos Avós (26/jul). Não se trata de mais uma data comemorativa criada com fins comerciais, mas de um dia de reflexão e agradecimento àqueles que tanto contribuem para a formação dos netos, sendo sua companhia cada vez mais constante e necessária no cenário atual, visto que os pais precisam trabalhar fora.

Nossos avós – e todos os idosos, de modo geral – são as pessoas que mais devem ser valorizadas como símbolos de experiência e sabedoria. Eles trazem consigo o testemunho de décadas, de gerações de avanços, modernidade e mudanças de comportamento.
Hoje, muitos deles consideram que o tempo não tem a mesma importância de outrora, tanto que o relógio de pulso é usado apenas como acessório.

Se hoje eles têm a pele flácida, o corpo mais sensível e a visão enfraquecida, devemos nos lembrar de que nem sempre foi assim. Afinal, já batalharam muito e dedicaram suas vidas ao cuidado da família. São tão dignos de carinho e respeito quanto nossos pais. Por isso, jamais devemos nos esquecer do verdadeiro valor deles.

Ser avô e avó, fazer parte da terceira ou quarta idade, não pode mais ser relacionado à invalidez, à inoperância ou à inutilidade. Grande parte ainda contribui com a mesma sociedade que os descarta, haja vista o elevado número de idosos responsáveis financeiramente por seus lares, cuidando de filhos e netos.

É muito triste constatar que em muitas famílias os idosos são tratados como objetos antigos. Há pessoas que costumam tecer comentários desrespeitosos a respeito dos mais velhos da casa, reclamando que só dão trabalho, que são lentos ou doentes. Quanta injustiça! Sua presença ensina aos mais novos o tesouro de enxergar o mundo com os olhos do coração.

Quem souber aproveitar o convívio com essas figuras que acumulam sabedoria de duas gerações, certamente terá muito a aprender com seus conselhos. Nossos avós detêm o conhecimento e a sabedoria que não são aprendidos nos livros e estão sempre dispostos a partilhar. São verdadeiros tesouros em nossa vida.

Abraços,

Foto Dado Moura
contato@dadomoura.com

26 de julho de 2011

A beleza da amizade

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A amizade finda onde a desconfiança começa
No conturbado mundo de hoje a ausência da verdadeira amizade é uma das causas de inúmeros males. É este laço sagrado que une os corações. Quirógrafo das almas nobres, é a afeição que fundamenta o lídimo amor, sendo este a própria amizade em maior intensidade. Desde a mais remota antiguidade o homem se interrogou sobre a essência da amizade. Filosofou sobre este aspecto da interação humana.

Podemos dizer que a amizade é uma certa comunidade ou participação solidária de várias pessoas em atitudes, valores ou bens determinados. É uma disposição ativa e empenhadora da pessoa. O valor da amizade foi revelado pela Bíblia: "O amigo fiel não tem preço" (Sl 6,15), pois "ele ama em todo o tempo" (Pv 17,17). "O amigo fiel é uma forte proteção; quem o encontrou, deparou um tesouro" (Ecl 6,14). "O amigo fiel é um bálsamo de vida e de imortalidade, e os que temem o Senhor acharão um tal amigo" (Ec 6,16).

A função psicossocial da amizade é, assim, de rara repercussão. Ela é fator de progresso, pois o amigo autêntico aperfeiçoa e educa pela palavra e pelo exemplo; é penhor de segurança, uma vez que o amigo leal é remédio para todas as angústias, dado que a amizade é força espiritual. Entretanto, há condições para que floresça a amizade.
Pode-se dizer que são seus ingredientes: a sinceridade, a confiança, a disponibilidade, a tolerância, a compreensão e a fidelidade.

Saint-Exupéry afirmou: "És eternamente responsável por aquilo que cativas".

Na plenitude dos tempos Jesus apresentou-se como legítimo amigo. Ele declarou: "Já não vos chamo servos, mas amigos" ( Jo 15,15) e havia dito: "Ninguém dá maior prova de amor do que aquele que entrega a vida pelos amigos" (Jo 15,13)..

Rodeou-se de pessoas, às quais se repletaram dos eflúvios de Sua bondade. Felizes os que O conheceram, como Lázaro, Marta, Maria, Seus amigos de Betânia; os Doze apóstolos; Nicodemos; Zaqueu; Dimas, o bom ladrão; e tantos outros. É, porém, preciso levar a amizade a sério.

A Bíblia assegura que "O amigo fiel é medicina da vida e da imortalidade" (Ecl 6,16). Disse, porém, Santo Agostinho: "A suspeita é o veneno da amizade". Bem pensou, porque a amizade finda onde a desconfiança começa.

O amigo é luz que guia, é âncora em mar revolto, é arrimo a toda hora. Esparge raios de sol de alegria, derramando torrentes de clarões divinos. Dulcifica o pesar. Tudo isso merece ser pensado e repensado. É essencial, todavia, meditar também sobre o ensinamento bíblico: "Quem teme a Deus terá bons amigos, porque estes serão semelhantes a ele" (Ec 6,17).

Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

22 de julho de 2011

Os demônios da vida conjugal

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Vencer a crise é indispensável para que o amor sobreviva
No amor conjugal, o segredo é não lutar contra a idade, sim estar em união com ela, tal é a regra da sabedoria.


A infância do amor conjugal.
Ao início é, sobretudo, alegria e esperança. O amor é novo e está intacto. Os dois vivem em estado de descoberta permanente. Entretanto, o amor não escapa aos ataques do tempo. Uma primeira crise, a da desilusão, sacode o lar nascente. O demônio da desilusão faz com que a imagem ideal, que um havia construído do outro, comece a desvanecer-se. Para vencer essa crise terão que se aceitar em suas imperfeições. Nessa época o matrimônio se constitui realmente.

A juventude do amor.
Ao final da fase de adaptação, um mútuo conhecimento impede maiores atritos. O amor se instala. Mas, se a crise da desilusão não foi superada, o tempo precipita a segunda crise, a do silêncio. Se o demônio mudo se apodera dos dois, caem em uma espécie de letargia. O casal vive, então, em retrocesso, sem crescer, sem um ritmo seguro, sem dinamismo. Vencer essa segunda crise é indispensável para que o amor sobreviva.

A maturidade do amor.
Por volta dos 15 anos, os esposos adquiriram maturidade. Com uma juventude madura vivem com serenidade. São os anos mais belos da vida conjugal. Já não se fala de felicidade, como quando se é jovem, simplesmente é feliz. Mas, também pode produzir-se o contrário, se não encontraram o caminho do diálogo e de sua unidade. Uma terceira crise, com frequência fatal, é a da indiferença. O amor se transformou em hábito, o hábito em rotina, e a rotina, enfim, em indiferença. Vive-se junto ao outro, mas os corações já não estão em contato: o tempo paralisou ou inclusive matou o amor. A vida em comum não é mais que uma aparência que se mantém, seja por obrigação já que estão os filhos, seja por conveniência social. Com o demônio da indiferença instalado, sempre existe lugar para um novo amor e, por isso, para a infidelidade e a separação.

O meio-dia do amor.
Entre os 45 e 50 anos surge um novo perigo. Em ambos é o difícil momento das mudanças físicas e psicológicas. A mulher perde um atributo de sua feminilidade, a fecundidade. O homem vai perdendo um caráter de sua virilidade: o vigor sexual. Mas, antes que se produza esse declive, muitas vezes se dá uma espécie de volta à adolescência. A essa crise da metade da vida chamamos de: "demônio do meio-dia". Se o matrimônio entra nessa etapa minado pela indiferença e pela rotina, o demônio do meio-dia tem grandes possibilidades de triunfar.

O renascimento do amor.
Se o casal soube superar essa época turbulenta, entra num período de uma segunda maturidade. É o crepúsculo do amor, o momento em que o matrimônio desfruta da unidade conquistada, de una harmonia, profunda e de uma nova paz. É a hora de uma felicidade serena, sem choques e sem conflitos. O tempo, que não perdoa, oferece então aos cônjuges a inapreciável recompensa do renascimento do amor.

O repouso do amor.
Virá, por último, a hora do repouso em que, envelhecidos no amor, ambos só terão reconhecimento um para o outro. Nem sequer a dolorosa perspectiva da morte poderá perturbar a maturidade do amor. Haver-se amado até o final converte a morte num ápice, numa vitória. Diante dos homens, como diante de Deus, não existe um amor mais perfeito que o de dois seres que envelheceram juntos e que deram a mão para vencer as últimas dificuldades a fim de gozar das últimas claridades do dia.

Padre Nicolás Schwizer
Shoenstatt mov.apostólico

20 de julho de 2011

O ciúme exagerado

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Que o passado não seja o determinante do nosso presente
A língua grega classifica o Amor em três formas distintas. Eros: amor romântico, é caracterizado quando se ama além do amor philos-amizade, aplica-se a relacionamentos bem como a união. Philos: amor virtuoso e desapaixonado. Denota amor entre amigos e familiares. Ágape: afeição mais ampla que o Eros, sentimentos não carnais. Na literatura bíblica significa autossacrifício, para todos, amigos ou mesmo inimigos.

No "sentimento da paixão" predomina a forma "Eros", caracterizada pela atração física, desejo, contemplação da beleza. É um amor que busca recompensa, ainda que seja simplesmente da presença da pessoa amada. A pessoa apaixonada pensa em satisfazer suas expectativas no (a) parceiro (a).

O Eros é a face que melhor representa e torna possível a aspiração que o próprio Senhor depositou no gênero humano – em ter alguém único (a) e que o (a) complemente: "Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne" (Gn 2, 24). É vocação, inscrita no íntimo do ser: "A vocação para o Matrimônio está inscrita na própria natureza do homem e da mulher, conforme saíram da mão do Criador" (Catecismo da Igreja Católica, n. 1603).

A afetividade e sexualidade pedem complemento, por isso necessitamos nos relacionar com outras pessoas. Mas, no caso da vocação ao amor esponsal – apaixonado - , com a capacidade de amar Eros, é natural que vislumbremos o (a) outro (a) como parte de nós. Isso é maravilhoso, é um chamado dado pelo Senhor, é o desejo de Deus para o ser humano. No entanto, se não bem compreendida e experienciada por um coração, da capacidade de amar pode derivar-se a tendência em ter um sentimento de posse em relação ao (à) parceiro (a) e não de complemento.

Quando se tem um relacionamento amoroso com alguém é natural sentir ciúme. Afinal, estabelecemos um compromisso com a outra pessoa, no qual entregamos algo de nós muito precioso, que passa a não depender mais dos nossos cuidados. Para o (a) amado (a), confiamos a nossa verdade, a honra e os afetos. Consideramos a outra pessoa como esse complemento, parte de nós mesmos, extensão do nosso ser, ou no caso do namoro, um aspirante a ser tudo isso em nossa vida, que o vai recebendo aos poucos.

Em certos momentos, o amor Eros, que trazemos, se manifestará na forma de querer preservar esse sagrado e, consequentemente, o vínculo que temos. Queremos nos certificar de que a outra parte também cuida e se importa, tanto quanto nós mesmos, para preservar o afeto e o compromisso existentes entre nós.

Sabe aquela espiadinha básica para ver se nada está sofrendo ameaça? Agimos assim, como que dizendo: "Por favor, conserve o que eu sinto por você, porque o que tenho dentro de mim é precioso demais e estou lhe entregando! Você vai zelar por tudo isso?"

O problema é quando esse sentimento torna-se exagerado, daí provem aquele ciúme que destrói a relação.

Na Sagrada Escritura o ciúme é tido como obra da carne, contrário aos frutos do Espírito Santo (cf. Gl 5, 19-20). Não somente em relações amorosas, mas também no termo Philos o ciúme está presente. São exemplos disso: Caim que matou seu irmão Abel (cf. Gn 4), Saul com ciúme do amigo e servo Davi (cf. I Sm 18, 9). Esses casos também demonstram o ciúme como sinônimo de inveja, cobiça e complexo de inferioridade.

Somente na face Ágape não se contempla o ciúme: "O amor não tem inveja" (cf. I Cor 13, 4). São Paulo usa o termo Ágape neste capítulo todo. O ciúme, neste aspecto, é definido como: reação diante de uma ameaça real ou imaginária. É causada por projeções de experiências negativas, baixa autoestima e imaturidade emocional.

Para não sofrermos desse impulso doentio na emoção será necessário trabalharmos a nossa cura interior no coração. Que o passado não seja o determinante do nosso presente e futuro. A vida se renova a cada dia e a todo instante há uma chance de escrever uma nova história. Que as dores de outrora sirvam apenas como experiência para caminharmos de forma mais acertada daqui em diante. Se algo vivido no passado ainda causa medo ou não permite avanço numa área de nossa vida, é hora de buscarmos auxílio. A cura interior deve ser psicológica e espiritual.

Aqui cabe a busca de sanar os três pontos acima citados: projeções negativas, imaturidade emocional e baixa autoestima. Reveja sua história, "o que é, o fato e de onde parte"  a causa da insegurança. Dentro desse processo, deve também acontecer:

O aprendizado em acreditarmos na verdade – Os fatos da realidade deixam rastros nos elementos onde quer que passem. Se ele (a) não lhe é fiel, uma hora isso virá à tona. De nada adiantará a supervisão e a neurose de encontrar evidências de traição ou desleixo da outra parte. Jesus afirma a verdade como regra, princípio e lei espiritual: "Porque nada há oculto que não deva ser descoberto, nada secreto que não deva ser publicado" (cf. Mt 4, 22).

É preciso respeitar a liberdade da pessoa amada – Não somos donos de ninguém. Temos um compromisso, mas não podemos determinar nada na vida do outro. O ponto ideal é que o (a) parceiro (a) se sinta livre. Liberdade gera equilíbrio por não querer mudar a outra pessoa no que ela é, mas em perceber sua responsabilidade no compromisso que ele (a) tem com você, sendo espontâneo (a).

Reflita sobre isso. Posso dizer que a pessoa que amo tem responsabilidade em nosso compromisso? As atitudes dele (a) com as quais não concordo realmente ameaçam o relacionamento ou são pontos que trazem desgosto e desconfiança por uma possibilidade remota de ele (a) me substituir por outro (a), ou por um outro afazer e entretenimento?

Seja curado por seu relacionamento e não uma pessoa doente afetivamente. O que é de cada um, aquilo que Deus tem para nós, virá de uma forma ou de outra. Se hoje algo nos escapa pelas mãos, significa que não é verdadeiramente parte de nós. Então, para que se agarrar a isso tão firmemente?

Guarde a força do seu coração para os sentimentos que realmente valerão a pena. O ciúme exagerado é um desgaste desnecessário.

Deus o abençoe!




Sandro Ap. Arquejada-Missionário Canção Nova
blog.cancaonova.com/sandro - sandroarq@geracaophn.com

18 de julho de 2011

Saudade

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Quando as boas lembranças invadem a alma
É assim que o padre Fábio de Melo define o chamado de quem compõe, escreve ou canta: a tentativa de aproximar o coração humano do coração de Deus. Nesses dias, senti muita saudade... Isso me fez dar mais atenção a esse tema, que sempre foi fonte de inspiração para lindas e importantes obras de arte ao longo da história.


Mas o que seria saudade? Será aquele sentimento que chega de mansinho e invade a alma, arrastando-nos, por um instante, a pessoas e lugares, que passaram por nossas vidas, os quais agora estão distantes? Acredito que saudade seja muito mais que isso!

Talvez seja aquela certeza que, lá no fundo da alma, nos garanta: valeu a pena! Quando vivemos com intensidade as oportunidades que Deus nos dá, as pessoas e os fatos não passam como o vento em nossa vida... Eles levam um pouco de nós consigo e deixam um pouco deles conosco. Esse pouco ou, às vezes, muito, do que é deixado em nós, é que desperta em nós, de vez em quando, o sentimento que chamamos de saudade. Padre Fábio ainda afirma: "De todas as certezas que possuo, esta é a mais bela: sou metade incompleto, que só a eternidade poderá preencher, não posso negar: o meu coração tem saudades do céu... deseja voltar". De todas as saudades, acredito que esta seja a mais real e a menos compreendida: Saudade do céu!

Santo Agostinho, a meu ver, é quem melhor consegue explicar esse sentimento, quando diz que o homem nasceu do coração de Deus e permanecerá inquieto enquanto não retornar a Ele. Talvez, seja por isso que saudade traz em si um misto de eternidade. Mas, como lidar com esse sentimento sem sufocá-lo nem deixar que ele nos maltrate quando se trata de algo com o qual precisamos conviver? Primeiro, devo concordar com o diácono Nelsinho, quando diz: "Só se tem saudade do que é bom!"

Portanto, se esse sentimento lhe trouxer alguma sensação ruim, o maltratando e o arrastando para a tristeza, merecerá outro nome. Saudade, cuja essência é um sentimento ligado a algo bom, deverá, portanto, trazer-nos alegria e inspirar-nos coisas boas, trazendo-nos paz, mesmo que seja uma paz inquieta. De maneira simples, lido com a saudade comunicando-me como e quando posso com os entes queridos. Está provado que a comunicação ameniza esse sentimento [saudade].

Quando não posso mais me comunicar com alguém, como é o caso do meu pai, que já está na eternidade, rezo por ele e procuro lembrar dos momentos bons que vivemos juntos, das histórias que ele me contava, dos conselhos que me dava e de tantos outros fatos. Essas boas lembranças me alegram a alma. Só se tem saudade do que é bom! Deus é bom, talvez seja por isso que nosso coração tenha tanta saudade d'Ele.

Foto Dijanira Silva
dijanira@geracaophn.com